Todos #17

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A VIDA é FEITA DE HISTóRIAS. QUAL é A SUA?

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...e mais 13 instituições

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que apoiam a TERCEIRA IDADE

doados

Serafín

e Shirley

largaram tudo

para viver na estrada

pág. 16

Clóvis leva livros

a comunidades onde eles

são raros

pág. 28

Mhiguel relembra a

criação do

Mato Grosso do Sul,  há 40 anos pág. 32

E mais!

Receitas de Natal: Pernil de porco, Bacalhoada,

Pavê e rabanada #17

Neide Carelli, 76 anos pág. 13

Comecei a viajar depois dos 60 anos e me sinto renovada

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E

EU VENCI

O mundo

espera por você Viajar é uma das experiências mais ricas à nossa disposição. Conheça pessoas apaixonadas por turismo e inspire-se a planejar já a sua próxima aventura R a f ae l a C ar v a l h o

e s túdi o r u f u s


76 anos, de São Paulo, começou a viajar depois dos 60 e já esteve em mais de 40 destinos

Nunca é tarde Só comecei a viajar depois dos 60 anos, quando meus filhos já estavam criados e meu marido já havia falecido. Fiz amizade com algumas mulheres que frequentavam a mesma paróquia que eu e, juntas, decidimos começar a fazer passeios. No início, eles duravam apenas um dia ou um final de semana. Aos poucos, quisemos ir mais longe e ficar por mais tempo. Nos últimos 15 anos, fiz mais de 40 viagens, desde Águas de Lindoia, no interior de São Paulo, até a Europa, passando por países como Alemanha, França, Grécia, Holanda, Portugal e Itália. Em Roma, a sensação coletiva era de que estávamos em outra realidade – uma colega até pediu para que eu a beliscasse para ela acreditar que estava realmente olhando para o Coliseu! Tive muitas inseguranças ao viajar sem a companhia de familiares. Na minha idade, caminhar dói um pouco mais, a visão já não é tão aguçada. Mas, ao colocar meus receios em xeque, ganho autonomia, coragem e um sentimento de renovação constante. É a chance que dou a mim mesma de me resgatar, depois de tantos anos priorizando outros aspectos da vida, como o casamento e os filhos. Enfrentando pequenos desafios típicos de turistas, como comunicar-se por mímica, sinto que me torno cada vez mais capaz de cuidar da minha vida, até mesmo depois que volto para casa.”

© Foto: Marcus Steinmeyer (assistente: Cristiano Rolemberg)

Neide Carelli,

d e z e m b r o / j a n e i r o < TO d o s < 13


N

no meu tempo

alô, alô,

f r eg u e s i a ! Não faz muito tempo que shopping centers eram raros e comprar através do computador, inimaginável. O acesso a muitos bens era mais difícil, havia menos variedade, lidava-se direto com o produtor. O que mudou para melhor? E para pior? Confira depoimentos que relembram o comércio de antigamente Karina Sérgio Gomes

ilana bar

e s t ú di o e s p a ç o i l u s ó r i o


O leite nosso de cada dia

Eu morava no interior de Santa Catarina, em Biguaçu, entre os anos 1960 e 1970, e nós comprávamos a maioria das coisas direto do fornecedor. Todas as manhãs, eu ia de bicicleta com dois tonéis de alumínio buscar o leite de um fazendeiro que parava um caminhão na praça da cidade. Tinha de ir cedo para não correr o risco de ficar sem e voltar logo para casa para não estragar. Minha mãe fervia e servia para eu e meus irmãos tomarmos antes de irmos para a escola. Como não tínhamos geladeira, essa era uma rotina que precisava ser repetida diariamente.”

Maria Rita Hurpia, 61 anos, São Paulo


M

MEU DICIONÁRIO

"A Bahia tem um jeito... ...que nenhuma terra tem", diz a música de Dorival Caymmi. E essa originalidade também está presente na maneira de falar. Conheça expressões típicas de lá e faça uma divertida viagem cultural sem sair de casa heloísa iaconis

f id o n e s t i

O borrachudo acabou de passar. Cadê ele? Abriu o gás!

No dicionário, borrachudo é aquele insetinho que faz estrago com sua picada. Mas, na Bahia, é o mesmo que ônibus!

