REVISTA ESCADA Ed. 16

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número 16 | ano 04 outubro a dezembro 2013 Publicação Sinepe/PR

Tendências da educação O que os jovens esperam da escola e o que as instituições de ensino têm a propor como soluções a essas necessidades


para


crescer. CHEGOU A NOVA COLEÇÃO DA EDUCAÇÃO INFANTIL DO SISTEMA POSITIVO DE ENSINO O Sistema Positivo de Ensino preparou uma coleção que vai auxiliar o trabalho de professores e de crianças de 0 a 5 anos. Um material completo, interativo e lúdico. Conte com essa confiança para oferecer o melhor às crianças.

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e.di.to.ri.al

ex.pe.di.en.te

adj m+f

adj m+f

Sinepe/PR

Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino do Estado do Paraná

Mais um ano letivo chegando ao fim e já é hora de pensar em 2014.

Momento de avaliar o que fizemos até aqui e refletir sobre o que os jovens esperam da escola e o que temos a propor como soluções a essas necessidades. Neste sentido, trazemos uma matéria especial sobre as tendências da educação. Afinal, é por meio dela que construímos o hoje que vai refletir também no futuro. Ainda nesta linha de pensamento, realizamos uma entrevista com o educador José Pacheco, idealizador do projeto da Escola da Ponte, famosa por romper com um sistema educacional mais preocupado com as respostas do que com as perguntas. Num trabalho contínuo, realizamos neste ano diversos cursos, palestras e simpósios para debater a educação. Para exemplificar algumas das iniciativas do Sinepe/ PR, é possível ver também nessa edição como foi o Simpósio dos Educadores 2013. Em nome do Sindicato, desejo um ótimo final de ano letivo a todos e muita disposição para 2014. 4

Boa leitura!

Conselho Diretor gestão 2012/2014 Diretoria Executiva Presidente 1.º Vice-Presidente 2.º Vice-Presidente Diretor Administrativo Diretor Econômico/Financeiro Diretor de Legislação e Normas Diretor de Planejamento

Jacir J. Venturi José Manoel de Macedo Caron Jr. Paulo Arns da Cunha Ailton R. Dörl Rosa Maria C. V. de Barros Maria Luiza Xavier Cordeiro Ademar Batista Pereira

Diretoria de Ensino Diretor de Ensino Superior Diretor de Ensino Médio/Técnico Diretor de Ensino Fundamental Diretor de Ensino da Educação Infantil Diretor de Ensino dos Cursos Livres Diretor de Ensino dos Cursos de Idiomas Diretor de Ensino das Academias

José Antonio Karam Gilberto Vizini Vieira Esther Cristina Pereira Noely Luiza Deschermayer Santos José Luis Chong Jaime M. Marinero Vanegas Ana Dayse Cunha Agulham

Conselheiros 1.º Conselheiro 2.º Conselheiro 3.º Conselheiro 4.º Conselheiro 5.º Conselheiro 6.º Conselheiro 7.º Conselheiro 8.º Conselheiro 9.º Conselheiro 10.º Conselheiro 11.º Conselheiro

Jorge Apóstolos Siarcos Pedro Roberto Wiens Raquel Adriano M. M. de Camargo Ir. Frederico Unterberger Eduardo Vaz da Costa Júnior Durval Antunes Filho Roberto A. Pietrobelli Mongruel Juliana Toniolo Sandrini Renato Ribas Vaz Magdal J. Frigotto Volnei Jorge Sandri

Conselho Fiscal Efetivos Suplentes Orlando Serbena Fabrizzio Ferreira Ribas Carolina Batista Pereira Frizon Edison Luiz Ribeiro Henrique Erich Wiens Ir. Anete Giordani Delegados Representantes - Fenep Jacir J. Venturi Ademar Batista Pereira

Jacir José Venturi

Diretorias regionais

Presidente

SINEPE/PR - Regional Oeste (Cascavel) Diretor-Presidente Adilson J. Siqueira Diretor de Ensino Superior Maria Débora Venturin Diretor de Ensino da Educação Básica Lauro Daros Irmã Mareli A. Fernandes Diretor de Ensino da Educação Infantil Ione Plazza Hilgert Diretor dos Cursos livres/Idiomas Denise Veronesi Trivelatto Revista Escada Publicação periódica de caráter informativo com circulação dirigida e gratuita. Desenvolvida para o Sinepe/PR. Editada pela Editora Inventa Ltda - CNPJ 11.870.080/0001-52 Rua Heitor Stockler de França, 356 - 1º andar - Centro Cívico - Curitiba - PR Conteúdo IEME Comunicação www.iemecomunicacao.com.br Jornalista Responsável

Taís Mainardes DRT/PR 6380

Projeto gráfico e ilustrações

D-Lab – www.dlab.com.br

Revisão

Marília Bobato

Comercialização

Editora Inventa

Críticas e sugestões

contato@revistaescada.com.br

Comercial comercial@editorainventa.com.br Os artigos assinados são de responsabilidade de seus autores e não expressam, necessariamente, a opinião desta revista. Conselho editorial Fátima Chueire Hollanda José Antonio Karam José Manoel de Macedo Caron Jr. Márcio M. Mocellin Noely Luiza D. Santos Aprovação

Jacir J. Venturi

Impressão e acabamento Logística e Distribuição Versão Digital

Maxi Gráfica e Editora Ltda Correios www.revistaescada.com.br

SINEPE/PR - Regional Cataratas (Foz do Iguaçu) Diretor-Presidente Artur Gustavo Rial Diretor de Ensino Superior Fouad Mohamad Fakin Diretor de Ensino da Educação Básica Antonio Neves da Costa e Antonio Krefta Diretor de Ensino da Educação Infantil Rita C. R. Camargo e Edite Larssen Diretor de Ensino dos Cursos Livres/Idiomas Fabiano de Augustinho SINEPE/PR - Regional Sudoeste (Pato Branco/Francisco Beltrão) Diretor-Presidente Ivone Maria Pretto Guerra Diretor de Ensino Superior Hélio Jair dos Santos Diretor de Ensino da Educação Básica João Carlos Rossi Donadel Diretor de Ensino da Educação Infantil Amazilia Roseli de Abreu Pastorello Diretor de Ensino dos Cursos Livres/Idiomas Vanessa Pretto Guerra Stefani SINEPE/PR - Regional Campos Gerais (Ponta Grossa) Diretor-Presidente Osni Mongruel Junior Diretor de Ensino Superior Marco Antônio Razouk Diretor de Ensino da Educação Básica Irmã Edites Bet Diretor de Ensino da Educação Infantil Maria de Fátima Pacheco Rodrigues Diretor de Ensino dos Cursos Livres/Idiomas Paul Chaves Watkins Diretoria da Regional Central Diretor-Presidente Diretor de Ensino Superior Diretor de Ensino da Educação Básica Diretor de Ensino da Educação Infantil Diretor dos Cursos livres/Idiomas

Dilcemeri Padilha Liz Salette Silveira Azevedo Telma E. A. Leh Cristiane Siqueira de Macedo Marcos Aurélio Lemos de Mattos


ín.di.ce sm

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opinião

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ENSINO INFANTIL

Educadores opinam sobre onde deve ser investido o valor estimado para a educação até 2022 com as receitas do pré-sal chega a R$ 279 bilhões.

Ouve, mas não escuta; olha, mas não vê

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ENTREVISTA

José Pacheco – idealizador do projeto da Escola da Ponte

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DIRETORIA EM AÇÃO

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ARTIGO

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ARTIGO

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ARTIGO

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Acompanhe um resumo dos últimos cursos e palestras realizados pelo Sinepe/PR

ESPECIAL

Tendências para a educação do futuro

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História

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Universo das associadas

Spei 30 anos

Confira as ações de algumas das instituições de ensino associadas ao Sinepe/PR

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Calendário Sinepe/PR fornece sugestão de calendário letivo para 2014

Ética, comunicação clara e liderança, por Alexandre Chueire Lopes

Três fábulas em um mundo globalizado, por Jacir J. Venturi

Segurança em instituições de ensino, por Sandro R. B. Alves


o.pi.ni.ão subst.

O valor estimado para a educação até 2022 com as receitas do pré-sal chega R$ 279 bilhões. Educador, onde deve ser investido esse dinheiro? 6

É justo que tenhamos de escolher? Necessitamos sim de um investimento na formação de educadores que, capacitados e confiantes, possam adentrar instituições com infraestrutura de qualidade, capaz essa de receber todas as tecnologias possíveis. Belo assim, como uma Quadrilha de Drummond... Pena que, normalmente, uma política pública ineficiente está lá para entrar na história”.

Ana Rocha

| Professora de Língua Portuguesa e Literatura da International School of Curitiba (ISC).

