Boletim Especial 46th World Chemistry Congress/IUPAC-2017 e 40ª RASBQ

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Editorial Único, incrível, inesquecível. Em quase 100 anos de existência foi a primeira vez que o continente sul-americano sediou o Congresso Mundial de Química da IUPAC. Foram realizadas cerca de 700 atividades científicas, incorporando todas as áreas da Química, para mais de 3.500 participantes de 66 países do mundo. Entre tantas novidades, introduzimos um sistema inovador de palco 360° que encantou os participantes do evento. Com até 8 conferências acontecendo ao mesmo tempo num espaço único, sem salas ou divisórias, o grande público acompanhou uma ou mais atividades sem ter que se deslocar. Em um momento muito especial das comemorações dos 40 anos da fundação da SBQ, fomos a capital mundial da Química. Impossível não se emocionar ao lembrar da extraordinária conferência do Prêmio Nobel de Química atual, Sir Fraser Stoddart, que, com olhos marejados e voz embargada, descreveu o mundo fascinante das nanomáquinas e mostrou alguns dos fatores determinantes para se atingir o sucesso na vida pessoal e profissional. Entre os presentes, o clima foi de pura euforia e harmonia. Percebia-se, no sorriso fácil e na participação entusiasmada, o orgulho de estar recebendo o mais global dos eventos das Ciências Químicas com tamanha excelência e profissionalismo. Juntos construímos uma linda história, que nos enche de alegria e fez valer a pena os 7 longos anos de dedicação e trabalho. O Brasil e a América do Sul já têm seus lugares garantidos no mapa-múndi da Química. A IUPAC-2017 está deixando um legado tangível, que deve ser a favor e para o bem de nossa sociedade, de nossos pesquisadores, professores, e, especialmente, de nossos jovens estudantes, que representam o nosso futuro. Parabéns a SBQ e a todos que nos ajudaram a tornar este sonho realidade! Adriano D. Andricopulo Rossimiriam Pereira de Freitas

Química Globalizada Rajesh Pandit foi o único representante do Nepal no Congresso Mundial de Química. Ele é físico-químico especializado em polímeros, chefe-adjunto do campus Tri-Chandra da Tribhuvan University, em Katmandu, e diretor no Instituto Nepalês de Polímeros. “Nosso curso de química tem 50 anos, e a universidade atrai 3 mil alunos para os cursos de ciência e tecnologia anualmente”, contou Pandit. “Estamos desenvolvendo o ambiente de pesquisa e ciência no Nepal.”


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O maior evento científico da história das Ciências Químicas da América Latina Com participantes de 66 países, 46º Congresso Mundial de Química trouxe forte mensagem pela sustentabilidade Um dos maiores eventos científicos globais, o O presidente da Sociedade Brasileira de Química 46º Congresso Mundial de Química (IUPAC 2017) foi (SBQ), professor Aldo Zarbin (UFPR) destacou a força realizado em São Paulo entre 9 e 14 de julho com a da química no Brasil, que hoje tem o oitavo maior setor presença de três prêmios Nobel e cerca de 3,5 mil químico industrial, com um faturamento de US$ 113,5 químicos de todos os continentes. “Hoje o Brasil entra bilhões, e gera 2% das publicações científicas de química. no mapa-múndi da química”, declarou o professor “Receber os principais químicos do mundo para debater Adriano D. Andricopulo (IFSC-USP), presidente do as o desenvolvimento da ciência é uma honra e um Comitê Organizador do Congresso, na reconhecimento aos 40 anos de trabalho cerimônia de abertura. incansável da SBQ”, observa. “Estamos “Estamos realizando um sonho: é O ex-presidente da SBQ e secretário realizando um a primeira vez que a IUPAC se reúne de Políticas e Programas de Pesquisa no país que fornece o oxigênio do sonho: é a primeira e Desenvolvimento do MCTIC (Seped), planeta”, afirmou a presidente da vez que a IUPAC se Jailson Bittencourt de Andrade, destacou IUPAC, professora Natalia Tarasova. Ela reúne no país que a importância do planejamento para destacou a importância de uma postura fornece o oxigênio a concretização do projeto. “Fruto do ética do cientista em relação às graves trabalho de muitos anos para que o país do planeta” – questões globais. “Os objetivos de sediasse este grande evento”, disse o Natalia Tarasova, dirigente. A conferência de abertura foi desenvolvimento sustentável da ONU IUPAC nos dão diretrizes sobre para onde dirigir feita pelo professor Robert Huber, do nossos esforços”, falou. Instituto Max Planck, prêmio Nobel de A cerimônia de abertura foi realizada para uma 1988 pelo seu trabalho com a determinação da estrutura plateia estimada em 2,5 mil pessoas e teve a participação tridimensional de um centro de reações fotossintéticas. do Coral de Câmara da USP Comunicantus, que O Congresso Mundial de Química teve a apresentação apresentou uma paleta diversa de músicas brasileiras. de 2320 trabalhos científicos, sendo química analítica Na mesma noite foram feitas as premiações “IUPAC e síntese os temas mais populares, com 281 e 277 2017 Distinguished Women in Chemistry” e “2017 IUPAC trabalhos respectivamente. As maiores delegações International Award for Young Chemists”. estrangeiras foram a norte-americana e a canadense.


