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Depois
DO PERDÃO LIBERTAR-SE DE UM SOFRIMENTO É PERMITIR QUE A VIDA SIGA SEM AMARRAS, RUMO A UM FUTURO MAIS LEVE E FELIZ REPORTAGEM K A R I N A S É R G I O G O M E S E H E L A I N E M A R T I N S ILUSTRAÇÃO E V A N D R O M A R E N D A
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az. Leveza. Alívio. Parece que algo quebrado volta a ser inteiro. São essas as sensações descritas por quem perdoa ou é perdoado. O gesto, que restaura o bem-estar, permite resgatar a harmonia dentro de um grupo ou de si mesmo, diz Júlio Rique Neto, professor de psicologia social da Universidade Federal da Paraíba. Para alguns, esse processo passa pelo altruísmo e por tentar entender o que levou o outro a tomar tal atitude. Mas não significa que seja um ato destinado a poucos. Perdoar é uma escolha, e, como tal, está acessível a quem achar que deve fazer uso dela. O que varia é o tempo de que cada um precisa para se livrar de um sofrimento. Porque é disso que se trata: tirar um peso do peito, decidir seguir sem a amarra emocional da raiva, do rancor. “Enquanto não acontece o perdão, há um ressentimento”, ressalta Leonardo Luiz, professor de psicologia da Universidade Mackenzie, em São Paulo. Em geral, o acerto de contas promove uma troca entre os envolvidos. “Ao perdoar, você não apenas se sente mais livre como também liberta o outro”, afirma Hélio Deliberador, professor de psicologia da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Sem se esquecer do passado, mas possibilitando que as feridas não doam mais, é possível abrir espaço para a construção de um futuro diferente, como fizeram as pessoas que você vai conhecer nas próximas páginas.
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NO MEU TEMPO
LUZ, CÂMERA RECORDAÇÃO! 18 > T O D O S > D E Z E M B R O / J A N E I R O
Da paquera no escurinho ao cheiro de mofo, as lembranças dos cinemas antigos vão fazer passar um filme na sua mente! REPORTAGEM FERNANDA COLAVITTI ILUSTRAÇÃO JULIA BACK FOTOS TIAGO BACCARIN
CARPETE E CORTINAS Minhas primeiras memórias da telona se resumem a um nome: Symaflor, que era o único cinema da cidade, Mauá (SP). Ele tinha aquela dignidade do passado. Carpete bordô, cortinas pesadas, cadeiras estofadas de madeira e cheiro de mofo. Nas matinês, só passavam dois tipos de filme: de Maciste e de gladiador. Por isso, ficou marcado, em 1972, quando estreou Independência ou Morte. Foi uma das poucas vezes em que fui arrumado, com meu pai, que dormiu até roncar, e minha irmã, que ficou duelando com uma caixa de bombons.”
EDSON FRANCO, 56 anos, São Paulo
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MEU DICIONÁRIO
O FALAR CAPIXABA
Tradições indígenas, africanas e de imigrantes de vários países influenciam as expressões faladas no Espírito Santo, como estas que você vai conhecer a seguir REPORTAGEM R O M Y A I K A W A ILUSTRAÇÃO S U R YA R A B E R N A R D I
Que zarro! Você derrubou tudo! “Zarro” é sinônimo de desajeitado, desastrado, destrambelhado.
Como vai a maré? É uma forma que os capixabas usam para dizer “Como vai a vida?”.
Toma um podrão.
Ela saltou ali.
O termo “podrão” nada mais é do que um hambúrguer caprichado.
“Saltar” é usado pelos capixabas no lugar de “descer”, “desembarcar”: “Ele saltou do ônibus”.
O rio esburrou.
Quer que eu te dê uma ponga?
Quando um líquido transborda, ele esburra: ”a água esburrou do copo”.
É o mesmo que dar carona. O termo vem de “pongar”, que significa subir em um veículo em movimento.
Hoje eu vou pro rock. A expressão quer dizer sair com os amigos, ir para a balada, a festa, o barzinho.
A festa pocou.
Hein, xô falar.
Ele pegou a taruíra.
É uma palavra de muitos sentidos. Um deles é “fazer bonito”: “Ela pocou na prova”.
Não é que ninguém esteja deixando a pessoa falar. “Hein, xô falar” é só o jeito de iniciar uma conversa.
No Espírito Santo, as pessoas costumam usar a palavra taruíra para se referir à lagartixa.
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NA BOCA DO POVO
Ouvi um estrondo! Pode parecer que foi algo forte, de muitos decibéis, mas a palavra “estrondo” indica apenas barulho.
Estes capixabas de destaque falam sobre as expressões que usam e seu significado 1
PEDRO JOSÉ NUNES, 57 ANOS, ESCRITOR
Vou usar a minha melhor capa.
“Nasci e vivi por dezenove anos em São José do Calçado, no sul do Espírito Santo, antes de me mudar para Vitória. É na minha cidade natal que sandália de dedo é chamada de ‘lambreta’. Lá também se usa a expressão ‘pegar um galeio’, ou seja, tomar embalo, sair em disparada.”
Aqui, a palavra capa se refere à roupa de festa, usada em ocasiões especiais.
Você é usura. É o mesmo que pão-duro, sovina: “Aquele usura não ajudou com nem um centavo”.
Iá!
2
NATÁLIA GAUDIO,
É uma interjeição de espanto, como o “uai!” dos mineiros: “Iá, pensei que você não viesse!”