O Brasil necessita de uma reforma ampla na estrutura do sistema educacional, inclusive nas instâncias que detém a responsabilidade decisória sobre o destino das verbas e como estas devem ser aplicadas. Neste sentido, infraestrutura e tecnologia voltada à educação, constituem pontos importantes para o desenvolvimento de um sistema forte, mas a valorização de profissionais engajados e qualificados, a formação continuada, a estruturação de um plano de carreira que valorize o profissional da educação e dê visibilidade social ao seu papel, certamente deveria ser o ponto de partida para tal investimento”.

Ester Candelori School of Curitiba (ISC).

| Professora de História e Geografia do Brasil da International


A valorização e a formação do professor são unanimidade. Ninguém duvida da importância de uma boa infraestrutura, pois essa possibilita condições para um bom trabalho pedagógico. Também entendemos que um currículo, que traga os conhecimentos mínimos de referência e o modo como ensinamos, é igualmente importante. E o que dizer das novas tecnologias, sobretudo os dispositivos móveis, que favorecem uma mediação centrada no estudante, desenvolvendo uma autonomia de pensamento? Contudo, só conseguiremos fazer uso adequado disso tudo se tivermos bons professores”.

Flávio Sandi | Diretor educacional da Rede de Colégios do Grupo Marista.

Frequentemente encontramos professores que lecionam tanto em escolas particulares como em escolas públicas e, principalmente para eles, é evidente o grande abismo que existe entre cada uma delas. Se o dinheiro das receitas do pré-sal previsto para a educação, que esperamos ser realmente destinado a isso, for investido prioritariamente na infraestrutura das escolas, ocorrerá uma mudança significativa para professores e alunos. Eles terão um ambiente mais apropriado para concretizar a educação e para, então, receberem uma tecnologia avançada e atrair novos profissionais para a área de ensino”.

Fabio Cruz | Professor de História e Geografia do Brasil International School of Curitiba (ISC). “Não acredito que o problema da educação seja dinheiro. Creio sim em um processo mais profundo que seja o de responsabilização pelo processo educacional como um todo. Não vemos uma preocupação com o todo da sala de aula, as estruturas das escolas são boas, bastam ser geridas para que funcionem, para que sejam cuidadas, que o professor se ocupe de não faltar ao trabalho e que dê seus ensinamentos como antigamente, com qualidade e responsabilidade. Não vai adiantar termos mais dinheiro com o mesmo pensamento, mas sim, devemos usar o dinheiro para que o pensamento dos ensinantes brasileiros mude, que seja sim, uma preocupação com o educar de verdade. Quem sabe, se usássemos o dinheiro para darmos aula para os pais aprenderem a educar os filhos junto com a escola, seria uma possibilidade de melhorarmos a educação do nosso país. Quem sabe, uma bela parceria escola e família”.

Esther Cristina Pereira | Diretora da Escola Atuação.

Quer sugerir uma pergunta para esta seção ou opinar sobre os temas propostos? Envie email para contato@revistaescada.com.br e participe!

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en.si.no in.fan.til sm

adj

T / Priscilla Scurupa

Ouve, mas não escuta; olha, mas não vê Como os distúrbios de visão e audição afetam o desempenho escolar

Crianças são curiosas e adoram aprender coisas novas. No entanto, o prazer das descobertas e

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do aprendizado pode ser abalado por deficiências visuais e auditivas, que muitas vezes pais e professores sequer percebem. Sintomas como desatenção, desmotivação, baixo rendimento escolar e dificuldade de concentração podem ser sinais de que algo não vai bem com a saúde dos pequenos.

A escola exerce papel fundamental na percepção de tais problemas. Por passarem boa parte do dia em sala de aula, realizando tarefas que exigem diferentes graus de atenção, é ali que as dificuldades dos alunos ficam latentes. “É normalmente durante esse período que se percebem dificuldades como enxergar o quadro negro, copiar ou executar as tarefas ou até mesmo baixo rendimento escolar”, diz a oftalmologista Ana Paula Canto. Tanto a visão, quanto a audição têm papel importantíssimo no processo de aprendizagem. “Em qualquer fase de nossa vida, a aprendizagem é importante. E para que seja efetiva, precisamos de todos nossos órgãos dos sentidos em perfeito estado. Qualquer pequena alteração na visão ou audição, por exemplo, o rendimento pode cair ou propiciar um esforço maior para atingir nossas potencialidades”, explica a fonoaudióloga da Clínica Detecta, especializada em Triagem Auditiva Escolar, Cristiane Pineroli Bochnia. De acordo com a especialista, o Sistema Auditivo pode ser dividido em duas funções: a audição, que engloba o que ouvimos; e a audibilização, que ó que entendemos do que ouvimos, ou seja, como processamos a informação auditiva. “A criança pode ouvir apresentando resultado normal no exame de Audiometria (que mede a audição), mas não processa a informação auditiva em tempo normal, o que faz com que perca parte da mensagem”, explica. Muitas vezes, segundo ela, essas crianças são erroneamente rotuladas de desatentas ou desinteressadas.


Entre os sinais que podem indicar que a criança tem distúrbios auditivos, Cristiane destaca: dificuldade em acompanhar conversas com muitas pessoas falando ao mesmo tempo, em compreender palavras ou piadas com duplo sentido, dificuldade de interpretação de textos ou ao contar uma história, dificuldade em atender prontamente quando chamado, histórico de otites frequentes, entre outros. “Assim que a escola suspeitar de um problema na audição ou na audibilização de um aluno, os exames de Audiometria e Processamento Auditivo devem ser solicitados. Se um ou mais exames apresentarem resultados alterados, a primeira medida é colocar o aluno o mais próximo possível da professora, e entrar em contato com a fonoaudióloga para que esta possa dar as orientações necessárias para um correto atendimento ao aluno”, ressalta. No caso da visão, Ana Paula explica que, de acordo com estimativas, a de-

pendência entre o ver e o aprender é de 80%. “A metodologia do aprendizado, como o quadro negro, data show, livros, apostilas, exige muito da visão”, diz. Segundo ela, os sintomas de uma criança com déficit de visão são: cerrar os olhos para enxergar de longe, dor de cabeça depois da aula, ficar muito próximo de livros ou da televisão, não conseguir ver o que se aponta a distância, olhos irritados e vermelhos, aumento da frequência do piscar, lacrimejamento e olhos cansados. O exame que avalia a acuidade visual de uma criança é importante para que possíveis problemas como miopia, hipermetropia ou estrabismo sejam reconhecidos o mais precocemente possível. “A visão da criança tem seu maior desenvolvimento até os sete anos de idade. Se não estimulada, pode mais tarde, mesmo com a correção de grau correta, não atingir uma boa acuidade visual, é o que chamamos de ambliopia ou popularmente de olho preguiçoso”, explica.

Para as especialistas, a melhor forma de prevenção aos distúrbios de visão e audição são os testes, que podem ser promovidos periodicamente dentro das próprias escolas. “O recomendável é que a escola, pelo menos uma vez ao ano, de preferência no início do ano letivo, faça um teste rápido e fácil com tabelas de acuidade visual que podem até mesmo serem penduradas na porta das salas de aula”, sugere Ana Paula. A especialista ainda recomenda que, toda criança no início do seu período escolar (em torno de 5 a 7 anos), faça um exame oftalmológico completo antes do começo das aulas. A Triagem Auditiva também deve ser realizada anualmente. “É a única forma de garantir que o sentido da audição esteja sendo monitorado. E quanto mais cedo for detectada a alteração e iniciado o tratamento, melhores serão os resultados alcançados, objetivando sempre atingir a potencialidade no aluno no desempenho escolar”, ressalta Cristiane.

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Escola particular. Educação de qualidade. www.sinepepr.org.br


Mais de 2 mil instituições associadas no Paraná


es.pe.ci.al adj

T / Priscilla Scurupa

Tendências da educação O que os jovens esperam da escola e o que as instituições de ensino têm a propor como soluções a essas necessidades

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No século 21, a educação vive um momento de ruptura: os sistemas de ensino,

em formatos fechados e copiados de outros países, se mostram inadequados à realidade dos alunos. São jovens que, conforme demonstram pesquisas recentes, possuem novos anseios, e ditam as tendências e características da educação do futuro. Uma delas, intitulada “O Futuro Já Chegou”, feita pela Organização Ibero-Americana de Juventude (OIJ), revela que 80% dos jovens brasileiros consideram a educação uma prioridade. No entanto, 35% destes acham que o que aprendem na escola não é útil para suas vidas. Outra, a Millennial Survey, que entrevistou mais de 12 mil jovens de 17 países, mostra que 53% dos “millenniuns” latino-americanos (geração entre 18 e 30 anos) consideram o acesso à educação de qualidade como fator imprescindível para se promover as mudanças necessárias na sociedade. Além disso, 74% acreditam que a tecnologia amplia as oportunidades e contribui para que façam a diferença localmente, atuando em causas como desigualdades sociais e questões ambientais. Sete horas por dia é a média de tempo que passam online. O desejo de protagonismo influencia também o futuro profissional desses jovens: 47% acham que ser um empreendedor é algo muito importante; e 24% acreditam ter oportunidade de se tornar empreendedor. Entretanto, 41% destes não acreditam que a formação pós-Ensino Médio tenha ampliado suas oportunidades de trabalho.