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NOBEL

A ciência, a vida e o carisma de Sir Fraser Stoddart Nobel atual de Química conta sobre suas nanomáquinas e passa uma tarde de popstar entre centenas de selfies e autógrafos

Se a IUPAC-2017 trouxe ao Brasil a nata da química mundial, o Brasil fica marcado eternamente nas boas lembranças do escocês Sir Fraser Stoddart, prêmio Nobel de Química de 2016, que, na tarde seguinte à sua conferência, passou quase três horas tirando fotos e dando autógrafos, como um PopStar. “Estou emocionado. É algo inédito na minha vida”, disse entre um autógrafo e outro a um público jovem e apaixonado. “Eu não conhecia o trabalho dele, e adorei conhecer. Além do aspecto científico, ele mostrou seu lado humano, humilde e veio aqui se aproximar de nós”, declarou Helena Mannochio Russo, mestranda em química de produtos naturais, que participou pela primeira vez de um evento da SBQ. Sir Fraser já havia tocado a plateia pela manhã, quando se emocionou durante sua conferência. Ele falou sobre amor, família, liberdade, política, criatividade, arte e química. Uma química tão avançada – as suas nanomáquinas baseadas em

ligações mecânicas – que ele compara à aviação em 1927. “O Nobel foi um reconhecimento à pesquisa de base. Antes de Charles Lindbergh atravessar o Atlântico nós não sabíamos aonde os aviões podiam nos levar. Hoje sabemos que as ligações mecânicas vão mudar o mundo, mas ainda não temos ideia das aplicações que virão, afora as mais óbvias como na medicina e na indústria de tecnologia de informação.” Em 1991, o pesquisador conseguiu ligar um anel molecular a um eixo molecular e depois foi capaz de controlar o movimento do anel ao longo do eixo estabelecendo um novo campo na química. Publicou mais de 1,2 mil artigos e orientou mais de 400 doutorandos e pós-docs. Filho único, foi criado em uma fazenda perto de Edimburgo “sem eletricidade até os 18 anos, com muito carinho e apoio dos pais, recompensas pelo esforço e um grande incentivo ao risco das descobertas.” Ele Incentivou os pesquisadores a perseverarem com suas ideias, mesmo diante de críticas ou pouco


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caso da comunidade científica. “Quem está de fora não tem as respostas que você busca. Repito o que me disse um mestre que tive: encontre um grande problema e persiga sua solução”, sugeriu. Ao citar um artigo de Jean-Pierre Sauvage (seu colega laureado com o Nobel em 2016, juntamente com Bernard Feringa), ele encorajou os químicos a publicarem bons artigos em português. “Bons artigos serão lidos e terão impacto, não importa em que língua estejam. Tentem em Português.” O 46º Congresso Mundial de Química teve também as conferências dos prêmios Nobel de 1988, Robert Huber, e 2009, Ada Yonath.

Religião e nacionalismo são dois fardos da humanidade Num momento em que conflitos sociais se agravam em todos os continentes e líderes nacionalistas e religiosos surgem na política, Sir Fraser Stoddart deixou um alerta. “A religião e o nacionalismo são os dois grandes fardos da humanidade, dos quais não conseguiremos nos livrar tão facilmente”, disse ao Boletim SBQ, ao comentar a frase de Albert Einstein: “Ciência sem religião é surda. Religião sem ciência é cega”, do texto “On Science and Religion”. “Acho que ao longo do tempo o ser humano saberá responder as questões sobre de onde veio e o que deve almejar. E não acho que é a religião que mostrará este caminho, porque eles tomam atalhos

