Revista Escada 15

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número 15 | ano 04 julho a setembro 2013 Publicação Sinepe/PR

Reformulação do Ensino Médio BRASILEIRO Sinepe/PR envia ao MEC documento elaborado por educadores de escola paranaense com sugestões práticas de trabalho com base no Fluxo de Conteúdos


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crescer. CHEGOU A NOVA COLEÇÃO DA EDUCAÇÃO INFANTIL DO SISTEMA POSITIVO DE ENSINO O Sistema Positivo de Ensino preparou uma coleção que vai auxiliar o trabalho de professores e de crianças de 0 a 5 anos. Um material completo, interativo e lúdico. Conte com essa confiança para oferecer o melhor às crianças.

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e.di.to.ri.al

ex.pe.di.en.te

adj m+f

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Sinepe/PR

Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino do Estado do Paraná

O Ensino Médio representa uma das maiores mazelas no espectro da educação brasileira. Em busca de alternativas, o

Sinepe/PR, juntamente a uma equipe de educadores do Colégio Bom Jesus, enviou, recentemente, um documento ao Ministério da Educação (MEC) e à Presidenta Dilma Rousseff com ideias bastante práticas e explicativas para o Ensino Médio. Nossa pretensão é que o documento seja analisado pelos técnicos do Congresso Nacional e do MEC, por entendermos que é um projeto consistente e de grande envergadura. Acreditamos que este debate é tanto da escola pública quanto da particular, pois quem tem a ganhar é a educação brasileira. Para os educadores que desejam conhecer mais profundamente a proposta desse documento, apresentamos uma reportagem especial nesta edição da revista Escada. Os leitores podem acompanhar também artigos de opinião, novidades das escolas associadas, reportagem sobre como trabalhar as matrículas para 2014, entre outros temas.

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Boa leitura!

Conselho Diretor gestão 2012/2014 Diretoria Executiva Presidente 1.º Vice-Presidente 2.º Vice-Presidente Diretor Administrativo Diretor Econômico/Financeiro Diretor de Legislação e Normas Diretor de Planejamento

Jacir J. Venturi José Manoel de Macedo Caron Jr. Paulo Arns da Cunha Ailton R. Dörl Rosa Maria C. V. de Barros Maria Luiza Xavier Cordeiro Ademar Batista Pereira

Diretoria de Ensino Diretor de Ensino Superior Diretor de Ensino Médio/Técnico Diretor de Ensino Fundamental Diretor de Ensino da Educação Infantil Diretor de Ensino dos Cursos Livres Diretor de Ensino dos Cursos de Idiomas Diretor de Ensino das Academias

José Antonio Karam Gilberto Vizini Vieira Esther Cristina Pereira Noely Luiza Deschermayer Santos José Luis Chong Jaime M. Marinero Vanegas Ana Dayse Cunha Agulham

Conselheiros 1.º Conselheiro 2.º Conselheiro 3.º Conselheiro 4.º Conselheiro 5.º Conselheiro 6.º Conselheiro 7.º Conselheiro 8.º Conselheiro 9.º Conselheiro 10.º Conselheiro 11.º Conselheiro

Jorge Apóstolos Siarcos Pedro Roberto Wiens Raquel Adriano M. M. de Camargo Ir. Frederico Unterberger Eduardo Vaz da Costa Júnior Durval Antunes Filho Roberto A. Pietrobelli Mongruel Juliana Toniolo Sandrini Renato Ribas Vaz Magdal J. Frigotto Volnei Jorge Sandri

Conselho Fiscal Efetivos Suplentes Orlando Serbena Fabrizzio Ferreira Ribas Carolina Batista Pereira Frizon Edison Luiz Ribeiro Henrique Erich Wiens Ir. Anete Giordani Delegados Representantes - Fenep Jacir J. Venturi Ademar Batista Pereira

Jacir José Venturi

Diretorias regionais

Presidente

SINEPE/PR - Regional Oeste (Cascavel) Diretor-Presidente Adilson J. Siqueira Diretor de Ensino Superior Maria Débora Venturin Diretor de Ensino da Educação Básica Lauro Daros Irmã Mareli A. Fernandes Diretor de Ensino da Educação Infantil Ione Plazza Hilgert Diretor dos Cursos livres/Idiomas Denise Veronesi Trivelatto Revista Escada Publicação periódica de caráter informativo com circulação dirigida e gratuita. Desenvolvida para o Sinepe/PR. Editada pela Editora Inventa Ltda - CNPJ 11.870.080/0001-52 Rua Heitor Stockler de França, 356 - 1º andar - Centro Cívico - Curitiba - PR Conteúdo IEME Comunicação www.iemecomunicacao.com.br Jornalista Responsável

Taís Mainardes DRT/PR 6380

Projeto gráfico e ilustrações

D-Lab – www.dlab.com.br

Revisão

Marília Bobato

Comercialização

Editora Inventa

Críticas e sugestões

contato@revistaescada.com.br

Comercial comercial@editorainventa.com.br Os artigos assinados são de responsabilidade de seus autores e não expressam, necessariamente, a opinião desta revista. Conselho editorial Fátima Chueire Hollanda José Antonio Karam José Manoel de Macedo Caron Jr. Márcio M. Mocellin Noely Luiza D. Santos Aprovação

Jacir J. Venturi

Impressão e acabamento Logística e Distribuição Versão Digital

Maxi Gráfica e Editora Ltda Correios www.revistaescada.com.br

SINEPE/PR - Regional Cataratas (Foz do Iguaçu) Diretor-Presidente Artur Gustavo Rial Diretor de Ensino Superior Fouad Mohamad Fakin Diretor de Ensino da Educação Básica Antonio Neves da Costa e Antonio Krefta Diretor de Ensino da Educação Infantil Rita C. R. Camargo e Edite Larssen Diretor de Ensino dos Cursos Livres/Idiomas Fabiano de Augustinho SINEPE/PR - Regional Sudoeste (Pato Branco/Francisco Beltrão) Diretor-Presidente Ivone Maria Pretto Guerra Diretor de Ensino Superior Hélio Jair dos Santos Diretor de Ensino da Educação Básica João Carlos Rossi Donadel Diretor de Ensino da Educação Infantil Amazilia Roseli de Abreu Pastorello Diretor de Ensino dos Cursos Livres/Idiomas Vanessa Pretto Guerra Stefani SINEPE/PR - Regional Campos Gerais (Ponta Grossa) Diretor-Presidente Osni Mongruel Junior Diretor de Ensino Superior Marco Antônio Razouk Diretor de Ensino da Educação Básica Irmã Edites Bet Diretor de Ensino da Educação Infantil Maria de Fátima Pacheco Rodrigues Diretor de Ensino dos Cursos Livres/Idiomas Paul Chaves Watkins Diretoria da Regional Central Diretor-Presidente Diretor de Ensino Superior Diretor de Ensino da Educação Básica Diretor de Ensino da Educação Infantil Diretor dos Cursos livres/Idiomas

Dilcemeri Padilha Liz Salette Silveira Azevedo Telma E. A. Leh Cristiane Siqueira de Macedo Marcos Aurélio Lemos de Mattos


ín.di.ce sm

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opinião

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ENSINO INFANTIL

Conheça a opinião dos educadores paranaense sobre o Enem

Matrículas 2014: sua escola está preparada?

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ENTREVISTA José Wille

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ARTIGO

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ARTIGO

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DIRETORIA EM AÇÃO

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AGENDA

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Educação, segurança e agricultura em Israel, por Jacir J. Venturi

ESPECIAL

Como colocar o Novo Ensino Médio em prática?

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História

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Universo das associadas

Opet: 40 anos

Confira como foram as férias de julho nas instituições associadas

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ARTIGO Matrícula obrigatória aos 4 anos. Para que mesmo?, por Raquel Momm de Camargo

Cadê você, estudante? por Alex Canziani

Sinepe/PR inaugura escritório na regional dos Campos Gerais

Cursos e palestras do Sinepe/PR


o.pi.ni.ão subst.

O Enem é destinado àqueles que já concluíram ou vão concluir o ensino médio até o fim de 2013, mas pode ser feito também por quem quer apenas treinar para a prova. O resultado do exame é usado no Sistema de Seleção Unificada (Sisu), que oferece vagas em instituições públicas de educação superior. A aplicação da prova será nos dias 26 e 27 de outubro.

Conheça a opinião dos educadores paranaense sobre o Enem

Educador, qual é a sua expectativa em relação ao Enem deste ano? “

Minha expectativa sobre o Enem deste ano é que ele esteja conectado com a atualidade e possa, de fato, avaliar a capacidade de reflexão e o espírito crítico dos alunos. Preocupa-me que o Exame se torne um processo seletivo como o vestibular - que tem caráter de exclusão e classificação - e deixe sua essência de lado, que é avaliar o que os alunos realmente aprenderam e de que forma eles absorveram os ensinamentos passados no ensino médio. Nós trabalhamos com a formação do processo crítico e da avaliação do momento atual, para que o aluno se posicione e tenha opinião formada sobre os mais variados temas. É isso que esperamos do Enem”.

