Boletim Especial 38ª Reunião Anual da SBQ

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Editorial O planejamento da 38a Reunião Anual da SBQ começou um ano antes ainda em Natal durante a 37a RA. Foram várias reuniões, milhares de e-mails, centenas de cartas, inúmeros telefonemas. Um trabalho árduo e contínuo com algumas noites sonhando que tudo seria perfeito, outras madrugadas pensando no que poderia dar errado. O evento é planejado contando com a participação voluntária de muitas pessoas. O impacto positivo causado nos participantes com novas ideias nos antigos projetos e novos planos para a carreira acadêmica é o melhor resultado da Reunião. Assim, não teria nenhum efeito a presença de ilustres palestrantes se a plateia estivesse vazia. Também não teria sentido ter uma excelente banda tocando para ninguém. Enfim, são realmente muitas as dúvidas que passam pela cabeça de quem está organizando um evento deste porte! É sem dúvida um longo ano até chegar o dia da abertura. Felizmente quase duas mil pessoas vieram para Águas de Lindóia! As salas estavam cheias com as mentes fervilhando com novos pensamentos. Impossível ficar insensível com as palavras fortes do prêmio Nobel sobre a importância de buscar as melhores instituições durante a formação. Certamente planos diversos foram realizados durantes as inúmeras atividades. Novos projetos de colaboração foram delineados em computadores, guardanapos ou mesmos na pele da mão. Também foi bom ver os sorrisos pelos corredores e muitos dançando pela madrugada. Nesta revista destacamos algumas das atividades que ocorreram durante a 38a Reunião Anual. Foi preciso eleger algumas prioridades devido a restrições de espaço.

Goiânia 2016 O Centro-Oeste foi escolhido como sede da próxima Reunião Anual da SBQ, que será realizada de 30 de maio a 2 de junho, no Centro de Convenções de Goiânia. A participação das secretarias regionais de Goiás, Distrito Federal e Mato Grosso do Sul será fundamental na organização e no sucesso do evento. Será a primeira RA nesta região.

Esta revista faz um registro histórico da 38a RA, sendo uma excelente oportunidade para recordar ou para ver o que perdeu. Quero agradecer aos meus colegas das Comissões Organizadora e Científica, à Diretora Executiva da SBQ, Sra. Dirce Campos, e a todos os funcionários da secretaria da SBQ em São Paulo. Agradeço também aos assessores ad hoc pela avaliação dos quase 1.500 resumos submetidos. Toda esta equipe é igualmente importante. FAPESP, CAPES e CNPq são valiosos parceiros no financiamento deste evento de forma contínua. A atmosfera da RA foi tão leve e bem-humorada, que o Nobel convidado recebeu de presente uma lata de doce de leite, um presente bem brasileiro, que ele ergueu feliz como se fosse um outro prêmio. É por isso a imagem que escolhemos para a capa desta revista. Foi muito gratificante receber elogios de diversos alunos e pesquisadores durante e após o evento. Contudo, o melhor foi ouvir acidentalmente ao caminhar pelos corredores dois alunos falando um ao outro do quanto estavam gostando do evento. Algo assim renova as energias e motiva para tentar fazer da 39a Reunião Anual da SBQ um evento melhor! E já começamos a trabalhar para a 39a RA que será realizada pela primeira vez na região Centro-Oeste de 30/maio a 02/junho de 2016 em Goiânia. Reserve esta data. Nos vemos em Goiânia! Forte abraço,

Luiz F. Silva Jr

Secretário Geral da SBQ Presidente da Comissão Organizadora da 38a e da 39a RAs


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SESSÃO DE ABERTURA

Adriano D. Andricopulo, presidente da SBQ

Andricopulo celebra conquistas recentes da SBQ, anuncia data da IUPAC 2017 e alerta para gravidade da crise econômica Com auditório para 1.500 pessoas lotado, a 38ª desafios locais e buscar oportunidades de integração Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Química e desenvolvimento”, declarou o presidente da SBQ. foi aberta em clima bem-humorado e festivo. Em Ele manifestou preocupação com os rumos da seu discurso, o presidente da SBQ, Adriano D. economia e suas consequências na educação: “No Andricopulo, destacou a trajetória da entidade que vasto campo das preocupações, devo me referir conseguiu, pela primeira vez, trazer para o Brasil o aos abalos sofridos pela economia brasileira com mais importante evento da comucrises internas e internacionais de nidade Química internacional, o gravíssimas proporções, que tem Congresso da IUPAC. Ele anunciou “O momento exige afetado o crescimento e diminuído que o evento de 2017 será realizado as oportunidades em vários setores que estejamos em São Paulo, de 9 a 14 de julho, em importantes. Devo me referir aos meio às comemorações de 40 anos rumos da educação, da ciência e prontos para da entidade. defender nossos da tecnologia em nosso país, e Andricopulo fez um balanço das ao seu impacto na desigualdade interesses a fim recentes ações da entidade, que econômica e social e na própria retomou a realização de encontros de encontrarmos desigualdade científica e tecnológica, regionais em 2014, voltando ao que, evidentemente, se manifesta em soluções” Nordeste depois de 25 anos, e na todos os espaços nacionais. Contudo, Região Norte, onde houve Encontros a complexidade e as dificuldades do Regionais em Manaus e em Belém. “Cabe aqui momento não são motivos para timidez, desânimo e valorizar estas ações e o envolvimento essencial recuo; ao contrário, mais do que nunca, é necessário de nossas Secretarias Regionais na promoção do que possamos identificar os nossos interesses e debate de vários temas ligados à Química das regiões, estarmos prontos para defendê-los a fim de encontrar porque precisamos cada vez mais reconhecer os soluções.”


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CONFERÊNCIA DE ABERTURA

Um guerreiro contra as doenças neglicenciadas Luiz Carlos Dias, da Unicamp, falou sobre seu trabalho em Química Orgânica Sintética na conferência de abertura da 38ª. RASBQ

Será possível imaginar um mundo onde a malária, uma entretanto, que a habilidade em manipular moléculas doença que ainda mata 580 mil pessoas por ano, sendo se voltou para a busca de medicamentos voltados para 80% crianças, esteja erradicada? Ou então livre da as doenças tropicais deixadas de lado pela indústria. doença de Chagas, distúrbio que contabiliza atualmente Em 2008 teve um projeto selecionado pela 7 milhões de infectados em grande parte dos países em Organização Mundial da Saúde para a pesquisa de desenvolvimento? soluções para a doença de Chagas e, em Para Luiz Carlos Dias, é. O brasileiro 2012, foi convidado a participar da rede nascido em Balnerário Camboriu-SC, internacional de pesquisadores de duas “A nossa meta e radicado em Campinas (SP), onde ONGs especializadas nesses tipos de é desenvolver coordena o Laboratório de Química distúrbio, ambas sediadas em Genebra: Orgânica Sintética da Unicamp, é a Medicines for Malaria Venture (MMV), um candidato uma das peças-chave de um projeto voltada ao combate desta que ainda clínico forte para a global que visa o desenvolvimento de é a doença parasitária que mais mata medicamentos eficientes e a erradicação doença de Chagas no mundo, e a Drugs for Neglected destas e outras doenças semelhantes Deseases initiative (DNDi), que, além e a malária, duas no mundo. “São as chamadas doenças da malária e Chagas, também busca doenças endêmicas negligenciadas”, explica. “Típicas de tratamentos para leishmaniose, doença países pobres, elas não rendem lucros do sono, HIV infantil e outras. do Brasil, em até financeiros e despertam pouco interesse “A nossa meta é desenvolver um cinco anos, com das grandes farmacêuticas.” candidato clínico forte para a doença Dias foi o convidado da Sociedade de Chagas e a malária, duas doenças o objetivo de Brasileira de Químicos (SBQ) para endêmicas do Brasil, em até cinco anos, erradicá-las” ministrar a palestra de abertura do com o objetivo de erradicá-las”, diz o 38ª. Reunião Anual da entidade. Na professor. Isso não significa que ainda oportunidade, contou em detalhes sobre este e outros não exista nenhuma forma de tratamento para elas, mas trabalhos que acontecem sob sua coordenação e têm as opções disponíveis atualmente ainda pecam em uma colaborado para inserir o Brasil na linha de frente da série de fatores que acabam diminuindo sua eficácia, pesquisa científica global. como os longos períodos de dosagem, os fortes efeitos Com graduação em Química pela Universidade colaterais e a criação de resistência nos parasitas. “São Federal de Santa Catarina, doutorado pela Universidade remédios muito tóxicos e que devem ser tomados por de Campinas (Unicamp) e o pós-doutorado em Harvard, cerca de 40 dias, então as pessoas acabam abandonando nos Estados Unidos, Dias se especializou em síntese o tratamento no meio”, segundo Dias. orgânica, área à qual dedicou seus vinte anos de Outro desafio perseguido pelos colaboradores da pesquisa acadêmica até aqui. Foi só nos últimos oito, DNDi e da MMV passa pela necessidade de compostos