para explicações que são bizarras”, observou. “Se não tivéssemos religião e nacionalismo nas nossas vidas, estaríamos entrando numa era de muito mais paz. Estamos ainda pagando por um conflito religioso muito antigo com muitas guerras.” Usuário do Twitter, onde se define como alguém que mistura arte e ciência, Sir Fraser expressou na rede social sua decepção com as cercas que separam os frequentadores da classe executiva do avião que o trouxe ao Brasil. “É preciso quebrar barreiras que distanciam as pessoas. A própria noção de país não caberia em um mundo ideal”, disse o Nobel. O pesquisador defende a importância de um conhecimento científico mínimo de todos os cidadãos para um melhor desenvolvimento da sociedade. “Acho que precisamos reavaliar nossa noção de democracia. Se ela significa que pessoas com graus muito distintos de conhecimento tenham a mesma representatividade em uma urna de votação, acho que não funciona. Talvez seja o caso de avaliar se um cidadão não precisa ter um mínimo de conhecimento antes que possa votar. Veja o que aconteceu recentemente nos Estados Unidos e no Reino Unido (a eleição de Donald Trump e o Brexit). Foram decisões muito prejudiciais às populações”, analisou. De sua parte, Sir Fraser afirmou que tem feito o melhor possível no sentido de se comunicar com as pessoas de diversos países, sobretudo os jovens. “Fico feliz de estar no Twitter e constatar que as pessoas têm interesse em saber o que eu tenho a dizer.”


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SIMPÓSIOS

Inovações em medicina, energia e indústria Diversos temas em que a química aplicada se reflete mais portátil”, disse. “E isso está só começando. Pense na obviamente na vida das pessoas foram tratados no 46º internet das coisas e na quantidade de sensores que Congresso Mundial de Química. Entre todos os simpósios precisarão de bateria para estarmos conectados.” e conferências plenárias, além das questões da ciência Clare foi uma das conferencistas da IUPAC-2017, onde básica, houve muitos debates sobre medicina, energia apresentou alguns dos resultados de seus cerca de 20 e indústria, vetores da inovação científica. anos de pesquisa no assunto. “Queremos desenvolver A indústria química esteve presente com a realização baterias com maior capacidade, que tolerem mais ciclos do simpósio Química para Inovação na Indústria Química de cargas e que sejam mais seguras”, disse, lembrando e com o Seminário Abiquim de Tecnologia e Inovação, dos casos recentes de explosões em baterias de que trouxe executivos de diversas indústrias líderes celulares. “Baterias que duram mais significam menos de mercado como Dow, Basf, Rhodia-Solvay, Braskem, recursos, custos e descartes.” Elekeiroz e outras. “É muito importante ter indústria e A “bateria definitiva” que o grupo de Clare tem academia juntos”, disse Willi Nass, vice-presidente de tentado viabilizar são as chamadas baterias de lítio-ar serviços técnicos da Basf para América do (Li-O2), processo que troca o óxido de metais “Em 150 pesados usado no fluxo das nossas baterias Sul. “Em 150 anos sempre trabalhamos em anos sempre recarregáveis atuais (íon-lítio) por oxigênio. parceria com a academia em nossos centros trabalhamos em Isso significa baterias com mais energia e de pesquisa. Na América do Sul nossa parceria com a menos peso. “Ainda não é uma tecnologia agenda prioriza a parte de melhoramento academia em comercialmente viável, mas já avançamos genético de cultivares: plantas resistentes nossos centros muito”, disse. “Nosso trabalho não é só à seca e a doenças.” de pesquisa. Na entender como as baterias funcionam, mas Para Rafael Pellicciotta, responsável América do Sul principalmente onde falham.” por inovação na Elekeiroz e coordenador nossa agenda As baterias Li-O2 também foram tema do da comissão de tecnologia da Abiquim, a prioriza a parte pesquisador de Berkeley, Bryan McCloskey. participação da indústria na IUPAC-2017 foi um marco. “Estou muito satisfeito porque de melhoramento Ele mostrou as possibilidades de uso da genético de eletroquímica em baterias de eletrólitos conseguimos obter uma aproximação cultivares: plantas não aquosos para dirimir as limitações do muito intensa entre os profissionais que trabalham em tecnologia e inovação na resistentes à seca produto referentes à deposição do cátodo, e a doenças.” – um dos fatores que ainda impedem sua indústria, alunos, professores, institutos e Willi Nass viabilização. Formas para se ter maior academia.” aproveitamento de biomassa, etanol, Já imaginou só precisar carregar o seu smartphone uma vez por semana? Ou então ter um carro biocombustíveis e outras soluções para carros elétricos elétrico para cruzar os 780 quilômetros entre o Rio de foram temas que também apareceram nas salas do Janeiro e o começo da Bahia sem precisar “reabastecer” centro de eventos do WTC. nenhuma vez? Para se ter uma ideia, os principais carros elétricos no mercado hoje oferecem autonomia na faixa Novos fármacos e a velha resistência dos 160 quilômetros – não dá para o carioca sequer A cientista israelense Ada Yonath, prêmio Nobel de chegar a Búzios. Se tudo der certo, é para esta realidade que pesquisas Química de 2009, fez um alerta sobre a resistência como a da professora da Universidade de Cambridge crescente das bactérias a antibióticos e falou de suas Clare Grey vai nos levar. “Se pensarmos na revolução pesquisas para o desenvolvimento de uma nova classe de da mobilidade, nos tornamos muito dependentes das antibióticos seletivos e eficazes que atue diretamente no baterias, mas ainda não temos de fato uma energia ribossomo, impedindo a replicação do DNA das bactérias.