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Solange Demeterco | Professora de História e Sociologia do Colégio Sion Batel / Curitiba.

Na atualidade, é inevitável não falar do Enem em todos os cursos preparatórios para o vestibular. O que antes representava uma prova com o intuito de medir o conhecimento dos alunos ao término do ensino médio, hoje tem status de vestibular. Com o objetivo de abordar em uma única questão várias áreas do conhecimento, o Enem faz com que o aluno reúna os diferentes conteúdos aprendidos a fim de solucioná-la. E é pensando nisso que o Centro Educacional Top Gun utiliza a “Filosofia Enem” desde as séries iniciais até as suas séries finais, preparando um estudante que saiba ler, pensar e utilizar diferentes competências para resolver um problema. Esse é o principal passaporte para a universidade”.

Ricardo Lamas | Diretor geral do Colégio Top Gun / São José dos Pinhais.


Crédito foto - Amarildo Henning

O Enem apresenta-se como uma referência para autoavaliação a milhares de jovens, bem como uma modalidade alternativa para o ingresso ao Ensino Superior. Embora seja uma iniciativa governamental interessante e ofereça resultados de desempenho, é preciso ter muita cautela no processo de análise dos resultados do exame nacional. Será que é possível, a partir dos resultados, a obtenção de um panorama nacional em relação à educação, considerando a diversidade de práticas, programas e instituições? Até que ponto os resultados servem realmente para que as instituições reflitam sobre a qualidade da educação? O fato de o Enem ser uma prova que busca o aspecto interdisciplinar, a meu ver, é um ponto relevante, pois propõe conexões entre os conteúdos e suas aplicabilidades nos diferentes contextos do cotidiano do aluno. No entanto, é uma prova muito longa e cansativa, que exige um grande esforço para ser lida e analisada na sua totalidade pelo aluno”.

Suzete Maria Salvaro Beal | Gestora do 9.º ano do Ensino Fundamental II ao Ensino Médio do Colégio Bom Jesus Centro / Curitiba.

Para essa edição espera-se que haja maior organização e informações. Assim como o MEC se propôs a aumentar o rigor na correção das redações, o que é louvável, se considerarmos que um dos objetivos é avaliar, analisar e propor as necessárias ações de reformulação para o Ensino Médio, espera-se que o mesmo rigor seja aplicado em relação à logística e competência de gestão de todo o processo. Enfim, desejamos sucesso na aplicação do Exame, que ele ocorra sem incidentes, pois quem só tem a ganhar são os estudantes”.

Edna Percegona | Diretora-Geral dos Colégios Opet/ Curitiba.

A expectativa é a de que o Enem 2013 apresente uma prova objetiva nos padrões das edições anteriores - questões que desafiam pelo conteúdo e pelo tempo disponível para resolvê-las. Isso porque, apesar das críticas a esse modelo, principalmente após o Exame ganhar status de ‘vestibular’, é essa a tradicional estrutura que vem sendo apresentada. A novidade fica para a correção da redação. Após o hino do Palmeiras e a receita de macarrão, a correção deve ocorrer de forma mais cuidadosa e mais rigorosa com os desvios normativos. Vale lembrar que este será o segundo ano que o INEP disponibilizará a correção para os participantes”.

Fabiano Pinkner Rodrigues | Professor de Língua Portuguesa da 3ª série do Ensino Médio do Colégio Medianeira/ Curitiba.

Quer sugerir uma pergunta para esta seção ou opinar sobre os temas propostos? Envie email para contato@revistaescada.com.br e participe!

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es.pe.ci.al adj

Matrículas 2014: sua escola está preparada? Chegou a hora das instituições de ensino trabalharem a campanha de matrículas e rematrículas para o próximo ano

O momento de trabalhar a campanha de matrículas para 2014 começa agora - já que

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normalmente as escolas abrem vagas para rematrícula e para novos alunos durante os meses de setembro e novembro, e tudo indica que a procura será grande. Na Educação Infantil, dados do último Censo Escolar 2012, realizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) do Ministério da Educação, com a participação de todas as escolas públicas e privadas do país, mostram que o número de matrículas para crianças com até 3 anos de idade chegou a ultrapassar 2,5 milhões. Um crescimento de 10,5% na comparação entre 2011 e 2012. Pais que precisam voltar ao mercado de trabalho e não tem onde deixar os filhos correm em busca de instituições que atendam os pequenos. Assim, berçários e maternais têm grande demanda de vagas, principalmente por terem um número limite de alunos por sala. Para dar conta de atender todos estes pais, a diretora do Centro de Educação Infantil Picollo, Noely Luiza Deschermayer Santos, indica uma alternativa para as escolas que não possuem mais vagas para o ano que vem: criar uma lista de espera, já que nem sempre as instituições de ensino tem a possibilidade de aumentar sua estrutura física. “Nestes casos, as vagas vão sendo preenchidas aos poucos durante o decorrer do ano e conforme a disponibilidade de vagas”, explica. Agir com transparência também é importante e dá credibilidade à instituição. A coordenadora de comunicação e admissões do Colégio Internacional Everest, Flávia Maoski Rosenmann, acredita que esclarecer que as turmas possuem um número limitado de alunos logo na primeira visita da família ao colégio é imprescindível. “Essa informação previne futuras insatisfações quanto ao aumento de alunos em sala de aula”, acrescenta.


A assessora pedagógica do Sinepe/PR, Fátima Chueire Hollanda, destaca alguns pontos que devem ser cuidadosamente observados pelas instituições de ensino e esclarecidos logo que os pais realizam a primeira visita à escola, confira:

1.

Mostre para a família toda a infraestrutura da escola. Os laboratórios de ciências, biblioteca, espaço coberto para atividades em dia de chuva, sala específica para as aulas de arte, quadra poliesportiva, entre outros. Esta tarefa deve ser realizada por um profissional capacitado, como um diretor ou orientador pedagógico.

2.

Posicione os pais em relação à linha pedagógica da escola e seu regimento interno. Se é tradicional, se valoriza a criatividade, se dá espaço para o crescimento do aluno, se possui atividades que valorizam o meio ambiente, os Direitos Humanos, e que contemplam as diferenças religiosas e étnicas.

3.

Oriente a família em relação ao número de alunos por turma, mostre como são as salas de aula, deixe claro como funcionam as refeições e os lanches. Quem organiza e como é o cardápio, quais alimentos são vendidos na cantina e a autorização para funcionar.

Tendências Nos últimos dois anos, as famílias paranaenses presenciaram mudanças no formato das escolas particulares. É o caso do Colégio Dom Bosco que passou a ofertar em 2012, além do ensino regular, o ensino bilíngue e em período integral, a partir do Nível 3 da Educação Infantil até o 5º ano do Ensino Fundamental. De acordo com o diretor geral do Grupo Dom Bosco, professor Durval Antunes Filho, o ensino integral surgiu como uma alternativa para as famílias que não podiam deixar as crianças em casa. E o ensino bilíngue, que veio em seguida, trouxe ainda mais comodidade para os pais. “Este tipo de ensino veio suprir principalmente a necessidade de atender a grande mobilidade de algumas famílias – de diplomatas e funcionários de multinacionais - que precisam mudar frequentemente de país”, diz. Um diferencial para as escolas e que também tem trazido uma série de vantagens para o aprendizado é a tecnologia. O uso de lousas digitais e tablets complementam o ensino e trazem a possibilidade de abordar a informação de forma mais dinâmica dentro das salas de aula. “Com as novas gerações, cada vez mais agitadas e ‘antenadas’, os docentes precisam se atualizar e perceber que a tecnologia abre novos horizontes. Com o acesso à internet, o professor consegue explicar e mostrar instantaneamente para o aluno sons, imagens, textos e informações novas que complementam o conteúdo didático”, acrescenta Durval. A escolha da escola ideal nem sempre é uma tarefa fácil. Sentimentos como angústia e ansiedade são bem comuns e o papel da escola é oferecer todo o suporte que os pais necessitam para realizar essa escolha. Mais do que a infraestrutura, um fator é unânime entre as famílias: todas querem que seus filhos tenham uma boa formação e prazer em ir para a escola. Confira ao lado depoimentos sobre o que os pais esperam das escolas:

4.

Mantenha em edital os atos que autorizam o funcionamento da escola, como seu Alvará, Laudo da Vigilância Sanitária, Laudo do Corpo de Bombeiros e Resolução da Secretaria de Educação Municipal ou Estadual.

5.

E não esqueça de explicar quais são os serviços oferecidos pela escola, como aulas especiais, orientação educacional, supervisão de ensino, psicopedagogo, reforço escolar, entre outros.

