Revista Escada 05

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número 05 | ano 02 janeiro a março 2011 Publicação Sinepe/PR

Bernardinho ensina o jogo da liderança Polêmica Livros indicados ou proibidos para as crianças?

Obrigatório Música nas escolas

Olímpiadas do conhecimento Para quem quer ser fera em todas as disciplinas


Quando a escola cresce, o futuro é cada vez mais positivo. Com o Sistema Positivo de Ensino, sua escola passa a contar com um material didático que organiza o conteúdo de toda escola, integrando as diversas disciplinas em uma mesma linha pedagógica. Seus alunos passam a dispor do Portal Positivo, que enriquece os estudos e aprofunda a aprendizagem da sala de aula. Seus professores passam a ter cursos e assessorias pedagógicas especializadas por áreas do conhecimento. E a sua escola passa a receber apoio em toda gestão escolar, incluindo áreas financeira, jurídica, administrativa e de marketing. No conjunto, são soluções que transformam o dia a dia e constroem um novo futuro, muito mais positivo. Ligue agora e veja sua escola crescer cada dia mais. 0800 724 4241 – (41) 3218-1000 ou acesse www.editorapositivo.com.br/sistemapositivo.

MATERIAL DIDÁTICO

ASSESSORIA PEDAGÓGICA

ASSESSORIA NA GESTÃO ESCOLAR

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Conselho Diretor gestão 2010/2012

Mais um ano letivo se inicia. Alunos voltam

à rotina, novos estudantes começam a conhecer o universo escolar e professores e gestores seguem no desafio diário de trabalhar a educação em todas as esferas. Em sinergia ao dia-a-dia das escolas o Sinepe/ PR segue atuante prestando seus serviços para as mais de 2 mil instituições associadas. Um catálogo de eventos, palestras e cursos foi elaborado cuidadosamente para o 1º semestre de 2011 com o objetivo de debater a educação do nível infantil ao superior. Esta 5ª edição da revista Escada também chega com novidades do setor educacional para aproximar ainda mais o Sinepe/PR de toda a sociedade.

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Na entrevista principal, o técnico Bernardinho nos mostra os caminhos da liderança e como treinar equipes e mantê-las motivadas mesmo diante das dificuldades. A Escada traz também reportagem sobre o ensino obrigatório da música nas escolas, a polêmica dos livros proibidos em sala de aula, experiências de estudantes que decidiram participar de intercâmbio para ampliar os horizontes, além de dicas culturais e artigos.

Diretoria de Ensino Diretor de Ensino Superior Diretor de Ensino Médio/Técnico Diretor de Ensino Fundamental Diretor de Ensino da Educação Infantil Diretor de Ensino dos Cursos Livres Diretor de Ensino dos Cursos de Idiomas Diretor de Ensino das Academias

José Antonio Karam Gilberto Vizini Vieira Esther Cristina Pereira Noely Luiza D. Santos José Luis Chong Jaime M. Marinero Vanegas Ana Dayse Cunha Agulham

Conselheiros 1º Conselheiro Jorge Apóstolos Siarcos 2º Conselheiro Pedro Roberto Wiens 3º Conselheiro Raquel Momm de Camargo 4º Conselheiro Irmão Frederico Unterberger 5º Conselheiro Paulo Arns da Cunha 6º Conselheiro Durval Antunes Filho 7º Conselheiro Roberto A. Pietrobelli Mongruel 8º Conselheiro Juliana Toniolo Sandrini 9º Conselheiro Renato Ribas Vaz 10º Conselheiro Magdal J. Frigotto 11º Conselheiro Vanessa C. Sanches Conselho Fiscal Efetivos Orlando Serbena Márcia E. Dequech Henrique Erich Wiens

Suplentes Elvis Tadeu Gilioli Edison Luiz Ribeiro Ir. Anete Giordani

Delegados Representantes - Fenep Ademar Batista Pereira José Manoel de Macedo Caron Jr. Diretorias regionais SINEPE/PR - Regional Oeste (Cascavel) Diretor Presidente Adilson J. Siqueira
 Diretor de Ensino Superior Maria Débora Venturin
 Diretor de Ensino da Educação Básica Lauro Daros Irmã Mareli A. Fernandes Diretor de Ensino da Educação Infantil Ione Plazza Hilgert
 Diretor dos Cursos livres/Idiomas Denise Veronesi Trivelatto

Boa leitura! Ademar Batista Pereira Presidente

Revista Escada Publicação periódica de caráter informativo com circulação dirigida e gratuita. Desenvolvida para o Sinepe/PR. Editada pela Editora Inventa Ltda - CNPJ 11.870.080/0001-52 Rua Heitor Stockler de França, 356 - 1º andar - Centro Cívico - Curitiba - PR Conteúdo IEME Comunicação www.iemecomunicacao.com.br Jornalista Responsável

Taís Mainardes DRT/PR 6380

Redação

Marília Bobato, Eduardo Santana, Ana Carolina Bendlin, Carolina Pacheco Simões, Thaisa Carolina, Felipe Gollnick

Projeto gráfico e ilustrações Revisão

D-Lab – www.dlab.com.br Adriana Brum

Comercialização Márcio M. Mocellin e Ana Amaral Críticas e sugestões

redacao@iemecomunicacao.com.br

Comercial

comercial2@iemecomunicacao.com.br

Os artigos assinados são de responsabilidade de seus autores e não expressam, necessariamente, a opinião desta revista. Conselho editorial Jaime Marinero, Jacir J. Venturi, José Manoel de Macedo Caron Jr. Márcio M. Mocellin Aprovação Ademar Batista Pereira Tiragem Impressão e acabamento Logística e Distribuição

Diretoria Executiva Presidente Ademar Batista Pereira 1º Vice-Presidente Jacir José Venturi 2º Vice-Presidente Oriovisto Guimarães Diretor Administrativo Ailton R. Dörl Diretor Econômico/Financeiro Rosa Maria C. V. de Barros Diretor de Legislação e Normas Maria Luiza Xavier Cordeiro Diretor de Planejamento José Manoel de Macedo Caron Jr.

11 mil exemplares Reproset A&D Comercial

SINEPE/PR - Regional Cataratas (Foz do Iguaçu) Diretor Presidente Artur Gustavo Rial Diretor de Ensino Superior Fouad Mohamad Fakin Diretor de Ensino da Educação Básica Antonio Neves da Costa e Antonio Krefta Diretor de Ensino da Educação Infantil Larissa Jardim Zeni Diretor de Ensino dos Cursos Livres/Idiomas Márcia Nardi e Fabiano de Augustinho SINEPE/PR - Regional Sudoeste (Pato Branco/Francisco Beltrão) Diretor Presidente Ivone Maria Pretto Guerra Diretor de Ensino Superior Hélio Jair dos Santos Diretor de Ensino da Educação Básica João Carlos Rossi Donadel Diretor de Ensino da Educação Infantil Amazilia Roseli de Abreu Pastorello Diretor de Ensino dos Cursos Livres/Idiomas Vanessa Pretto Guerra Stefani SINEPE/PR - Regional Campos Gerais (Ponta Grossa) Diretor Presidente Osni Mongruel Junior Diretor de Ensino Superior Marco Antônio Razouk Diretor de Ensino da Educação Básica Irmã Edites Bet Diretor de Ensino da Educação Infantil Maria de Fátima Pacheco Rodrigues Diretor de Ensino dos Cursos Livres/Idiomas Paul Chaves Watkins Diretoria da Regional Central Diretor Presidente Diretor de Ensino Superior Diretor de Ensino da Educação Básica Diretor de Ensino da Educação Infantil Diretor dos Cursos livres/Idiomas

Antonia Eliane Vezzaro Salette Silveira Azevedo Telma E. A. Leh Cristiane Siqueira de Macedo Marcos Aurélio Lemos de Mattos


ins.ti.tu.cio.nal adj

O Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino do Estado do Paraná – Sinepe/PR oferece às instituições asso-

ciadas apoio e orientação necessários ao bom desempenho de suas atividades, nas áreas pedagógica, administrativa, contábil, jurídica e de imprensa.

Atualmente, são mais de 2 mil instituições associadas que utilizam estes serviços ofertados na sede em Curitiba e também em cinco regionais: Oeste (Cascavel), Cataratas (Foz do Iguaçu), Sudoeste (Pato Branco/Francisco Beltrão), Campos Gerais (Ponta Grossa) e Central (Guarapuava / União da Vitória). O Sindicato representa as escolas através de ações que possam conquistar ganhos para todo o grupo, seja junto ao poder público, aos meios de comunicação e na esfera jurídica. Propicia ainda meios para aprimorar a atuação dos estabelecimentos de ensino, através de atividades educacionais e culturais, promovendo a conduta ética dos seus associados. Ao longo de mais de 60 anos de trabalho, o Sinepe/PR também passou a desenvolver e praticar ações de responsabilidade social com diversos projetos como o Amo Curitiba Ações Voluntárias e o Planeta Reciclável.