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Clare Grey

Glaucius Oliva

Ada Yonath

Willi Nass

Ada recebeu o prêmio Nobel justamente por seu trabalho que apresentou conferência plenária sobre seu trabalho na caracterização tridimensional do ribossomo, ou seja, no desenvolvimento de nanocápsulas poliméricas para pela primeira vez a ciência pode “ver” um ribossomo o armazenamento, transporte e a entrega de fármacos. exatamente como ele é e entender seu funcionamento. “A realização da IUPAC-2017 no Brasil foi um marco A partir dessa conquista Ada aprofundou sua para a química e para a química medicinal brasileira. O pesquisa no sentido de abrir caminho impacto deste evento vai perdurar por para o desenvolvimento de fármacos que muitos anos pelas colaborações que “A realização da possam atuar diretamente no ribossomo. IUPAC-2017 no Brasil está fomentando”, afirma o professor “As grandes indústrias farmacêuticas Glaucius Oliva (IFSC-USP), conferencista foi um marco para a diminuíram substancialmente seus e coordenador de um simpósio de química medicinal investimentos em pesquisa de novos química medicinal em que falou sobre e para a química antibióticos diante do risco de serem medicinal brasileira. suas pesquisas no desenvolvimento de ineficazes pela resistência. Então nosso fármacos contra o vírus zika. O impacto deste grupo resolveu investir esforços nessa Em sua opinião a academia no evento vai perdurar linha”, disse em sua conferência plenária. por muitos anos pelas Brasil ainda não tem a cultura de “Hoje sabemos que a resistência a desenvolvimento de fármacos. “Quem colaborações que antibióticos existe e evolui mesmo que a faz isso é a indústria farmacêutica, mas está fomentando” – pessoa nunca tenha tomado antibióticos. estamos aos poucos trazendo a cultura Glaucius Oliva As bactérias querem viver.” empresarial para a academia e esta A resistência aos antibióticos é também a motivação cultura está se embrenhando nos jovens químicos. Este da alemã Katharina Landfester, do Max Planck Institute, evento é uma prova disso.”


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SBQ 40 ANOS

SBQ anuncia Foz do Iguaçu 2018 e crescimento das publicações Foi um presente inesquecível para os 40 anos da SBQ o sucesso do 46º Congresso Mundial de Química. Frequência de associados maior que no ano passado, contas aprovadas, elogios do board da IUPAC ao evento e a certeza de que a química brasileira sobe de patamar, ficando o desafio de realizar a 41ª Reunião Anual, em Foz do Iguaçu, em 2018. “Os 40 anos da SBQ tiveram como ponto alto a conferência de Sir Fraser Stoddart. Fazia tempo que não recebíamos o Nobel atual, e sua empatia com o público foi sensacional. Chegamos ao cume da nossa internacionalização, estamos com a bola lá em cima e não podemos deixá-la cair”, afirmou o presidente da SBQ, professor Aldo Zarbin. Seu sucessor a partir de maio de 2018, Norberto Peporine Lopes, destacou a presença de jovens e mulheres no evento. “Foi algo marcante. O board da IUPAC ficou sensibilizado com a motivação dos jovens brasileiros”, declarou durante a assembleia geral ordinária da entidade.

A secretária-geral da SBQ, professora Rossimiriam Freitas (UFMG), apresentou os números do evento e anunciou Foz do Iguaçu como sede da próxima Reunião Anual, entre os dias 20 a 24 de maio de 2018. “O retorno positivo dos participantes foi incrível, ficaram todos muito entusiasmados. Todos nós, que participamos ativamente da organização desse grandioso acontecimento, estamos muito felizes com o resultado, eu particularmente, já que estive em contato direto com centenas desses participantes durante a fase de organização”, declarou. O professor Luiz Henrique Catalani destacou a internacionalização e também a forte presença da indústria (que realizou um simpósio e um seminário) no evento. “É uma parceria que vem sendo construída com mais força nos últimos quatro anos, e que temos de fomentar”, observou. A diretoria enalteceu o trabalho das diretorias anteriores que construiu o caminho para a realização da IUPAC 2017 no Brasil. A ideia surgiu e tomou corpo


