SOMOS PRAGA NO PLANETA

SOMOS PRAGA NO PLANETA

Maurício Gomide Martins

SOMOS PRAGA NO PLANETA

São Paulo 2012

Copyright © 2012 by Editora Baraúna SE Ltda Capa Aline Benitez Projeto Gráfico Tatyana Araujo Revisão Henrique de Souza

CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ ________________________________________________________________

M344s

Martins, Maurício Gomide, 1927Somos praga no planeta / Maurício Gomide Martins. - Rio de Janeiro : Baraúna, 2012. Índice ISBN 978-85-7923-467-5 1. Meio ambiente - Crônicas. 2. Biodiversidade - Crônicas. 3. Crônica brasileira. I. Título.

12-1395.

CDD: 869.98 CDU: 821.134.3(81)-8

09.03.12 15.03.12

033731

________________________________________________________________ Impresso no Brasil Printed in Brazil DIREITOS CEDIDOS PARA ESTA EDIÇÃO À EDITORA BARAÚNA www.EditoraBarauna.com.br Rua Januário Miraglia, 88 CEP 04507-020 Vila Nova Conceição São Paulo SP Tel.: 11 3167.4261 www.editorabarauna.com.br www.livrariabarauna.com.br

Sumário Apresentação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9 A humanidade está em perigo — 16.9.07 . . . . . . . . . . . . 11 Salvem o planeta — 18.9.07 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13 O querer e o não querer — 24.9.07 . . . . . . . . . . . . . . . . . 15 A verdadeira população mundial — 11.12.07 . . . . . . . . . 18 Dúvida é uma fase intelectual — 11.2.08. . . . . . . . . . . . . 22 O individual e o coletivo — 2.3.08 . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25 Acordem, que o momento é agora — 3.4.08. . . . . . . . . . 29 Roubo de corais — 20.4.08 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34 Notícias em destaque — 29.4.08. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36 Ministra Marina Silva — 15.5.08. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39 Interesses mundiais pela Amazônia — 7.6.08 . . . . . . . . . 42 Sacolas de plástico — 15.6.08. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45 Destruindo o meio ambiente — 6.8.08. . . . . . . . . . . . . . . 48 Necessidade e consumo — Vida e morte — 15.8.08. . . . 51 Drogas levam ao consumismo — 17.9.08. . . . . . . . . . . . . 55 Biocombustivel, equívoco suicida — 3.10.08. . . . . . . . . . 58 Uma visão da crise econômica — 8.10.08 . . . . . . . . . . . . 62 Inteligência é loucura — 15.10.08. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64

Sofrimento de mãe — 22.10.08. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67 Severn Suzuki — 31.10.08 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70 Autópsia de uma notícia — 9.11.08 . . . . . . . . . . . . . . . . . 73 Exemplos que ensinam — 27.11.08 . . . . . . . . . . . . . . . . . 76 Primeira revolução ambiental — 10.12.08. . . . . . . . . . . . 81 Vendilhões do templo — 14.12.08 . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84 Cacho de uva — 23.12.08. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 88 Reação ecológica no Brasil — 28.12.08. . . . . . . . . . . . . . . 91 Hipocrisia orquestrada — 18.1.09. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 94 Governo mundial — Parte I — 27.1.09. . . . . . . . . . . . . . . 99 Governo mundial — Parte II — 28.1.09 . . . . . . . . . . . . . 103 Em função de — 8.2.09 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 109 O homem sem seleção e a sociedade - 22.2.09 . . . . . . . 113 Greenpeace — 4.3.09. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 117 De onde vem meu salário — 6.5.09 . . . . . . . . . . . . . . . . 119 O que é desmatar — 11.7.09. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 124 Mídia, fôrma mental — 13.8.09. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 128 Carta aberta de empresários — 27.8.09. . . . . . . . . . . . . 132 O cigarro e a luta dos ambientalistas — 6.9.09 . . . . . . . 136 Grande novidade tecnológica — 4.10.09 . . . . . . . . . . . . 141 Negócios ambientais vão bem — 20.10.09 . . . . . . . . . . 145 Pensamentos soltos — Diálogos — 24.10.09. . . . . . . . . 148 Não estamos tão sós — 28.10.09 . . . . . . . . . . . . . . . . . . 151 Cientistas, “cientistas” e $ienti$ta$ — 7.11.09. . . . . . . 155 Sementes transgênicas — 11.11.09 . . . . . . . . . . . . . . . . 160 Não existe poluição — 15.11.09 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 171 O planeta está esfriando — 20.11.09 . . . . . . . . . . . . . . . 174 Equação da sobrevivência ambiental — 23.11.09. . . . . 178 Gripe suína fabricada — 5.12.09. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 181 Considerações sobre a globalização — 11.12.09. . . . . . 185 Dinheiro será juiz em Copenhague — 13.12.09. . . . . . . 189 COP 15 — A verdadeira dimensão — 18.12.09 . . . . . . . 192 Por que fracassou a COP 15? — 20.12.09. . . . . . . . . . . . 196 Em “defesa” da corrupção — 3.1.10. . . . . . . . . . . . . . . . 199 Judas e os trinta dinheiros — 7.1.10. . . . . . . . . . . . . . . . 205 Ação e reação — 14.1.10. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 209

