Revista Escada 06

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número 06 | ano 02 abril a junho 2011 Publicação Sinepe/PR

Bullying e cyber bullying: Como agir contra eles? Entrevista Tião Rocha explica a diferença entre educação e escolarização

Hora certa Quando seu filho pode começar a pegar ônibus e ir ao shopping sozinho?

Escolha profissional Fazer vestibular no meio do ano vale a pena?




e.di.to.ri.al

ex.pe.di.en.te

adj m+f

adj m+f

Conselho Diretor gestão 2010/2012

Educar é um processo que ultrapassa os limites da escola. Envolve professores, alunos,

familiares e toda a sociedade. Nesta edição da Escada, o antropólogo Tião Rocha mostra como está levando educação para mais de 20 cidades brasileiras e países como Angola e Moçambique. A Escada traz também reportagens de comportamento, afinal os reflexos de nossas ações influenciam diretamente nossos filhos, que consequentemente são alunos e cidadãos. É o caso da matéria que aborda como uma separação pode influenciar a vida escolar das crianças. Discutimos também o que é o bullying e como preveni-lo.

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Para aqueles que já estão com os alunos/filhos no Ensino Fundamental, a Escada debate qual o momento de dar mais liberdade aos adolescentes que já querem se virar sozinhos. Para quem tenta entrar na Universidade, a revista aborda ainda as vantagens e desvantagens de prestar os vestibulares no meio do ano. Quem já passou dessa fase, deve ficar atento à transição do Ensino Superior no Brasil, que ganha fôlego para voltar a crescer e atingir todas as classes sociais.

Diretoria de Ensino Diretor de Ensino Superior Diretor de Ensino Médio/Técnico Diretor de Ensino Fundamental Diretor de Ensino da Educação Infantil Diretor de Ensino dos Cursos Livres Diretor de Ensino dos Cursos de Idiomas Diretor de Ensino das Academias

José Antonio Karam Gilberto Vizini Vieira Esther Cristina Pereira Noely Luiza D. Santos José Luis Chong Jaime M. Marinero Vanegas Ana Dayse Cunha Agulham

Conselheiros 1º Conselheiro Jorge Apóstolos Siarcos 2º Conselheiro Pedro Roberto Wiens 3º Conselheiro Raquel Momm de Camargo 4º Conselheiro Irmão Frederico Unterberger 5º Conselheiro Paulo Arns da Cunha 6º Conselheiro Durval Antunes Filho 7º Conselheiro Roberto A. Pietrobelli Mongruel 8º Conselheiro Juliana Toniolo Sandrini 9º Conselheiro Renato Ribas Vaz 10º Conselheiro Magdal J. Frigotto 11º Conselheiro Vanessa C. Sanches Conselho Fiscal Efetivos Orlando Serbena Márcia E. Dequech Henrique Erich Wiens

Suplentes Elvis Tadeu Gilioli Edison Luiz Ribeiro Ir. Anete Giordani

Delegados Representantes - Fenep Ademar Batista Pereira José Manoel de Macedo Caron Jr. Diretorias regionais SINEPE/PR - Regional Oeste (Cascavel) Diretor Presidente Adilson J. Siqueira
 Diretor de Ensino Superior Maria Débora Venturin
 Diretor de Ensino da Educação Básica Lauro Daros Irmã Mareli A. Fernandes Diretor de Ensino da Educação Infantil Ione Plazza Hilgert
 Diretor dos Cursos livres/Idiomas Denise Veronesi Trivelatto

Boa leitura! Ademar Batista Pereira Presidente

Revista Escada Publicação periódica de caráter informativo com circulação dirigida e gratuita. Desenvolvida para o Sinepe/PR. Editada pela Editora Inventa Ltda - CNPJ 11.870.080/0001-52 Rua Heitor Stockler de França, 356 - 1º andar - Centro Cívico - Curitiba - PR Conteúdo IEME Comunicação www.iemecomunicacao.com.br Jornalista Responsável

Taís Mainardes DRT/PR 6380

Redação

Marília Bobato, Taís Mainardes, Eduardo Santana, Ana Carolina Bendlin, Thaísa Carolina, Felipe Gollnik, Eduardo do Valle, Flávia Ferreira, Suelen Sava

Projeto gráfico e ilustrações

D-Lab – www.dlab.com.br

Revisão

Adriana Brum

Comercialização Márcio M. Mocellin, Ana Amaral e Verônica Souza Críticas e sugestões

escada@editorainventa.com.br

Comercial

comercial@editorainventa.com.br

Os artigos assinados são de responsabilidade de seus autores e não expressam, necessariamente, a opinião desta revista. Conselho editorial Jacir J. Venturi, José Manoel de Macedo Caron Jr. Márcio M. Mocellin Aprovação Ademar Batista Pereira Tiragem Impressão e acabamento Logística e Distribuição

Diretoria Executiva Presidente Ademar Batista Pereira 1º Vice-Presidente Jacir José Venturi 2º Vice-Presidente Oriovisto Guimarães Diretor Administrativo Ailton R. Dörl Diretor Econômico/Financeiro Rosa Maria C. V. de Barros Diretor de Legislação e Normas Maria Luiza Xavier Cordeiro Diretor de Planejamento José Manoel de Macedo Caron Jr.

11 mil exemplares Reproset A&D Comercial

SINEPE/PR - Regional Cataratas (Foz do Iguaçu) Diretor Presidente Artur Gustavo Rial Diretor de Ensino Superior Fouad Mohamad Fakin Diretor de Ensino da Educação Básica Antonio Neves da Costa e Antonio Krefta Diretor de Ensino da Educação Infantil Larissa Jardim Zeni Diretor de Ensino dos Cursos Livres/Idiomas Márcia Nardi e Fabiano de Augustinho SINEPE/PR - Regional Sudoeste (Pato Branco/Francisco Beltrão) Diretor Presidente Ivone Maria Pretto Guerra Diretor de Ensino Superior Hélio Jair dos Santos Diretor de Ensino da Educação Básica João Carlos Rossi Donadel Diretor de Ensino da Educação Infantil Amazilia Roseli de Abreu Pastorello Diretor de Ensino dos Cursos Livres/Idiomas Vanessa Pretto Guerra Stefani SINEPE/PR - Regional Campos Gerais (Ponta Grossa) Diretor Presidente Osni Mongruel Junior Diretor de Ensino Superior Marco Antônio Razouk Diretor de Ensino da Educação Básica Irmã Edites Bet Diretor de Ensino da Educação Infantil Maria de Fátima Pacheco Rodrigues Diretor de Ensino dos Cursos Livres/Idiomas Paul Chaves Watkins Diretoria da Regional Central Diretor Presidente Diretor de Ensino Superior Diretor de Ensino da Educação Básica Diretor de Ensino da Educação Infantil Diretor dos Cursos livres/Idiomas

Antonia Eliane Vezzaro Salette Silveira Azevedo Telma E. A. Leh Cristiane Siqueira de Macedo Marcos Aurélio Lemos de Mattos


ins.ti.tu.cio.nal adj

O Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino do Estado do Paraná – Sinepe/PR oferece às instituições associadas apoio e orientação necessários ao bom desempenho de suas atividades nas áreas pedagógica, administrativa, contábil, jurídica e de imprensa.

Atualmente, são mais de 2 mil instituições associadas que utilizam estes serviços ofertados na sede em Curitiba e também em cinco regionais: Oeste (Cascavel), Cataratas (Foz do Iguaçu), Sudoeste (Pato Branco/Francisco Beltrão), Campos Gerais (Ponta Grossa) e Central (Guarapuava / União da Vitória). O Sindicato representa as escolas através de ações que possam conquistar ganhos para todo o grupo, seja junto ao poder público, aos meios de comunicação e na esfera jurídica. Propicia, ainda, meios para aprimorar a atuação dos estabelecimentos de ensino, através de atividades educacionais e culturais, promovendo a conduta ética dos seus associados. Ao longo de mais de 60 anos de trabalho, o Sinepe/PR também passou a desenvolver e praticar ações de responsabilidade social com diversos projetos como o Amo Curitiba Ações Voluntárias e o Planeta Reciclável.

Mais informações e serviços: www.escolaparticularpr.com.br.

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ín.di.ce sm

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08/09.

