Todos #22

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MARGARIDA USA A CRIATIVIDADE

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BAIRRO MAIS

ACOLHEDOR pág. 24

ANASTÁCIA

LEMBRA O INÍCIO

DA IMIGRAÇÃO SUL-COREANA

NO BRASIL pág. 32

RECEITAS

PARA FAZER COM AS CRIANÇAS pág. 42 #22

Maurício Mello, 61 anos pág. 12

SUPEREI UMA GRANDE DOR E REENCONTREI A ALEGRIA DE VIVER

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E

EU VENCI

NINGUÉM ESTÁ LIVRE DE PASSAR POR UMA GRANDE DOR. MAS TEMOS DENTRO DE NÓS A FORÇA PARA SUPERAR AS CRISES, NOS REINVENTAR E VOLTAR A SORRIR REPORTAGEM R A F A E L A C A R V A L H O LETTERING & ILUSTRAÇÃO D É B O R A I S L A S E D I E G O V A U G H A N / Q U A L S E U T I P O ?


MAURÍCIO MELLO, O CARI,

61 anos, coach, de São Paulo. Um problema grave de saúde fez com que ele repensasse escolhas e mudasse de vida

© Foto: Julia Rodrigues

REENCONTREI MINHA ESSÊNCIA E DESCOBRI UM PROPÓSITO A hierarquia corporativa sempre me incomodou, porque crescer significava participar de uma competição predatória contra meus colegas. Quando decidi que montaria minha empresa, a situação piorou: era um sistema corrupto e antiético. Achei que agir desse modo seria a única solução para sobreviver, então cedi. Tornei-me arrogante e insensível. Para suportar essa versão terrível de mim, comecei a tomar doses de uísque com calmante diariamente. É possível que essa combinação de stress, medicamentos e álcool tenha me

levado, em 1997, a ter um colapso de saúde: minhas pernas deixaram de funcionar e eu não conseguia ficar em pé. Os médicos não souberam determinar a causa. Parei de trabalhar, tive depressão e síndrome do pânico e passei dez meses na cama. Até que tive um “clique”: percebi que não havia deixado uma marca positiva no mundo. E recusei-me a permanecer naquela condição. Aos poucos, comecei a fazer pequenas caminhadas no condomínio, depois consegui dirigir e levar meu filho até a escola. Com o apoio de uma família que nunca desistiu de mim, renovei meu olhar diante da vida e mudei minha carreira novamente, dessa vez para atuar como coach e passar uma lição valiosa que aprendi: nunca é tarde para iniciar uma nova etapa, cheia de sentido e propósito.”

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N

NO MEU TEMPO

SER MULHER

Antigamente, as mulheres não podiam usar calça comprida, escolher uma profissão considerada masculina, nem voltar pra casa depois das 22 horas. Ainda bem que, embora ainda exista muito a fazer, as conquistas femininas avançaram REPORTAGEM D A N I E L A A R C A N J O FOTOS C H I C O C E R C H I A R O ILUSTRAÇÕES E R I K A L O U R E N Ç O

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COM QUE ROUPA? Sou carioca, mas só comecei a ir à praia aos 20 anos. Na minha época, o comum era usar maiôs – não aqueles grandões, mas os que lembravam os das misses, um pouco mais cavados. O biquíni só estourou quando a atriz Leila Diniz apareceu com um, no começo dos anos 1970. Eu nunca quis usar – sempre preferi maiô. Outra coisa de que me lembro é que, até 1973, as mulheres do local onde eu trabalhava, o Ministério da Marinha, não podiam usar calça, só saia.”

IARACY CASAES, 86 anos, Rio de Janeiro

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M

MEU DICIONÁRIO

É PAULISTANO, MEU! Quem nasce em São Paulo ou adota como lar essa cidade tão cosmopolita sabe que, apesar de cada região ter um vocabulário próprio – e rico! –, todo mundo acaba, tipo, se entendendo REPORTAGEM D A N I E L A A R C A N J O ILUSTRAÇÃO B E R N A R D O F R A N Ç A

Vou bater um rango. A expressão é usada pelo paulistano para dizer que vai comer, de preferência um prato bem cheio.

Ele estava bodeado.

Cola na minha goma!

Quando alguém sente tédio ou cansaço extremo na capital paulista, fica bodeado.

Ao ouvir isso, você está sendo convidado a fazer uma visita: "colar" é chegar junto, vir; e "goma" é casa.

Eu não manjo.

Perdi o busão.

Manjar é conhecer, saber muito sobre determinado assunto: “Você manja de redes sociais?”

É assim que os paulistanos se referem ao principal meio de transporte coletivo da cidade: o ônibus.

Isso está osso. Você precisa camelar. O camelo, que atravessa áreas desérticas, inspirou esta gíria usada quando é necessário esforçar-se, trabalhar duro. 36 > T O D O S > O U T U B R O / N O V E M B R O

Talvez tirada da expressão “osso duro de roer”, a palavra remete a algo (ou alguém) bastante difícil.

Tem uma renca ali. Não precisa se assustar quando alguém da cidade disser que tem uma renca em algum lugar: significa “muita gente”.

Nosso encontro miou. Não são só os gatos que miam em São Paulo. Miado quer dizer cancelado, que deu errado.


MISCELÂNEA CULTURAL

Ele me deu um balão. Pode parecer que é um agrado, mas dar um balão é enganar, não honrar um compromisso.

