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VAI DAR PRAIA

VAI DAR PRAIA

Com dez anos de mercado, a Âyiné, editora que começou como revista de temática islâmica, garimpa autores e obras esquecidas pelas grandes casas editoriais

Tudo começou com uma revista chamada Âyiné – que quer dizer espelho, na língua persa. Voltada a estudos islâmicos, a revista se transformaria em editora em 2017, com diversidade de obras e de autores, de clássicos a contemporâneos, e de temas que vão de ensaios filosóficos do século 15 a romances atuais. Aos dez anos, a Âyiné – que tem sede no Brasil, mas foi fundada na Itália por brasileiros e italianos – é dirigida pelo especialista em literatura persa Pedro Fonseca. Ele afirma que a editora pretende expandir sua área de atuação. “Temos ideias para novas coleções, queremos olhar para a produção literária brasileira um pouco mais de perto – e só será possível fazer isso agora com a editora um pouco mais estruturada, com funcionários e colaboradores mais presentes”, diz Fonseca.

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O diretor editorial lembra que a Âyiné surgiu em um momento de grande transformação no mercado editorial, quando as grandes redes de livrarias estavam perdendo o fôlego. “A editora não precisou se adaptar, mas, sim, atuar em um mercado em crise, que estava em intensa transformação. Desde o início, procuramos livrarias independentes, de bairro, que apostam em uma boa seleção de títulos”, conta ele.

O primeiro foi Memó rias de um Editor, de Kurt Wolff, volume que reúne as memórias desse que foi o editor de grandes nomes da literatura do século 20, como Franz Kafka, Karl Kraus, Robert Walser e Gustav Meyrink. De lá para cá, a Âyiné já publicou autores consagrados como Natalia Ginzburg, Abbas Kiarostami e Isaiah Berlin, ao lado de nomes em ascendência como o poeta Ocean Vuong, um já premiado vietnamita-americano de 34 anos, e a romancista franco-coreana Elisa Shua Dusapin, de 30 anos. “Nossa ideia é publicar sobretudo o que está, de certa maneira, fora do radar das grandes editoras brasileiras”, afirma Pedro Fonseca.

A Âyiné tem sede no Brasil, ainda que seus fundadores, como o próprio Fonseca, estejam na Itália. “Acho que a conexão entre os dois países acaba se traduzindo no catálogo – o fato de termos um pé na Itália nos aproxima do que é publicado lá e na Europa como um todo. De fato, publicamos mais autores italianos, sobretudo a produção filosófica, mas isso não é um mérito. Publicar, por exemplo, Massimo Cacciari é apenas a correção de um erro do mercado editorial brasileiro”, diz. O filósofo italiano, aliás, tem oito títulos no catálogo da editora – incluindo Paraíso e Naufrágio, de 2022.

A mais recente aposta da Âyiné é a coleção Versalete, pensada para publicar en-

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