publicação da câmara de comércio frança–Brasil
REVISTA FRANÇA BRASIL • março / abril 2013 – NO 311
março / abril 2013 • NO 311
Equilíbrio sustentável Mudanças econômicas redirecionam as iniciativas de preservação de recursos naturais no Brasil, que conquistam uma posição mais estratégica no universo corporativo. Diante de novos desafios, empresas francesas reforçam sua presença com a implantação de ações geradas a partir da troca de experiências e de parcerias Tour de France: Um passeio pelo Château La Coste, novo percurso das artes na França
[ sumário ]
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matéria de capa Cenário macroeconômico do Brasil coloca a sustentabilidade em posição de destaque nas ações desenvolvidas por empresas francesas, que não tratam do tema mais como um conceito e sim como uma estratégia de negócios importante para o futuro de suas operações
tour de fr ance
66
Seções Editorial
6
Notas
8
Câmara em destaque
28
Entrevista
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Registro de viagem
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Negócios Cresce o número de pequenos e médios empreendedores em território nacional, elevando também o interesse de companhias francesas de investir em segmentos variados, com destaque para a indústria e os serviços
istockphoto / FOTOLIA / divulgação / corbis
Fora dos roteiros convencionais da França, Château La Coste conquista turistas interessados em realizar um percurso em um dos principais centros mundias da arte contemporânea a céu aberto, localizado em meio aos belos vinhedos da Provença
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CARREIRA Brasil registra um dos menores índices de profissionais com formação superior do mundo. Busca por profissionais qualificados cresce e estimula a implantação de programas de capacitação e de retenção de talentos promovidos por empresas francesas presentes no país
A revista França Brasil é uma publicação bimestral da Câmara de Comércio França-Brasil, editada em parceria com a Editora Conteúdo Ltda. Comitê Editorial Alexis De Vaulx, Carlos Alberto Piazza, Claudine Bichara de Oliveira, François Dossa, Jean Larcher, Jean-Marie Lannelongue, Jean-François Hue, Jussara Machado, Loïc Gosselin, Louis Bazire, Luiz Chinan, Márcia Ribeiro, Patrick Sabatier, Sérgio Bruel, Sueli Lartigue e Thierry Lange Colaboraram nesta edição: Raquel Raimundo e Carolina Carone
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tENDÊNCIA Grandes nomes do estilo contemporâneo brasileiro impulsionam a atuação de galerias de arte no país, hoje considerado um dos mercados mais promissores para investidores nacionais e mundiais, a exemplo dos franceses
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[ editorial ]
Um conceito
universal A
1ª Conferência Mundial sobre o Homem e o Meio Ambiente, realizada pela Organização das Nações Unidas (ONU) há mais de 40 anos, em Estocolmo, Suécia, foi uma das primeiras tentativas de líderes mundiais de buscar alternativas de crescimento que não impactassem negativamente os recursos naturais. Desde então, a iniciativa desencadeou uma onda de conscientização ecológica que atingiu não somente os indivíduos, mas, principalmente, a imprensa e as empresas. Nas últimas décadas, o conceito de sustentabilidade ganhou destaque nas estruturas organizacionais e tem se mostrado uma ferramenta estratégica de referência no mercado. Esse conceito, no entanto, vai além das questões ambientais e tem essência universal, abrangendo aspectos que envolvem desde o cultural até o político, o social e, especialmente, o econômico. Reconhecemos que este último pilar é necessário para a sobrevivência de qualquer instituição, mas sabemos também que ele está intrinsecamente ligado aos demais. A sustentabilidade econômica garante o desenvolvimento contínuo de processos produtivos e práticas de gestão e operação que possibilitam melhor desempenho das organizações, e sua consequente competitividade mercadológica. Entretanto, é preciso ressaltar que a sustentabilidade também agrega valor à empresa como instituição, seja por meio de iniciativas ambientais e culturais ou as que estimulam a inovação e a busca permanente pela excelência. Pesquisas recentes apontam que a maioria das empresas está ciente da importância de se incorporar a sustentabilidade em suas práticas, mas muitas ainda buscam formas de aplicá-la no dia a dia ou de elencá-la como novas oportunidades de negócio. Temer que as práticas sustentáveis possam elevar os preços de produtos e serviços, por exemplo, é algo que não deve ser avaliado de forma separada. Investir em sustentabilidade garante que os recursos financeiros provenientes da comercialização de produtos com melhor qualidade possam ser investidos no desenvolvimento social e na preservação do meio ambiente. Esse ciclo sustentável, em que o investimento nas questões ambientais traz benefícios para todos, já é adotado por vários países. Tornou-se uma característica inata da população e já faz parte de sua cultura. A Alemanha, por exemplo, é um país que caminha à frente dessa questão. Anos atrás, as pessoas não respeitavam as regras de coleta seletiva, descumprindo horários e separando os resíduos incorretamente. Foi criada, então, uma penalidade aplicada àqueles que infringissem as normas. Hoje, as novas gerações já crescem conhecendo e respeitando o meio ambiente, algo já enraizado à cultura alemã. Nesse contexto surgem algumas tarefas que envolvem a todos: governo, sociedade e empresas. Gestores devem ampliar seu conhecimento sobre a correlação entre seus negócios e os desafios da sustentabilidade; governos devem estabelecer políticas que valorizem ações prioritariamente educativas, mas em última instância por meio de penalidades – tanto para a sociedade quanto para as empresas –; e a sociedade, por sua vez, precisa se conscientizar e se responsabilizar sobre suas ações, que geram as reações sinônimas – positivas ou negativas. Somente assim, de fato, será possível atingir o progresso econômico com respeito ao meio ambiente e justiça social.
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Alexandre Valadares Mello Presidente da Câmara de Comércio França-Brasil regional Minas Gerais Assessor de Sustentabilidade, Comunicação e Assuntos Corporativos da V&M do BRASIL
Queijos selecionados: a melhor desculpa para encher a sua casa de amigos.
O Pão de Açúcar tem o queijo ideal para todas as ocasiões. E se a ocasião pedir um aperitivo diferenciado, aposte nas ótimas opções da marca Président. Os queijos de cabra, como o buchette, harmonizam muito bem com saladas, molho pesto e castanhas. E os de mofo branco, como o brie e o camembert, combinam com geleias de frutas vermelhas, frutas secas, pera, maçã, amêndoas e nozes. Uma delícia.
[ notas | negócios, cultura e inovação ]
Paredes e tanques da fábrica da UTE Norte Fluminense ganharam cores e traços da street art, em obras produzidas por artistas brasileiros e franceses
A área industrial da central elétrica da UTE Norte Fluminense, pertencente ao grupo EDF, se transformou recentemente em um espaço de promoção artística. As paredes da unidade produtiva de Macaé (RJ) ganharam as cores e os traços da street art, em obras assinadas por jovens artistas franceses e brasileiros. Resultado da parceria da empresa com a Aliança Francesa e a Embaixada da França, a iniciativa, segundo Patrick Simon, diretor-geral EDFUTE Norte Fluminense, ajuda a estabelecer uma ligação com as pessoas. “A presença de obras de arte quebra a imagem em geral fria do universo industrial”, explica. Além da torre de resfriamento, paredes, canos e tanques da fábrica foram transformados em grandes painéis de imagens figurativas, produzidas com bombas coloridas, em preto e branco, e tinta estêncil. São referências à história em quadrinhos, ficção científica ou composições de pintores muralistas. “A decisão de pintar as paredes da central de Macaé correspondeu primeiramente a um objetivo estético. Hoje, sabemos que as obras contribuem para reforçar a identidade da empresa com a comunidade”, acrescenta o executivo.
Gestão de marcas Consultora na gestão de grandes marcas mundiais, como Nestlé, Pernod Ricard e Mondelez, a francesa Dragon Rouge começou, recentemente, a atuar no mercado brasileiro. Para isso, investiu mais de R$ 1 milhão na construção de um escritório próprio, localizado na região da Berrini (SP). O primeiro contrato fechado foi com a Brasil Food, em uma operação que envolve o desenvolvimento da nova identidade corporativa da BRF. Segundo Jean-Baptiste Danet, presidente da Dragon Rouge, a meta, a princípio, é prospectar novos projetos com as filiais brasileiras de seus maiores clientes. “Mas também pretendemos trabalhar com marcas nacionais que tenham ambições internacionais”, acrescenta, ao mencionar o potencial do Brasil como exportador de itens de luxo, com destaque para os segmentos de moda, arte e bebidas, como a cachaça.
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divulgação
M u da n ça d e cen á r i o
[ notas | negócios, cultura e inovação ]
Jenipapo do Cerrado e Mandacaru da Caatinga. Nomes tipicamente brasileiros representam as novas linhas de cosméticos da francesa L’Occitane, 100% produzidas em território nacional. A partir dessa iniciativa, a empresa garante uma redução de 30% no valor dos produtos, em comparação aos já comercializados, provenientes da Provença. A princípio, os itens da grife – intitulada L’Occitane au Brésil – serão encontrados somente no Brasil, sendo esse o primeiro lançamento de uma marca exclusiva da L’Occitane para um país específico. Para produzir os cosméticos, a empresa conta com a parceria de um produtor de mandacaru de Uauá, no interior da Bahia, e outro especializado na produção de jenipapo de Paraíbuna, interior de São Paulo.
Coleção diferenciada Conhecido por seu trabalho à frente da grife francesa Chanel, o estilista alemão Karl Lagerfeld criou recentemente uma linha especial de sandálias para a brasileira Melissa. Quatro modelos inspirados no Brasil serão lançados durante o ano nas lojas da marca. O primeiro – batizado de Ginga – começou a ser comercializado em março. A partir de abril, as peças farão parte das coleções vendidas na América do Sul e, em junho, na Europa, Estados Unidos, Ásia, Oceania e África.
fotos divulgação
Produção nacional
Rota d i r eci o n a da Especializada na fabricação de barcos de turismo, a francesa Dream Yacht Charter pretende investir R$ 100 milhões na Bahia, nos próximos quatro anos. Segundo Loic Bonnet, presidente da empresa, a meta é trazer ao Brasil 16 embarcações que promoverão passeios turísticos na Baía de Todos-os-Santos. “Elegemos a Bahia devido ao seu potencial natural e cultural, além da existência de uma política estadual de incentivos para a importação de embarcações”, explicou o executivo, ao também ressaltar o fluxo de recepção de turistas estrangeiros do estado (558 mil/ano) como outro fator de atratividade.
Presença em expansão Nos últimos anos, o mercado mundial de magnésio tem se mostrado altamente atrativo. Um desempenho que motivou a francesa Roullier a adquirir 50% das ações de sua parceira brasileira Magnesium, hoje responsável pelo abastecimento do minério em toda América do Sul. Ciente do potencial da empresa, a Roullier planeja, por meio desse investimento, expandir ainda mais sua presença no setor. Além da Magnesium, a companhia já detém 60% da Magnesitas Navarras (Espanha), 40% da Grecian Magnesita (Grécia) e 50% da Van Mannekus (Holanda).
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ENERGIA ELÉTRICA E MUITO MAIS A Usina Termelétrica Norte Fluminense começou a gerar energia em 2004 e foi fator decisivo para a estabilização no abastecimento do estado do Rio de Janeiro. Pertence ao Grupo Electricité de France (EDF), maior gerador de energia elétrica do mundo, e supre a demanda de dois milhões e meio de pessoas. A UTE Norte Fluminense pratica aqui a filosofia da matriz, voltada para a sustentabilidade. Nessa linha, mantém um ambicioso programa ambiental, e inúmeras iniciativas com foco na Responsabilidade Social. A iniciativa mais recente foi a implantação de uma unidade solar dentro das instalações da térmica, em Macaé. São 1.800 placas fotovoltaicas que passaram a gerar toda a energia consumida nas operações administrativas. Essa iniciativa representa uma economia na emissão de CO2 de 250 toneladas anuais.
UTENORTEfLUMINENSE.COM.bR
[ notas | negócios, cultura e inovação ]
Depois de desembarcar no shopping Village Mall (RJ), a Caudalie – marca de cosméticos considerada a “queridinha” dos franceses – se prepara para abrir uma nova loja no Brasil, especificamente em São Paulo. Conhecida pela linha de cremes antienvelhecimento, a empresa hoje oferece em território nacional seus principais produtos, com três ativos patenteados: o Polifenóis, o Reverastrol e o Viniferia. Em breve, a marca também disponibilizará a Eau de Beauté, inspirada no famoso elixir de juventude usado pela rainha Isabel da Hungria, no século 17, que promete reduzir os traços, fechar os poros e dar à pele um toque de luminosidade.
fotos divulgação
Traços da beleza
Gr i fe h otelei r a Após conquistar o segmento de hotéis econômicos no mundo, por meio de marcas como Íbis, a Accor decidiu que é momento de crescer de forma mais agressiva no mercado até 2016. Para isso, elegeu o Brasil como um dos locais para realizar novos investimentos. A ideia, segundo Yann Caillère, COO da Accor, é destacar o potencial das bandeiras de luxo da empresa. Com isso, a América Latina ganhará 21 novos hotéis, incluindo algumas marcas inéditas, como a Sofitel So, a Sofitel Legend e a MGallery. Desse total, 12 serão lançadas no Brasil. “Não queremos ser o número um em marcas de luxo e no segmento quatro estrelas. Buscamos sim nos tornar um forte competidor nessa área”, adianta o executivo.
Retratos da natureza
Casa de Burle Max é um dos destaque das obras de Michel Corbou
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Os espaços verdes dos centros urbanos são tema da mostra Os jardins fazem a cidade, que acontece no Museu do Meio Ambiente do Jardim Botânico (RJ), até o dia 5 de maio. Mais de 65 imagens produzidas pelo francês Michel Corbou revelam paisagens de cidades da Europa e do Brasil. Além de locais públicos, como o Jardim Botânico, o Parque Laje e o Aterro do Flamengo (RJ), o artista também retratou a residência do paisagista Roberto Burle Marx, com suas 3,5 mil espécies de plantas em Barra de Guaratiba. Em São Paulo, cidade que exibirá a mostra depois do Rio, fotos do Parque do Ibirapuera e do Parque da Juventude se contrastam em meio às do Parque Cantinho do Céu, uma favela reabilitada onde foi construído um jardim. A Quinta de Rayol, uma área de conservação localizada no litoral francês, e o Ladschaftspark, um parque construído sobre as ruínas de antigas usinas siderúrgicas, na Alemanha, são outros destaques da exposição.
[ notas | negócios, cultura e inovação ]
Destino Paris
fotolia
Inspirada em um conto fantástico de Allan Poe, a exposição L’Ange du Bizarre. Le romantisme noir de Goya à Max Ernst, que acontece até o dia 9 de junho, no Museu d’Orsay, revela a influência do romantismo noir nas obras produzidas por artistas renomados entre os séculos 18 e 20. www.musee-orsay.fr
Séculos de comemoração Um dos monumentos mais conhecidos de Paris – a Catedral de Notre Dame – completa, em 2013, 850 anos de fundação. Testemunha de eventos históricos, como o nascimento de 80 reis, dois imperadores e cinco repúblicas, a igreja terá a data comemorada em uma série de eventos e acontecimentos realizados ao longo do ano. Um dos destaques são as apresentações de corais, que relembram as músicas tocadas na capital francesa durante os primórdios do cristianismo. Imortalizados no romance de Victor Hugo, o Corcunda de Notre Dame, os famosos sinos de Quasímodo também foram renovados. Oito novas peças passaram por um processo de fundição em Villedieu-Les-Poeles, na Normandia, a partir de métodos usados no Egito Antigo. Considerada uma obra-prima da arquitetura gótica, a catedral também contará com mudanças em sua iluminação interna.
Na hora certa Quando se propôs a fabricar relógios, há mais de 100 anos, a francesa Hermès buscou lançar peças com desenhos e cores diferenciadas, obtendo sucesso no mercado desde então. Porém, boa parte dessas coleções não eram comercializadas no Brasil. Mas essa realidade tende a mudar. Recentemente, a grife anunciou uma parceria com a Amsterdam Sauer. A proposta é trazer ao país, a princípio, quatro linhas de relógios: Arceau, Cape cod, dressage e h-hour, com preços a partir de R$ 5,9 mil. O destaque, no entanto, são os relógios da coleção Le Temps Suspendu, premiada internacionalmente em 2012. Os brasileiros terão a oportunidade de comprar apenas uma de quatro unidades disponíveis: três em aço e uma feita em ouro rosé.
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Situada no centro de Paris, entre a Place de Victoire e a rue Étienne Marcel, a Librairie de la Mode atrai não apenas pela variedade de publicações relacionadas ao universo da moda e do design. Além de livros de arte, ilustração, desenhos contemporâneos, tabelas de cores, amostras de tecidos e inúmeras revistas internacionais, o local conta com um ambiente agradável, ideal para quem busca um momento de tranquilidade em Paris. www.modeinfo.fr Quando estiver em Paris, fique atento à programação do espetáculo Grandes Eaux Musicales, que acontece durante 2013 nos jardins do Palácio de Versailles. Tão atraente quanto esse acontecimento são as Grands Eaux Nocturnes. Ao entardecer, os jardins se transformam em percurso com luzes e efeitos aquáticos no bassin du Miroir, enquanto um show de fogos de artifício acontece no Grand Canal. www.chateauversailles-spectacles.fr Até dia 6 de julho, a Paris Haute Couture promove a uma mostra gratuita que reúne mais de 100 peças e retrata 150 anos da história da moda francesa. Grandes estilistas como Chanel, Nina Ricci, Yves Saint Laurent, Christian Dior, Givenchy, Jean Paul Gaultier são homenageados com a exibição de algumas de suas peças mais memoráveis, que promoveram novos estilos e tendências. www.modeaparis.com Uma das tendências gastronômicas mais procuradas no momento em Paris é a harmonização de pratos com vinhos servidos somente na taça. Um dos locais que tem se sobressaído nessa especialidade é o Les 110 de Taillevent. Além de oferecer uma carta composta por 110 opções da bebida, o menu formado por entrada+prato+sobremesa, que pode se saboreado por 39.90 euros, é bem variado. Destaque para o tartare de peixe, o consommé de raviole e o peixe assado com creme de batatas. taillevent.com/
[ notas | negócios, cultura e inovação ]
divulgação
Inspirado Salon d’Automne de Paris (obras ao lado), o 1° Salão de Outono da América Latina acontece em São Paulo
R e v el ação a rtí sti ca Programado para os dias 9 a 26 de maio, o 1° Salão de Outono da América Latina promoverá uma série de exposições destinadas à descoberta de novos talentos mundiais da arte. O evento – realizado no Espaço de Exposições da Aliança Francesa, no Brooklin (SP) – é inspirado no Salon d’Automne de Paris, um dos apoiadores dessa primeira edição no Brasil. Lançado em 1903, no Petit Palais, pelo belga Frantz Jourdain, a iniciativa acontece todos os anos na capital parisiense e se destaca por sua abordagem multidisciplinar, que mistura pinturas, esculturas, fotografias, desenhos, gravuras, artes aplicadas. A versão brasileira – que também conta com o apoio da Embaixada da França, da Embaixada do Uruguai em Brasília, da Associação Brasileira dos Direitos de Autores Visuais, da Aliança Francesa de São Paulo e da Câmara de Comércio França-Brasil – apresentará obras de 53 pintores, 27 fotógrafos, 15 escultores e 17 artistas gráficos. Um ateliê dedicado a street art é outro atrativo previsto na programação da mostra. www.salon-automne-franca-brasil.com
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Potencial de mercado
16 FRANÇA BRASIL | março / abril 2013
O interesse de empresas francesas no mercado brasileiro é crescente. Prova disso é a recente visita de Marc Senoble, presidente da Senoble – uma das mais importantes produtoras de queijos finos, sobremesas geladas e iogurtes do país –, e dos diretores Olivier Bessut e Pascal Tisseau ao Paraná. Recebidos por representantes da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento do estado, os executivos obtiveram informações sobre a produção de leite e as potencialidades agroindustriais da região. Hoje, o Paraná é o terceiro maior produtor de leite do Brasil, com um total de 3,81 bilhões de litros em 2011. Dados do Departamento de Economia Rural (Deral) revelam que a média local corresponde a 2,4 mil litros produzidos por vaca durante o ano, quase o dobro da média nacional, que é de 1,3 mil litros.
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[ notas | negócios, cultura e inovação ]
Acesso ilimitado Com uma tiragem de 30 exemplares, distribuída nacionalmente, a revista França Brasil conta, a partir dessa edição, com versão exclusiva para tablet. Para ter acesso a todo conteúdo da publicação, incluindo os anúncios publicitários, basta baixar seu app gratuitamente. A iniciativa – resultado da parceira entre a Câmara de Comércio França-Brasil e a Editora Conteúdo – visa reforçar ainda mais a proximidade entre o Brasil e a França, por meio da divulgação on line de informações sobre a evolução das relações entre os países, em reportagens sobre negócios e economia, além de turismo, cultura e gastronomia.
Caminhos abertos A produção brasileira de pneus recuou 6,4% no ano passado, após registrar queda de 0,6% em 2011, em relação ao ano anterior, segundo dados da Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos (Anip). Essa realidade, porém, não alterou os planos de investimentos da Michelin, que pretende dar continuidade ao processo de expansão da fábrica de pneus para veículos de passeio, inaugurada em 2012, e ampliar a produção de pneus para veículos de mineração e engenharia, em funcionamento desde 2008. “A capacidade da unidade de pneus de passeio em breve será insuficiente. Daqui a dois anos, teremos de realizar um novo investimento”, diz Jean-Philippe Ollier, presidente da Michelin para a América do Sul. A empresa, que hoje atende a 5% do mercado doméstico com pneus importados, planeja dobrar essa fatia com a nova fábrica, abastecendo os demais países da América do Sul.
18 FRANÇA BRASIL | março / abril 2013
Malte francês Com a aquisição do controle da Malteria do Vale, em agosto de 2012, o grupo agroindustrial francês Soufflet conquistou o primeiro lugar no ranking de maiores produtores de malte do mundo, juntamente com a também francesa Maltegroup. Os planos de consolidar essa posição de liderança no mercado agora motivam a empresa – que faturou 3,5 bilhões de euros no ano passado – a realizar novos investimentos no país. Segundo Jean-Michel Soufflet, CEO da Soufflet, a meta é dobrar a capacidade de produção até 2014, com recursos de cerca de 40 milhões de euros. “Estamos apostando no aumento do consumo de cerveja no Brasil nos próximos anos. Pretendemos primeiramente elevar a produção para 145 mil toneladas e depois para 200 mil toneladas de malte”, conta o executivo, ao explicar que a estratégia nasceu a partir de parcerias long term agreement com as grandes cervejarias instaladas no país, que já eram importadoras de seu malte francês.