Mais informações e serviços: www.escolaparticularpr.com.br.

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ín.di.ce sm

08. 10.

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Ler e Pensar nas Escolas Livros Consagrados e Proibidos

12/13.

Muito Além do Lápis e Borracha

14/15.

Medalha do Conhecimento

16/19.

Entrevista: Bernardinho

20/21.

Um Lugar ao Sol

22/23.

EaD com Qualidade

24/25.

Dias Longe (bem longe) de Casa

26.

Momento Cultural

27.

Artigo.

Raquel A. Momm Maciel de Camargo

28.

Artigo.

Jacir J. Venturi

29.

Artigo.

Esther Cristina Pereira

30.

Artigo.

Ademar Batista Pereira


ins.ti.tu.cio.nal adj

“Selo Escola Legal”

Para orientar os pais na busca de instituições de ensino regularizadas perante os órgãos oficiais, em especial, com a autorização

de funcionamento das Secretarias de Educação (Estadual e/ ou Municipal),o Sindicato das Escolas Particulares - Sinepe/ PR lança a décima segunda edição do Selo Escola Legal. O selo 2011 é na cor vermelha e é válido até dezembro.

Quero receber o “Selo Escola Legal” Somente as escolas associadas podem obter o selo emitido pelo SINEPE/PR. Para solicitar o Selo 2011 é necessário enviar cópia dos seguintes documentos por fax (41) 3078-6934, via correio ou digitalizados para e-mail: jean@sinepepr.org.br. – Resolução que autoriza o funcionamento (expedida pelas Secretarias de Educação Estadual e/ou Municipal); – Alvará da Prefeitura; – CNPJ do Ministério da Fazenda. Para garantir a seriedade/segurança da campanha, todas as instituições de ensino devem encaminhar ao Sindicato os documentos citados (dentro da validade), além de estar em dia com as contribuições sociais junto ao SINEPE/PR. Mais informações: (41) 3078-6933.

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T/ Marília Bobato

Ler e Pensar nas

Você sabia que 18 de abril é o Dia Nacional do Livro Infantil? A pesquisa Produção e Vendas do

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Setor Editorial, divulgada no 2º semestre de 2010, revela que o índice de leitura no Brasil aumentou 150% nos últimos dez anos. Passou de 1,8 livro por ano em média para 4,7. Apesar da melhora, o hábito da leitura entre os brasileiros ainda é um desafio. A boa notícia é que 15% do mercado corresponde aos livros infantojuvenis, sinal de que, além de um dia específico na escola, a leitura entre as crianças está crescendo.

O projeto Ler e Pensar beneficia estudantes e professores. Para tanto, lança mão de recursos como a produção de um boletim quinzenal de leitura orientada (Bolo) direcionado para professores, com sugestões para uso pedagógico do jornal, cursos de formação continuada (com material didático específico), palestras, eventos de reflexão, concurso cultural e um curso de extensão para formandos e recém-formados nas áreas de licenciatura. Mais informações: www.institutogrpcom.com.br

A fim de contribuir com a formação de leitores, o jornal Gazeta do Povo e o Instituto GRPCOM criaram o projeto Ler e Pensar em 1999. O objetivo é contribuir para a melhoria dos índices de leitura e interpretação de textos, utilizando o jornal como um recurso pedagógico complementar.

Você sabia? O Dia Nacional do Livro Infantil foi criado em 2002. A data escolhida é o nascimento de Monteiro Lobato, um dos maiores escritores da literatura infantil no Brasil. Entre suas obras estão O Sítio do Pica-pau Amarelo, O Saci e Dom Quixote das crianças.


ins.ti.tu.cio.nal adj

O SINEPE/PR APRESENTA A

II MOSTRA DA RESPONSABILIDADE SOCIAL Promover atividades relacionadas à Responsabilidade Social, envolvendo escolas

particulares associadas, empresas, associações e ONGs parceiras. Este é o objetivo principal da II Mostra da Responsabilidade Social que acontece no dia 1º de maio, juntamente com o tradicional churrasco promovido pelo Pequeno Cotolengo – instituição sem fins lucrativos que proporciona aos portadores de deficiência física, intelectual, psicossocial ou múltipla, ambiente apropriado para o desenvolvimento das potencialidades de acordo com as necessidades individuais. Promovida pelo Sinepe/PR, a II Mostra da Responsabilidade Social disponibiliza espaço para 20 instituições de ensino associadas. Na ocasião, serão apresentados os diversos produtos e serviços relacionados à responsabilidade social ofertados nas instituições, como exposições de arte, projetos sociais, informativos sobre prevenção de doenças, reciclagem, entre outros.

Para saber mais sobre, entre em contato: Gisele Balassa (41) 3078-6933 projetos@sinepepr.org.br.


T / Carolina Pacheco Simões e Thaísa Carolina

CONSAGRADOS E PROIBIDOS No final de 2010, o Ministério da Educação (MEC), em decisão aprovada pelo

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Conselho Nacional de Educação (CNE), quis vetar a distribuição, para escolas públicas, do livro “Caçadas de Pedrinho”, do escritor Monteiro Lobato. O CNE entendeu que há trechos depreciativos e racistas à personagem Tia Nastácia, que é negra. Uma das passagens assinaladas diz: “(...) e Tia Nastácia, esquecida dos seus numerosos reumatismos, trepou que nem uma macaca de carvão pelo mastro de São Pedro acima, com tal agilidade que parecia nunca ter feito outra coisa na vida senão trepar em mastros (a cozinheira corria para fugir de onças que invadiam o sítio)”. Escrita em 1930, a obra não é considerada racista pela coordenadora pedagógica da educação infantil do Centro Educacional Evangélico, Thaís Caroline dos Santos. Ela defende que o legado de Monteiro Lobato é uma oportunidade para discutir o tema com as crianças. “É preciso entender o contexto histórico em que a obra foi publicada e a linguagem da época. É possível fazer leituras mais críticas e abordar a questão do preconceito não somente com pessoas de raças diferentes, mas com aquelas que possuem culturas, hábitos e estilos diferentes”, explica Thaís. Para a analista de Língua do Grupo Uninter, Renata Medeiros Marés de Souza, o professor nunca deve proibir um livro, mas sim fazer o aluno entender os motivos da discussão sobre a proibição. “A obra de Monteiro Lobato é útil para a formação da pessoa porque, por ela é possível entender a origem do preconceito e sobre os resquícios que existem dele nos dias atuais”, diz Renata. A diretora pedagógica da Escola Projeto 21 (ex-Palmares), Yara Faria do Amaral, lembra que, junto dessa polêmica, houve ainda a acusação de que os professores não têm capacidade para trabalhar literatura clássica em sala de aula e fazer uma transposição da realidade vivida na época em que os livros foram escritos para os dias atuais. “Essa acusação é superficial. Os professores precisam investir mais em formação e também repensar sobre esse caso específico, já que a obra de Monteiro Lobato é muito menos lida do que deveria”, comenta.

O livro de Monteiro Lobato não foi o primeiro a ser vetado nas instituições de ensino. Obras de diversos escritores causam divergências entre educadores tanto no Brasil como no exterior. Confira: Novembro de 2010: O Tribunal de Justiça de São Paulo proibiu a distribuição de “Os Cem Melhores Contos Brasileiros do Século” aos alunos de escolas públicas do ensino fundamental e médio. Com descrições de atos obscenos, erotismo e referências a incestos, o conto “Obscenidades para uma dona de casa”, de Ignácio Loyola Brandão, foi a causa da proibição. Junho de 2009: As bibliotecas das escolas estaduais do Rio Grande do Sul excluíram do seu acervo três álbuns de histórias em quadrinhos do norte-americano Will Eisner: “O Sonhador”, “O Nome do Jogo” e “Um Contrato com Deus e Outras Histórias de Cortiço”. Esta última também causou polêmica em São Paulo e no Paraná. Para a Secretaria Estadual da Educação do Rio Grande do Sul elas apresentam conteúdo inapropriado aos alunos. Maio de 2009: “Aventuras Provisórias”, do escritor Cristovão Tezza, teve desair das escolas catarinenses por determinação da Secretaria de Educação daquele estado, pois professores avaliaram que no conteúdo havia vocabulário chulo. Junho de 2003: Nos Estados Unidos, diversas instituições de ensino não gostaram de ver a série Harry Potter nas mãos das crianças e adolescentes.


