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HIGH-TECH

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POR ANTONIO MAMMÌ

ARANHA NA TEIA DO

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Fotobiografia do político e diplomata Oswaldo Aranha, que foi ministro de Getúlio Vargas e presidente da AssembleiaGeral da ONU, chega às livrarias pelas mãos de seu neto, o historiador Pedro Corrêa do Lago

“T enho horror à política e quero estudar… com concurso se consegue tudo o que se quer. Toda a minha ambição é uma cátedra.” Não fosse pelo autor, o trecho da correspondência entre um estudante e seus pais seria bastante trivial. Aos 21 anos, o futuro político e diplomata Oswaldo Aranha, para muitos o maior articulador de forças durante a primeira metade do século 20 no Brasil, revelava ter mais interesse em ser professor universitário do que trilhar o caminho que acabou por influenciar os rumos do país.

Um dos 600 documentos que integram Oswaldo Aranha: Uma Fotobiografia (Capivara), do historiador Pedro Corrêa do Lago, a carta é um exemplo do mix entre público e privado que marca o livro. Ele reúne o arquivo pessoal de Aranha e registros históricos da vida pública de um homem que foi ministro da Fazenda, da Justiça e das Relações Exteriores (sempre com Getúlio Vargas, em diferentes mandatos) e que presidiu a Assembleia-Geral da ONU quando foi aprovada a criação do Estado de Israel.

“No período Getúlio Vargas, foram sete oportunidades em que ele ficou muito próximo de ser presidente da República”, afirma Corrêa do Lago, por sinal neto do biografado. É da proximidade familiar que advém a riqueza do material que ilustra a obra – a mãe do autor, filha caçula de Aranha, era a guardiã de boa parte de seu acervo iconográfico. Na maioria das fotos, lá está Aranha conjecturando, confabulando ou seduzindo um conjunto de líderes – do comunista Luís Carlos Prestes ao rei Faisal, da Arábia

Saudita. Mas entre registros de discursos e audiências com Vargas ou com o presidente norte-americano Franklin D. Roosevelt, é possível encontrar Aranha apostando nos cavalos com João Goulart ou Assis

UMA NOVA EDITORA

Chateaubriand, o Chatô, o todopoderoso fundador dos Diários Associados, ou dançando animado ao som de uma sanfona.

Da fecunda atuação política do avô, Corrêa do Lago destaca três episódios: o papel de Aranha como articulador da Revolução de 1930, que levou Vargas ao poder; sua influência no alinhamento do Brasil com os Aliados na Segunda Guerra Mundial; seu desempenho no jogo de bastidores na partilha da Palestina, quando presidente da Assembleia-Geral da ONU, em 1947.

Entusiasta da solução de dois Estados, Aranha costurava a arregimentação dos votos necessários para a criação de Israel. A indiferença do bloco latino-americano e a resistência dos árabes fizeram com que, no dia da deliberação, ele desconfiasse do sucesso da proposta. “Aranha adiou a votação e, como tinha feriado no dia seguinte, ganhou dois dias para conseguir votos favoráveis à partilha”, conta o biógrafo. Mais do que uma biografia do avô, diz Corrêa do Lago, o livro permite passear pelas décadas de 1930, 40 e 50, um ambiente político bastante diferente do atual. “A participação na vida pública honrava uma família. Hoje, com raras exceções, A Todavia, editora fundada por profissionais egressos da Companhia das Letras, lança seus primeiros livros em julho. Serão quatro títulos, com destaque para O Vendido, do vencedor do prestigiado prêmio The Man Booker, o norte-americano Paul Beatty. Para agosto, está previsto o lançamento da biografia do cantor Belchior pelo jornalista

Aranha (centro) no enterro de Getúlio Vargas, e, no sentido horário, na capa da Time, com o secretário de Estado americano Cordell Hull , na morte de Vargas e, ao lado, com Nelson Rockefeller

Jotabê Medeiros. ela as constrange.”