Material de estudo “Um procedimento de conservação elaborado, inspirado em textos bíblicos”. Foi a partir da análise do mais antigo coração embalsamado já estudado na França – o do rei inglês Ricardo Coração de Leão – que cientistas do país chegaram a essa conclusão. “Foi um embalsamamento complexo”, explicou Philippe Charlier, chefe da equipe de especialistas, ao mencionar que murta, crisântemo, mercúrio, olíbano e outras substâncias foram encontradas na análise realizada mais de 800 anos após a morte do rei. Os restos do coração – reduzidos a pó – estavam guardados em uma caixa de chumbo descoberta em 1838 na catedral de Rouen. “Acreditamos que o órgão tenha sido aberto, para que o sangue fosse retirado, costurado e colocado em uma toalha de linho para preservação e transporte”, conta Charlier, ao informar que a técnica pode ser considerada uma proeza para a época, final do século 12. “Nesse período, os embalsamadores eram geralmente cozinheiros e açougueiros, peritos em abrir carcaças”, afirma. Figura emblemática da Idade Média, Ricardo Coração de Leão morreu em 1199, aos 41 anos, depois de ser ferido no ombro por uma flecha de madeira.
Perso n a li da d e ú n i ca Mais de 8.700 estabelecimentos franceses – sendo 4.461 hotéis e bed & breakfast (hospedagem familiar) e 4.282 restaurantes – são destaques na edição 2013 do Guia Michelin, comprovando o savoir-faire do país e sua tradição gastronômica. E como não poderia faltar, a revelação desse ano, ganhador das famosas três estrelas, foi o restaurante La Vague d’Or, em Saint-Tropez, comandado pelo chef Arnaud Donckele, de apenas 35 anos de idade. Conhecido pela “culinária de rara personalidade”, Donckele, na opinião de Michael Ellis, diretor internacional dos Guias Michelin, oferece aos clientes “uma experiência única e inesquecível”. “Seus pratos de peixe são extremamente interessantes e ele soube escolher produtores de qualidade irrepreensível. Logo, todos os critérios estavam reunidos para que obtivesse uma terceira estrela”, avalia.
março / abril 2013 | FRANÇA BRASIL 19
[ tour de france | Turismo artístico ]
Sob o céu da
provença
No sul da França, um colecionador irlandês transformou seus campos com plantações de videiras e oliveiras em um centro de arte contemporânea ao ar livre
por Marilane Borges de Paris
D
o alto das verdes colinas de Puy-Sainte-Réparade, vilarejo situado a alguns quilômetros de Aix-enProvence, no sul da França, é difícil imaginar que uma estreita estrada rural conduz a um campo de vinhas e oliveiras, que abriga uma extensa coleção de arte contemporânea e arquitetônica. Logo na entrada, uma aranha gigante repousa tranquila sobre um espelho-d´água, como se espreitasse os visitantes. Esse é o principal atrativo do Château La Coste, espaço artístico criado pelo irlandês Patrick McKillen. Próspero homem de negócios, apaixonado por cultura, McKillen resolveu reunir em seus cerca de 200 hectares de área, além das plantações
20 FRANÇA BRASIL | MARÇO / abril 2013
de vinhas e oliveiras, obras singulares assinadas pelos maiores artistas e arquitetos da atualidade, a exemplo de Jean Nouvel, Frank Gehry, Tadao Ando, Andy Goldsworthy, Richard Serra, Renzo Piano, incluindo ainda os brasileiros Oscar Niemeyer e Tunga. Uma iniciativa semelhante à do empresário Bernardo Paz, fundador de Inhotim, localizado na cidade de Brumadinho, em Minas Gerais. A natureza vitícola que rodeia a paisagem foi cultivada desde a época galo-romana, se transformando nos últimos anos em um verdadeiro paraíso das artes. Plantadas aos pés das colinas que levam à capela de Saint-Gilles, vinhas de chardonnay e de cabernet sauvignon contornam 20 grandes obras, erguidas entre carvalhos e
castanheiras. As árvores oferecem sombra e abrigo aos turistas, que podem caminhar entre várias criações suntuosas. O intitulado Centro das Artes – um edifício desenhado pelo arquiteto japonês Tadao Ando – revela algumas criações existentes nesse museu a céu aberto, como o móbile de Alexandre Caldere e a aranha gigante de Louise Bourgeois. Não muito distante, é possível avistar a elegante cruz de murano criada por Jean-Michel Othoniel. Inaugurado em junho de 2011, o espaço, discreto e exclusivo, promove várias atrações, entre elas oficinas para crianças, concertos de música e exibições de filmes durante o verão. Também mantém uma área para recepções especiais, uma livraria e uma butique. Em breve, um restaurante, um spa e novas instalações artísticas serão inauguradas. Uma galeria de exposições temporárias e um auditório, respectivamente assinados pelos arquitetos Renzo Piano e Oscar Niemeyer, deverão
Inaugurado em 2011, o espaço reúne obras de artistas e arquitetos consagrados, a exemplo do auditório de Frank Gehry (ao lado) e a criação do brasileiro Tunga (acima)
MARÇO / abril 2013 | FRANÇA BRASIL 21
[ tour de france | Turismo artístico ]
Em meio a paisagens e áreas verdes, estão expostas criações modernas, como a gota gigante de Tom Shannon (abaixo)
em breve sair do papel. No ambiente criado por Tadao Ando – que conta com um restaurante e uma livraria –, os visitantes podem apreciar a escultura The Drop, uma gota gigante de mercúrio de aço inoxidável, que levita na ausência de gravidade. A peça esculpida pelo americano Tom Shannon é apenas uma das gratas descobertas feitas durante o percurso. Do outro lado do campo, grandes placas de metal, com formas e alturas diferentes, cortam a encosta. Aix, como é conhecida, é uma das criações do escultor americano Richard Serra, feita especialmente para o local. Menor e mais discreto é Wall of Light Cubed, um paralelepípedo de calcário cinza e mármore rosa avermelhado da pedreira Dimpomar, de Portugal. A dimensão reduzida, em comparação às demais, não diminui a
representatividade da obra. Basta chegar bem perto para perceber que ela pesa cerca de mil toneladas. Curioso é notar entre as paisagens artísticas do Château La Coste que a criatividade não tem limites. Esse fato é comprovado na obra de um dos nomes mais admirados do estilo abstrato. O inglês Sean Scully oferece uma mostra de sua engenhosidade na composição em formato de cubo, que faz referência às listras características de suas pinturas. Ao contrário de outras criações, Scully aceitou os "defeitos" do granito natural, criando uma rica variedade de texturas. A sensação de estar diante de uma pintura tridimensional é impressionante. Realizar esse percurso não deixa de ser emocionante, principalmente se levarmos em conta o quanto é incomum encontrar uma variedade de trabalhos assinados por artistas de renome expostos a céu aberto.
O arquiteto Frank Gehry, por exemplo, construiu um pavilhão dedicado à música, erguido em madeira e vidro. A instalação está em harmonia com a natureza ao redor. Em outra parte da propriedade, entre carvalhos e pomares de amêndoas, os visitantes deparam-se com uma matilha de raposas esculpidas em bronze, estrategicamente escondidas entre as árvores da encosta. Essa é a proposta de Michael Stipe, que fez sucesso como membro-fundador e vocalista da banda REM. Para o Château La Coste, Stipe se inspirou na fábula A Raposa e as Uvas, de Jean de La Fontaine. O inglês Liam Gillick usou a ousadia para compor uma obra que não é considerada nem arquitetônica nem escultural, mas sim um exercício lúdico. Confeccionada com treliças metálicas e coloridas, a obra pode ser
A natureza vitícola do Château la Coste foi cultivada desde a época galo-romana, sendo hoje um centro de exposição de arte
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manipulada à vontade pelos visitantes. As combinações de cores criam um belo jogo gráfico, como um arco-íris vertical. No alto de um dos morros do château, o brasileiro Tunga deu vida a um portal feito em pedra, proveniente da região de Rognes, suspensa por um sólido ferro forjado e um enorme prisma de quartzo rosa do Peru. Essa obra é, na realidade, composta por três partes, sendo cada uma delas uma única estrutura. Vários elementos foram ligados ou suspensos a partir de um sistema
de ferragens. Quem se aventura a subir o morro avista primeiramente um grande pedaço de quartzo. Ao lado esquerdo, uma segunda estrutura suspende um prisma de vidro gigante, fabricado na República Tcheca. Ao final, pequenos pedaços de quartzo revelam-se dentro de uma rede com limalha de ferro, organizados em uma grade. Logo adiante, uma tigela colossal de bronze está posicionada em meio a um bosque. A escultura Calix meus inebrians (Meu copo me torna bêbado), do pintor
irlandês Guggi, foi inspirada em um versículo do Salmo 22 da Bíblia. Tigelas em formatos distintos, aliás, fazem parte das obras produzidas pelo artista ao longo de sua carreira. Essa, especificamente, refere-se ao processo de vinificação realizado no Château La Coste e sua relação com a história antiga. O vistante que decide seguir adiante encontra no caminho um muro de pedras empilhadas. Uma escadaria dá acesso a sala subterrânea que abriga Room, obra
Cenário inovador Conservar, expor e estimular a produção da arte contemporânea não é uma vocação unicamente europeia. Há apenas 60 quilômetros da capital de Minas Gerais, Belo Horizonte, o município de Brumadinho concentra um dos mais ricos acervos atuais do mundo. O Instituto Cultural Inhotim já ganhou repercussão nacional e internacional. Mas sempre é interessante relembrar o espírito empreendedor e inovador do empresário Bernardo Paz, que, na década de 1980, idealizou a criação de um grande espaço paisagístico, contando com o auxílio de Roberto Burle Max. Não demorou muito tempo para que o local se tornasse palco para a introdução de novas ideias. Além do rico acervo botânico – formado por espécies nativas da flora brasileira, consolidado em 2005 –, edificações foram construídas para abrigar obras contemporâneas. Assim como o apoio à arte, Inhotim hoje destina parte de seu tempo para a promoção de atividades educativas e sociais. Outras informações: www.inhotim.org.br
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[ tour de france | Turismo artístico ]
Espaço a céu aberto estimula a criatividade e apresenta a diferença de estilo e do uso de materiais nas obras de cada artista
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Vinho, arte e arquitetura Patrick McKillen nasceu em Belfast, Irlanda do Norte, em 1955. Iniciou sua carreira no mercado imobiliário, antes de expandir o portfólio na década de 1990 com a aquisição de propriedades em Londres, Paris, Vietnã e Estados Unidos. Em meio às suas conquistas, destacam-se os investimentos em hotéis cinco estrelas, sendo um dos principais acionistas do grupo Maybourne, que gerencia, entre outros, o The Claridge, The Berkeley e The Connaught, em Londres. Isso sem mencionar o The Clarence Hotel em Dublin, na Irlanda, pertencente aos músicos Bono Vox e The Edge, do grupo U2. Assíduo frequentador das colunas econômicas e sociais – devido às suas inúmeras amizades com estrelas do rock – Paddy, como é chamado por seus amigos, mantém uma postura discreta desde que resolveu abrir o Château La Coste, em 2011, obtendo desde então pouca repercussão na mídia. Entusiasmado com a criação de seu espaço artístico, McKillen decidiu abrir uma exceção, falando com exclusividade à revista França Brasil sobre seus projetos e sua paixão pela arte e a arquitetura. Revista França Brasil – Quais foram os critérios utilizados para selecionar as obras hoje expostas no espaço artístico do Château La Coste? Patrick McKillen – Não houve um processo fixo de seleção ou desenvolvimento de projetos especiais para o Château La Coste. Um grande número de artistas e arquitetos estiveram no local e continuam a visitá-lo com o intuito de criar novas obras. Muitos desses profissionais já faziam parte do meu círculo de amigos e outros tive a grata surpresa de descobrir ao longo dos anos. FB – Os artistas receberam alguma orientação sobre o que deveriam criar ou tiveram a liberdade de trabalhar em suas próprias obras? PM – Cada projeto teve sua própria história e se desenvolveu naturalmente após uma ou numerosas visitas ao local. Não dei nenhuma orientação, pois achei mais produtivo deixâ-los à vontade. Muitos deles decidiram estabelecer uma relação com determinada área do terreno para, em seguida, criar sua instalação alinhada com a harmonia de seu ambiente. E posso dizer que o resultado foi extremamente satisfatório. É interessante lembrar que Andy Goldsworthy e Tunga, por exemplo, passaram um mês no Château La Coste antes de eleger qual seria o local ideal para instalar suas obras. Richard Serra e Sean Scully retornaram várias vezes para visitar a propriedade antes que seu projeto fosse realizado. Atualmente, contamos com a presença de Tracey Emin, que tem frequentado o espaço para definir detalhes de sua obra.
FB – E como é feita a escolha dos arquitetos que expõe no local? PM – Da mesma forma como acontece com alguns artistas. Conhecíamos muitos deles antes mesmo da existência do Château La Coste. Na verdade, já tínhamos colaborado com Tadao Ando, Frank Gehry, Jean Nouvel, Renzo Piano e Richard Rogers em outros projetos. O Château La Coste concedeu a esses profissionais de renome uma oportunidade única de trabalharem com total liberdade e em um belo cenário. FB – Quais são os próximos projetos? PM – Há algum tempo temos auxiliado jovens talentos, como Sou Fujimoto e Junya Ishigami. Nesse sentido, posso citar o projeto de Ishigami, que conquistou o Leão de Ouro 2010, em Veneza. Apoiamos sua exposição na Barbican Gallery, em Londres, em 2011. Também planejamos criar um programa de residência para descobrir novos talentos. FB – O Château La Coste é um espaço que algum dia será concluído ou a meta é promover sempre mudanças em sua estrutura artística? PM – No momento posso afirmar que o Château La Coste permanece aberto para futuros diálogos e colaborações. Mesmo os que já têm obras assinadas no local, como Frank Gehry, Jean Nouvel e Hiroshi Sugimoto, manifestaram interesse em trabalhar, em breve, novamente. O desenvolvimento de espaços de exposição é fundamental, pois permite uma constante evolução cultural na França e mesmo no mundo.
FB – Você foi influenciado por outro projeto do gênero quando decidiu criar o Château La Coste? PM – Temos um enorme respeito e admiração por outras iniciativas de arte e arquitetura que existem no mundo, mas o Château La Coste não foi inspirado em nenhum deles. A localização, as vinhas e a paisagem única da Provença serviram de inspiração para a concepção desse projeto. Nossa expectativa é que os visitantes possam sempre desfrutar dessas referências culturais. Nossas influências, obviamente, vieram das excelentes relações que temos com nossos colaboradores e amigos. FB – Entre as inúmeras possibilidades de percurso em meio às obras existentes no local, quais são considerados os seus trechos favoritos? PM – Cada uma das instalações e edifícios foram construídos por mentes excepcionais e realizados por meio de um trabalho árduo, resultando em muita experiência. Sintome parte de cada uma dessas diferentes histórias, cada uma com sua particularidade. Por isso, acho praticamente impossível determinar um trecho favorito. Para eliminar a dúvida, escolhi todos os artistas e arquitetos que admiro para poder apreciá-los juntos, como uma obra de arte completa sob o iluminado céu da Provença.
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do britânico Andy Goldsworthy. A pouca luminosidade do espaço (proposital, por sinal), em contraste com a luz natural externa, permite apreciar com tranquilidade a originalidade desse artista, que, ao usar troncos entrelaçados, criou um ninho de pássaros gigante. Ao contrário do que se imagina, o caminho não se encerra por aí. A cada passo uma novidade se revela, o que torna a visita ao château ainda mais atraente. Assim como Frank Gehry, outros arquitetos vencedores do Prêmio Pritzker – o equivalente ao Prêmio Nobel de arquitetura – criaram obras especialmente para o local. Ao explorar a região, não é difícil encontrar os espaço assinados por Tadao Ando, Renzo Piano, Jean Nouvel e Norman Foster. Nouvel, por exemplo, foi o responsável pelo projeto da adega high-tech talhada em alumínio. Tadao Ando assina nada menos que três edifícios. Além das paredes em concreto e vidro do Centro das Artes, uma contrução simples, mas elegante, ressaltam a criatividade do arquiteto nas paredes erguidas em um ângulo de 45 graus. Localizada próximo a um vale, a terceira obra de Ando foi erguida
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em madeira, com seu interior composto por quatro cubos de vidro e metal. Essa criação foi exposta no Centro Kennedy, em Washington (Estados Unidos) como parte das comemorações do Ano do Japão em 2008. Outro projeto resgatado pelo proprietário do château, Patrick McKillen, são duas casas pré-fabricadas que Jean Prouvé projetou para a região de Lorena, em 1945. Encomendada durante o período de escassez do pós-guerra, com o propósito de acolher os refugiados, os 450 pavilhões são resultado de um plano ambicioso do arquiteto, que pretendia alterar o processo de construção da indústria mecanizada. No Château La Coste, duas dessas casas foram restauradas, sob a supervisão de Nicolas Prouvé, filho do arquiteto. Mckillen adianta que a meta agora é expor em dos espaço parte do mobiliário de Prouvé. O outro será reservado para uma biblioteca de arquitetura. Para quem pretende explorar todas as opções artísticas de La Coste, a dica é reservar pelo menos um dia de caminhada no local, sem horário para acabar. Somente assim é possível tornar esse passeio uma experiência verdadeiramente inesquecível.
Prezando pela diferença, a parte interna do château também mostra as tendências em arquitetura
Onde fica Château La Coste 2750 route de la Cride 13610, Le Puy-Ste-Réparade Telefone: +33 (0)4 42 61 92 90 www.chateau-la-coste.com
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Uma nova estrutura No dia 26 de março, as regionais da CCFB – São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Paraná reuniram-se para definir sua nova estrutura organizacional. Conheça os presidentes, vice-presidentes, diretores e demais cargos eleitos durante a Assembleia Geral Ordinária (AGO): DIRETORIAS SÃO PAULO Presidente Benoit D’IRIBARNE Vice-Presidente Octavio de BARROS Vice-Presidente Alberto LEMOS ARAUJO FILHO Tesoureiro Denis VIALA Diretores • Bertrand CHAMBERT-LOIR • Christiane ACHÉ • Philippe ORMANCEY • Roland de BONADONA • Stéphane ENGELHARD • Tamy TANZILLI Diretora Executiva Sueli LARTIGUE RIO DE JANEIRO Presidente Claudine BICHARA DE OLIVEIRA Vice-Presidente François DOSSA Vice-Presidente Mauricio Bähr Tesoureira Marcia COZZI RIBEIRO Secretário Geral Patrick SABATIER Diretores • Patrick SABATIER • Patrick SIMON • Antonio Alberto GOUVÊA VIEIRA • Marcia COZZI RIBEIRO Diretor Executivo Yves-Marie GAYET MINAS GERAIS Presidente Alexandre Valadares MELLO Vice-Presidente Pierre Xavier Pascal DUSSAUD Vice-Presidente Marc Leon Alphonse RUPPERT Diretora Tânia REIS Diretora Executiva Jussara DE SOUZA MACHADO PARANÁ Presidente Joaquim F. MARTINS FILHO Vice Presidente Carlos Sérgio ASINELLI 2º Vice-Presidente Marcelo IWERSEN Diretor Tesoureiro Ivo CHARVET Diretora Vera Lúcia C. Grein MERCIER Diretor Ronan KERREST REPRESENTAÇÃO RIO GRANDE DO SUL Presidente Roner Guerra FABRIS
CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO SP
CONSELHEIROS INSTITUCIONAIS ACCOR Roland de BONADONA AIR FRANCE Marc BAILLIART AIR LIQUIDE Jerome PELLETAN ALLIANZ SEGUROS Max THIERMANN e Regina H. MENEZES LOPES ALSTOM Marcos COSTA e Christiane ACHE ASGV Pedro Antônio GOUVÊA VIEIRA e Tamy TANZILI ATOS Alexandre GOUVÊA BANCO BNP PARIBAS Louis BAZIRE BANCO CRÉDIT AGRICOLE Jean Paul ILLY BANCO SOCIÉTÉ GÉNÉRALE Francis Henri Max REPKA BULL Alberto Lemos ARAUJO FILHO e João dos SANTOS CARREFOUR Stéphane ENGELHARD e Armando ALMEIDA CAPGEMINI José Luiz ROSSI LEGRAND Fabrice LE FUR LEROY MERLIN Alain RYCKEBOER MICHEL PAGE Patrick HOLLARD MOËT HENNESSY LVMH Dávide MARCOVITCH e Sergio DEGESE PACHECO NETO, SANDEN E TEISSEIRE ADVOGADOS Jean François TEISSEIRE e Renato Pacheco e Silva BACELLAR NETO PINHEIRO NETO Antonio MORELLO e Marcos LADEIRA RHODIA Osni LIMA e Francisco FERRAROLI SAINT-GOBAIN Benoit d’IRIBARNE SANOFI AVENTIS Heraldo MARCHEZINI / Hubert GUARINO VALEO Manoel ALENCAR e Mauro DIAS FERREIRA CONSELHEIROS ELEITOS SP Alain GOULENE Goulène & Degaspari Advogados Antoine NAHAS SPAF Bertrand CHAMBERT-LOIR Norac do Brasil Boris LECHEVALIER Altios International César RAMOS Chantal PILLET Villemor Amaral Advogados Denis VIALA Fernando TABET Tabet Assessoria Ambiental Frédéric DONIER Crescendo Consultoria
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Frédéric DYEVRE Gilberto GUIMARÃES GG Consultoria Jean Frédéric BAILLY Evenport Jean LARCHER Jean Marie LANNELONGUE Jean-Pierre BERNARD LFC Luis Filipe ANTUNES Arc International Brasil Michel Durand MURA Muram Assessoria Empresarial Octavio de BARROS Banco Bradesco Patrick DELFOSSE Delfosse Consulting Philippe BOUTAUD-SANZ Chenut Oliveira Santiago Philippe ORMANCEY 2MAP Consultoria Roger SIDOKPOHOU RMS Consulting Sylvie BELLINI-TRINCHI Yann FROMONT Gorioux Faro do Brasil
CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO RJ CONSELHEIROS INSTITUCIONAIS AREVA Bernard BASTIDE DANNEMANN José Antonio B. L. FARIA CORREA EDF DO BRASIL UTE NORTE FLUMINENSE Patrick SIMON ESSILOR Tadeu ALVES GDF SUEZ DO BRASIL Mauricio BÄHR GOUVÊA VIEIRA ADV. Antonio Alberto GOUVÊA VIEIRA L’ORÉAL Patrick SABATIER LAFARGE Alexis LANGLOIS MICHELIN Jean Philippe OLLIER NISSAN DO BRASIL François DOSSA PETROBRAS Maria das Graças FOSTER PSA PEUGEOT CITROËN Carlos GOMES SERVIER Varsenik TOPPJIAN TECHNIP José Jorge de ARAUJO TOTAL E&P DO BRASIL Denis PALLUAT DE BESSET TURBOMECA DO BRASIL François HAAS CONSELHEIROS ELEITOS Alain BESSE Rionil Alexis DE VAULX Tok & Stok Antoine GASPARD DUCHENE Linq Brasil
Candido CARDOSO Sonangol Claudine BICHARA DE OLIVEIRA Netune Dominique WALTER Barbosa Mussnich & Aragão Edmundo Sergio FORNASARI Fetranspor Eric BERTHELOT DCNS do Brasil Fabio Amaral FIGUEIRA Veirano Advogados Gilberto URURAHY Med-Rio Check-UP Jean Luc TREFF Atchik Laurent SERAFINI Velous International Marcia COZZI RIBEIRO MM&MAIS Olivier JOANNÈS RH Partners Philippe MAURIAC PHM Serviços Com. Internacional René VERGNE Richard BARBEYRON Portance Internacional Robert KLEIN Voltalia Sergio Gomes MALTA Sinergia Thierry BOTTO CB Richard Ellis Thierry LANGE Lanpar Repres. e Participações
CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO MG CONSELHEIROS INSTITUCIONAIS V&M DO BRASIL Alexandre Valadares MELLO SNEF Pierre Pascal DUSSAUD
CONSELHEIROS ELEITOS Conselho Administrativo Ana Carolina GARCIA Rolim Godoy Viotti e Leite Campos Advogados Daniel Diniz MANUCCI Manucci Advogados Felipe Alves PACHECO Pacheco Chenut Oliveira Santiago Sociedade Advogados Joël Georges PLAISANCE CMI Ronaldo Noronha BEHRENS Portugal Murad Almeida Behrens e Advogados
CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO PR CONSELHEIROS INSTITUCIONAIS Renault do Brasil Alain TISSIER
Da esq. p/ dir.: o Cônsul da França, Damien Loras; a diretora executiva da CCFB, Sueli Lartigue; a consulesa da França, Alexandra Loras; e o presidente da CCFB, Louis Bazire
Thiago Albuquerque
Da esq. p/ dir.: Dayana Belmont, da Aliança Francesa; Patricia Darros, da CCFB-PR; e Amandine Molin, da Pena Brasil
Confraternização anual Para encerrar bem o ano de 2012, as regionais da CCFB promoveram seu tradicional jantar de confraternização. Em São Paulo, o evento foi realizado no restaurante Leopolldo, no dia 4 de dezembro, reunindo 335 pessoas. Louis Bazire, presidente da CCFB, em discurso, saudou os associados e relembrou as conquistas do ano. “Realizamos 116 eventos, captamos 102 novos associados, enquanto três tornaram-se institucionais. Além disso, mais de 20 toneladas de materiais foram transportados pelo serviço de correio, recebemos 511 solicitações de empresas pelo serviço comercial. O serviço de recrutamento e seleção, por sua vez, permitiu a contratação de cerca de 90 profissionais”, ressaltou. O evento contou com a presença de Guilherme Mattar, secretário de Relações Internacionais da prefeitura de São Paulo, representando o então prefeito Gilberto Kassab, e Damien Loras, Cônsul da França em São Paulo, que aproveitou a ocasião para mostrar os avanços que ainda podem ser obtidos entre a França e o Brasil nos campos econômico e cultural. No Paraná, o jantar aconteceu no dia 17 de dezembro, com a participação dos associados, membros da comunidade franco-brasileira e parceiros, contabilizando a presença de mais de 70 pessoas no Bistrôt do David. Joaquim Ferraz Martins Filho, presidente da CCFB-PR, agradeceu a participação de todos e falou sobre as perspectivas para 2013.
