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© Foto: Chico Cerchiaro. Maquiagem: Fernanda Suzz
VERA CORDEIRO, 68 anos, médica, do Rio de Janeiro, liderou a criação de uma metodologia que diminui as reinternações hospitalares de crianças e dobra a renda das famílias
ENTENDI QUE TRATAR UM PACIENTE É CUIDAR DA FAMÍLIA INTEIRA Quando eu atuava como médica em um hospital público, notei que a reinternação de muitas crianças era recorrente. E compreendi que, para elas recuperarem a saúde, seria preciso levar o tratamento para além dos muros do hospital, porque a causa real do problema era a condição de vulnerabilidade social em que viviam. Não adiantava dar alta à criança e ela voltar para uma casa sem tratamento de água e esgoto e com uma família desestruturada, que não tem dinheiro para a alimentação correta e nem mesmo os
documentos necessários para conseguir acesso a remédios gratuitamente. Então, comecei a mobilizar pessoas do hospital e outros voluntários para auxiliar essas famílias. Fundamos a Associação Saúde Criança em 1991 e, depois de ouvir muitas delas, acabamos criando uma metodologia, o PAF (Plano de Ação Familiar), que funciona com o patrocínio de empresas e pessoas físicas. O PAF é elaborado junto com os familiares de crianças internadas em hospitais públicos, e os ajuda a cumprir metas de saúde, educação, moradia, renda e cidadania, até adquirirem autonomia. Um estudo comprovou que, cinco anos após a alta do Saúde Criança, a renda das famílias dobra e as reinternações caem 85%. Seria um sonho realizado ver essa metodologia transformada em política pública federal.”
A B R I L / M A I O < T O D O S < 13
N
NO MEU TEMPO
REZA A LENDA
As crendices e o folclore do Brasil são marcados por rituais de cura e estórias mágicas, como relembram nossos leitores nas páginas a seguir REPORTAGEM A M A N D A P É C H Y FOTOS I L A N A B A R ILUSTRAÇÕES L A L A N B E S S O N I
20 > T O D O S > A B R I L / M A I O
DA CRENÇA AO HÁBITO Quando dava um relâmpago ou ventania, minha mãe tapava os espelhos. É que, se a gente olhasse nossa imagem refletida nele e caísse um raio, nossa boca entortaria. Outra crendice é achar que usar amarelo protege as crianças. Quando tive hepatite, dormia com pijama amarelo, para sarar. E a primeira roupa que meus filhos vestiram na maternidade foi amarela.”
GILCINEIA ELEUTÉRIO (à dir.), 56 anos, e a mãe, NILCE JARDIM, 82 anos, São Paulo
A B R I L / M A I O < T O D O S < 21
M
MEU DICIONÁRIO
À MODA DE TOCANTINS O estado mais novo do Brasil, criado em 1988, reúne grandes riquezas culturais, como as expressões típicas que você vê a seguir REPORTAGEM D A N I E L A A R C A N J O ILUSTRAÇÃO F I D O N E S T I
Ô, menino enfarento! Pessoas difíceis e mal-humoradas recebem outro nome lá em Tocantins: enfarentas.
Isso é baba de quiabo.
Isso aqui é paia. Significa que não tem valor, é malfeito ou não tem importância.
Você já deve ter ouvido baba de quiabo: é conversa mole, papo-furado.
Ela é água morna. Os mais apáticos, sem opinião, indecisos, são chamados de água morna.
Eu sei onde as cobras malham.
Ele abriu o pé. Abrir o pé não se refere a machucar-se, não. É uma forma de dizer que alguém saiu correndo, fugiu.
Saber onde as cobras malham é conhecer os macetes, ser esperto.
Vai ser café com língua? Quando esta bebida é servida sem acompanhamento algum, é café com língua.
Tá com o cacau aí?
Vamos abancar.
Calcei a cara e falei!
Em Tocantins, cacau é mais que um fruto. O termo é sinônimo de dinheiro.
Em vez de "sentar em um banco", os moradores da região costumam dizer “abancar”.
Para pedir desculpas por um erro, é preciso calçar a cara, ou seja, perder a vergonha.
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SÓ NA TRADUÇÃO
Foi pego na curva. Para os tocantinenses, alguém que é surpreendido, desmascarado, é “pego na curva”.
Estes tocantinenses revelam os termos de que mais gostam e ensinam o que significam 1
EVA PEREIRA, 40 ANOS, CINEASTA
Tô muito abafado.
“O modo de falar das pessoas do Tocantins é influenciado principalmente pelos seis estados com os quais faz divisa. Vou destacar uma expressão de que gosto muito: ‘arrocha o buriti’. É um incentivo, uma forma de dizer ‘Vá em frente! Faça! Arrebente!’.”
Parece, mas não tem a ver com calor e falta de vento: abafado é ocupado.
