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OPINIÃO

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CÍRCULO VIRTUOSO

CÍRCULO VIRTUOSO

MEDICINA

DO FUTURO

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POR PAULO HOFF

Desde o início do século 20, a medicina tem sido uma das áreas do conhecimento humano mais impactadas pelos avanços tecnológicos. A expectativa de vida mundial saltou de meros 30 anos em 1900 para quase 75 anos no ano 2000, graças, em parte, a novos métodos de diagnóstico e a tratamentos inovadores. Nesse mesmo período, a velocidade do desenvolvimento científico acelerou de maneira inimaginável. Processo predominantemente liderado nas últimas décadas pelo desenvolvimento dos computadores e o aparecimento da internet, que estão cada vez mais presentes em todos os aspectos da vida humana – incluindo, claro, a medicina.

O impacto do desenvolvimento digital é amplo e abrange praticamente todos os aspectos da saúde. Pensando do ponto de vista dos pacientes, smartphones e computadores conectados à internet permitem fácil acesso a informações relacionadas à prevenção e ao diagnóstico precoce de doenças, assim como escolher e entrar em contato com instituições e profissionais de saúde. E, considerando o lado desses últimos, os impactos da tecnologia têm sido ainda mais expressivos. Um bom exemplo é o dos prontuários médicos, que passaram a ser eletrônicos, melhorando a documentação e permitindo a coleta e a análise de grandes volumes de informação. Ao mesmo tempo, hoje a rede acumula um volume enorme de informações que estão disponíveis de maneira quase instantânea – ao contrário do que acontecia no passado, quando era preciso tempo para fazer uma pesquisa aprofundada.

O advento da inteligência artificial, por sua vez, possibilitou o uso dessas informações para o desenvolvimento de algoritmos que prometem revolucionar a prática médica. Com isso, podemos antever um futuro em que profissionais de saúde terão suas tarefas grandemente facilitadas, começando pela leitura mais rápida e eficiente de exames radiológicos, anatomopatológicos e laboratoriais, até chegar na integração desses resultados em diagnósticos mais rápidos e precisos, e recomendações de tratamentos individualizados.

A recente pandemia de Covid-19 acelerou essas e outras tendências. O uso da internet para viabilizar consultas a distância, a chamada telemedicina, era uma tecnologia que evoluía lentamente até se tornar essencial nos últimos anos. Dispositivos especiais e ferramentas de avaliação a distância permitem que imaginemos um futuro em que o acesso a especialistas não seja mais limitado pela geografia. Comunidades pequenas terão a mesma chance de entrar em contato com profissionais que antes eram acessíveis apenas para moradores de grandes cidades, democratizando cada vez mais o acesso à medicina de ponta.

A evolução da tecnologia está mudando a medicina e precisaremos adaptar não somente o ensino, mas também o treinamento dos profissionais de saúde para essa nova realidade. Mudanças são complexas e, naturalmente, causam ansiedade, mas a tecnologia promete facilitar a prática médica e trazer mais saúde e segurança para todos. n

Paulo Hoff

presidente da Oncologia D’Or

FOME DE CRESCER

Mercado de fusões e aquisições segue acelerado e abre espaço para uma série de oportunidades de negócios

No primeiro semestre deste ano, o mercado de fusões e aquisições (M&A, na sigla em inglês) bateu recorde, segundo levantamento da PwC. Foram 807 transações lideradas pelo setor de tecnologia, número que ultrapassou os 706 negócios fechados no mesmo período de 2021. A perspectiva da consultoria é que o segmento continue fortalecido nos próximos meses. Alguns fatores impulsionam essa aceleração. O primeiro é que, por conta da pandemia, as companhias tiveram que repensar seus negócios, serviços e produtos, e diversificar. Os processos de M&A foram uma estratégia de competitividade e uma forma de acelerar o crescimento das empresas. “Elas sempre buscam ganhar força e, para algumas, a consolidação por meio de fusões representa uma vantagem competitiva, pois é possível absorver conhecimento e serviços que já estão em atividade”, explica Ricardo Lacerda, CEO do BR Partners, banco especializado em assessoria financeira e investimentos.