Amostras de hoje indicam o futuro — 19.1.10 . . . . . . . 213 Espécies ameaçadas de extinção — 25.1.10 . . . . . . . . . 217 A ilusão de 2010 — 30.1.10. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 221 Linguagem do sistema — 12.2.10. . . . . . . . . . . . . . . . . . 224 O absurdo da imortalidade — 7.3.10 . . . . . . . . . . . . . . . 228 Conforto humano é nocivo ao meio ambiente — 27.3.10 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 233 O dedo do gigante — 18.4.10 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 237 Usina de Belo Monte — 26.4.10 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 240 Excesso populacional — 3.6.10. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 244 Por que voto em Marina Silva — 16.6.10. . . . . . . . . . . . 248 “Copa” das árvores — 28.6.10. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 252 Antropocentrismo — 20.7.10 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 256 As forças do equilíbrio — 26.7.10 . . . . . . . . . . . . . . . . . . 262 Lucro, seu verdadeiro significado — 9.8.10 . . . . . . . . . . 267 China mostra hoje caos mundial de amanhã — 16.8.10. . 272 A força mundial do materialismo — 13.9.10 . . . . . . . . . 276 Nosso lixo de cada dia — 20.9.10 . . . . . . . . . . . . . . . . . . 281 Franceses são vítimas do progresso — 25.10.10. . . . . . 285 Somos praga no planeta — 4.11.10 . . . . . . . . . . . . . . . . 289 Consumo é o oxigênio do capitalismo — 22.11.10 . . . . 294 COP 16, um marco histórico — 5.12.10. . . . . . . . . . . . . . 299 Dúvidas sobre a degradação do meio ambiente — 15.12.10 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 302 Por que ainda acredito em Papai Noel — 21.12.10 . . . . 307 Julian Assange, o herói do momento — 28.12.10. . . . . . 310 Multas não impedem crimes ambientais — 5.1.11 . . . . 315 Minha mãe, minha vida — 31.1.11 . . . . . . . . . . . . . . . . . 320 As uvas continuam verdes — 16.2.11 . . . . . . . . . . . . . . . 326 O exclusivismo humano e a ecologia — 3.3.11 . . . . . . . 329 O potencial básico para a vida — 12.3.11 . . . . . . . . . . . . 333 A crise ambiental e a CNBB — 14.3.11. . . . . . . . . . . . . . 338 Tragédias não naturais no Japão — 22.3.11 . . . . . . . . . . 342 A lição dos acontecimentos no Japão — 29.3.11 . . . . . . 347 Devastar também é atividade econômica — 31.3.11. . . 351 Dando voz à biodiversidade — 2.4.11 . . . . . . . . . . . . . . . 354

Como se conscientizar das realidades — 4.4.11. . . . . . . 358 Tradução — Os significados da notícia — 7.4.11. . . . . . 364 A evolução humana apenas começou — 9.4.11 . . . . . . 368 Podemos viver sem energias cativas — 14.4.11. . . . . . . 371 Encerramento de etapa — 21.4.11 . . . . . . . . . . . . . . . . . 375

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Apresentação

Artigos publicados em jornais e na internet resplandecem — como diria o poeta francês François de Malherbe — tanto quanto as lindas rosas: não mais que uma manhã. Ao serem publicados originalmente, esses escritos mostram-se encantadores pelo frescor e pela curiosidade, exalando o perfume da graça contido na textura da composição. Por isso, já murchando ao entardecer, ficam esquecidos e relegados ao silêncio eterno de sua transitoriedade, perdendo a atratividade, a novidade e a própria mensagem, seu verdadeiro valor.

Na ação de desgaste em tão curto tempo, esses textos rapidamente perdem o valor intrínseco, restando anulado todo o esforço mental que foi demandado para a sua elaboração. Ainda mais que versam sobre o assunto mais importante que possa existir atualmente — o da sobrevi9

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vência da Vida no planeta.

Cientes desses fatores adversos a cabedal tão precioso, e convictos de que o conjunto do pensamento humano ali exposto é patrimônio universal, não devendo ser perdido na rolagem dos anos, providenciamos a aglutinação em livro dos nossos artigos publicados desde 16.9.2007 até 21.4.2011.

Em seguimento ao título de cada artigo, citamos a data de sua publicação original para que o leitor se situe à época em que foi elaborado e à propriedade do enfoque.