As férias estão chegando

10/11.

Pais separados

12/13.

Um passo de cada vez

14/15.

Super-herói do exemplo

16/19.

Entrevista: Tião Rocha

20/21.

Vestibular de inverno

22/23.

Hora de mudança

24.

A favor do meio ambiente

26.

Momento Cultural

27.

Artigo.

Raquel Momm de Camargo

28.

Artigo.

Jacir J. Venturi

29.

Artigo.

Esther Cristina Pereira

30.

Artigo.

Ademar Batista Pereira

COMENTÁRIOS Diferente do que foi publicado na edição 5 da Revista Escada, página 19, o Programa Esporte Cidadão Unilever não foi extinto no Paraná e continua com suas atividades sob a coordenação do Instituto Compartilhar. Para mais informações sobre o Instituto Compartilhar e o trabalho social do técnico Bernardinho, acesse: www.compartilhar.org.br. Na reportagem EaD com Qualidade, páginas 7 e 8, da edição 5 da Revista Escada, foram citadas instituições de ensino paranaenses credenciadas pelo MEC para ofertar cursos a distância. No entanto, o Sinepe/PR gostaria de informar que existem outras instituições de ensino nacionais credenciados ao MEC que atuam também no Estado do Paraná através de pólos. Todas as instituições de ensino podem ser consultadas no endereço: http://siead.mec.gov.br


ins.ti.tu.cio.nal adj

“Selo Escola Legal”

Para orientar os pais na busca de instituições de ensino regularizadas perante os órgãos oficiais, em especial, com a autorização de funcionamento das Secretarias de Educação (Estadual e/ou Municipal),o Sindicato das Escolas Particulares - Sinepe/PR lançou a décima segunda edição do Selo Escola Legal. O selo 2011 é na cor vermelha e é válido até dezembro.

Quero receber o “Selo Escola Legal” Somente as escolas associadas podem obter o selo emitido pelo SINEPE/PR. Para solicitar o Selo 2011 é necessário enviar cópia dos seguintes documentos por fax (41) 3078-6934, via correio ou digitalizados para o e-mail: jean@sinepepr.org.br. – Resolução que autoriza o funcionamento (expedida pelas Secretarias de Educação Estadual e/ou Municipal); – Alvará da Prefeitura; – CNPJ do Ministério da Fazenda. Para garantir a seriedade/segurança da campanha, todas as instituições de ensino devem encaminhar ao Sindicato os documentos citados (dentro da validade), além de estar em dia com as contribuições sociais junto ao SINEPE/PR. Mais informações: (41) 3078-6933.

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T/ Marília Bobato

estão chegando

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Nossa vida é fazer histórias. histórias que marcam gerações.


As férias escolares trazem às

famílias muitas dúvidas em relação ao que proporcionar às suas crianças nesse período. A primeira idéia é quase sempre planejar uma viagem, mas hoje, tornouse difícil fazer coincidir o período de férias do casal junto com o dos seus filhos. De toda forma, se seu filho for viajar – seja com a família, amigos ou sozinho - e vai ficar hospedado na casa de algum conhecido ou mesmo hotel, algumas regras de comportamento são fundamentais. Confira as dicas da especialista em Psicopedagogia e Educação Especial, Maria Irene de como orientar as crianças a viajar sozinha:

- Não falar alto demais, assim como respeitar o sono dos outros à noite; - Jamais interromper a conversa de adultos; - Procurar conhecer e seguir as normas da casa; - Lembrar de ser cordial e respeitoso com todos os membros da casa, com outros hóspedes, idosos, crianças pequenas, funcionários, animais de estimação, etc; - Discussões devem ser evitadas a todo custo. Vale seguir aquelas regrinhas básicas como pedir licença para levantar, respeitar os horários, etc; - Na mesa não falar com a boca cheia de comida, usar devidamente o guardanapo, lembrar de que talheres não são armas, sentar-se corretamente nas cadeiras e conservar os cotovelos fora da mesa; - Ao se despedir, deixar uma boa lembrança, agradecendo a hospitalidade e já se preparando para um novo convite!

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T / Taís Mainardes C / Suelen Sava

SE-PA-RA-DOS

“Ninguém casa para separar”, diz um velho ditado popular. “Ninguém casa para ser infeliz”, completam milhões de divorciados mundo afora. Para cada cinco casamentos, acontece um divórcio no Brasil. É o que mostra a Estatística do Registro Civil,

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divulgada em novembro de 2010 pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas). Apesar de as separações – sejam elas judiciais, de casamentos oficiais ou uniões estáveis - não serem mais os escândalos que já foram um dia para a sociedade, não há como negar que se trata de um processo doloroso tanto para os envolvidos como para todos que de alguma forma fazem parte daquela união, como pais, mães e, especialmente, filhos.

Como o desempenho escolar está ligado ao que acontece no ambiente familiar da criança, os processos de separação podem interferir nesse setor da vida dos filhos. “Há uma estreita relação entre o lar e a escola, por isso, uma grande parte dos problemas educacionais infantis está ligada a dificuldades originadas em casa”, afirma a professora do Núcleo Psicopedagógico da Educação Infantil do Colégio Marista Santa Maria, Ana Paula Detzel. Para a diretora da Escola Projeto 21 (antiga Palmares), Emília Hardy, cabe à escola observar, sensibilizar. “Sabendo da situação, a professora poderá ajudar a descobrir um pouco do que se passa na cabeça da criança e fazê-la falar a respeito. Caso perceba-se que é necessário um trabalho mais profundo, deve ser feito em outra instância, com psicólogos”, explica. Para diminuir as possibilidades de mau desempenho durante o período letivo, é preciso atender da melhor forma possível as necessidades das crianças. Nesse caso, a justiça também resolve a questão dividindo igualitariamente os deveres entre os pais, proporcionando o bem estar dos filhos e não colocando a escola no fogo cruzado da partilha de funções do pai e da mãe. O assessor jurídico do Sinepe/PR, Juliano Siqueira de Oliveira, afirma que, independente de quem for o contratante na escola, o poder familiar ainda está acima de tudo. “Por essa razão, o pai que não seja o contratante dos serviços da instituição continua imbuído no direito de receber todas as informações acerca do andamento pedagógico dos serviços prestados – notas, faltas – excluindo-se somente as questões contratuais e, especialmente, a financeira”, explica o advogado.


É assim o caso de Rafael Fabri que, com sua ex-esposa, participa ativamente da vida extracurricular de Letícia Fabri, 6 anos. “Sempre procuramos acompanhar o desenvolvimento escolar dela, seja nas tarefas de casa ou pelo portal do colégio, onde sabemos de tudo que acontece com a vida escolar dela, desde os comunicados semanais, eventos, boletim parcial, faltas”, afirma. Além de estar presente na rotina escolar, o acordo vai além: a liberdade de Letícia de escolher a hora que deseja ver o pai fora dos dias estipulados é um acordo que os pais definiram para não prejudicar o desenvolvimento da filha. Mas cada acordo é um acordo. Monica Demachi, por exemplo, divide judicialmente com

o ex-marido as responsabilidades com o filho Victor Demachi de Oliveira, 4 anos. O pai é responsável pelo financeiro enquanto a mãe cuida da parte pedagógica. Para se adaptar à nova fase, Victor precisou de acompanhamento profissional. Os primeiros sintomas apareceram na escola e logo foram notados pelos professores: atitudes agressivas chamaram a atenção e Monica passou a receber avisos de que o filho estava desobediente e desinteressado pelas tarefas. Com a ajuda de um terapeuta, Monica passou a compreender e dividir mais as emoções com o filho, dando a atenção necessária para que ele entendesse a nova situação família. A evolução surgiu quando a mãe percebeu que era

preciso auxiliar ao invés de punir os comportamentos alterados na escola. “Graças à nossa terapeuta, aprendemos a apoiá-lo e não puní-lo com mais perdas”, conta a mãe. Apesar de o papel da escola não ser desenvolver um trabalho psicológico mais profundo, Emília Hardy explica que a instituição pode ser a tradutora para os pais de como a criança está. “Muitas vezes, a escola é o ambiente social da criança, onde aparecem as manifestações. Nesses casos, ela pode auxiliar informando os pais”, diz. “Para tanto, é fundamental que exista uma relação de confiança entre a escola e a família, uma relação de parceria”, completa a diretora.