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MÚSICA

DUO ASSAD E ORQUESTRA DAS AMÉRICAS

A Sociedade Cultura Artística promove concerto do Duo Assad em conjunto com a Orquestra das Américas na Sala São Paulo nos dias 1º e 2 de agosto. Os irmãos violonistas Sérgio e Odair, que formam o Duo, se juntam à sinfônica liderada pelo mexicano Carlos Miguel Prieto para apresentar, além de composições próprias, obras de inspiração latino-americana e clássicos do russo Igor Stravinsky.

+LIVRO FREUD NO DIVÃ

O psicanalista Francisco Daudt comenta em seu novo livro, A Criação Original, toda a obra de Sigmund Freud em um acerto de contas com a própria carreira: em 1992, já havia tentado verter para um público mais amplo as ideias do pai da psicanálise, mas não encontrou quem as publicasse

ACriação Original (editora 7Letras), sétimo livro do psicanalista e escritor Francisco Daudt, traz um título com um quê de autorreferência: além da alusão à invenção da psicanálise por Sigmund Freud, ele tem relação com o histórico editorial do autor. Em 1992, Daudt já tinha escrito o seu apanhado geral sobre a teoria freudiana, mas, autor desconhecido na época, não achou quem se dispusesse a editar o calhamaço de mais de 300 páginas que tinha em mãos. A solução foi publicar uma versão condensada da obra, tratando apenas da educação de filhos. Um quarto de século depois, a criação original de Daudt está nas livrarias. Trata-se de um compêndio sobre os 24 volumes que Freud escreveu durante sua vida. Daudt falou a PODER.

PODER: A literatura psicanalítica ainda é inacessível para o público leigo? FRANCISCO DAUDT: Completamente inacessível. O Ernest Jones, primeiro tradutor do Freud para o inglês, era médico e traduzia a obra original, que é de um alemão que qualquer um entende, como se estivesse escrevendo um livro de medicina. Encheu o livro de termos latinos e aí é que começou essa desgraça de a psicanálise ser um saber para poucos. A fala dos psicanalistas é complicadíssima. Eu estou lutando

para que os psicanalistas falem de forma clara.

PODER: Como conciliar rigor científico e uma linguagem acessível ao leitor leigo?

FD: Não existe nenhum conflito de interesses. Karl Popper dizia que as propostas e as hipóteses precisam ser claras, transparentes e vulneráveis à crítica. Se elas escaparem da refutação, elas p r o v a v e l m e n t e estarão mais próximas da verdade. Se você fala claro, não enrola ninguém. Isso é crucial para mim porque, na prática de consultório, faço questão que o cliente entenda tudo o que estou dizendo. Ele é meu laboratório vivo, é por ele que eu descubro se estou indo pelo caminho certo ou errado.

PODER: O livro não segue a ordem cronológica da produção de Freud. Por quê?

FD: A estratégia foi pegar uma pessoa imaginária desde o nascimento até a fase adulta e ver tudo o que acontece na interação da sua natureza com a criação que ela recebe. Seus neurônios começam a amadurecer: primeiro vem o controle sobre a boca, depois o controle muscular e com a elimi

nação de fezes e urina, aí a criança se torna capaz de masturbar. E mostrar como esse ganho de capacidade entra em choque com o mundo externo – é só imaginar como os pais veem a masturbação infantil. Essa interação mostra como se sedimenta o funcionamento da mente humana.

PODER: Parece mais compreensível para o leitor.

FD: Minha filha é autora de livros infantis e costuma dizer que a melhor forma de escrever para crianças é se lembrar de si mesmo quando criança. Minha intenção foi me botar na pele de um estudante que nunca leu Freud na vida. Eu procurei escrever o livro que gostaria de ter lido quando comecei a estudar Freud.

n FOTOS JOÃO CLÁVIO / DIVULGAÇÃO

TODO LEONILSON

Morto em 1993, em consequência de complicações de Aids, o artista plástico cearense Leonilson deixou um grande conjunto de discretos e sensíveis trabalhos. O inventário completo de sua obra, com 3.400 peças, forma agora um catálogo raisonné que sai com tiragem de 2 mil exemplares. No Brasil, ter a obra compilada num raisonné é traço distintivo. Antes de

Leonilson, apenas Alfredo Volpi, Candido Portinari, Iberê Camargo e Tarsila do Amaral haviam sido objeto de catálogos do tipo no país.