Assim, oferecemos a oportunidade de conhecer o nosso pensamento a respeito do assunto que já deixou de ser meio ambiente para ser efetivamente meio vital. Sob suas considerações, tudo o mais perde qualquer valor, simplesmente, porque sem a Vida nada terá movimento próprio neste mundo.

Com esta publicação, prestamos um preito à Natureza, tão generosa e tão injuriada pelos seus próprios filhos.

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A humanidade está em perigo — 16.9.07

Entendemos que não é novidade para todos que as condições vivenciais no planeta estão em plena decadência. Sim, em consequência das atividades humanas, conforme ficou cientificamente estabelecido com a assinatura de mais de 2.500 cientistas no relatório final elaborado ao fim dos trabalhos de pesquisa do Painel Intergovernamental da ONU. Esse diagnóstico taxativo foi intensamente divulgado pela mídia em fevereiro de 2007, de forma que a população em geral ficou ciente da catástrofe que se avizinha para os próximos 20 ou 30 anos, se não for tomada nenhuma providência pelas autoridades competentes.

O nosso espanto provém do fato de que os governantes só falam e agem no sentido de continuar rumo ao 11

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abismo (crescimento, progresso, desenvolvimento), dilapidando os recursos habitacionais do planeta. Estamos percebendo que nossos dirigentes elegeram o suicídio da humanidade, com progresso econômico, olvidando as necessárias e urgentes ações de refreamento das causas de degradação do planeta. Por quê? Porque qualquer atitude ecológica concreta implica entraves à atividade econômica, origem primária de todo esse desequilíbrio climático.

Prevalecem no pensamento dos chefes de governo de mais de 170 nações somente atitudes que redundam em benefício material para seus retalhos geográficos a que chamam países, pois são apenas traçados virtuais convencionais e transitórios, como nos ensina a História. Defendem seus insignificantes e egoísticos interesses nacionais e não enxergam que existe um interesse maior: o da biosfera, que engloba esses retalhos ilusórios.

Em consequência dessas nossas preocupações, chegamos à conclusão de que o caminho para esse vital problema começa com a criação de um governo mundial, forte, efetivo, para administrar as conveniências do planeta, isto é, do nosso hábitat. Os interesses ambientais do todo estão acima dos interesses mesquinhos das partes.

Isso constitui apenas um resumo de nosso pensamento sobre o magno problema, tão sério, tão relegado, essencialmente vital.

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Salvem o planeta — 18.9.07

Em 24 de julho de 2007 (jornal Estado de Minas), o papa Bento XVI, em uma reunião com 400 padres em seu retiro situado em Lorenzago di Cadore, disse que a humanidade precisa ouvir a voz da Terra, se quer salvá-la da destruição. Com a autoridade de sua posição, declarou textualmente: “Não podemos simplesmente fazer o que desejamos com essa nossa Terra que nos foi confiada”.

Em 2 de setembro de 2007 (jornal Estado de Minas, de 3.9.07), em Loreto, nas tradicionais festividades promovidas anualmente em defesa da Criação, pediu aos governantes mundiais que tomassem medidas corajosas para salvar o planeta e exortou os jovens a ser humildes e a viver de modo exatamente contrário ao que o capitalismo propõe. Textualmente, acrescentou: “Salvem o planeta antes que seja tarde demais”.

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É interessante observar que as visitas do papa aos países são amplamente divulgadas, multidões viajam de longe para recepcioná-lo e render-lhe respeito e homenagem. Suas palavras ecoam como mensagens divinas e são divulgadas intensamente pela mídia. Mas, quando Sua Santidade se manifesta sobre o assunto máximo, porque vital para a biosfera, ninguém — mas ninguém mesmo — lhe dá qualquer importância.

A mídia não repercute suas palavras, a não ser para encher, sem qualquer destaque, algum espaço vazio na diagramação.

Isso é para ser pensado, pensado e pensado. Isso pede uma análise, uma reflexão profunda.

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O querer e o não querer — 24.9.07

“O querer e o não querer foram postos numa balança.

O querer por vontade e o não querer por vingança.” (do folclore espanhol)

Depois que, em fevereiro de 2007, foi amplamente divulgado o relatório dos cientistas reunidos no Painel da ONU, pelo qual ficou evidenciada a degradação do planeta pela ação gananciosa do homem, o assunto ECOLOGIA — em vez de ser abordado com a seriedade e a gravidade de sua evidência — tornou-se ponto de apoio para a publicidade comercial em geral.

Dá nojo, angústia e revolta o uso que estão fazendo desse tema. Isso se chama manipulação de emoções.

Esse recurso comercial, chamado também de estratégia de venda, não é novidade na área econômica, mas chegar a esse ponto — fazer apelo comercial com a desgraça da 15