Como mãe, sinto a necessidade de ter certeza que meus filhos estão de fato aprendendo e sendo ‘desafiados’, pois me preocupo com o futuro deles, seja na concorrência das faculdades ou mesmo no mercado de trabalho. Tenho a sensação de que muitas vezes o ensino é mais focado em resultados (notas, aprovação) do que na aprendizagem da criança. Espero estar enganada!”.

Mariana Borne - Mãe da Giovanna, 3 anos e do Nícollas, 8 anos.

Espero da escola um comprometimento com a qualidade do conteúdo, do método, e respeito pelas capacidades individuais. É necessário lembrar que somos seres sociais e precisamos aprender a trabalhar em grupos multifuncionais com organização e planejamento adequado para cada etapa. É preciso ter preocupação em desenvolver nas crianças a competência de melhorar o mundo! Isso pode parecer pretensioso, mas a escola deve atuar junto com a família e ser o agente de melhoria contínua da humanidade”.

Ana Paula Zappelini – Mãe da Beatriz Helena, 2 anos, do Enzo Gabriel, 6 anos e da Victória Katherine, 16 anos.

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es.pe.ci.al adj

T / Marília Bobato

Como colocar o

Novo Ensino Médio em prática?

Sinepe/PR envia ao MEC documento elaborado por educadores de escola paranaense com sugestões práticas de trabalho com base no Fluxo de Conteúdos

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Não é nova a discussão sobre a reformulação do Ensino Médio no Brasil. Estudantes que

não veem praticidade no conteúdo ensinado, repetentes, ou que simplesmente abandonam a escola nesta fase, formam o cenário do Ensino Médio que, sem dúvidas, passa por uma crise. Pesquisas indicam que apenas 47,7% dos jovens de 15 a 17 anos mantêm adequada a relação idade/série e mais de um milhão desses alunos abandonam a escola a cada período letivo. Ciente do problema, o governo busca soluções, inclusive a Lei de Diretrizes Básicas (LDB), de 1996, já apresentava a proposta de interdisciplinaridade e contextualização dos conteúdos em sala de aula para o Ensino Médio. Independente de o problema ser mais acentuado na rede pública de ensino do que na privada, a educação brasileira pede socorro. Na fase em que estudantes deveriam estar se direcionando para o mercado de trabalho e/ou para um curso superior ou tecnólogo, o desinteresse predomina. O que fazer com estes jovens? O que fazer com o Ensino Médio?

De trás para frente Em 2009, o Ministério da Educação apresentou uma proposta de reformulação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e sua utilização como forma de seleção unificada nos processos seletivos das universidades públicas federais. A proposta tem como principais objetivos democratizar as oportunidades de acesso às vagas federais de ensino superior, possibilitar a mobilidade acadêmica e induzir a reestruturação dos currículos do Ensino Médio. “Uma proposta que se deu de trás para frente. Primeiro, aplica-se o Enem em novo formato e, então, as escolas precisam reformular todo seu Ensino Médio para que seus alunos deem conta de tal exame que segue um modelo bem diferente do que está sendo aplicado em sala de aula”, comenta o professor Adalberto Scotegagna do Colégio Bom Jesus que, junto a uma equipe de educadores da instituição, elaborou um documento com sugestões de como fazer as mudanças no Ensino Médio brasileiro. O documento intitulado Fluxo de Conteúdos – uma proposta inovadora para o Ensino Médio* apresenta ideias bastante práticas e explicativas. O Sindicato das Escolas Particulares do Paraná (Sinepe/ PR) juntou forças com a equipe do Bom Jesus e, em junho de 2013, enviou tal documento ao Ministério da Educação (MEC) e à Presidenta Dilma Rousseff, por meio da Federação Nacional das Escolas Particulares (Fenep).

A iniciativa é em defesa de um compromisso maior: a educação brasileira de qualidade. “Não importa se pública ou privada, um divisionismo retrógrado, antipatriótico, que só faz perdedores. Numa análise racional, há muito que nos une e pouco que nos divide. Não é enfraquecendo a escola particular que se fortalecerá a pública, e sem escola pública de qualidade jamais seremos uma nação com justiça social”, defende o presidente do Sinepe/PR, Jacir J. Venturi. De acordo com ele, o atual Ensino Médio representa uma das maiores mazelas no espectro da educação brasileira. “Pretendemos que o documento seja analisado pelos técnicos do Congresso Nacional e do MEC, por entendermos que é um projeto consistente e de grande envergadura, que propõe acertadas modificações no atual Ensino Médio e que tem como base muita experiência em sala de aula. Trata-se de um trabalho profundo e que muito pode ser aproveitado. As disciplinas escolares apresentam-se, muitas vezes, divididas em partes, fazendo com que o aluno não consiga perceber a interação entre os diversos conteúdos, tornando a aquisição do conhecimento uma experiência escolar fragmentada”, disse Venturi.

Mas, afinal, onde está o problema? Interdisciplinaridade, contextualização, estudo por áreas de conhecimento, estudo em período integral. Muitos são os nomes e propostas para renovar o Ensino Médio. De acordo com o documento elaborado pelos educadores do Colégio Bom Jesus, o problema está no CURRÍCULO e pode ser solucionado por meio do trabalho de FLUXO DE CONTEÚDOS. “O Programa de Ensino Médio Interdisciplinar estabelece um referencial de tratamento curricular, indicando as condições básicas para implantação do projeto de um currículo mais democrático”, explica a gestora pedagógica Giselli Padilha Hümmelgen.

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Repensando o currículo: - Carga horária mínima de 1000 h/ano (Ensino Médio regular), acrescidas de mais 400 h/ano (contraturno) sendo 200 h/ano de caráter obrigatório e 200 h/ano de caráter optativo; - Foco na leitura, letramento e inter-relação dos conteúdos como elementos de interpretação dos fenômenos estudados; - Iniciação e investigação científica como elementos unificadores do Ensino Médio e de ligação com o Ensino Superior; - Valorização da qualidade de vida por meio dos esportes e de hábitos saudáveis; - Acesso à instrumentação da língua estrangeira moderna; - Acesso às novas formas de tecnologia e inclusão digital; - Valorização da arte e da cultura regional e nacional; - Estímulo à formação continuada dos docentes por meio de troca de experiências, diálogo, onde todo tipo de profissional possa dar sua contribuição; - Criação, a cargo do MEC, de um portal nos moldes do “Wikipédia” nacional/regional; - Estímulo à participação dos estudantes no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

Eixos estruturadores Conheça as orientações para um currículo renovado que usa como base eixos estruturadores:

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Iniciação científica: Ao desenvolver projetos de iniciação científica o aluno poderá participar de prêmios e feiras nacionais e internacionais. Nesse contexto, ele ingressará na universidade com experiência em pesquisa científica, tornando-se apto a disputar bolsas de iniciação científica para estudar em outros países, tais como o “Projeto Ciências sem Fronteiras” do Governo Federal. Língua Estrangeira Moderna Instrumental: A proposta abrange a leitura de textos científicos, literários e jornalísticos, proporcionando ao aluno o estudo concomitante da língua estrangeira e das diversas disciplinas envolvidas. Arte e Cultura: As diversas formas de expressão artística (pintura, música, dança, teatro, cinema, literatura, entre outras) podem ser valorizadas no contexto escolar, desempenhando um papel fundamental no desenvolvimento cognitivo dos alunos. As expressões artísticas integram-se às demais disciplinas por meio dos Fluxos de Conteúdos, repartindo assim as responsabilidades de promover a arte e a cultura em todo o processo educacional. Qualidade de vida: Além da aprendizagem inerente à disciplina de Educação Física, o aluno pode compreender a dinâmica dos processos relacionados aos movimentos do corpo, bem como questões que envolvem saúde e cidadania.

Uso de mídias/Cultura digital: A escola pode proporcionar aos alunos o acesso às diferentes formas de mídia, desenvolvendo assim a ampliação da cultura digital e o uso responsável e coerente dos diversos meios de acesso a essas novas tecnologias. Os Fluxos de Conteúdos auxiliam os alunos e os professores a utilizar as diferentes formas de mídia voltadas para a construção de um conhecimento interdisciplinar. Cidadania/Participação comunitária/Formação humana: O papel da escola no incentivo

aos alunos na participação comunitária e na formação humana é fundamental na construção do processo de cidadania. Nesse contexto, ações que visem ao bem público, à conscientização ambiental e à melhoria da qualidade de vida da população podem representar um papel significativo na construção do processo de ensino e aprendizagem.

Empreendedorismo/Mercado financeiro: Desenvolver no aluno a capacidade de gerenciamento, investimento e inovação. A escola pode, ao possibilitar esses conteúdos no Ensino Médio, permitir aos alunos uma visão de mercado e um direcionamento para futuras áreas de atuação, além de desenvolver a disciplina econômica que, quanto antes se iniciar, melhor para o jovem.