Galette des Rois Para comemorar o dia de Reis e o início dos eventos 2013, a CCFB-SP e a CCFB-RJ realizaram, em janeiro, a tradicional Galette des Rois. Com a presença de 60 pessoas em São Paulo e 90 no Rio, o evento foi marcado pela alegria e pela descontração, sendo a primeira oportunidade do ano para os associados se encontrarem. Curiosidade: A Galette des Rois é uma torta de massa folhada recheada com creme de amêndoas (frangipane). É servida para comemorar o dia de L’Epiphanie, que celebra a visita dos Reis Magos ao menino Jesus, na França. Dentro da galette se coloca uma fève (antigamente uma fava, hoje substituída por um pequeno objeto de metal ou porcelana). Quem a encontrar em seu pedaço de torta será eleito rei ou rainha da noite. O escolhido, por sua vez, deve colocar a coroa dourada e escolher seu rei ou sua rainha dentre os participantes da festa.
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Da esq. p/ dir.: Ronan Kerrest, diretor da CCFBPR; Christian Dejour, diretor da Aliança Francesa de Curitiba; Adrien Günes, Consulting CEO; Claydson de Oliveira, diretor da Fnac Curitiba
fotolia
Espaço de discussões Missão ambiental Formada por representantes de empresas francesas (PMEs, microempresas e grandes empresas), centros de pesquisas, universidades, institutos de treinamento e autoridades locais e públicas, a missão liderada pela ÉA Éco-Entreprises – associação de entidades privadas e públicas que trabalha com questões ambientais e desenvolvimento sustentável – chegou ao Brasil em abril, para realizar um roteiro que inclui, entre as diversas cidades brasileiras, a capital de Minas Gerais, Belo Horizonte. Com o objetivo de reforçar as relações entre o estado e a França, a missão participou, no dia 11, de um evento no Centro Internacional de Negócios (CIN), promovido pela Fiemg e a Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Sectes) por intermédio do Polo de Excelência em Inovação Ambiental. O polo também organizou, no dia 12, uma série de visitas técnicas a empresas e instituições locais, além de ao Instituto Inhotim. A finalidade dos encontros foi apresentar a ÉA Éco-Enterprise e divulgar as oportunidades de negócios para instituições e empresários mineiros, ampliando as parcerias já existentes e possibilitando a geração de novas alianças entre empresas francesas e mineiras na área de inovação ambiental.
A CCFB-PR ampliou em 2013 a esfera das Reuniões de Conselho, abrindo a discussão para eventos, demandas e projetos. A reunião foi aberta também para empresas, jornalistas e autoridades convidadas que tenham interesse em conhecer melhor o trabalho da regional e discutir objetivos comuns. Estiveram presentes nos primeiros encontros: Andrea Sorgenfrei, gerente do núcleo Estilo de Vida e Projetos da Gazeta do Povo; Regina Facco, cerimonial e relações internacionais do Governo do Estado do Paraná; Claret Rezende, jornalista do veículo Diplomacia & Turismo; e Claydson de Oliveira, diretor da Fnac Curitiba.
Mercado promissor Há fortes indícios de que o Brasil será a potência emergente do futuro, entre as nações que compõem o grupo do BRIC. Um fato evidenciado com a exploração do pré-sal e a realização da Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas de 2016, que contribuem com a promoção do país no exterior. Ciente dessa realidade, o mercado de luxo passou a observar melhor o Brasil, avaliando suas oportunidades. Essas e outras questões foram abordadas por Claudio Diniz, autor do livro O Mercado do luxo no Brasil: tendências e oportunidades e idealizador da Maison du Luxe no Brasil, nos eventos promovidos pela CCFB-SP (15 de janeiro) e CCFB-RJ (23 de janeiro). Nas palestras, o especialista destacou o promissor mercado do luxo no país, as perspectivas de crescimento e as oportunidades do segmento para os interessados em investir nessa área.
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Claudio Diniz, em palestra na CCFB-RJ
Desenvolvimento econômico Thierry de Montbrial em sua palestra sobre as potências do século 21.
A CCFB-SP realizou, em janeiro, no hotel Renaissance, um almoço convival com a presença de Thierry Montbrial,
Instituto Francês de Relações Internacionais. O evento contou com a presença de Louis Bazire, presidente da CCFB, e de mais de 70 empresários CEO do
franceses e brasileiros e teve como objetivo debater os desafios
busca pelo desenvolvimento econômico.
da zona do euro e dos países emergentes na
François Dossa, presidente da CCFB-RJ; Raí de Oliveira, vencedor do Prêmio Personalidade 2012; e sua filha Noah
Prêmio Personalidade A CCFB concedeu em novembro, no Palácio da Cidade, o prêmio Personalidade França-Brasil 2012 ao presidente da Fundação Gol de Letra e campeão mundial em 1994 com a Seleção Brasileira, o ex-jogador de futebol Raí de Oliveira. Ao lado dos irmãos, da mãe de 91 anos, e da filha mais nova, Noah, Raí relembrou os anos em que viveu em Paris – onde jogou no time do Paris Saint-Germain – e destacou a importância da França em sua vida. Também foi prestigiar o amigo o novo diretor técnico do Vasco, Ricardo Gomes. Foi ele, então zagueiro do PSG, quem deu as boas-vindas a Raí quando este se transferiu do São Paulo para o futebol francês, em 1993. Raí recebeu o prêmio das mãos do presidente da CCFB-RJ e novo presidente da Nissan no Brasil, François Dossa. Presente na ocasião o novo Embaixador da França no Brasil, Bruno Delaye, discursou em francês e, dizendo-se torcedor do PSG, agradeceu a Raí pelas alegrias que deu como craque do time. Os chefs Roland Villard e Guilherme Motta brindaram os convidados com um menu que combinou o melhor dos dois países: beuf bourgignon e macarrons e vatapá e cocada baiana. A CCFB agradeceu a todos os presentes que prestigiaram o evento, e em especial aos patrocinadores: Aliança Renault Nissan, Safran, GDF Suez, CGG Veritas, Gouvêa Vieira Advogados, Michael Page e Dannemann Siemsen Bigler & Ipanema Moreira, e os apoiadores: Agência Cheeeeese!, Sofitel, Chandon e Chez Bombom.
Da esq. p/ dir.: Benoit d’Iribane, presidente da Saint-Gobain; Louis Bazire, presidente da CCFB; Gleisi Hoffmann, ministra-chefe da Casa Civil; e Octavio de Barros, do Comitê de Economia da CCFB-SP
Investimentos em infraestrutura “Estreitar as relações com o setor privado é fundamental para o desenvolvimento do Brasil”, afirmou Gleisi Hoffmann, ministra-chefe da Casa Civil, durante o almoço realizado pelo Comitê de Economia da CCFB-SP. Os principais temas debatidos pela ministra foram: os investimentos em infraestrutura, as concessões dos aeroportos e a ampliação do acesso ao BNDES. Gleisi atendeu ao convite do comitê, coordenado pelo economista Octavio de Barros, para falar aos associados sobre a possibilidade de atrair novos investimentos. “Queremos ouvir e trocar sugestões com os empresários. Nosso desafio é errar menos e avançar mais nos próximos anos”, afirmou. Outro ponto de destaque da apresentação foi a necessidade de manter a competitividade dos portos. Gleisi ressaltou que o governo não vai recuar para aprovar no Congresso a Medida Provisória 595, a MP dos Portos. “Nossa expectativa é que a medida seja aprovada”, finalizou. Segundo Louis Bazire, presidente da CCFB, ao final do evento, os empresários demonstraram satisfação com a disposição do governo em debater questões relevantes para o país. “A presença da ministra foi muito importante para colocar em pauta as ações governamentais para superar os entraves em um dos setores mais importantes da economia”, concluiu.
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Interesse crescente
Novos associados Jurídicos
O Serviço Comercial da CCFB-SP registrou o aumento do interesse das empresas francesas pelo Brasil. De acordo com a pesquisa, em 2012, a entidade recebeu 665 solicitações de informações sobre o mercado nacional, um crescimento de 22% em comparação ao mesmo período em 2011. “As relações comerciais entre os dois países estão aquecidas”, afirma Sueli Lartigue, diretora da CCFB-SP. “As pequenas e médias empresas também estão identificando boas oportunidades de desenvolvimento no Brasil”, sinaliza. O mapeamento dos setores produtivos que mais atraíram os franceses no ano passado mostra o segmento de serviços no topo da lista com 29% do interesse. Na sequência aparece o setor industrial com 14%. Empatados com 8% estão os setores de saúde e de TI, e com 7% as áreas de aeronáutica e de agroalimentos.
CCFB-SP Attraction Voyages (Turismo) – attraction-voyages.com Be-Linked Brasil (Consultoria) – be-linked.net Brazil Stock Images (Marketing/Comunicação) – jlbulcao.com Briganti Sociedade De Advogados (Jurídico) – briganti.com.br Buffet Paladar e Arte (Alimentação) – paladarearte.com.br Bureau Brasil Travel & Business (Turismo) – bureaubrasiltb.com.br Diagma (Consultoria) – diagma.com / Dieta Dukan (Saúde) – dietadukan.com.br Danone Waters Brazil (Bebidas) – bonafont.com.br Eacea Richel (Alimentos) – richel.fr / Eco-Olhar (Terceiro Setor) – ecoolhar.com Galeazzo Design (Arquitetura) – fabiogaleazzo.com.br IFESP (Educação) ifesp.com.br / Jones Day (Jurídico) – jonesday.com; L.M. Farma (Saúde) – lmfarma.com.br Machado Associados (Jurídico) – machadoassociados.com.br Maison du Luxe (Educação) – maisonduluxeeventos.com Mon Absolu (Atacado/Varejista) – monabsolu.com.br Novatrade (Trading) – novatradebrasil.com.br Oliveira Campos (Consultoria) – occonsult.com.br Olivier Bourse Sommelier (Educação) – olivierbourse.com Pluricom (Marketing/Comunicação) – pluricom.com.br SAAA (Eletroeletrônico) – saaa.fr / Santa Fé Trading (Trading) – sfe.com.br Sogedev (Consultoria) – sogedev.com Unither do Brasil (Farmacêutica) – unither-pharma.com Vivace Soluções (Marketing/Comunicação) – vivacesolucoes.com.br
Luiz Barreto, diretor Nacional do Sebrae
CCFB-MG Empresa Nacional de Tecnologia e Qualidade (Produção de Peças) enteq.com.br Gustavo Tepedino Advogados (Jurídico) – tepedino.adv.br knust cultural management (Educação) – knustcultural.com.br m2s business (Marketing/Comunicação) – m2sbusiness.com.br made 4u (Marketing/Comunicação) – made4u.com.br Manucci advogados (Jurídico) – manucciadv.com.br
Físicos CCFB-SP Emmanuelle Delaval Goethals; Jean Baptiste Goethals; Laurent de Bray; Marcia Grande; Mário José Montini; Nathalie Munck; Phillipe Jean Marie Ormancey; Sylvie G. Bellini Trinchi CCFB-RJ Carlos Eduardo Cavalcante Ramos; Catarina Garcia; Eric Halimi; Fernanda Chauviere do Carmo; Luc Burton; Renato Marques da Rocha; Thaddée de Sulocki CCFB-MG Gilda Gama; Luzia Maurin
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Thelma Vidales
CCFB-RJ CLM Coaching Leads to Mastering (Recursos Humanos) FH Cunha Sociedade de Advogados (Jurídico) – fhcunha.com Gustavo Tepedino Advogados (Jurídico) – tepedino.adv.br Léjà Sarl (Turismo) – passeioemparis.com.br Nadia de Araujo Advogados (Jurídico) – nadiadearaujo.com Onlive Eventos Corp. (Marketing/Comunicação) – onlive-eventos.com.br RV Comunicação (Marketing/Comunicação) – rvcomunicacao.com.br Tavares Propriedade Intelectual (Jurídico) – tavaresoffice.com.br WSS Contabilidade (Financeiro) – wsscontabilidade.com.br
Panorama internacional
A CCFB-RJ promoveu, em dezembro, um almoço com Luiz Barretto, diretorpresidente do Sebrae Nacional, sobre o tema O Sebrae e a internacionalização das pequenas e médias empresas. Na ocasião, Barretto demonstrou o atual panorama das PMEs no Brasil, além de destacar o cenário macroeconômico nacional e mundial e as oportunidades empreendedoras. Falou também da atuação do órgão e da crescente procura de empresas estrangeiras de médio e pequeno porte e de outros profissionais no Brasil, reiterando a importância da CCFB nesse processo e o interesse do Sebrae em ser parceiro da instituição. O debate contou com abertura de Eugênio Gouvêa, presidente da Firjan, que ressaltou a satisfação em promover o evento, seguido por Sérgio Malta, coordenador da Comissão de PME da CCFB-RJ, que deu início ao assunto da palestra, citando a visão otimista e proativa do governo francês em relação às PMEs francesas e a recente presença da presidente Dilma Rousseff na capital francesa para um debate entre empresários e políticos sobre o cenário econômico mundial e interesse em parcerias com a França.
Forged Shaft / Imp. Forged Shaft / Imp.
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Agriculture Agriculture Machinery / / Machinery Exp. Exp.
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• •Logistics LogisticsIntegrator Integrator
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Agente AgentededeCargas CargasInternacionais Internacionaisdesde desde1983 1983 Agente AgenteIATA, IATA,FIATA, FIATA,NVOCC NVOCC
Integrador IntegradorLogístico Logístico
Consultoria Consultoria Aduaneira Aduaneira
Serviços Serviçosregulares regularesdedeConsolidação Consolidaçãopor porvia viaaérea aéreae emarítima marítima
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Documentação Documentaçãodedeexportação exportação
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Seguro SegurodedeTransporte Transporte
Armazenagem Armazenageme etransporte transporterodoviário rodoviário
Presença PresençaGlobal Globalem emmais maisdede7575países paísese eem em2020importantes importantes Centros CentrosdedeNegócios NegóciosnonoBrasil Brasil
• •Fumigation Fumigation Fumigação Fumigação
Serviço ServiçoRodoviário RodoviárioFTL FTLe eConsolidado, Consolidado,semanal, semanal,entre entreBrasil, Brasil, Argentina, Argentina,Chile, Chile,Uruguai Uruguaie eParaguai Paraguai
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Joinville Joinville/ SC / SC
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sustentabilidade
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O tom para os
negócios
Diante de um novo cenário socioeconômico, o Brasil lança novos desafios relacionados à preservação ambiental e ao desenvolvimento sustentável. Atenta a essa tendência, empresas francesas reforçam sua expertise com a criação de ações específicas, revelando que a sustentabilidade hoje tem um papel estratégico na geração de novos investimentos Ligia Molina
34 FRANÇA BRASIL | MARÇO / abril 2013
I
ndependentemente do cenário de crise econômica mundial e de seus impactos no crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2012, é impossível negar que o Brasil hoje passa por um período de expansão de mercado. O desenvolvimento de diversos setores, a exemplo da infraestrutura que recebe incentivos públicos e privados – provocados, principalmente, pela realização da Copa do Mundo de 2014 e dos Jogos Olímpicos de 2016 – não tem apenas evidenciado a importância dos investimentos de empresas nacionais e estrangeiras no país, mas também o papel estratégico da sustentabilidade na implantação de cada ação. “Na primeira década do século 21, o crescimento econômico acelerado e a atração de capital tornaram o Brasil alvo de uma ansiedade de crescimento nunca vista. Se por um lado há um aumento animador das taxas de emprego, do crescimento de renda, do poder de compra da população mais pobre e dos índices de educação, por outro vemos a grande deterioração de áreas dos biomas, como a Amazônia e o cerrado, a contaminação do ar e de recursos hídricos, a degradação dos solos e a extinção de espécies”, avalia Marina Grossi, presidente executiva do Conselho Empresarial Brasileiro de Desenvolvimento Sustentável (CEBDS). A entidade é responsável pela divulgação do estudo Visão Brasil 2050 – a nova agenda para as empresas, inspirado pelo projeto Vision 2050 – the new agenda for business, do World Business Council for Sustainable Development (WBCSD). “As duas análises têm o propósito de apresentar a visão de um futuro sustentável e como é possível alcançá-lo a partir de nove temas básicos: Valores e Comportamento; Desenvolvimento Humano; Economia; Biodiversidade
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sustentabilidade
e Florestas; Agricultura e Pecuária; Energia e Eletricidade; Edificações e Ambiente Construído; Mobilidade; e Materiais e Resíduos. O Vision 2050 passou por uma “tropicalização”, que aponta os desafios do Brasil em cada assunto”, explica Marina. Segundo ela, para apresentar uma visão desejada de 2050, o estudo também precisou definir uma direção para que governo, empresas e sociedade atinjam essa meta. “Trata-se de estabelecer o almejado para direcionar as ações que conduzirão a um futuro possível”, acrescenta. Alinhadas a esse contexto, as empresas passam a atuar de forma ainda mais estratégica. Implementar padrões elevados de governança corporativa, construir um novo modelo de valor de negócios e criar novos produtos e serviços apoiados em princípios de sustentabilidade são alguns dos pontos que precisam ser trabalhados. “É importante ressaltar que essa é somente uma das responsabilidades que uma companhia deve assumir a partir de agora para atingi-la em longo prazo”, ressalta a executiva, ao mencionar que até lá as empresas também serão responsáveis pela gestão sustentável em toda cadeia produtiva – desde a extração da matéria-prima até o processamento e a destinação adequada dos resíduos. Referência na criação e implantação de medidas sustentáveis, a França atualmente conquista posição de destaque na troca de experiências relacionadas ao tema com o
Lozano, da Danone: “Troca do material das embalagens foi uma das iniciativas da empresa”
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]
Brasil. Representada por suas filiais, empresas francesas presentes no país revelam sua expertise com a obtenção de resultados satisfatórios em cada iniciativa adotada. Alinhadas às oportunidades, companhias de energia como a Tractebel hoje investem no potencial da energia eólica. Dados do Balanço Energético Nacional de 2011, promovido pelo Ministério de Minas e Energia, mostram que 45% da matriz energética do país são compostas por fontes renováveis de energia, em comparação a apenas 13% da mundial. Em relação à energia elétrica, a geração por
fontes renováveis corresponde a cerca de 80% de toda matriz de eletricidade, com destaque para a fonte hidroelétrica. Ciente do potencial do setor energético, a francesa, pertencente ao grupo GDF Suez, pretende ampliar seu portfólio de 6,9 mil megawatts (MW), de potência instalada e em operação, com a inclusão de geradores eólicos e termelétricas a biomassa em sua lista de licitações. “Estamos também avaliando a possibilidade de investir em térmicas a carvão e gás natural, alinhados aos planos do governo de aumentar a participação de termelétricas
proposta ambiental Dados do estudo Visão 2050, do Conselho Empresarial Brasileiro de Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), revelam quais serão as novas oportunidades de atuação no Brasil em 2050: Educação • Transversalização da educação ambiental; • Capacitação e criação de empregos verdes; • Valorização de recursos naturais e serviços ecossistêmicos; • Capacitação de pessoal em nível superior; • Valorização da diversidade cultural e da biodiversidade brasileira; • Consumo sustentável.
no parque gerador brasileiro”, adianta Manoel Zaroni, diretor-presidente da Tractebel Brasil. Registrando, em 2012, um crescimento de 13,5% em seu faturamento – correspondente a R$ 4,9 bilhões – e investimentos de R$ 535,6 milhões, a empresa planeja esse ano destinar R$ 1,2 bilhão para a conclusão de obras já iniciadas e aquisições, como as sete sociedades anunciadas em janeiro, responsáveis pelo desenvolvimento de um projeto de geração eólica com potência instalada total de 206 MW, no interior da Bahia, por R$ 22,6 milhões. “Essa é uma das operações que está em consonância com a estratégia da Tractebel Energia e da GDF Suez de expandir seu parque gerador por meio de fontes complementares, alavancando o crescimento sustentável no Brasil por meio de projetos de energia renovável”, destaca Zaroni, ao citar que de acordo com o Plano Decenal de Expansão Energética, do Ministério de Minas e Energia, a demanda brasileira por energia nos próximos 10 anos aumentará cerca de 5%/ano. “O estudo mostra que a região brasileira com a maior variação positiva na demanda por energia será a Norte, cuja economia e população demonstram crescimento acentuado nos últimos anos. O Sudeste deve manter sua alta demanda energética, sendo também
Serviços ecossistêmicos e biodiversidade • Pagamentos por serviços ambientais; • Geração de renda por meio da valoração de recursos naturais; • Desenvolvimento de ferramentas para valoração de serviços ecossistêmicos e biodiversidade; • Pesquisa e desenvolvimento; • Mercado de carbono para REDD+; • Fortalecimento de cooperativas; • Valoração da floresta em pé.