Nem pro fio do rê! Vem de “nem para o filho do rei” e é usada como uma negativa: “não faria isso pra ninguém”.
2
Ela foi lá e despejou o saco.
MARCIO BELLO DOS SANTOS, 52 ANOS, MÚSICO E ARTESÃO
O termo é utilizado quando uma pessoa conta tudo o que sabe sobre um fato.
“Uma das peculiaridades das expressões aqui são os nomes dos ritmos e instrumentos de percussão da cultura local. Gosto dos usados para designar uma cuíca primitiva, conhecida, dependendo da região, como ‘roncador’, ‘puxa tripa’ ou ‘tambor de rabo’.”
Fez tudo à bestunta.
2
Adeus, viola! A expressão quer dizer “está tudo acabado”, "não tem mais jeito”.
Você está todo breado.
Ele tá roncando papo.
Quando a criançada passa a tarde na rua, normalmente volta breada. É o mesmo que sujo.
Roncar papo é contar vantagem, aumentar ou valorizar uma história.
VERÔNICA DE ALBUQUERQUE, 38 ANOS, FUNDADORA DO GRUPO TIA BENVINDA, DE SUÇA, DANÇA TÍPICA DO TOCANTINS
Fonte: Dicionário Tocantinense de Termos e Expressões Afins, de Liberato Póvoa
© Fotos: 1) Márcio Mazaron, 2) arquivo pessoal, 3) Andressa Leão
Pode referir-se a “fazer de qualquer jeito” ou “não ter destino certo”: “ele andava à bestunta”.
“Um dia, pedi referência de um determinado local e me disseram: ‘passa pelo queijinho, que logo você chega ao seu destino’. Queijinho, aqui no estado, é rotatória. ‘Isturdia’ é uma palavra que ouço sempre, também: ‘Isturdia fui lá na fazenda e vi uma onça!’ Quer dizer ‘outro dia’.” 3
DENISE SUPTITZ, 19 ANOS, ESTUDANTE
“A mistura linguística aqui é bem grande, com expressões de vários lugares! Entre as gírias que eu mais ouço estão ‘pisada’, que é usada quando uma pessoa faz alguma sacanagem com você, e ‘bagaceira’, um sinônimo para festa, farra, bagunça.”
A B R I L / M A I O < T O D O S < 37
R
RECEITAS DE FAMÍLIA
BELEZA À MESA
Coloque os ovos no molho com cuidado, para manter o formato original das gemas
42 > T O D O S > A B R I L / M A I O
A ORIGEM do sabor
Exaltado nesta época do ano como símbolo da vida, o ovo é um ingrediente versátil que brilha em inúmeras receitas. Confira um menu completo em homenagem a essa delícia REPORTAGEM ROMY AIKAWA FOTOS SHEILA OLIVEIRA / EMPÓRIO FOTOGRÁFICO PRODUÇÃO CULINÁRIA PAULA BELLEZA PRODUÇÃO DE OBJETOS MÁRCIA ASNIS
SHAKSHUKA
TRADICIONAL EM ISRAEL, ESTA MARAVILHA TAMBÉM É CONHECIDA NA ITÁLIA COMO “OVOS NO PURGATÓRIO”
Ingredientes » Azeite de oliva extravirgem para refogar » 2 cebolas em tiras » 2 pimentões vermelhos em tiras » 2 latas de tomate pelado » 1 colher (de sopa) de manteiga » Sal a gosto » Pimenta síria a gosto » Noz-moscada em pó a gosto » Páprica defumada a gosto » 4 ovos » Salsinha fresca picada a gosto Modo de preparo 1 Numa frigideira, refogue a cebola em um fio de azeite. Quando murchar, acrescente o
para 4 pessoas
pimentão e refogue. Junte os tomates (incluindo o caldo; amasse-os enquanto mexe) e a manteiga. Assim que ferver, abaixe o fogo e cozinhe por uns 15 minutos.
2 Acerte os temperos e acrescente os ovos crus por cima do molho. Deixe mais 10 minutos em fogo baixo, com a frigideira tampada, para os ovos cozinharem por cima. 3 Sirva com salsinha salpicada e fatias de pão.
Em Israel, shakshuka é comida de rua, que a gente coloca dentro de um pão pita, junto com homus, tahine e salada de folhas. Mas esse prato me lembra momentos de alegria e de festa em casa, porque era um dos prediletos do meu pai. Ele sempre fazia pra gente, principalmente na versão mexida, em que não dá para ver as gemas e as claras. Eu amava o sabor concentrado dos tomates. Agora, costumo preparar para jantares durante a semana ou o café da manhã de domingo – fica muito bom com creme de ricota e pão branco fresquinho. O segredo para dar um sabor maravilhoso para o prato é grelhar o pimentão na boca do fogão até a casca queimar, e na hora de descascar, deixar um pouco da parte queimada.”
SHLOMI ASAF, 44 anos, São Paulo