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que sejam resistentes à umidade superior a 65% e às temperaturas acima dos 35 graus comuns às regiões onde esses parasitas se proliferam. “É um desafio enorme, mas, mesmo que não descubramos nada, eu vou poder olhar para trás, daqui a 20 anos, e ficar tranquilo porque pelo menos eu tentei”, diz Dias, emocionado. “Há crianças morrendo disso, e, em 2015, isso é inadmissível. É um trabalho que pode realmente salvar vidas.” A conferência de abertura teve como novidade este ano o serviço de tradução simultânea para o Português. “É um trabalho importante, para que os cientistas estrangeiros possam participar melhor”, afirmou o secretário-geral da SBQ Luiz Fernando Silva Jr. E mesmo com o ritmo empolgante do conferencista o trabalho foi bem feito. Omar Yaghi, um dos conferencistas convidados para a RASBQ, elogiou o trabalho. “A tradutora certamente tinha bons conhecimentos em química e creio que não perdi nada da ótima conferência do professor Luiz Carlos Dias”, observou. Lanousse Petiote, doutorando em Química Inorgânica na Unicamp, gostou da conferência de abertura. “Achei muito bacana. Eu já havia conversado com o professor Luiz Carlos Dias e o que ele falou hoje expressa de fato quem ele é”, disse o químico haitiano, que chegou ao Brasil em agosto de 2011, por meio de um programa de intercâmbio, e hoje é um aluno regular da pós-graduação. A professora Rossimiriam Freitas, da UFMG, esteve presente à cerimônia de abertura e elogiou tanto a escolha do conferencista quanto a sua fala. “O Luiz Carlos Dias é fantástico, uma pessoa a quem admiro muito. A evolução de sua carreira é única em sua geração”, declarou.

Luiz Carlos Dias, professor e pesquisador da Unicamp

“É um desafio enorme, mas, mesmo que não descubramos nada, eu vou poder olhar para trás, daqui a 20 anos, e ficar tranquilo porque pelo menos eu tentei”


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SESSÃO COM O NOBEL

AS LIÇÕES E O LEGADO DE CIECHANOVER Vencedor do Prêmio Nobel de 2004 por suas descobertas sobre o funcionamento da ubiquitina estimula a pesquisa básica

Sua primeira publicação científica sobre o processo de degradação de proteínas intracelulares foi recusada por alguns periódicos em 1978 e acabou publicada em uma revista de “menor relevância”. Por mais alguns anos, apenas ele e seu entusiasmado grupo seguiam na pesquisa básica que grande parte da comunidade científica desprezava. “Eu ouvi de cientistas mais experientes que eu estava cavando minha própria sepultura, e fui em frente”, contou Aaron Chiechanover a cerca de mil presentes à sua conferência na 38ª. RASBQ. Em 2004, seu trabalho tido como “de pouca relevância” em 1978 havia crescido e conquistava o Prêmio Nobel de Química. “Cerca de 50% do que descobrimos estava naquele artigo de 1978”, lembrou o bem-humorado cientista, que desvendou os segredos da ubiquitina e abriu caminho para novas formas de tratamentos de tumores com muito maior eficiência sobre as células malignas e sem o impacto indesejável – da antiga quimioterapia – de atacar também células saudáveis. “Quando eu comecei, não tinha a menor ideia do que viria pela frente. Eu tinha apenas dúvidas, curiosidade, e muita vontade de trabalhar”, contou. Ciechanover, aos 30 anos de idade abandonou a carreira como cirurgião e voltou à academia. Desde 2004, suas descobertas não param de crescer. Hoje já são conhecidas mais de 2 mil proteínas intracelulares do sistema ubiquitina, muitos cientistas estão aprofundando suas investigações e seus primeiros artigos somam dezenas de milhares de citações.

PAIXÃO, PERSISTÊNCIA E BOA ORIENTAÇÃO Ciechanover falou com exclusividade com Boletim Especial da SBQ sobre o que é preciso para formar bons pesquisadores, os desdobramentos de suas descobertas e a medicina personalizada. A ciência é o motor do desenvolvimento? Não tenho dúvidas sobre isso. Os recursos humanos são mais importantes que as riquezas naturais, como petróleo, urânio e outras. Israel tem demonstrado isso. Quanto mais educado for um povo e o quanto mais avançado for um país, melhor para a democracia, a liberdade de pensamento e expressão, o desenvolvimento da saúde, da qualidade de vida e tudo o mais. Então depender de recursos naturais é destrutivo. É preciso dirigir os jovens para a ciência e a tecnologia. Infelizmente no meu país a juventude hoje busca soluções fáceis das indústrias “pontocom”. Temos que ser proativos em mostrar a eles o quanto a ciência é importante do ponto de vista individual e coletivo. O que é preciso para formar pesquisadores de sucesso? Muitas coisas. Trabalho duro, devoção, paixão... Para mim, ciência é um estilo de vida, não é


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Luiz Henrique Catalani, vice-presidente da SBQ, e Aaron Ciechanover, em debate com o público

um emprego. Se você não olhar para a ciência como um hobby, algo que você quer fazer o dia inteiro, não terá chance. Também é preciso se cercar de bons mentores e orientadores. Os meus foram excelentes, desde o ensino médio. Você tem que estar nas melhores instituições de ensino. Tem que ficar atento às oportunidades, porque as coisas mudam rapidamente. E sorte, que também requer atitude. Ninguém ganha na loteria se não comprar um bilhete. Quais os avanços recentes do seu trabalho sobre a ubiquitina? O trabalho evoluiu muito. Hoje já dezenas de milhares de publicações, entendemos muito melhor seu funcionamento e a indústria farmacêutica aderiu. As grandes empresas estão todas conduzindo pesquisas para encontrar nos alvos. Hoje temos muitos fármacos no mercado, um deles, muito eficiente contra o câncer, rende US$ 3 bilhões por ano e em breve teremos muitos outros medicamentos, cuja raiz é nossa descoberta dos anos 70. Se esse trabalho fosse só uma questão de aumentar o conhecimento da humanidade – como a constatação de que o universo está expandindo – ainda assim eu estaria satisfeito, porque sou um cientista. Mas nosso trabalho foi imediatamente aplicado para a produção de medicamentos que salvaram milhões de vidas. E isso me deixa especialmente feliz.