Cidades sustentáveis
Agroindústria
• Planejamento estratégico; • Investimento em qualidade de vida; • Infraestrutura e saneamento; • Energia renovável; • Infraestrutura para meios de transporte sustentáveis e coletivos; • Biocombustíveis
• Produtos orgânicos; • ACV; • Fortalecimento do pequeno agricultor; • Inovação tecnologia; • Biocombustíveis e bioenergia.
Nova economia
• Certificações de sustentabilidade; • Criação de novos produtos; • Avaliação de Ciclo de Vida dos Produtos; • Inovação tecnológica; • Eficiência energética; • Ecoeficiência; • Empregos verdes; • Projetos de redução e compensação de emissões de GEE; • Inclusão social e geração de renda.
• Uso de novos indicadores de desenvolvimento; • Criação de ambientes para implementação de projetos e negociação de créditos de carbono; • Microcrédito para fomento de negócios inclusivos; • Valoração de serviços ecossistêmicos e biodiversidade; • Promoção de negócios sociais inclusivos; • Critérios para financiamentos; • Fundos para projetos socioambientais.
responsável por grande parte do consumo da oferta interna de energia”, conta o executivo. “A transição para uma nova economia, a economia verde, já começou. Ela será pautada em um modelo de produção e de crescimento responsável, justo, eficiente e inclusivo. O Brasil tem potencial para liderar o processo por conta de seu grande capital natural, sua população heterogênea, sua economia dinâmica com uma matriz energética predominantemente limpa e do processo atual de redução das disparidades sociais. As oportunidades estão
presentes nos diversos setores da economia brasileira”, considera Marina, do CEBDS. Outro ponto importante, abordado na pesquisa Visão 2050, é a mobilidade. Hoje, o principal emissor de gases de efeito estufa (GEE), em função do número da frota, é o veículo automotivo de uso individual. “Os carros emitem dióxido de carbono (CO2), potente gás de efeito estufa, dióxido sulfúrico, óxido nitroso e materiais particulados no ar, contribuindo para vários problemas ambientais e de saúde pública, além das mudanças climáticas”,
Indústrias
MARÇO / abril 2013 | FRANÇA BRASIL 37
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sustentabilidade
diz a representante do CEBDS, sem deixar de mencionar que o modelo rodoviário de escoamento de produção e transporte de carga e passageiros também é responsável por esse resultado. “Inspirado no sistema norteamericano, esse sistema produzido no Brasil, como legado do ex-presidente Washington Luiz, induziu o uso do automóvel e o acesso a ele. O eixo principal de desenvolvimento do país se deu a partir da construção de rodovias, o que estimulou o crescimento da indústria automobilística, moldou cidades, gerou metrópoles e rasgou estradas por todo o Brasil. As emissões de GEE por veículos automotores são ainda mais agravadas e intensificadas pelo aumento do trânsito urbano”, descreve. Nesse caso, a oferta de transporte público de qualidade é considerada por urbanistas
]
e cientistas ambientais como a principal solução para os congestionamentos. Porém, enquanto os investimentos nessa área não estão efetivamente fora do papel, empresas automotivas trabalham no desenvolvimento de processos e iniciativas pioneiras com a finalidade de transformar a imagem do carro de vilão em mocinho. Nos últimos anos, as montadoras francesas têm dedicado a maior parte de seu tempo na criação e implantação de carros verdes. Os salões do automóvel espalhados pelo mundo não deixam mentir. A produção de um compacto elétrico é uma das façanhas do grupo Renault. Conhecido como Zoe, o carro foi lançado em março na França, ao custo de 17.800 de euros, sendo 51% subsidiado pelo governo francês para equiparar o seu preço
representada por suas empresas, a França hoje transmite sua expetise em sustentabilidade ao brasil 38 FRANÇA BRASIL | MARÇO / abril 2013
aos veículos movidos a gasolina. Enquanto a inovação não desembarca no Brasil, a empresa empenha-se em adotar soluções sustentáveis em cada processo. Recentemente, a ampliação do Complexo Ayrton Senna, em São José dos Pinhais (PR), foi finalizada, ampliando ainda mais a presença da montadora no país. Com recurso de R$ 500 milhões – parte de um plano total de R$ 1,5 bilhão para o período 2010-2015 – a iniciativa faz parte do Programa Paraná Competitivo, promovida pelo governo do estado para incentivar os investimentos no setor produtivo da região. “A finalização da obra eleva a capacidade produtiva da Renault – do qual fazem parte as fábricas de automóveis, comerciais leves e motores – de 280 mil para 380 mil veículos/ano. A fábrica de automóveis, responsável pela produção dos modelos Duster, Sandero e Logan, aumenta a capacidade de produção de 220 mil para 320 mil unidades/ ano. A de comerciais leves mantém sua capacidade em 60 mil veículos/ano”, explica Olivier Murguet, presidente da Renault do Brasil.
A sustentabilidade é reforçada na utilização de materiais cada vez mais leves na produção dos carros. “Também recebemos a homologação do Laboratório de Emissões Veiculares da Renault pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro). Por meio dele, fica atestada a competência técnica do laboratório tanto do ponto de vista dos recursos humanos como de equipamentos. Este fato proporciona mais autonomia à Renault na realização de seus ensaios e testes com motores”, diz o executivo. Isso sem contar a atuação bem-sucedida do Instituto Renault ao longo dos anos. Entre as ações mais recentes, destaca-se a doação de um prédio e de um terreno para a Associação Borda Viva – entidade sem fins lucrativos que atende crianças, jovens e mulheres da região, caracterizando-se como um núcleo de desenvolvimento social da
Comunidade Borda do Campo – que abrigará um Centro Municipal de Educação Infantil (Cmei). Com capacidade para atender a aproximadamente 120 crianças, o centro será instalado e administrado pela Prefeitura Municipal de São José dos Pinhais. As instalações têm 416 m² de área construída, em um terreno de 1.390 m². “Esse é mais um marco da parceria da Renault com a entidade, mantida desde 2010”, completa o executivo. Na área ambiental, a Renault conta ainda com uma das maiores reservas do Brasil entre as empresas do setor: 60% de seus 2,5 milhões de m² são formados por mata nativa preservada, com presença de mais de 140 espécies de mamíferos, aves, peixes, anfíbios e répteis. “No Complexo Ayrton Senna, 100% dos resíduos são gerenciados: 95% são enviados para reciclagem e 5% são reprocessados. Em 2012, 64 mil toneladas
de materiais como isopor, borra de óleo, papel branco, madeira, papelão, plástico e lodo da pintura foram reciclados. Todas as fábricas da Renault são certificadas com a ISO 14.001 desde 2003”, ressalta Murguet. Em busca da produção de tecnologias mais limpas, a PSA Peugeot Citroën conta em seu histórico com o Projeto Biodiesel Brasil, realizado em parceria com o Laboratório de Desenvolvimento de Tecnologias Limpas (Ladetel), da Universidade de São Paulo (USP), desde 2003. O objetivo é estudar um biodiesel 100% brasileiro, 100%
Gomes, da PSA: “Testar a eficácia de combustíveis 100% limpos e desenvolver parcerias sustentáveis são prioridades”
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sustentabilidade
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biodegradável e 100% renovável, por meio de testes dinâmicos. “Em uma das fases do processo, por exemplo, foi usado um combustível 100% obtido da cana-de-açúcar, sem usar uma planta oleaginosa como referência”, explica Carlos Gomes, presidente Brasil e América Latina da PSA Peugeot Citroën, ao citar que esses testes foram realizados em carros de passeio Peugeot 408 e Citroën C4 Pallas, além de um comercial leve Peugeot Boxer. Parte do plano de investimentos de R$ 3,7 bilhões no Brasil até 2015, o motor EC5 – produzido na fábrica de Motores do Centro de Produção de Porto Real – também se destaca entre as tecnologias sustentáveis presentes no portfólio da empresa. “Esse motor é um exemplo dos produtos que desenvolvemos especificamente para atender às características do mercado brasileiro, com recursos avançados e voltados à sustentabilidade”, afirma o executivo. Para obter esse resultado, a montadora contou com a expertise da Bosch, responsável pelo desenvolvimento do sistema Flex Start. “A tecnologia, associada ao trabalho conjunto das engenharias PSA e Bosch, oferece Zaroni, da Tractebel: empresa busca novas melhor resposta do motor à aceleração, oportunidades de investimentos no país
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além de reduzir as emissões de poluentes”, acrescenta Gomes, ao explicar que a união de valores, por meio de alianças entre empresas com experiências diferenciadas, é uma boa estratégia para a criação de medidas sustentáveis inovadoras. Comprovando essa constatação, em 2012, a PSA, em parceria com a Rhodia (empresa do grupo Solvay) e a Valeo, confirmou os benefícios ambientais obtidos com o uso de poliamida reciclada em aplicações automotivas. O estudo Análise do Ciclo de Vida (ACV), realizado em conjunto pelas três companhias, avaliou todo o ciclo de vida do conjunto de hélice e defletor do radiador, componente importante da refrigeração do motor do Peugeot 208. A Valeo fabrica essa autopeça a partir da poliamida Technyl, reciclada da Rhodia Plásticos de Engenharia. “A pesquisa provou que, ao usar a poliamida Technyl reciclada, o impacto ambiental do componente é significativamente reduzido ao longo de seu ciclo de vida. No geral, para os sete critérios utilizados, o benefício varia de -9% para -28%”, comenta o executivo, ao destacar que a colaboração de parceiros como a Rhodia e a Valeo representa uma vantagem real no cumprimento dos limites legais de emissões de gases poluentes e na redução ainda maior do impacto ambiental dos automóveis. “Esses resultados confirmam a importância de escolher bem os materiais reciclados de alto desempenho técnico para um carro de melhor concepção ecológica”, justifica. A formação de parcerias para o desenvolvimento de soluções sustentáveis, aliás, já faz parte da rotina da Rhodia, que recentemente formou uma aliança com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), com o objetivo de desenvolver pesquisas em conjunto. “A assinatura desse acordo com a Rhodia representa a possibilidade de ambas as empresas investirem seus esforços em química verde que, com certeza, impulsionará mais rapidamente o Brasil no caminho da sustentabilidade”, disse Maurício Lopes, presidente da Embrapa, durante o encontro para assinatura do acordo de cooperação. Thomas Canova, diretor de Pesquisa e Desenvolvimento da Rhodia para a América
Reconhecimento sustentável
Latina, considera a iniciativa relevante, pois reforça o histórico de inovação da empresa no segmento de química sustentável. É interessante sinalizar que desde o início de suas operações no Brasil, em 1919, a Rhodia investe na área de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D). Hoje, a companhia segue diretrizes mundiais, intituladas de Rhodia Way. “Trabalhar em conjunto com nossos parceiros e clientes para desenvolver produtos e soluções com redução do impacto na saúde e no meio ambiente já é uma prática comum. Buscamos sempre utilizar procedimentos que monitoram nossos produtos em todo seu ciclo de vida”, explica o executivo. “A combinação de políticas sociais inovadoras de distribuição de renda, estabilidade financeira e política, crescimento sustentável e responsabilidade fiscal conduziu o Brasil a se firmar entre as maiores economias do planeta do século 21”. A frase citada no estudo Visão 2050 destaca a importância de outro setor dentro do
ciclo sustentável – o de alimentos. Com o aumento do consumo nos últimos anos, a necessidade de criar produtos e serviços que contribuam para a preservação ambiental tem sido o compromisso de várias companhias francesas. A Danone, por exemplo, estabeleceu mundialmente uma meta rigorosa de redução de emissão de carbono, correspondente a 30% de 2007 a 2012. Seguindo esse compromisso à risca, a fábrica da empresas em Poços de Caldas (MG) iniciou, em 2010, um verdadeiro movimento verde, ao investigar quais eram os pontos que precisavam ser corrigidos. Com isso, vieram as mudanças: a aquisição de energia apenas de pequenas centrais hidrelétricas (PCHs), os investimentos em uma caldeira movida à biomassa e o uso do PET nas garrafas de iogurte com mais de 900 miligramas. “Por meio das duas primeiras iniciativas, aproximadamente 97% da energia
O ano de 2013 foi decretado pela ONU como o Ano Internacional da Cooperação pela Água, reforçando a importância da sustentabilidade para o futuro do planeta. Alinhada à relevância desse tema, a Câmara de Comércio França-Brasil (CCFB) lançou a campanha do XII Prêmio LIF sob o título Água viva – Gotas de um novo mundo. A premiação, que acontece no dia 17 de maio, em São Paulo, destacará as iniciativas implantadas por empresas em três categorias: Apoio às comunidades locais, Preservação e proteção dos recursos naturais e Público interno.
utilizada na fábrica é limpa. A troca do HVPE pelo PET, por sua vez, reduziu o peso das garrafas e a possibilidade de que sejam descartadas nos lixões”, diz Mariano Lozano, presidente da Danone no Brasil. A preocupação ambiental está presente em várias etapas do processo, incluindo a logística. Recentemente, a Danone, em parceria com a empresa Coopercarga, adotou o uso de um novo meio de transporte: o double deck com sistema maxiloader. O nome pode parecer estranho, mas na realidade o sistema se resume a dois semirreboques
Murguet, da Renault (acima): “Sustentabilidade é reforçaca com o uso de materiais leves no carros” MARÇO / abril 2013 | FRANÇA BRASIL 41
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sustentabilidade
] Entre várias iniciativas, Accor promove conscientização de seus funcionários e hóspedes
acoplados, capazes de carregar uma quantidade de produtos antes transportada por três carretas convencionais, colaborando para a redução dos custos operacionais e para a redução de emissão de carbono. “Conseguimos, por meio desse sistema, reduzir em 31% as emissões por quilograma de produto transportado. Um número que contribui para uma visão mais sustentável da operação logística”, diz Lozano. Uma iniciativa mundial que também merece destaque é a Down to Earth.
Bonadona, da Accor: “Ações sustentáveis ampliam a força de uma marca no mercado”
Utilizando a internet como aliada, a Danone hoje dissemina a importância da sustentabilidade social de forma abrangente. Enquanto esse espaço – uma mistura de blog e site – é aberto para a discussão de desafios no mundo, o Communities é um site que reúne dados sobre empreendorismo social, financiamento e desenvolvimento de empresas locais em prol de um modelo econômico sustentável. No Brasil, a empresa conta com a força da marca Danoninho para estimular a consciência ambiental das crianças na rede, com a manutenção do site Danoninho para plantar. Há mais de 10 anos, o Pão de Açúcar investe em projetos de reciclagem, sendo hoje uma das principais referências em sustentabilidade no Brasil. Desde então, o tema faz parte de praticamente todas as estratégias do grupo, conquistando reconhecimento. Recentemente, a empresa foi destaque no ranking The Global 100, da publicação Corporate Knights – que divulga o nome das companhias mais sustentáveis do mundo – com a obtenção da
74ª posição. “Desde que foram instaladas, em 2001, as Estações de Reciclagem Pão de Açúcar Unilever, nosso carro-chefe em sustentabilidade, apresentam, a cada ano, um aumento significativo nos números de materiais recicláveis arrecadados. Prova de que a população está mais preocupada com o meio ambiente e engajada em ações para sua preservação”, diz Vitor Fagá, diretor executivo de Relações Corporativas do grupo Pão de Açúcar, citando que a sustentabilidade faz parte do jeito de fazer negócios da companhia. Em números, o balanço de 2012 apresentou mais de 12,5 toneladas de recicláveis arrecadados. O material mais coletado foi o papel, registrando mais de cinco toneladas. “Presente em 124 lojas, o programa promove não somente benefícios ambientais, mas também sociais, pois tudo o que é arrecado é doado para 33 cooperativas parceiras. As estações também contribuem para a inclusão social e a geração de renda, ao auxiliar mais de 6.900 famílias ao longo de 2012”, diz o executivo. No início de 2013, a boa
Criar produtos e serviços Apoiados em políticas sustentáveis são uma das principais tendências do mercado atual
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sustentabilidade
notícia foi para os ciclistas. A empresa ampliou a instalação de bicicletários, abrangendo 100% das unidades que contam com estrutura para abrigar o veículo, o correspondente a 119 lojas. Segundo dados do Ciclocidade – Associação dos Ciclistas Urbanos de São Paulo, somente em São Paulo cerca de 500 mil pessoas usam a bicicleta para deslocamento pelo menos uma vez por semana. Na indústria, empresas francesas provam que é possível obter resultados produtivos por meio de métodos sustentáveis. A partir da atuação da unidade Florestal, localizada em Curvelo (MG), a Vallourec & Mannesman (V&M) tem abastecido as demais filiais com carvão vegetal, obtidas plantações de eucalipto. A companhia detém aproximadamente 232 mil hectares de propriedades, distribuídos em mais de 20 fazendas, em 22 municípios mineiros. Desse total mais de 100 mil hectares são florestas plantadas de eucaliptos com uma área total de preservação é de aproximadamente 80 mil hectares. Por meio dessa atividade, a
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V&M Florestal se tornou uma das pioneiras no plantio e no manejo de florestas de eucalipto no Brasil. Os investimentos contínuos para a manutenção e intensificação da unidade também contribuíram para que tornasse uma das mais desenvolvidas tanto em pesquisa genética, como na mecanização das atividades e produtividade das florestas. Lançado em 2012, o programa Planet 21 da Accor tem provado que a sustentabilidade por ser aplicada em diversas áreas de uma empresa, independentemente de seu setor de atuação. Apoiado em sete eixos: emprego, saúde, natureza, comunidade, carbono, inovação e diálogo, a iniciativa reforça o compromisso do grupo em introduzir os conceitos do desenvolvimento em sua rede hoteleira. “O Planet 21 busca expandir Inciativas verdes hoje fazem parte da rotina do Grupo Pão de Açúcar
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as ações de desenvolvimento sustentável contribuindo para um novo momento no setor hoteleiro. Para isso, contamos com a participação do hóspede economizando água, utilizando a mesma toalha durante hospedagem, e dos colaboradores, que transmitem conhecimento e participam ativamente de diversas iniciativas”, conta Roland de Bonadona, CEO da Accor para América Latina. Especificamente no Brasil, diversos projetos já realizados seguem as diretrizes do programa. No quesito Natureza, por exemplo, a Accor reforçou as ações do Plant for the Planet, em parceria com a ONG Nordesta, com o plantio de árvores na Serra da Canastra, promovendo a recuperação de áreas por meio do reflorestamento e colaborando com a promoção da agro biodiversidade em Minas Gerais. No mundo, essa iniciativa já resultou no plantio de mais de dois milhões de árvores. No que corresponde aos eixos Emprego e Comunidade, o grupo reforçou a oferta de capacitação profissional, por meio de parcerias com as ONGs Unibes e AfroReggae, resultando na criação de uma oficina de hotelaria gratuita, além de visitas técnicas a moradores locais. “Pretendemos expandir esses projetos para outras regiões do país, além de fortalecer iniciativas como o Plant for the Planet, a redução e tratamento de resíduos, a utilização de painéis solares nos hotéis, a mobilização dos colaboradores, entre outros”, diz o executivo. A sustentabilidade na realidade é uma oportunidade para as empresas que pretendem ampliar sua atuação e a força de sua marca no mercado”, completa Bonadona.
ECONOMIZAR ÁGUA É INVESTIR NO FUTURO DO PLANETA.
A água é um bem essencial para nossa existência. Use-a com consciência. A V & M do BRASIL faz sua parte reaproveitando cerca de 98% da água utilizada em seu processo industrial na Usina Barreiro. A empresa também coloca em prática outras atitudes sustentáveis: • a produção dos tubos utiliza carvão vegetal, fonte de energia renovável; • 100% do carvão vegetal vem de florestas plantadas; • os gases provenientes da produção são reaproveitados para gerar energia; • até 2020, todo o Grupo Vallourec tem como objetivo reduzir em 20% o consumo de energia e gás natural. Essas ações mostram como a V & M do BRASIL trabalha, hoje, pensando em um futuro mais sustentável.
A V & M do BRASIL, empresa do Grupo Vallourec, é líder na produção de tubos de aço sem costura no país e abastece os setores de energia, indústria mecânica, automotiva, petrolífera e da construção civil.