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T / Carolina Pacheco Simões

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do lápis e borracha Percussão, violão e flauta são alguns dos novos materiais de estudo que os alunos vão encontrar ao iniciar as aulas em 2011. Foi pensando em estimular a criatividade e

a sociabilidade das crianças que a partir deste ano o ensino da música passa a ser obrigatório nas escolas públicas e particulares de todo o Brasil. A Lei n.º 11.769, que altera a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) — nº 9.394, é válida para Ensino Fundamental e Médio, mas não exige das instituições uma disciplina exclusiva. “Ao estabelecer que a música é um conteúdo obrigatório, mas não único, a lei deixa clara a intenção de que esta arte seja incorporada em outras disciplinas”, explica a assessora pedagógica do Sindicato das Escolas Particulares do Paraná - Sinepe/PR, Fátima Chueire Hollanda. Para Fátima, a norma privilegia a autonomia das escolas na construção de sua própria proposta pedagógica. “Cada instituição deverá elaborar seu projeto para inserir o ensino desse novo elemento”, fala. A assessora pedagógica ressalta, ainda, que, embora seja espontâneo, o conteúdo não pode ser improvisado. “Ele deve ser construído visando aos níveis de ensino, a faixa etária, os objetivos e a metodologia que será utilizada”, diz.


Em Ponta Grossa, entre as escolas particulares que ainda não possuem a disciplina, está o Colégio Sagrado Coração de Jesus. Apesar de trabalhar com a musicalização infantil, dará início às aulas de música somente neste ano. “As crianças da Educação Infantil até o 1º ano terão uma disciplina exclusiva para o ensino da música, para que aconteça o despertar pela arte”, conta a diretora pedagógica, Irmã Valéria Andrades Leal. Segundo a mestre em Estudos Literários e professora da Faculdade de Artes do Paraná (FAP), Simone Cit, o interesse pela música pode surgir em qualquer idade. O segredo para perder o medo de ensinar a música nas salas de aula e entreter os alunos está em ser criativo. “O professor deve criar uma estratégia para fazer a criança se aproximar daquilo que para ela é diferente. Se ele quer falar sobre um compositor famoso, uma dica é fazer um boneco que seja parecido com o artista e com ele ir contando a história”, diz. Simone diz acreditar que para despertar a curiosidade dos alunos pela nova disciplina, é preciso aplicar em sala as canções de linguagem simples, para que as crianças possam fazer associações com o seu dia-a-dia facilmente. “Geralmente, para o primeiro contato, uso a música “Nomes de Gente” do Geraldo Azevedo, que funciona como um dicionário de nomes. Depois, digo o meu nome e procuro saber o das crianças”, explica. Em Curitiba, o Colégio Santa Maria e a Escola Atuação já trabalham com a disciplina de música. As aulas, que acontecem em clima de descontração, trazem bons resultados. “Temos objetivos específicos com a música. Através da percussão, por exemplo, as crianças acompanham as canções, melhorando a coordenação motora e a contagem naturalmente”, afirma a assessora psicopedagógica da Educação Infantil do Colégio Santa Maria, Antoniella Polinari Cavassin. Na Escola Atuação, os alunos também têm a música integrada ao seu cotidiano. “A professora trabalha com os alunos do Maternal I ao 1º ano tocando violão ou piano enquanto eles cantam. Já nos 2º e 3º anos, os estudantes tocam flauta e do 4º ao 6º ano tocam teclado, violão e pandeiro”, diz a psicopedagoga e diretora, Esther Cristina Pereira. Seja qual for o instrumento ou método utilizado, a música traz inúmeros benefícios para o desenvolvimento humano. “Ela por si mesma tem o potencial de fazer as pessoas mais felizes”, conta Simone Cit.

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T / Felipe Gollnick

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do conhecimento Motivação, persistência e dedicação. Essas são algumas das virtudes necessárias para um atleta subir ao pódio. Mas, engana-se quem pensa que são apenas os esportistas que almejam tal reconhecimento. Cada vez mais alunos dos ensinos Fundamental e Médio buscam bons resultados em um tipo diferente de competição: as Olimpíadas Científicas, que pouco a pouco têm se popularizado entre os estudantes de várias regiões do país. Para participar não é necessário correr cem metros em poucos segundos, arremessar peso a uma grande distância ou fazer mais gols do que o time adversário. Divididas em áreas do conhecimento (como Matemática, Biologia ou História), cada Olimpíada tem regulamento próprio. Em comum, costumam aplicar aos concorrentes exames em fases eliminatórias: apenas os que tirarem as melhores notas em uma primeira prova passam para uma segunda fase; em que o grau de dificuldade das perguntas aumenta, e assim por diante. Como em qualquer competição, as Olimpíadas que avaliam o nível de conhecimento dos alunos envolvem mais questões do que apenas as que caem nas provas escolares. A competitividade excessiva que a busca pelo primeiro lugar possa causar talvez não seja a virtude mais desejável dentro de um ambiente escolar, pensam alguns educadores. “Há uma preocupação em não estimular demais a participação dos alunos nas olimpíadas para que não haja a elitização de determinados estudantes”, fala o o coordenador do Ensino Médio do Colégio Medianeira, Marcelo Pastre: Tal questão é vista com cuidado pelo educador. No Colégio Medianeira todos os alunos participam de uma Olimpíada interna de Matemática, mas, segundo o coordenador da instituição os vencedores são anunciados com pouco alarde, para que nenhum clima desconfortável seja criado.


Outras escolas não acreditam que a competição gere segregação entre os estudantes. A pedagoga e diretora do Colégio Novo Ateneu, Vera Izabel Pugsley Julião, não concorda que as Olimpíadas do Conhecimento possuam um caráter competitivo negativo. Para ela, o objetivo desses eventos não é avaliar se o aluno é bom ou ruim, mas se o raciocínio dele é adequado ao conteúdo proposto. E isso pode até ser benéfico, à medida que alguns estudantes eventualmente consigam um bom resultado: “Nós premiamos eles na frente de todo mundo” afirma a diretora, explicando que tal ato gera nos colegas um sentimento de reconhecimento e de congratulação – atributos que fazem parte do programa educativo proposto pela instituição. O estudante Glauber Muzyka Oyarzabal Nunes, 17 anos, participou de Olimpíadas de Física e Química e chegou à fase final da Olimpíada Brasileira de Robótica, disputada em outubro do ano passado em São Bernardo do Campo, no interior de São Paulo. Para ele, que terminou o Ensino Médio em 2010 no Colégio Bom Jesus, não existe muito esse negócio de “competição demais” nos jogos. Glauber conta que viveu um momento agradável enquanto disputou a competição, tendo feito amizade com vários de seus concorrentes, que vinham de diversas partes do país. As competições ainda o ajudaram na preparação para o vestibular: “Na prova da Olimpíada, muitas vezes, você resolve questões mais difíceis do que as do vestibular. E também tem a questão de estar

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fazendo a prova, do tempo, do lado psicológico”.

Olimpíadas Científicas Muitos tipos de Olimpíadas Científicas são realizadas ao redor do Brasil e do mundo, cada uma à sua maneira. Por aqui, a mais tradicional delas é a Olimpíada Brasileira de Matemática, organizada desde 1979 pela Sociedade Brasileira de Matemática e inspirada em competições similares realizadas desde 1894, quando a primeira olimpíada nos moldes atuais aconteceu na Hungria. Já a Olimpíada Brasileira de Robótica, da qual o estudante Glauber Muzyka Oyarzabal Nunes participou, é dividida em três modalidades: uma teórica (dedicada aos alunos do Ensino Fundamental), uma prática (da qual todos os estudantes podem participar) e o duatlo – uma mistura das modalidades teórica e prática – direcionada apenas aos que estão no Ensino Médio.

A Olimpíada Nacional em História do Brasil teve sua primeira edição realizada em 2009. Para participar dela, os concorrentes dividem-se em grupos de até três estudantes e um professor de História. Nas cinco primeiras fases, as equipes resolvem tarefas e questões de múltipla escolha, propostas pela comissão organizadora, via internet. Na sexta e última fase, os finalistas vão até Campinas (SP) e participam de uma prova presencial. Existem ainda outras olimpíadas científicas, cada uma com uma forma diferente de disputa. Em comum entre todas elas, estão os objetivos: estimular o estudo, influenciar na melhoria do ensino e na capacitação dos professores e descobrir novos talentos da Ciência.


en.tre.vis.ta / Bernardinho T / Ana Carolina Bendlin F / Divulgação IC

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das contas para as Ele achava a Engenharia pragmática demais, por isso, escolheu a Economia.