Não precisa chamar os bombeiros: "abrir o gás" é o mesmo que ir embora, se mandar. O equivalente baiano a escafeder-se.

Vou dar o leite, presta atenção! Obter alimento direto da mãe é uma facilidade e tanto. Talvez daí venha essa gíria, cujo sentido é ensinar um macete, dar uma dica.

É um sujeito espótico.

De onde vem esse afitim? Certamente, de algum alimento que passou da validade. A palavra refere-se ao mau cheiro de algo que está começando a ficar podre.

Se te chamarem assim, talvez seja hora de rever sua conduta. Trata-se daquela pessoa metida a besta, presunçosa, que gosta de aparecer.

Fez igual a cachorro magro. Um vira-lata faminto acaba de comer e já parte em busca de outro osso. Por isso, é assim que se chama aquela visita que some tão logo mata a fome.

Caiu o cacau no fim de semana. Imagine várias dessas frutas vindo ao chão ao mesmo tempo: "cair o cacau" é o mesmo que chover, especialmente se for um aguaceiro daqueles. 36 > TO d o s > d e z e m b r o / j a n e i r o

Comeu barro de novo! Coisa boa não pode ser, né. O raciocínio é o mesmo de "comer mosca", e o significado também: significa bobear, vacilar.

Saiu da festa dando rasteira em cobra. A expressão, literalmente um movimento inimaginável, é usada para se referir aos nós nas pernas típicos de quem bebeu demais.


A sortuda pegou o boi de novo. Ao contrário do sentido literal, que exigiria esforço hercúleo, a gíria "pegar o boi" refere-se a conseguir algo com facilidade, ser privilegiado, se dar bem.

O chefe vive enrolado no xale da doida.

Criatividade para nomear tons de tinta para unha não falta. Mas, na Bahia, a originalidade foi além: "fátima" é como se chama o esmalte em si.

Descubra mais algumas expressões características da Bahia, apresentadas por nossas entrevistadas, que revelam suas gírias regionais preferidas Lívia Natália, de salvador, 36 anos, poetisa e professora universitária 1

É como se o tal xale contagiasse com uma certa loucura. A gíria se aplica a quem, entre muitos afazeres, se sente confuso, perdido.

Cadê a fátima vermelha?

Minhas palavras

"Falarei de duas expressões que retratam bem o jeito baiano de ser. 'Quem vai é coelho!' quer dizer que a pessoa não quer se meter em confusão. Algo como: 'Me tire fora dessa'. A outra, 'é barril dobrado', tem significado parecido: 'Nem vou me meter, é muito problema'. Mas também pode ser um elogio: 'Você é barril dobrado' indica que a pessoa é muito boa em alguma coisa."

O socorro está furado! Torça para não ouvir isso numa viagem de carro pela Bahia. "Socorro" é como se chama o estepe, o pneu reserva do automóvel.

Vai comprar galupim novo?

Emília Nuñez, 2

"Amo o jeito cantado do baiano falar e as centenas de expressões que só se escutam por aqui. Por exemplo: 'Bora bater um baba?', que é um convite para jogar futebol. Ou 'buzu', a forma carinhosa como chamamos o ônibus. E também 'vamos pro reggae', em que 'reggae' significa festa, podendo tocar qualquer tipo de música."

© Fotos: 1) Priscila Fulô, 2) Caroline Paternostro, 3) Ives Padilha/Cia Ponto Art

Se sim, convém experimentar para ver se não aperta nem se está folgado demais. Afinal, é assim que se chama tênis na Bahia.

Deu uma gaitada que todo mundo ouviu. Para gerar uma gaitada, não precisa de instrumento musical. É só contar uma boa piada. A palavra se refere a uma risada alta, solta, uma gargalhada.

Está mordendo a corda há uma semana. Não faltam expressões com essa palavra: dar corda, andar com a corda toda, estar com a corda no pescoço... "Morder a corda", por sua vez, é protelar, enrolar.