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“Não creio que haja fórmulas para dar conta de como as escolas e universidades devem lidar com essa nova situação, mas creio que se não estiverem atentas a buscar novas soluções a novos problemas, o divórcio atualmente existente entre grande parte das instituições e seus alunos vai se aprofundar”, alerta a diretora de Ensino à Distância das Faculdades Opet, Vilma Aguiar.

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A falta de conexão entre a escola e o que os alunos desejam para as suas vidas, acaba sendo uma justificativa para as taxas de evasão. Conforme indica o Relatório de Desenvolvimento 2012, divulgado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), o Brasil tem a terceira maior taxa (24,3%) de abandono escolar entre os 100 países com maior IDH (Índice de Desenvolvimento Humano). A pesquisa revela ainda que um a cada quatro alunos que inicia o ensino fundamental no país abandona a escola antes de completar a última série. E apenas 51,7% dos jovens entre 15 e 17 anos estão matriculados no Ensino Médio. “A evasão não é responsabilidade apenas das escolas, evidentemente. Mas o sistema educativo tem também sua parcela de responsabilidade, uma vez que muitas vezes não consegue nem mesmo alfabetizar os estudantes. É preciso que a gestão das instituições seja democrática e observe a realidade à sua volta e o perfil dos alunos que recebe”, ressalta Vilma. De acordo com ela, temos hoje no Brasil a convergência de dois processos muito importantes. De um lado, a ampliação do

acesso à educação, com a universalização da educação básica e o aumento do número de alunos matriculados no Ensino Superior. E de outro, a disseminação e desenvolvimento das TICs (tecnologias de informação e comunicação), que facilitaram o ensino à distância e o acesso aos conhecimentos. “Com isso, pessoas antes excluídas por conta de sua situação socioeconômica passaram a ser contempladas com o direito à educação. Na prática, isso implica uma mudança significativa do perfil médio do aluno. Alunos menos preparados passaram a chegar ao ensino superior, por exemplo”. Segundo o Censo da Educação Superior 2012, o total de ingressantes nas universidades brasileiras (2.747.089) foi 17,1% maior do que o registrado em 2011. Apesar da ampliação do acesso à educação, um estudo da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) comprova que o ensino no Brasil ainda enfrenta um grande desafio: o de preparar o jovem para o mercado de trabalho. Ainda que no primeiro semestre de 2013 o país tenha apresentado a menor taxa média de desemprego para o período nos últimos 10 anos, o risco de desemprego para os jovens é três vezes maior do que para os adultos. Entre os que estão desempregados, mais da metade tem até 24 anos. Investimentos na qualidade da educação e na qualificação da população inserida nessa faixa etária são as principais recomendações da OCDE para solucionar o problema.

Para a supervisora geral do Colégio Sion, Aura Valente, mais importante do que o preparo dos alunos para o mercado de trabalho, é a formação de cidadãos conscientes. “Isto é, prepará-los desde a educação básica para que se tornem seres pensantes, sociáveis, que respeitem ao próximo e possam, com sensibilidade e criatividade, resolver os problemas do cotidiano”, diz. Ela explica que no Colégio Sion, os alunos tem liberdade de escolha para decidir, entre os conteúdos propostos, o que gostariam de aprender. “Estudar assuntos

Apenas 51,7% dos jovens entre 15 e 17 anos estão matriculados no Ensino Médio.

Fonte: Relatório de Desenvolvimento 2012, divulgado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud).

A falta de conexão entre a escola e o que os alunos desejam para as suas vidas, acaba sendo uma justificativa para as taxas de evasão.


O total de ingressantes nas universidades brasileiras em 2012 foi de:

alunos

“O professor atua hoje como um mediador, não mais representa o dono da sabedoria”. Aura Valente, supervisora geral do Colégio Sion.

O que representou um aumento de:

em comparação ao ano anterior. Mais da metade dos jovens desempregados tem até

anos

Fonte: Segundo o Censo da Educação Superior 2012.

Investimentos na qualidade da educação e na qualificação da população inserida nessa faixa etária são as principais recomendações da OCDE para solucionar o problema.

que lhes interessa acaba fazendo com que se engajem mais no seu aprendizado e tenham contato com informações que consideram úteis para sua vida futura”. Vilma destaca também o incentivo à prática dos conhecimentos adquiridos nas aulas e ao aprendizado contínuo como formas de envolver mais os jovens no processo educacional. “Uma boa formação escolar abre todas as demais portas da aprendizagem. Desperta a curiosidade, formata a nossa forma de pensar e ver o mundo. Pessoas bem formadas, que receberam uma educação ampla e não apenas técnica, necessitam de literatura, cinema, música. Encontram as melhores soluções para os problemas. Buscam novos problemas”. Segundo Aura, embora a internet e as TICs tenham facilitado o acesso aos conhecimentos, o papel do professor ainda é fundamental. “O professor atua hoje como um mediador, não mais representa o dono da sabedoria. Com o suporte dos objetos tecnológicos, auxilia na compreensão das informações e na troca de conhecimentos. Ou seja, computadores, tablets e demais objetos tecnológicos são apenas ferramentas para a evolução de algo muito mais complexo, que é a construção da individualidade, da autonomia e do pensamento crítico dos alunos”.

Essas ferramentas podem propiciar uma maior personalização da formação e permitem que os alunos deixem a relativa passividade da educação tradicional. Para Vilma, porém, ainda estamos em um estágio muito rudimentar no que concerne à cultura digital. “A internet se popularizou no Brasil há pouco mais de dez anos. Temos várias gerações de professores que pouco mais sabem que usar e-mails. Por isso precisam estar dispostos a aprender. Com seus alunos inclusive. Na prática docente, o processo de ensino-aprendizagem sempre tem mão dupla”. Como tendências para a educação do futuro, ambas as especialistas citam a formação humana dos alunos com foco em aprendizados significativos como uma prioridade. “Observo hoje que as escolas estão voltando a trabalhar valores essenciais, como o respeito ao outro, a solidariedade, e estão investindo na formação de indivíduos e de cidadãos conscientes”, afirma Aura. “A educação ideal é a capaz de formar pessoas aptas a desenvolver suas potencialidades, aprofundar suas experiências como seres humanos e cidadãos. Uma parte disso se aprende na escola; outra na família, na rede de relações sociais, nos livros, na arte. A formação profissional é apenas uma parte disso”, complementa Vilma.

E para você, quais os caminhos para adequar a educação ao perfil dos alunos do século 21? Escreva para contato@revistaescada.com.br. Sua opinião será publicada na próxima edição da revista.

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en.tre.vis.ta / José Pacheco sf T / Priscilla Scurupa F / Divulgação

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CONSTRUINDO pontes PARA UMA NOVA EDUCAÇÃO Uma entrevista com José Pacheco, educador português que idealizou e tornou realidade a escola dos sonhos


Uma escola que ensina a desaprender e a desobedecer. Onde não há separação de alunos por séries, carga horária, provas, tampouco salas de aula comuns, com um professor falando para alunos organizados

em fileiras. Há 37 anos, em Vila das Aves, região do Porto, norte de Portugal, o educador José Pacheco idealizou o projeto da Escola da Ponte, famosa por romper com um sistema educacional mais preocupado com as respostas do que com as perguntas. Queria formar pessoas e cidadãos mais cultos, autônomos, solidários e democraticamente comprometidos com a construção de um novo projeto de sociedade.

Ficou famoso, viajou o mundo compartilhando sua experiência. Inspirou diversas outras “Pontes” por aí - ou comunidades de aprendizagem, como prefere definir. Quando chegou ao Brasil, há cerca de onze anos, decidiu fixar residência. Veio para ser colonizado, afirma. Para aprender com os brasileiros, povo que trata como seu. Aqui, assessora uma centena de escolas. Uma delas, no entanto, é sua menina dos olhos. Chama-se Projeto Âncora, e fica na região de Cotia, Grande São Paulo. O espaço é composto por uma tenda de circo, pista de skate, muita área verde e salas sem divisões. Lá, os estudantes se organizam em grupos heterogêneos para estudar os assuntos que lhes interessam, são autônomos para pesquisar, apresentar os resultados para os colegas e, quando se sentem prontos, avisam que podem ser avaliados. Pacheco provou, mais uma vez, que sua proposta pedagógica funciona, e bem, em vários países, inclusive no Brasil. Dessa experiência em terras tupiniquins é que trata na entrevista a seguir, concedida em Curitiba, durante evento de lançamento de seu livro Crônicas Educação (Editora Nossa Cultura).

