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Por Ciça Bueno

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Por Shmuel Lemle

Por Shmuel Lemle

ENTRE LENÇÓIS

POR ROBERTA SENDACZ

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Estreia de novo uma coluna que fez sucesso por aqui. No papo? Três escritoras relacionadas ao feminino e ao erótico que fizeram barulho

Por volta de 1945 a 1960 pênis inchava e doía durante dias. com o erotismo. Sim, há uma e tantos, três mulheres Ele vivia com medo de que não esespécie de metafísica com fim: o abriram a boca para fativesse satisfazendo a amante e de fim da finalidade, do erotismo e lar: “frequento suruba”, que ela pudesse amar um outro”. da morte. Em Cartas de um Sedu“durmo com muitos”, “sinto tal Um pouco mais contemporânea tor, Hilda Hilst embute numa coisa”, “realizo um sonho”. Quem e também escrevendo sobre as espécie de salsicha elementos de foram elas? Anaïs Nin, Catherine experiências em sua época de todos os cantos para a criação Millet e Hilda Hilst. Cada uma azougue, a francesa Catherine do homem erótico. Ele mais com seu estilo de olhar para o Millet, uma intelectual das artes, observa: “Era telúrico e único. mundo, talvez desconectado, que olha para sua adolescência asSonhava. Sonhava adeuses e habitavam. O erotismo sempre foi sinando Catherine M., e faz um sobras. Era cruel porque desde mesmo uma bolha. erotismo “histórico” – se isso for sempre fui desesperado. Encon“Creio que meu estilo era derivado possível. Era uma época cheia de trou um homem-anjo. Para que da leitura das obras de homens. gente transgredindo. Madura, lanvivessem juntos, na Terra, para Por esse motivo, durante muito ça um livro sobre suas travessuras sempre, ele cortou as asas. O tempo achei que eu havia comadolescentes e adultas: A Vida outro matou-se, mergulhando prometido meu eu feminino”, diz Sexual de Catherine M., e A Outra nas águas. Estou vivo até hoje. Anaïs, uma escritora inspirada na Vida de Catherine M., este mais Estou velho. Às noites bebo produção erótica tanto francesa filosófico e menos tarado. “Claude muito e olho as estrelas. Muitas quanto europeia. Sua época era e eu fazíamos sexo juntos, junto vezes, escrevo. Aí repenso assim: o erotismo corria solto. Cocom outros, com outros cada um aquele, o hálito de neve, a denhecida por seus diários, ela não do seu lado. Uma vez iniciada essa sesperança. Deito-me. Austero, poupava miudezas do universo do prática, ela nunca foi regulada por sonho que semeio favas negras e baixo ventre. Em Delta de Vênus, uma lei. Quero dizer que nunca asas sobre uma terra escura, às livro que comporta “O Anel”, fizemos nenhum acordo verbal, vezes madrepérola”. Fim. ela analisa um homem: “Desde nem o fato de formarmos um casal São as mulheres enxergando o o acidente com o anel, o pênis tinha sido algo pensado.” homem ao longo de sua percepdele permanecera sensível. O ato Quem sabe a mais literata de ção. Para quem está acostumado sexual era acompanhado de dor e todas as três, Hilda Hilst nos a coisas prontas, nem o homem por isso ele não podia entregar-se oferece uma espécie de erotismo e a mulher assim o são: eles se à prática tanto quanto desejava. O sagrado nas obras que lidam transformam e se relacionam.

PARA TER NA CABECEIRA

DELTA DE VÊNUS, Anaïs Nin (L&PM Editores) A VIDA SEXUAL DE CATHERINE M., Catherine M. (Ediouro)

A OUTRA VIDA DE

CATHERINE M. , Catherine M. (Agir) CARTAS DE UM SEDUTOR, Hilda Hilst (Biblioteca Azul, Globo) ROBERTA SENDACZ é jornalista, mas se encontrou na filosofia. gosta de experimentar tudo com o que fica velado

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