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Tudo começou quando a atriz Fernanda Torres estava na sétima série e teve de ler O Tempo e o

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Vento, de Erico Verissimo. “Eu pensei, ‘nossa, tem algo aqui’. Fiquei louca pela Ana Terra, pelo capitão Rodrigo, pela Bibiana. Um ano depois, tivemos que ler Dom Casmurro. Fui apresentada a Machado de Assis e achei superdifícil de ler, sombrio, muito diferente de Verissimo. Mas, ao mesmo tempo, ele tem capítulosque são tão desconcertantes, quase surreais. Eu só entenderia – se é que a gente chega a entender Machado – anos depois, com a releitura. Lembro-me que aquele livro me deixou desconcertada, desconfortável.”

Não, espera. Pensando bem, tudo começou bem antes. Filha dos atores Fernando Torres e Fernanda

Montenegro, ela sempre viveu em casas em que não faltavam livros. “Meus pais diziam que eles compravam livros quando mal tinham dinheiro para comer. A casa deles era um lugar com estantes abarrotadas. Eles liam muito. Então, acho que havia uma curiosidade em mim de tentar descobrir o que tinha ali dentro daquele objeto”, diz.

Em todas suas conversas – que podiam ser com um amigo, com o analista ou com sua mãe –, cada vez que surgia um título que ela ainda não havia lido, o desconhecido voltava a rondar sua cabeça. “Parecia que havia um segredo ali”, conta a atriz, que de mistério em mistério leu uma infinidade de clássicos, de Guimarães Rosa a Gustave Flaubert.

Mas ela também gosta de se aventurar pelas ciências – física quântica foi um tema de predileção na juventude – e de história.

Depois de tanto desvendar enigmas de outros escritores, Fernanda resolveu escrever os seus próprios livros. Se diz superempolgada com o

“poder” de dar vida a essas novas entidades e escolher um destino para elas. “É como se fossem uns parentes que você tem. É uma família com a qual você se ocupa muito. Eles fazem coisas, desejam coisas, negam-se a fazer outras. São pessoas que não existem e passam a existir. É um sentimento maravilhoso”, finaliza.

Fernanda Torres é autora dos romances Fim e A Glória e Seu Cortejo de Horrores e do livro de crônicas Sete Anos. Obras editadas pela Companhia das Letras.

por aline vessoni

AO VENCEDOR AS BATATAS - ROBERTO SCHWARZ O autor dá a dimensão de Machado e explica a relação do escritor com a sociedade. É um tratado social sobre o Brasil tendo como fonte Machado. Uma obra preciosa.

GRANDE SERTÃO: VEREDAS - GUIMARÃES ROSA Este livro é um dos meus preferidos – trata-se de um Doutor Fausto do sertão.

MEMÓRIAS PÓSTUMAS DE BRÁS CUBAS - MACHADO DE ASSIS É a obra de virada de Machado de Assis, aquela que faz o leitor entender o grande autor que ele se tornou.

BOUVARD E PÉCUCHET - GUSTAVE FLAUBERT Foi o primeiro livro do Flaubert que li, o último que ele escreveu e é uma obra inacabada.

A VIRADA - STEPHEN GREENBLATT Você finalmente entende o que a Vênus do [pintor] Sandro Botticelli está fazendo no meio da Uffizi, em Florença, no meio de tantos meninos Jesus, Cristo crucificado e madonas.

JOSÉ E SEUS IRMÃOS - THOMAS MANN Thomas Mann reescreveu a Bíblia, ou melhor, romanceou a Bíblia. E foi minha mãe quem me deu o livro.

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