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[ Tendência | galerias de arte ]
Investimentos
em exposição Arte contemporânea deixa de ser objeto de decoração e se torna um importante elemento de negócios no Brasil. Mercado cresce em grandes proporções, atraindo o interesse de colecionadores e impulsionando a atuação de galerias administradas por profissionais nacionais e franceses Rose Campos
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A
tualmente uma das mais expressivas feiras da arte contemporânea no Brasil é a SP-Arte. Realizada no Pavilhão da Bienal, no Ibirapuera, em abril, o evento representou 122 galerias, de 16 países. Para se ter uma ideia de sua importância, a SP-Arte só não supera, em tamanho e importância, as feiras de Basel (em Miami, Estados Unidos) e Frieze (que acontece em Londres e Nova York). E chega a ocupar, em sua versão atual, uma área de aproximadamente 17 mil m². A edição de 2013 é, sem dúvida, a de maior repercussão internacional. Nada menos que 30% dos participantes vêm de países como Inglaterra, Estados Unidos, França, Alemanha e Itália. Das 122 galerias presentes, 41 são estrangeiras. Iniciativa pioneira no país, a SP-Arte foi fundada em 2005, por Fernanda Feitosa, e vem se consolidando no universo das artes desde então. Em 2013, o evento atraiu galerias de prestígio internacional, como Gagosian (Estados Unidos, Reino Unido, França, Itália, Grécia,
Suíça e Hong Kong), Lisson (Reino Unido, Itália e Estados Unidos), Pace (Reino Unido, Estados Unidos, China), White Cube (Reino Unido, Hong Kong e Brasil), David Zwirner (Estados Unidos e Reino Unido), Thaddaeus Ropac (Áustria, Paris), Hauser & Wirth (Suíça, Reino Unido, Estados Unidos), Sprüth Magers (Alemanha, Reino Unido), Continua (Itália, França e China), Neugerriemschneider (Alemanha), Elvira Gonzalez (Espanha), Franco Noero (Itália) e Lia Rumma (Itália). Entre as brasileiras destacaram-se DAN, Fortes Vilaça, A Gentil Carioca, Luisa Strina, Luciana Brito, Mendes Wood, Millan, Nara Roesler, Paulo Kuzcysnki, Vermelho, entre outras, que traçaram com competência um panorama da produção artística brasileira e mundial. “Reunimos um conjunto representativo de galerias, oferecendo aos visitantes uma oportunidade única de conferir o mais amplo panorama da arte contemporânea já exposto no país”, afirma Fernanda, ao observar que a expansão do evento é resultado de um trabalho gradativo que também consolida o Brasil no mapa mundial das grandes feiras. “A vocação da
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[ Tendência | galerias de arte ]
Eventos, como o SP-Arte, tem estimulado o interesse de novos colecionadores pela arte contemporânea nacional
SP-Arte de ampliar a visibilidade do mercado de arte profissionalmente contribui para a formação de novas gerações de colecionadores”, afirma. Segundo ela, o interesse do brasileiro por esse mercado vem se intensificando cada vez mais ao longo dos anos e, paralelamente a essa realidade, os artistas brasileiros têm conquistado reconhecimento mundial. “Galerias, museus e colecionadores estão investindo em nosso país e em nossa produção artística”, ressalta. O crescimento do mercado de arte no Brasil é uma constatação praticamente unânime entre os profissionais da área. Porém, ninguém ainda havia avaliado a dimensão desse segmento. Com o objetivo de reverter esse quadro, a Associação Brasileira de Arte Contemporânea (Abact) decidiu promover uma pesquisa para mapear a atual momento da arte no país. As informações, referentes ao biênio 2011/12, demonstram que o volume de negócios das galerias brasileiras cresceu, em média, 44% no período. Um percentual muito acima do registrado pelos principais setores da economia. O estudo também contempla um segmento específico: o mercado primário de arte contemporânea, ou seja, galerias que representam artistas em atividade. E mostra que esse trabalho envolve muito mais do que a comercialização de obras. “Nesse caso, o valor econômico se constrói a partir do valor simbólico de outras instâncias do sistema das artes, como a institucional e a crítica. O
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papel da galeria se torna mais abrangente, pois envolve a divulgação do valor simbólico e econômico dos artistas que representa”, explica Ana Letícia Fialho, consultora e coordenadora do projeto Latitude e da Associação Brasileira de Arte Contemporânea (Abact). Conhecer o setor de forma mais detalhada, revelando o perfil, tamanho, grau de profissionalização e de internacionalização das galerias que atuam no mercado primário foi outro objetivo da pesquisa. “Sabemos que é um negócio muito dinâmico, mas não tínhamos informações detalhadas sobre sua dinâmica. Procuramos então saber qual é o modelo de operação das galerias, quantos artistas representam, quais são os desafios e valores que movimentam, dando subsídios para um conhecimento que até então era apenas empírico”, acrescenta Ana Letícia. Outro dado relevante corresponde ao alto nível de internacionalização dos artistas brasileiros. Mais de 48% são representados por galerias nacionais e têm obras presentes em acervos internacionais, enquanto quase 18% são representados por galerias estrangeiras. O preço médio das obras mais acessíveis é de
Grandes galerias mundiais, entre elas as da França, participam de feiras nacionais com o objetivo de realizar novos negócios e conquistar o público brasileiro
R$ 1.100,00. As mais caras são encontradas por até R$ 540 mil. Inicialmente, foram consultadas 32 galerias. Mas esse número deverá se ampliar e a pesquisa deverá se repetir anualmente. Ana Letícia, também coordenadora da análise, hoje se dedica à finalização da primeira etapa de coleta de dados da segunda edição do estudo, que servirá de apoio para o desenvolvimento de novas ferramentas de gestão das galerias, além de oferecer informações mais objetivas sobre o mercado. “Apresentaremos ainda a importância das feiras para a realização de negócios e quais os principais modelos de relacionamento com artistas”, comenta. O leiloeiro Aloísio Cravo, que atua neste mercado há mais de três décadas, constata que o potencial do setor é crescente. “Essa expansão, que se tornou mais expressiva na década de 1990, ficou marcante a partir de 2000 e agora ganha uma nova configuração. Um evento tão importante como a SP-Arte, por
Arte em negociar Primeiro fundo de investimento em arte do país, o Brazil Gonden Arte, fundado em 2011, comprova o amplo interesse pelo segmento no país. Em apenas 15 dias de operação, a empresa conseguiu comercializar 70 cotas disponíveis, com valores estimados entre R$ 100 mil a R$ 5 milhões, revertidos na compra de três mil obras. Até o início de 2013, as 600 obras adquiridas da chamada Coleção BGA registraram uma valorização de 200%. A iniciativa de criar o fundo – hoje gerenciado pelo Banco Plural – partiu do curador Heitor Reis e seus sócios. Reis foi diretor do Museu de Arte Moderna da Bahia por quase 20 anos e, em sua opinião, a arte brasileira é atualmente o investimento mais seguro que existe. “Sei que é considerado segundo plano, investimento alternativo, diversificação. Mas, dentro de uma perspectiva histórica, nos últimos 10 anos, garanto que foi o produto que teve a maior valorização no país”, menciona. Além da experiência brasileira, por sua sociedade no BGA, o empresário também integra o comitê de um dos mais célebres fundos de investimento de arte do mundo, o Fine Art Fund Group. Fundado em 2001 por Philip Hoffman, o grupo inglês tem hoje 40 profissionais de arte e do mercado financeiro em escritórios espalhados por países da Europa, do Oriente Médio, da Ásia e América Latina. Adquirir uma única cota requer investimento de no mínimo US$ 500 mil.
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[ Tendência | galerias de arte ]
Fernanda, da SP-Arte: “Galerias, museus e colecionadores estão investindo cada vez mais em nosso país e em nossa produção artística”
exemplo, se consolidou a tal ponto de fomentar também a criação da feira do Rio”, afirma, destacando que vários os motivos justificam esse crescimento. Entre os principais estão o maior acesso do público à arte e o momento econômico positivo no Brasil. “A venda da tela Abaporu, de Tarsila do Amaral, em 1996, foi notícia de destaque na época. Mas se tivesse acontecido hoje, ganharia uma dimensão muito maior devido à sua relevância”, acredita. A valorização de artistas contemporâneos, muitos em plena produção, por um lado também reduz a probabilidade de problemas – como os de autenticidade no comércio de obras artísticas – pois fica muito mais fácil identificar sua procedência. Para o comprador uma segurança maior é proporcionada com a intermediação do negócio por um bom profissional da área. E a crescente profissionalização das galerias, como aponta a pesquisa da Abact, por sua vez, segue igualmente nessa direção. “Isto é muito positivo, pois atualmente é grande o número de novos interessados em arte. As pessoas querem ter objetos
de valor em suas casas. Para isso, buscam orientação, recorrendo às galerias. Acontece que elas se encantam e isso se torna um hábito. O comprador iniciante pode não ter a obstinação de um colecionador, mas será, como ele, guiado principalmente por seu gosto pessoal e pelo instinto, além da informação”, avalia Cravo. Ana Letícia concorda que o mercado de arte se difere de outros setores justamente por não se apoiar somente em aspectos econômicos. “Quem atua nesse mercado não tem interesse somente no negócio. Mas, é interessante notar que o crescimento do segmento tem estimulado a criação de fundos de investimento para a arte. Há um único caso no Brasil até agora, que não deixa de ser um reflexo da visibilidade artística do país no exterior. Essa valorização também repercute aqui e hoje vemos um amplo interesse de colecionadores brasileiros. Embora o perfil seja variado há uma predominância de pessoas mais jovens, muitos deles profissionais liberais. Os principais clientes são os colecionadores privados”, acrescenta.
o volume de negócios das galerias brasileiras cresceu cerca de 44%, entre 2011 e 2012, superando outros mercados
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De acordo com o leiloeiro, na década de 1980 começaram a surgir muitos nomes de talento no Brasil. No final dos anos 90, a consolidação foi ainda maior. E artistas como, Beatriz Milhazes, por exemplo, que naquele momento tinham obras cotadas em aproximadamente US$ 10 mil hoje chegam a alcançar US$ 2 milhões por trabalho. Naquela época, porém, a lista de nomes importantes não chegava a 30, sendo que hoje é possível contabilizar no mínimo 400. “Levando em conta a recente pesquisa, que registra de 12 a 39 artistas representados pelas principais galerias, estamos falando em cerca de 500 pessoas. O surgimento de tantos talentos está relacionado ao cenário econômico favorável”, diz Cravo. O eixo Rio-São Paulo concentra o maior número de galerias nacionais e, com isso, o maior volume de negócios do setor. Entre as mais tradicionais
Telas e objetos revelam o talento de artistas nacionais, que hoje conquistam reconhecimento nesse segmento
destacam-se nomes como a Fortes Vilaça. Inaugurado em 2001, por Márcia Fortes, Alessandra d’Aloia, e Alexandre Gabriel, o espaço abriga obras de artistas brasileiros e estrangeiros, jovens e consagrados. Mostras coletivas organizadas por curadores convidados são frequentes em sua programação. A galeria também está presente nas mais importantes feiras de arte internacionais. Em 2008, abriu suas portas no centro de São Paulo. Rústico e industrial, com vão livre de 1.500 m², o local é simultaneamente um espaço para exposições, depósito de obras e sala de exibição acessíveis ao público. Entre os nomes representados constam os de Adriana Varejão, Beatriz Milhazes, Jac Leirner, Leda Catunda, Ernesto Neto, entre outros já consagrados em território nacional. Com um toque francês, a galeria Jacques Ardies, também em São Paulo, é ainda mais tradicional. Iniciou suas atividades em 1979 e privilegia a divulgação da arte naif brasileira. Ao longo desse tempo, realizou mais de 100 exposições individuais e cerca de 150 coletivas, não apenas em seu espaço, mas também em museus como o MAC de Campinas, o MAM de Goiânia, Espace Art 4, de Paris, e Espaço Cultural de FMI, em Washington. A produção de livros de arte é outra fonte importante de divulgação e a Jacques Ardies tem um relevante marco na publicação, em 1998, do livro Arte Naif no Brasil, feito com a colaboração com o crítico Geraldo Edsond e Andrade. Além disso, destacou, em 2003, a vida e obra do artista pernambucano Ivonaldo, com texto escrito pelo crítico de arte Jorge Anthonio e Silva. Atualmente a galeria expõe quadros e esculturas de 80 artistas dos mais representativos da arte naif brasileira. Já a Almacén Galeria, no Rio de Janeiro, abriu suas portas em 1986 e, desde então, vem se consolidando como uma representante da arte contemporânea brasileira, inclusive em importantes feiras internacionais. Na vanguarda dessa arte, a Almacén também representa nomes nacionais da arte digital. Assinaturas consagradas, como as de Aguilar, Tomie Ohtake, Peticov, Antonio Dias, Ianelli e Artur Piza fazem parte de seu acervo. O escritório Perrotti e Barrueco Advogados Associados, atua, entre outras áreas, nas referentes à propriedade intelectual e de projetos culturais. Recentemente se tornou patrocinador oficial da Fundação Nemirorovsky, que abriga o maior acervo de arte moderna do Brasil. “Na América Latina, o Brasil já é o terceiro mercado mais importante,
A variedade de cores e estilos caracteriza a arte contemporânea, avaliada pela capacidade de transmitir informações e emoções aos possíveis compradores
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[ Tendência | galerias de arte ]
Atualmente, o mercado de arte está em alta no país, recuperando o longo período em que se manteve desvalorizado
ficando atrás somente dos Estados Unidos e do México. Está havendo uma rápida valorização no segmento, mas acredito que isso seja reflexo do longo período em que permaneceu desvalorizado. Agora, a arte contemporânea nacional está encontrando um justo reconhecimento mundial e alcançando o lugar em que já deveria estar há muito tempo”, avalia o advogado Fernando Barrueco. Ele destaca como um dos primeiros marcos na valorização da arte brasileira o movimento modernista, que resultou na Semana de Arte de 1922, e teve continuidade com o concretismo e a pop arte da década de 1960, entre outras expressões da produção nacional. Outro momento importante foi a criação do Instituto Volpi. “Isto contribuiu para valorizar a autenticidade das obras de Volpi. Hoje há telas que, se pudessem ser vendidas, poderiam alcançar, cerca de US$ 5 milhões”, calcula Barrueco. Muitas obras de modernistas, assim como as de Volpi, são tombadas pelo patrimônio histórico e não podem ser comercializadas. Ainda assim, conferir a autenticidade dessas coleções ajuda a divulgar o valor da arte nacional. Entre as assinaturas brasileiras, as mais valorizados no mercado atualmente são as de Vick Muniz, Ernesto Neto, Luiz Spina, Cildo Meireles. Para compreender esse contexto, Ana Letícia, da Abact, lembra que o período de globalização que tomou impulso a partir
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da década de 1990 criou um ambiente propício para esse reconhecimento. “Foi um momento em que grandes instituições passaram a olhar para os países que não eram muito contempladas anteriormente, dando destaque aos artistas brasileiros”. Aloísio Cravo destaca a importância de iniciativas como a do museólogo Emanuel Araújo, que conseguiu levar à Pinacoteca de São Paulo, em 1986, a exposição de Rodin, até hoje um marco entre as exposições de
Mostras internacionais são referências para o desenvolvimento de exibições em território nacional
museus brasileiros. “As pessoas passavam horas na fila para ver a mostra. Até então não tínhamos essa experiência. Hoje, se você for à Pinacoteca em um domingo, ela estará cheia de pessoas. Araújo plantou uma semente importante”. Para o leiloeiro, a oportunidade de ter contato com obras clássicas é essencial para a formação artística do grande público. “Não adianta ter um primeiro contato com a arte contemporânea, que depende de informação, conhecimento e, por isso, se torna mais atraente para o público já iniciado”, conclui.
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[ Entrevista | Yvon Lambert ]
mecena
das artes Como um simples comerciante francês tornou-se um dos maiores marchands da Europa apenas investindo em jovens artistas contemporâneos por Marilane Borges de Paris Fotos Christian Nouzillet
F
oram meses negociando com a assessoria de imprensa o encontro com um dos maiores marchands de arte da Europa, o galerista Yvon Lambert. Isso porque ele não costuma conceder entrevistas pessoalmente. Apesar disso, recebeu com exclusividade a equipe de reportagem da revista França Brasil em sua galeria no bairro parisiense do Marais. Lambert é um homem tímido e comedido, que fala pausadamente, como quem procura renovar o fôlego, controlando a própria respiração após cada palavra pronunciada. Iniciei a conversa citando o artista brasileiro Vik Muniz. Ele sorriu e começou a falar do quanto apreciava suas criações. Essa foi a deixa para que Lambert ficasse mais à vontade. Muniz fez uma bela exposição em Avignon no ano passado com uma releitura da obra O Semeador, de Van Gogh, especialmente criada para o evento. “Aprecio o seu trabalho porque ele gosta de revisitar obras de arte e imagens de ícones. Além disso, somos bons amigos”, afirma. Mesmo sendo pouco conhecido do público brasileiro, Lambert é lembrado pela postura vanguardista e pela generosidade. Em 2012, ele também doou cerca de 600 obras de arte para o governo da França – uma coleção estimada em cerca de 90 milhões de euros. Uma atitude que lhe rendeu várias medalhas e a famosa condecoração Legião de Honra. Na entrevista a seguir, ele conta detalhes de sua trajetória e como se tornou um dos grandes mecenas da arte mundial:
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“Contribuir com a evolução de um artista e vê-lo fazer sucesso é como cumprir uma missão. Transformei meu sonho em realidade”
Parte do imenso acervo de Lambert foi doada ao governo francês, com a proposta de perpetuar o trabalho de seus artistas e divulgá-lo para as novas gerações
Revista França Brasil – Como o senhor ingressou no mundo das artes? Yvon Lambert – Foi em 1966, quando decidi abrir uma galeria, na cidade de Avignon, para representar americanos pioneiros da arte minimalista, conceitual e do land art. Hoje, não tenho nenhuma dificuldade para contatar os artistas, mas no começo tudo foi muito difícil. Minha única chance para conquistá-los era dizer que seriam representados em Paris. No início dos anos 1970, já representava uma nova geração de talentos, como Carl André, Robert Barry, Sol LeWitt, Richard Long, Brice Marden, Robert Ryman, Lawrence Weiner, Cy Twombly, Jean Michel Basquiat, Niele Toron e o brasileiro Vik Muniz.
FB – Como surgiu a ideia de doar para o governo francês cerca de 600 obras de sua coleção privada? YL – Sempre tive isso em mente. Precisava apenas ter a aprovação de minha filha. Afinal, ela é a herdeira de parte desse legado. Depois de conversarmos a respeito, e de ela ter aceitado minha proposta de doação, anunciamos a decisão às autoridades governamentais. FB – Quais fatores o motivaram a realizar uma doação tão significativa? YL – Particularmente, eu queria ter a garantia ainda em vida de que essa coleção seria mantida em condições apropriadas
depois da minha morte. Em Avignon, ocupamos uma área razoável no Hôtel de Montfaucon, mas ainda precisávamos de mais espaço para acolher toda a coleção. Eu não tenho condições de assumir esse projeto de expansão, mas o governo francês e a região de Avignon assumiram o custo da obra, que provavelmente será inaugurada em 2015. O mais importante nesse processo foi poder contar com o comprometimento das autoridades para a exposição desse acervo ao público. Quero que as pessoas tenham acesso a essas obras por meio de mostras esporádicas e permanentes ou com o empréstimo para instituições culturais ao redor do mundo. FB – Qual é a sensação de ser um dos maiores doadores, ainda em vida, de obras de arte contemporânea? YL – Gosto de acompanhar o trabalho dos artistas, de vê-los criar. Eles são uma população muito querida por mim. Sempre que posso vou visitá-los em seus ateliês. Contribuir com a evolução de um profissional e depois vê-lo fazer sucesso é como ter cumprido uma missão. Tive a sorte de transformar meu sonho em realidade por
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[ Entrevista | Yvon Lambert ]
Diversificar o portfólio da galeria, com obras atuais que agradem ao público é uma das preocupações de Yvon Lambert
isso, abrir mão da minha coleção em prol de outras gerações faz com que eu me sinta um homem totalmente realizado. Isso sem contar as inúmeras amizades que conquistei no mundo artístico. Antes de mais nada, o que me impulsionou a fazer essa doação foi o fato de poder perpetuar as obras desses profissionais que tanto admiro. FB – Como o senhor reuniu essa coleção? Quais foram os critérios que nortearam sua formação nos últimos 50 anos? YL – Semprei admirei e gostei de adquirir trabalhos de artistas contemporâneos, muitas vezes antes que eles sejam conhecidos no mercado da arte. Essa coleção é minha única fortuna e significa muito para mim. Todas essas obras que colecionei foram escolhidas, apreciadas e amadas. FB – É possível ganhar dinheiro com arte, principalmente com um acervo formado por obras de artistas jovens e ainda pouco conhecidos no mercado? YL – Meu maior interesse nesse negócio é descobrir o talento de jovens artistas antes dos meus concorrentes e impulsioná-los em suas carreiras para que fiquem famosos. No mais,
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o mercado da arte é como qualquer outro. Ele é cíclico e compreende vários riscos, sendo possível tanto ganhar como perder muito dinheiro. O mais importante nesse negócio é ser persistente e manter o foco. Minha estratégia é sempre reinvestir o que ganho na compra de outras obras de arte. Com isso, consigo diversificar os negócios. FB – E em quais tipos de negócios o senhor investe além da arte? YL – Atualmente, tenho me dedicado à editar livros. Por isso, criei a livraria Yvon Lambert em Paris, que se encontra anexa à minha galeria. Lá editamos e revendemos livros e catálogos dos artistas que representamos. Além disso, também estou pesquisando e investindo em direitos autorais de outros artistas. FB – Como é feita a seleção para a adoção de um novo artista ou aquisição de uma de suas obras? YL – Normalmente, visito os ateliês onde os artistas trabalham, me interesso pelo seu cotidiano. Aprecio muito esse contato direto, pois assim entendo como eles
encontram inspiração para produzir obras tão inusitadas. Ter uma relação de amizade significa muito para mim, mas minhas escolhas são apoiadas essencialmente no que aprecio. Para isso, a obra tem que me sensibilizar, me tocar de alguma maneira. Outro critério relevante é perceber que o artista tem um potencial para delinear e consolidar um percurso e que sua obra vai evoluir com o tempo. Assim como um relacionamento comum, é imprescindível que nos visualizemos juntos no futuro. FB – Como o senhor administra as perspectivas desses jovens artistas? YL – De fato, a faixa etária dos artistas que represento e coleciono situa-se entre 30 ou 35 anos. Todos são ambiciosos, sem excessão. Confesso que não é fácil lidar com jovens em ascensão. Por isso, tento desenvolver uma relação baseada na ternura. Acredito em seu talento e potencial criativo e sei o quanto é importante entendê-los nesse momento de suas vidas. Posso dizer que isso simplesmente faz parte do meu negócio como marchand, como qualquer outro.