Mas, sua grande paixão e verdadeira vocação era a atividade que tentava levar junto com o emprego na área administrativa de uma restaurante, o vôlei. E foi o esporte que o transformou no técnico mais bem sucedido do país. De tão perfeccionista, Bernardo de Rezende conquistou seu espaço no esporte, como líder, a partir de 1989, quando foi convidado para comandar uma equipe feminina na Itália. Depois de muitos títulos com a seleção brasileira, não há quem não tenha ouvido falar do técnico Bernardinho. Nesta entrevista, ele conta suas experiências como técnico e dá dicas para quem quer ser líder nas suas equipes. Revista Escada - Tricampeão do mundo, nove vezes campeão pela Liga e muitos outros títulos com a seleção masculina. Paralelo a isso, você ainda treina uma equipe feminina no campeonato nacional. Qual a principal diferença entre liderar homens e mulheres? Bernardinho - Fundamentalmente, a diferença está no lado emocional. Num grupo de mulheres, o aspecto emocional é um pouco diferente e influi na gestão da equipe mais do que com os homens. Você tem de ter um certo cuidado e atenção quando vai comandar e, com isso, cobrar e exigir. Todo mundo acredita que rola uma fragilidade maior entre as mulheres, mas acho que elas são extremamente focadas naquilo que querem. São ambiciosas, fazem de tudo para atingir objetivos e têm metas muito claras.

E no esporte não é diferente. Para mim é um aprendizado constante e essa migração entre homem e mulher que faço anualmente é o que enriquece a minha experiência como líder. RE - Você teria alguma dica para os professores que lidam com essa diferença diariamente? B - É preciso entender as pessoas individualmente. Como eu vou dirigir uma equipe se eu não conheço bem as pessoas que a compõem? Será que tenho de trabalhar a autoestima daquela pessoa ou tenho que desafiá-la? Se eu desafiar uma pessoa com autoestima baixa, vou colocar pressão sobre ela. Por outro lado, se a pessoa tem autoestima alta, preciso desafiá-la para que ela ache que é “o cara”. Pessoas diferentes têm de ser tratadas de formas diferentes. Isso é fundamental para que você possa liderar uma equipe. RE - Se fizermos uma analogia entre o vôlei e a sala de aula, em ambos existe o desafio diário de estar à frente de uma equipe. Como trabalhar com pessoas tão diferentes com um único objetivo? B - O mais importante é alinhar todos nesse objetivo, fazendo com que, mesmo que as pessoas sejam diferentes, haja cumplicidade entre elas, pois estão unidas por um interesse em comum. Digamos que eu dirija uma escola e queira que ela seja a melhor escola do bairro, da cidade ou até mesmo do país. Para isso, é preciso unir pessoas com as mais diversas características para atingir o objetivo, que é fazer aquela escola ser referência no segmento. Se todos estiverem comprometidos com isso, forma-se um time.

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Tanto o treinador quanto o professor têm de estimular permanentemente, colocando metas de curto prazo sem perder as metas de longo prazo.

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RE - E como manter uma equipe sempre motivada e focada nesse objetivo? Os professores se deparam com esse desafio todos os dias... B - O objetivo de curto prazo em sala de aula é ir bem nas provas, passar de ano. Mas também há um objetivo maior no processo de educação, que é preparar o jovem para o mercado de trabalho, para a vida de uma forma geral. Também é assim no esporte. Existe um objetivo de curto prazo, que é ganhar uma partida, mas o objetivo maior é desenvolver o potencial do jovem para que ele seja um grande atleta. Professores e treinadores têm muitas atribuições similares, como manter essa motivação o tempo todo. Isso requer ações de curto prazo, como tentar apresentar uma aula mais interessante e dinâmica. Não é só descarregar as ordens, porque se a aula é interessante, o aluno percebe o seu desenvolvimento e atinge os objetivos de curto prazo, o que faz com que haja mais motivação. Tanto o treinador quanto o professor têm de estimular permanentemente, colocando metas de curto prazo sem perder as metas de longo prazo.

RE - Você acha que a criatividade é essencial para variar as técnicas de abordagem de ensino? B - Todos os elementos que estimulem os alunos são importantes. É essencial buscar outras formas de motivar, diversificando as aulas e os treinos para que não se tornem monótonos, chatos. Dessa forma, o aluno tem estímulo porque pensa que o professor ou o treinador é um cara que vai estar sempre criando alguma coisa nova para tirar o melhor dele. Uma vez estávamos na Holanda e propus um treino no asfalto porque o ginásio estava fechado. Essas propostas diferentes servem de combustível. Depois, as histórias acabam se tornando folclóricas. É claro que o objetivo não é fazer disso apenas uma brincadeira, é uma brincadeira muito séria, mas é importante que a gente tente criar essas outras estratégias para não cair em uma rotina desestimulante. RE - Outra dificuldade constante é ter uma equipe que muda o tempo todo. Como você lida com isso? B - No caso da escola, essa rotatividade é ainda maior porque, a cada ano, a turma muda completamente. No time, não é exatamente assim porque só parte da equipe muda. Por isso, eu acho que o trabalho do treinador é um pouco mais fácil nesse aspecto. Como alguns atletas já seguem aquele sistema de trabalho, eles ajudam a moldar a equipe que está chegando, mostrando as atividades que são desenvolvidas. Já em uma equipe que muda totalmente a cada ano, como acontece na escola, você tem de recomeçar o trabalho. Por um lado, isso é estimulante porque você tem uma nova equipe que tem de ser tratada de forma diferente da anterior porque é uma turma diferente, com alunos de personalidades diferentes. É preciso que o professor entenda isso como um estímulo, todos os anos ele tem um novo desafio: formar uma turma ainda melhor. O professor tem de gostar desse desafio permanente, ele não pode se acomodar e dizer “puxa, tudo de novo!”. RE - Com essa frequente renovação nas equipes, você acha importante que professores e treinadores se atualizem constantemente? B - Se não houver essa busca por atualização e preparação permanente, você acaba se tornando obsoleto em um mundo de mudanças e fluxos de informações tão intensos. Uma pessoa que não se atualiza, não se recicla, acaba não tendo mais condições de motivar, de preparar a equipe. Em um mundo em permanente mutação, é fundamental que o líder se prepare muito bem para participar do processo de formação desses alunos.


RE - Na escola, assim como no esporte, é preciso ter disciplina e concentração. Você acredita que o esporte pode ajudar o aluno a adquirir essas habilidades? B - No esporte, você treina permanentemente essas habilidades, você está diariamente trabalhando a sua disciplina. Você tem de ser persistente para atingir o que quer, aprender a sacar de determinada maneira ou fazer um toque de uma outra forma. O esporte me deu uma capacidade de concentração que eu usava na sala de aula, eu passava 50 minutos e assistia às aulas concentrado porque sabia que talvez eu tivesse menos tempo de estudar em casa do que os outros. Enquanto eu estava na sala, eu tentava absorver o máximo de informação que conseguisse para não precisar dedicar tanto tempo para estudar depois. Eu aproveitava na sala de aula a capacidade de concentração que o esporte me deu. E isso funciona com os nossos atletas também. RE – Mas o esporte pode atrapalhar a vida acadêmica de alguma maneira? Como conciliar as duas coisas? B - Existe um senso comum de que não dá pra ser um bom aluno jogando em uma seleção. Hoje em dia, mais do que nunca, dá. Na época que eu era estudante e jogava, não tinha internet, não tinha um computador portátil. Eu tinha de fazer cópias, levar caderno emprestado. Hoje, as ferramentas que existem possibilitam a um atleta estudante uma facilidade muito maior para estudar. Então, não tem como duas ou três horas de treinamento por dia impedirem um atleta de ser um bom aluno. Acho até que um atleta tem mais condições de ser um bom aluno porque ele sabe ter disciplina, regrar os seus horários, abrir mão de algumas coisas para realizar as duas atividades. RE - Aproveitando o assunto, em um mundo tão informatizado, como incentivar os alunos a sair da frente da TV e do computador? B - O esporte é uma das ferramentas que podem ser usadas porque integra as pessoas. A arte também, porque quando um jovem faz parte de um grupo de teatro ou música, está criando uma relação com outros jovens que não é apenas virtual. Às vezes, essas relações virtuais são até nocivas porque você não sabe exatamente com quem está se relacionando ali. A internet é uma ferramenta excepcional, uma oportunidade de pesquisa e informação, mas, infelizmen-

