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HIGH-TECH

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POR LUÍS COSTA

MÚLTIPLOS MARCELOS

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Com agenda de filmes, peças, musicais e novelas, o ator Marcelo Serrado faz balanço da carreira e relembra personagens inesquecíveis

Iago e Hamlet são alguns dos vilões de Shakespeare interpretados por Serrado (acima); Carlos Eduardo, de Velho Chico (abaixo)

Em cartaz na peça Os Vilões de Shakespeare, no Teatro Eva Herz até 29 de abril, o ator Marcelo Serrado interpreta uma série de malvados criados pela pena do bardo inglês. Aos 51 anos – 30 deles na TV, nos palcos e no cinema –, Serrado acumula dezenas de personagens célebres na carreira. Mas até atingir a maturidade como ator o caminhou foi difícil.

“Eu era muito inexperiente quando comecei. Tinha muita vocação para o que eu queria, mas não tinha muita ideia de como chegar ao lugar que achava que seria interessante como ator”, diz. “Errei muito no começo da carreira, tanto que vejo coisas hoje e falo: ‘Nossa!’. Com isso, fui me aprimorando para me tornar um ator mais interessante e melhor aos meus olhos.”

Agora, Serrado consegue passear com desenvoltura pelos personagens do maior dramaturgo da história. “É uma peça interessantíssima. São grandes vilões, personagens fortes, icônicos, que estão no nosso inconsciente de uma certa maneira. Todo mundo bebe um pouco de Shakespeare, a gente entende mais a alma humana.”

Na TV, o elenco de personagens vividos pelo ator é extenso – alguns dos mais célebres são, aliás, vilões. Numa seleção rápida de nomes inesquecíveis, ele recorda o delegado Nogueira e Bruno Vilar, respectivamente das novelas Vidas Opostas (2006) e Poder Paralelo (2009), ambas da Rede Record. “Velho Chico [novela de 2016 da Rede Globo] foi muito legal também. Carlos Eduardo era um vilãozão maluco. A última novela, Pega Pega [de 2017, quando interpretou o vilão Malagueta], também adorei bastante fazer.”

Mas foi o refinado mordomo Crô, de Fina Estampa (2011), novela de Aguinaldo Silva, o maior fenômeno de popularidade da carreira do ator. O personagem já rendeu um filme próprio, lançado em 2013, com continuação marcada nos cinemas para julho.

Além do lançamento de Crô em Família, Marcelo Serrado tem agenda cheia para os próximos meses. Ele está escalado para uma novela das 9 de Aguinaldo Silva, atua em A Noviça Rebelde: o Musical e ainda tem outro filme em sequência.

CONTRA O NORMAL Em comemoração aos 50 anos de carreira, artista plástico Victor Arruda ganha mostra no MAM e ataca valores conservadores e discriminatórios da sociedade

Aos 70 anos, o pintor Victor Arruda se diz um “velho feliz”. Em exposição no Museu de Arte Moderna do Rio, ele agora celebra cinco décadas de carreira em uma das mais completas mostras de um trabalho marcado pela veia transgressora. “Nunca procurei o sucesso, mas sempre quis o reconhecimento. O sucesso é um bilhete de loteria, mas o reconhecimento é um direito meu”, diz Arruda.

Integrante do movimento identificado como Transvanguarda – ao lado de artistas como Antonio Dias, Hélio Oiticica e Iberê Camargo –, Arruda coloca em xeque valores conservadores e discriminatórios da sociedade. Seu alvo, ele conta, é o dito “homem normal”. “O meu protesto é contra a hipocrisia social.”

Homossexual, Arruda diz que desde muito cedo percebeu que setores

da sociedade tentariam classificá-lo como um cidadão de segunda classe. “O que é o homem normal? Essa exposição mostra que ‘normais’ eram as pessoas que me apontavam o dedo. O dedo é o elo que liga tudo, o dedo indicador, o dedo perseguidor.”

Nas pinturas de Arruda, o “normal” é racista, preconceituoso, machista, prepotente, que usa o poder econômico para se impor. Telas como Salário Mais Justo, de 1975, relatam temas ainda bem atuais, como assédio e exploração sexual. O recado é explícito: “Você que é tão ‘normal’, gostaria que se olhasse no espelho”, diz Arruda.

A psicanálise é um dos interesses mais recorrentes na obra de Victor Arruda, que frequenta sessões desde os 19 anos: “Vou agora de 15 em 15 dias para fazer o refil”, ele brinca. A tera

pia serviu como um divisor de águas para o então jovem artista. “Mexendo no meu universo, eu passei a tratar na minha pintura, uma pintura rápida, ligada a uma urgência pessoal, de certas questões que vinham nas sessões. Percebi que não poderia ser seguidor dos artistas modernos, que ali estava o meu caminho.”

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LETRAS DE LUTO

Morto aos 29 anos no dia 7 de março, o escritor carioca Victor Heringer é um dos artistas que compõem a mostra Rejuvenesça: Poesia Expandida Hoje, no Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica, no Rio de Janeiro. Na exposição, aberta até 5 de maio, são apresentadas narrativas poéticas para além do papel, a partir do uso de vídeo, desenho e instalação, por exemplo. Vencedor do Prêmio Jabuti pelo romance Glória, Heringer explorou a poesia em Automatógrafo e O Escritor Victor Heringer, ambos publicados pela 7Letras.

OS MISTÉRIOS DE KAREN Uma mulher prestes a fazer 25 anos acorda numa casa que não reconhece, entre pessoas que a “conhecem”, mas afirmam entender sua amnésia momentânea. Chama-se, ou pelo menos a chamam de Karen. Assim começa a história do livro que leva o nome da personagem, vencedor do Prêmio Oceanos de Literatura em 2017, e que chega ao Brasil editado pela Todavia. A autora portuguesa Ana Teresa Pereira foi a primeira mulher a vencer o tradicional prêmio de literatura de língua portuguesa.

CINEMA

Adeus, Day-Lewis Pode ser a última chance de ver Daniel Day-Lewis em cena. Vencedor de três prêmios Oscar de melhor ator (um por Lincoln, de 2013), o ator britânico de 60 anos anunciou que Trama Fantasma, filme em cartaz dirigido por Paul Thomas Anderson, seria seu último trabalho como ator. Day-Lewis interpreta o estilista Reynolds Woodcock, célebre por vestir nomes da realeza britânica. O jornal The Independent classificou a atuação como “maravilhosamente bizarra”. Para o New York Times, “Day-Lewis compõe uma sinfonia de humores: sarcástico, melancólico, inspirado, impaciente”.

MÚSICA

CASAMENTO ÀS ESCONDIDAS O Theatro São Pedro abre sua temporada de óperas em 2018 com O Matrimônio Secreto (1792), considerada a obra-prima do compositor italiano Domenico Cimarosa (1749-1801). Com direção cênica de Caetano Vilela e direção musical da italiana Valentina Peleggi, as récitas serão realizadas nos dias 4, 6, 9, 11 e 13 de maio. Em dois atos, a peça cômica conta a história de um casamento às escondidas que tumultua a vida de uma rica família na Bolonha do século 18.

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