COMO AGIR COM OS FILHOS O processo de separação pode ser resultado ou seguido de uma série de brigas entre os pais. Mas é claro que não são apenas pais separados que enfrentam situações difíceis que podem acabar resultando em discórdias na frente dos filhos. Sabendo disso, a revista Escada selecionou algumas dicas para que as crianças não fiquem traumatizadas em meio a brigas e discussões:

1.

Evite ao máximo brigar seriamente na frente dos filhos, especialmente crianças pequenas. Lembre-se que elas podem acordar durante uma briga, por isso, evite discutir quando os filhos estiverem no mesmo local.

2.

Caso os filhos presenciem uma discussão, é preciso que eles vejam a resolução da situação para aprender que conflitos são normais e podem ser resolvidos através da comunicação. É importante deixar claro que as crianças não são culpadas de nada e, para tanto, é válido sentar com os pequenos e dizer as palavras: você (s) não tem culpa alguma do que está acontecendo ou aconteceu!

3.

Jamais inclua os filhos em uma briga, tampouco peça que eles tomem partido de um ou de outro.

4. Se sair do sério, explique ao filho que a falta de controle foi um erro, um momento de nervosismo, e peça desculpas. Não prometa que isso não vai mais acontecer - já que, caso volte a ocorrer, suas promessas perderão valor para com seu filho.

5.

Lembre-se sempre que as crianças são sensíveis, observadoras e perceptivas, sentindo facilmente tensões, segredos e malestar. Converse com seu filho bastante durante todo o processo de discórdias, tentando não apenas esclarecer as dúvidas mas também conhecer e entender o que está se passando na cabeça dele.

6.

Em caso de separação, procure consultar e orientar a escola sobre o processo mesmo que a criança não demonstre nenhuma alteração comportamental em casa (ela pode estar demonstrando em sala de aula).

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T / Eduardo do Valle

12 12

de cada vez Com a chegada da adolescência, um novo mundo se abre para ser explorado pelos jovens. Mas, qual é a hora certa de dar liberdade a eles? Art. 4º É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária. - Estatuto da Criança e do Adolescente


O trecho ao lado, retirado do Estatuto da Criança e do Adolescente, refere-se aos direitos dessas duas categorias. Essa mesma lei vai mais longe e define o conceito de “criança” (pessoa até doze anos) e “adolescente” (pessoas com idade entre 12 e 18 anos). Na lei, essa divisão parece simples. No entanto, mais de duas décadas depois da aprovação da regulamentação, pais e educadores ainda sofrem com a difícil passagem entre as duas fases. Com hormônios à flor da pele e cada vez mais responsabilidades, muitos jovens oscilam entre a infantilidade e a maturidade– o que é um grande problema na hora de dar liberdade a eles. A coordenadora do Colégio Medianeira, Eliane Zaionc, é enfática: não existe um momento específico em que as crianças passam a ser adolescentes e livres. “Esse é um processo gradual”, afirma, “depende de alguns aspectos, especialmente do grau de maturidade”. Para muitos autores da área, a idade passagem da infância para a adolescência acontece, de fato, aos 12 anos. Ainda assim, diz Eliane, não é possível definir um momento único para isso.

comum hoje em dia, pode acabar antecipando uma “pequena vida adulta”, com decisões que não cabem a jovens, mas a seus pais. Sem limites claros, o risco é a falta de respeito a regras. “Em primeiro lugar”, diz Alessandra, “é preciso conhecer o filho que temos”. Ela, que é mãe de duas garotas, afirma que o desenvolvimento da maturidade varia de criança pra criança. “Não se pode achar que educando as duas da mesma forma, ambas tenham as mesmas obrigações”, afirma. A concessão da liberdade é condicionada ao desenvolvimento pessoal de cada um. Eliane concorda com a mãe das meninas: “maturidade não é a mesma coisa que idade. Uns se desenvolvem antes e outros depois; as atividades que estão claras pra uns podem não estar para outros”.

Hora da “responsa” Para a pedagoga Eliane, o ideal é acompanhar de perto o adolescente até o fim do Ensino Médio, liberando gradualmente e, principalmente, sentindo

13 13 “O desenvolvimento é uma soma de fatores, que não se resumem ao desenvolvimento neurobiológico. A literatura diz uma coisa. Na prática, é outra”, afirma. De modo geral, pode-se afirmar que a liberdade está ligada à maturidade, que por sua vez, caminha de acordo com a educação, a sociabilidade e ao senso crítico do jovem. “Não adianta ter uma ideologia de liberdade para o filho se o comprometimento dele não corresponder a esta ideologia”, afirma Eliane.

Liberdade vigiada

Decidir as coisas por alguém não é tarefa fácil, especialmente quando se está decidindo por quem começa a formar opiniões fortes e a agir por conta própria. Para Alessandra Ferreira Kozlowski, mãe das “não-tão-pequenas” Isadora, 11 anos, e Gabriela, 8, a liberdade deve ter limites claros. “Desde o início busquei atender a demanda por liberdade que elas tinham, mas sempre de forma vigiada, supervisionada”, explica. Para a assessora pedagógica do Colégio Novo Ateneu, Alessandra Rossetto, essa é a melhor opção. Para ela, a perda de referências paternas, tão

como o jovem reage a essa liberdade. “Entre 14 e 15 anos, a maioria já consegue ter um bom discernimento quando exposta a situações de risco”, diz Eliane, ressaltando que, quando se trata de desenvolvimento, não existe regra. A dica da coordenadora Alessandra é liberar, mas olhar de perto, para verificar como a criança está assimilando as novas possibilidades. Em geral, ambas concordam que os educadores – tanto pais quanto escola – não podem deixar a tomada de decisões por completo nas mãos dos jovens. Com uma filha criança e outra pré-adolescente, a mãe Alessandra é decisiva: na rua, as meninas não saem sozinhas. De ônibus, nem pensar. Em festinhas, só quando os pais de quem convida estão presentes. Ela explica: “Apesar de parecer um controle muito grande, essa é uma época perigosa. Na minha infância podíamos fazer isso, mas hoje, não mais”, afirma. Quando questionada se as filhas recebem bem o controle, ela ri: “nem sempre, mas no geral elas entendem”. E quando essa tão idealizada liberdade deve acontecer para as meninas? “Assim que elas tiverem consigo a preocupação que nós temos com elas, mas elas estão indo bem. Logo, logo chegam lá.”


T / Felipe Gollnick

HERÓIS DO EXEMPLO O Bullying é caso grave no ambiente escolar. Mas, como agir contra ele?

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Tic-tac, tic-tac. Na sala de aula de uma turma do 7º ano, o estômago de Joãozinho começa a roncar. Faltam poucos minutos para o intervalo e logo ele poderá correr à cantina para comprar um lanchinho, mas o relógio insiste em andar devagar. Quando o sinal toca estridente no corredor, a professora termina a explicação e os alunos se levantam, agitados, querendo ir rapidamente para fora da sala. Aliviado, o garoto com fome tira uma nota de R$ 5 da mochila e, enquanto veste um casaco, a deixa por alguns segundos em cima da mesa. Nesse instante seu colega Fulaninho, que todos os dias senta-se atrás dele, aproveita o momento de distração, rapidamente pega a nota e a ergue alto. Todos os outros alunos ficam olhando a situação. Joãozinho, surpreso, grita: “Devolve!”, mas o colega não dá nenhum sinal de querer fazê-lo. Em vez disso, pede para que Joãozinho traga mais dinheiro na manhã seguinte e sai correndo da sala. Nos próximos dias, situações semelhantes acontecem, sempre com Fulaninho como o chato da história. A situação acima é hipotética, mas ilustra um fenômeno que cada vez está mais presente no cotidiano das escolas: o bullying. O termo em inglês significa “qualquer prática de violência física ou psicológica, intencional e repetitiva (...) que ocorra sem motivação evidente, praticada por um indivíduo ou grupo de indivíduos, contra uma ou mais pessoas, com o objetivo de intimidar, agredir fisicamente, isolar, humilhar, ou ambos”. A intenção seria causar dano físico ou emocional à vítima, que normalmente aparenta ser mais frágil e está em uma relação desigual de poder com o agressor.