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na gestão de César Zucco, a candidatura foi efetivada na gestão Victor Ferreira, a vitória veio na gestão Adriano Andricopulo e a organização na gestão atual. “É preciso também lembrar o professor Fernando Galembeck, um dos primeiros na SBQ a ter contato com a IUPAC”, ressaltou a professora Vanderlan Bolzani, representante do Brasil na IUPAC. Em um ano de crise, foi celebrada na Assembleia a realização do Congresso Mundial de Química com receita, fruto de um grande esforço coordenado dos organizadores. No balanço da entidade ficou demonstrado o aumento de receitas decorrentes da associação de novos membros e das publicações, que tendem a ser cada vez mais importantes no custeio das atividades da SBQ. “O nosso associado percebeu a importância de fazer parte de uma sociedade científica forte e representativa como a nossa e de submeter artigos às nossas publicações”, destacou Zarbin.

Mesa diretora

A importância de apresentar trabalhos A 40ª Reunião Anual da SBQ, realizada dentro do Congresso Mundial de Química, valorizou as tradicionais sessões coordenadas das divisões científicas. Foram 12 sessões com 96 apresentações de alunos de graduação, pós-graduação e pesquisadores, realizadas no mesmo dia da conferência do prêmio Nobel Sir J. Fraser Stoddart. Os trabalhos foram selecionados apenas entre sócios da SBQ. Giulia Murbach de Oliveira, 20 anos, aluna do terceiro ano de graduação da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) estava pronta para apresentar seu trabalho sobre a difusão de líquido iônico em fendas carregadas, na sessão de pôsteres. Há muito vinha se preparando para seu primeiro grande evento científico, quando foi surpreendida por um convite da SBQ para fazer sua apresentação na sessão coordenada de Físico-Química/ Química Teórica. “Foi uma surpresa porque eu não esperava ser selecionada”, declara a estudante. “Eu sou muito crítica e fiquei um pouco nervosa durante a apresentação, mas minhas colegas falaram que fui bem. Foi uma experiência muito gratificante.” Giulia conta que tem estudado a difusão de líquidos iônicos há cerca de um ano, com seu professor José Leonardo Amaral de Siqueira. “É um trabalho que tem como objetivo estudar a eficiência de materiais diferentes para serem usados em supracapacitores. Na prática estamos falando de melhores formas de armazenamento de energia”, explica. Também para Danilo Pereira de Sant’ana, farmacêutico formado pela UFRJ, com doutorado pela Unicamp e pesquisas realizadas em Montpelier e Berkley, os 40 anos da SBQ tiveram um sabor especial. Seu trabalho

Giulia Murbach de Oliveira

foi selecionado para o simpósio de síntese orgânica, do Congresso Mundial de Química. “É uma experiência fantástica. Ao mesmo que dá uma certa apreensão por apresentar para a comunidade internacional, em inglês, é muito gratificante ter o trabalho selecionado entre tantos”, conta Sant’ana. Ele é sócio da SBQ desde sua época de graduação e considera as reuniões científicas de extrema importância para carreira dos químicos. “Foi em uma Reunião Anual que conheci meu orientador. Conhecer outros químicos do Brasil e do exterior é uma oportunidade que todos devem aproveitar.”

Giovanni Amarante, da Universidade Federal de Juiz de Fora, recebe da professora Susana Torresi, editora de Química Nova, o Prêmio Química Nova para Jovens Autores


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PAINEL DE DISCUSSÕES

EM BUSCA DE UM PLANETA SUSTENTÁVEL O mundo está mudando. Os recursos dão indícios de estarem se esg otando e, mais importante, a sociedade começou a entender que isso é um problema. E a química é personagem central na busca por soluções. Este foi o principal recado dado no primeiro painel do 46º Congresso Mundial da Química da IUPAC, em que representantes da indústria e das sociedades de química de sete países debateram o futuro da química. “Há 20 anos, o entendimento era que não existiam mudanças climáticas”, disse a presidente da IUPAC, Natalia Tarasova. “Dez anos depois, compreendeu-se que havia um problema, mas que nós não éramos parte dele. Hoje vivemos integralmente essas mudanças, mas é tarde para pará-las.” Natalia citou as metas de desenvolvimento sustentável estabelecidas pelas Nações Unidas (ONU). Erradicação da fome, tratamento de água e saneamento e consumo e produção sustentáveis são algumas delas “e em todas a química está presente”, pontuou. “São problemas globais, para os quais precisamos de uma abordagem global também”, disse o professor Aldo Zarbin (UFPR), presidente da Sociedade Brasileira de Química (SBQ). Zarbin falou da internacionalização da comunidade científica “a diversidade cultural é tão importante quanto a diversidade de assuntos pesquisados”, disse. Segundo ele, chega a 30% o total de cientistas que trabalham fora do seu país, e, de 2015 para cá, há 25% mais artigos assinados por pesquisadores de nacionalidades diferentes. Diversidade foi outro tema amplamente abordado. “A diversidade traz inovação”, disse o diretor de P D da Dow na América atina, John Biggs, que representava a Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim). Segundo ele, a busca por diferentes perfis de gênero, raça ou preferência sexual é hoje uma tônica dominante em qualquer grande companhia do setor. Ingrid Montes, diretora da American Chemical Society (ACS), trouxe dados que mostraram a participação ainda muito reduzida de mulheres nas ciências. “O mundo é