26 ANOS, GINASTA RÍTMICA DA SELEÇÃO BRASILEIRA
“Um dos meus termos capixabas preferidos é ‘gastura’, pois é o que mais se encaixa quando quero expressar agonia, dizer que estou sentindo aflição: ‘O barulho de unha arranhando o quadro me dá gastura’, ‘Tenho gastura de encostar nisso’, ‘Comidas assim me dão uma gastura...’”
A mãe panhou o filho. “Panhar” é a forma encurtada de apanhar, no sentido de pegar: “ele panhou o amigo em casa”. 3
STARLEY BONFIM, 29 ANOS, ARTISTA VISUAL
Um, dó, lá, si, já! Em vez de dizer “um, dois, três e já”, os capixabas fazem a contagem com notas musicais.
Caiu numa chapoca de buraco.
Ih, só sábado!
Em vez de dizer “grande”, lá se fala “chapoca”: “ele pescou uma chapoca de peixe!”
A expressão é usada quando alguém não quer fazer algo: “Vai colocar o lixo pra fora?“, “Ih, só sábado”.
© Fotos: 1) arquivo pessoal, 2) Ricardo Bufolin, 3) Keka Florêncio
“Uma curiosidade que percebo em nós, capixabas, é que, na hora de falar, tiramos o ‘i’ de palavras que têm essa vogal e colocamos nas que não têm. Por exemplo: dizemos ‘fejão’ em vez de ‘feijão’, mas ‘arroz’ fica ‘arroiz’. Eu também uso bastante a expressão ‘véi’, que é uma abreviação de ‘velho’.” 1
THAIS GUISSO, 26 ANOS, ADVOGADA
“Li um artigo de um historiador em que ele explicava que o termo ‘pocar’ surgiu por aqui no início do século 20 e tinha o sentido de espocar, que significa arrebentar. Com o tempo, o povo capixaba também começou a usar no sentido de bater com força, ir embora, fazer sucesso…”
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RECEITAS DE FAMÍLIA
COLORIDO Varie o recheio usando cenoura, ovos cozidos, milho verde, cebola. Fica mais bonito com múltiplas tonalidades!
UMA NOITE internacional CONHEÇA OS SABORES QUE AS FAMÍLIAS COMPARTILHAM NO NATAL EM DIFERENTES PAÍSES, DA ARGENTINA À FINLÂNDIA, E INSPIRE-SE NELES PARA VARIAR O CARDÁPIO DA SUA CEIA REPORTAGEM ROMY AIKAWA FOTOS SHEILA OLIVEIRA / EMPÓRIO FOTOGRÁFICO PRODUÇÃO CULINÁRIA PAULA BELLEZA PRODUÇÃO DE OBJETOS MÁRCIA ASNIS
MATAMBRE recheado ESSA RECEITA ARGENTINA, QUE PODE SER FEITA COM CARNE SUÍNA OU BOVINA, FAZ SUCESSO NA CEIA OU NO LANCHE DO DIA SEGUINTE para 4 pessoas
Ingredientes » 1 kg de matambre de porco » Salsinha, sálvia, tomilho e alecrim frescos picados » 3 fatias de pão de fôrma picado » 3 dentes de alho picados » ½ xícara de azeite de oliva extravirgem (e mais para regar) » 1 colher (de sopa) de mostarda dijon » 1 pimentão amarelo cortado em tiras » 1 pimentão verde cortado em tiras » 200 g de bacon cortado em tiras » 3 batatas-inglesas cortadas em rodelas » 1 alho-poró cortado em rodelas
» 1 colher (de sopa) de pimenta-do-reino em grãos » 4 folhas de louro » 200 ml de vinho branco » 2 colheres (de sopa) de mel » Sal a gosto » Barbante para amarrar Modo de preparo 1 Preaqueça o forno a 200 ˚C. Numa vasilha, misture as ervas com o pão, o alho, o azeite e a mostarda dijon. Acerte o sal e reserve.
2 Abra o matambre, tempere com sal e espalhe a mistura de pão. Disponha os pimentões e o bacon e enrole. Prenda com o barbante. 3 Regue uma assadeira com azeite e disponha as batatas, o alho-poró, a pimenta e o louro. Aqueça uma frigideira e sele toda a lateral da carne até ela ficar bem dourada. Coloque o matambre sobre os legumes, na assadeira. Regue com o vinho e pincele o mel. Cubra com papelalumínio e asse por cerca de 40 minutos. Retire o papel, pincele o caldo da assadeira e deixe mais 15 minutos – ou até dourar.
Sou argentino e vim criança para cá, mas me lembro de comer o matambre que minha mãe fazia durante o ano inteiro. Ela o recheava com ovos cozidos, cenoura, espinafre e bacon, temperava, enrolava bem apertado, costurava e cozinhava. Depois de tirar da panela, colocava um peso por cima até esfriar bem e cortava em fatias fininhas, que ficavam lindas por causa do colorido dos ingredientes, além de deliciosas. Todo mundo adorava comer com maionese e salada russa ou em sanduíches. Era engraçado, porque os parentes já sabiam que em casa sempre tinha matambre, então chegavam com pão nas mãos. Também me lembro de levar sanduíche de matambre no cinema para ver sessões seguidas. Era muito bom!”
JULIO SCANDAR, 66 anos, São Paulo
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