A definição está na Lei Antibullying, existente em várias cidades do país e aprovada em novembro de 2010 pela Câmara Municipal de Curitiba. O texto classifica ainda como bullying práticas como agressões físicas ou verbais, submissão à humilhação e situações constrangedoras, furto de bens alheios e atribuição de apelidos humilhantes ou comentários intolerantes quanto a diferenças econômico-sociais, entre outras atitudes. O documento também menciona o cyber bullying, no qual essas práticas intimidadoras são praticadas na internet, em blogs e redes sociais como Orkut, Facebook e Twitter. A repetição do assunto na mídia, no entanto pode levar a confusões com o termo. Segundo o psicólogo e mestre em Educação Marcos Meier, “não há bullying quando uma criança briga com a outra ou quando existe uma troca de xingamentos – isso é problema de agressividade mal dirigida.” Para ele, a palavra de origem inglesa deve designar apenas casos em que as agressões são feitas por uma ou mais pessoas contra outras mais fracas ou com menos poder.

Melhor prevenir que remediar

O bullying pode acontecer em qualquer idade, mas tende a acentuar-se entre os nove e dez anos de idade e na pré-adolescência. Entre os meninos, os mais comuns são provocações, apelidos, imposição de desafios impossíveis de serem realizados pela vítima, entre outros tipos de humilhação. Entre as meninas, as agressões tendem a ser mais discretas: “É muito comum elas formarem panelinhas e acabarem excluindo as meninas diferentes. Ficam de fora a gordinha, a pobre, a negra, a descendente de orientais, a mais alta, a muito baixa e assim vai”, explica Meier. Elas seriam isoladas no silêncio, sem convites para brincar, para fazer parte dos trabalhos da escola ou até para festas de aniversário. “O sofrimento é grande, mas os adultos demoram a perceber”, diz o psicólogo.

Para tentar sanar o problema, medidas de combate e prevenção precisam partir da filosofia da própria instituição de ensino. Na opinião da diretora pedagógica do Cantinho Saint Michel, Jacinta Caron, “a escola precisa educar não apenas para o vestibular, mas para a vida.” Uma saída seria, então, trabalhar sempre no ensino de valores como os direitos individuais do homem. Relatar acontecimentos como a Revolução Francesa e seus propósitos, por exemplo. “É preciso deixar claro que há leis que garantem os direitos humanos – bem como todas as disciplinas escolares precisam falar a mesma língua em um trabalho de educação que seja mais próximo ao aluno, em favor da cidadania”, completa a diretora. Dinâmicas de grupo também podem ajudar. Em práticas que estimulem a reflexão, os alunos conjuntamente podem perceber que o bullying é uma atitude ruim. Assim, o próprio grupo poderá condenar e intimidar o agressor, que não terá em seus colegas o respaldo necessário para agir dessa forma. Segundo o assessor jurídico do Sindicato das Escolas Particulares do Paraná (Sinepe/PR), Juliano Siqueira de Oliveira, “as escolas devem ficar cada vez mais atentas ao comportamento de seus alunos, agindo de maneira preventiva em relação a práticas segregatórias que possam ser caracterizadas como bullying”. Apesar de muitos desses casos terem origem na formação dada em casa, a instituição pode ser culpada por negligência se não agir de maneira adequada na prevenção desses incidentes. É fundamental que os exemplos de comportamento venham dos adultos, afirma Jacinta Caron. “A atitude deles precisa ser ‘faça o que eu digo, faça o que eu faço’”. Nessa empreitada, as escolas precisam ter a parceria dos pais, que não podem nunca deixar de fazer a sua parte durante o processo de educação das crianças e adolescentes. Quando pais e responsáveis dos agressores se recusarem a ver seus filhos dessa maneira (ou tiverem dificuldades para enxergá-los nesse papel), pouco poderá ser feito pela instituição de ensino. “A escola pode conversar, educar, sugerir, aplicar medidas sócio-educativas e simplesmente nada terá efeito”, diz Marcos Meier.

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en.tre.vis.ta / TiĂŁo Rocha T / MarĂ­lia Bobato F / Danilo Verpa

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Educação Escolarização Antropólogo por formação acadêmica, educador popular por opção política e folclorista por necessidade.

Tião Rocha é o responsável pelo Centro Popular de Cultura e Desenvolvimento (CPCD), uma organização não governamental, sem fins lucrativos, fundada em 1984, em Belo Horizonte/MG. A missão: educar. O formato: pedagogia do abraço, do brinquedo, da roda. O local: embaixo de um pé de manga ou onde tiver interessados. Colecionador de prêmios por sua iniciativa, Tião convida os brasileiros a sair do estado de latência, das discussões sem fim em congressos e fóruns para praticar a Educação. Em entrevista para a revista Escada, falou durante uma hora em ritmo acelerado. Ao fundo, música instrumental que, segundo o mineiro, rege seu trabalho tanto para inspirar como para relaxar, se é que isso é possível para quem quer construir cidades educativas.

Revista Escada - O folclore brasileiro é muito rico e passa mensagens através de gerações. A educação também tem essa função? Tião Rocha - O folclore é uma das áreas da Antropologia, é cultura popular. Tem a ver com as minhas origens, então primeiro foi uma necessidade pessoal, porque percebi que o sentido da vida está na cultura herdada e na continuidade. Depois veio como um instrumento de aprendizagem e para mim a educação é isso, é no plural, é troca. Então, o folclore é uma bela forma de conhecimento. RE - Você atuou durante anos como professor. Como foi a decisão de se distanciar da sala de aula? T - Tive o que os americanos chamam de insight, que para nós mineiros é um clarão mesmo. Na época decidi: não quero mais ser professor, quero ser um educador. Porque professor é aquele que ensina, enquanto educador é quem aprende. Isso foi há quase 30 anos, eu era professor da Universidade Federal de Ouro Preto e percebi que era um tal de “eu te cito, você me cita”. Os temas importantes ficavam apenas entre as pessoas que assistiam e participavam das bancas, até porque eram pagos para isso. Então, as portas foram se fechando, enquanto eu queria que se abrissem. E decidi pedir a conta, era concursado e até então nenhum professor nunca havia pedido demissão.

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É possível aprender em todos os lugares, na rua, no convívio com o outro... RE - Como vê a educação brasileira hoje? T - Existe uma diferença muito grande entre educação e escolarização. Mas é importante lembrar que a escola é um reflexo da sociedade. Escola é o local de escolarização, já a educação é um processo permanente, até porque a aprendizagem é para a vida toda. É possível aprender em todos os lugares, na rua, no convívio com o outro... Hoje escuto muita gente dizendo: “estou estudando para ser alguém na vida”. Diploma eleva salários, cargos... mas essa é outra história.

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RE - Então é possível fazer educação sem escola? T - Sim, nas localidades que o CPCD começou suas atividades não havia escola, ou onde existia, alguns estudantes iam e outros não. Mas frequentavam pelos mais diversos motivos, como merenda, Bolsa-Família. Isso faz parte de uma política seletiva, excludente e preconceituosa que prioriza números sem qualidade e acaba gerando um processo de indiferença. RE – Como ficam alunos, professores e a escola nesse cenário? T - É preciso uma mudança por parte de pais e alunos, que eles sejam aliados dos professores. E se quiserem brigar, essa briga deve ser contra o sistema. Nesse processo de mudança, a missão de toda escola seria não perder nenhum aluno. Assim, a escola vai ser referência e encontrar seu foco: a escola quer formar cidadãos ou pessoas para o mercado de trabalho? Trata-se de uma mudança ética. RE – Mas, como ensinar ética para uma sociedade? T - Defendo a criação do setor zero. O mundo está dividido em 1º setor que é o Estado; 2º setor, o mercado e 3º, a sociedade. O setor zero seria comandado pela ética, com corrupção zero, fome zero, analfabetismo zero. RE - Foi a partir disso que surgiu o Centro Popular de Cultura e Desenvolvimento? T - O CPCD surgiu com um grupo de amigos a partir da minha vontade de aprender. Trata-se um instituto que faz perguntas.