te, também cria uma série de mazelas, também tem conteúdo nocivo. Por isso, é importante que a gente incentive a prática esportiva, não apenas para competir, mas para auxiliar na educação e também na saúde do jovem. A internet e a TV, com milhões de canais disponíveis, são extremamente sedutoras, mas essa grande quantidade de horas em frente aos aparelhos é ruim para a saúde. O jovem já não se movimenta tanto, a tendência de obesidade é maior. RE - O esporte pode contribuir com o aprendizado de outras disciplinas? B - O esporte pode sim desenvolver outros temas que sejam interessantes para os alunos e estejam relacionados com outras disciplinas. Os jogos com pontuação são um bom exemplo porque estimulam o raciocínio. Os temas das redações também podem ser debatidos, aproveitando o gancho de algum evento que esteja acontecendo, como a Olimpíada. Tem um menino que passou pelo Instituto Compartilhar (veja box) há uns dez anos e que, apesar de não ter talento para ser um atleta, continuou se dedicando ao esporte, agora como jornalista esportivo. Ele aprendeu a gostar do esporte quando fez parte do projeto e quis se especializar nisso, mas de outra maneira. RE - No país do futebol, você conseguiu colocar o vôlei em destaque. Tornou-se referência fora do Brasil e um exemplo de liderança. Pretende parar algum dia? B - Eu não tenho uma data ou um campeonato específico para parar. Não são as competições que me estimulam, o que me estimula é ter um treinamento à tarde e muita coisa a ser feita. É pensar que a seleção brasileira pode continuar crescendo e planejar o trabalho que vou ter que implementar para que esse time continue crescendo. Então, não tem um prazo, pelo menos enquanto eu tiver energia e paixão. A vontade de ir para a quadra ainda é muito grande. Quando eu começar a pensar “puxa vida, tenho que levantar para dar um treino”, então será a hora de sentar e começar a questionar “se não estou 100% motivado, como vou estimular os outros? Se não estou comprometido, como vou inspirar os outros?”. RE – Se você pudesse dar um conselho de liderança para os professores, qual seria? B - Como líder, o professor tem de ter as suas próprias convicções, não pode ficar em dúvida em função das dificuldades que tem. Também é necessário que ele

encare cada momento como um desafio, cada aluno como um desafio. Qual é o intuito do professor? O professor, assim como treinador, quer conhecer o potencial do aluno e fazer com que ele seja desenvolvido ao máximo. O professor se frustra quando tem um aluno com um potencial muito grande, mas ele não consegue desenvolvê-lo. Então, o professor precisa seguir suas convicções e encarar esses desafios, mergulhando neles de cabeça para cumprir sua missão, que é desenvolver o potencial de seus alunos.

Compartilhando experiências e aprendizados Desde 1997, em boa parte dos momentos em que Bernardinho está fora das quadras, ele se dedica a projetos de inclusão social baseados no esporte. Por desejar retribuir o sucesso que obteve nas quadras de alguma forma, o técnico participou, naquele ano, da criação do Programa Esporte Cidadão Unilever, uma parceria entre a empresa Unilever e o Governo do Paraná através da Paraná Esporte e da Secretaria de Educação, com sede em Curitiba. Em 2003, Bernardinho decidiu expandir as atividades do projeto com a criação do Instituto Compartilhar, do qual é diretor-presidente, também sediado na capital paranaense, mas desenvolvendo trabalhos em outros estados brasileiros. Assim, as atividades do programa anterior, extinto, foram incorporadas à nova iniciativa, que une o vôlei a ações sociais para estimular o processo educacional e criar momentos de lazer para crianças e adolescentes carentes. “Acreditamos no poder do esporte como ferramenta da educação e tentamos trabalhar nas atividades do Instituto os valores que o esporte traz: cooperação, respeito, autonomia, autoestima. Os jovens aprendem a superar as dificuldades que a vida apresenta, como as disputas permanentes, você com você mesmo, você com o mercado de trabalho, você com as adversidades que surgem. É uma atividade lúdica que se torna um aprendizado sério”, explica o técnico.

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T/ MarĂ­lia Bobato

Um lugar ao 20


Em um belo jardim, percebemos que uma macieira não consegue se desenvolver abaixo de outra maior. É preciso se afastar para crescer forte e saudável. Na vida, para realizar desejos e conquistar vitórias, muitas vezes também é preciso passar por alguns sacrifícios e abrir mão de certas facilidades antes de conquistar o famoso lugar ao sol. Uma época marcante na vida dos estudantes é a escolha da profissão. É hora de intensificar o ritmo de estudos, tomar decisões importantes, enfrentar concorridas provas e o momento de aguardar os resultados. Para alguns estudantes também é o momento de deixar a casa dos pais, mudar de cidade - às vezes de estado e até de país - em busca de uma vaga nas melhores universidades. A cada ano, o Curso Positivo recebe em torno de 40% de seus alunos do 3º ano e curso pré-vestibular de outras cidades. “Recebemos estudantes do interior, de outros estados e até de países vizinhos como Argentina e Chile”, conta o coordenador de atendimento ao aluno do Curso Positivo, o professor Ivo Carraro. No Curso Dom Bosco, em torno de 30% dos alunos de 3º ano e pré-vestibular são de outras cidades. O afastamento dos pais, da cidade natal e dos amigos causa uma certa insegurança porque tudo é diferente. “Quando o estudante chega a Curitiba, precisa conquistar seu espaço. É um momento muito delicado, porque ele acaba de perder a proteção dos pais e isso gera uma grande ansiedade”, comenta Carraro.

Apesar das dificuldades, o estudante Carlos Eduardo Galvanin, 22 anos, que veio de Maringá para Curitiba para fazer o pré-vestibular já conquistou seu lugar ao sol. Sua vaga no curso de Medicina está garantida e agora ele começa uma nova fase de vida. Mas antes de chegar onde queria, Carlos Eduardo morou em pensionato, sozinho e aprendeu muita coisa. “Aprendi a controlar o dinheiro, fazer limpeza, comida e, principalmente, a ter liberdade para fazer as coisas do meu jeito”, conta. Já para o estudante Lucas Zapater, 18 anos, a vinda de Bauru (SP) para Curitiba não foi muito fácil. A decisão de se mudar foi de toda a família. “No início, alguns alunos pensam que quem vem de outra cidade quer roubar as vagas dos paranaenses nos vestibulares”, explica Lucas que apesar do preconceito inicial, conseguiu fazer vários amigos e contou também com a ajuda dos professores. Casos como o de Lucas não são exceção, e para dar atenção especial a alunos como ele, o Curso Dom Bosco vai ofertar neste ano letivo o PaiDom para orientar alunos sobre moradia e fazer o elo entre pais, aluno e escola. “Incentivamos que os pais continuem vinculados a escola em qualquer nível que o estudante esteja e não apenas enquanto eles são crianças”, comenta o diretor do Curso Dom Bosco, Luiz Octavio.

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EaD T/ Sandra Solda

Aumento significativo do Ensino a Distância no Brasil faz com que instituições melhorem a qualidade e o investimento nos cursos Flexibilidade de horários e de local de estudo, variedade de cursos

e custos mais acessíveis. Essas são algumas das vantagens que fazem crescer a cada ano o número de alunos matriculados no Ensino a Distância (EaD). Outro grande atrativo é a crescente oferta de cursos e a regulamentação e definição de algumas regras por parte do Ministério da Educação (MEC) para cursos de graduação e pósgraduação e dos polos presenciais de EaD.

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Em 2009 havia 649.854 alunos em cursos de ensino superior on-line no Brasil, segundo dados do censo da Associação Brasileira de Educação a Distância (Abed). Somam-se a esse número outros milhares de pessoas que frequentam cursos livres. Independentemente do nível do curso, o EaD caracteriza-se por ser a modalidade de educação em que as atividades de ensino-aprendizagem são desenvolvidas majoritariamente (em bom número de casos, exclusivamente) sem que os alunos e professores estejam presentes no mesmo lugar e na mesma hora. Apesar da grande expansão, o Ensino a Distância existe no Brasil desde a década de 1930, quando foi inaugurado um curso de técnico de Rádio por correspondência, do Instituto Rádio Técnico Monitor. Logo em seguida, o Instituto Universal Brasileiro lançou o curso de Eletrônica. Já nas décadas de 70 e 80, órgãos privados e nãogovernamentais iniciaram o curso supletivo à distância, a tele-educação, com aulas via satélite e apoio de materiais impressos. Na década de 90, a internet se expande e algumas universidades começam a usar emails, criando a base do que é oferecido hoje em EaD.

Dados da Abed revelam um pouco do perfil dos alunos dessa modalidade de ensino: a maioria são adultos de até 39 anos, sendo que a mulheres representam 53,4% e homens 46,6% dos estudantes. Grande parte são pessoas que não puderam fazer uma graduação e escolheram a educação a distância pela flexibilidade de horários, custos mais acessíveis e possibilidade de estudar em qualquer lugar. São pessoas, em geral, que trabalham, são casadas, com filhos e que não dispõem de um período exclusivamente para os estudos. É o caso da educadora Andréa Machado, 34 anos, que em setembro de 2010 formou-se em Pedagogia EaD no Grupo Uninter, em Curitiba. Ela tinha completado o Magistério e queria progredir, fazendo um curso de graduação. Porém, por morar longe do trabalho, ter dois filhos e cuidar da casa, era impossível frequentar um curso presencial. A graduação a distância foi a solução. “Precisei ter o diploma porque o trabalho exigia, e eu queria crescer na profissão. Com o EaD, consegui conciliar trabalho, casa, filhos e estudos. Tive de me dedicar bastante, fazer muitos trabalhos nos finais de semana e me privar de horas de descanso”, conta Andréa. A pedagoga conta que o curso colaborou para uma recolocação no mercado: conquistou a vaga de educadora do Centro Municipal de Educação Infantil (CEMEI), em Curitiba.