Revista Escada - O que o levou a ser educador? José Pacheco - Vamos para a educação

por uma de três razões: por precisarmos de um emprego, por amor ou por vingança. Eu fui por vingança, confesso. Amor eu já tinha e emprego também, eu era eletricista. Por vingança, porque fui criança de escola pública, pobre, fui excluído, humilhado. Formei-me e jurei que nunca nenhum aluno passaria por aquilo que passei. Exclusão, sofrimento. Por isso fui para a educação. Os primeiros anos foram muito difíceis, porque eu simplesmente não conseguia me vingar. Eu dava aulas, preparava bem essas aulas, mas percebia que os alunos não aprendiam. Ficava espantado: como eu trabalho tão bem e os resultados são tão ruins? Até que um dia, em uma escola que trabalhei, não a Escola da Ponte, percebi que, se eu dava aula e os alunos não aprendiam, eles não aprendiam porque eu dava aula. Até um português entenderia. Então compliquei ainda mais. Pensei: se eu vou continuar a dar aula, eles vão continuar a não aprender. Então vou mudar de profissão. Só que acabei não mudando de profissão, mudei a profissão. E, já na Escola da Ponte, encontrei pessoas que se questionavam a mesma coisa: por que dou aulas e há alunos que não aprendem? É uma pergunta que qualquer professor pode fazer.

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“se eu dou aula e eles não aprendem, eles não aprendem porque eu dou aula”. E a resposta é só uma: se eu dou aula e eles não aprendem, eles não aprendem porque eu dou aula. E depois mudar. E muda-se de muitas formas. Quando falo isso, é porque sei que há alternativas. A escola precisa ser reinventada.

RE - Hoje diversas escolas do mundo se inspiram no modelo da Escola da Ponte. O que elas têm em comum e o que as diferencia? JP - Que eu saiba, existem mais de mil

que se inspiram na Ponte. O que as diferencia é que cada escola é uma escola diferente, conforme o lugar onde estão, onde foram criadas. E o que as aproxima,

é que romperam com o modelo tradicional de ensino, importado da Prússia, da França, da Inglaterra, da Revolução Industrial. E com grande sucesso, com influência acadêmica. O que é curioso. Porque enquanto nós vemos escolas inspiradas na Ponte e a Ponte conquistarem o IDEB [Índice de Desenvolvimento da Educação Básica] 10 que todos querem alcançar, a política pública continua a financiar escolas do século XIX. Não entendo, não compreendo. Ou melhor, compreendo. As raízes dessa escola são muito profundas. E é esse modelo que forma as pessoas. Um modelo que reproduz o modelo da escola do século XIX.


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Então temos um problema: alunos do século XXI, ensinados por professores do século XX com uma proposta e um modelo epistemológico do século XIX. Não dá certo. Não existe qualquer evidência científica que fundamente a prática de sala de aula, a adoção de um padrão de tempo uniforme, a organização em turmas, por exemplo. E essas práticas são responsáveis pela triste realidade de um Brasil, que, sendo a sexta, ou sétima economia do mundo, está nos últimos lugares dos rankings da educação. O último relatório que o Ministério fez, porém, dá-nos esperança para continuar, deixa-nos vaidosos. Mostra que a Ponte atinge os melhores resultados em todas as provas, em todas as classificações. Então se veem isso, por que continuam a financiar o desperdício? A formar 30 milhões de analfabetos no Brasil, a desperdiçar R$ 56 bilhões por ano... Por quê? O que explica o poder público continuar a fazer isso? Não têm consciência? Eu quero estar convencido de que eles não têm consciência do crime que estão a praticar. Porque a Ponte e mais de 100 escolas no Brasil, além de outras no mundo, mostram que é possível fazer diferente. Por que continuam a financiar esse desperdício? João Cabral de Melo Neto, há 50 anos escreveu: escolas são como usinas que engolem gente e vomitam bagaço. E é isso que continuam a fazer. Por que não olham para a Ponte? Por que não olham para tantas escolas que não vou citar o nome aqui? Por que o Ministério da Educação do Brasil e as secretarias não vão juntos a essas escolas, avaliam as escolas, veem seus defeitos e depois produzem políticas públicas e conduzem ao objetivo que é instruí-los? Será que é porque convém que haja desigualdade, que haja marginalidade, porque convém que haja tráfico? Então a Ponte é a ruptura com esse modelo que existe há mais de 100 anos e que já no fim do século XIX estava ultrapassado.

RE - O que torna tão bem sucedida e atual a proposta da Ponte e das escolas nela inspiradas? São os três pilares adicionais que as sustentam, além dos outros quatro que propõe a Unesco? JP - A Unesco propõe quatro e nós pro-

pomos sete. A Unesco propõe os pilares aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a conviver, e aprender a ser. Nós acrescentamos aprender a desaprender, que é fundamental para vencer

o que nos encerra e aliena; aprender a desobedecer, porque a maioria das leis da educação está errada e contribui para o analfabetismo e para a infelicidade; e aprender a desaparecer para que não criemos heteronomia nos outros, mas autonomia, interdependência e dignidade. As escolas não são edifícios, as escolas são as pessoas, precisam estar integradas à comunidade. Hoje não faz sentido algum manter jovens dentro de um edifício, com muros altos, cerca elétrica, catracas. Mais parecem prisões do que escolas. E fazer os alunos passarem ali quatro horas, assistindo a cinco, sete aulas. Ou seja, eles não aprendem nada ali. Ou melhor, aprendem. Aprendem buylling, as noções básicas de pouco. E não aprendem aquilo que precisam aprender.

RE - Nossas escolas se baseiam em autores como Vygotsky e Piaget. Em outras entrevistas, o senhor afirma que esses autores se tornaram obsoletos. Que autores, então, o senhor recomendaria para a pedagogia do século XXI? JP - Nas escolas que temos, nem o Vygotsky, nem o Piaget. Há dias eu falava

com um professor universitário que fez doutorado em socioconstrutivismo, um especialista em Vygotsky. E eu perguntei: o senhor dá aula? Ele disse: dou. Então falei: o senhor não deve ter lido o mesmo Vygotsky que eu. Com certeza não leu. Porque se lesse, não poderia dar aula. Então hoje, as escolas não se baseiam nem em Vygotsky, nem em Piaget. E ainda se dizem construtivistas. Não são. Autores que eu posso propor são autores brasileiros. Lauro de Oliveira Lima, Paulo Freire, Nise da Silveira, Anísio Teixeira, Lourenço Filho, Darcy Ribeiro... Poderia continuar listando. Poderia montar uma bibliografia que as escolas brasileiras deveriam conhecer. Mas nunca vi nos cursos de pedagogia livros de Lauro de Oliveira Lima, por exemplo, que é brasileiro. Quase ninguém ouve falar desses autores que citei. É impressionante que não se ensine essa bibliografia fundamental. É impressionante o complexo de vira-lata que o Brasil tem. Então, o que eu quero com Piaget? Claro, é importante ler Piaget. Mas, mais importante, é ler Lauro de Oliveira Lima, que é o maior intérprete de Piaget na América Latina. Ele morreu há alguns meses e não vi sequer uma linha nos jornais brasileiros sobre isso. Como ignorar um fato desses? O Brasil tem os maiores pedagogos que conheço, muito superiores aos europeus que vêm para cá fazer palestras. Onde está Paulo Freire nas escolas brasileiras? Não está. Nem nos cursos superiores Paulo Freire está presente. Ou seja, o brasileiro parece que tem prazer em matar a memória. Onde estão os livros da Escola Nova? Só vejo autores estrangeiros nas prateleiras das bibliotecas. Tudo que vem de fora é que é bom.

RE - Foram esses autores que o inspiraram a vir ao Brasil e desenvolver sua pesquisa aqui? JP - Comecei por um poeta, o Rubem Alves. A partir dele, conheci muitos outros

escritores brasileiros. Foi também por causa deles que vim ao Brasil. Mas principalmente porque aqui, sinto que posso ser útil. E posso ser útil aprendendo com os brasileiros.

RE - E nessas suas andanças pelo país, o que de positivo o senhor pode destacar em relação à educação brasileira? JP - Observei professores muito mal pagos, muito mal vistos, que procuram fazer um

bom trabalho. Isso me comove, me emociona. Leciono em uma escola brasileira. Sou voluntário, não ganho nada. Mas estou lá porque aprendo. Aprendo, sobretudo, aqui-

“As escolas não são edifícios, as escolas são as pessoas, precisam estar integradas à comunidade”.


“A educação do Brasil não precisa de recursos para melhorar. O Brasil tem tudo o que precisa, tem todos os recursos. O problema é que os desperdiça”. lo que a escola não contempla, a dimensão afetiva, emocional, estética, ética, espiritual. Isso não é contemplado nas escolas. Aprendo muito com essa juventude que está lá, que é maravilhosa, sábia. Porque é uma juventude que leu Lauro [de Oliveira Lima], Darcy [Ribeiro], e que percebeu que eles podem conduzir os projetos, fundamentando teoricamente a prática.