“Uma química sustentável depende de talentos, e temos que atrair os mais jovens se quisermos garantir os talentos do futuro. A ciência está mudando, e temos que mudar o ensino também.” – John Holman, Royal Chemical Society 1 para 1 em proporção de homens e mulheres, mas, na ciência, 74% são homens”, disse. Das patentes registradas nos Estados Unidos, 95% pertencem a homens, e no topo das empresas a representaçã o feminina também é restrita dos profissionais sêniores apenas 9% dos CEOs são mulheres. Participaram também do painel Thisbe indhorst, presidente da erman Chemical Society, Zhigang Shuai, Secretário eral da Chinese Chemical Society, Sir John Holman, presidente da Royal Chemical Society, e Richard Hartshorn, secretário-geral da IUPAC. A coordenação foi do professor Paulo Cezar ieira (UFSCAR), ex-presidente da S B Q .


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CONFERÊNCIA PLENÁRIA

A fotocatálise de MacMillan em domínio público Pesquisador não patenteou reações que inventou com auxílio da luz visível

David MacMillan

David MacMillan é frequentemente citado como um catálise com a luz visível e conseguimos de uma forma dos químicos mais importantes dos últimos 10 anos. Em que demonstramos alguns mecanismos previamente Princeton, este jovem escocês que usa a luz visível na desconhecidos”, explicou. fotocatálise, tem criado uma série de novas reações que Tido por muitos de seus pares como um potencial possibilitam chegar a moléculas conhecidas por caminhos ganhador do Nobel de Química, MacMillan ponderou mais limpos, rápidos e baratos e, melhor ainda, chegar sobre a importância do prêmio diante do impacto da a novas moléculas úteis ao ser humano. Ele proferiu pesquisa em si. “O prêmio é importante, mas é um uma das nove conferências plenárias reconhecimento individual. Creio que do 46º Congresso Mundial de Química, o impacto de meu trabalho para a “Nos vários países tirou muitas fotos e deu centenas de sociedade é um prêmio maior.” que visitei percebi autógrafos aos participantes. Ele contou que procura garantir um que cada cultura tem Seu grupo desenvolveu cerca de 60 tempo livre do trabalho para buscar novas reações, das quais quase dez inspiração – um de seus hobbies é uma personalidade, já são utilizadas em larga escala pela pilotar aviões – sempre que possível. e isso se reflete na indústria farmacêutica. “Eu nunca “É algo incrivelmente importante. ciência. No Brasil, requeri nenhuma patente. Sou pago Todos os seres humanos são capazes as coisas são muito com dinheiro dos impostos e acredito de grandes realizações, mas sabemos práticas e mesmo sem que este conhecimento deve estar que nosso cérebro não funciona bem disponível a todos. Seria irresponsável o tempo todo. Fazer coisas diferentes, os recursos ideais, de minha parte ganhar mais dinheiro percebo que o País se pensar em coisas diferentes, estar em assim”, contou ao Boletim SBQ. “A lugares diferentes permite que a mente mantém no topo da universidade às vezes fica chateada se expanda e o indivíduo alcance visões porque gostaria de patentear. Mas sei química desde que eu mais abrangentes sobre as coisas.” quando chegar aos 90 anos e olhar MacMillan disse ser um admirador faço ciência.” para trás ficarei muito feliz com essa do caráter de “saber viver” do brasileiro, decisão.” e que gostaria de estabelecer colaborações com Sua pesquisa com luz visível começou 11 anos pesquisadores do País. “Nos vários países que visitei atrás diante da dificuldade de encontrar uma solução percebi que cada cultura tem uma personalidade, e isso para um problema. Seu primeiro grande avanço foi se reflete na ciência. No Brasil, por exemplo, as coisas são obtido em laboratório em 2007 e publicado em 2008. muito práticas e mesmo sem os recursos ideais, percebo “Descobrimos que ao emitir luz UV, a intensa energia que o País se mantém no topo da química desde que quebrava ligações orgânicas. Então tentamos usar a eu faço ciência.”