Indicações para a 3ª série:

1. Voltado para o acesso à universidade

Na 3.ª série do Ensino Médio os alunos poderão cursar pela manhã o ensino regular com distribuição equitativa das disciplinas. No contraturno haverá dois modelos:

- Obrigatório: Reforço nas disciplinas de Produção de Texto, Língua Estrangeira Moderna e aspectos geopolíticos e regionais (Geografia e Sociologia). - Opção do aluno por uma das seguintes áreas: • Jurídica (Filosofia e História) • Saúde (Química e Biologia) • Exatas (Matemática e Física) Obs: A distribuição da grade deve considerar a opção por Matemática e Química ou Matemática e Biologia.

2. Voltado para formação técnica de curta duração e para os cursos de Tecnólogo - As disciplinas serão ofertadas de acordo com o curso oferecido em cada instituição.

O Fluxo de Conteúdo na prática

Por meio dos Fluxos de Conteúdos, os professores podem abordar temas que apresentem relação com o conteúdo trabalhado em sua disciplina. Veja este exemplo:

CONTEÚDO Geografia

Biologia

Relevo Solos

Fonte de energia

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Ecossistemas

Arte Literatura

Atmosfera Bioma

Impressionismo Obras de Pero Vaz de Caminha

História

Hans Staden

Jean de Lery

Colonização da América

Ensino Médio Inovador Na rede pública, o novo currículo para o Ensino Médio está sendo implantado de forma gradativa, desde o primeiro semestre de 2012. No Paraná, 1.200 escolas devem ser contempladas com o Ensino Médio Inovador a partir do início de 2014. Ao ter acesso ao documento que trata sobre o Fluxo de Conteúdos, o Secretário Estadual da Educação, Flávio Arns, comentou que rede pública e privada podem dialogar sobre o assunto para crescer juntos. “O documento é consistente e articula bem os conteúdos. Precisamos nos debruçar sobre este tema e sobre o Enem, que estão sendo muito discutidos também pelo Ministério da Educação. Pois, não basta recebermos a verba do MEC para o Novo Ensino Médio, precisamos também avançar em várias questões como treinamento de professores e formas de estimular os alunos”, disse Arns.

O que você achou da proposta de Fluxos de Conteúdos? Qual a sua proposta para melhorar o Ensino Médio? Escreva para contato@revistaescada.com.br. Sua opinião será publicada na próxima edição da revista. O documento resultou no livro/manual Fluxo de Conteúdos – uma proposta metodológica interdisciplinar para a Educação Básica no âmbito do Ensino Médio para consulta do professor. Trata-se de um ensaio e, portanto, uma proposta em construção.


en.tre.vis.ta / José Wille sf T / Marília Bobato F / Divulgação

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Educação

para a nova geração


Na corrida pela notícia, o jornalista é um dos mais bem informados profissionais do mercado.

Com apurada capacidade de análise dos fatos, cabe a este profissional pesquisar, checar informações e repassá-las ao grande público. O comunicador José Wille, comentarista do telejornal Band Cidade, na TV Band, sabe bem como é esta rotina que envolve muita interatividade. Conectado com a nova geração, Wille atua também como consultor e palestrante nas áreas de Comunicação Empresarial, Comunicação para o Ensino e Mídias Sociais. Em seu portal, disponibiliza fotos e vídeos para estimular a preservação da história paranaense: www.jws.com.br. De acordo com ele, o portal pode servir de inspiração para professores e educadores neste momento em que as mídias sociais tomam conta da rotina, principalmente dos estudantes. Wille, que também já foi professor, faz nesta entrevista para a revista Escada uma análise da educação vista por quem já atuou dentro e fora da sala de aula.

Revista Escada - Você já atuou como

professor de universidade, conte como foi esta experiência. E, atualmente, como vê esta carreira e quais os principais desafios para os professores em sala de aula?

José Wille - Fui professor de Comunicação na UFPR e trabalhei muito com aulas práticas de rádio e TV. Na época tive a sorte de ajudar a encaminhar muitos alunos, que hoje são destaque como jornalistas. No ensino universitário a maior preocupação é com o distanciamento de muitos professores da realidade do mercado de trabalho de sua área. A tecnologia tem hoje uma grande velocidade de transformação, que pode desatualizar até mesmo o profissional que está no mercado. O problema é mais grave nas universidades públicas, que têm o foco centrado, sobretudo na titulação. A titulação é importante, mas não substitui a visão prática. Ela vale para conhecer a teoria, mas o professor apenas teórico fica distante da mudança tecnológica e dos novos processos do mercado. O resultado, para quem recebe os formandos no mercado de trabalho, é decepcionante. Os profissionais que já estão em atividade, acabam tendo que ensinar aos novatos tudo aquilo que eles já deveriam ter aprendido na escola.

RE - Nos últimos anos, percebemos

uma “invasão” de aparatos tecnológicos chegando às salas de aula. São lousas digitais, tablets para alunos, entre outros. Você acredita que a tecnologia deve ser uma aliada da educação? Qual a importância destes aparatos no dia a dia dos alunos e professores?

JW - A escola não terá escolha, diante

da inovação tecnológica. Os alunos que estão chegando agora têm outra visão do mundo, muito mais ligada à tecnologia. Até o ritmo do pensamento deles é diferente. Estão acostumados à linguagem cada vez mais frenética da televisão, dos games e dos vídeos da internet. Se a escola não entender essa nova mentalidade dos seus alunos, vai ter o que se pode chamar de “ausência presencial”: os alunos estão em seus lugares na sala, mas distraídos, pensando em outras coisas, diante de um ritmo de ensino ultrapassado. Esta nova geração não vai mais entender a tradição medieval dos monges copistas, que ainda é mantida em algumas escolas. Eles vão perder o interesse pelo aprendizado, se houver insistência nos antigos modelos de ensino em sala. A tecnologia não substitui o professor, mas é o que ajuda a levar o ensino para mais perto do novo ritmo dos alunos, despertando o interesse e complementando o aprendizado.


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RE - A tecnologia dentro das escolas parece ser um caminho inevitável. Como usar as redes sociais para estimular o aprendizado?

RE - Nos últimos meses, vimos os brasileiros “saírem” da internet e tomarem as ruas para manifestar por melhorias para o país. A sua experiência como comunicador no dia a dia em contato com o público te ajuda a entender como pensa e age a nova geração?

JW - As redes sociais não representam

JW - O fenômeno das ruas veio principalmente da soma de dois fatores: O brasi-

um modismo, como muitos imaginam. É uma novidade que vai crescer e que será mais segmentada. Muitas outras redes vão surgir, algumas vão ser substituídas, mas o modelo de interatividade só vai crescer. O problema é quando o professor, ou a escola, tem preconceitos, por não conhecer as utilidades educacionais das diferentes redes sociais. O conhecimento mundial está migrando todo para a internet. O que o professor precisa entender é que o seu papel, agora, é filtrar, dentro deste universo virtual, o que interessa para estimular o aprendizado. Há filmes, imagens e livros de todas as áreas do conhecimento. Se o professor conhece as redes sociais, pode estimular o uso, indicando o que há de melhor para complementar o que ensina. E o estudante vai aproveitar melhor o seu tempo em casa, se descobrir que aprender também pode ser um prazer, quando há orientação e estímulo.

RE - Ao mesmo tempo em que a tecnologia apresenta um mundo novo e envolvente, ela apresenta também muitos riscos. Como a escola pode orientar seus estudantes em relação aos riscos das redes sociais? JW - Quem ainda não entendeu esta

nova era repete que “na internet só tem lixo”. Mas é como qualquer livraria, biblioteca, canais de televisão ou locadora de vídeo. Você encontra aquilo que procura. Ninguém vai conseguir vigiar o aluno o tempo todo. O trabalho de pais e professores é conhecer o que há de bom na internet para poder orientar os estudantes. E assim poder sugerir novas utilidades para as redes sociais, e um melhor aproveitamento do tempo e do potencial destas redes. Os grandes clássicos da literatura e do cinema estão na internet. Há também milhares de documentários e palestras gratuitas. Mas o professor precisa pesquisar e conhecer, para depois poder indicar o que é válido aos seus alunos.

leiro passou a usar as redes sociais e descobriu a sua força de mobilização. E com a ajuda das redes foi para as ruas, porque tinha várias insatisfações. É um novo meio de comunicação que, pela primeira vez, permite que o jovem também fale. Por isso vamos ter mais mobilizações, a partir de agora. Mas estas recentes foram o marco deste novo momento, com uma grande explosão social. A nova geração procura entender o Brasil e seus problemas. E se expressa da forma que sabe. O problema é que nas redes sociais as informações circulam sem confiabilidade. É muito forte a crença na teoria da conspiração sobre todos os fatos. E há também as notícias falsas e os boatos, que são multiplicados pelo impulso do internauta. A imprensa também tem muitos problemas, mas o jornalista ao menos sabe que pode responder na justiça pelo que escrever, se não tiver responsabilidade social. Já na internet, as pessoas não foram informadas sobre essa responsabilidade, sobre a checagem da fonte da informação e sobre a veracidade de cada fato. E daí surgem todos os tipos de distorções e abusos.