Qualidade cada vez melhor Devido à grande procura e às rígidas regras do MEC, as escolas que oferecem EaD - seja nos cursos livres, de graduação ou de especialização - estão cada vez mais qualificadas e oferecem opções flexíveis aos alunos, com livros, apostilas, videoaulas e o Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA), material de apoio que estimulam o estudante a perseverar. Os cursos neste formato exigem também a presença do aluno ao menos um dia na semana. As instituições têm os chamados “polos presenciais” em diferentes cidades. E são nestes polos que as exigências do MEC estão mais rígidas: os critérios em relação à infraestrutura física e de pessoal mudaram e melhoraram a qualidade de ensino. Ganharam o aluno e as escolas comprometidas com uma educação responsável. “Os polos presenciais são extremamente necessários para o desenvolvimento do aluno e um bom rendimento. O contato com os colegas, a ida aos polos, a turma, a sensação de pertencimento a um grupo é essencial para que o aluno não desista e tenha sucesso no curso”, diz o pró-diretor de EaD do grupo, Benhur Gaio.


Um dos objetivos das instituições é criar polos presenciais onde não existem universidades, para oferecer mais opções para a sociedade. O coordenador de EaD do Grupo Educacional Opet, em Curitiba, Fábio Fonseca, diz acreditar que atualmente os cursos estão com bastante qualidade e a tecnologia está sempre ajudando. “Para as instituições é uma oportunidade, uma opção de ensino do futuro. Quem não tiver credenciamento para EaD, vai ficar para trás”, diz. Para Fonseca, um bom curso precisa, basicamente, ter uma boa teleaula, com um professor que consiga transmitir o conteúdo, e uma tutoria bem feita. “O mercado de trabalho para os professores, ao contrário do que muitos pensam, também aumentou. Agora são também necessários o professor de teleaula, o de AVA (ou “web tutor”) e o tutor presencial. Esta área de atuação ficou concorrida e precisamos de professores capacitados para isso”, enfatiza. O Grupo Educacional Uninter, também de Curitiba, está há sete anos no mercado e sentiu a expansão da modalidade. Passou de 2,5 mil alunos em 2003 para 103 mil alunos no Brasil inteiro em 2010. Em 2009 foi classificado como uma das quatro melhores institutos do país em EaD pela avaliação do MEC.

“Para garantir a qualidade da educação, nós somos responsáveis e analisamos tudo, desde a matrícula no vestibular até a conferência de documentos de cada aluno”, explica Gaio.

Instituições de Ensino Superior credenciadas pelo MEC para ofertar cursos de graduação a distância no Paraná*:

Um bom curso de EaD, explica Gaio, precisa, antes de tudo, ter um bom projeto pedagógico. A instituição deve dar suporte específico ao aluno e monitorálo sempre que possível. A diversidade e qualidade do material didático também são muito importantes. Para o sucesso pleno do curso, o aluno tem de fazer sua parte, ao desenvolver as atividades propostas ao longo do curso.

- Centro Universitário Campos de Andrade (Uniandrade) - Curitiba - Centro Universitário Franciscano do Paraná (UNIFAE) – Curitiba - Centro Universitário de Maringá (Cesumar) – Maringá - Faculdade Educacional da Lapa (Fael) – Lapa - Faculdade Internacional de Curitiba (Facinter) – Curitiba - Faculdade Tecnológica Batista do Paraná (FTBB) – Curitiba - Faculdade de Administração, Ciências, Educação e Letras (Facel) – Curitiba - Faculdade de Tecnologia Internacional (Fatec Internacional) – Curitiba - Faculdades OPET – Curitiba - Instituto Superior de Educação do Paraná (INSEP) – Cianorte - Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR) – Curitiba - Universidade Estadual de Maringá (UEM) – Maringá - Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) - Ponta Grossa - Universidade Estadual do Centro Oeste (UNICENTRO) – Guarapuava - Universidade Federal do Paraná (UFPR) – Curitiba - Universidade Norte do Paraná (UNOPAR) – Londrina - Universidade Paranaense (UNIPAR) – Umuarama - Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) - Curitiba

O futuro O Paraná pode ser considerado uma referência em EaD por ter boas escolas e com certa tradição tanto na capital como no interior do estado, apesar de não ter o maior número de alunos. A região Sul tem 35,2% de alunos matriculados, o Sudeste 35,2% e as regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, apenas 22%, aponta o levantamento da Abed. Gaio lembra que apenas 15% dos jovens brasileiros estão cursando o Ensino Superior, um número muito pequeno. “Precisamos alterar este número, cumprir nosso lado social. Com o aumento do EaD e a tendência de modelos híbridos de educação no futuro, todos ganham. Os alunos, com mais alternativas de estudo; os professores, com as atividades complementares e aumento significativo no mercado de trabalho e, por consequência, toda a sociedade.”

No Brasil, são mais de 5 mil instituições que podem ser consultadas no endereço: http://siead.mec.gov.br *Dados: Novembro de 2010.

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T/ Ana Carolina Bendlin

Dias longe (bem longe) 24

Imagine acordar e ver neve pela janela ou sair pelas ruas e encontrar todos os letreiros escritos no alfabeto cirílico.

Ou ainda, ir para a escola em um trem de superfície em vez de usar o tradicional ônibus. Impossíveis no Brasil, essas situações são apenas algumas das experiências pelas quais podem passar os jovens que se aventuram em um intercâmbio fora do país. Conhecer pessoas, países e culturas diferentes é o principal objetivo de quem decide passar um tempo longe (muitas vezes, bem longe) de casa em um desses programas. O estudante curitibano Filipe Lemos, 17 anos, que acaba de voltar para casa depois de uma temporada de um ano na França, conta que sempre ouviu histórias de familiares que tinham feito intercâmbio pelo Rotary Clube. “Isso me deixou com vontade ir também para algum lugar que eu não conhecia”, diz Filipe. Para quem acha que um ano é muito tempo, há opções mais curtas, como a escolhida pelo o estudante de Administração de Empresas Ricardo Rigo Pignataro, 18. Para não perder o ano todo da faculdade, ele optou por um programa de um mês ofertado pelo Lions Clube. “Embarquei para o Canadá em julho e voltei para Toledo em agosto. Foi um mês maravilhoso. Tive sorte porque a senhora que me hospedou trabalhava com turismo e viajei muito por lá”, relembra. Independente da duração do intercâmbio, é preciso que o jovem se prepare antes de se aventurar em terras estrangeiras. A experiência de viver longe da família deixa saudades, mas também é um aprendizado. Conviver com costumes diferentes e ter de se expressar em outro idioma é um desafio que pode ser amenizado com um curso de idioma antes da viagem.


25 “É importante que, antes de viajar para o intercâmbio, o estudante tenha alguma base no idioma que vai utilizar porque isso facilita o contato com a família que vai recebê-lo e faz com que ele tenha um aproveitamento melhor”, comenta o diretor da operadora Euroclass vinculada ao Centro Europeu, Sérgio Maciura. O diretor do Centro Cultural Hispano, Jaime Marinero, concorda e ainda cita outra vantagem em fazer um curso de idioma antes de ir para o intercâmbio. “As aulas são fundamentais porque além da comunicação, da língua, aprende-se a cultura e os hábitos do país para o qual o jovem pretende viajar”, explica. Tanto Filipe quanto Ricardo seguiram à risca essa orientação. “Quando você está em um país diferente, precisa se comunicar, mesmo que seja só para perguntar onde é o banheiro ou dizer que está com fome”, opina Filipe. Ricardo concorda. “Quando você está fora, com outros intercambistas, todo mundo se ajuda, mas é bom ter um conhecimento básico para aproveitar melhor todas as oportunidades”, comenta.


mo.men.to cul.tu.ral sm

É UM LIVRO

adj m+f

(livro)

T / Thaísa Carolina I / Divulgação

QUADRINHOS DE GENTE GRANDE (livro) Na gíria portenha, “macanudo” significa bacana. O quadrinista argentino Liniers não poderia ter usado outra palavra para nomear sua série de quadrinhos mais legal e conhecida no mundo. Nos livros Macanudo, Liniers reúne Enriqueta e seu gato Fellini, o senhor que traduz os nomes dos filmes, a Vaca Cinéfila, o Misterioso Homem de Preto, duendes, ovelhas e pinguins. A obra traz ainda homenagens a grandes criadores como o ator e diretor Charles Chaplin, o escritor Franz Kafka e o pintor Pablo Picasso. No Brasil, a coletânea de livros está no terceiro número, todos traduzidos para o português e publicados pela Zarabatana Books. Apesar de os personagens parecerem ideais para o público infantil, as histórias de Macanudo também são recomendadas aos adultos. Classificação: adulto

TOY STORY 3 26

(DVD)