RE - Os projetos do CPCD estão em mais de 20 cidades brasileiras e em três países (Angola, Moçambique e Guiné-Bissau). Quantas pessoas já foram beneficiadas pelo CPCD até hoje? T - São 27 anos de trabalho e cerca de 2 mil meninos por ano, o que significa mais de 50 mil alunos. Dali também formamos muitos educadores que dão continuidade ao nosso trabalho. São pessoas generosas que aplicam a pedagogia do abraço, do brinquedo, da roda, nossa forma de ensinar. No Maranhão, por exemplo, a pedagogia foi usada para salvar os meninos da mortalidade infantil. Na região, percebemos que os médicos entendem de doença e não de saúde; lá as crianças estavam morrendo aos borbotões. Foi pela ética, nosso instrumento de formação, que percebemos que dá para ter saúde sem médico, sem hospitais. Pela educação foi possível ensinar hábitos saudáveis para aquela população e diminuir os casos de mortalidade infantil. Essa é nossa pedagogia. RE - O que você espera dos cidadãos que participam do Centro Popular de Cultura e Desenvolvimento? T - Que sejam felizes. Essa é nossa razão de viver, até porque vida não tem segundo turno. O que todo cidadão precisa é ser livre, feliz, ter saúde e educação.


Conheça alguns projetos sociais do Centro Popular de Desenvolvimento e Cultura: Projeto Sementinha [Escola debaixo do pé de manga]

RE - Você já provou que é possível fazer educação em baixo de um pé de manga com o Projeto Sementinha, além de outros inúmeros projetos do CPDC. Onde vocês desejam chegar? T - Tenho pressa, meu tempo é reduzido e minha missão é maior. Quero praticar projetos abrangentes, precisamos construir cidades educativas. Cidades com oportunidades de aprendizado, com bibliotecas 24 horas que seriam tão importantes quanto os hospitais 24 horas. A lógica hoje são plataformas, não mais projetos. Uma plataforma sustentável que é possível em cidades com até 50 mil habitantes, que é 95% do Brasil.

Foi o primeiro projeto desenvolvido pelo CPCD. Teve inicio em 1984 na cidade de Curvelo (MG). É destinado a crianças de 4 a 6 anos, não atendidas pela rede pública e particular. O projeto desenvolve a auto-estima e a identidade, trabalha a consciência corporal e cuidados da higiene e saúde. Procura cultivar em cada criança a semente dos valores de cidadania. O Sementinha, dentro da sua concepção de um projeto itinerante, desenvolve a maioria das atividades na própria comunidade por meio de passeios e excursões com o objetivo de melhor conhecer e engajar a cultura local. Transforma todos os espaços em “escola” e toda “escola” em centro de cultura comunitária. Cidade Educativa [De UTI Educacional à Cidade Educativa] O princípio norteador da proposta baseia-se na crença e na convicção que, mais do que a denúncia de nossas mazelas sociais e exposição dos retratos de nossas misérias econômicas e de nossas injustas relações humanas, temos em cada comunidade, por mais distante, pobre, longínqua ou carente que seja, um acervo significativo de respostas e alternativas, capazes de mudar radicalmente o quadro da desigualdade social e o “status” de imobilismo em que se encontra. A proposta é dar a todos os saberes, fazeres e quereres sociais existentes nas diversas comunidades rurais e periféricas de Araçuaí, o espaço privilegiado do conhecimento a ser apreendido, ou, em outras palavras, pensar e agir para transformar cada uma destas microcomunidades em núcleos geradores de aprendizagem permanente para todos os meninos e jovens da cidade.

Semelhante à UTI médica, a UTI educacional também pressupõe a existência de uma série de procedimentos: urgência do atendimento, eficácia das condutas, atenção e cuidados redobrados, convocatória do que há de melhor em termos de recursos, competências e especialidades, e atuação coordenada em função do objetivo: evitar a “morte”. No caso, a “morte-cidadã”, provocada pelo analfabetismo e por todas as doenças e moléstias sociais, políticas e econômicas que ela produz e alimenta. Projeto Ser Criança [Educação pelo brinquedo ou Brinquedoteca] Estudar brincando, plantar e comer, conversar e aprender, jogar e cantar, criar e ensinar, pintar e limpar, fazer e reciclar, dançar e sonhar, ser e ousar, respeitar e crer, rir e cuidar-se são alguns dos muitos verbos praticados no dia-a-dia desse projeto por centenas de meninos e meninas, em horários complementares à escola formal e em espaços comunitários repletos de alegria, prazer e generosidade. O projeto implementa ações educativas e de formação humana, provocando uma interferência positiva e modificadora na vida das crianças e adolescentes participantes. Todas as pessoas participantes da vida das crianças são consideradas educadoras, independentemente de idade ou função, sejam eles pais, outros alunos, além dos professores. A regra geral na aplicação dessa filosofia é o respeito às diferenças e singularidades individuais: cada ritmo, cada fazer, cada saber. O projeto, mais do que uma iniciativa social, tornou-se uma tecnologia educacional ao ser implantado, através da Lei Municipal de Educação, em municípios como São Francisco e Araçuaí/MG, multiplicando seu alcance. Para saber mais: www.cpcd.org.br

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T/ Flávia Ferreira

Vestibular de Dicas para escolher a instituição certa e conquistar a tão sonhada vaga

Inúmeras universidades e faculdades realizam vestibular no meio do ano. Para os candidatos que ainda não conseguiram uma vaga, essa

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pode ser uma ótima oportunidade para ingressar no curso superior mais rápido. O Paraná é o segundo estado do país com maior número de instituições públicas com vestibular no meio do ano: são cinco. O número de vagas ofertadas nos vestibulares de inverno é menor, porém a relação candidato/vaga não é muito diferente que a dos vestibulares de verão. Alguns cursos preparatórios oferecem semiextensivo para os vestibulares de inverno. Segundo o diretor do Curso Positivo, Renato Ribas Vaz, os vestibulares de inverno nem sempre oferecem vagas para todos os cursos. “É importante que o aluno encontre uma instituição que ofereça o curso que pretende fazer e conheça as características dessa instituição”, afirma. O estudante Igor Felix Galat Ahumada vai prestar vestibular para Engenharia Química. “Eu gostaria de tentar na UTFPR, UFPR e PUCPR, mas só a PUC abre vagas no meio do ano. Vou tentar as públicas no final do ano, independente do resultado agora”, explica. Já para o estudante Danton Saes Grandi, o vestibular de inverno é uma segunda chance ingressar no ensino superior ainda em 2011. “Vou tentar em duas universidades particulares. A concorrência é menor no meio do ano. Fiz cursinho no ano passado e estou revendo a matéria em casa. Estou confiante”, garante Grandi, que vai prestar vestibular para Administração. A concorrência em geral é menor, mas depende do curso e da instituição. “A UEL (Universidade Estadual de Londrina), por exemplo, tem poucas vagas e uma infinidade de candidatos”, afirma Renato Ribas Vaz. Segundo ele, um a cada sete alunos optam pelo semiextensivo no primeiro semestre, ou seja, apenas 14 % dos alunos. Importante saber que cada instituição tem suas peculiaridades em suas avaliações: algumas valorizam mais a redação, ou conhecimentos específicos; outras, as matérias têm pesos específicos. Vale à pena conhecer as características e fazer as provas de anos anteriores do local escolhido. “Cada estudante tem de encontrar o tempo de estudo ideal para assimilar a matéria, que pode variar de aluno para aluno. Alguns podem estar preparados com duas horas por dia, outros precisam de sete”, diz Vaz.