RE - Como comunicador, você pode dar algumas dicas aos leitores da revista de como usar técnicas da grande imprensa para atrair e manter a atenção em aula? JW - Na mídia a visão é centrada nas fórmulas de audiência, porque para os veí-

culos isso agora é vital. Algumas dessas características são importantes também para o professor, para obter atenção e participação nas aulas. Dentro dessa lógica, o professor precisa trabalhar com temas sempre atuais, exemplos e fatos interessantes, mostrar a utilidade prática do que ensina, exemplificar com aquilo que está próximo do aluno, incentivar a participação na sala e falar de forma mais objetiva e simples. Falar de maneira simples, mas correta, para poder ser entendido. O problema dos professores tradicionais é a chamada “maldição do conhecimento”. Há professor que fala na aula com um vocabulário rebuscado, como se falasse para outros professores ou especialistas. É por isso que os alunos geralmente repetem a velha frase: “Este professor sabe muito para ele mesmo, mas a gente não aprende nada”.

“A tecnologia não substitui o professor, mas é o que ajuda a levar o ensino para mais perto do novo ritmo dos alunos, despertando o interesse e complementando o aprendizado”.


“Hoje o papel de pais e professores, diante das mídias tradicionais ou da internet, é incentivar o interesse pelo que realmente traga conhecimento, maturidade e discernimento. E monitorar o uso destes meios”. RE - Qual a importância dos meios de comunicação para a educação? JW - Os meios de comunicação tradi-

cionais trazem uma nova linguagem e buscam despertar o interesse da audiência. Mas o grande problema é que a televisão, o jornal e o rádio passaram a ter um grande competidor de audiência com a chegada da internet. O fenômeno da popularização excessiva da mídia já havia começado nos anos 1990, com a chegada dos canais pagos. Restou aos canais abertos de televisão competir pelas classes mais populares. Desta forma o nível da televisão brasileira melhora no formato e na tecnologia, mas piora significativamente em conteúdo. Os canais abertos sabem que, para ganhar audiência, na faixa de baixa escolaridade, a fórmula é simplificada na frase “quanto pior melhor”. E isso explica o crescimento de programas apelativos, como os humorísticos, policiais, reality-shows, auditórios e as novelas. O nível caiu ainda mais na mídia quando ela passou a enfrentar a competição de audiência com a internet. Hoje o papel de pais e professores, diante das mídias tradicionais ou da internet, é incentivar o interesse pelo que realmente traga conhecimento, maturidade e discernimento. E monitorar o uso destes meios.

RE - Com tantas opções de revistas,

canais de TV, sites, como o educador pode selecionar a informação que é de fato relevante e usá-la como aliada da prática pedagógica?

JW - O professor também vai precisar fazer a lição de casa nesta área. Isso significa conhecer mais sobre os veículos de comunicação e a sua programação. Não adianta só condenar o que está sendo produzido. É preciso encontrar as boas opções existentes para recomendar. Existem ainda programas de qualidade, nos meios de comunicação. E cabe ao professor descobrir e informar. Infelizmente a mentalidade destes jovens hoje está sendo formada principalmente pelos produtores de lixo cultural. Por isso é uma missão fundamental mostrar outras opções de entretenimento, que levem a um aprimoramento cognitivo, de caráter e de conhecimento para o estudante.

RE - Se tomadas como uma extensão

das salas de aula, as mídias sociais e a internet podem se tornar meras reprodutoras de conteúdos disciplinares. Ou seja, uma velha prática com roupagem diferenciada. De que maneira, então, exercer a prática educacional de forma inovadora nesse espaço virtual? Que recursos ou estratégias, você como comunicador, recomenda?

JW - O jovem está acostumado à linguagem moderna e objetiva da mídia, e assim ele vai se distrair, se o professor insistir nos modelos antigos. O aluno vai se interessar, por exemplo, pela história do Império Romano, se ouvir histórias interessantes da época, e não só datas e fatos. Aí entra também a força da imagem, que é um dos grandes segredos para despertar a atenção das novas gerações. O aluno vai se interessar se entender o que aquilo tem a ver com os costumes de hoje, ou com a língua que ele fala atualmente. O aluno espera uma aula mais interessante e quer entender o que está sendo falado, ver ilustrações que exemplifiquem, ou filmes que complementem o ensino. O professor precisa ainda atualizar a sua própria comunicação. É aí que está o maior problema: A geração de 2013 está sendo obrigada a ouvir muitos professores que continuam com o mesmo estilo de aula do século passado. RE - Como seria, em sua opinião, o modelo ideal para a escola do futuro?

JW - A escola está mudando progressi-

vamente. As telas informatizadas estão substituindo o quadro negro, e ainda vão chegar a cada aluno. Por isso se fala hoje em “Educomunicação”. Essa nova área representa a união do potencial da comunicação social com o ensino convencional. Com isso temos a soma das possibilidades da mídia com os recursos da escola. A ideia não é oferecer entretenimento, mas complementar o ensino. Oferecer mais possibilidades de aprendizado com os recursos da tecnologia que já estão aí, e que não vão mais parar de surgir.

Qual entrevistado você gostaria de ver aqui na revista Escada? Envie sua sugestão para contato@revistaescada.com.br


his.tó.ria sf

Grupo Educacional Opet

completa 40 anos

Profº José Antonio Karam | Opet – Sede Rebouças

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O ano de 1973 foi um marco na carreira do então professor de matemática José Antonio Karam. Foi neste ano que ele percebeu uma necessidade no mercado de trabalho de Curitiba, e nela uma grande oportunidade. Naquela época, os classificados dos jornais revelavam que havia uma carência muito grande de profissionais capacitados para atuar em escritórios. Vendo isto, Karam teve a ideia de criar um centro de formação onde as pessoas pudessem ter contato direto com o serviço prático desempenhado dentro de um escritório. E foi assim que surgiu o Curso de Práticas e Técnicas em Escritórios, que algum tempo depois passou a chamar Opet - Organização Paranaense de Ensino Técnico. A primeira sala onde funcionou o curso contava com máquinas de escrever alugadas e foi cedida pelo Colégio 19 de Dezembro. Em pouco tempo, o número de alunos já era grande, e com isso foi possível modernizar a escola, comprando novas máquinas de escrever. O Opet também passou a oferecer cursos de secretariado que, basicamente, ensinava como se portar dentro da empresa, aulas de etiquetas, de correspondência comercial e de português. Com os cursos técnicos em pleno funcionamento, outro desafio tomou conta de quem estava no mercado de trabalho: aprender a usar o computador. Mais uma vez o Opet saiu na frente, e foi a primeira escola de informática de Curitiba. A novidade atraiu muitos alunos e logo as turmas já estavam lotadas. Em 1985 foi criado o Colégio Opet, que chegou a ter 4 mil alunos e, após algum tempo, foi criada a Faculdade Opet atendendo um grande número de alunos nas suas duas sedes.

Opet em números Hoje os números do Opet são dignos de uma instituição com 40 anos de existência. São três unidades em Curitiba, que totalizam em aproximadamente 860 funcionários e 9.500 alunos, além dos polos do EAD (Ensino de Educação a Distância). O Grupo Opet conta ainda com a Editora Opet que é responsável por desenvolver os materiais didáticos de cerca 120 mil alunos das redes privada e pública. O Sistema de Ensino Opet atende alunos da primeira infância, educação infantil, ensino fundamental, ensino médio, além dos alunos do EAD. Sempre se reinventando e acompanhando as tendências do mercado de trabalho, Karan conta que este ano a Faculdade Opet passa a ofertar o curso de Engenharia de Produção e, para o ano que vem, o plano é expandir a atuação do Ensino a Distância.