A amizade do garoto Andy com os bonecos Woody, Buzz e todos seus brinquedos já ultrapassa 15 anos. Mas, agora o menino se prepara para sair de casa para ir à faculdade. Então, seus fiéis brinquedos precisam encontrar outro lar. Vão parar numa creche onde estão crianças que mal podem esperar para colocarem seus dedinhos pegajosos neles. Enquanto situações caóticas se desenrolam na história, aparecem Barbie, Ken, e um urso de pelúcia chamado Lots-o’-Huggin ‘Bear, de aparência acolhedora, mas esconde um grande segredo. Será que eles se juntam para ajudar ou atrapalhar? Classificação: todas as idades

AYRTON SENNA, 16 ANOS DEPOIS (livro)

Campeão mundial de F-1, Ayrton Senna foi reconhecido como líder do automobilismo, por sua perseverança e perfeição. Acima de tudo, sempre acreditou que as crianças e os jovens de baixa renda deveriam ter a chance de desenvolver todo o seu potencial. Depois do acidente fatal, ocorrido durante o Grande Prêmio de San Marino em 1994, a notável carreira de Senna e sua perspectiva humanitária continuam a inspirar o mundo. Agora, pela primeira vez, a família, os amigos e os colegas abrem seus arquivos, compartilhando fotografias nunca antes vistas de momentos particulares em casa e nas pistas de corrida. Os leitores podem retirar e examinar réplicas do certificado de batismo, de cartas escritas à mão, de agendas de corridas, de uma foto de lembrança, de adesivos de escuderia autografados e mais de 20 itens especiais. As incríveis imagens do livro, lançado pela Editora Global, são o ponto principal. Classificação: adulto

Nesta publicação lançada pela Companhia das Letras, Lane Smith criou uma história ilustrada, tanto para crianças quanto para adultos, sobre o futuro do velho e bom - e amado – livro. Na época dos e-books, o que será dos direitos autorais? O que será das prateleiras? E o que será dos pobres marcadores de página? Muitos aproveitam a onda para reafirmar seu amor às letras impressas em papel e dizem que o livro é uma espécie de deus grego: não morre nunca. Aquele que, ao contrário dos produtos eletrônicos, não apita, não interage, não conecta nem retwitta. Mas que, só pela emoção da narrativa e das imagens, prende a atenção (e rouba o coração) de qualquer um. Classificação: todas as idades

CURIOSIDADES DO JAPÃO (livro) Já ouviu falar nas bonequinhas japonesas chamadas kokeshi? Por meio delas - com seus quimonos, leques e penteados de cabelo - as crianças são convidadas a conhecer palavras e costumes do Japão no livro Quimonos, idealizado por Annelore Parot e lançado pela Companhia das Letrinhas. Buracos nas páginas escondem enfeites de cabelo, abas revelam o interior das casas e facas especiais sugerem algumas atividades, como encontrar as joaninhas que fugiram da casa de Yumi. Com capa dura acolchoada, o livro é supercaprichado em seus mínimos detalhes, assim como as bonecas. Classificação: 3 a 6 anos

LITERATURA EM CONSERVA (livro) É da editora curitibana Arte e Letra a recém-lançada coleção Em Conserva. São cinco livros (que podem ser comprados juntos ou separados), alguns inéditos no Brasil, de autores clássicos da literatura mundial. Compõem a coleção o francês Émile Zola, o russo Liev Tolstói, o francês Jules Verne, o escocês Robert Louis Stevenson e os ingleses Charles Dickens e Wilkie Collins. As obras passaram por uma seleção criteriosa e apresentam textos que trazem aspectos inusitados e quase desconhecidos dos autores. As obras tiveram suas traduções feitas diretamente da língua original. E, com exceção à obra de Stevenson, todas estavam fora de catálogo no país. Cada publicação vem dentro de uma caixa de metal que acompanha o design da capa. Uma embalagem diferente, que torna o produto atrativo para colecionadores, além de ser uma alternativa como presente. Classificação: adulto


ar.ti.go sm

T / Raquel A. Momm Maciel de Camargo - Conselheira do Sinepe/PR

Escola Infantil: Lugar de brincar, cuidar ou ensinar? Cada escola tem autonomia e obrigação de detalhar o seu próprio projeto pedagógico. O projeto pedagógico tem suas variações, a começar no nome. Dependendo da cidade ou estado, da época que foi formulado e da abrangência descrita nele, pode ser chamado de projeto pedagógico, proposta curricular, proposta pedagógica, projeto político pedagógico, entre outros. Até não muitos anos atrás, todas as “Pré-escolas” e “Jardins de Infância” de nosso país descreviam os conteúdos da forma que achavam mais apropriados para trabalharem com seus alunos. Os professores relacionavam o conteúdo mais com sua aprendizagem de cursos de magistério e faculdades do que a uma orientação nacional, pois ela não existia. A falta de uma referência nacional abria margens para distorções. Algumas aconteciam na forma daquelas que concebiam o “Jardim de Infância” como um lugar exclusivamente para se brincar. Em nome da preservação da infância, qualquer aprendizagem que pudesse ser relacionada a conteúdos formais deveria ser excluída da prática diária. Dessa forma, esquecia-se que a infância é, sobretudo um momento de aprendizagem. Num outro extremo, escolas que identificavam que as crianças tinham vontade de aprender algo mais e gostariam de “mostrar competência” para os pais e a sociedade antecipavam, com pouco ou nenhum critério, conteúdos do chamado primário para dentro do “Jardim de Infância”. Muitos dos pais que matriculam hoje seus filhos na Educação Infantil provêm de um desses modelos de pré-escola e têm, portanto, uma visão equivocada do que seus filhos irão desenvolver nesse período, seja por imaginarem a escola como um lugar exclusivo de brincadeira, ou ainda, como um lugar de antecipação dos conteúdos que serão desenvolvidos nos primeiros anos do Ensino Fundamental. A partir da publicação do Referencial Nacional (RCNs) para a Educação Infantil, as agora chamadas Escolas de Educação Infantil passaram a ter uma referência mais clara do seu papel. Um dos grandes avanços desse documento é que ele põe fim na longa discussão sobre se esse é um momento de brincar ou de ensinar. Os RCNs apontam um modelo definido em três bases: educação infantil é lugar de brincar, cuidar e ensinar!

Brincar porque a brincadeira é reconhecida em qualquer estudo como a forma mais eficiente de a criança compreender o mundo que a cerca e vivenciar os diferentes papéis representados ao seu redor (de papai, de mamãe, de filho, de médico, de policial...). Educação Infantil é lugar de cuidar, mas de uma forma significativa. Não é apenas ter alguém que alimente ou faça a troca do seu filho. É a presença de um profissional que dá significado à ação que está acontecendo com aquela criança naquele momento. Alguém que traga à criança a associação entre o que está sendo feito - a troca - e as sensações que a criança tem a respeito daquele momento: - Vou trocar você; hummm você está ficando limpinho, cheiroso! Além de brincar e cuidar, a educação infantil é um lugar de educar. E essa educação acontece em dois eixos principais: formação pessoal e social, e conhecimento de mundo. Cada um deles agrupa uma riqueza de descobertas e aprendizagens para o seu filho. Mas isso é assunto para uma próxima conversa.

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T / Jacir J. Venturi - Vice- Presidente do Sinepe/PR

O SEDUTOR MUNDO DIGITAL

Nas duas últimas décadas, o mundo sofreu uma vigorosa transformação no nosso modus vivendi et operandi, talvez sem similar na História da humanidade, por conta da informática. Recentemente assombrou e aturdiu a diplomacia mundial o vazamento de informações sigilosas pelo WikiLeaks, a despeito do conspícuo poder de fogo dos governos e das empresas. Os hacktivistas contraatacaram, desencadeando talvez a 1.ª grande guerra cibernética. A internet nos propicia liberdade de expressão, robustece a democracia e cerceia tiranias.