Ao final, muitos queriam mais uma palavrinha com o Nobel

Repercussão Jeffrey I. Zink, conferencista convidado, UCLA: Gostei particularmente de seus comentários para os estudantes, sobre a importância de buscar bons mentores, de se dedicar ao trabalho, de sempre explorar e tentar novas coisas. Rômulo Jesus, aluno da UFRJ: O discurso do Nobel foi bastante inspirador, principalmente para nós, cientistas jovens. Ele destacou a diferença que faz o incentivo do governo e o comprometimento com a qualidade de vida, que também o governo deve ter com a população. Luiz Henrique Catalani, IQ-USP, Vice-Presidente da SBQ: Sua ciência é impactante, e a forma tão franca e relaxada como ele transmitiu sua visão de ciência e da carreira é muito importante para os jovens.


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CONFERÊNCIAS Omar Yaghi

MOFs: a revolução na química dos materiais

Yaghi já estuda a segunda geração de MOFs

“Uma nova descoberta é a maneira que a natureza tem de se revelar às pessoas”

Polímeros, ligas metálicas e materiais compostos foram muito importantes no Século 20 – e ainda o são. Mas a realidade dos MOFs (Metal Organic Frameworks), criados pelo químico Omar Yaghi, na Universidade da Califórnia Berkeley, está abrindo novas possibilidades para a química dos materiais. Essas estruturas, minúsculas e de enorme área de superfície, que são ao mesmo tempo orgânicas e inorgânicas, já tornam possível o armazenamento do combustível metano, da água ou do dióxido de carbono, com aplicações úteis à economia e ao meioambiente. Já existe o protótipo de um automóvel movido a hidrogênio, com um tanque de combustível construído com MOFs que permite o acumulo de três vezes mais combustível do que um tanque comum. Os MOFs também já são utilizados em filtros de emissões gasosas de usinas energéticas (movidas a carvão, petróleo ou gás natural) de modo a sequestrar o dióxido de carbono. Outra novidade é um dispositivo que retira água da atmosfera para liberá-la em concentrações maiores, com economia de energia. Yaghi, que tem 357 artigos publicado com mais de 68 mil citações e índice h 103, tem apoiado a construção de laboratórios em diversos países, que permitem que estudantes do ensino médio produzam seus próprios MOFs a partir de suas próprias ideias para aplicações. “Atualmente a cada ano milhares de MOFs são produzidos por muitos químicos mundo afora”, contou. Yaghi, que tem por hábito dormir cedo e manter a cabeça arejada a novas ideias ao ler livros de assuntos que desconhece, já pensa nos próximos passos: MOFs “inteligentes”, ou seja, materiais estruturados como os MOFs, mas com a característica de guardar informações diferentes. Ele os chama de MTV (Multi Variat)-MOFs. “São materiais quimicamente ricos em informações, e que terão mais versatilidade e mais aplicações”, descreve. “Meus alunos pensam em termos de aplicações. Eu penso em termos de novas descobertas.”


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Donna Blackmond

O doce mistério da origem da vida Duas coisas podem acontecer se Donna Blackmond lhe estender mão direita, e você tentar cumprimentá-la com a sua mão esquerda: o cumprimento será desconfortável, frouxo, não funcionará; e talvez ela se disponha a tomar alguns minutos para lhe explicar sobre a homoquiralidade e as origens da vida, tema a que tem dedicado sua curiosidade, estudos e intensa pesquisa desde os anos 80. “Mão direita cumprimenta mão direita. É assim que funciona, e é assim que nossos aminoácidos e açúcares reagem”, afirma. O que sempre a intrigou – e a muitos cientistas de diversas áreas – é por que todos os seres vivos são homoquirais, ou seja, seus aminoácidos e açúcares apresentam um dos dois formatos quirais possíveis. E se foram conectados a quirais opostos, coisas ruins podem acontecer. É o caso da talidomida, doença provocada pelo uso em grávidas de um fármaco testado apenas em homens. O fármaco era heteroquiral e, ao mesmo tempo que a parte da molécula que combinava com as enzimas humanas aliviava náuseas, a parte que não combinava impedia que se formassem os braços dos fetos. “Hoje já sabemos como produzir fármacos com a quiralidade funcional”, observa Donna, que vê resultados de seu trabalho teórico colocados em prática pela indústria farmacêutica. “Se você tentar produzir aminoácidos em um laboratório, reunir os ingredientes e as condições necessárias, não há nenhum motivo para que naturalmente você consiga moléculas apenas ‘direitas’ ou ‘esquerdas’. Mas por algum motivo nos seres vivos é assim”, explicou, em sua conferência na RASBQ. “O resultado natural é uma amostra equilibrada entre as duas quiralidades. Então como os seres vivos só apresentam uma das formas? O que teria acontecido na ‘sopa pré-biótica?”, ela indaga para responder em seguida. “Jamais saberemos porque não estávamos lá, mas podemos saber o que pode ter acontecido.” Sua pesquisa é acompanhada de perto pelo filho pré-adolescente que ficou preocupado certa vez quando viu a mãe na capa de uma publicação de Harvard e perguntou: “Quando desvendar o segredo da vida você não terá mais emprego?”

A pesquisa de Donna ajudou a desenvolver medicamentos melhores

“Se você tentar produzir aminoácidos em um laboratório, reunir os ingredientes e as condições necessárias, não há nenhum motivo para que naturalmente você consiga moléculas apenas ‘direitas’ ou ‘esquerdas’. Mas por algum motivo nos seres vivos é assim”


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Jeffrey Zink

Pequenas soluções para grandes doenças

Zink começou sua pesquisa por “pura curiosidade”

“Cada passo requer muito esforço. Você tenta construir, depois tem que demonstrar que construiu, depois tem que provar que funciona”

O tratamento contra o câncer e algumas doenças infecciosas é o alvo da intensa pesquisa e dos repetidos experimentos do norte-americano Jefferey Zink. Seu desafio não é pequeno: ele se propôs a desenvolver uma nanoplataforma terapêutica que permite que as doenças sejam tratadas apenas nas células prejudicadas, de forma a diminuir substancialmente os efeitos colaterais de uma quimioterapia tradicional. Já obteve resultados favoráveis em testes com ratos e caminha na direção de testes em humanos. Na 38ª. RASBQ, ele a explicou a uma plateia formada por graduandos, pós-graduandos e pesquisadores. “A plataforma é capaz de transportar grandes cargas de moléculas distintas, é programável para encontrar apenas as células tumorais ou infectadas, permite controle da válvula que libera os fármacos e tem níveis de toxicidade mínimos”, disse Zink. Foi um percurso de trabalho intenso. “O primeiro desafio superado foi como obter partículas tão pequenas. Hoje já sabemos como fazê-las. Como colocar moléculas diferentes nestas partículas foi outro grande passo. Depois aprendemos a controlar as ações do dispositivo... Cada passo requer muito esforço. Você tenta construir, depois tem que demonstrar que construiu, depois tem que provar que funciona, que pode encontrar as células-alvo...”, explicou o cientista de UCLA. As nanoválvulas de Zink são visíveis apenas com a utilização de microscópios eletrônicos. Elas medem 1 nm e são carregadas por partículas de 50nm. Ele explicou que o “controle remoto” das válvulas pode ser acionado de três maneiras. Externamente pela aplicação raios infra-vermelhos, ou pelo acionamento de campos magnéticos. E internamente por reações químicas em que a o processo se beneficia de propriedades das células-alvo. Quando ele embarcou nessa missão, que hoje abre um campo inédito para a medicina, não tinha noção da grandeza daquilo que viria a conquistar. “Comecei por pura curiosidade. Eu queria saber se seria possível construir coisas tão pequenas.”