RE - Se temos tanto potencial para sermos uma nação melhor em termos de educação, o que nos impede de avançar nesse sentido? JP - A educação do Brasil não precisa

de recursos para melhorar. O Brasil tem tudo o que precisa, tem todos os recursos. O problema é que os desperdiça. O que impede o avanço é o edifício burocrático, o Ministério da Educação, a política pública. A formação dos professores no Brasil é péssima. É preciso que se diga: a política pública é um desastre. Desperdiçam recursos e desperdiçam gente. E tenho propriedade para falar de política pública, pois fui prefeito da minha cidade. Fui membro do Conselho Nacional de Educação. Tantos especialistas, verdadeiros gênios que acompanho, ninguém fala sobre isso, porque seriam exorcizados. Mas como sou português e não devo nada ao Brasil, posso falar. Sou muito amigo de diversos secretários de educação, supervisores de diversos projetos, todos maravilhosos. São pessoas extremamente inteligentes. Essa gente vale a pena. O problema é que, mesmo com gente tão boa, as coisas ainda assim não funcionam, porque o modo burocrático vertical não funciona.

RE - E quando vencermos a burocracia e essa construção social chamada Escola, qual será o próximo passo?

JP - O passo que tem que ser dado é fazer educação. Seja lá qual for o modo. E não é isso que se faz hoje. Hoje ninguém aprende nada. Quando dizem que aprendem na escola, eu pergunto: alguém aqui sabe fazer raiz quadrada? Não sabem. Sabem quais são os titulares das capitanias hereditárias? Não sabem. Porque nunca aprenderam, mas estudaram nas provas. E esqueceram. Aprende-se muito pouco. Então o que estão esperando? Desperdiçando tanto dinheiro em nada. Urge buscar uma escola do conhecimento e abandonar um ensino meramente transmissivo, fomentar a organização do acesso à informação e a aprendizagem do uso do conhecimento. Fazer educação é uma coisa séria. É preciso coragem e responsabilidade. Coragem para ser coerente com aquilo em que se acredita. Ou seja, escolas são pessoas. Pessoas têm os seus valores, os valores transformados em princípios fazem desenvolver projetos. Falta coragem para fazer, coerência entre teoria e prática. Uma práxis coerente. E responsabilidade, porque tudo isso depende também de conhecimento, ou seja, tem de ser muito bem fundamentando e tem de estar enquadrado numa lei que o Darcy deixou em 1996, e que é quase perfeita: a Lei de Diretrizes e Bases na educação brasileira. Cumprir aquilo que está na Lei de Diretrizes e Bases já é revolucionário.

DICIONÁRIO DE VALORES

Recentemente, José Pacheco disponibilizou gratuitamente na internet um dicionário de valores em educação que reúnem conceitos que, segundo ele, precisam ser considerados nos processos de aprendizagem. Para cada letra do alfabeto, descreve um conceito, valor ou tema relacionado à educação. Confira a seguir o resumo de alguns verbetes presentes na obra: Autonomia – “A autonomia exprime-se como produto da relação. Não existe autonomia no isolamento, mas na relação EU-TU. É, essencialmente, com os pais e os professores que a criança encontra os limites de um controle que lhe permite progredir numa autonomia, que é liberdade de experiência e de expressão dentro de um sistema de relações e de trocas sociais. Conclusão: a autonomia convive com a solidariedade”. Coerência – “Diz-se que valores abundantes no discurso pedagógico raramente se traduzem em atitudes, talvez por não serem passíveis de concretização no contexto de uma sala de aula. Por exemplo: se o professor tem dever de obediência hie19 rárquica, se não é autônomo, como poderá educar em autonomia? Ninguém dá aquilo que não possui. Se a autonomia é algo que se exerce em relação a outrem e o professor está sozinho na sala de aula, como poderá ensinar autonomia? O professor não ensina aquilo que diz; o professor transmite aquilo que é. Se pretende despertar sentimentos de respeito ou de responsabilidade nos seus alunos, precisa colocar esses sentimentos nas suas atitudes”. Responsabilidade - “A modernidade projetou-nos numa ética individualista, na qual se pretende conservar a benesse da liberdade, ignorando a prática da responsabilidade, algo que lhe é inerente. A educação formal fragilizou o conceito de ética e as transgressões são justificadas como regras do jogo para a sobrevivência. Urge, por isso, que estâncias educacionais, como as escolas, concretizem uma educação integrada na pólis, o exercício da corresponsabilização na formação, uma formação estruturante da vida pessoal e comunitária”.

Qual entrevistado você gostaria de ver aqui neste espaço na próxima edição? Envie sua sugestão para contato@revistaescada.com.br


his.tó.ria sf

SPEI:

três décadas dedicadas à educação paranaense Há 30 anos, a capital paranaense contava com apenas

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duas instituições de ensino que ofereciam cursos voltados à área de processamento de dados, hoje informática. O mercado, carente de profissionais qualificados, absorvia rapidamente os alunos ingressantes da área, antes mesmo que concluíssem suas formações. Foi então que, em junho de 1983, vislumbrando novas oportunidades de negócio e a possibilidade de pioneirismo, 14 amigos, todos professores, sócios e, alguns deles profissionais atuantes no mercado de ciência da informação, idealizaram Sociedade Paranaense de Ensino e Informática (SPEI). O nome, mais do que uma sigla, carrega também outro significado: em latim, spei é a raiz da palavra esperança, sentimento que movia o grupo de amigos em prol de uma educação de qualidade.

Dr. Muricy. Ofereciam cursos livres de formação de programadores e analistas de sistemas. Mas logo no primeiro ano, deram entrada no pedido de dois cursos superiores: Administração e Tecnólogo em Processamento de Dados. A autorização do Ministério da Educação (MEC) veio quatro anos depois, em 1987. Já em nova sede, essa na Al. Dr. Carlos de Carvalho, viam a procura pelos cursos aumentar significantemente. “Em 1988, resolvemos criar o colégio, oferecendo Ensino Médio profissionalizante de informática. Na década de 90 crescemos ainda mais, criando Ensino Fundamental e Educação Infantil. E em 2003, adquirimos a Faculdades Hoyler, onde hoje funciona nosso Campus Torres, no Uberaba”, relata Dörl.

“Sabíamos que havia necessidade de uma IES séria e focada nesta área. Como a maioria de nós tinha seus respectivos empregos em outras empresas, distribuímos as responsabilidades para viabilizar a SPEI, sendo que cada um ficou com uma área específica (infraestrutura, professores, projetos pedagógicos, marketing, financeiro, etc) da instituição”, conta o diretor-presidente da SPEI, Ailton Dörl.

Com a proposta de trabalhar o desenvolvimento integral do aluno, viabilizando o rápido acesso ao mercado de trabalho, a SPEI comemora em 2013 três décadas de dedicação à educação paranaense. “Hoje temos mais de 30.000 alunos formados, gente trabalhando nas mais diversas organizações, desempenhando papéis que vão desde atendentes, até diretores e empresários. É gratificante saber que você pode contribuir, de uma forma ou outra, com a realização profissional das pessoas”, orgulha-se Dörl.

Com pressa para colocar em prática o projeto, fundaram a instituição em uma sede temporária, localizada na Rua

Como diferenciais, o diretor-presidente destaca as propostas pedagógicas dos cursos e as integrações inter e

multidisciplinares da SPEI. “Implementamos um processo de avaliação integrado, contendo o chamado TRM Trabalho Multidisciplinar, que permite que o aluno desenvolva habilidades e atitudes para, além do conhecimento obtido em sala, possa construir suas próprias competências”. Atualmente, a instituição oferece Ensino Médio profissionalizante nas áreas de Gestão e Informática, e outros sete cursos superiores: bacharelados em Administração, Ciências Contábeis e Sistemas de Informação, e tecnológicos em Análise e Desenvolvimento de Sistemas, Logística, Gestão de Recursos Humanos e Gestão Comercial. Para os próximos anos, Dörl explica que a SPEI traçou objetivos a curto, médio e longo prazo. Em curto prazo, a reconfiguração do portfólio de cursos, atualizando os existentes e criando vários novos. Em médio prazo, uma ocupação estratégica de Curitiba e Região, oferecendo formação qualificada a regiões ainda desprovidas de Ensino Superior. E em longo prazo, a oferta de mais 5 mil vagas de Ensino Superior em cinco endereços, além de ampla atuação no segmento de educação à distância. “Estamos também operando em outros segmentos como pós-graduação, Instituto SPEI, Idiomas, Cursos para Concursos Públicos e Consultoria Empresarial, que estão dando bom retorno e fortalecem a marca”, complementa.



as.so.ci.a.das adj

F / Divulgação

UNIVERSO DAS ESCOLAS ASSOCIADAS Crianças de cinco escolas (Nilza Tartuce, Nossa Senhora de Sion, Opet, Positivo e Saint Germain) desfilaram roupas confeccionadas com material reciclável por eles mesmos. Além do desfile, um coral de componentes de todas as escolas se apresentou com alunos de todas as instituições. “Para nós isso é significativo, pois escolas que deveriam ser concorrentes se unem para trabalhar pela cooperação entre os povos. E todos se envolvem com o objetivo de vivenciar na prática ideias voltadas para o bem da comunidade”, conta Adriana Karam, coordenadora regional do Programa de Escolas Associadas - PEA/UNESCO.

