Revista Poder | Edição 129

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CULTURA INC. POR LUÍS COSTA

A S E M À O H N I T U CO

Filme traz entrevista com o diretor Eduardo Coutinho (1933-2014), reflexão sobre seu cinema documental, que chamava de “quase ficção”

E

duardo Coutinho, gigante do cinema, aos 78 anos. Josafá Veloso, cineasta estreante, aos 28. A longa conversa, em 2012, resultou no documentário Banquete Coutinho, que deve chegar aos cinemas neste semestre. Mais importante documentarista do país, Eduardo Coutinho, que morreria dois anos depois, em fevereiro de 2014, revisita seus filmes e fala de si, do cinema e da vida. O documentário parte de uma premissa, ou, melhor dizendo, de uma pergunta: O diretor de clássicos como Cabra Marcado para Morrer (1984), Santo Forte (1999), Edifício Master (2002), Jogo de Cena (2007) e As Canções (2011), entre vários

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outros, teria feito sempre o mesmo filme? “Não tem resposta”, diz Veloso, doutorando em audiovisual na USP. “O Coutinho é avesso a qualquer tipo de caracterização fácil”, afirma. Coutinho trata o seu cinema documental como “quase ficção”, um híbrido entre a realidade que a câmera capta, a performance dos personagens e a montagem autoral. Foi uma longa preparação até o encontro. Entusiasta da obra de Coutinho desde a adolescência, Veloso

O diretor estreante, Josafá Veloso, que lança Banquete Coutinho

conhecia bem trechos de filmes, citações, autores que fizeram a cabeça do documentarista – que conservava uma pasta com páginas arrancadas de livros com trechos escolhidos. Até um cigarro artesanal Veloso levou à conversa, sabedor que pessoas que fumam gostam de conversar com outras pessoas que fumam. Antes do encontro, só houve breves diálogos por telefone. O jeito fechado, ranzinza, de Coutinho foi sendo vencido. Quando Veloso mencionou o filme alemão A Morte de Empédocles (1987), o mestre ficou entusiasmado. “O tempo parou. A palavra começou a ficar quente”, lembra Veloso. Na montagem de Eugenio Puppo e Gustavo Vasconcelos, a conversa é combinada a um denso repertório de imagens. Feito em parceria com o Canal Curta!, o filme foi gestado sem pressa. “Quis fazer um filme artesanal e ao mesmo tempo ter tempo livre para encontrar o filme que eu queria”, diz Veloso, que também é músico e assina a trilha sonora do longa.


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