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PREMIAÇÕES

A IUPAC realizou as premiações Distinguished Women in Chemistry and Chemical Engineering, para mulheres pesquisadoras, e IUPAC-Solvay International Award for Young Chemists, para jovens cientistas. Os prêmios foram entregues pela presidente da entidade, Natalia Tarasova.

Distinguished Women in Chemistry

Lifeng Chi

Concepción Gimeno

Misako Aida

Zafra Lerman

Thisbe Lindhorst

Yvonne Mascarenhas

Veronika Ruth Meyer

Ingrid Montes

Frances Separovic


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Solvay International Award for Young Chemists

Matthew Ross Golder

Andreas Thomas Haedler

Ekaterina Vinogradova

Christopher Michael Lemon

Leonardo Scarabelli

Chenjie Zeng

Sebastian Angel Suarez

Fergus Eoin Poynton


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ASSEMBLEIA GERAL IUPAC

Montreal é

escolhida para 2021

Para 2019, em Paris, são esperados em torno de 8 mil químicos

A hospitalidade, a vivacidade dos jovens estudantes e uma boa surpresa são algumas coisas que os membros da IUPAC e os presentes de 66 países vão levar consigo de seus seis dias em São Paulo durante o 46º Congresso Mundial de Química. “Houve um certo ceticismo quando o Brasil se candidatou (a sede)”, contou a presidente da IUPAC, Natalia Tarasova. Era a primeira vez que o país aparecia, o clima era incerto e a localização muito longe do eixo Europa-América do Norte onde a maioria dos encontros se passa. “Mas estamos muito satisfeitos. Foi uma organização perfeita, feita com muito esforço e competência”, observou. Agora, os trabalhos para as próximas edições já começam a pleno vapor. É durante o congresso que acontece, em paralelo, a Assembleia Geral da IUPAC, que reúne as principais lideranças da associação com o objetivo de definir as diretrizes para os próximos anos. É nele que são eleitos o futuro presidente, membros do conselho e dos comitês, e o local dos próximos congressos. Para ser o anfitrião da edição 2021, foi eleito o Canadá, que receberá o maior evento mundial da química na cidade de Montreal. “Já fomos sede duas vezes, em 1981 e em 2003, em Vancouver e Ottawa”, disse Neil Burford, dirigente da Canadian Society of Chemistry (CSC) e representante do país na IUPAC. Os canadenses concorriam com China, Tailândia e Israel. Já Haia foi eleita a sede de 2023, após disputa com outros quatro países candidatos. Assim como o Brasil, a Holanda organizará o primeiro congresso mundial de sua história. Estima-se que, desde a preparação da candidatura até o evento em si, são necessários cerca de seis anos de trabalho, o que envolve análises financeiras, a preparação da agenda científica, todos os convites e inscrições, hospedagem, adequação da infraestrutura, quantidade de salas, vias de acesso e mais uma dezena

de cuidados acompanhados de perto pela IUPAC. Burford conta que só para botarem de pé a candidatura do Canadá foram três anos de trabalho: “Para nós é um grande privilégio, pois valorizamos muito a colaboração internacional e a IUPAC é o principal fórum para isso”, diz. Desde 2013, já se havia decidido a alocação do evento em Paris – cidade que chegou na final como candidata única, já que foi lá onde, em 1919, foi fundada a IUPAC. “É o nosso centenário”, pontuou a diretora executiva da IUPAC, Lynn Soby. “E será totalmente atípico. Enquanto geralmente contamos com cerca de 3 mil participantes, em Paris são esperados cerca de 8 mil.”

Christopher Brett entra na linha de sucessão Outra decisão importante tomada durante a Assembleia Geral da IUPAC 2017 em São Paulo foi a eleição do futuro presidente da entidade. O britânico radicado em Portugal Christopher Brett foi o escolhido para a posição. Professor emérito do Departamento de Química da Universidade de Coimbra, Brett assume a vice-presidência pelo biênio 2019-2020 e, na sequência, ocupará a presidência entre 2021 e 2022. Isso acontece porque a IUPAC tem um jeito bastante próprio de definir seu ‘board’. Os presidentes são eleitos primeiramente para um mandato de dois anos como vices, assumindo só depois, automaticamente, a presidência. Quem sucederá Natalia, a atual presidente, a partir de 1 de janeiro de 2018, será o atual vicepresidente, o chinês Qi-Feng Zhou. “Eu entendo que, quando somos jovens, recebemos muito suporte da comunidade química”, diz Brett, sobre o que significa para si os novos cargos recebidos. “Quando nos tornamos mais velhos, é a nossa vez de ajudar a comunidade.”