Olimpíada Marista - Olimar 2013

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Mais de mil alunos dos 17 colégios do Grupo Marista participaram da Olimpíada Marista – Olimar 2013, realizada entre os dias 11 e 15 de outubro, em São Paulo. Nas quadras do Colégio Marista Arquidiocesano e do Colégio Marista Glória, foram disputadas oito modalidades com a participação de atletas de cinco cidades do Paraná, quatro cidades de Santa Catarina, Brasília, Goiânia, Ribeirão Preto e São Paulo. A cerimônia de abertura contou com a presença do ex-atacante do São Paulo Futebol Clube, Raí (ex-aluno Marista Ribeirão Preto); do campeão brasileiro de Futebol Freestyle, Pedrinho (ex-aluno Marista Glória); e do ginasta e medalhista olímpico Arthur Zanetti. 
 O evento é uma forma de estimular a participação de crianças e adolescentes na prática esportiva, já que ela traz uma série de benefícios para o desenvolvimento. “A prática do esporte ensina a conviver em grupo, a respeitar regras, a conhecer os limites do corpo, a construir hábitos de vida saudáveis, além de ajudar na concentração e na disciplina, melhorando, consequentemente, o desempenho escolar”, defende o organizador da Olimar, Honório Petersen Hungria Junior.

Destaque para alunos do Colégio Sion e OPET

PEA Fashion Week A 4ª edição da Exposição de Trabalhos das escolas paranaenses do PEA/UNESCO promoveu o PEA Fashion Week, evento que movimentou o Shopping Pátio Batel, de Curitiba, entre os dias 23 e 30 de outubro.

Todos os anos o PEA/UNESCO define um tema a ser trabalhado em sala durante o ano letivo. Em 2013 o tema é o Ano Internacional para a Cooperação pela Água. Por este motivo, todo o evento teve este direcionamento: as roupas apresentadas e as músicas cantadas pelo Coral de todas as escolas envolvidas.

Colégio Bom Jesus de Palmas comemora 100 anos No dia 21 de setembro, foram realizadas as solenidades em comemoração aos 100 anos do Colégio Bom Jesus, de Palmas. As festividades iniciaram com a missa na Catedral do Senhor Bom Jesus da Coluna, celebrada pelo Bispo da Diocese de Palmas e Francisco Beltrão, Dom José Antonio Peruzzo. Após, foi realizado jantar dançante no Clube União Recreativo Palmense. No evento houve homenagem às Irmãs da Divina Providência que até 2004 estiveram à frente do Colégio Bom Jesus e ao Bispo Dom José Antonio Peruzzo, diretor presidente da Associação Senhor Bom Jesus da Coluna, mantenedora do Colégio Bom Jesus de Palmas e Chopinzinho.


SEPAM conquista jogos escolares nacionais A atleta Lara Carolina Malanowski, do time de xadrez do Colégio SEPAM, de Ponta Grossa, conquistou a medalha de ouro na competição nacional dos Jogos Escolares da Juventude, categoria B de 12 a 14 anos, sediados na cidade de Natal-RN, no início de setembro. A enxadrista terminou a competição de maneira invicta obtendo quatro vitórias e um empate. Além desse destaque, o Colégio SEPAM também enviou representantes para a fase nacional dos Jogos da Juventude Brasileiros categoria A, de 15 a 17 anos. Geovani Broday, do SEPAM, é o representante do Paraná no xadrez, e a atleta Isabelle Okuma compete pelo tênis de mesa no mesmo torneio que foi realizado em Belém-PA, entre os dias 7 e 16 de novembro.

Sustentabilidade em pauta na Escola Atuação Um dos assuntos trabalhado com as crianças da Educação Infantil ao 9º ano na Escola Atuação é a sustentabilidade e a importância de cuidar do meio ambiente, com diversas atividades teóricas e práticas que objetivam despertar nos estudantes a consciência de que pequenas atitudes podem fazer a diferença.

1ª Simulação ONU – SEB Julho é considerado um mês de descanso para os alunos. Exercitando habilidades e competências como argumentação, análise, síntese e oratória, alunos do Ensino Fundamental II e Médio do Colégio Dom Bosco participaram nos dias 18 e 19 de outubro da I Simulação ONU - SEB, realizada em parceria com a Internationali Negotia, instituição formada por alunos da Universidade Nacional de Brasília – UNB. O projeto, que consistiu na simulação de debates realizados em Comitês das Nações Unidas, como o Conselho de Segurança e a Agência Internacional de Energia Atômica, ofereceu para os alunos a oportunidade de vivenciar o papel de representantes de diversos países junto à ONU, defendendo o ponto de vista dos mesmos em questões de atualidade propostas.

Em um trabalho realizado há mais de dez anos, a instituição incentiva as famílias a separarem o lixo e encaminharem à escola tudo que pode ser reciclado, como papel, lata, garrafa pet e isopor. Em 2013, entre os meses de março e novembro nas sedes Boqueirão e Santa Quitéria, foram arrecadados mais de 450 kg de papel, 260 mil latas, 320 mil garrafas, 21 mil litros de óleo usado e 890 mil peças de isopor. O colégio dá o destino correto a estes materiais. Além disso, todo o lixo orgânico produzido na escola, que oferece período integral e cinco refeições por dia a 650 alunos, é enviado à Estação Ecológica da escola para alimentar os animais.

Representante da Agência Internacional de Energia Atômica, a aluna Rebeca Salles, da 2ª série, sede Mercês, elogiou a iniciativa do colégio. “Achei a proposta perfeita e, para mim, o que mais contou foi a experiência de agir como delegada, representando uma nação. Foi incrível”, conta. O evento foi encerrado com a entrega aos alunos de certificados e prêmios pelas atuações. Na sequência, todos participaram ativamente da Noite Cultural, da qual os estudantes tiveram a oportunidade de apresentar as culturas e tradições de diferentes países. Quer ver sua instituição de ensino neste espaço da revista? Escreva para a gente contando os acontecimentos dos últimos meses e também envie fotos para: contato@revistaEscada.com.br

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calendário

letivo para 2014

Em ano de Copa do Mundo no Brasil, o Sinepe/PR fornece sugestão de calendário para as escolas particulares manterem as atividades em dia. Confira sugestão para Curitiba e acesse no site www.sinepepr.org.br o calendário disponível para interior do Paraná e RMC.

Janeiro

Fevereiro

01 - Feriado | Confraternização Universal

03 - Início do ano letivo

02 - Recesso | somente para alunos

03 a 07 - Atividades pedagógicas

Total de dias letivos: 0

10 - Início das aulas Total de dias letivos: 20

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Maio

Junho

01 - FERIADO | Dia do Trabalho

12, 17 e 23 - Jogos do Brasil

Total de dias letivos: 21

16 a 13 - Recesso Copa do Mundo (Sinepe/CEE/SEED) a!

o Curitib

Antençã

lho e 26 de ju 16, 20, 23 s na Arena tem jogo ada da Baix

19 - FERIADO | Corpus Christi 30 - Término das aulas Total de dias letivos: 13

setembro 07 - FERIADO | Independência do Brasil Total de dias letivos: 22

outubro 12 - FERIADO | Nossa Senhora Aparecida 15 - RECESSO | Dia do Professor/Auxiliar Total de dias letivos: 22


• No quadro abaixo não estão previstos feriados municipais. • Não deverão ser computados como dias letivos os dias utilizados para exame final (LDB Art. 24, Inciso I). • A instituição de ensino é obrigada a cumprir no mínimo a carga horária de 800 horas e 200 dias letivos (LDB Art. 24, Inciso I). • Compensação de Jornada - (Convenção Coletiva de Trabalho dos Professores) SINEPE/SINPROPAR (2014/2015).

• Considerar a Deliberação 02/2002 CEE, que trata sobre a inclusão, no período letivo, de dias destinados a atividade pedagógica. “Art. 3º - pode o estabelecimento considerar, como dias de efetivo trabalho escolar, os dedicados ao trabalho docente organizado, também, em função do seu aperfeiçoamento, conquanto não ultrapassem cinco por cento (5%) do total de dias letivos estabelecidos em lei, ou seja, dez (10) dias no decorrer do ano letivo.”.

Março

Obs. As atividades pedagógicas (10 dias) poderão ser distribuídas durante o ano letivo a critério da instituição de ensino. Observar que os 5% destinados à atividade pedagógica não contempla a carga horária que deverá ser de 800 horas.

