SEM MAIS PARA VIVER
Naldo Lima
SEM MAIS PARA VIVER
S達o Paulo 2010
Copyright © 2010 by Editora Baraúna SE Ltda Projeto Gráfico e Diagramação Aline Benitez
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ ______________________________________________________________
L697s
Lima, Naldo Sem mais para viver / Naldo Lima. - São Paulo : Baraúna, 2010. ISBN 978-85-7923-086-8 1. Romance brasileiro. I. Título. 10-0502. 03.02.10
CDD: 869.93 CDU: 821.134.3(81)-3 08.02.10
017446
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Aos meus sobrinhos Pricila e Jasiel, a quem tanto quero bem.
“Às vezes, os sonhos tornam-se realidade impulsionados pelo destino; e este, na maioria das vezes, nos conduz por caminhos cujos finais o coração desconhece.” O autor
Sumário
Prólogo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11 CAPÍTULO I. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15 CAPÍTULO II . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31 CAPÍTULO III. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47 CAPÍTULO IV . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .57 CAPÍTULO V . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67 CAPÍTULO VI. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77 CAPÍTULO VII . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89 CAPÍTULO VIII. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 99 Epílogo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 109
Prólogo
Ela olhou pelo vidro do conversível e pode ver a enorme multidão que se formava do outro lado, na via de acesso ao bairro no qual estava naquele momento. Não entendia o que estava acontecendo, mas um frio gelou-lhe a espinha, espalhando-se por todo o seu corpo. Uma sensação ruim tomou a sua mente. Estranhamente sentia que aquilo tinha a ver com ela. Perguntou ao chofer: “Existe uma maneira de chegarmos até ali por outra rua?” Aquele local ficava num barranco muito alto, na principal via que ligava um bairro ao outro, a uma distância de mais de duzentos e quarenta metros do local onde o seu carro estava naquele momento. O chofer respondeu que a única maneira era descerem por uma estrada carroçal que existia na lateral esquerda de quem ficava de costas para o Bairro São Pedro, estacionarem o carro a alguns poucos metros de distância do local e seguirem até lá a pé. Ela concordou. Uma grande multidão havia se formado no local do acidente. A polícia também estava ali. Os médicos também haviam sido chamados. A multidão comentava murmurante sobre o acontecimento. Os faróis dos carros da polícia estavam acesos, além dos focos das lanternas e 11
luzes de emergência que os policiais conduziam – visto que o trecho era pouco iluminado. Ela desceu rapidamente do carro, seguida por seus dois seguranças e pelo chofer, e começou a andar a passos quase de quem inicia uma corrida. Parou estarrecida, quase em choque quando percebeu o carro. Era ele! “Meu Deus!” – pensou. – “É o carro dele”. Suas pernas estremeceram e pareceram paralisar-se. Por um instante, sentiu-se como se estivesse desmoronando por dentro, mas recobrou as forças e saiu rasgando a multidão, que estava formada no início por curiosos e depois por policiais, formando um cordão de isolamento para que apenas a equipe médica e os oficiais chefes da polícia local se aproximassem do lugar onde estava a carcaça do carro. Um policial quis impedi-la de passar pelo cordão de isolamento, mas desistiu quando ela se identificou. - Mas terá que ir até lá sozinha, Dona Lina. Eles não podem acompanhá-la – disse, apontando para os seguranças e o motorista que estavam ao lado dela. - Tudo bem. Ela seguiu quase correndo até o local - visto que apenas os médicos estavam ali - e levou as mãos ao rosto, cobrindo os olhos, ao perceber o estado dele. Estava sem sentidos. Os médicos estavam retirando, cuidadosamente, seu corpo de entre os destroços do carro e colocando-o sobre a maca. Ele havia sofrido um corte na parte superior direita da cabeça, um ferimento leve no pescoço e alguns cortes no ombro esquerdo e nas mãos. Ela não podia acreditar. Não podia aceitar que aquele fosse o homem com quem havia estado há pou-
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cas horas; muito menos que o tinha deixado voltar sozinho para casa. Lina aproximou-se da maca e segurou a mão direita dele, acompanhando-o enquanto os médicos o levavam para a ambulância. Conversava com ele, falando-lhe do quanto o amava, do quanto ele era importante, agora, na sua vida, como se ele estivesse acordado. Não sabia por que estava fazendo aquilo, mas tinha que fazer algo para conter a angústia que estava sentindo, além de uma certa sensação de culpa, e não se deixar cair no desespero ao pensar que poderia perdê-lo para sempre. Não queria acreditar que ele seria arrancado definitivamente da sua vida assim, tão precoce e bruscamente; de uma forma tão violenta e inexplicável. Não! Não era possível que após tantos anos sozinha o destino, ou sabe-se lá o que, a castigaria pela segunda vez. Ela seguiu, de ambulância, para o hospital, ao lado do corpo sem sentidos, boca sem palavras, daquele homem que a fez ver o mundo com novos olhos; olhos de quem renasce para a vida. O chofer, no conversível com os seguranças, seguiu a ambulância.
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CAPÍTULO I
Menphis não sabia mais o que fazer; sua cabeça era pura agonia e desespero. Olhava, através daquela janela, o mundo lá fora, enquanto tentava arrepender-se de ter ido morar naquele lugar. Ao olhar para aquelas pessoas, quase todas na mesma situação que ele, tentava ter mais paciência consigo mesmo, afinal não era o único a olhar por uma janela em busca de um milagre no horizonte. Após tanta espera, era assim que iria considerar a realização do seu desejo, como um milagre Três anos se passaram desde que Menphis saiu de Paulistana, uma pacata cidadezinha no nordeste do país, em busca de trabalho e, consequentemente, melhores condições de vida, financeiramente, na cidade de Santos, em São Paulo. Conseguiu alguns empregos, mas há oito meses estava desempregado. São Paulo parecia não ser tão fácil quanto ele havia pensado. Subitamente, um choro de criança invadiu a sala de estar, quebrando o silêncio e assustando Menphis, que por alguns instantes havia esquecido de onde estava, tão mergulhado que se achava nos seus pensamentos. - Por quê saiu da cama tão cedo, Menphis? – perguntou Mike, ao aproximar-se, enquanto fazia o nó na gravata.
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