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O Novo SAEB na prática O que educadores dizem do primeiro ano de exame após a reestruturação

Criado em 1990, o Sistema de Avaliação da Educação Básica (SAEB) foi reestruturado de acordo com as Portarias nº 458, de 5 de maio de 2020, e nº 10, de 8 de janeiro de 2021, tornando-se também conhecido como Novo SAEB. Todas as mudanças, no entanto, passaram a valer nos exames de 2022, aplicados no final de outubro e no início de novembro. Os ajustes ocorreram para sua readequação ao Novo Ensino Médio, às Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs), à nova Política Nacional de Alfabetização (PNA) e à Base Nacional Comum Curricular (BNCC).

O objetivo do SAEB continua o mesmo: promover uma avaliação em larga escala para que seja realizado um diagnóstico da Educação Básica brasileira (tanto na rede pública como na privada) e dos possíveis fatores que interferem no desempenho do estudante, conforme define o seu aplicador, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP). O que realmente mudou foi a maneira como isso ocorre, apresentando alterações no formato, na periodicidade das provas e em alguns outros parâmetros.

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Por exemplo, a avaliação ocorria a cada dois anos, sendo que todas as suas questões eram alternativas; agora, ela é realizada anualmente e conta com algumas questões dissertativas. Além disso, as provas passaram a ser digitais para os alunos do 5 º ano do Ensino Fundamental em diante; apenas os aprendidos em sala de aula, então é um pouco mais difícil mensurar como esses alunos dos Anos Finais do Ensino Fundamental foram afetados pelas problemáticas referentes à pandemia.

Além de alterações na prova, os resultados do Novo SAEB também mostram os reflexos da pandemia no desempenho escolar dos estudantes.

Vinícius Freaza, educador da Evolucional, empresa responsável pela elaboração de avaliações pedagógicas e simulados, destaca que “os mecanismos de verificação de aprendizagem, que compreendem testes e avaliações, não deveriam ser utilizados apenas para classificação dos alunos em função de uma nota ou pontuação. Eles devem ser instrumentos estratégicos, geradores de dados e insights, a partir dos quais os diferentes atores do sistema educacional podem planejar suas ações”. Esta é justamente a grande meta do SAEB. Pela análise cuidadosa dos seus resultados, as instituições de ensino, os municípios e os estados serão capazes de traçar estratégias de desenvolvimento e promover a melhoria contínua do projeto pedagógico de suas escolas.

Portanto, as expectativas de educadores e gestores a respeito dos resultados do SAEB em 2022 são significativas: além de carregarem as mudanças do sistema e a assimilação do trabalho dos professores pelos estudantes, eles mostram os reflexos da pandemia no desempenho escolar de todos os alunos, que passaram por 2020 e 2021 assistindo às aulas na modalidade online.

De acordo com Susan Rocha, coordenadora do Ensino Fundamental da Prefeitura de Queimados (RJ), pelos resultados das avaliações, notam-se déficits quanto às competências e habilidades dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental, sobretudo nos quesitos de leitura, escrita e raciocínio lógico, o que serve de alerta para uma fragilidade nas próximas etapas, fazendo com que os docentes peçam reformulações no planejamento estratégico escolar. Em função disso, a educadora evidencia a importância da formação docente continuada para a “ampliação das habilidades essenciais nas formas de produção de exercícios do cotidiano escolar, nos reforços paralelos e nas avaliações internas”.

Ainda assim, os educadores estão positivos em relação às alterações do SAEB. Rocha salienta que o novo formato oferece uma visão ampla do cenário educacional após a pandemia, em razão de todas as séries realizarem a avaliação, que também foi estendida para a Educação Infantil. Em oposição, o modelo anterior da prova era aplicado apenas entre algumas séries dos Ensinos Fundamental e Médio.

A coordenadora acrescenta que o fato de a avaliação ser aplicada anualmente também colabora para que a evolução das turmas seja acompanhada de modo adequado. Sobre isso, Freaza complementa que o Novo SAEB tornou-se ainda mais eficiente devido ao seu alinhamento com a BNCC, dado que esse documento define as perspectivas de aprendizagem para cada ano e/ou série; logo, os exames anuais são capazes de realmente avaliar se essas expectativas foram cumpridas.

Freaza também vem notando, já em edições anteriores do SAEB, a queda no desempenho em Língua Portuguesa e em Matemática dos estudantes do 2º ao 5º ano do Ensino Fundamental. Ele acredita que a disparidade entre os resultados dos Anos Iniciais e Anos Finais ocorra, principalmente, devido à diferença no nível de maturidade da autonomia dos pequenos estudantes, que naturalmente precisam de acompanhamento mais próximo do professor, algo que foi comprometido pelo ensino remoto emergencial. Além disso, os estudantes mais velhos responderam a questões sobre conteúdos de anos anteriores, ou seja,

O professor Casemiro Campos, fundador da Editora Caminhar e que também já trabalhou como revisor do material do Novo SAEB, ficou entusiasmado com outro benefício oriundo desse alinhamento: a inclusão de novas áreas de conhecimento no exame. A BNCC prevê a aprendizagem de conteúdos de Ciências da Natureza e suas Tecnologias e de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas, que, por meio da reformulação, passam a ser conferidos pelo SAEB. Tanto Campos como os demais entrevistados têm boas expectativas a respeito da reestruturação, acreditando que as melhorias impactarão no trabalho pedagógico dos educadores.

Confira as novas matrizes para Língua Portuguesa e Matemática no Blog da Brasil: https://bit.ly/onovosaeb

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