Abril

04 - FERIADO | Carnaval

18 - Feriado | Paixão de Cristo

Total de dias letivos: 20

20 - Feriado | Páscoa 21 - FERIADO | Tiradentes Total de dias letivos: 20

julho 01 a 20 - Recesso | Somente para alunos

agosto Total de dias letivos: 21

14 a 18 - Atividades pedagógica 21 - Início das aulas Total de dias letivos: 14

novembro

dezembro

02 - FERIADO | Finados

12 - Término das aulas

15 - FERIADO | Proclamação a República

25 - FERIADO | Natal

Total de dias letivos: 20

Total de dias letivos: 10

Total de dias letivos no 1º semestre: 109 Total de dias letivos no 1º semestre: 94 Total de dias letivos em 2014: 203

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di.re.to.ri.a em a.ção sf / prep / sf

Conferência Estadual de Educação

Entre os dias 24 e 26 de setembro aconteceu a Conferência Estadual de Educação do Paraná. Representantes da comunidade escolar, de movimentos sociais e entidades estiveram reunidos em Curitiba para o evento. Os resultados da Conferência serão levados para a etapa nacional da Conae, que vai acontecer de 17 a 21 de fevereiro de 2014, em Brasília, e terá como tema central: O PNE na Articulação do Sistema Nacional de Educação: Participação Popular, Cooperação Federativa e Regime de Colaboração. A assessora pedagógica do Sinepe/PR, Fátima Chueire Hollanda, destacou que a etapa estadual foi muito importante por contribuir na construção do sistema nacional de educação ao reunir em um único espaço a rede pública e particular discutindo o PNE. “Trata-se de um momento histórico para a educação paranaense e nacional, pois o evento reuniu todos os segmentos da sociedade em busca de melhoras para a educação brasileira”.

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O Conselheiro do Sinepe/PR, Pedro Roberto Wiens afirmou que “esta discussão é muito rica para todos, principalmente para as instituições particulares, pois se trata de um treinamento de cidadania e uma oportunidade para aprender a articular cada vez mais, para não ficar de fora deste momento muito relevante para a educação brasileira”. A partir desse encontro, o objetivo é criar um documento referência definitivo que será utilizado como base para elaborar o próximo Plano Nacional de Educação. Mais informações: conae2014.mec.gov.br.

Simpósio de Matrículas O Sinepe/PR realizou o Simpósio de Matrículas no dia 17 de agosto, com a presença de importantes palestrantes. O evento contou com a presença de gestores, pedagogos, responsáveis pelas matrículas e chefes de secretarias das escolas. Ofertado gratuitamente, o simpósio aconteceu no Auditório do Bloco Azul da Universidade Positivo. O especialista em educação Renato Casagrande ministrou a primeira palestra, com o tema Reflexões, estratégias e ações para a escola “fazer e acontecer”. Ele destacou que, dentre os dilemas enfrentados pelas instituições de ensino, estão as revoluções tecnológicas e pressão social x cultura instaurada nas escolas. Citou ainda as avaliações na área educacional, casos do Enem e Enade. Para Casagrande o maior desafio é saber como utilizar os resultados destes exames a favor das escolas e trabalhar isso com os professores. “Ter informação e não atuar é trágico, é preciso compreender e espremer estes dados”, explicou. O vice-presidente do Sinepe/PR e diretor-geral da área de ensino do Grupo Positivo, Paulo Arns da Cunha, tratou em sua palestra a evolução do mercado educacional na capital paranaense. “Um primeiro passo para qualquer escola é determinar que formato de instituição é a sua – pequena ou grande -, quantas turmas serão abertas e o número de alunos

por turma para então traçar um planejamento e analisar as oportunidades”, afirmou. A última palestra do dia foi com o assessor jurídico cível/educacional do Sindicato, Dr. Luis
Cesar Esmanhotto, que tratou sobre os cuidados que a escola deve ter com a matrícula de 
aluno de inclusão e consumo e venda de drogas dentro das escolas. Esmanhotto destacou que estes são temas recorrentes e atingem as escolas particulares, por isso é função do Sinepe/PR dar orientações dentro dos aspectos legais. O presidente do Sinepe/PR, Jacir J. Venturi aprovou o evento e destacou sua importância: “Os palestrantes foram multitemáticos e bastante aplaudidos pelas informações transmitidas de maneira didática e com viés prático”.


Simpósio de Educadores 2013 Gestores, professores e diretores participaram do Simpósio de Educadores 2013, realizado gratuitamente pelo Sinepe/PR, no dia 26 de outubro, no Teatro Bom Jesus, em Curitiba. O público recebeu com entusiasmo o palestrante José Wille, que falou sobre a educação na era das redes sociais, e o professor Santareno Augusto de Miranda, que emocionou os presentes contando sua história de vida. Durante sua explanação, o jornalista e consultor José Wille explicou aos presentes o que é preciso saber para despertar o interesse dos alunos e ensinar melhor nesta era de grandes mudanças tecnológicas. “A gente pode envelhecer, mas não pode se desatualizar”, comentou Wille, no início de sua palestra. Ele disse que a comunicação não é apenas o que o emissor fala, mas sim o que o outro entende. E, em tempos de ausência digital, ou seja, em que estar presente num local não mais significa necessariamente estar atento a o que acontece neste lugar, o palestante passou algumas fórmulas que a grande mídia utiliza para manter a atenção do público. Na segunda palestra, o professor Santareno Augusto Miranda deu seu testemunho de vida. Natural de Angola, ele nasceu em uma pequena aldeia sem a mínima infraestrutura. Uma professora portuguesa chamada Madalena chegou à aldeia para educar os que ali viviam. Escondido da família, Santareno começou a frequentar as aulas para se alfabetizar. Aos 11 anos teve as

O presidente do Sinepe/PR, Jacir J. Venturi, o palestrante José Wille e o diretor-geral da FAE/Bom Jesus, Jorge Apóstolos Siarcos.

melhores notas da turma e como recompensa foi enviado para a cidade para estudar. Após um tempo de difícil adaptação à vida na cidade, um certo dia foi escolhido pelo exército, com os demais estudantes do sexo masculino, para ser enviado para a guerra. Foram três anos na guerra, um período muito difícil em que ele chegou a questionar o sentido da vida, e precisou aprender a lidar com a morte de amigos. Após ser mutilado pela guerra, passou por mais um período difícil de se adaptar novamente à vida na cidade. Morou na rua, até que um dia viu, por acaso, uma propaganda sobre uma escola de Maringá que estava aceitando matrículas. Com alguma ajuda de conhecidos e poucos dólares no bolso, conseguiu comprar uma passagem e veio para o Brasil. Aqui enfrentou novas dificuldades, pois não tinha onde morar, o que comer e passou por preconceito pelo fato de ser negro. E, apesar das adversidades conseguiu estudar. Como referência para continuar vivendo, ele sempre teve os professores que passaram pelo seu caminho. Profissionais que considera em sua formação humana. Hoje, Santareno tem família, é professor no Colégio Bom Jesus, na FAE, na Facinter e na Faculdade Fidelis. É licenciado em Filosofia, especialista em Fundamentos da Ética e, este ano, deve finalizar seu Mestrado em Psicologia Social. Sua comovente história fez muitos dos professores presentes no evento chegarem as lágrimas. No final da palestra, Santareno foi aplaudido em pé.

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ar.ti.go sm

T / Alexandre Chueire Lopes - filósofo, sociólogo e Coach, participou da Implantação do Programa de Pós-Graduação em Filosofia da UFPR, do Programa de Pós-graduação em Sociologia Política da UFPR e é pesquisador do NESEF/UFPR.

ÉTICA, COMUNICAÇÃO CLARA E LIDERANÇA

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Muito se fala nos problemas da educação brasileira. Faltam recursos, professores mal qualificados, currículo defasado, enfim, poderíamos ficar enumerando as queixas durante longo tempo e não acharíamos soluções para o “sistema”. Parece-me que os profissionais da educação já incorporaram de tal maneira o papel de sofredor que é cômodo reclamar e deixar tudo como está – a crítica profissional é afastada destes “mártires” que estão de mãos atadas pelo sistema. Ora, temos vários exemplos de Instituições de Ensino que se modernizaram, afastaram-se dos problemas comuns e criaram soluções inovadoras. Os exemplos existem em instituições de todo tipo, sejam públicas ou privadas, de pequeno porte a grandes conglomerados educacionais. A resposta para estes casos de sucesso é uma só: Gestão! Uma gestão empresarial, uma liderança exigente e inspiradora, e um sistema de comunicação claro entre os diversos membros da comunidade escolar. Em outras palavras: um modelo ético. A ética, diferentemente da moral, não se trata de um comportamento isolado a partir de princípios individuais; ela consiste em um modelo de ação predefinido, acordado claramente dentro do grupo (pacto social), exercitado diariamente e cobrado pelo líder. Como bem comenta James Hunt (autor de O Monge e o Executivo), um líder tem de ser compreensivo, afável, atencioso, porém tem de “saber dar

vaidades, que é a sala dos professores, a abraçar um projeto transformador. Apresentar aos nossos educadores projetos de desenvolvimento nos modelos empresariais, utilizar-se de termos como resultados, avaliação interna, metas, excelência é mexer com temas “demonizados” pelos professores há décadas. Instituições que já passaram por isso sabem que se trata de cortar na carne os vícios de um sistema ultrapassado.

encarar esta situação sem melindres de classe; depois apresentar à equipe escolar o plano de ação especificando o papel de cada um e do todo; apresentar os objetivos e a imagem que se quer obter – muitas instituições têm buscado o Coaching Educacional, tanto para gestores, quanto para seu corpo docente para realizar este trabalho de planejamento e execução com toda a equipe. Uma vez apresentado o projeto, cabe ao gestor – e aí reside o maior obstáculo – manter o ânimo e o compromisso com a proposta. A equipe só abandona o projeto quando o líder dá uma brecha, já apontava Maquiavel em seus conselhos ao príncipe. A gestão ética não é uma novidade enquanto ideia, é uma novidade e SEMPRE UM DESAFIO enquanto AÇÃO! Nossos alunos apreendem por repetição, não das palavras ou fórmulas escritas no quadro, mas de nossas atitudes; assim também são nossos professores, desestimulados, entregues à rotina, mas como todos os seres humanos, ávidos por um líder a seguir, por um mestre a discipular, por um gestor a inspirar, por uma ideia que possa sair do sonho e se tornar realidade.