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[ Carreira | mercado mercadode detrabalho trabalho ] ]
À procura de
talentos Brasil sofre com déficit de profissionais qualificados, considerados essenciais para o desenvolvimento de mercado. Com o objetivo de destacar e reter valores, empresas francesas investem em programas de capacitação em suas filiais nacionais e no exterior Ligia Molina
Q
ual é a palavra mais citada nos últimos anos pelas empresas no Brasil? Competitividade talvez seja uma delas. Mas se fizermos uma análise criteriosa e possível concluir que talento tem sido um dos maiores destaques no mundo corporativo. O atual cenário macroeconômico do país tem revelado várias brechas nunca tão comentadas anteriormente. Se por um lado, o Brasil
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enfrenta grandes gargalos, como os relacionados à infraestrutura, por outro sofre com a falta de mão de obra altamente qualificada. Aparentemente, esse segundo aspectos parece não ser tão importante. Mas se avaliarmos que a atração de profissionais qualificados é essencial para o crescimento do futuro de uma nação, essa situação, certamente, muda de contexto. Registrando um dos menores índices de profissionais com diploma superior do
mundo – somente 7% de pessoas com idade entre 24 e 35 anos – o Brasil revela em números seu déficit de talentos. Prova disso, são os dados divulgados em recente pesquisa realizada pelo site de carreiras CareerBuilder, que mediu o tamanho da escassez de talentos e seus efeitos nas 10 maiores economias mundiais. Uma das conclusões do estudo é que a maioria das empresas brasileiras conta com vagas abertas que
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[ Carreira | mercado de trabalho ]
simplesmente não conseguem preencher. As nações que formam o BRIC, aliás, são as que mais sofrem hoje com a falta de mão de obra qualificada. Depois da China, o Brasil ocupa o segundo lugar no ranking, com 63% das companhias revelando disponibilidade de vagas por não encontrar os profissionais certos, principalmente nas áreas de tecnologia da informação (TI), produção e serviços. Quase 75% dos empresários entrevistados no país alegam que esse cenário gera impactos negativos na imagem da empresa, como qualidade do trabalho reduzida e maior índice de rotatividade, enquanto 40% afirmam ter perdas na produtividade em decorrência dessa realidade. “Existem bons profissionais no mercado que perdem grandes oportunidades por não terem investido, por exemplo, no domínio do idioma inglês, língua universal do mundo corporativo. Quando falamos de uma multinacional que reporta seus números para fora do Brasil é imperativo saber se comunicar por escrito e verbalmente.
Se as empresas estão em outros países da América Latina, o espanhol merece a mesma importância, como o francês, caso a matriz seja francesa, e assim por diante”, diz Raquel Busnello, sóciadiretora da SMG Brasil, empresa de consultoria e recrutamento especializada em Finanças e profissionais da área. Segundo ela, novas leis estão sendo aprovadas no Brasil, tornado a contratação de mão de obra estrangeira mais flexível, o que de certa forma auxilia o desenvolvimento do mercado. “Acreditamos em uma evolução positiva no déficit de talentos e uma maior competição entre os candidatos em breve”, acrescenta. De acordo com Octavio de Barros, economista-chefe do Banco Bradesco, a retenção de funcionário é um aspecto também caracterizado pela fase de desaceleração da economia. No caso do Brasil, uma situação provocada nos últimos meses pelos impactos da crise financeira mundial. “Em uma fase de redução do ritmo de crescimento, os
Abaixo da expectativa O percentual da população com idade entre 24 e 35 anos, com formação universitária, no Brasil está bem abaixo da média registrada em outros países em desenvolvimento, de acordo com os dados abaixo: Chile
24%
Rússia
23%
Cazaquistão
18%
Malásia
13%
México
13%
Venezuela
11%
Romênia
10%
África do Sul
09%
Brasil
07%
Fontes: FGV, Censo, Emdoc, ONU, Pnad
Raquel, da SMG: “Bons profissionais às vezes perdem vagas por não investir em outro idioma”
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empresários não fazem o ajuste em seu quadro funcional ou fazem menos do que o necessário. Isso geralmente acontece quando eles acreditam que essa fase será passageira e logo voltarão ao ritmo normal dos negócios ou simplesmente quando acham que depois terão de reencontrar profissionais com as mesmas habilidades, quando a economia voltar a crescer. Isso torna a questão do déficit de talentos ainda mais evidente”, ressalta. Um dado curioso, ainda relacionado à pesquisa realizada pelo CareerBuilder,
Programas de intercâmbio promovidos por universidades francesas contribuem para o aprimoramento profissional
está relacionado à receita ou a capacidade de fazer o negócio crescer. Especificamente nesse caso, o Brasil parece conseguir fazer mais com menos: é o país que menos reporta esses problemas, que afetam apenas 15% das empresas, no caso de perdas na receita, e 19%, no crescimento dos negócios. A informação de certa forma justifica os resultados de outro estudo, dessa vez desenvolvido pela consultoria inglesa de recrutamento executivo Robert Walters, que envolveu 53 escritórios em 24 países. Entre as constatações relacionadas ao Brasil, um dos destaque refere-se aos diretores financeiros que trabalham em São Paulo e que hoje estão entre os mais bem pagos do mundo. Embora os aumentos salários, em 2012, tenham sido moderados, eles registraram um valor médio anual de R$ 545 mil, sem contar a parte variável, ficando à frente dos chineses, espanhóis e franceses.
mais de 60% das empresas no Brasil têm vagas disponíveis por não encontrarem profissionais com o perfil necessário Frédéric Ronflard, diretor geral da Robert Walters no Brasil, diz que o mercado brasileiro está mais maduro e já não se comporta mais como um emergente. “As propostas para troca de emprego que ocorriam entre 2010 e 2011 eram muito agressivas e distantes da realidade mundial. Um executivo trocava de trabalho para ganhar até mais que o dobro do que recebia. Desde meados do ano passado, no entanto, essas ofertas começaram a ser mais moderadas”, diz, ao destacar que as pessoas estão mudando agora por 20% ou 30% a mais. “Mesmo assim, a desaceleração da economia fez com que muitos profissionais preferissem a
estabilidade do emprego ao invés de se arriscar por um acréscimo no holerite. Isso significa olhar a carreira pensando no longo prazo”, acrescenta. Além de executivos da área de finanças, a pesquisa revela que, em 2012, outro setor que registrou alta demanda foi o de recursos humanos. Contrariando o desempenho abaixo das expectativas da economia, o mercado de recrutamento do Rio de Janeiro, por sua vez, permaneceu em plena atividade no período, com contratações, em diversos setores, com destaque para os segmentos de infraestrutura, hospitalidade, telecomunicações e energia. “A falta de mão de obra qualificada no Brasil
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[ Carreira | mercado de trabalho ]
proporcionou um grande aumento salarial dos profissionais que se enquadram no alto nível de exigência das empresas. Eles passaram a ter um poder na negociação, praticamente obrigando as companhias a elevarem suas propostas”, considera Raquel, da SMG. Ela acredita que para mudar esse cenário, além da flexibilização da contratação de estrangeiros no Brasil, é necessário conscientizar as empresas sobre a importância de investir na formação de candidatos potenciais e oferecer oportunidades para seu crescimento profissional. “Caso a companhia perceba que seu funcionário não está acompanhando as mudanças internas deverá acionar o líder da área, capacitado a oferecer a segurança e a informações necessárias para que ele assuma sua nova posição”, aconselha. Para empresas que enfrentam déficit na contratação, a executiva diz que a descrição e análise do cargo devem ser feitas da forma mais precisa e realista possível. “Percebemos que a demanda de competências dos candidatos cresce cada vez mais, o que inclui o domínio de, no mínimo, um idioma estrangeiro, além da exigência de um diploma de
Leroy Merlin, Air Liquide e Capgemini são alguns exemplos de empresas francesas que investem no potencial de seus profissionais por meio de programas internos
Atração sem diploma Considerado um país atraente para os profissionais do exterior, o Brasil ainda conta com poucos residentes estrangeiros com formação superior:
76%
não graduados Fontes: FGV, Censo, Emdoc, ONU, Pnad
62 FRANÇA BRASIL | MARÇO / abril 2013
22%
com graduação
2%
com mestrado ou doutorado
descobrir e reter novos talentos. Uma delas é a Air Liquide que, por meio de seu Programa Internacional de Estágio, oferece para cerca de 30 candidatos/ ano uma experiência internacional. A ideia, lançada em 2002, já promoveu a participação de mais de 300 estudantes de vários países, que tiveram a oportunidade de conhecer de perto as atividades e a cultura da empresa. O resultado, de acordo com a companhia, é a melhora da capacidade de integração e adaptação a novas situações e ambientes de trabalho. Estudantes do penúltimo ano de faculdade são
pós-graduação ou de MBA. Isso acaba restringindo os números de candidatos habilitados para as vagas”, avalia, ao reforçar a importância dos programas internos de retenção de talentos. “Eles contribuem para o desenvolvimento dos profissionais. O resultado é percebido nas empresas que quase não registram turnover de posições seniores. Um dos exemplos, nesse caso, é a Edenred, que no Brasil integra as marcas Ticket e Accentiv’Mimética”, declara. Edna Rodrigues Bedani, da diretoria de Recursos Humanos e Responsabilidade Social da Edenred Brasil, conta que essas ações incluem
programas de cuidado com a saúde, que contam com a atuação de uma equipe multidisciplinar; a oferta de um plano médico de qualidade, com foco prevenção; além da realização de atividades de desenvolvimento profissional, que envolvem a promoção de cursos de idiomas, de competências técnicas e comportamentais. “Iniciativas de motivação e reconhecimento aos resultados obtidos pelo colaborador, entre outras, demonstram a preocupação da empresa com o bem-estar e o desenvolvimento de nossos profissionais”, completa. Outras empresas francesas implantam programas internos com a finalidade de
Barros, do Bradesco: “Retenção no mercado pode ser ocasiada por desaceleração econômica”
[ Carreira | mercado de trabalho ]
Retenção de valores A maior concentração de estrangeiros qualificados no mundo está localizada nos Estados Unidos, na Austrália e na Europa. Somente na França são 494 mil pessoas. Confira o total em cada região:
Europa
2
milhões
América do Norte
10
milhões
Total Aproximadamente
13 milhões
de imigrantes com ensino superior Fontes: FGV, Censo, Emdoc, ONU, Pnad
selecionados em diferentes localidades para participar de um programa de dois meses de estágio na França ou nos Estados Unidos, em áreas como pesquisa, engenharia, marketing e negócios. Assim como a Air Liquide, a Capgemini estimula o desenvolvimento profissional por meio de ações internas. Além da Capgemini University, que conta com cursos diversos e oportunidades de networking, a empresa ainda conta com programas de desenvolvimento pessoal, que auxiliam no planejamento da carreira em longo prazo; de certificação, que fornecem capacitação profissional e especialização; e internacionais, com a transferência temporária de consultores para aprimoramento na Europa e na Ásia. A internet é outra ferramenta importante para aperfeiçoamento. Aulas virtuais são promovidas no sistema My Learning , que disponibiliza três mil módulos de e-learning, em vários idiomas, na área de negócios, TI e competências
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Austrália
810 mil
apenas 7% dos brasileiros, com idade entre 24 e 35 anos, têm formação superior, resultando em um dos menores índices mundiais pessoais, 20 mil livros profissionais e específicos do setor e acesso a comunidades virtuais, para compartilhar conhecimentos específicos. Descobrir novos talentos também é uma das metas da Leroy Merlin, que, além de projetos internos de valorização, realiza todos os anos o programa Jovens Profissionais. A intenção é formar e desenvolver futuros gerentes, por meio do estímulo à vocação, desenvoltura e interesse em atuar com o público. Mais do que a participação em treinamentos técnicos e comportamentais, os selcionados podem trabalhar em uma das unidades da rede por um período de até 18 meses, contando com o apoio de tutor
– um dos gerentes de loja, capacitado a oferecer todo o suporte necessário. “O investimento em capital humano já é visto de forma positiva, sendo uma tentativa, quase sempre, bemsucedida. Os recursos são destinados a programas de formação universitária e especialização, com reembolsos de 50, 80 ou até mesmo 100% do valor das mensalidades. O mesmo ocorre com os cursos de inglês”, conta Raquel, da SMG, ao ressaltar que ações como essas geram uma fidelização dos profissionais. “Eles se sentem comprometidos em aplicar seus conhecimentos na mesma empresa que contribuiu para o seu crescimento na carreira”, acredita.
[ negócios | PMEs ]
Por conta
própria
Mesmo enfrentado os desafios de mercado, pequenos e médios empreendedores ampliam sua presença no Brasil, que também atrai investimentos de empresários franceses, hoje mais cautelosos devido aos impactos da crise. Com meta de conquistar novos investidores, a França também reforça em território nacional as vantagens do país para quem pretende expandir seu negócio para o exterior Ligia Molina
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E
m 2012, 18 milhões de brasileiros estavam envolvidos na criação ou administração de um negócio em estágio inicial (nascente ou novo) e 18 milhões eram proprietários ou administravam algum negócio com mais de três anos e meio de existência. A informação – registrada na mais recente pesquisa Global Entrepreneurship Monitor (GEM), realizada pelo Sebrae, em parceria com o Instituto Brasileira o de Qualidade e Produtividade (IBQP) – comprova que o número de pequenas e médias empresas permanece em ascensão em território nacional, tornandose também cenário para investidores internacionais, a exemplo dos franceses. Esse resultado – que corresponde a 30,2% da população – indica que 15,4% da população são empreendedores em estágio inicial, sendo 4,5% nascentes e 11,3% novos, enquanto os 15,2% restantes são classificados como estabelecidos. “A evolução das taxas de empreendedorismo no Brasil, no período de 2002 a 2012, revela um crescimento expressivo, passando de 20,9% (2002) para 30,2% (2012), um aumento de quase 10 pontos percentuais.”, diz Luiz Barretto, presidente do Sebrae, ao destacar que o perfil desses novos profissionais está relacionado, principalmente, a homens, na faixa etária de 25 a 34 anos, com curso superior completo e renda entre seis e nove salários mínimos. “Entre os empreendedores estabelecidos, as taxas específicas mais altas ocorrem entre homens, com faixa etária entre 45 e 54 anos, com primeiro grau incompleto e renda entre três a seis salários mínimos”, completa.
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[ negócios | PMEs ]
Em 10 anos, o número de novos empreendedores cresceu quase 10 pontos percentuais no brasil, revelando as oportunidades desse segmento
Removille, da AFII: “Em apenas sete dias é possível iniciar um negócio na França”
Outro dado interessante obtido com os 10 mil entrevistados – pessoas com idade entre 18 e 64 anos, residentes nas cinco regiões brasileiras, além das entrevistas com 87 especialistas de diversos segmentos – mostra os três fatores favoráveis e limitantes para o início de um novo negócio. Clima econômico, normas culturais e sociais, infraestrutura comercial e profissional são citados como favoráveis. Já políticas governamentais, apoio financeiro e educação e capacitação são passíveis de melhoria. “É curioso notar que para os empreendimentos iniciais, os resultados são bem conservadores: a maioria dos negócios (98,9%) lida com conhecimentos que ninguém considera novo; a orientação internacional é baixíssima (0,8% possui consumidores no exterior); e todos os entrevistados afirmaram que a idade da tecnologia ou processos é superior a cinco anos”, acrescenta Barretto. Segundo ele, 43,2% também não esperam criar ocupações nos próximos cinco anos. “Consideramos que a mudança de comportamento é um dos
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desafios que devem ser superados por esses investidores, se o objetivo for se sobressair no mercado”, completa. Diferentemente dessa realidade, pequenos e médios empresários franceses buscam novos locais para investir. Um comportamento que provavelmente reflete uma diferença de cultura entre os dois países ou mesmo sinal de maturidade do governo francês, que oferece apoio a esses profissionais com a implantação de entidades governamentais em outras regiões, a exemplo da Ubifrance Brasil – agência pública francesa para o desenvolvimento internacional de empresas –, da Agência Francesa para Investimentos Internacionais (AFII) e do próprio Consulado da França no Brasil, ou mesmo de instituições privadas, como a Câmara de Comércio França-Brasil.
“O interesse das pequenas e médias empresas francesas pelo Brasil se mantém, porém notamos uma diferença de comportamento em 2012, que deverá permanecer esse ano. Em 2011, o Brasil se tornou um verdadeiro eldorado para os franceses, gerando uma forte demanda. Mas, o resultado do PIB bem abaixo do previsto no ano passado resultou em mais cautela”, avalia Sueli Lartigue, diretoraexecutiva nacional e da regional São Paulo da CCFB. Analisar o mercado local, seus diferenciais e verificar com mais critério as vantagens e desvantagens de se implantar no país são alguns dos fatores que hoje influenciam a decisão do investidor francês. “Isso não significa que antes os franceses não analisavam
seus negócios com critério. Entretanto, notamos que hoje essa análise é ainda mais minuciosa, o que gera maior demanda por nossos serviços”, justifica. Para verificar oportunidades e atender às expectativas de empresários franceses, a CCFB realiza periodicamente o Projeto CAP Brésil, reunindo representantes de Câmaras de Comércio e Indústria (CCIs) da França em sua sede em São Paulo, além de promover visitas. O primeiro encontro de 2013 ofereceu uma visão ampla sobre as perspectivas e planos de investimentos das regiões francesas. Agnès Gomes, da CCI de Paris/Île-deFrance lista entre os fatores benéficos do mercado brasileiro o tamanho e volume, destacando o custo Brasil, a complexidade do mercado, a falta de Representantes das Câmara de Comércio de Paris e Rhône-Alpes estiveram no Brasil em busca de informações de mercado
Movimento setorial
Em pesquisa realizada com seus parceiros e associados, a regional de São Paulo da Câmara de Comércio França-Brasil (CCFB) mapeou os setores que mais despertaram o interesse das empresas francesas em 2012. Entre as missões realizadas e os clientes atendidos pela entidade, os segmentos mais procurados foram: Comunicação
03%
Habitação
15%
Indústria
16%
Agroalimentos
08%
Infraestrutura
23%
Inovação
02%
Moda
05%
Novas tecnologias
04%
Saúde
06%
Serviços
12%
Transporte
02%
Outros
04%
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[ negócios | PMEs ]
Indústria e serviços são os setores que atualmente despertam o interesse de empresários franceses que pretendem iniciar um novo negócio em território brasileiro
conhecimento sobre o país, e o fato dele estar em alta na França como principais obstáculos. “As pequenas e médias empresas francesas querem obter um crescimento rápido, porém nem sempre existe um preparo, um conhecimento do custo Brasil e dos prazos reais para isso. Nossa função, nesse caso, é fornecer mais informações, avaliar as empresas interessadas, e ajuda a filtrar as que realmente podem se desenvolver no país”, declara a representante.
“O potencial do mercado brasileiro é real. Hoje, não basta ter apenas diretores atuando no Brasil. Toda equipe de colaboradores precisa estar em campo. Cito como exemplo o diretor de uma empresa da minha região que acabou de fundar uma filial no país e me disse: Não venha para o Brasil, pois se vier você terá, certamente, vontade de investir em algo”, comenta Laurence Locatelli, da CCI Internacional de Auvergne. Segundo ela, o mercado na França vive um
contexto de crise, o que pode prejudicar a atuação de algumas PMEs. “Diante disso, nossos serviços de acompanhamento são solicitados ainda mais e, muitas vezes, é difícil reformular o processo de internacionalização já existente, pois isso exige investimento de tempo e dinheiro, vindos de uma grande força de vontade e capacidade. É mais comum pensar em exportação em momentos de um mercado local não está aquecido”, considera. Seguindo a mesma abordagem, Julie Hours, da CCI Internacional de Rhône-Alpes, mostra uma percepção diferente. Para ela, a curva demográfica, o crescimento do poder de compra das classes A e B e a realização dos grandes eventos esportivos são os principais atrativos do Brasil, que ainda sofre com a complexidade fiscal. “O evento nos preparou para melhor aconselhar as
70 FRANÇA BRASIL | MARÇO / abril 2013
Além da diplomacia Foi-se o tempo em que o papel de um cônsul era restrito às relações diplomáticas. Pelo menos para a França. Desde outubro de 2012, Damien Loras assumiu o cargo de Cônsul-Geral da França em São Paulo, competência que abrange os estados de Minas Gerais, Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul. Nascido em 1970, esse jovem francês atuou como conselheiro do Departamento Diplomático junto à Presidência da República Francesa, encarregado da América do Norte e do Sul, da Europa não comunitária, da Rússia, dos países dos Balcãs, do Cáucaso, e da Ásia Central. Seu principal desafio nesse momento? Intensificar as relações econômicas franco-brasileiras, auxiliar o intercâmbio entre os países além de outras funções, descritas com exclusividade na entrevista abaixo:
empresas na França. Uma pergunta que deve sempre ser feita por nós é: será estão elas realmente preparadas para dar esse primeiro passo?”, questiona. Dar esse passo no sentido contrário também exige muito preparo. Por isso, além do Sebrae, da Apex-Brasil e da própria CCFB, as PMEs brasileiras contam há três anos com o auxílio da AFII. O objetivo da entidade não é competir, mas sim somar esforços com as demais, garantindo uma implantação bem-sucedida em território francês. Para tanto, a agência, por meio de diferentes ações, busca hoje popularizar a imagem da França em áreas ainda não tão exploradas pelos empreendedores brasileiros. Uma delas é a inovação. François Removille, diretor da AFII no Brasil, destaca os investimentos na campanha Diga oui à Inovação, Diga oui à França. “Desde que nos instalamos no Brasil contabilizamos mais de 300 encontros com empresas
Revista França Brasil – O senhor assumiu o cargo de Cônsul da França em São Paulo recentemente. Quais serão suas principais atribuições a partir de agora? Damien Loras – Hoje o papel de um Cônsul da França está mais centrado nas relações econômicas, principalmente no Brasil, país em que a França investe mais que a soma do valor destinado as três demais nações que formam o BRIC juntas. Minha função é auxiliar o intercâmbio entre os dois países e os investimentos franceses no Brasil. Afinal, atualmente hoje são mais de 500 empresas francesas atuando no país, que em empregam cerca de 500 mil profissionais. Isso sem contar o interesse de companhias de porte menor também interessadas em desenvolver seus negócios em território nacional. FB – Estimular os investimentos de empreendedores brasileiros na França também faz parte de seus objetivos? DL – Sem dúvida, principalmente nesse momento de crise na Europa. Posso afirmar que a percepção de quem está aqui é muito diferente de quem está na França. O país tem adotado medidas de recuperação e está no caminho certo. Meu objetivo é compartilhar com o governo e empresários brasileiros essa situação, além de mudar a imagem que o brasileiro tem do país, mais relacionada ao turismo, gastronomia e cultura. A França é bom lugar para se viver, fazer negócios e tem um alto índice de atratividade em vários segmentos da economia.