O segundo ponto é a disponibilidade de liquidez no mercado, tanto de fundos de investimento quanto de empresas com fluxo de caixa robusto, de acordo com a PwC, e a diversidade de players de sucesso no Brasil. Flávio Batel, sócio-fundador e CEO da Solstic, empresa especializada em operações de M&A, Valuation e Capital Advisory ressalta, ainda, que os cancelamentos ou postergações de IPOs também abriram espaço para algumas companhias pensarem em fusão ou em venda de participação. Porém, apesar do alto

“Para algumas empresas, a consolidação por meio de fusões representa uma vantagem competitiva, pois permite que elas absorvam conhecimento e serviços que já estão em atividade”

Ricardo Lacerda, CEO BR Partners

volume, ele ressalta que os processos de tomada de decisão estão um pouco mais lentos, pois há muita discussão sobre o valor das negociações.

APOIO NA CAPTAÇÃO DE RECURSOS

Por outro lado, o mercado aquecido também traz oportunidades para quem atua diretamente nele. “Depois de analisar a fusão ou a venda do negócio, algumas empresas entendem que não é o melhor momento e começam a buscar auxílio para fazer a captação no mercado como alternativa para apoiar o financiamento do crescimento ou mesmo para uma reestruturação”, diz Batel. Segundo ele, isso tem sido um fator importante de crescimento na Solstic. Focada em negócios que fatu-

ram até R$ 500 milhões, atende todos os setores da economia, com expertise no mercado de logística e tecnologia, e, em quase quatro anos de atuação, já movimentou R$ 1,5 bilhão em transações. Além disso, a Solstic planeja voos mais altos e, por isso, deu início ao processo de criação de uma asset. “É um caminho natural do crescimento.”

A BR Partners de Ricardo Lacerda seguiu esse caminho. A empresa iniciou como butique de fusões e aquisições em 2009 e, no ano seguinte, com a entrada de um sócio e de uma equipe de 20 pessoas, levantou R$ 100 milhões de capital junto a famílias de alta renda no Brasil. Depois, entrou com um pedido no Banco Central e, em 2012, adquiriu a licença do antigo banco Porto Seguro. Em 2013, a empresa passou a atuar como banco de investimento, expandindo as atividades para a área de mercado de capitais e tesouraria. “Estamos em um segmento e em um momento muito positivo, o que possibilita crescimento e novas oportunidades. Em 2021, por exemplo, abrimos o capital na B3”, conta Lacerda, completando que, ao longo dos 12 anos de atuação, o crescimento da empresa tem sido de 30% por ano com rentabilidade acima de 25%.

DENTRO DA LEI E COM PREÇOS JUSTOS

Embora estejam em ótima fase, os processos de fusão e aquisição envolvem aspectos legais que não podem ser desprezados. Quem faz essa ponderação é o advogado Marcelo Salomão, sócio-presidente do escritório Brasil Salomão e Matthes, que atua em São Paulo e em outros estados brasileiros, e também tem operação em Portugal. Aqui, o advogado elenca algumas questões legais que devem ser consideradas:

- due dilligence – Trata-se de um procedimento que investiga e analisa os riscos de uma empresa. O objetivo, segundo Salomão, é o exame minucioso de possíveis riscos financeiros, fiscais e jurídicos. Nesses últimos estão abrangidos, inclusive, questões trabalhistas, ambientais e até tecnológicas. “É um olhar atento e profundo para todos os fatores que compõem a operação de aquisição de uma empresa. Quanto mais profunda e detalhista for essa análise, melhor”, explica o advogado, que completa o raciocínio citando alguns exemplos: “Na área tributária não basta dizer que existem ações discutindo a incidência de ICMS, PIS e Cofins, para citar três tributos que geram discussões enormes no Judiciário. É fundamental saber sobre a fase do processo, os argumentos utilizados e como está a jurisprudência do tema. Não é porque há uma ação do Fisco exigindo tributo que devemos considerar esse imposto devido. Assim como não se pode ignorar a existência de ações em que a empresa esteja na condição de autora, pleiteando o não pagamento ou a restituição/compensação de um tributo. No Brasil, tanto quanto a lei, é fundamental fazer a due dilligence, levando em conta a posição do STJ e