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unidades em Curitiba

9500 alunos

860 funcionários


TRAGA SEU FILHO PARA VIVER A EMOÇÃO E ALEGRIA DA HISTÓRIA

UM ESPETÁCULO IMPERDÍVEL QUE MOSTRA A IMPORTÂNCIA DE UMA CRIANÇA SONHAR, USAR A IMAGINAÇÃO E ACREDITAR NOS SEUS SONHOS PARA TRANSFORMÁ-LOS EM REALIDADE. ASSISTA COM SEUS FILHOS E CONVIDE CRIANÇAS PARA ESSA VIAGEM DE SENSIBILIDADE, QUE VAI DIVERTIR E DESPERTAR A CURIOSIDADE SOBRE UM GRANDE PERSONAGEM DA HISTÓRIA E DA CULTURA BRASILEIRA, LIVREMENTE INSPIRADA NA INFÂNCIA DE SANTOS DUMONT. Criação: Rogério Mainardes / Texto: Climene Fávero / Direção-geral: Rafaela Ricardo Produção executiva: Daniel Liviski / Elenco: Grupo de Teatro Positivo A renda líquida da bilheteria será destinada ao PATROCÍNIO:

REALIZAÇÃO:

CO-REALIZAÇÃO:

PROMOÇÃO:

INGRESSOS:


as.so.ci.a.das adj

F / Divulgação

UNIVERSO DAS ESCOLAS ASSOCIADAS Desafio Opet da Caixa Surpresa Estimular a criatividade, o talento e promover a aprendizagem prática entre os acadêmicos do curso superior de Gastronomia das Faculdades Opet. Estes foram os principais objetivos da 4ª edição do Desafio Opet da Caixa Surpresa, uma promoção da coordenação do curso de Gastronomia, que aconteceu na Cozinha Didática. De acordo com a coordenadora do curso, Camila Pazello, no desafio há duas categorias: amador (alunos iniciantes) e profissional (alunos formandos). A competição funciona assim: é montada uma equipe com até três integrantes, que recebe uma caixa lacrada com ingredientes-surpresa, para criar um prato dentro de um determinando tempo. Vence o desafio a equipe melhor avaliada pelo júri técnico. Os integrantes ganham troféus como premiação. Camila diz que o desafio serve para aproximar os alunos com os profissionais do mercado, propiciando o networking (relacionamento). “Em desafios anteriores vários estudantes conseguiram emprego ou foram encaminhados para estágio graças à indicação de integrantes do júri técnico”.

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Alunos do Colégio Nossa Senhora do Rosário produziram uma coletânea com diferentes histórias e gêneros. A atividade fez parte do projeto Biblioética, que tem como objetivo promover reflexões, por meio de leitura e produção, sobre temas que enfoquem a ética. O material produzido foi doado a três instituições que atendem pessoas com deficiência visual em Curitiba, além da Biblioteca Pública. Para que as histórias se transformassem em narrações, inicialmente, as professoras selecionaram algumas obras e/ou textos que estavam relacionados ao tema geral do Biblioética (convivência e diversidade) e trabalharam com as turmas, adaptando as narrativas. Nas séries finais do Ensino Fundamental e Médio, as produções dos próprios alunos é que foram destaque. Os estudantes atenderam à proposta direcionando o conteúdo ao público alvo. Depois disso, os grupos passaram para a gravação de áudio e, assim, desenvolveram a parte sonora que acompanha as narrações.

Ilustre aluno No dia 1º de agosto, o aluno Lucas Varella Ganem, estudante do 4º ano da Escola Atuação, participou do programa Encontro com Fátima Bernardes, no Rio de Janeiro. O menino de 10 anos é apaixonado por astronomia e autodidata no assunto, capaz de explicar com detalhes dos anéis de Saturno ao desenvolvimento da NASA. Foi aos cinco anos, durante visita a uma biblioteca, que Lucas viu despertar o interesse por aprender coisas novas, fascinado pela quantidade de livros expostos e o número de assuntos que ainda podia desvendar. Desde então, o estudante pesquisa sozinho sobre o Sistema Solar em casa, à noite e nos finais de semana, e transmite seus conhecimentos como gente grande.

Crédito - Cleon Pereira

Audiolivro para deficientes visuais


1º Encontro Internacional da Juventude Sionense O mês de julho foi repleto de espiritualidade para os jovens brasileiros com a presença do papa Francisco e da Jornada Mundial da Juventude. Para alguns alunos do Colégio Sion Curitiba este sentimento foi ainda mais intenso depois de terem participado do tão esperado 1º Encontro Internacional da Juventude Sionense, no Rio de Janeiro. Foi uma semana de confraternização com colégios do Brasil, Costa Rica, Austrália e Estados Unidos. O coordenador da Pastoral, Maurício Rogério Locatelli, e a professora de Ensino Religioso e Catequese Maria Cecília Piccoli, que acompanharam os alunos na viagem, contam que o encontro foi um sucesso. “O grupo era muito bom e bem participativo. Eles já estão se programando para participar de novo, mesmo aqueles que serão ex-alunos no próximo ano”, diz Locatelli. Além dos estudantes, diversas Irmãs de Sion estiveram presentes em todos os momentos do Encontro. Os jovens também tiveram a oportunidade de conhecer os pontos turísticos da cidade carioca.

Equipe acadêmica faz balanço da participação no Projeto Rondon Durante 16 dias, no mês de julho, dois professores e oito estudantes da FAE Centro Universitário, de Curitiba, integraram a Operação Forte do Presépio, do Projeto Rondon. No total, a operação reuniu 300 rondonistas voluntários e 30 instituições de ensino superior de todo o País, que atuaram em trinta municípios nos Estados do Pará e do Maranhão. À frente do Conjunto B da Operação Forte do Presépio, a equipe da FAE desenvolveu atividades relacionadas à comunicação, meio ambiente, trabalho, tecnologia e produção no município paraense de São Domingos do Capim, que possui uma população de pouco mais de 27 mil habitantes.

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Diversão nas férias do Picollo

Colônia de Férias no Bom Jesus Julho é considerado um mês de descanso para os alunos, mas as atividades continuaram a todo o vapor no Colégio Bom Jesus Aldeia. Alunos do 1º ao 4º ano, de todas as Unidades do Bom Jesus em Curitiba e região metropolitana, participaram da tradicional Colônia de Férias. O objetivo foi proporcionar aos participantes a integração por meio da prática de atividades recreativas, aquáticas e artísticas, promovendo a melhoria da qualidade de vida em uma área de puro verde. Um dos momentos mais apreciados pelos alunos foi a caminhada às diversas trilhas ecológicas do Bom Jesus Aldeia, em que puderam conhecer animais silvestres e a mata nativa da região. Além disso, durante as férias também foram realizadas obras estruturais no Colégio, houve a seleção de novos profissionais e a capacitação de todos os professores do Bom Jesus durante três dias, momento em que puderam retomar os encaminhamentos pedagógicos e planejar o próximo semestre.

As semanas recreativas de julho foram muito divertidas no Centro de Educação Infantil Picollo. Durante esses dias, as professoras elaboraram atividades para que as crianças realmente aproveitassem as férias para brincar com os amigos. Algumas das atividades foram: piquenique, dia da fantasia, dia do pijama, cabelo maluco, cinema com muita pipoca, vôlei, culinária. Foi muito gratificante observar no final de cada dia o cansaço das crianças e a satisfação por mais um dia de brincadeiras e pura diversão!

Quer ver sua instituição de ensino neste espaço da revista? Escreva para a gente contando os acontecimentos dos últimos meses e também envie fotos para: contato@revistaEscada.com.br


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T / Raquel Momm de Camargo – Conselheira do Sinepe/PR e Diretora do Centro Educacional Evangélico

Matrícula obrigatória aos quatro anos. Para que mesmo? 24

A Educação Básica no país passou a ter mais uma etapa. Além do Ensino Fundamental e Médio, a Educação Infantil passa a ser obrigatória a partir dos quatro anos. A necessidade de oferecer mais vagas é um dos principais focos. Porém, existem duas outras questões que devem ser acompanhadas pelos pais e pela sociedade com muita atenção. Primeira pergunta: afinal, o que é uma criança de quatro anos? Parece tão fácil definir que, até quem vai fazer quatro anos, sabe responder. Mas o assunto promete quando trata de oferecer vagas para todas as crianças de determinada idade. Exemplo disso é o Fundamental de nove anos. A matrícula no primeiro ano tem diferentes compreensões. Entre os seis anos completos ou a completar até o final do ano, a falta de unanimidade é a única certeza sobre o assunto. Independente das alegrias ou mazelas apontadas pelos defensores ou opositores de cada dos modelos, vale defender a coerência dentro do próprio sistema de ensino. Que o critério adotado para ingresso na Educação Infantil, seja coerente com o critério para ingresso no primeiro ano. Podemos discutir o que é quatro ou seis para fins de matrícula. Mas é coerente admitir que, entre os quatro e os seis, existem dois anos de diferença. E que deva ser assegurado à criança dois anos de Educação Infantil.