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James Dumesic

Do petróleo à biomassa A trajetória do engenheiro químico americano James Dumesic é um bom reflexo da trajetória dos combustíveis na sociedade moderna. Hoje especialista nos processos químicos na produção de biocombustíveis e bioquímicos, nos anos 80 e 90 Dumesic trabalhou no refino de petróleo. Apenas nos últimos 15 que voltou seus conhecimentos em refino para as fontes renováveis. “Foram anos trabalhando com a catálise de petróleo. Era o que todos nós fazíamos”, conta. Desde a sua descoberta como uma poderosa fonte de energia, ainda no século 19, o petróleo se tornou o grande motor do mundo. Só nas últimas décadas dois grandes fenômenos passaram a abalar seu monopólio: primeiro foram os choques de preço provocados pela Opep nos anos 70, que acabaram de vez com a era do petróleo fácil e barato. Depois, na década de 80, a descoberta de que havia um buraco se abrindo na camada de ozônio e ameaçando o futuro do planeta inaugurou definitivamente a preocupação com os limites do nosso desenvolvimento. “Foi em 1999 que eu comecei a me voltar para a biomasa e percebi que havia uma série de problemas para os quais muito pouco se havia olhado”, diz Dumesic. “Para um cientista como eu, era uma oportunidade fascinante de pesquisa. Tudo era completamente novo.” Dumesic apresentou, durante a 38a Reunião da SBQ, o seu mais recente trabalho, que investiga as reações da biomassa durante a fase líquida. Trata-se de parte chave do processo de transformação de despejos orgânicos, como o bagaço de cana ou de milho, em combustíveis verdes e compostos químicos que substituam os derivados do petróleo. “A catálise surgiu e sempre foi feita com o petróleo, mas no estado gasoso”, explica. O problema é que a biomassa não suporta as mesmas temperaturas que o concorrente fóssil, e se deteriora antes de virar evaporar. “Ainda é o preço do barril de petróleo o que determina se vale ou não investir em fontes alternativas. Por isso toda forma de barateá-las e torná-las mais eficiente é bem vinda”.

Dumesic começou sua carreira na catálise de petróleo

“Ainda é o preço do barril de petróleo o que determina se vale ou não investir em fontes alternativas. Por isso toda forma de barateá-las e torná-las mais eficiente é bem vinda”


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ANO INTERNACIONAL DA LUZ

Química iluminada Exposição celebra Ano Internacional da Luz

Da ideia à exposição Veja algumas considerações dos organizadores da exposição Qual a importância de trazer os jovens para as ciências? Rossimiriam: Uma das propostas da SBQ é justamente que todos os encontros anuais tenham realizações como esta, de divulgação da ciência e da química para estudantes do ensino médio. Em 2011, por exemplo, tivemos o Ano Internacional da Química, também pela agenda da ONU. São pessoas que em determinado momento terão que escolher uma carreira. Como foi feita a seleção dos experimentos que seriam apresentados? Alfredo: Pensamos então em dez experimentos que tivessem materiais bem simples, que o professor possa fazer em sala. Muita coisa pode inclusive ser feita em casa, como a do protetor solar (que mostra como o uso do filtro bloqueia o brilho das tintas sob a luz negra). Basta uma tinta fluorescente. São coisas que ajudam a mostrar que a carreira científica está aí e tem impacto na vida das pessoas. Qual é a importância da luz para a química e para a sociedade? Etelvino: A interação da luz com a matéria é foco da curiosidade dos homens há milênios, o que permitiu que se fossem descobrindo mecanismos de produção de luz a partir de reações químicas. Isso está hoje nos lasers, nos LEDs, em corantes utilizados para sensibilizar a destruição da micose... Chamar a atenção para isso ajuda as pessoas a verem as coisas em ação. O que é fluorescência? Não é a promoção de uma molécula para o orbital superior de energia. É a marca na sua carteira de identidade, na nota de 10 reais, na camiseta. São coisas reais.

O uso químico da luz está em várias coisas ao nosso redor. Está nas fotografias que revelamos, no filtro solar que protege a nossa pele, nas chamas coloridas do fogão ou no branco das roupas dado pelo sabão em pó. “Na verdade o sabão não deixa as roupas brancas. Aquilo é a luz refletida em um agente fluorescente azulado que, quando o lençol é sacudido na janela, o sol faz parecer branco e esconde o amarelado", explica Etelvino Bechara, professor sênior do Instituto de Química da Universidade de São Paulo e um dos fundadores da SBQ. “A luz tem diversas aplicações, muitas delas sendo utilizadas pela indústria e nós nem sabemos” A amostra do tecido com uma coloração diferente sob a luz negra com a ação de agentes do sabão em pó foi um dos experimentos apresentado na exposição “Ano Internacional da Luz”, que aconteceu ao longo dos quatro dias da 38a Reunião da SBQ, em Águas de Lindoia. A importância das várias formas de emissão de luz para a química e, por meio dela, para a sociedade, foi o tema escolhido para a exposição, aproveitando o ensejo internacional: em dezembro de 2013, a Assembleia Geral das Nações Unidas determinou que 2015 seria o Ano Internacional da Luz e das Tecnologias Baseadas em Luz, com o objetivo de estimular a promoção e pesquisa do tema de diversas formas. “Para nós, foi uma oportunidade de fazer esta exposição e a divulgação de trabalhos científicos trabalhando para a popularização da ciência entre jovens e estudantes que, em algum momento, terão que escolher sua carreira”, disse Rossimiriam Freitas, professora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e uma das organizadoras da exposição, ao lado do professor Etelvino Bechara, da USP e do professor Alfredo Luis Mateus, do Colégio Técnico da UFMG. A exposição recebeu a visita de mais de 300 alunos de ensino médio da rede pública de Águas de Lindoia, que tiveram a oportunidade de acompanhar dez experimentos montados no estande,


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O globo de eletricidade fez sucesso com os estudantes

Exposição de trabalhos sobre diferentes aspectos da luz

Da sala para a prática

Grupo do Ensino Médio acompanha um experimento

todos relacionados ao uso da quimioluminiscência, fluorescência e fosforescência em nosso dia a dia. Em um deles, por exemplo, podiam acompanhar um processo manual de revelação de negativos com uma lâmpada caseira de luz negra. Em outro, via-se o que acontece quando se passa protetor solar sobre uma tinta fluorescente que brilha quando iluminada por uma luz ultravioleta, como a luz negra ou o sol – com a camada de protetor, o brilho desaparece. Em uma câmara escura, uma luz negra ajudava a mostrar as diversas utilidades da fluorescência escondida dos materiais, como as tiras luminescentes presentes nos documentos de identidade ou nas notas de dinheiro, o que permite verificar sua legitimidade, a diferença de brilho entre o óleo de soja e o azeite, que ajuda a distinguir as misturas entre os dois, ou o caso citado dos tecidos brancos com sabão em pó. Também fez parte da exposição diversos painéis explicativos sobre a história, o uso e a relevância da luz para a ciência, a natureza e a sociedade. “Essas são coisas que mudam a maneira como o aluno aprende”, disse Mateus. “O aluno aprende de fato, observando, presenciando o fenômeno. Sem isso, a química se torna apenas algo árido e distante.”

As escolas públicas de Águas de Lindoia, como muitas outras do país, não possuem laboratório de ciências próprio para que os alunos possam experimentar o que aprendem em sala. “O que temos são kits, fornecidos pelo governo para cada escola, e que o professor leva para a sala quando quer mostrar alguma coisa”, diz Pedro Tortelli, coordenador pedagógico do Ensino Médio da Escola Estadual Dr. Vicente Rizzo. “Nem se compara com o que eles podem ver aqui.” Tortelli esteve na exposição durante a manhã de terçafeira, 26, com suas turmas de 3º. e 1º. Ano do Ensino Médio. “A gente não tem as salas de experiência. Assim é muito melhor; conseguimos fazer na prática e o aprendizado é muito mais amplo”, diz Giovanna Ferla, aluna de 17 anos do 3º. ano, aspirante ao curso de Medicina e uma apaixonada por química. “Gosto de fazer experimentos, poder ver as células, o DNA”, disse. “Uma das que eu mais gostei foi o globo que reage quando a gente coloca a mão”, contou Anderson Silva, 17, que pretende cursar Educação Física quando deixar a escola. “A energia sobe, porque a pele... Como fala?”, tentou explicar, referindo-se ao globo de plasma, um dos objetos da exposição. “É porque quando colocamos a mão ela vira a condutora de energia, por causa da voltagem”, completou seu colega, Elton Freire, também de 17 anos. “Eu não gostava de química. Até hoje. Agora eu gosto”, disse, entre risadas, Elen Paixão, aluna de 15 anos do 1º. ano da escola.