Mas, enfim, como efetuar tal transformação? Devem estar me perguntando nesse momento. Primeiro trata-se de um compromisso pessoal do gestor em

Hoje o espaço escolar deve se tornar um espaço capaz de transformar-se a si mesmo para então transformar a criança, o jovem, e a sociedade.

palmadas”, apontar erros, e talvez neste ponto em especial, a gestão educacional tradicional seja paternalista e corporativista demais. Este é o primeiro problema que um choque de gestão enfrentará: explicar e principalmente inspirar a fogueira de

“A ética, diferentemente da moral, não se trata de um comportamento isolado a partir de princípios individuais;”


ar.ti.go sm

T / Jacir J. Venturi - presidente do Sinepe/PR.

TRÊS FÁBULAS

EM UM MUNDO GLOBALIZADO A fábula, como gênero literário, sempre mereceu o devido apreço em todos os tempos e de todos os povos. Para Jean de La Fontaine (1621-1695), a fábula comporta duas partes: o corpo e a alma, ou seja, a narrativa e a moralidade. Uma miríade de escritores se ocupou em criar ou reescrever fábulas. No entanto, a maioria delas provém da sabedoria popular, na qual muito se cria, mas também muito se copia. Fruto dessa inventividade, a essência das três fábulas abaixo nos foi repassada oralmente. O Gato que Late As fábulas do gato e do rato sempre foram famosas no imaginário popular: um dia é da caça, outro é do caçador. Certo dia, ao querer respirar os ares do mundo, o rato saiu do esconderijo. Após um tempo de silêncio absoluto, ouviu um latido e pensou: “Se há cachorro, é porque o gato anda longe...”. Qual o quê! Mal olhou para o lado e só ouviu um miado valente do gato, que o abocanhou de um só golpe. Ainda assim, o rato conseguiu perguntar: — Desde quando você é bicho que late? Moral da história: Nestes tempos de globalização, quem não fala duas línguas morre de fome. O Pardal Inconformista Era uma vez um pardal inconformista que, durante o inverno decidiu não voar para o Sul. Contudo, a temperatura ficou tão fria que ele relutantemente empreedeu

o voo migratório. Em pouco tempo, o gelo começou a se formar em suas asas, e ele caiu num curral, quase congelado. Uma vaca passou e defecou no pardalzinho. Pensou que fosse o fim. Mas as fezes o aqueceram e descongelaram suas asas. Restabelecido e feliz, capaz de respirar, começou a cantar. Um gavião escutou o gorjeio, atento ao movimento das fezes, vislumbrou o pardal e prontamente o comeu. Moral da história: 1. Todo aquele que defeca em você não é necessariamente seu inimigo. 2. Todo aquele que tira você das fezes não é necessariamente seu amigo. 3. Quem está na bosta não pia. O Rato Planejador Dois ratos passeavam despreocupadamente. O primeiro rato vangloriava-se do seu doutorado em Planejamento Estratégico nos EUA. Fazendo tocaia, um gato saltou e pôs a pata em cima do segundo rato. Este, aterrorizado, suplicou ao rato planejador: — O que você faz aí, parado? Ajude-me! — Estou planejando! — Planejando o quê? Socorro! — Já sei: vire um pit bull! — Mas como? — Bem ... Eu planejo, você tem que executar! Moral da história: Entre planejar e executar há no meio um mar. As três fábulas são pertinentes a relacionamentos humanos: a primeira premia a dissimulação; a segunda pune severamente o inconformismo; e a terceira, dá muita ênfase ao planejador e pouca ao “fazedor”. Destarte, o referido fabulista francês se fez apropriado quando afirmou, em tom jocoso, que, “em vez de humanizar os animais, procurava ressaltar os aspectos animais da natureza humana”.


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T / Sandro R. B. Alves - Gerente de Ensino da Escola CPS-Cursos Profissionais de Segurança. Instrutor credenciado no Departamento de Polícia Federal.

SEGURANÇA

EM INSTITUÇÕES DE ENSINO

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O clima de violência vivenciada no cotidiano do Brasil, não isenta as instituições de ensino. A onda de violência atinge níveis insuportáveis para a população, retratada pelo sentimento de medo, insegurança, aliada a banalização da vida. Nas escolas, o reflexo da violência pode ser visto na depredação do patrimônio, como carteiras escolares quebradas e riscadas, muros pichados, evocação às drogas, agressões a professores e funcionários, dentre outras. Quando tratamos de crianças e adolescentes, a preocupação é infinitamente maior. De todos os crimes divulgados pelos meios de comunicação, nenhum outro impacta e comove como aqueles cometidos contra crianças. Geralmente alguns fatores levam as pessoas a escolher a melhor escola para os seus filhos, tais como: O projeto pedagógico, o corpo docente, a infra-estrutura, a localização, a política de preços, a qualidade do ambiente escolar e a tradição. Porém hoje, a segurança é um pré-requisito essencial a ser avaliado pelos pais no momento de escolher a escola de seus filhos. As instituições de ensino, ao receberem os alunos, além de passarem a exercer um importante papel na sua educação, assumem também o dever de zelar pela inte-

gridade física e moral dos mesmos. Neste sentido, as instituições devem promover todos os meios necessários que previnam a ocorrência de situações que possam comprometer a segurança ou causar lesão de qualquer ordem aos seus alunos. A definição de estratégias em segurança não é uma ciência exata; não existe uma regra única cabível a todas as organizações, deve sim, haver um planejamento executado por um especialista em segurança. Primeiramente para que se elabore um planejamento de segurança eficaz, deve ser realizado um diagnóstico de segurança e uma análise dos riscos para que se possa identificar quais são as possíveis ameaças a este empreendimento, pois assim podemos tomar decisões estratégicas e calcular os investimentos necessários com a finalidade de mitigar os riscos. Deve haver a formalização de uma política de segurança, ou seja, as diretrizes básicas que orientam a forma de atuação da equipe de segurança, nas mais diversas situações, tanto rotineiras como o controle de acesso, rondas no estacionamento e em todo o ambiente escolar, como também em situações emergenciais, incêndio, primeiros socorros em casos de acidentes, ameaça telefônica, entre outras. Deve haver também a implantação sistemática dos recursos tecnológicos tais como: os sistemas de controle de acesso e identificação, sistemas de alarme monitorado, CFTV, sistemas de detecção e combate a incêndio, dentre outros. Normalmente algumas instituições consideram-se seguras pois, possuem um

grande aparato de equipamentos eletrônicos de segurança. Porém por mais sofisticados que sejam os equipamentos eletrônicos; ainda a presença humana é fundamental num sistema de segurança eficiente. As instituições de ensino devem possuir no seu quadro de funcionários, não só a figura do inspetor de alunos ou porteiros, mas também de profissionais capacitados para prover a segurança, sendo esses especificamente o vigilante, por ser um profissional capacitado em curso de formação, empregado de empresa especializada ou empresa possuidora de serviço orgânico de segurança, registrado no Departamento de Polícia Federal, e responsável pela execução de atividades de segurança privada, conforme previsto na Lei 7.102/83 e Portaria 3.233/2012 – DG/DPF. Esses profissionais devem estar aptos a atuar ostensivamente contra atos externos e paralelamente, capazes de lidar com pais e crianças de forma preventiva e familiar. A instituição deve ainda possui uma brigada de incêndio composta pelo seu quadro de funcionários em geral, conforme é previsto na legislação vigente e periodicamente executar simulados de abandono contra incêndio envolvendo todos os alunos e funcionários do colégio. Finalizando, o planejamento da segurança é uma tarefa complexa e deve ser atualizado constantemente, pois riscos mudam, o crime evolui. A segurança deve acompanhar tais mudanças e estar sempre um passo adiante.


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