Outro aspecto de extrema relevância é para que queremos uma Educação Infantil obrigatória? Que modelo de Educação Infantil é desejável para a sociedade brasileira de hoje? Enquanto nosso país tenta se distanciar do modelo assistencial de atendimento à criança, e oferecer a ela uma educação apropriada para aguçar sua curiosidade e fazê-la percorrer um mundo de descobertas e aprendizagens, há muitos desafios a serem superados. A escola de Educação Infantil costuma ser o primeiro grupo social que a criança irá fazer parte sozinha, sem os pais ou familiares ao seu lado. É um mundo maravilhoso que se descortina a cada dia para a criança. A ampliação do universo cultural, das possibilidades de brincadeiras, do lúdico, e da companhia de outras crianças é fascinante. As alegrias e brincadeiras devem estar presentes na Educação Infantil. É uma etapa sem correspondente em toda a vida, em que o tempo deveria ser sempre colorido, mas também, um tempo de descobertas, de aprendizagens, de visualização de pequenas janelas, que se abrem todos os dias para grandes horizontes. Conceber uma Educação Infantil obrigatória sem o compromisso da aprendizagem é restringir um futuro repleto de possibilidades que existe diante de cada criança. A sociedade brasileira passa a investir na Educação Infantil com a esperança que ela traga maiores e melhores possibilidades para essas crianças. Transformar o tempo e o espaço da Educação Infantil em um parque de diversões, ou uma mostra cultural pode até ser atraente num primeiro momento, mas ocasiona a perda de oportunidades que não podem ser recuperadas. Não podemos concordar com uma Educação Infantil que tenha medo de ensinar, medo de oferecer à criança a oportunidade de aprender. Queremos, sim, uma Educação Infantil com ótimos cuidados, e com muita brincadeira, mas sem esquecer que ela é um tempo de aprendizagens.


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T / Jacir J. Venturi - Presidente do Sinepe/PR

EDUCAÇÃO, SEGURANÇA E AGRICULTURA

EM ISRAEL Esquadrinhamos 2.000 km desse pequeno país (10% do território paranaense), com apenas 65 anos de independência, 7,9 milhões de habitantes e 4.000 anos de história. História de superação e tenacidade.

Uma produtiva viagem de 8 dias, adrede bem planejada, munidos de mapas e GPS, sem guias e sem incidentes, em um automóvel com mais três familiares, todos com formação cristã. Abundantes são as informações turísticas nas rodovias, concomitantemente em três idiomas: hebraico, árabe e inglês, nesta ordem. Israel possui a maior quantidade de artigos científicos e um dos maiores índices de registro de patentes per capita do mundo. Quando se coteja o número de adultos com formação universitária, Israel ocupa o 2º lugar, com 48%, enquanto o Brasil está na 100ª posição, com apenas 15%. Os gastos públicos em educação de ambos os países são equivalentes: 5,7% do PIB. Embora raramente ultrapassaram 0,5% da população mundial, 19% dos prêmios Nobel foram concedidos a cidadãos de ascendência judaica. Para esse conspícuo desempenho intelectual, há várias justificativas, das quais duas merecem destaque: a ênfase ao estudo permite participar plenamente da vida religiosa da comunidade e a continuidade dos valores morais dos judeus; e o patrimônio intelectual lhes propiciou a sobrevivência e a adaptação no longevo decurso de sua história de diásporas, guerras, invasões, perseguições e desterros. O historiador americano Paul Johnson se faz oportuno: “Nenhum outro povo mostrou-se mais fecundo em fazer da desgraça um uso criador”.

À guisa de uma artéria principal, numa das margens das estradas, o aqueduto nacional – de metal, com uns 30 cm de diâmetro –, que conduz para todo o país água doce do Mar da Galileia e água dessalinizada do Mediterrâneo. A balança comercial agrícola de Israel é deficitária em apenas 5%, um feito notável, pois 80% de suas terras não eram originalmente agriculturáveis. Se é assim, o solo é apenas suporte e adubo nele. O índice pluviométrico é baixíssimo? Pois bem, a água para a irrigação provém do tratamento dos esgotos das cidades, demandada por tubos de polietileno até à raiz das plantas, estas em boa parte distribuídas em estufas. O gotejamento é uma técnica criada em Israel em 1965, sendo adicionados à água nutrientes como superfosfato, cálcio e potássio. Nesse ecossistema, sem uso de agrotóxicos, um hectare está produzindo 30 vezes mais que a média mundial. Israel é uma nação com eleições livres,– por isso recebe a alcunha de oásis democrático, envolto por vários países conflagrados. Internamente, a sensação é de segurança, quando se perambula pelas suas cidades, inclusive à noite. Até mesmo na Cisjordânia, onde fizemos um tour de dois dias. Nada mais desejável e sensato que o reconhecimento de um Estado Palestino convivendo ao lado de Israel, sem conflitos, pois uma agressão aos olhos são os 700 km de muros, feitos de placas de concretos com 6 m de altura, separando as duas regiões.

Onipresentes, soldados e soldadas com metralhadoras a tiracolo, revólveres e equipamentos eletrônicos na cintura; serviço militar obrigatório por três anos para eles e dois para elas, em seus uniformes fashion, poderosas e sensuais, cabelos e rostos bem produzidos, como que a humanizar esse ecossistema militarizado. No deserto de Neguev, muitos postos militares (testemunhamos exercícios com tanques). É um Estado militarizado, de intimidação, enfim, a materialização do preceito romano: Si vis pacem, para bellum (se quiseres a paz, prepara-te para a guerra). Desde a independência de Israel, em 1948, foram cinco guerras. A mais feroz foi em seu primeiro ano de vida, tendo como adversários cinco países árabes com o escopo anunciado de lançar ao mar o Estado recém-criado. Nesses três milênios, nenhuma cidade superou Jerusalém em ataques – 52 vezes. Foi por duas vezes destruída, uma das quais, no ano 70 d.C., com quase um milhão de judeus mortos pelos romanos. Tantas nações sucumbiram, enquanto Israel mais uma vez renasce das cinzas, tal Fênix. Qual o segredo dessa longevidade? Difícil responder, mas certamente, entre outras razões, estão a perseverança e a resiliência de um povo diante das adversidades, bem como o zeloso investimento na formação das futuras gerações pela família e pelo Estado.

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T / Alex Canziani - Deputado federal pelo PTB-PR, vice-líder do Governo na Câmara dos Deputados e presidente da Frente Parlamentar em Defesa da Educação no Congresso Nacional. Também é vice-presidente da Comissão de Educação da Câmara dos Deputados e foi relator, naquela Casa Legislativa, do projeto de lei que instituiu o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec).

Cadê você,

estudante? “Quem sabe faz a hora, não espera acontecer.” Geraldo Vandré

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Lutamos bravamente para deixar de lado os estigmas de uma sociedade subdesenvolvida. E não há melhor maneira de provar que somos grandes e capazes do que por meio da educação. É ela quem proporciona a ampliação do conhecimento e o debate das ideias, aspectos tão fundamentais para que as mudanças ocorram em nossa sociedade. Às vezes, torna-se mais fácil e até cômodo apontar apenas os problemas e defeitos apresentados pelo sistema educacional brasileiro. Não há, evidentemente, como ignorar as dificuldades enfrentadas tanto pelos estudantes, quanto pelos docentes, que desprovidos de uma estrutura adequada, acabam sendo irreversivelmente prejudicados. Porém, ao contrário do que se pensa, temos ao nosso alcance ferramentas educacionais de qualidade que são ofertadas gratuitamente por programas do Governo Federal, mas que infelizmente são pouco conhecidas e utilizadas pela população. Apresenta-se nesse contexto um problema que não parte apenas do sistema, mas também daqueles que são os integrantes dele.

É por isso que essas palavras voltam-se aos estudantes, que no último dia 11 de agosto, merecidamente, ganharam uma data comemorativa, na qual é imprescindível que sejam abertas discussões sobre os aprimoramentos necessários à classe. Afinal, o papel do aluno e seus anseios são base para a construção de um ambiente favorável.

Apesar destas condições, as instituições que ofertam a formação pelo Pronatec têm dificuldades em preencher as vagas oferecidas. No município de Apucarana, por exemplo, foi realizado um plantão de oito horas após o prazo de inscrição para tentar completar metade das vagas que ainda estavam disponíveis após o termino do prazo regular.

A iniciativa governamental referenciada anteriormente é o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego, o Pronatec, que, por meio dos institutos federais de educação, ciência e tecnologia, centros federais de educação tecnológica, entidades do Sistema S e também de instituições de ensino superior privado, proporcionam cursos gratuitos de formação profissional.

Temos, então, duas situações: estudantes e programa. A ação precisa ser conjunta e organizada para reverter esse quadro. Pois, com um mercado ávido e com limitações para profissionais sem formação, o ensino técnico é uma oportunidade ímpar para quem almeja ser contratado com possibilidades de crescimento.

Para os alunos são oferecidas as seguintes condições: gratuidade de cursos (que custam no mercado chegam a custar cerca de R$ 7,5 mil), auxílio alimentação, vale-transporte e material didático. Segundo o Ministério da Educação (MEC), em 2013 serão disponibilizadas aproximadamente 85 mil vagas somente no Paraná.