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SIMPÓSIO

Visões complementares sobre o futuro da química Presidentes das sociedades de química de quatro países debateram quais os caminhos da ciência nos próximos anos

Em um tempo marcado por mudanças climáticas, crises econômicas e sérias questões sociais a serem resolvidas, a Química tem uma série de desafios e oportunidades pela frente e um papel fundamental a cumprir. Este tema foi foco de um simpósio que reuniu presidentes de quatro sociedades nacionais de química: a brasileira, a norte-americana, a canadense e a britânica. Adriano D. Andricopulo, presidente da SBQ e coordenador do simpósio, destacou a importância para o Brasil de investir em educação, ciência, tecnologia e inovação: “São os eixos estratégicos do desenvolvimento da nação”, declarou. “É por este caminho que poderemos consolidar nossa vocação para a química de produtos naturais e nos guiarmos para uma econo“Hoje tudo mia baseada em tecnologia parece muito fácil e de baixo carbono.” para os jovens. Ele enfatizou os esforços da SBQ para incrementar a As coisas vêm internacionalização da quíprontas e há um mica, por meio de maior certo risco de intercâmbio e participação acomodação. É preciso que sejam em eventos internacionais. Neste sentido, ressaltou o estimulados”, fato de que o Congresso da Youla Tazntrizos Iupac, de 2017 será realizado em São Paulo, de 9 a 14 de julho. “Em quase 100 anos de história, será o primeiro encontro da comunidade química internacional na América Latina.”

Youla Tsantrizos, presidente da Sociedade de Química do Canadá, demonstrou preocupação com a distância entre academia e o setor industrial. Ela defende uma abordagem pragmática em que as universidades formem talentos necessários para a indústria. “Temos visto muitas indústrias fecharem as portas. Ao mesmo tempo percebo uma febre por pós-doutorandos. É preciso dirigir estes talentos para as funções que as indústrias precisam. Na Alemanha, por exemplo, técnicos em química, aqueles que ‘metem a mão na massa’ são tão valorizados quanto pós-doutores que estão em laboratórios, na pesquisa básica”, declarou. A canadense percebe o jovem dos dias de hoje um tanto acomodados diante das facilidades da vida. “A minha geração, aqueles que nasceram logo depois da Segunda Guerra, não tiveram opção: tínhamos que estudar, ir à luta e vencer. Hoje tudo parece muito fácil para os jovens. As coisas vêm prontas e há um certo risco de acomodação. É preciso que sejam estimulados”, alertou. Para Tom Barton, presidente da ACS, Sociedade de Química dos Estados Unidos, a química passará por mudanças nos próximos anos. Ele acredita que algumas áreas terão menos importância e outras crescerão cada vez mais. Em uma palestra marcada pelo bom-humor, aconselhou os jovens a esquecerem a físico-química e investirem seus esforços na química analítica e na computacional. “São certamente duas áreas em que veremos as maiores inovações e se farão cada vez mais


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importantes”, declarou. “A compreensão do genoma humano é pura química analítica, e muito virá a partir dessa conquista.” As preocupações de Dominic Tildesley, presidente da Real Sociedade de Química, da Grã-Bretanha, giram em torno de desafios científicos específicos. Especificamente lhe chamam atenção a questão da crescente resistência de bactérias, seja as ligadas à saúde humana ou as ligadas aos cultivos, e a questão energética. “São dois campos em que os químicos não podem parar de descobrir novas soluções”, afirmou. “Precisamos desenvolver uma nova classe de agentes bactericidas, por meio de pesquisas extensas e aprofundadas, com o auxílio da química computacional para entendermos como eles agem, e assim que esta nova classe estiver testada e consolidada, precisamos partir para a próxima. Não é uma batalha que podemos vencer. É uma batalha em que temos de inovar constantemente. É uma questão grave.” Sobre energia, em sua opinião o futuro é solar. “A batalha contra “Precisamos colocar a resistência de todos os nossos esforços bactérias não é para criar painéis solauma que podemos res de baixo custo, uso vencer, portanto simples e transmissão precisamos inovar eficiente. Podemos utiliconstantemente. zar a energia do sol para Não devemos criar hidrogênio e este pensar em termos será o combustível dos de países, mas em veículos. O Brasil é um ótimo lugar para isso”, termos do planeta”, disse Tildesley. “Aqui a Dominic Tildesley química entra com seu conhecimento sobre materiais para encontrar os caminhos mais eficientes para converter a luz do sol em eletricidade e hidrogênio”. As duas tecnologias já são possíveis, mas ainda não economicamente viáveis. Tildesley estima que uma área de 500 quilômetros quadrados de painéis fotovoltaicos poderia fornecer energia para todo o planeta. O cientista britânico defende que estas questões sejam parte de uma agenda comum da química internacional. “Não devemos pensar em termos de países, mas em termos do planeta.”

Andricopulo, da SBQ: Por uma economia baseada em tecnologia

Barton, da ACS: Hora e vez da química analítica e computacional

Tildesley, da RSC: Futuro da eletricidade vem da energia solar

Youla, da CCS: Químicos técnicos são tão importantes quanto os acadêmicos


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SIMPÓSIO

Mesa dos participantes do debate sobre a química na arte

A IMPORTÂNCIA DOS QUÍMICOS QUE TRABALHAM COM ARTE PARA A PRESERVAÇÃO CULTURAL Não é preciso ser um Leonardo da Vinci, gênio da engenharia, anatomia e pintura, para misturar arte e ciência. A proximidade entre os dois ofícios é muito maior do que se imagina, e foi sobre ela que falou o simpósio “A química na arte e a arte na química”. O conhecimento que só o profissional conhecedor das diferentes reações tem é muito valioso para todos os campos da arte, para a conservação e compreensão da história da humanidade. Está na datação de artefatos arqueológicos, na restauração de obras e construções, na conservação de pinturas e escritos, na película do cinema, na essência da fotografia. “Estamos falamos de coisas que são registros do que fomos e devem ser guardadas para as próximas gerações; e nós, como químicos, somos uma parte importante disso”, diz João Cura D’Ars Figueiredo Jr., da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Figueiredo é químico, e atualmente trabalha no Instituto de Belas Artes da UFMG, onde leciona no curso de Conservação de Bens Culturais. Uma de suas especialidades é a conservação de documentos antigos, já que tanto a celulose quanto a tinta utilizadas no passado geram processos de acidificação e auto-catalização no papel. “É o caso

da carta do Pero Vaz de Caminha, que foi toda escrita em tinta ferrográfica e está guardada em condições extremas de vedação e temperatura”, diz. Já para a professora Dalva Lucia Faria, pesquisadora do Instituto de Química da Universidade São Paulo, o uso da luz e da radiação é essencial em seu trabalho de datar e verificar a origem de pinturas e outras peças. “Por meio da espectroscopia, coletamos a radiação que o quadro espalha e vemos que não é a mesma energia em cada ponto”, conta. “Isso nos permite dizer exatamente quais as substâncias químicas presentes na obra.” “A mistura da arte e da ciência é ainda uma coisa recente no Brasil. Até 2002 nós nem tínhamos graduação em arqueologia”, apontou Maria Conceição Lage, que coordena o núcleo de pesquisa da Federal do Piauí (UFPI) para a conservação de pinturas rupestres e gravuras, algumas de até 25 mil anos, existentes no estado. “Mas isso está avançado rápido. Hoje já são 14 cursos de graduação, e acredito que não tarda até que o Brasil tenha um laboratório especializado só em pesquisas acerca de seus bens históricos, como já acontece em outros países”, conclui.