FB – E de forma o senhor desempenhará sua função? DL – De uma forma menos glamurosa, que consiste mais em identificar oportunidades de negócios, além de reforçar o contato entre autoridades públicas e empresas francesas, e oferecer apoio técnico. Como disse anteriormente, temos uma imagem positiva no Brasil, mas ainda limitada. A França é tecnologia, inovação. Entre as 100 maiores empresas mundiais inovadoras, 15 são francesas e líderes em suas áreas de atuação. Somos capacitados em setores muito restritos e podemos ajudar o Brasil a se desenvolver. As economias dos dois países são complementares e precisamos aproveitar essa oportunidade. FB – E qual é a percepção do senhor após esses meses morando no Brasil? DL – Não posso negar que o cenário é diferente do que imaginava. Isso tanto em relação ao potencial quanto às dificuldades. A França tem uma imagem 100% positiva do Brasil. O empresário acha que basta chegar, plantar e colher. Hoje sei que não é assim. Estamos falando de um país acolhedor, mas tudo tem seu preço. É preciso se adaptar a cultura local em todos os aspectos para depois aproveitar o seu imenso potencial de mercado.
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[ negócios | PMEs ]
brasileiras. Dessas 50 tenham ou ainda têm projetos de expansão na Europa. Em 2011, registramos quatro decisões positivas, em 2012 seguimos esse número e em 2013 pretendemos superá-lo. A internacionalização não faz parte da cultura brasileira. Mas devagar estamos crescendo”, avalia Removille, ao ressaltar que é muito fácil fazer negócios com a França. “Tratase de um mercado interessante, com fácil acesso a União Europeia, África e Oriente Médio. A língua deixou de ser uma barreira, pois hoje cerca de dois milhões de franceses já falam o português. Isso sem contar a política de apoio à inovação”, diz o executivo. Contabilizando 71 polos de inovação, a França oferece suporte financeiro a pesquisas, contribuindo para que a própria nação se torne uma referência em inovação, alta tecnologia e mão de obra qualificada no setor. “É interessante dizer que em apenas sete dias já é possível iniciar a instalação de uma empresa no país, pois não há processos burocráticos. Posso afirmar que a única barreira para os empreendedores brasileiros refere-se a falta de confiança, em acreditar que sua empresa ainda não tem a maturidade necessária para se implantar na Europa. Mas estamos aqui com a função de mudar essa impressão”, afirma Removille.
França conta com 71 polos de inovação em seu território, estimulando a presença de empresas interessadas em investir na área Ele cita como exemplo recente a Nanoskin – empresa brasileira de nanobiotecnologia, fabricante de pele artificial para uso da medicina regenerativa. Sediada em São Carlos (SP), a companhia decidiu instalar seu primeiro escritório e laboratório em Estrasburgo, na região da Alsácia,
que concentra o polo trinacional (FrançaAlemanha-Suíça) BioValley, formado por 12 universidades e que hoje mantém cerca de três mil grupos de pesquisa em biociências. “Com investimento inicial de um milhão de euros, a unidade europeia da Nanoskin já recebeu propostas de financiamento de investidores franceses e de outros países europeus de até cinco milhões de euros. Sem contar seus clientes atuais, os hospitais de Paris e Lyon”, revela o executivo. Patenteado por Pierre Basmaji, sócio da Nanoskin, o principal produto da empresa é a pele artificial em biocelulose, feita a partir de leveduras e chá verde, que pode ser aplicada na odontologia, medicina regenerativa, no tratamento da osteoporose, diabetes e alguns tipos de câncer. Atualmente, a companhia estuda aplicações em cosméticos. “A presença no mercado francês incentivará o desenvolvimento da tecnologia e a busca de novos parceiros e investidores”, finaliza o executivo. Barretto, do Sebrae: “A evolução da taxa de empreendimentos próprios é expressiva no Brasil”
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águaViva XII PRÊMIO LIF
GOTA S D E U M N OVO M U N D O A C Â M A R A DE CO MÉRC IO FR A NÇ A - BR A SIL ( CC FB ) A BRE A S IN SC RIÇÕES PA R A A EDIÇ ÃO 2013 DO PR Ê M IO LI F - LI B E R DA D E , IG UA LDA D E E F R AT E R N I DA D E . Você pode agora contar a todos quais são as iniciativas sustentáveis que sua empresa desenvolve, e suas experiências podem ser exemplo para outras empresas, ajudando na criação de uma sociedade melhor e mais comprometida com as causas sociais. S O B RE O X I I P RÊM I O L I F O Prêmio LIF, cujo nome faz uma homenagem aos ideais da Revolução Francesa, é uma iniciativa da CCFB para a promoção das práticas sustentáveis nas empresas. O objetivo da premiação é estimular a criação e o crescimento das iniciativas que promovem melhores condições para as pessoas /sociedade, vista sob um conceito mais amplo, capaz de contemplar aspectos econômicos, sociais, culturais e ambientais da sociedade humana.
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[ In Memoriam | Jean Avril ]
Jean avril 1921 -2013
a
representatividade de Jean Avril para a comunidade francesa no Brasil é inquestionável. Engenheiro químico, licenciado em Ciências pela Escola de Química de Nancy, foi superintendente e presidente-executivo da Rhodia Brasil, de 1981 a 1984, atuando em outros países como França, Uruguai e Argentina durante 38 anos de trajetória na empresa. Fora do universo corporativo, se
manteve sempre atuante, participando ativamente das atividades promovidas pela Câmara de Comércio FrançaBrasil (CCFB), com destaque para a revista França Brasil, e outras entidades franco-brasileiras, a exemplo do CenDoTeC, da Aliança Francesa e do Liceu Pasteur. Foi homenageado, em 2007, com o Prêmio Personalidade França-Brasil, oferecido pela CCFB às personalidades que contribuem para o crescimento das relações entre os dois países. Jean Avril faleceu no dia 17 de março de 2013, mas sua determinação para o fortalecimento do intercâmbio entre a França e o Brasil servirá de exemplo para essa e as próximas gerações. Abaixo fica registrada uma homenagem, em francês e português, de empresários que tiveram a oportunidade de conviver com Avril:
Edson Vaz Musa
Edson Vaz Musa
Jean Avril, conhecido na Rhodia como Dr. Avril, veio da Argentina, onde trabalhou na usina de Quilmes da Rhodiaceta, em meados de 1950 e assumiu a direção industrial da fábrica têxtil da Rhodia em Santo André. O trabalho que marcou os primeiros anos de sua carreira no Brasil foi o lançamento da fabricação do nylon (Rhodianyl) e do poliéster (Tergal). Esses produtos foram responsáveis pela decolagem da Rhodia para um novo patamar de rentabilidade e reputação. Reputação, pois foi com esses produtos que a empresa lançou, de forma pioneira, os famosos desfiles de moda na década de 1960, que deram um grande impulso à indústria têxtil brasileira e, o que poucos sabem, influenciaram novos artistas dando início à Bossa Nova. Dr. Avril, nessa fase, contratou os primeiros engenheiros brasileiros da empresa e, graças ao seu carisma e sua capacidade como animador de pessoas, teve marcante influência na formação de uma equipe que se transformou na década de 1980 no Comitê Executivo de toda a Rhodia. Ele ensinou a importância da presença dos dirigentes no “terreno” e pouco ficava no escritório. Todos os dias, às 8 horas, começava seu giro pela fábrica, onde voltava várias vezes para acompanhar os trabalhos nos canteiros mais críticos. Em 1981, com a aposentadoria de M. Romano, assumiu a presidência da empresa, em uma curta gestão, mas suficiente para constituir o primeiro Comitê Executivo da empresa, formado na maioria por profissionais brasileiros. Começou com ele uma nova fase áurea da Rhodia, que culminou em 1986, com o título de Empresa do Ano na prestigiosa edição de Melhores e Maiores; primeira empresa não brasileira a ganhar esse prêmio. Dr. Avril aposentou-se no início de 1984, como toda a discrição que sempre caracterizou sua vida profissional, mas com todo o respeito de todos seus colaboradores, que sempre tiveram por ele a admiração de um líder.
Jean Avril, connu chez Rhodia comme “Doutor Avril”, est arrivé d’Argentine, où il avait travaillé dans l’usine de Rhodiaceta à Quilmes, dans les années 50 pour assumer la direction industrielle de l’unité textile de Rhodia à Santo André. L’activité qui a fortement marqué les premières années de sa carrière au Brésil a été le lancement de la fabrication du nylon (Rhodianyl) et du polyester (Tergal). Ces deux produits ont permis à Rhodia de franchir un nouveau seuil tant en rentabilité qu’en réputation. Réputation, car par le biais de ces fibres, l’entreprise a lancé dans les années 60, de façon pionnière les défilés de mode, qui ont été à la source de la considérable expansion de l’industrie textile brésilienne et, ce que peu de gens savent, ont stimulé l’entrée en scène de nouveaux artistes et, avec eux, les débuts de la Bossa Nova. A cette époque, Monsieur Avril a embauché les premiers ingénieurs brésiliens de l’entreprise et, grâce à son charisme et à sa capacité d’animation des hommes, il a exercé une forte influence dans la formation d’une équipe, qui a composé dans les années 80 la majorité du Comité Exécutif de la Rhodia. Il n’a jamais cessé de montrer l’importance de la présence des dirigeants sur le tas. Il restait très peu de temps assis à son bureau. Tous les jours à 8h00, il commençait par un tour de toute l’usine et, au cours de la journée, revenait à plusieurs reprises pour suivre les travaux sur les chantiers les plus critiques. En 1981, succédant à Monsieur Romano, il a assumé la Présidence de l’affaire et sa gestion, bien que courte, a été suffisante pour constituer le premier Comité Exécutif de l’entreprise, composé en sa majorité par les cadres brésiliens formés sur place. Il a été l’initiateur d’une nouvelle période de prospérité de Rhodia, qui a atteint son apogée en 1986 avec la conquête du titre d’Entreprise de l’Année dans la prestigieuse édition Melhores e Maiores. Rhodia a été la première entreprise étrangère à recevoir cette consécration. Au début de l’année 1984, “Doutor Avril” a pris sa retraite, avec la même discrétion qui a toujours marqué sa vie professionnelle, mais avec le profond respect de tous ses collaborateurs, qui n’ont cessé de l’admirer comme le leader qu’il était.
Ex-presidente da Rhodia
74 FRANÇA BRASIL | MARÇO / abril 2013
Ancien président de Rhodia au Brésil
Jean Larcher
Jean Larcher
Coordenador do Comitê Editorial da revista França Brasil
Coordinateur du Comitê Editorial de la revue França Brasil
Jean Avril nós deixou. Ele foi, durante 15 anos, coordenador do Comitê Editorial dessa revista que hoje o homenageia – uma homenagem mais do que merecida! Como em todas as atividades que desempenhou, Jean envolveu-se inteiramente em prol da qualidade e do sucesso da publicação. Já editor de um boletim mensal apreciado por muitos, ele aceitou esse novo desafio com sua simplicidade e dedicação habituais. Porém, não era por medo de ficar inativo. Após uma brilhante carreira como engenheiro, diretor da fábrica da Rhodia, de 1946 a 1984, empresa na qual alcançou a presidência, Jean atuou durante alguns anos numa indústria têxtil e interveio em vários conselhos de administração. Ele participou de quase todas as associações francesas e franco-brasileiras, frequentemente como administrador e sempre como membro ativo. Apenas como exemplo, menciono seu inabalável apego à francofonia no âmbito da Aliança-Francesa e da Fundação Pasteur. Somando conhecimentos técnicos, sabedoria política e atração pela cultura, nunca faltou a uma reunião, um evento, ou uma confraternização. Preocupado em manter uma boa forma física, era frequentador assíduo de academias de ginástica. Ele adorava o cinema e, piloto emérito, foi um pioneiro da aviação esportiva no Brasil. Ele podia ser visto tanto discursando com competência, como dançando animadamente. Pioneiro igualmente por seu engajamento precoce a favor do Brasil, quando poucos acreditavam no seu destino, sempre zombado como país do futuro, Jean percebeu muito cedo o enorme potencial dessa nação. Empenhando-se com sua perseverança habitual para aprofundar seus conhecimentos sobre a história, a cultura e o potencial de oportunidades locais, Jean tornou-se um especialista de referência sobre o Brasil junto à comunidade francesa. Pertinência e discrição, assim como gentileza e disponibilidade, foram qualidades intrínsecas do colega e amigo. Respeitado por todos, amado por seus colegas, admirado por seus pares e honrado pelas autoridades, Jean foi um modelo de integridade lúcida e de dedicação solidária. Infelizmente, ele nós deixou, mas seu espírito inteiro ficará conosco.
Ancien président de Rhodia au Brésil Jean Avril n´est plus. Il fut pendant 15 ans le coordinateur du comité editorial de cette revue qui lui rend aujourd´hui cet hommage, oh! combien mérité. Comme dans toutes les activités qu’il a abordé, Jean s’est donné sans compter pour la qualité et le succés de la Revue. Déjà rédacteur lui-même d’un bulletin mensuel prisé par beaucoup, il avait accepté ce nouveau défi avec sa simplicité et son dévouement habituels. Ce n’était pourtant pas par crainte d’être inactif: après une brillante carrière d´ingénieur directeur d´usine à la Rhodia de 1946 à 1984 dont il termina Président, Jean se lança pendant quelques années dans une industrie textile, participa de plusieurs Conseils d’Administration et rejoignit à peu près toutes les associations françaises et franco-brésiliennes, dont il fut bien souvent sinon Administrateur, toujours un membre actif. N’en citons pour exemple que son indéfectible attachement à la francophonie au sein de l’Alliance Française et de la Fondation Pasteur. Alliant connaissances techniques, savoir politique et attrait pour la culture, il ne manquait pas une réunion, un événement ou une sortie. Prenant grand soin de sa bonne forme physique, il fréquentait assidument les salles de gymnastique. Il adorait le cinema et, pilote émérite, fut un pionnier de l´aviation légère au Brésil. On pouvait l’entendre disserter avec compétence, mais aussi le voir danser avec entrain. Pionnier également dans son engagement précoce au Brésil, quand bien peu croyaient en l’avenir de ce pays – toujours raillé comme le pays du futur, Jean en avait perçu très tôt l’énorme potentiel et, s’attachant avec sa persévérance coutumière à en appréhender l’histoire, la culture et les enjeux, il en était devenu un spécialiste incontournable au sein de la communauté française du Brésil. Pertinence et discrétion, gentillesse et disponibilité sont des qualités indissociables du collégue et de l´ami. Respecté par tous, aimé par ses collègues, admiré par ses pairs, honoré par les autorités, Jean fut un modéle d´intégrité lucide et dévouement solidaire. Il nous a hélas quitté, mais son esprit tout entier reste avec nous.
Louis Bazire
Louis Bazire
Presidente da Câmara de Comércio França-Brasil
Président de Câmara de Comércio França-Brasil
Jean Avril foi um dos exemplos de empresários pioneiros que tanto fizeram para o desenvolvimento das relações entre França e Brasil. Sua fidelidade à Câmara de Comércio França-Brasil foi notável até o fim de seus dias.
Jean Avril était l’exemple même de ces entrepreneurs pionniers qui ont tant fait pour le développement des relations entre le Brésil et la France. Sa fidélité à la CCFB a été sans faille et ce jusqu’au dernier jour.
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Qu’est-ce qu’une puissance au XXIe siècle ? O que é uma potência no século XXI? Thierry de Montbrial www.thierrydemontbrial.com
J
e commencerai par préciser ma propre interprétation des concepts de pouvoir et puissance. Il convient de s’entendre sur les concepts. J’appelle pouvoir d’une unité active, la capacité de mobiliser ses ressources dans des directions déterminées, et potentiel l’ensemble des objectifs virtuellement atteignables par cette mobilisation. La notion de puissance concerne le passage du virtuel au réel, c’està-dire le passage à l’acte et choix. L’Organisation qui dirige l’unité active exerce, par définition, le pouvoir collectif. L’identification du potentiel est un travail qualitatif auréolé d’incertitude, qui repose sur une analyse de l’environnement et sur une réflexion concernant le croisement des stratégies, celles de l’unité active en question, et celles de ses partenaires comme de ses opposants. Sans ressources, il n’y a ni pouvoir ni potentiel, donc une unité active peut disposer de ressources sans être capable de les mobiliser dans une direction voulue. Mais toute unité active dispose d’un minimum de ressources et d’un minimum de capacité d’en faire usage. Dans ce cas, on peut dire que l’impuissance provient non pas de l’absence de ressources ou de direction, mais d’un blocage au passage à l’acte. Et le passage à l’acte, c’est-à-dire la transition du virtuel au réel, est toujours une discontinuité. Les ressources, humaines et matérielles, sont donc à la base de la puissance. Par ressources humaines, j’entends le capital humain avec ses dimensions démographiques au sens large, mais aussi les forces morales, typiquement dérivées de la culture, de l’idéologie, de la religion ou des émotions. Ainsi entendues, les ressources humaines incluent le travail au sens économique, mais aussi les facteurs sous-jacents au soft power. Cette expression se réfère à la capacité d’obtenir des autres ce qu’on veut qu’ils fassent, sous le seul effet de la conviction. Le leadership en est le prototype. Le soft power est donc d’ordre psychologique et sociologique. Par contraste,
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C
omeço esse artigo expondo minha própria interpretação dos conceitos de potência e poder para que nos entendamos a esse respeito. O que chamo de poder de uma unidade ativa é a
capacidade de mobilizar recursos em determinada direção e de potencializar o conjunto de objetivos virtualmente atingíveis por meio dessa mobilização. A noção de potência se dá por meio da passagem do virtual para o real, isto é, a passagem para o ato por meio da escolha. A organização que gerencia a unidade ativa exerce, por definição, o poder coletivo. A identificação do potencial é um trabalho qualitativo cercado de uma aura de incerteza, com base na análise do ambiente e da reflexão sobre o cruzamento de estratégias, aquelas da unidade ativa em questão, e as de seus parceiros, bem como a de seus adversários. Sem recursos não há poder ou potencial, de modo que uma unidade ativa pode dispor de recursos sem ser capaz de mobilizá-los na direção desejada. Mas toda unidade ativa tem um mínimo de recursos e a capacidade mínima para utilizá-los. Nesse caso, podemos dizer que a impotência não vem da falta de recursos ou de direção, mas de um bloqueio na passagem para o ato. E a passagem para o ato, ou seja, a transição do virtual para o real, é sempre uma descontinuidade. Os recursos humanos e materiais estão, portanto, na base da potência. Como recursos humanos quero designar o capital humano, com suas amplas dimensões demográficas, mas também as forças morais, normalmente derivadas da cultura, ideologia, religião ou emoções. E assim compreendidos, os recursos humanos incluem o trabalho no sentido econômico, mas também os fatores subjacentes
le hard power concerne la mobilisation de ressources tangibles, lesquelles recouvrent évidemment une gamme très large de biens souvent complémentaires au soft power, qu’il s’agisse par exemple de faire de la propagande, de diffuser une culture, de menacer de faire la guerre ou de la faire effectivement. Je ne donne pas ces exemples au hasard, mais pour montrer qu’en pratique le soft power est presque toujours associé à une dose de hard power. On parle aussi de smart power pour qualifier ce type de couplage, où le hard power intervient en soutien au soft power et non l’inverse. Les unités actives, en particulier les unités politiques, sont inégalement habiles face à l’exercice du smart power. En particulier, quand il s’agit de travailler sur leur image et leur réputation. Venons-en aux ressources matérielles. Du point de vue économique, la ’’terre’’ se réfère aux ressources du sol, du soussol et de l’espace, éventuellement à l’attrait des paysages (en liaison avec le tourisme). Pour un Etat, l’espace a des qualités propres de même que la population ne se réduit pas à la force de travail. Quant au capital, il recouvre les biens que la science économique désigne sous ce vocable, mais aussi, par exemple, certains des éléments tangibles sous-jacents au soft power. Songeons, par exemple, au pouvoir d’aimantation qu’exerce une ville comme Paris dans le monde entier. Cette typologie des ressources, donc des éléments de la puissance, est très générale. En pratique, face aux nécessités de l’action, toute unité active doit identifier et évaluer les ressources concrètes pertinentes de son point de vue. S’agissant de l’évaluation, il faut attirer l’attention sur l’erreur commune consistant à la confusion entre les ressources et leur finalité, c’est-à-dire les objectifs auxquels elles peuvent servir. En économie cela reviendrait à identifier les facteurs de production et le produit. J’ai défini le pouvoir comme la capacité de mobiliser des ressources dans une direction déterminée, décidées par une Organisation qui elle-même doit souvent être analysée comme une unité active avec sa propre Organisation et ainsi de suite. Ceci conduit à l’idée de ce que j’ai appelé les “usines de production des décisions’’ qui a la tendance à l’organisation du pouvoir par ressource, et donc à une forme de séparation des pouvoirs, évidemment différente de celle de Montesquieu. Ainsi parle-ton couramment de la puissance économique, de la puissance militaire ou du pouvoir culturel. Chaque pouvoir est associé à une catégorie de ressources, mais aussi à une catégorie d’objectifs pensés comme susceptibles d’être atteints par leur mobilisation, à la limite indépendamment des autres ressources. La tendance au fractionnement, qui est liée à la technicité croissante de chaque domaine, ne s’arrête évidemment pas là. En économie, on distinguera par exemple la puissance industrielle et la puissance financière ; dans les armées, entre la puissance terrestre, navale ou aérienne. Je crois que cette question de la coordination des pouvoirs est l’une des plus importantes qui nous soit posée au
ao soft power. Este termo refere-se à capacidade de obter dos outros o que deseja que façam, exclusivamente por convicção. Liderança é o protótipo para o conceito. Soft power é, então, de ordem psicológica e sociológica. Por outro lado, o hard power se trata da mobilização de recursos tangíveis, os quais cobrem, obviamente, uma vasta gama de produtos complementares ao soft power, por exemplo, propaganda, divulgação de uma cultura, ameaça de guerra ou realmente promovê-la. Dou esses exemplos não aleatoriamente, mas para mostrar que na prática o soft power é quase sempre associado a uma dose de hard power. Falamos também de smart power para descrever esse tipo de união, na qual o hard power intervém para apoiar o soft power e não o inverso. Unidades ativas são hábeis de formas diversas para o exercício do smart power. Em particular, quando se trata de trabalhar sobre imagem e reputação. Vamos passar aos recursos materiais. De uma perspectiva econômica, “terra” refere-se aos recursos do solo, subsolo e espaço, eventualmente às paisagens atraentes (para o turismo). Para um Estado, o espaço tem qualidades únicas, assim como a população não se reduz à força de trabalho. Em relação ao capital, ele abrange bens que a economia designa sob esse termo, mas também, por exemplo, alguns elementos tangíveis subjacentes ao soft power. Considere, por exemplo, o magnetismo exercido por uma cidade como Paris no mundo todo. Essa tipologia de recursos como elementos de uma potência é muito geral. Na prática, diante das necessidades da ação, qualquer unidade ativa deve identificar e avaliar os recursos concretos de seu ponto de vista. Com relação à avaliação, chamamos a atenção para a comum confusão entre os recursos e sua finalidade, isto é, os objetivos para os quais podem ser utilizados. Em economia isso identifica os fatores de produção e do produto. Defino poder como a capacidade de mobilizar recursos em uma direção específica, decidida por uma organização que deve, muitas vezes, ser analisada como uma unidade ativa com sua própria organização e assim por diante. Isso gera a ideia de que eu chamei de “usinas de produção de decisões” que tem a tendência à organização do poder por recurso e, portanto, uma forma de separação de poderes, obviamente diferente da de Montesquieu. Assim é que se fala fluentemente do poder econômico, o poder militar ou poder cultural. Cada ramo é associado a uma categoria de recurso, mas também a uma categoria de objetivos que podem ser alcançados através da sua mobilização, com limite independente das demais fontes. A tendência à divisão, que está relacionada à crescente tecnicidade de cada campo, obviamente, não para por aí. Na economia, podemos distinguir, por exemplo, a potência industrial e a financeira. No exército, distiguimos o poder armado entre terra, mar ou ar. Acredito que essa questão da coordenação de poderes é uma das mais importantes a nos ser apresentada no século 21.