21 Segundo o diretor do Curso Expoente, Marco Aurélio Kalinke, os professores trabalham com os tópicos mais importantes para os vestibulares de meio do ano. “Já sabemos qual a linha de abordagem de conteúdo nesses vestibulares e já direcionamos os alunos”, explica. Para o diretor do Curso Decisivo, Brasílio Hrynczyszyn, até o meio do ano o aluno vê 60% do programa do curso anual, mas já tem capacidade para passar no vestibular. “Além das aulas normais, o aluno deve dedicar de seis a oito horas de estudo por dia em casa para um bom preparo. Assim, ainda sobra tempo para atividades extras.” O diretor Kalinke enfatiza que há algum tempo os vestibulares deixaram de ser provas de conteúdo para se tornarem provas de análise, interpretação e raciocínio. “Não adianta se preocupar tanto com ‘decoreba’, o foco tem sido nas atualidades, conteúdos que trazem o teórico para a prática. É importante trabalhar mais na interpretação e análise dos enunciados”, alerta. Para quem está no último ano do ensino médio, os vestibulares de inverno são uma boa oportunidade para testar os conhecimentos e sentir o clima das provas. Os diretores dos cursinhos concordam que a prática de muitos alunos do ensino médio, principalmente no terceiro ano, realizar o vestibular de inverno como “treineiros” é válida. “Fazer o treino é importante, mas aconselho que seja feito em outro curso do que no pretendido pelo aluno: se ele passa, fica muito autoconfiante; se não passa, acha que não estará preparado nunca. Como é só para verificar o ambiente e o clima,

não faz diferença em qual curso o aluno se inscreve”, aconselha Vaz. ”O treino tranquiliza o aluno já que ele conhece o ambiente, o clima e o tempo de prova e evita o famoso branco quando for prestar o vestibular pra valer”, completa Hrynczyszyn. Seja candidato ou treineiro, o importante é estar preparado. Conhecer o conteúdo, treinar com simulados e verificar as provas de anos anteriores são precauções essenciais. “Verificar as provas anteriores, que tipo de questão cada instituição costuma aplicar, fazer uma varredura de vestibulares anteriores para se familiarizar com modelos de questões é essencial para um bom desempenho”, diz Hrynczyszyn. “No dia da prova, vá tranquilo. Quem se prepara mais estará, com certeza, mais calmo no dia da prova. Não se preocupe com o que você não sabe, mas sim com a matéria que domina na hora de responder as questões”, complementa Vaz. Saiba quais universidades públicas oferecem vestibular em julho no Paraná: UEM (Universidade Estadual de Maringá) AM, Uenp (Universidade Estadual do Norte do Paraná) UEPG (Universidade Estadual de Ponta Grossa) UFPR Litoral (Universidade Federal do Paraná) UEL (Universidade Estadual de Londrina)


T/ Eduardo Santana

DA MUDANÇA 22

Na década de 1990 e início Os especialistas em ensino superior José Roberto dos anos 2000, o ensino superior Covac e Rodrigo Capelato abordam os desafios que particular no Brasil teve seu grande o setor deve encarar nos próximos anos em evento boom. A abertura de novas instituipromovido pelo Sinepe/PR. A seguir, um breve resu- ções, a grande oferta de novos cursos e as milhares de vagas disponíveis mo do que foi apresentado no Seminário Gestão de nas universidades e faculdades do país afora arquitetaram o cenário Instituição de Ensino Superior. ideal para democratização do acesso à educação superior. No entanto, nos último anos, o setor vem sofrendo uma desacelaração devido a uma série de obstáculos, como a evasão e a inadimplência.


Com o objetivo de debater esses temas e apresentar o cenário atual e as tendências do ensino superior no Brasil para os gestores de instituições educacionais, o Sinepe/PR promoveu, em abril, o Seminário Gestão de Instituição de Ensino Superior, apresentado por José Roberto Covac, advogado e sócio da Covac Educação & Soluções e Covac Sociedade de Advogados e especialista em Direito Educacional, e Rodrigo Capelato, diretor executivo do Semesp (Sindicato das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos de Ensino Superior no Estado de São Paulo) e sócio da Illud Tempus Serviço. Eles afirmam que o setor passa por um período de transição no qual é preciso ganhar fôlego para voltar a crescer, buscar novos mercados e atender a grande demanda de alunos que ainda buscam por formação superior nas instituições privadas. “Os grandes desafios do ensino superior são atingir as classes C e D, ampliar a oferta de vagas e crescer com qualidade, com critérios que atendam a diversidade de instituições e de cursos”, afirma Covac. Para ele, o Governo Federal também tem de encarar esse desafio de frente e enxergar as instituições de ensino superior particulares como parceiros no desenvolvimento do país. “Relativamente ao Governo, o desafio é atingir as metas para educação superior, o que não ocorreu com o Plano Nacional de Educação, instituído pela Lei nº 10.172, de 2001. Para tanto, deverá ampliar o sistema de Financiamento, o FIES, que já melhorou muito; tornar eficaz o sistema de avaliação e regulação de modo a entender a importância da oferta de vagas pela iniciativa privada”, declara. Rodrigo Capelato explica que o maior desafio do setor é voltar a crescer em um ambiente de demanda saturada e de regulação intensa. De acordo com o especialista, apesar do crescimento das matrículas no ensino superior ser próximo de zero, 80% dos brasileiros entre 18 e 24 anos estão fora da universidade. “O Brasil tem apenas 12,9% de jovens dentro desta faixa etária matriculados no ensino superior, uma das piores taxas de escolarização do mundo. O problema é que os alunos excluídos não conseguem concorrer às poucas vagas ofertadas pelas universidades públicas e, ao mesmo tempo, não têm renda suficiente para arcar com os custos para estudar em instituições privadas. É preciso ampliar o financiamento estudantil e resolver o problema da má formação dos alunos egressos do ensino médio público”, diz Capelato.

Novas opções Para atender a grande demanda, as instituições de ensino superior particular no Brasil oferecem diferentes opções dentro de sua gama de serviços. Cursos de ensino à distância e de tecnologia vêm ganhando espaço a cada dia. “Por serem de menor duração, com oferta de módulos dentro do curso que dão certificações parciais, os cursos de tecnologia valorizam o currículo por competência e oferecem opções que atendem de imediato a oferta de emprego”, completa Covac. No entanto, ele alerta para que o curso receba todas as avaliações necessárias e não se torne apenas um curso de extensão. “Há necessidade de que os instrumentos de avaliação dos cursos tecnológicos sejam normatizados não como um mini bacharelado. A experiência profissional do docente e do coordenador do curso dever ser considerada como critério importante para autorização e reconhecimento do curso de tecnólogo”, afirma. Capelato completa que cursos de educação a distância são um excelente caminho. No entanto, não resolvem a exclusão dos jovens de 18 a 24 anos, mas sim recuperam as pessoas com faixa etária mais avançada que concluíram o ensino médio e não ingressaram no ensino superior. “Estima-se que atualmente existem 12 milhões de brasileiros com ensino médio completo, na faixa de 25 a 35 anos, e que não passaram pelo nível superior. Nesses casos, os cursos a distância são, sem dúvida, os mais adequados”, conclui.

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T/ Marília Bobato

A favor do Para comemorar a Semana Nacional do Meio Ambiente, o Sinepe/PR promoveu a II

Mostra da Escola Particular sobre Reciclagem de Resíduos Sólidos. A iniciativa é do Planeta Reciclável juntamente ao projeto de educação ambiental “Amigo da Natureza”. “Nosso objetivo é fixar o conceito de sustentabilidade, com ênfase na reciclagem do isopor®, entre os alunos das instituições de ensino de Curitiba”, diz o presidente do Sinepe/ PR, Ademar Batista Pereira.

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Estudantes de 12 instituições de ensino participaram da mostra realizada no Palladium Shopping Center em Curitiba, no dia 4 de junho. O evento contou com grande participação do público que pode verificar os trabalhos desenvolvidos sobre a reciclagem do isopor®. Teve paródia, vídeos, trabalhos artesanais, jogos e muito mais. “Fizemos uma paródia sobre a reciclagem do isopor e agora vamos a São Paulo para aprender mais sobre o assunto. Foi uma atividade muito legal porque saímos da rotina de sala de aula por um bom motivo”, comentou a estudante Letícia Araújo Nunes, da 7ª série do Colégio Energia Ativa. Na ocasião, as instituições participantes indicaram os trabalhos vencedores. Os alunos escolhidos serão premiados com uma viagem a São Paulo para conhecer a fábrica da Meiwa Embalagens e a atuação da CORA (Cooperativa de Reciclagem de Arujá).



mo.men.to cul.tu.ral sm

adj m+f

T / Thaísa Carolina I / Divulgação

SURPRESA! (livro)

Joca acabou de ganhar dos pais uma caixa cheia de surpresas. Cada vez que abre este brinquedo, ele nunca sabe o que vai acontecer. O que será que vai sair de lá de dentro? Surpresa! É com poucas palavras e muita imaginação que o elogiado quadrinista Art Spiegelman criou essas 40 páginas de história em quadrinhos sobre os momentos incríveis proporcionados pelos brinquedos. Editado pela Companhia das Letras, o livro Joca e a Caixa tem tradução de Érico Assis é dedicado para crianças a partir dos dois anos de idade. Classificação: a partir de 2 anos