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SBQ JOVEM

Estudantes querem representação na comissão organizadora Com a participação de entusiasmados estudantes de graduação de quatro regiões do Brasil, a SBQ Jovem reuniu-se durante a 38ª. RASBQ, com a disposição de fortalecer a interlocução entre os alunos de Iniciação Científica e a direção da entidade. A coordenadora Mariana Romano, do IQ-USP, contou que o grupo vai pleitear uma vaga na Comissão Organizadora da 39ª. Reunião Anual com o objetivo de sugerir ações e programações diretamente ligadas às necessidades dos estudantes. “Vamos tentar divulgar a Reunião Anual através dos centros acadêmicos das diversas Instituições para levar a mensagem a mais alunos. Pretendemos no ano que vem, em vez de realizar uma Reunião da SBQ Jovem, fazer eventos menores durante os quatro dias de programação”, explicou. Outra ideia debatida pelo grupo foi uma revisão do estatuto da SBQ Jovem para aumentar a representatividade regional. “Vamos propor esta revisão à diretoria

Apesar do baixo número, a boa vontade dos participantes marcou a reunião

da SBQ. Entendemos que três representantes dos jovens para um País com as dimensões do Brasil é pouco”, declarou Mariana. Participaram da reunião representantes dos estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Bahia, Paraná e o Distrito Federal.

SESSÃO DE PAINÉIS

Jovens expõem seus trabalhos A sessão de painéis teve 1263 trabalhos de participantes de diversas regiões do País, em uma exposição que durou três dos quatro dias do evento. Cada seção da SBQ premiou três trabalhos. Para Norberto Peporine Lopes, professor da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto, da USP, a sessão de painéis é importante por ser a primeira oportunidade para alunos de graduação exporem suas ideias e para mestrandos debaterem seus projetos com mais profundidade. Gabriela Frade Murari, mestranda da Universidade Federal de Ouro Preto expôs pela primeira vez. “É importante tanto para conhecer o trabalho de outras pessoas, quanto para mostrarmos o que estamos fazendo”, afirmou.

Mais de mil trabalhos movimentaram três dias do evento


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SESSÃO TEMÁTICA

QUÍMICA ESTÁ NA BASE DA REDUÇÃO DE EMISSÕES NA

CONSTRUÇÃO CIVIL

O produto mais consumido pelos seres humanos é a água. O segundo é o concreto. Todos os prédios, ruas, monumentos e grandes obras construídos mundo afora, somados, representam 3 toneladas de cimento por pessoa ao ano. Como cada quilo de cimento gera um quilo de gás carbônico na atmosfera, dá para se ter uma primeira ideia dos impactos que a construção civil tem para a saúde do planeta, e da urgência em se repensar inteiramente a forma como a conhecemos hoje. “A construção contribuiu com 30% das emissões de gases de efeito estufa e 10% da poeira emitida no Ricardo Neuding alerta para a escassez de recursos num futuro próximo mundo”, diz o Dr. Mauricio Garcia, engenheiro especializado em química da divisão de construção civil da Basf. “Mas existem alguns caminhos, e o meio para conseguir Em vista da responsabilidade, a Braskem desenvolveu isso é a química. Ela é a chave para melhorar o uso dos há alguns anos o “plástico verde”, tipo de polietileno recursos naturais e o desenvolvimento de produtos com que substitui em parte de sua composição o petróleo melhor performance e menor consumo de energia.” por cana de açúcar, e já é aplicado na produção de Garcia foi um dos participantes da sessão temática tubos de PVC e outros materiais vendidos em todo “Soluções da química para a construção civil”. Também o mundo. “Nosso trabalho é no sentido de ampliar o participaram do painel a responsável pela área de uso do plástico na construção”, disse Mônica. “Ele é prolipropileno para construção resistente, impermeável e pode da Braskem, Monica Evangelista, substituir o aço e o concreto em “A Química é a chave e o consultor da ATA Consultoria, diversas etapas.” Na Basf também para melhorar o uso Ricardo Neuding. O painel contou há diversas pesquisas no sentido com a mediação da Dra. Mariana dos recursos naturais e de criar aditivos químicos que, por Doria, da Associação Brasileira da exemplo, aumentam a durabilidade o desenvolvimento de Indústria Química. do concreto ou reduzam a necessiprodutos com melhor Neuding chamou a atenção para dade de água em seu uso. o fato de que o grosso dos impactos “Em 2050, a população mundial performance e menor da construção civil está na verdade chegará a 9 bilhões de pessoas e consumo de energia”, na indústria de seus materiais, e os recursos disponíveis não serão Maurício Garcia, Basf por isso a importância e a urgência suficientes”, disse Ricardo Neuding. de se repensar os processos pelos “Na projeção da ONU, se mantiquais eles são produzidos. “As emissões não estão no vermos os mesmos padrões de produção e emissão de canteiro de obras, mais de 90% delas vem da fabricação hoje, a temperatura global será 8 graus maior em 2100, de materiais, sendo que cimento e aço sozinhos chegam o que é insustentável. Então precisamos urgentemente até a 70%”, disse. rever nossos processos.”


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WORKSHOP

Pós-Graduação multicêntrica difunde a Química pelo interior de Minas Gerais Poucos anos atrás, se alguém dissesse que em breve chegaria o dia em que fosse possível formar doutores em Química no Vale do Jequitinhonha em Minas Gerais, essa afirmação seria percebida com descrença. Hoje, trata-se de uma realidade. A partir de uma iniciativa de instituições de ensino superior em Minas Gerais, foi criada, em 2009 a Rede Mineira de Química. E a partir dela, logo surgiu o Programa Multicêntrico de Pós-Graduação em Química, que une oito universidades federais e oferece cursos em 15 linhas de pesquisa, em uma abrangência geográfica que pega todas as regiões do estado. Sala cheia para debater pós-graduação um dia antes da abertura oficial da RA O Programa de Minas Gerais, que tem conceito 4 da Capes, foi apresentado no Simpósio de Pós-Graduações Multicêntricas, dentro bolsas”, observa a professora. Atualmente, o programa do Workshop de Pós-Graduação, que reuniu cerca de tem 80 alunos ativos e as primeiras defesas deverão 70 coordenadores de programas espalhados pelo país. ocorrer no final deste ano. Outras novidades apresentadas no simpósio foram o Para o professor Luiz Henrique Catalani, diretor do IQ-USP, coordenador do Workshop, a presença do Programa Integrado de Pós-Graduação em Bioenergia, público superou as expectativas. “Não só pelo número que reúne USP, Unesp e Unicamp, e o Programa de Pósde pessoas presentes, como pela profundidade do Graduação Internacional Biologia Celular e Molecular debate”, disse. De fato, depois das apresentações, Vegetal, que reúne a Esalq e duas universidades dos perguntas se sucederam além do tempo esperado, EUA: a Rutgers, de Nova Jersey e a Ohio State University. Clécio Souza Ramos, representante do curso de demonstrando interesse da comunidade química por pós-graduação em Química da Universidade Federal esta nova modalidade de pós-graduação. A professora Juliana Fedoce Lopes, do IFQ-Unifei Rural de Pernambuco, veio a Águas de Lindóia apenas contou que há uma demanda reprimida pelo curso, para acompanhar este Workshop. E a viagem valeu. “O que conta com bolsas da Capes, da Fapemig e das workshop foi ótimo! É muito importante estabelecer pró-reitorias das instituições envolvidas. Para o segundo contato com as demais universidades e conhecer essas semestre de 2015, foram 176 inscritos para o mestrado novas modalidades. Esclareci muitas dúvidas e volto e 20 para o doutorado, para 29 vagas para mestrado e para casa com informações importantes para nortear 15 para doutorado. “Infelizmente ainda temos poucas possíveis novas ações da UFRPE”, afirmou.


