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ESTANTE

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CULTURA INC

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O ator Renato Borghi está prestes a completar 80 anos, 60 deles em cima dos palcos. Sua paixão pela literatura, no entanto, começou muito antes de escolher sua profissão. “Meu pai lia muito e, por influência dele, comecei a ler bem cedo”, diz. Ao optar pela dramaturgia, percebeu que seu hábito era indispensável para criar novas possibilidades de interpretação. “O ator precisa ler para trabalhar a imaginação” – e haja imaginação para movimentar uma carreira de seis décadas non-stop e papéis inesquecíveis, como o de Abelardo I, em O Rei da Vela. Aliás, a montagem de 1967, dirigida por José Celso Martinez Corrêa, começou com uma leitura despretensiosa daquilo que ele achava ser apenas “um livrinho velho” de Oswald de Andrade. Borghi acabou por descobrir no texto uma ótima metáfora para criticar a situação política do Brasil nos tempos da ditadura e foi um sucesso estrondoso, tanto em 1967 quanto em 2017, quando ele e Zé Celso repetiram a parceria.

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Com um gosto literário refinado, é do tipo que lê várias coisas ao mesmo tempo. Depois de um 2017 tumultuado com o remake de O Rei da Vela – que lhe rendeu o prêmio de melhor ator de teatro – entrou em cartaz com a peça Romeu e Julieta 80, ao lado de Miriam Mehler, no Sesc Ipiranga. Depois desse trabalho, começa os ensaios para outra peça e se prepara para atuar em um seriado da Globo. “Quando a vida fica muito corrida, não consigo ler com tanta frequência”, conta ele, que, mesmo assim, contabiliza leituras concomitantes deQueer, de William Burroughs, A Humilhação, de Philip Roth, e Nossas Noites, de Kent Haruf. “Ah! E terminei a autobiografia de Rita Lee, porque eu gosto dela”, finaliza.

por aline vessoni

CRIME E CASTIGO – FIÓDOR DOSTOIÉVSKI “Impressionante da primeira à última linha, porque a força de Dostoiévski na criação do personagem é uma coisa muito difícil de se encontrar na literatura.”

O RETRATO DE DORIAN GRAY – OSCAR WILDE “O que me impactou nessa história foi esse desejo da eternidade, da beleza eterna, a coisa de vender a alma; que é algo que vai me impressionar bastante também em Fausto, de Goethe, que li posteriormente.”

QUINCAS BORBA – MACHADO DE ASSIS “Foi o primeiro livro de Machado que li. A técnica que ele utilizou de sair da ficção e de conversar com o leitor – como se ele estivesse na sua frente – foi uma coisa totalmente nova para mim. Eu li toda a obra de Machado, aliás.”

PERSONAS SEXUAIS – CAMILLE PAGLIA “É um livro com o qual às vezes você está de acordo, outras não. Ele faz uma análise das obras de arte da pintura, da literatura a partir de uma ótica muito especial que põe abaixo muita coisa referente ao feminismo tradicional. A partir dessa leitura, eu escrevi a peça Cadela de Vison.”

A LESTE DO ÉDEN – JOHN STEINBECK

“É a história do conflito entre um pai e seus dois filhos. Eu me identifiquei muito com a divisão daquele pai entre os filhos.”

O REI DA VELA/A MORTA/O HOMEM E O CAVALO – OSWALD DE ANDRADE “Foi uma revolução na minha vida, na minha carreira. Peguei um livrinho velho, li, enlouqueci, levei para o grupo. O Zé Celso [José Celso Martinez Corrêa] a princípio foi relutante, mas depois também se apaixonou e nós descobrimos Oswald . Foi a primeira obra dele que li. Depois entrei de cabeça na obra dele.”

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