MONTMARTRE NO MASP

O Museu de Arte de São Paulo abriga a exposição Toulouse-Lautrec em Vermelho, que reúne 75 obras do pintor francês, boa parte delas emprestada de grandes museus internacionais, como o d’Orsay, de Paris, e a Tate Gallery, de Londres. A cor que dá nome à mostra e predomina no trabalho do artista remete à sexualidade que embalava o clima dos cabarés, bordéis e cafés da capital francesa no século 19. Frequentador assíduo de Montmartre, o bairro boêmio da cidade, Toulouse-Lautrec foi o grande retratista da nascente vida noturna parisiense. A mostra fica em cartaz até 1º de outubro.

IMS DE CASA NOVA EM SÃO PAULO

Em 22 de agosto, o Instituto Moreira Salles inaugura seu novo centro cultural em São Paulo. A antiga e algo espremida sede do bairro de Higienópolis muda-se agora para um prédio próprio de sete andares na avenida Paulista. O IMS da Paulista

terá 1.200 m 2 de área expositiva, cineteatro com programação coordenada por Kleber Mendonça Filho (de Aquarius), biblioteca, salas de aula e um café/restaurante sob os cuidados do jovem e incensado chef Rodrigo Oliveira, do Mocotó. A primeira mostra será The Clock, do suíço-americano Christian Marclay, premiada na Bienal de Veneza de 2011.

CINEMA

O PERFEITO COZINHEIRO A atriz Luiza Mariani, que produziu e atuou na adaptação para o teatro de O Perfeito Cozinheiro das Almas deste Mundo, famosa obra de Oswald de Andrade, ataca agora no cinema. Baseado no diário de Oswald, o romance de 1918 tem como fio condutor o relacionamento amoroso vivido entre o autor e a jovem normalista Maria de Lourdes Castro Pontes, na obra retratados com os nomes Miramar e Miss Cyclone.

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1 - CURTIR A NOVA EDIÇÃO DO COALA FESTIVAL...

Lançado em 2014, o festival ganhou força ao reunir nomes consagrados da música popular brasileira e artistas emergentes da cena nacional. Caetano Veloso, Emicida, Rael, Fióti, Liniker e os Caramelows, Rincon Sapiência, Tulipa Ruiz e Aíla são as principais atrações deste ano. Além da programação musical, o Coala exibe instalações artísticas, exposições de artes plásticas e painéis de grafite. Dia 12 de agosto, no Memorial da América Latina, em São Paulo.

2 - FICAR POR DENTRO DA MODA CONTEMPORÂNEA...

O Museu da Arte Brasileira da Faap apresenta ao público sua coleção de moda, inaugurada em 2015. Com conteúdo exclusivamente nacional, a mostra traz peças de estilistas como Reinaldo Lourenço, Jum Nakao, Fause Haten e Lino Villaventura. Em exibição até 13 de agosto.

3 - VER E OUVIR JOÃO CARLOS MARTINS…

Mauro Lima (de Meu Nome Não É Johnny) dirige a cinebiografia do famoso regente e pianista brasileiro, interpretado na telona por Alexandre Nero. O filme retrata a trajetória novelesca daquele que se tornou o grande intérprete brasileiro de Bach. A partir de 3 de agosto.

4 - REVISITAR ROQUE SANTEIRO...

A obra de Dias Gomes, novela de sucesso nos anos 1980, ganha adaptação para o teatro, com direção musical de Zeca Baleiro – curiosamente ela foi de início escrita para teatro, mas acabou censurada. Em cartaz no Teatro Faap, em São Paulo, até o dia 30 de agosto.

5 - VIAJAR NUM ROMANCE SOBRE BOB MARLEY...

O escritor jamaicano Marlon James tem a sua primeira obra lançada no Brasil. Situada em 1976, a trama tem como fio condutor a história real do atentado à casa de Bob Marley às vésperas de um show. O romance épico de James, convidado deste ano da Festa Literária Internacional de Paraty traz um recorte histórico de um conturbado período do país caribenho.

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