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WORKSHOP DE GRADUAÇÃO

EDUCADORES DEBATEM FLEXIBILIZAÇÃO DO CURRÍCULO Coordenadores de cursos de graduação participaram de workshop em que debateram a adoção de algumas mudanças na graduação. As ideias giram em torno da flexibilização da grade curricular e da diminuição de horas aula em favor de mais tempo de estudo do aluno. O coordenador do workshop, Luiz Henrique Catalani, diretor do IQ-USP e vice-presidente da SBQ, avaliou a participação como acima do esperado: cerca de 50 educadores de diversas instituições participaram. Uma das propostas é caminhar na direção de um currículo customizado, em que o aluno pode optar por disciplinas que ache mais importantes para sua carreira. Na USP, este sistema já vigora há dois anos. “Temos as disciplinas obrigatórias e as optativas ou eletivas, que o aluno escolhe. Assim ele já vai se especializando ou complementando suas próprias necessidades durante a graduação”, contou Catalani. Na Unicamp, no segundo semestre de 2013 iniciou-se uma análise do currículo dos cursos de Bacharelado. Ao

Catalani, da USP, com cerca de 50 educadores dos cursos de graduação

final de 2014, a comissão que fez o trabalho apresentou algumas propostas para nortear as mudanças em um workshop aberto a todos os docentes do IQ, entre as quais envolver o estudante na formação do seu conhecimento e evitar apenas aulas expositivas tradicionais. “Espera-se que para o próximo ano, possamos ter uma proposta concreta de modificação do currículo a ser levada a apreciação da Congregação do IQ-UNICAMP”, afirma Ronaldo Aloise Pilli, professor titular da Unicamp.

Simpósio Luso-Brasileiro para fomentar a cooperação O II Simpósio Luso-Brasileiro de Química Orgânica contou com a participação de professores e pesquisadores dos dois países, e foi realizado para fomentar a cooperação já existente e aproximar os setores químicos. José Silva Cavaleiro, professor catedrático da Universidade de Aveiro coordena um programa de cooperação entre sua instituição e a Universidade Federal Fluminense, por meio da Capes e da FCT, de Portugal, que rendeu dezenas de publicações nos últimos anos. “São muitos os benefícios para ambos os lados. É preciso que tenhamos mais cooperação, e que os convênios passem por avaliações regulares para que tenham continuidade”, declarou. O professor Artur Silva, também de Aveiro, e vice-presidente da Sociedade Portuguesa de Química, foi um dos presentes, e falou sobre organocatalizadores e carboidratos, como fonte para compostos quirais.

Artur Silva, de Aveiro, fala sobre organocatalizadores e carboidratos


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PESQUISADORES INTERNACIONAIS DE DIVERSAS ÁREAS ESTIVERAM PRESENTES Veja quem são os conferencistas estrangeiros e os temas abordados

Artur M. S. Silva, professor de Química Orgânica e Produtos Naturais na Universidade de Aveiro, Portugal, falou sobre o desenvolvimento de novos métodos de síntese para novos compostos heterocíclicos de oxigênio e nitrogênio.

Frances Illas, professor no Instituto de Química Teórica e Computacional da Universidade de Barcelona, Espanha. Sua conferência foi sobre a aproximação entre modelos e realidade: A estrutura e a reatividade de catalisadores suportados.

James Clark, professor no Centro de Excelência de Química Verde na Universidade de York, Inglaterra. Sua conferência “Química Verde para uma Bio-Economia” foi sobre como buscar sustentabilidade para a cadeia de suprimentos químicos para a indústria.

Jaume Bastida Armengol, professor no Departamento de Produtos Naturais, Biologia das Plantas e Ciências do Solo, da Faculdade de Farmácia, da Universidade de Barcelona. Ele falou sobre os alcaloides das plantas Amaryllidaceae.

Kirk S. Schanze, professor do Departamento de Química da Universidade da Flórida, nos EUA. Ele pesquisa as interações da luz com polímeros e moléculas pequenas. Sua conferência foi sobre polieletrólitos conjugados, e suas aplicações.

Pulickel M. Ajayan, professor do Departamento de Ciências Materiais e Nanoengenharia da Rice Uinversity, em Houston, EUA. Sua conferência foi sobre a ciência das camadas atômicas bidimensionais, sobretudo o que veio depois da descoberta do grafeno.

Sarah E. Reisman, professora do Departamento de Química e Engenharia Química do California Institute of Technology, em Pasadena, EUA. Ela falou sobre novas estratégias e táticas para a síntese de produtos naturais policíclicos.

Suchi Guha, professora de Física e Astronomia, da Faculdade de Física, da Universidade de Missouri, nos EUA. Ela falou sobre o papel de semicondutores poliméricos solúveis para a eletrônica orgânica.


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SESSÃO DE HOMENAGENS

LEWIS JOEL GREENE É PREMIADO

POR SUA DEDICAÇÃO ÀS PUBLICAÇÕES CIENTÍFICAS NO BRASIL

Editor da BJMB recebe homenagem especial por mais de três décadas de seu incansável trabalho Boa parte do reconhecimento da pesquisa científica brasileira no mundo se deve a uma pessoa: Lewis Joel Greene. O bioquímico de origem americana ajudou a criar e formou o primeiro time de editores do Brazilian Journal of Medical and Biological Research. Sob sua direção a partir de 1981, a revista foi a primeira publicação nacional escrita totalmente em inglês. “Para conter a resistência, dizíamos que, embora fosse toda em inglês, a publicação aceitaria papers escritos também em português”, conta o professor. “Mas nunca aceitamos nenhum. Para nós, quem não pode escrever em inglês não está a par da literatura internacional. É como um analfabeto.” Greene mudou-se de vez para o Brasil nos anos 60 e naturalizou-se brasileiro nos 80. Hoje, aos 80 anos, ainda é ele quem dá a última palavra em cada artigo publicado. Os 35 anos ininterruptos de paixão e dedicação foram chave para que Greene fosse o primeiro agraciado Lewis Joel Greene e Hans Viertler do Prêmio PubliSBQ Angelo da Cunha Pinto, criado neste ano com o objetivo de reconhecer os trabalhos em edição e difusão científica. E isso é só uma amostra do seu trabalho. Foi também sua influência que permitiu, no final dos anos 90, na criação do Scielo, sistema inovador que disponibiliza online, gratuitamente, os principais artigos publicados no país. Em laboratório, foi o primeiro a isolar, junto ao farmacologista Sérgio Ferreira e o biomédico Maurício Rocha, ainda nos anos 70, diversos peptídeos utilizados hoje nos principais medicamentos para hipertensão. Além de Greene, a sessão de homenageados da 38a Reunião da SBQ premiou outros cinco profissionais de trabalho notório: A Medalha de Honra JBCS foi para o professor Frank Herbert Quina, autor do artigo de química produzido no Brasil com maior número de visualizações até hoje, segundo o ISI. Wendell Coltro recebeu o Prêmio QN para Jovens Autores, que reconhece pesquisadores de até 35 anos com colaboração relevantes à revista Química Nova. Por sua colaboração com artigos e edições especiais, Nubia Ribeiro recebeu o Prêmio Revista Virtual de Química. O Prêmio SBQ de Inovação “Fernando Galembeck” foi outorgado a Norberto Peporine Lopes, pelo suporte essencial na criação e manutenção do parque tecnológico da USP em Ribeirão Preto. A Medalha Simão Mathias, a mais alta condecoração da SBQ, foi entregue ao professor Luiz Carlos Dias, pelo conjunto de seu trabalho para a química brasileira.