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Bem-vindos ao fantástico e sedutor mundo digital. Mas, se não houver medida correta, bom senso, essas novas tecnologias são perigosas e deletérias. Compare a extraordinária soma de 60 bilhões de e-mails que trafegam diariamente pelos quadrantes da terra, em tempo real, com três relevantes fatos históricos: Em 1865 o assassinato de Abraham Lincoln num Teatro de Washington consternou profundamente aquela jovem nação. De pronto, o comunicado da morte deveria chegar à Inglaterra na embarcação mais célere: levou 13 dias. A notícia da Independência do Brasil, em 1822, muito lentamente se espalhou pelo vasto e inóspito território brasileiro. Chegou a Santa Catarina após inacreditáveis 60 dias. A Apolo 11 que, em julho de 1969 levou o primeiro homem à Lua, tinha uma tecnologia eletrônica elementar: computador com processador de 1 MHz e memória RAM de 1 kb (similar a uma calculadora atual). Como não quero ser prolixo, reitero dois campos em que a informática apresenta significativas metamorfoses. A cada ano aumenta a receita tributária do Estado por conta dos controles e malhas finas operados pelos supercomputadores da Receita Federal, apropriadamente apelidados de tiranorexs. No campo científico, desde a decodificação dos genomas ao cálculo do

EMBED Equation.3 com 1,2 trilhão de casas decimais em apenas 37 h, comparado ao matemático W. Shanks que em 1873 havia calculado manualmente esse número irracional com 707 algarismos e levou 5 anos. Coisa de maluco! No entanto, condena-se o tempo que uma parcela de nossas crianças e jovens dedicam aos games, internet, sites de relacionamentos. São de 2 a 4 horas diárias, comprometendo os estudos, leituras, relações interpessoais, a prática de esportes e a compleição física. Ademais, o excesso – como atestam as pesquisas – tem afetado a saúde mental, pois provoca depressão, insônia e mau humor. Vive-se uma realidade paradoxal: bons papos no Orkut, Facebook, MSN com pessoas de Los Angeles, Amsterdã, Tóquio; mas, com o vizinho de porta, não passa de um breve cumprimento. Os cerca de 51% dos nossos adolescentes que têm computador em casa têm o equipamento dentro do próprio quarto. Longe, portanto, da tutela dos adultos.

A web torna disponíveis conteúdos técnicos e pedagógicos precisos, com visual atraente e em movimento. Em contrapartida, metade de seus bites é descartável, entulho, lixo ou fútil às nossas crianças ou jovens. O crescente desinteresse pelo ensino tradicional é um fenômeno que ocorre no mundo todo. O ambiente hermético “da oralidade e do impresso”, antes prevalecente nas salas de aula, hoje é compartilhado pelas novas tecnologias educacionais. Entre elas, talvez a maior mudança de paradigma tenha sido causada pela internet, que representa uma ruptura com os consagrados modelos pedagógicos. Provavelmente não seja exagero dizer que cabe a divisão A.W. (antes da web) e D.W. (depois da web). Isso porque em nenhum momento da História se ofereceu acesso ao conhecimento de maneira tão ampla e democrática.


ar.ti.go sm

T / Esther Cristina Pereira - Diretora de Ensino Fundamental do Sinepe/PR

Volta à responsabilidade e à disciplina A volta às aulas gera na sociedade algumas transformações perceptíveis e outras, nem tanto. Dentro da escala que podemos perceber, estão os condomínios vazios, as avós voltando às aulas de alongamentos e as ruas com movimento de carros triplicado nos horários de rush. Imperceptíveis, uma escala diferente de disciplina e do comportamento por parte das crianças e também dos pais. Não existe condição de negar: o período de férias gera uma energia e um estado de espírito diferente. Durante as férias, vigora culturalmente no Brasil a leitura que as regras não são para serem vividas. Nas férias, a impressão é a de que tudo pode, tudo vale. Assim, vemos crianças e adolescentes de mãos vazias, enquanto os mais velhos levam cadeiras, guardasóis e toda a parafernália para a praia. Observa-se o lixo todo misturado, enquanto o assunto é discutido diariamente na escola. No horário do almoço, crianças tomam sorvete sob o sol do meio-dia, sem a preocupação da família com o calor excessivo ou riscos de câncer de pele.

Em dias letivos, um simples passeio no parque durante este horário seria impensável, um perigo. Estranhamente, as normas diluem-se no período de férias.

No retorno às aulas, tudo se modifica. É como se, ao reiniciar o ano letivo, a apostila de regras de boas condutas viesse à tona no processo social das famílias e o padrão de cobrança de condutas corretas também se intensifica. A criança chega à escola cheia de novidades sobre a temporada e aí vale a primeira reflexão: são raros os casos de alunos que foram a museus ou algum espaço de cultura com seus pais, quem sabe uma biblioteca pública para o horário do conto. Percebe-se que os pais não consideram importante cultivar o hábito de trabalhar a cultura e a arte. Isso não é férias no nosso país. Percebe-se também que muitas crianças retornam do recesso escolar sem ter passado nem um dia sequer na companhia dos pais. No primeiro dia de férias, foram enviados a casa dos avós, com a desculpa do trabalho dos pais.

Para a escola fica a missão de como adaptar com facilidade a criança num ambiente de disciplina. O que não é fácil, visto que a volta às aulas gera muito estresse para as famílias e muito trabalho para as escolas. Como adaptar, com facilidade, o “tudo pode” para um regime de regras e de convivência em grupo, em que o social é forte e o individual precisa ser preservado para não haver sofrimento? Vale ressaltar que aos pais cabe repensar seus momentos de férias com os filhos, aproveitando o período para intensificar o diálogo e aprofundar a relação familiar. Um exemplo a ser observado na praia, durante as férias, é quantos pais tiram tempo para fazer um castelo com o filho? Aquele castelo feito de areia e água, que gera todo um diálogo e muitas explicações com relação a sua engenharia... Qual será a mãe que faz isso em vez de tomar sol, por horas a fio, esticada na toalha? Vale refletir quantos castelos veremos nas praias neste verão.

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ar.ti.go sm

T / Ademar Batista Pereira – Presidente do Sinepe/PR

O resultado do Pisa da 30

rede particular x rede federal

O resultado médio do ensino público da rede federal no Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes) nas três áreas (leitura, ciência e matemática) foi 528 pontos, contra 502 da rede particular. Numa analise superficial, o ministro da Educação, Fernando Haddad, fez o seguinte comentário: “É uma rede pequena, mas é a prova de que o setor público sabe oferecer uma boa educação. Para isso, tem de remunerar bem o professor, investir em laboratórios e investir em educação integral. Todos são componentes do sucesso educacional”, ressaltou.

Após fazer essas considerações, podemos concluir que a escola particular brasileira vem desempenhando seu papel. Faz uma educação desde a base, inclusiva e respeitando as diferenças e a grande diversidade brasileira.

Se analisarmos mais profundamente, perceberemos que os estudantes das escolas federais ficaram com resultados melhores do que a rede privada brasileira por alguns motivos que dependem da educação particular. Vejamos:

Ao analisarmos os resultados do Pisa com um pouco mais de critério, podemos observar que a Educação Básica no Brasil deixa muito a desejar. Os resultados são muito ruins, pois precisamos considerar que a grande maioria, quase 90% dos nossos estudantes da educação básica, estão nas escolas públicas. Os resultados obtidos nessas escolas são inaceitáveis para um país que precisa crescer e se desenvolver.

As escolas federais brasileiras, aqui incluídas os Colégios Militares e os CEFET’s - Centros Federais de Educação - fazem vestibulares com mais de 50 candidatos por vaga. Invariavelmente os aprovados são oriundos das melhores escolas particulares. Essas instituições têm excelente infra-estrutura, com investimentos de mais de R$900,00/mês por aluno, em custo. As escolas particulares mais caras podem ultrapassar esse valor, mas de faturamento. Precisamos considerar que as escolas particulares pagam impostos, base de 40% de sua receita.

Fica evidente a maior eficiência da iniciativa privada, tanto no que diz respeito à qualidade do ensino oferecido, bem como na gestão dos recursos arrecadados com as mensalidades, pois além de praticar preços mais adequados do que as escolas públicas da rede federal, ainda contribui para a arrecadação de impostos.

Os resultados divulgados colocam a escola particular brasileira entre os 10 países melhores avaliados, ou seja, a escola particular vai bem, obrigado, apesar de todos os percalços.


expoente: 25 Anos escrevendo históriAs e construindo novAs gerAções.

1986 / inAugurAção e Primeiro diA de AulA 1987 / criAção de mAteriAl didático exclusivo 1994 / imPlAntAção do centro de excelênciA exPoente

1991 / inAugurAção dA segundA unidAde do gruPo em curitiBA 1999 / gruPo exPoente filiA-se Ao ProgrAmA de escolAs AssociAdAs dA unesco

2001 / criAção dA exPoente soluções tecnológicAs 2002 / lAnçAmento dA unidAde de ensino suPerior exPoente 2007 / unidAde exPoente águA verde tornA-se um dos mAis modernos Prédios escolAres do PAís 2008 / fAculdAde exPoente é A únicA do PArAná A Atingir notA máximA no enAde nA áreA tecnológicA 2011 / gruPo exPoente celeBrA 25 Anos de excelênciA em educAção, com método didático e mAteriAis consAgrAdos no BrAsil

não é o conhecimento que faz história, são as pessoas. Por isso, nosso maior orgulho é ter participado da vida de muita gente, espalhando conhecimento, ajudando a mudar o mundo. o que começou como um colégio, hoje é um grupo de ensino, uma instituição dotada de sedes próprias, que oferecem da educação infantil ao ensino superior, com método didático e materiais consagrados em todo o Brasil. são 25 anos, aprendendo mais a cada dia, inovando sempre, construindo gerações, fazendo história.

Acesse www.expoente.com.br/25anos e conheça a história toda.



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