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Delegação do Canadá

Elementos ratificados Neste ano, a assembleia geral da IUPAC teve ainda uma tarefa extraordinária: ratificar a chegada de quatro novos elementos à tabela periódica. “É um processo que leva de seis a sete anos, ou até mais, desde o momento em que a descoberta é reivindicada”, disse a diretora executiva do secretariado da IUPAC, Lynn Soby. Uma vez que um pesquisador ou grupo de pesquisadores chega ao que acredita ser um novo elemento, é necessário notificar a IUPAC e aguardar a avaliação. A descoberta precisa ainda ser publicada e revisada nas principais revistas científicas do mundo. A avaliação é longa, cautelosa e comandada por uma extensa equipe de cientistas que envolve não só a associação química, mas também a de física. “O primeiro frenesi é anunciar a descoberta. Depois vem o frenesi de escolher os nomes”, conta Lynn. Cabe aos laboratórios responsáveis sugerirem o nome e o símbolo de duas letras que os elementos levarão, em um processo aberto também a colaborações da sociedade. Aprovados em dezembro de 2016, os novos elementos, trazidos à tona por pesquisadores dos Estados Unidos, Rússia e Japão, foram batizados de nihonium (Nh), moscovium (Mc), tennessine (Ts) e oganesson (Og), ocupando, respectivamente, as posições 113, 115, 117 e 118 da tabela periódica. Todos fazem parte do grupo dos chamados elementos superpesados – isótopos criados artificialmente a partir do bombardeamento de átomos e que duram poucos segundos antes de se dissiparem. Vale ressaltar que pela primeira vez na história, quatro elementos são nomeados ao mesmo tempo e a confirmação foi feita no Brasil, um presente para os 40 anos da Sociedade Brasileira de Química.

Neil Burford

Christopher Brett

Lynn Soby


Diretoria & Conselho (2016-2018) Presidente: Aldo J. G. Zarbin (UFPR) Presidente Sucessor: Norberto Peporine Lopes (USP) Vice-Presidente: Marília Oliveira F. Goulart (UFAL) Secretário Geral: Rossimiriam Pereira de Freitas (UFMG) Secretário Adjunto: Silvio do Desterro Cunha (UFBA) Tesoureiro: Andre Galembeck (CETENE) Tesoureiro Adjunto: Fernando de Carvalho Silva (UFF) Conselho Consultivo: Adriano D. Andricopulo (USP) Conselho Consultivo: Etelvino José Henriques Bechara (USP) Conselho Consultivo: Fernando Galembeck (UNICAMP) Conselho Consultivo: Maria Domingues Vargas (UFF) Conselho Consultivo: Ronaldo Aloise Pilli (UNICAMP) Conselho Consultivo: Vanderlan da Silva Bolzani (UNESP) Conselho Consultivo: Vitor Francisco Ferreira (UFF) Conselho Fiscal: Glaura Goulart Silva (UFMG) Conselho Fiscal: Roberto de Barros Faria (UFRJ) Conselho Fiscal: Romeu Cardozo Rocha Filho (UFSCar) Organizing Committee Adriano D. Andricopulo (USP) – Chairman Luiz F. Silva Jr - in memoriam (USP) – Secretary General Roberto Torresi (USP) – Secretary General Adriano L. Monteiro (UFRGS) Aldo José G. Zarbin (UFPR) Claudio José De A. Mota (UFRJ) Fernando Figueiredo (Abiquim) – CEO Fernando Galembeck (UNICAMP) – Coordinator of the National Advisory Board Jailson Bittencourt De Andrade (UFBA) – Coordinator of the Preparatory Meetings Luiz Henrique Catalani (USP) – Coordinator of the Local Committee Maria Domingues Vargas (UFF) Mariana Doria (SENAI CETIQT) – Researcher Paulo Coutinho (SENAI CETIQT) – Biosynthetic Institute Manager Rochel Montero Lago (UFMG) Vanderlan Da Silva Bolzani (UNESP) – Coordinator of the International Advisory Board Vitor F. Ferreira (UFF) Fernando Tibau (ABIQUIM) – Innovation and Regulatory Affairs Manager Local Committee Luiz F. Silva Jr - in memoriam (USP) Luiz Henrique Catalani (USP) – Coordinator Pedro Henrique Camargo Cury (USP) Roberto Torresi (USP) Thiago Paixão (USP) Financial Committee Norberto Peporine Lopes, Brazil – Coordinator Rossimiriam P. de Freitas, Brazil

EXPEDIENTE Editora: Rossimiriam Pereira de Freitas Textos: Juliana Elias, Lino Rodrigues e Mario Henrique Viana Fotos: Eduardo Viana Projeto Gráfico e Diagramação: Editora Cubo


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