GNOMEU E JULIETA

(DVD)

Do mesmo diretor de Shrek 2, a animação “Gnomeu e Julieta” tem dois inusitados protagonistas: um casal de anões de jardim que lutam contra a proibição de seu romance. Por que eles não podem ficar juntos? Assim como na clássica história de Shakespeare, Romeu e Julieta, Gnomeu e Julieta são de famílias inimigas. Ninguém sabe, ao certo, como é que a briga começou entre os clãs, mas gnomos vermelhos, do jardim do Sr. Capuleto não podem andar junto dos azuis da Sra. Montéquio. Quando os humanos saem de casa é que a aventura realmente começa com os personagens confabulando um final bem diferente – do romance de Shakespeare - para essa história. Classificação: todas as idades

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QUANTAS PALAVRAS VOCÊ CONHECE? (jogo) O jogo de tabuleiro “Tribo das Palavras” é resultado de um projeto acadêmico de 2006 da disciplina de Projeto Experimental do curso de Comunicação Visual do SENAC/SP. Ganhou o primeiro lugar em um concurso, foi exposto em uma feira na Alemanha e recentemente foi lançado pela Estrela. O desafio é, durante o tempo da ampulheta, dizer o maior número de palavras que começa com a letra da carta sorteada. Conforme o número de acertos, o jogador ganha cartas cartas-personagens que são divididas em cabeça, tronco e pernas. Quem conseguir formar mais personagens corretos vence. Classificação: a partir de 6 anos

NOSSO AMIGO PABLO PICASSO 
(livro) Se para muita gente Pablo Picasso é um artista marcante e versátil, para Antony Penrose também foi um amigo mais velho que fez parte de sua de infância e que estava sempre em sua casa, seja brincando com ele, esculpindo objetos ou pintando quadros. Em alguns desses encontros Tony ganhou presentes de Picasso, como uma escultura em madeira e um desenho, em um dia em que Tony estava muito triste por não gostar da escola nova. Em troca, o artista tinha a oportunidade de voltar, mesmo que por poucas horas, ao mundo infantil. Ilustrado com obras conhecidas e outras raras do espanhol, além de fotos da família, “O Menino que Mordeu Picasso” entra no interior do ateliê de Picasso e nas viagens que os dois fizeram juntos para Espanha, Inglaterra e França. Mais do que acompanhar a amizade de uma grande personalidade com uma criança, ao terminar as 48 páginas do livro você e seu filho vão se sentir amigos de Picasso também. Editado pela Cosac Naify e traduzido por Jose Rubens Siqueira. Classificação: todas as idades

PRAZER, NAPO!

(livro)

É com uma linguagem divertida que Edson Bueno escreve, em forma de diálogos e narrações, várias historinhas – longas e curtas - de um garoto, o “Napo, um menino que não existe” (Editora Positivo). É uma criança curiosa, cheia de histórias, lendas, perguntas, respostas para dividir com o leitor. Para Napo, ter coragem é a mãe pegar um sapo enorme com a mão sem sentir nojo. Em uma das historinhas, ele mente para um amigo dizendo que o filme Bambi é sem graça e chato, mas, na verdade achou a animação tão triste e bonita que, quando está na cama, lembra das cenas e chora. Mas, chora baixinho, para não acordar ninguém em casa. O menino ainda conta que sonha em ficar deitado contemplando as estrelas, mas que quando fizer isso, não pode apontar o dedo para o céu, pois acredita que nascem verrugas nas mãos. As aventuras do garoto são ilustradas em tons de laranja, branco e preto por Cris Eich, que já emprestou seus traços para mais de 50 títulos literários infantis e infanto-juvenis. Classificação: todas as idades


ar.ti.go sm

T / Raquel A. Momm Maciel de Camargo - Conselheira do Sinepe/PR

Um labirinto chamado

(dificuldade para)

aprender Aprender é uma missão que acompanha o ser humano por toda a vida. Vai do recém-nascido, que precisa aprender a mamar, até o idoso, que busca preservar a essência do que é viver, minimizando o preço que os anos cobram. Passamos os primeiros anos levando tudo à boca. E o resto de nossas vidas tentando aprender o que podemos ou não comer. Aprendemos os primeiros passos pelas mãos seguras da mamãe, e a vida inteira querendo caminhar, ou ao menos nos manter em pé nos momentos mais difíceis. E os nossos filhos? Procuramos poupá-los do que mais nos feriu na infância. Nosso sucesso implica que eles terão outros tipos de dificuldades. Com o sucesso de preservá-los de nossos fracassos, porém, fracassamos na possibilidade de transmitirmos uma fórmula de sucesso para suas vidas. A vida deles é diferente de nossas e requer novas aprendizagens. E a (dificuldade para) aprendizagem na escola? Considerada a porta inevitável para o sucesso em qualquer campo profissional nos dias de hoje, aceitar o fracasso escolar de um filho pode parecer aos pais concordar com uma sentença de fracasso. Dessa forma, professores e escolas que sinalizam quaisquer dificuldades que o estudante possa vir a ter são evitados a todo o limite que se estender a possibilidade. O conjunto de fatores que podem dificultar o processo de aprendizagem é tão amplo quanto os necessários para uma aprendizagem eficiente. Por que um ser bio-psico-social-espiritual não aprende conforme a expectativa de seu grupo social? Temos de admitir que nem sempre pais, professores e escola, estão dispostos a fazer as perguntas certas. Elas deverão nos levar a respostas claras. Que podemos não estar dispostos a ouvir.

Causas de dificuldades de aprendizagem não se detectam em uma máquina. Se você inventá-la, não lance o produto, pois será processado por cada cliente. Imagine: a criança deita e entra em um moderno aparelho. Uma luzinha azul percorre todo o seu corpo. Em minutos, sai impresso o resultado das causas do baixo desempenho escolar. Falados de maneira clara e técnica, feito um laudo de exame: Insuficiência de vitaminas e minerais para metabolizar a aprendizagem, sono insuficiente para o armazenamento e organização das informações; acúmulo de informações inadequadas para a faixa etária; aceleração do ritmo de funcionamento cerebral – hipótese: uso excessivo de games; autoestima frágil por falta de elogios; parâmetros para funcionamento abaixo do esperado, ou limites; níveis insuficientes de vínculo emocional com seus mestres... Nossa sociedade procura respostas aos problemas de aprendizagem ao mesmo tempo em que tenta encobrir suas causas para acalmar a consciência. Aos jovens: pense e planeje antes de construir uma família. Os filhos sofrem (sim!) com as brigas e a separação dos pais. Aos pais: alimente seus filhos corretamente. Desligue a televisão, faz bem. Invistam no relacionamento com seu cônjuge: os filhos se sentem seguros em vocês. Trabalhe um pouco menos, compre menos coisas, e desfrute mais as pessoas amadas. Preserve a infância, há tempo determinado para todas as coisas Ainda dois conselhos: leve seu filho ao oftalmologista, muitas crianças têm problemas visuais que não apresentam sintomas que alarmem pais ou professores; faça uma avaliação auditiva completa da criança. Além da audiometria, feita pelo otorrino, é importante fazer uma avaliação do processamento auditivo para saber se a criança compreende o que ouve. Afinal, nossos filhos têm muito a aprender.

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T / Jacir J. Venturi - 1º Vice-Presidente do Sinepe/PR

A Biblioteca de Alexandria, a imprensa de Gutenberg e a Internet 28

Alexandria, no Egito, reinou quase absoluta como centro da cultura mundial no período do século III a.C. ao século IV d.C. Sua famosa biblioteca continha praticamente todo o saber da Antiguidade e estava muito próxima do que se entende hoje por Universidade. Em 47 a.C., envolvendo-se na disputa entre a voluptuosa Cleópatra e seu irmão, o imperador Júlio César mandou incendiar a esquadra egípcia ancorada no porto de Alexandria. O fogo se propagou até as dependências da biblioteca e restaram aproximadamente 200 mil rolos de papiro e pergaminho dos 700 mil existentes. Em 640 d.C., o califa Omar ordenou que fossem queimados todos os livros da biblioteca sob o argumento de que “ou os livros contêm o que está no Alcorão e são desnecessários ou contêm o oposto e não devemos lê-los”. A destruição da biblioteca de Alexandria talvez tenha representado o maior crime contra o saber em toda a história da humanidade. Em cerca de 300 a.C., Euclides escreveu Os elementos, um dos mais notáveis compêndios de Matemática de todos os tempos, com mais de mil edições desde o advento da imprensa (a primeira versão impressa apareceu em Veneza, em 1484). Essa obra tem sido – segundo George Simmons – “considerada como responsável por uma influência sobre a mente humana maior que qualquer outro livro, com exceção da Bíblia”.