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XXIe siècle. L’enjeu a considérablement augmenté avec l’apparition du cyber-pouvoir, avec la capacité, pour toutes sortes d’unités actives, d’agir sur le “cyber-espace’’, c’est-à-dire sur les systèmes de toute nature qui sont connectés directement ou indirectement via Internet. Aujourd’hui, le système est massivement asymétrique, en faveur de l’attaque et peuvent avoir l’occurrence d’une catastrophe majeure, tôt ou tard. Il est difficile d’en prévoir les conséquences, mais l’une d’entre elles pourrait être une tendance à la nationalisation du Web, ce qui est techniquement possible. Cette perspective n’est d’ailleurs pas la seule dans le sens d’un ralentissement de la mondialisation et d’un retour partiel aux formes plus classiques de la puissance. La vie des unités actives peut s’interpréter comme un réaménagement continu de son “portefeuille de ressources’’, résultant des états de la nature, ainsi que des interactions entre les actions menées à l’intérieur et à l’extérieur de l’unité active. Les échanges avec l’extérieur ne sont pas seulement économiques. Ainsi, une guerre conduit aussi à des “échanges’’ qui se traduisent par des diminutions ou par des accroissements de ressources. Aucun état stationnaire n’est possible, ne serait-ce qu’en raison de l’usure naturelle ainsi que de l’obsolescence technologique qui frappe certaines d’entre elles. Les ressources ne sont pas des variétés d’un même bien, que l’on pourrait instantanément et sans frais transformer entre elles. Ceci me conduit à reprendre la question du “portefeuille de ressources’’ d’un Etat sous l’angle du succès économique, envisagé comme une précondition pour toutes les autres formes d’ambition. Y compris, d’ailleurs, dans le domaine social ou environnemental. Car c’est une vieille illusion de croire que le plein emploi, une meilleure vie pour tous ou la “croissance verte’’ puissent être compatible avec une croissance globale zéro. Sauver la planète, ce n’est pas abolir la croissance, mais l’orienter pour qu’avec l’éradication de la misère et la promotion de la dignité humaine se construisent aussi ce que, par abus de langage, on appelle les “biens publics mondiaux’’. Pourtant, leur conclusion est simple, et repose sur la distinction entre “institutions exclusives’’ et “institutions inclusives’’. Des institutions exclusives asservissent un Etat au profit d’une classe ou d’un groupe. Des institutions inclusives créent les conditions pour que s’épanouissent durablement tous les talents, et d’abord la faculté d’entreprendre. Naturellement, à chaque fois que dans un pays les conditions politiques permettent la mise en place d’institutions inclusives, les décisions correspondantes sont moins le produit d’une “grande stratégie’’ que la conséquence d’une sorte de lutte de classes. Dans la phase du décollage tout dépend des circonstances. Enfin, l’histoire du succès économique met au premier plan l’importance des institutions dites inclusives. Pour une grande part, le destin de la mondialisation reposera sur la capacité de faire émerger, en l’absence d’une impossible unité politique monde, les institutions “globales’’ nécessaires à sa survie. Je vais compléter l’analyse de la puissance à partir de trois adjectifs- multipolaire, hétérogène, complexe, notion qui se réfère
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O desafio aumentou drasticamente com o advento do cyber poder, com a capacidade de todos os tipos de unidades ativas atuarem no “ciber-espaço”, ou seja, em todos os tipos de sistemas que estão direta ou indiretamente ligados pela internet. Hoje em dia, o sistema é vulnerável ao ataque e pode haver um grande desastre, mais cedo ou mais tarde. É difícil prever as consequências, mas uma delas pode ser uma tendência à nacionalização da web, o que é tecnicamente possível. Essa perspectiva não é a única no sentido de um abrandamento da globalização e um retorno parcial às formas mais convencionais de poder. A vida das unidades ativas pode ser interpretada como uma renovação contínua do seu “portfólio de recursos” resultantes da natureza, bem como das interações entre as ações internas e externas à unidade ativa. O intercâmbio com o mundo exterior não é apenas econômico. Assim, uma guerra leva a mudanças que resultam em diminuição ou aumento de recursos. O estado imutável é impossível a menos que seja provocado por conta do desgaste natural e obsolescência tecnológica que afeta algumas dentre elas. Os recursos não são variedades de um mesmo bem, que podem se transformar de modo instantâneo e gratuito. Voltamos à questão do “portfólio de recursos” de um Estado sob o ângulo do sucesso econômico, visto como um prérequisito para todas as outras formas de ambição. Isso é compreendido, aliás, no âmbito social ou ambiental. É uma velha ilusão de que o bom emprego, uma vida melhor para todos, ou o “crescimento verde’’ pode ser compatível com crescimento global zero. Salvar o planeta não se trata de eliminar o crescimento, mas o orientar que, com a erradicação da pobreza e a promoção da dignidade humana se construa o que se chama, por força de expressão, “propriedade pública global”. No entanto, a sua conclusão é simples e baseia-se na distinção entre “instituições exclusivas’’ e” instituições inclusivas’’. Instituições exclusivas escravizam um Estado em favor de uma classe ou grupo. Instituições inclusivas criam condições para florescer de forma duradoura todos os talentos, e de início a faculdade de empreender. Naturalmente, sempre que em um país as condições políticas permitem o estabelecimento de instituições inclusivas, as decisões correspondentes são menos produto de uma “grande estratégia” que a consequência de uma espécie de luta de classes. Na fase de decolagem tudo depende das circunstâncias. Finalmente, a história do sucesso econômico coloca em primeiro plano a importância das instituições chamadas inclusivas. Em grande parte, o destino da globalização será baseado na capacidade do surgimento, na falta de uma unidade política mundial, de instituições
aux différences culturelles et idéologiques entre les Etats, parfois simplement liées à un régime politique, et souvent plus profondes, me parait également l’une des clés pour comprendre le monde du XXIe siècle. A mon sens, du point de vue classique des rapports entre les puissances, le plus grand danger qui guette le système international au XXIe siècle est le risque de réaction en chaîne, à partir de mauvaises gestions de l’hétérogénéité en raison de la multipolarité Multipolaire, hétérogène, le système international contemporain est également complexe. En théorie des systèmes, la complexité se définit par la non-linéarité des relations entre ses éléments, c’est-à-dire la non-proportionnalité des causes et des effets. Dans un système non-linéaire, une perturbation infime peut conduire à une forme très particulière de hasard, que l’on appelle chaos. La combinaison de la multipolarité et de l’hétérogénéité permet également de comprendre comment l’absence d’institutions appropriées, c’est-à-dire l’inadéquation des “usines de production des décisions’’, dans un monde sans puissance hégémonique, peut conduire à des désastres, alors même que tous les pôles s’accorderaient a priori sur l’essentiel, c’est-à-dire la stabilité structurelle. Pour conclure, je vous rappelle de que le monde n’est pas une collection de personnes physiques, mais d’Etats, et que dans chacun d’eux la politique précède l’économie. Plus que d’autres, la France éprouve de grandes difficultés à se reformer, c’est à dire à se mettre en ordre de marche pour réussir dans la concurrence de structures. Tel est l’enjeu de la bataille pour la compétitivité. Nous la perdrons si nous continuons à l’aborder de façon idéologique. Et derrière l’affrontement idéologique - qu’il serait caricatural de résumer en termes de gauche et de droite – se cache une lutte entre les éléments actifs de deux classes, celle de ce qu’il faut bien appeler les conservateurs, c’est à dire des rentiers attachés à l’irréversibilité des “avantages acquis’’ ; et celle des entrepreneurs dans l’acception large du terme. Comme le maintien d’un monde ouvert interdit l’arbitraire le plus total en matière macroéconomique, et qu’il faut bien maintenir un équilibre budgétaire, le risque est de l’atteindre par des mesures qui, année après année, affaiblissent tous les éléments de notre puissance, y compris dans l’ordre diplomatique ou militaire. Ayant dit cela, il me parait clair que la France est encore une puissance, et qu’elle reste reconnue comme telle, même si son image vacille. Le restera-t-elle au long du XXIe siècle ? Je le souhaite pour nos descendants car la puissance d’un pays bénéficie à ses citoyens, mais surtout pour le monde car je suis convaincu que nous avons beaucoup à donner. Tout dépendra de l’issue d’un vrai et grand combat politique. Ce combat est engagé. Extrait de discours prononcé lors du déjeuner avec des membres de la Chambre de Commerce France-Brésil le 15 janvier 2013.
“globais’’ necessárias para a sua sobrevivência”. Eu vou concluir a análise de potência a partir de três adjetivos – multipolar, heterogênea e complexa – conceito que se refere às diferenças culturais e ideológicas entre os estados, às vezes simplesmente relacionados a um regime político, e muitas vezes mais profundos, o que me parece também uma chave para a compreensão do mundo do século 21. Na minha visão, a visão convencional da relação entre potências, o maior perigo para o sistema internacional no século 21 é o risco de reação em cadeia, a partir da má gestão da heterogeneidade em virtude da multipolaridade. Multipolar, heterogêneo, o sistema internacional contemporâneo é igualmente complexo. Na teoria dos sistemas, a complexidade é definida pela não linearidade das relações entre seus elementos, isto é, a não proporcionalidade de causa e efeito. Em um sistema não linear, uma pequena perturbação pode conduzir a uma forma muito específica de acaso, chamada caos. A combinação de multipolaridade e da heterogeneidade permite igualmente entender como a falta de instituições apropriadas, ou seja, a inadequação das “usinas de produção de decisão”, em um mundo sem hegemonia, pode levar ao desastre, mesmo que todos os polos concordassem a priori sobre o essencial, isto é, a estabilidade estrutural. Para concluir, lembro que o mundo não é uma coleção de indivíduos, mas de Estados e, em cada um deles, a política precede a economia. Mais do que outros, a França tem grandes dificuldades para a reforma, ou seja, para se colocar em marcha para ter sucesso na concorrência de estruturas. Essa é a questão da luta pela competitividade. Vamos perder se continuarmos a tratá-la ideologicamente. E por trás do confronto ideológico – que seria grotesco resumir em termos de esquerda e direita – encontra-se uma luta entre os elementos ativos de duas classes, aquela que deve ser, de fato, chamada de conservadores, ou seja, os pensionistas ligados à irreversibilidade de “interesses adquiridos’’, e aquela dos empreendedores, no sentido mais amplo do termo. Como em macroeconomia o arbitrário é proibido e é preciso manter um equilíbrio de budget, o risco é de esperar por medidas que, ano após ano, enfraqueçam todos os elementos de nossa potência, compreendidos na ordem diplomática ou militar. Dito isso, parece-me claro que a França ainda é uma potência, e é reconhecida como tal, mesmo que sua imagem sofra oscilação. Ela persistirá ao longo do século 21? Eu assim desejo para os nossos descendentes, pois o poder de um país beneficia seus cidadãos, mas também para o mundo, porque estou convencido de que temos muito para oferecer. Tudo vai depender do resultado de um verdadeiro e grande embate político. Essa batalha está engajada. Extrato do discurso proferido no almoço com membros da Câmara de Comércio França-Brasil em 15 de janeiro de 2013.
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Siscoserv: nouvelles règles et obligations en matière d’importation et d’exportation de services paulo uras
Siscoserv: novas regras e requisitos para os serviços de importação e exportação
Fabrice Colla Manager /Tax Consulting – Deloitte Touche Tohmatsu Gerente/ Consultoria Tributária – Deloitte Touche Tohmatsu
L
es sociétés réalisant des exportations ou des importations de services au Brésil/vers le Brésil, sont confrontées depuis peu à de nouvelles règles et obligations de déclarations des services reçus ou prêstés. Votre entreprise est-elle concernée? Etes-vous/Serez-vous prêts à répondre aux attentes de la administration? Telles sont les questions auxquelles nous tenterons d’apporter une première réponse dans les lignes qui suivent. Qu’est-ce que Siscoserv? Siscoserv (Sistema integrado de comércio exterior de servicos, intangíveis e outras operações que produzem variações no patrimônio) est un système informatisé, disponible en ligne sur internet, visant à recueillir des informations en matière de commerce extérieure de services, d’opérations intangibles, et de toute autre opération produisant des variations de patrimoine. L’administration mentionne que ce système a été mis en place en vue de produire des statistiques utiles pour les pouvoirs publics et d’aider à la gestion de mécanismes d’appui économique aux niveaux fédéral, fédéré et municipal. Quelles sont les opérations visées et qui doit les déclarer? Les opérations à déclarer peuvent être synthétisées comme suit: • Toutes les prestations de services, opérations intangibles, et toute autre opération produisant des variations de patrimoine, prestées par des résidents ou des opérateurs domiciliés au Brésil en faveur de résidents ou opérateurs domiciliés a l’étranger, et inversement; • Les opérations réalisées par le biais d’une représentation commerciale à l’extérieur du Brésil. Sont tenus de déclarer les opérations susmentionnées, de manière générale: • Le prestataire de services résident ou domicilié au Brésil; • La personne physique ou juridique, résidente ou domiciliée au Brésil qui réalise ou acquière (selon le cas) une opération intangible ou une opération produisant une variation de patrimoine; • Les administrations publiques, directes ou indirectes, de l’Union, des Etats, des Municipalités et du District Fédéral. L’enregistrement des opérateurs et le report des informations
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A
s empresas exportadoras ou importadoras de serviços no Brasil/do Brasil recentemente se depararam com novas regras e requisitos de notificação dos serviços recebidos ou
prestados. O seu negócio foi afetado por essa nova regra?
Você está – ou estará – pronto para atender às expectativas da administração? Estas são as perguntas que tentaremos responder nas linhas seguintes. O que é Siscoserv? Siscoserv (Sistema integrado de comércio exterior de serviços intangíveis e outras operações que produzem variações no patrimônio) é um sistema informatizado, disponível na internet, cujo objetivo é reunir informações sobre o comércio exterior de serviços, de operações intangíveis e de qualquer outra operação decorrente da variação de patrimônio. O governo afirma que esse sistema foi posto em prática a fim de produzir estatísticas úteis para os poderes públicos e, assim, auxiliar na gestão de mecanismos de apoio econômico em âmbito federal, estadual e municipal. Quais operações são previstas e o que devem declarar? As operações reportadas podem ser resumidas como: • Todos os serviços, operações intangíveis e qualquer outra operação que resulte em variação de patrimônio, realizadas por residente ou domiciliado no Brasil para residentes ou domiciliados em países estrangeiros, e vice-versa; • As operações realizadas por intermédio de uma representação comercial fora do Brasil. São obrigados a comunicar as operações acima, em geral: • O fornecedor de serviços de residente ou domiciliado no Brasil; • A pessoa física ou jurídica, residente ou domiciliada no Brasil, que realiza ou adquire (conforme o caso) uma operação intangível ou que resulte em uma variação de patrimônio; • Os governos do país, dos estados, municípios e do Distrito Federal.
dans le système. Comment procéder ? Bien entendu, les opérateurs doivent s’enregistrer et à ce titre fournir et/ou disposer d’une série d’informations. Par ailleurs, les informations reportées dans le système doivent répondre a un format spécifique, être reportées dans des délais strictes, reprendre des codifications spécifiques et des références particulières. Ces éléments sont détaillés dans les manuels mis à disposition par l’administration, constituant également un condensé des règles et de l’utilisation du système: Siscoserv – Manual Informatizado, 3ª edição aprovada pela Portaria Conjunta RFB/SCS n° 2.328, de 28 de outubro de 2012. http://www.receita.fazenda.gov.br Conclusion Il est malaisé de résumer en quelques lignes toutes les obligations incombant aux prestataires et preneurs de services destines à l’importation/ exportation, de même qu’il est à ce stade impossible d’évaluer la réelle efficacité du système, qui connaitra probablement des modifications dans le futur afin de répondre aux besoins. Nous ne pouvons qu’inviter les entreprises à la prudence et à procéder avec la plus grande diligence a l’analyse de leurs opérations et de leurs nouvelles obligations. Comme de coutume, le nonrespect de ces nouvelles règles est assorti de contrôles et de sanctions non négligeables qui feront sans aucun doute grincer des dents.
Registro de negócio e transferência de informação no sistema. Como proceder? As empresas devem se registrar e, para isso, fornecer uma série de dados. Além disso, as informações contidas no sistema devem corresponder a um formato específico, reportadas em prazos rigorosos, com codificações específicas e referências particulares. Esses itens são detalhados nos manuais fornecidos pela administração, sendo também um compêndio de regras e do uso do sistema: Siscoserv – Manual Informatizado, 3ª edição aprovada pela Portaria Conjunta RFB/SCS n º 2328, de 28 de outubro de 2012. http://www.receita.fazenda.gov.br Conclusão É difícil resumir em poucas linhas todas as obrigações dos prestadores e contratantes de serviços relacionados à importação/ exportação, de forma que nessa fase é impossível avaliar a real eficácia do sistema, que provavelmente vai experimentar mudanças no futuro, para satisfazer às necessidades. Sugerimos que as empresas procedam com cautela e máxima diligência na análise de suas operações e suas novas obrigações. Como de costume, a não conformidade com as novas regras está sujeita à fiscalização e penalidades significativas e que,sem dúvida, trarão consequências desagradáveis.
FEVEREIRO / MARÇO 2013 | FRANÇA BRASIL 81
[ registro de viagem ]
O Melhor da França Por Vanessa Gerbelli Indicada recentemente pela
Q
Associação dos Produtores de Teatro no Rio de Janeiro (APTR) ao prêmio de Melhor Atriz por sua atuação no musical-rock Quase Normal, atualmente em cartaz no Teatro FAAP, em São Paulo
Espetáculos encenados no teatro Les Bouffes du Nord e exposições promovidas no Museu d’Orsay destacam-se na roteiro de atrações culturais de Paris
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divulgaç
ão/ FOTOLIA
uando viajei a França pela primeira vez escolhi um único destino: Paris. O momento era mais do que especial, pois fui passar o réveillon lá, com meu marido na época. Foi uma experiência deliciosa. Simplesmente, amei. A cidade é lindíssima em cada detalhe: as construções, todo o seu patrimônio cultural, a comida, a música, entre milhares de outros detalhes. Acredito que Paris seja tão charmosa justamente por guardar e retratar muitas histórias. A gastronomia parisiense é um caso à parte e eu ainda sonho com os croissants de chocolate, pois não existem melhores em qualquer lugar do mundo. Assim como os vinhos, que se tornam ainda mais saborosos quando podemos degustá-los em meio a um daqueles cenários encantadores. Entre os passeios inesquecíveis que fiz pela capital francesa, destacam-se as visitas ao Museu do Louvre e ao Museu d’Orsay. Isso sem contar o teatro de Peter Brook, o Les Bouffes du Nord, construção que data de 1876. Qualquer que seja a produção encenada ali, vale a pena assistir. Em Paris tudo é tão mágico que fica difícil descrever a atmosfera local. Mas posso dizer que a cidade é inspiradora e nos convida a caminhar descontraidamente pelas ruas, e também a entrar em seus charmosos restaurantes e cafés, sempre aconchegantes e deliciosos. E fica quase impossível resistir aos seus interessantes programas culturais.
Aliás, na França tudo é tão surpreendente que até um episódio que teria tudo para ser desagradável pode se tornar engraçado. Se passei por alguma dessas situações? Logicamente que sim e não escondo. Durante a viagem, no dia exato de comemoração do réveillon, tive uma indisposição e fui atendida no hotel em que estava hospedada. Mas não é que o médico era parecido com o ator Richard Gere, no seu auge? Era chiquérrimo e incrivelmente bem-vestido. Em princípio cheguei a pensar que fosse um delírio, provocado pela febre. Mas não, não era... São histórias como essa que nos fazem pensar que coisas assim só podem acontecer mesmo em Paris. Ainda não retornei à França após essa viagem, mas tenho planos de fazer isso em breve, com certeza. A cada novo ano, aliás, eu penso nessa possibilidade. Preciso apenas encontrar uma data em minha agenda de trabalho. Mas com certeza pretendo passar por momentos tão românticos e divertidos quantos aqueles.