Embora exista esse quadro problemático, desde sua criação, em 2011, o Pronatec já atendeu mais de 2,5 milhões de brasileiros. A meta até o ano que vem é oferecer cursos técnicos e de formação inicial e continuada a oito milhões de estudantes e trabalhadores. O cenário é totalmente favorável, por isso a missão é fazer com que o programa seja difundido. Aproveito o momento, pois, e convido os estudantes a fazerem parte deste processo de construção de um país mais justo e igualitário através da educação. A oportunidade está diante de nós e não podemos deixá-la passar. O Pronatec poderá fazer a diferença em suas vidas profissionais. Poderá transformar sonhos em realidade.



di.re.to.ri.a em a.ção sf / prep / sf

IV Mostra da Escola Particular sobre Reciclagem de Resíduos Sólidos Entre os dias 01 e 05 de junho, o Sinepe/PR realizou a IV Mostra da Escola Particular sobre Reciclagem de Resíduos Sólidos, no Shopping Palladium, em Curitiba, que envolveu aproximadamente 3.200 alunos de 23 instituições de ensino. Os alunos participaram de palestras sobre a reciclagem do Poliestireno Expandido - EPS (mais conhecido como Isopor®) e foram convidados a desenvolver trabalhos sobre a reciclagem deste material, sendo que os melhores foram expostos na Mostra. O aluno autor do trabalho campeão de cada escola ganhou um tablet e uma viagem a São Paulo para conhecer a indústria Meiwa, em Arujá, e a CORA (Cooperativa de Reciclagem de Arujá). Os dois trabalhos destaques foram premiados com um passeio de trem (Curitiba-Morretes-Curitiba) oferecido pela empresa BWT - SERRA VERDE EXPRESS.

Equipe do Sinepe/PR e da Meiwa Embalagens

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Sinepe/PR inaugura escritório na regional dos Campos Gerais Membros da diretoria e funcionários do Sinepe/PR no evento de inauguração do escritório de Ponta Grossa O escritório regional está localizado na Rua Comendador Miró, 860, Centro – Ponta Grossa. Mais informações: (41) 3078 6933.

No dia 17 de julho, o Sinepe/PR inaugurou seu escritório na Regional Campos Gerais, em Ponta Grossa. Localizado nas dependências da Associação Comercial, Industrial e Empresarial de Ponta Grossa (ACIPG), o evento de inauguração contou com a presença do presidente Jacir J. Venturi, do diretor-presidente da Regional Campos Gerais, Osni Mongruel Jr., e do diretor Roberto Mongruel. Também estiveram presentes os seguintes membros da diretoria: Paulo Arns da Cunha, José Manoel de Macedo Caron Jr, Noely D. Santos, Juliana Toniolo Sandrini, Pedro Wiens, Adriana Karam (representando o Prof. José Antonio Karam), além do assessor contábil Luiz Fernando Ferraz. Após a solenidade, o jornalista José Wille, âncora do Band Cidade, ministrou a palestra “Como a educação pode se adaptar à era das redes sociais” para os gestores e educadores presentes.


Diretoria do Sinepe/PR marca presença no Sala Mundo 2013

Preparação para a Conae 2014 A 2a edição da Conferência Nacional de Educação (Conae) será realizada de 17 a 24 de fevereiro de 2014, em Brasília, e terá como tema central o PNE na articulação do Sistema Nacional de Educação: Participação popular, Cooperação Federativa e Regime de Colaboração. Apesar de o evento estar marcado para 2014, o Sinepe/PR está articulando a participação de representantes do Paraná desde já nas etapas preparatórias das Conferências Municipais e Estadual de Educação. As escolas particulares do Paraná terão 169 vagas na Conferência Estadual e o Sindicato entende que, garantindo a presença de gestores, pedagogos e professores, o Estado terá representação na legítima defesa dos interesses da classe.

crédito foto: Derevecki

O presidente do Sinepe/PR, Jacir J. Venturi, o Prof. Renato Ribas Vaz, o presidente do Positivo, Hélio Rotenberg e Cláudio de Moura Castro

Nos dias 06 e 07 de agosto, Curitiba foi sede da 2ª edição do Sala Mundo – Encontro Internacional de Educação que aconteceu no Teatro Positivo. O lançamento do evento aconteceu no dia 25 de junho, no Hotel Bourbon. Na oportunidade, o presidente do Sinepe/PR, Jacir J. Venturi, destacou a iniciativa e a importância de reunir grandes palestrantes nacionais e internacionais da área educacional. “Curitiba foi a 1ª colocada entre as capitais brasileiras nas últimas quatro edições do IDEB. No ranking das escolas privadas do Brasil, o Paraná se posicionou em 1º lugar no Ensino Médio e em 3º no Ensino Fundamental, no último IDEB. Ademais, todos os anos milhares de estudantes de outros estados aqui se aninham na busca dos bons cursos pré-vestibulares, colégios, faculdades e pós-graduações. Oportuno se faz o Sala Mundo, com palestrantes de renome”, comentou Venturi. No lançamento do evento, outros representantes do Sinepe/ PR estiveram presente como o diretor de Ensino Superior, José Antonio Karam, a diretora da Educação Infantil, Noely Luiza D. Santos, os conselheiros Pedro Roberto Wiens e Raquel Momm Maciel de Camargo, e o assessor jurídico Diego Muñoz Donoso, além da equipe de funcionários do Sindicato.

Reunião com o Secretário Estadual da Educação O Sinepe/PR recebeu gestores, diretores e representantes legais das instituições particulares de ensino em uma reunião no dia 31 de julho. O encontro contou com a presença do Secretário de Estado da Educação, Flávio Arns e do Assessor Especial do Vice-Governador, Paulo Afonso Schmidt. Os presentes trataram sobre assuntos relevantes do setor como calendário escolar para 2014 (Copa do Mundo); Novo Ensino Médio e Vaga no Conselho Estadual de Educação;

Diretoria do Sinepe/PR com o Secretário Flávio Arns

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AGENDA Evento

VII Maratona da Educação Infantil Público-alvo

Gestores, coordenadores e professores da Educação Infantil

Local

Plenário SINEPE/ PR. Rua Guararapes, 2028 - Vila Izabel. Curitiba/PR

Investimento

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Individual: R$ 10,00 – para instituições de ensino associadas, com direito a 01 (uma) cortesia. R$ 20,00 – para instituições de ensino não associadas. Pacote (todas as palestras): R$ 50,00 – para instituições de ensino associadas. R$ 100,00 – para instituições de ensino não associadas.

Vagas

90 para cada palestra

Informações e inscrições

www.sinepepr.org.br e 41 3078-6933.

CONFIRA TEMAS E DATAS DAS PALESTRAS QUE FAZEM PARTE DA MARATONA 1 - Educar, um ato de amor Data e horário: 16/09/2013, das 19h às 21h. Inscrições até 12/09. Palestrante: Jorge Luiz Tinoco - Psicólogo clínico. 2 - A construção de disciplina na Educação Infantil Data e horário: 17/09/2013, das 19h às 21h. Inscrições até 13/09. Palestrante: Prof. Dr. Joe Garcia. 3 - Os resíduos sólidos na Educação Infantil Data e horário: 18/09/2013, das 19h às 21h. Inscrições até 16/09. Palestrante: Profª Suzana Muller, especialista em Educação Infantil.

4 - A contribuição da psicomotricidade na Educação Infantil Data e horário: 19/09/2013, das 19h às 21h. Inscrições até 17/09 Palestrante: Rodrigo Guimarães Pilatti Pós-graduado em Psicomotricidade. 5 - Observando os pequeninos... Ações e reações Data e horário: 20/09/2013, das 19h às 21h. Inscrições até 18/09. Palestrante: Jaqueline Gnata de Freitas Especialista em Psicopedagogia Clínica e Institucional. 6 – Relatórios: avaliação da Educação Infantil Data e horário: 23/09/2013, 19h às 21h. Inscrições até 19/09 Palestrante: Carolina Batista Pereira Frizon e Cléo Mann Pereira. 7 - O desenvolvimento normal da audição e da fala e suas implicações no desempenho educacional Data e horário: 24/09/2013, das 19h às 21h. Inscrições até 20/09. Palestrante: Cristiane Pineroli Bochnia Mestre em Distúrbios da Comunicação. 8 - A afetividade na tenra idade Data e horário: 25/09/2013, das 19h às 21h. Inscrições até 23/09. Palestrante: Giovana Maria Silva Campos palestrante na área de psicologia. 9 – A canção para crianças – uma contribuição ao reencantamento da infância Data e horário: 26/09/2013, das 19h às 21h. Inscrições até 24/09. Palestrante: Rosy Greca de Oliveira Carneiro pós-graduada em Fundamentos do Ensino da Arte. 10 - Professores que brincam encantam a Educação Infantil! Data e horário: 27/09/2013, das 19h às 21h. Inscrições até 25/09. Palestrante: Fátima Balthazar arte-educadora, especialista em Recreação Infantil.


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