Paulistanos revelam os termos do vocabulário da cidade que mais chamam sua atenção 1

LIA CAMARGO, 34 ANOS, BLOGUEIRA DO JUST LIA

Não fala groselha! Nada a ver com o fruto ou o suco: falar groselha é dizer bobagem, algo que não mereça crédito.

Se pá, dá certo. É uma expressão enigmática paulistana que significa ”talvez”, “quem sabe”, “de repente”: “Se pá, eu apareço lá”.

Consegui na faixa. Significa “de graça”: “Os ingressos saíram na faixa”, “Vai ter um show na faixa”.

É dois palito!

© Fotos: 1) e 4) acervo pessoal, 2) Caroline Bittencourt, 3) Chico Cerchiaro

Dito assim mesmo, sem concordância nominal, é o jeito de dizer que algo é bem rápido: um palito pra ir, outro pra voltar.

“Aqui na cidade de São Paulo, em vez de conversar a gente pode ‘trocar uma ideia’. Eu adoro essa expressão, porque acho que ela diz muito sobre o que realmente fazemos nessas horas: trocamos dicas, experiências, histórias...”

Ih, gente, buguei! Em informática, um bug, termo em inglês, é uma falha inesperada no sistema. “Bugar” é ter um lapso, não entender.

2

CRIOLO, 42 ANOS, CANTOR

Vai descer na sexta?

“Há muitas heranças das diásporas de cada canto do mundo nessa cultura. Sobretudo em regiões que são manjedouras culturais, como a Zona Sul, onde cresci – favela quebrada, borda de resistência. Gosto de ‘cola na goma’, que é um jeito carinhoso de convidar a ir em casa.”

Para ir à praia, o paulistano precisa sair da cidade e descer a serra. Daí a expressão, que indica seguir rumo ao litoral.

Isso faz mó cara!

3

SOPHIA ABRAHÃO,

“Mó”, derivado de “maior”, é um clássico paulistanês para dizer “muito”. E “cara” significa “tempo”.

27 ANOS, APRESENTADORA, ATRIZ, CANTORA E MODELO

“Tem várias gírias de São Paulo que eu ainda uso, mesmo morando há um bom tempo no Rio de Janeiro. ‘Tipo’ é uma que eu falava bastante na adolescência. Ela pode ser aplicada em diversas situações: ‘Tipo, não acho isso certo’.” 4

CLAUDIA LEONARDI, 48 ANOS, PSICÓLOGA E BLOGUEIRA

Vamos vazar! Vazar é ir embora logo. Se for dito de maneira rude, então – “Vaza!” –, indica que é melhor sair correndo.

“Minha expressão preferida é ‘meu’. Só que ela não é usada como pronome, mas como termo que indica surpresa, frustração, ênfase. ‘Meu, que delícia de doce!’ E, claro, falada sempre com nosso sotaque italianado! Procuro me policiar para não usar demais.”

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RECEITAS DE FAMÍLIA

MÃOZINHAS

à massa! REPORTAGEM ROMY AIKAWA FOTOS SHEILA OLIVEIRA / EMPÓRIO FOTOGRÁFICO PRODUÇÃO CULINÁRIA PAULA BELLEZA PRODUÇÃO DE OBJETOS MÁRCIA ASNIS

Fiz essa receita pela primeira vez com o meu marido. Nós adoramos cozinhar juntos e costumamos preparar algo gostoso todas as noites: é o nosso momento de contar sobre o dia, falar da vida, de planos... Sempre buscamos receitas fáceis e práticas, e a do Sloppy Joe foi sucesso imediato, tanto pelo sabor quanto pelo jeito de comfort food, como os americanos se referem aos pratos que trazem sensação de conforto. Em casa, já é um clássico: todo mês tem. Meu filho, de 1 ano e meio, também come e adora. Preparo uma versão especial para ele, com abobrinha e cenoura em cubinhos. Sempre dou uma panela vazia e uma colher de pau para ele brincar enquanto cozinho. Ele fica de olho no que faço.”

ANA RIBEIRO, 32 anos, São Paulo

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Até as guloseimas infantis podem ser mais nutritivas. E o melhor é que dá para envolver as crianças no preparo!


SLOPPY JOE ESSA CLÁSSICA RECEITA DOS ESTADOS UNIDOS É UM SANDUÍCHE DE CARNE MOÍDA ENRIQUECIDA COM VEGETAIS rende 8 unidades

Ingredientes » ½ cebola cortada em cubinhos » 1 cenoura média em cubinhos » 1 abobrinha, sem sementes, em cubinhos » 2 tomates maduros, sem sementes, em cubinhos » 1 colher (de chá) de azeite de oliva extravirgem » 500 g de carne moída » 1 colher (de chá) de molho inglês » 1 xícara de passata de tomate » Sal e pimenta-do-reino a gosto » 8 pães de hambúrguer Modo de preparo

1 Em uma panela, refogue os legumes no azeite. 2 Junte a carne moída, tempere com um pouco de sal e refogue até a carne secar, mexendo sempre. 3 Junte o molho inglês e a passata de tomate e deixe cozinhar por aproximadamente 20 minutos em fogo baixo. Tempere com a pimenta e acerte o sal. Corte os pães ao meio e recheie com porções generosas de carne.

MACIO Sirva os sanduíches logo depois do preparo. Assim, o molho suculento da carne não umedece o pão.

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