Frank Herbert Quina e Watson Loh

Norberto Peporine Lopes e Vanderlan Bolzani

Luiz Carlos Dias e Adriano D. Andricopulo

Wendell Coltro e Luiz Henrique Catalani

Nubia Ribeiro e Vitor Francisco Ferreira


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Assembleia Geral Durante a Assembleia Geral da SBQ, realizada no encerramento da Reunião Anual, foi anunciada a cidade de Goiânia como sede da 39ª. RASBQ, entre 30 de maio e 2 de junho de 2016. “É a primeira vez que teremos nosso maior evento na região Centro-Oeste”, afirmou o secretário geral, Luiz Fernando Silva Jr. O evento será realizado no Centro de Convenções de Goiânia, instalado em uma região com muitos hotéis e facilidades para os visitantes. Silva Jr. destacou a importância que a secretaria regional do Centro-Oeste terá na preparação do evento. Ele também fez uma avaliação da 38ª. RA e divulgou os trabalhos premiados. A Assembleia ainda aprovou as contas de 2014 apresentadas pela tesoureira Rossimiriam Freitas. A entidade teve um superávit operacional de cerca de R$ 68 mil e pouco mais de R$ 310 mil das agências de fomento.

Mesa diretora da Assembleia Geral

Lançamento de

LIVROS

Plateia cheia para o encerramento da 38ª RASBQ

Introdução aos conceitos e cálculos da química analítica

Planejamento fatorial em química

Princípios ativos de plantas superiores

Química orgânica – um curso experimental

Tecnologias no ensino de química

Introdução às técnicas de planejamento de experimentos

Orlando Fatibello Filho

Edenir Rodrigues Pereira Filho

Bruno Silva Leite

Hugo Tubal Schmitz Braibante

Iniciação no laboratório de química Daltamir Maia

Sérgio Luis Costa Ferreira

"A Essência de J": uma história de transformações e Química

Rochel Lago, Juliana Tristão e Daltamir Maia

Introdução à química experimental

Roberto Ribeiro da Silva, Nerilso Bocchi, Romeu C. Rocha-Filho e Patrícia Fernandes L. Machado

Emerson F. Queiroz, Jean-Luc Wolfender, Kurt Hostettmann e Paulo C. Vieira

Show de química: aprendendo química de forma lúdica e experimental Honerio Coutinho de Jesus

Preparo de amostras para análise de compostos orgânicos

Keyller Bastos Borges, Eduardo Costa de Figueiredo, Maria Eugênia Costa Queiroz

Gestão de qualidade em laboratórios

Igor Renato Bertoni Olivares


EXPEDIENTE Editor Científico: Luiz Fernando Silva Jr Editor Executivo: Mario Henrique Viana Reportagem e Textos: Juliana Elias e Mario Henrique Viana Fotografia: Gerson Cordeiro Projeto Gráfico e Layout: Editora Cubo DIRETORIA & CONSELHO Presidente: Adriano D. Andricopulo (IFSC-USP) Presidente Sucessor: Aldo José Gorgatti Zarbin (UFPR) Vice-Presidente: Luiz Henrique Catalani (IQ-USP) Secretário Geral: Luiz Fernando da Silva Jr. (IQ-USP) Secretário Adjunto: Silvio do Desterro Cunha (UFBA) Tesoureira: Rossimiriam Pereira de Freitas (UFMG) Tesoureiro Adjunto: José Daniel Figueroa Villar (IME) Conselho Consultivo: Antonio Luiz Braga (UFSC) Conselho Consultivo: Fernando Galembeck (UNICAMP) Conselho Consultivo: Hans Viertler (IQ-USP) Conselho Consultivo: Maria Domingues Vargas (UFF) Conselho Consultivo: Marília Oliveira Fonseca Goulart (UFAL) Conselho Consultivo: Vanderlan da Silva Bolzani (UNESP/Araraquara) Conselho Consultivo: Vitor Francisco Ferreira (UFF) Conselho Fiscal - Titular: Paulo Cezar Vieira (UFSCar) Conselho Fiscal - Titular: Roberto de Barros Faria (UFRJ) Conselho Fiscal - Titular: Sérgio de Paula Machado (UFRJ) Conselho Fiscal - Suplente: Ricardo Bicca de Alencastro (UFRJ) Conselho Fiscal - Suplente: Fernando Antonio Santos Coelho (UNICAMP) COMISSÃO ORGANIZADORA Luiz F. Silva Jr – Secretário Geral SBQ, Presidente da Comissão Organizadora Adriano D. Andricopulo – Presidente SBQ Rossimiriam Pereira de Freitas – Tesoureira SBQ Dirce Maria Fernandes Campos – Diretora Executiva SBQ Douglas Wagner Franco – Diretor da Divisão de Alimentos e Bebidas Dalmo Mandelli – Diretor da Divisão de Catálise Carlos Alberto Marques – Diretor da Divisão de Ensino de Química Pedro de Lima Neto – Diretor da Divisão de Eletroquímica e Eletrolítica Hamilton Varela – Diretor da Divisão de Física-Química Carla Cristina S. Cavalheiro – Diretora da Divisão de Fotoquímica João Henrique Ghilardi Lago – Diretor da Divisão de Produtos Naturais Anne Helene Fostier – Diretora da Divisão de Química Ambiental Maria das Graças A. Korn – Diretora da Divisão de Química Analítica Roselena Faez – Diretora da Divisão de Química de Materiais Shirley Nakagaki Bastos – Diretora da Divisão de Química Inorgânica Carlos Mauricio R. de Sant ´Anna – Diretor da Divisão de Química Medicinal Rodrigo Octavio M. A. de Souza – Diretor da Divisão de Química Orgânica Silvio do Desterro Cunha – Secretário Adjunto da SBQ COMISSÃO CIENTÍFICA Adriano D. Andricopulo – Presidente SBQ Aldo José Gorgatti Zarbin – Presidente Sucessor SBQ Luiz Henrique Catalani – Vice-Presidente SBQ Luiz Fernando da Silva Jr. – Secretário Geral SBQ Silvio do Desterro Cunha – Secretário Adjunto SBQ Rossimiriam Pereira de Freitas – Tesoureira SBQ José Daniel Figueroa Villar – Tesoureiro Adjunto SBQ Antonio Luiz Braga – Conselho Consultivo SBQ Fernando Galembeck – Conselho Consultivo SBQ Hans Viertler – Conselho Consultivo SBQ Maria Domingues Vargas – Conselho Consultivo SBQ Marília Oliveira Fonseca Goulart – Conselho Consultivo SBQ Vanderlan da Silva Bolzani – Conselho Consultivo SBQ Vitor Francisco Ferreira – Conselho Consultivo SBQ Douglas Wagner Franco – Diretor - Alimentos e Bebidas Dalmo Mandelli – Diretor SBQ - Catálise Carlos Alberto Marques – Diretor SBQ - Ensino de Química Pedro de Lima Neto – Diretor SBQ - Eletroquímica e Eletroanálitica Hamilton Varela – Diretor SBQ - Físico-Química Carla Cristina S. Cavalheiro – Diretor SBQ - Fotoquímica João Henrique Ghilardi Lago – Diretor SBQ - Produtos Naturais Anne Helene Fostier – Diretora SBQ - Química Ambiental Maria das Graças A. Korn – Diretora SBQ - Química Analítica Roselena Faez – Diretora SBQ - Química de Materiais Shirley Nakagaki Bastos – Diretora SBQ - Química Inorgânica Carlos Mauricio R. de Sant ´Anna – Diretor SBQ - Química Medicinal Rodrigo Octavio M. A. de Souza – Diretor SBQ - Química Orgânica Javier Alcides Ellena – Seção de Química Estrutural - IFSC-USP Hans Viertler – Seção de Química Tecnológica - IQUSP Reinaldo Camino Bazito – Seção de Química Tecnológica - IQUSP Vânia Gomes Zuin – Seção de Química Verde - UFSCar Nito Angelo Debacher – Departamento de Química - UFSC


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