Esta é minha roupa de ver Deus. Se você acha que um encontro divino pede pompa, já entendeu: a expressão indica vestimenta de festa, o melhor traje do armário.

de Salvador, 31 anos, autora do blog Mãe que Lê

Annie Ganzala, 3

de Salvador, 29 anos, aquarelista e grafiteira

"Gosto da expressão 'avia', que me lembra da minha tia-avó. Quando ela queria que eu fizesse algo rápido, usava essa palavra. Por exemplo: 'Avia para guardar esses brinquedos, menina!'. Também adoro 'cafuné', um dos melhores carinhos que existem." As expressões apresentadas nesta matéria foram pesquisadas no Dicionário de Baianês, de Nivaldo Lariú (Empresa Gráfica da Bahia)

d e z e m b r o / j a n e i r o < TO d o s < 37


R

Receitas de família

estilo

em grande

As refeições da última – e mais festiva – semana do ano exigem certa grandiosidade e muito aconchego. Confira uma seleção de ideias para fazer sua mesa brilhar como fogos de artifício R o m y Aik a w a

Experimentei pernil pela primeira vez em uma festa de fim de ano, quando era jovem, e achei maravilhosa aquela carne suculenta e macia. Alguns anos depois, o gosto ainda estava na memória, e decidi tentar fazer. Preparei um molho com laranja, shoyu e mel para acompanhar. Minha família adorou, e passei a servir em diversas ocasiões. Sempre tenho pernil no congelador. Deixo marinando por pelo menos 12 horas. Sirvo com batatas ou outros legumes assados.”

Renan Lima, 32 anos, São Paulo

42 > TO d o s > d e z e m b r o / j a n e i r o

Sheila Oliveira

Para coroar

Peneire o suco que sobrar na assadeira e leve à geladeira por 30 minutos. Retire e descarte a gordura formada na superfície. Esquente e sirva.


pernil assado Para perfumar a casa, encher os olhos e provocar sorrisos satisfeitos. um prato à altura de uma data tão esperada para 8 pessoas

Ingredientes » 1 pernil de porco com pele e osso (cerca de 2,5 kg) » 2 cenouras descascadas » 4 talos de salsão » 2 cebolas descascadas » 6 dentes de alho descascados, inteiros » 1 maço de alecrim » 4 folhas de louro » 250 ml de vinho tinto seco » 250 ml de vinho branco seco » 1 xícara de óleo de milho » 2 e 1/2 colheres (de sopa) de sal » pimenta-do-reino moída na hora a gosto Para a farofa: » 2 colheres (de sopa) de manteiga sem sal » 1 cenoura ralada » 1 cebola picada » 2 ovos » 1/2 xícara de cramberries secas » 2 xícaras de farinha de milho » sal a gosto » salsinha picada a gosto Modo de preparo

1 Preaqueça o forno a 220 ˚C. Corte as cenouras, o salsão e as cebolas em pedaços médios e disponha em uma assadeira com os dentes de alho inteiros, o alecrim e o louro. Tempere o pernil com sal e pimenta e coloque-o sobre os legumes e ervas, com a pele voltada para cima. Regue tudo com os vinhos.

3 Quando a carne estiver pronta, retire a assadeira do forno e faça a pururuca: aqueça o óleo de milho em uma panelinha até o ponto de fervura e, com extremo cuidado para não se queimar, derrame o óleo quente lentamente sobre toda a pele do pernil, que vai imediatamente formar uma casca crocante, como a de um torresmo.

Adocica

Cozinhe oito maçãs cortadas em quatro pedaços em 2 colheres (de sopa) de manteiga e sal a gosto, em fogo baixo, com a panela fechada.

4 Para fazer a farofa, derreta a manteiga em uma frigideira e refogue a cenoura e a cebola. Adicione os ovos e faça-os mexidos. Acrescente as cramberries e, em seguida, a farinha. Tempere com sal e mexa sempre até que a farinha comece a dourar. Polvilhe a salsinha e sirva.

d e z e m b r o / j a n e i r o < TO d o s < 43

© Produção culinária: Paula Belleza. Produção de objetos: Márcia Asnis

2 Cubra a assadeira com papel-alumínio e asse por 3 a 4 horas no forno preaquecido, até a carne estar soltando do osso. Então, descarte o papel-alumínio e asse o pernil por mais o tempo necessário até dourar de ambos os lados, regando a carne com os sucos da assadeira a cada 15 minutos.


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