Até meados do século XV, a reprodução do conhecimento se fazia essencialmente através dos monges copistas, pontuados em algumas dezenas de mosteiros e universidades. Com a tipografia, Gutenberg dedicou um ano e meio à impressão de 200 lindíssimas Bíblias de 1.282 páginas escritas em latim, utilizando tipos góticos. Sobreviveram apenas 12 Bíblias de Gutenberg, impressas em pergaminho. A imprensa provocou uma vigorosa transformação e, de pronto, influiu extraordinariamente no Renascimento. Tamanho foi o alcance e a influência da tipografia de Gutenberg que ela foi considerada a maior revolução tecnológica do milênio, pois propiciou a democratização do conhecimento. Nessa época, a Europa possuía cerca de 50 milhões de habitantes. Só 15% sabiam ler, pois raramente conseguiam livros. O engenho de Gutenberg se propagou espantosamente e fez dobrar em poucos anos o número de europeus alfabetizados. E se vivemos hoje a Era do Conhecimento é porque alçamo-nos em ombros de gigantes do passado. A internet representa um poderoso agente de transformação do nosso modus vivendi et operandi. É um marco histórico, mas como a toda a inovação, cabem ressalvas. Seu conteúdo é fragmentado, desordenado e, além do mais, cerca de metade de seus bites é descartável, entulho, lixo.

Benvindas a Internet 2, a banda larga, a Web sem fio (wireless), mas ainda vivemos uma fase de exclusão digital. Longe, portanto, do homo digitalis. Estudo da ONU relata que apenas 5% da população mundial usa o colorido mundo do www e que, em apenas seis países (EUA, Japão, Reino Unido, Alemanha, Canadá e Itália), concentram-se 82% dos internautas do mundo. O gueto tecnológico e a estrutura de desigualdades socioeducacionais entre os países permanecem inalterados. Nos EUA, são 135,7 milhões de conectados. Em contrapartida, o número é praticamente nulo em Camarões, Congo, Angola, Argélia e Burundi. “Aprender é como parto: é uma coisa linda, mas dói”, ensina Pedro Demo. E não é barato! Ademais, para tirar uma comunidade do atraso não basta o aporte substancioso de recursos tecnológicos e financeiros. Requer pessoas comprometidas e altruístas para alterar a cultura e o status quo de latência, apatia e falta de iniciativa. Requer professores motivados, entusiasmados, com disposição e visão holística. Sem isso, é exigir que a comunidade levante seu corpo, puxando os próprios cabelos.


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T / Esther Cristina Pereira - Diretora de Ensino Fundamental do Sinepe/PR

Os adultos estão passando das medidas Estamos iniciando uma revolução silenciosa e muito perigosa na relação entre pais e filhos. As exigências do mercado de trabalho, de atualização constante, do papel pessoal e familiar que cada um deve desempenhar estão levando os pais a perder o controle sobre seu devido papel na educação dos filhos. Ao tentar dar conta de todas essas funções, muitos pais esquecem sua condição de modelos e gestores da vida de outro ser humano. Para quem está na linha de frente de um espaço gerador de conhecimento e aprendizagem como a escola é desesperador verificar o resultado que essa falta de comprometimento gera nos filhos.

É desanimador perceber o quanto os pais têm passado para a escola a sua função. E o quanto os pais têm passado das medidas em relação à escola. O conceito de família se perdeu e com ele, muitos outros, como respeito, diálogo e convivência. Hoje, vemos casais vivendo dentro da mesma casa, apenas por necessidade, pois depois da separação de corpos percebem que não conseguem viver em duas casas por questões financeiras. Vivem debaixo do mesmo teto, engalfinham-se na frente dos filhos e transformam essas crianças em um fardo quase impossível de carregar, pois não há mais limites. Os pais têm feito horrores na frente dos filhos: culpam as crianças por não terem nascido do sexo desejado por eles, por não terem nascido inteligentes como eles, culpam até por não conseguir comprar um carro novo porque precisam pagar a escola. Nesse cenário, a criança vira um coadjuvante sem posicionamento, afinal, como se colocar perante as duas pessoas que ela mais ama? O resultado é devastador para este filho que vai para a escola e insulta colegas e professoras; a criança não está bem porque os adultos passam da medida com ela. E sobra para a escola educar esta criança... Mas de que forma? Então aparecem “novos” nomes e conceitos como o bullying, que é o grande assunto do momento. Mas onde fica o entendimento do que realmente esta criança está vivendo? Os pais não percebem seu papel, não mensuram o quanto são necessários para o filho, não financeiramente, mas como referência de vida, como processo fundamental na formação de valores e na educação.

Educação não é a escola. Educação é família em parceria com a escola. De nada adianta a escola fazer seu papel de gerir conhecimento, informações, ensinar processos de vida e de conduta se a família o destrói por conta de sua maneira de viver e agir.

Os adultos estão passando dos limites. E parecem não perceber, por conta de um egoísmo exacerbado: nem eles ainda viveram e agora precisam deixar o filho viver. Parece que temos uma geração de pais que não sabe o que é ter filhos, que os teve para fazer parte da decoração da casa. Os adultos estão passando das medidas, achando que os filhos são irmãos mais velhos, ou quem sabe, amigos de boteco, para os quais a dimensão de diálogo restringe-se a momentos de festas. Os adultos esquecem que são modelos e que servem como referência para os filhos.

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T / Ademar Batista Pereira – Presidente do Sinepe/PR

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A escola e a guerra

Na guerra urbana que enfrentamos diariamente, o inimigo nem sempre é visível, tem cara, cor ou credo. Tratam-se dos inimigos conhecidos como consumismo, egoísmo, individualismo, falta de ética, desonestidade, falta de solidariedade e de respeito às diferenças e ao outro.

Nesse combate, a escola é a ultima trincheira da sociedade. É praticamente o único lugar que precisa ter regras sociais, de convivência e de respeito. Na escola existem horário para cumprir, tarefas de casa, provas. É lá que a criança e o jovem têm de conviver socialmente e aprender as diferenças entre certo e errado. Os combatentes dessa guerra, por coincidência, se reúnem na escola, usam a estrutura das instituições de ensino como comitê e front: são os professores, diretores e educadores. Eles escolheram essa profissão para salvar os humanos, em geral os mais jovens. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a adolescência vai até os 20 anos e até esta idade estamos desenvolvendo a personalidade. Assim, a escola atua do berçário à faculdade.

A escola representada por seus soldados – professores, diretores, coordenadores e educadores –, na maioria das vezes não pode contar com a ajuda de aviação ou de cavalaria. Fazendo a análise de uma guerra, a escola precisaria contar com a família, que seria a força aérea da batalha, porém, na maioria das vezes, a família terceiriza para a escola o ataque a esses inimigos. O poder público, representado pelos políticos, poderia ser a cavalaria, mas que exemplo eles oferecem à escola? Que ajuda dão à última trincheira? Ainda, o poder público, poderia ser representado pelo judiciário, com apoio às causas da escola, porém o que vemos é a judicialização da educação, em que a escola torna-se ré nos assuntos que deveriam ser tratados apenas no âmbito escolar. Ou seja, a escola como única trincheira nessa guerra, está sozinha, e em muitos casos, o professor está sozinho na linha de frente contra todos esses inimigos. Afinal, a escola ainda precisa se aparelhar melhor com bons diretores, pedagogos, e profissionais de apoio, senão corremos o risco de perder essa guerra.


A primeira revista inteiramente produzida por professores de cursos prĂŠ-vestibulares e especialistas do ENEM.

Maiores informaçþes em:

www.revistaenem.com.br



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