“Depois de analisar a fusão ou a venda do negócio, algumas empresas entendem que não é o melhor momento e começam a buscar auxílio para fazer a captação no mercado como alternativa para apoiar o financiamento do crescimento ou mesmo para uma reestruturação”

Flávio Batel, fundador e CEO Solstic

Abaixo, as principais motivações das operações de fusão e aquisição e as tendências e perspectivas da área

POR QUE ACONTECEM Do lado do vendedor

- aceleração do crescimento - captação de recursos - viabilização de projetos de expansão - realização de investimentos dos sócios - dificuldades financeiras - disputas societárias

Do lado do investidor

- aceleração do crescimento - aumento do portfólio de produtos e serviços - alternativa de investimento - eliminação de concorrente - necessidade de novas tecnologias - entrada em novos mercados

OS OBSTÁCULOS

Os desafios para esse mercado envolvem, principalmente, o aumento da inflação globalmente e a redução de margens operacionais, o aumento das taxas de juros dos países, o que eleva o custo de capital e o crescimento de dificuldades de supply chain, como os gerados pela guerra na Ucrânia e as tensões geopolíticas entre os Estados Unidos e a China

O QUE ESTÁ EM ALTA

Negócios com ações voltadas à preservação ambiental, ao desenvolvimento social e à governança corporativa, o chamado ESG, têm recebido muita atenção de empresas e investidores dos setores de EU&R nos últimos anos

PERSPECTIVAS ATÉ O FINAL DE 2022

Segundo um levantamento feito pela Bain & Company, o mercado de fusões e aquisições pode movimentar US$ 4,7 trilhões até o mês de dezembro. Se isso realmente acontecer, será o segundo melhor ano para negociações já registrado

“Embora estejam em ótima fase, os processos de fusão e aquisição envolvem aspectos legais que não podem ser desprezados. Dentre eles, due dilligence, análise para minimizar o ganho de capital e recuperação de créditos tributários”

Marcelo Salomão , sócio-presidente Brasil Salomão e Matthes Advocacia

do STF”. De acordo com Salomão, o pilar tributário é essencial para a segurança e a transparência do negócio, facilitando a correta definição do preço.

- análise para minimizar o ganho de capital – Ainda no âmbito tributário, mas em conjunto com o societário, Salomão destaca que um trabalho diário de seu time de M&A é buscar a melhor solução para a entrada de capital para os sócios. A preocupação é com o custo tributário incidente sobre o resultado positivo entre o valor de venda da participação societária em relação ao valor de quando o sócio entrou na empresa. Para melhor elucidar, o advogado cita a seguinte situação: “Imagine que uma empresa valia R$ 5 milhões quando a pessoa entrou em seu quadro societário e que, quando de sua saída, tenha sido avaliada em R$ 150 milhões. Nessa situação, há inequívoco ganho de capital”. Por isso, Salomão ressalta a importância do planejamento para esse tipo de operação. “É completamente diferente quando somos contratados com antecedência, podendo trabalhar preventivamente e lado a lado com as demais assessorias envolvidas na compra ou na venda de uma empresa. Para esse caso que mencionei, existem algumas soluções absolutamente legais. Uma delas, por exemplo, é a criação de uma holding, em que a participação societária da pessoa física seria aportada e a venda futura envolveria o patrimônio da holding ou ela própria”, finaliza o advogado.

- recuperação de créditos – O escritório de Salomão criou uma área específica para atender operações de M&A que tem gerado grande diferencial para seus clientes, qual seja a área de recuperação e leventamento de créditos tributários. “A complexidade do nosso sistema tributário, somada a este momento de crise financeira e política, acaba impedindo que os contribuintes tenham conhecimento de créditos tributários não aproveitados, bem como de tributos cobrados inconstitucionalmente.” Salomão recomenda como fundamental esse levantamento feito com lupa, pois “não é raro que a empresa se descubra credora de alguns milhões, o que influenciará diretamente no preço da operação”.

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