Sorria #60

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PAPO PAZ

#60

mar/abr

2018

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DROGA RAIA

DA

VAMOS DAR UMA TRÉGUA? ESFRIANDO A CABEÇA E REFLETINDO SOBRE A FORMA COMO CONVERSAMOS, TORNAMOS AS RELAÇÕES MAIS MADURAS E FELIZES

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PRAZERES SIMPLES

texto ROBERTA FARIA

Quando eu crescer

© Foto: Alija / iStock by GettyImages

P

or algum tempo, nós nos orgulhamos tanto da nossa idade que até os quebrados contavam. “Quantos anos você tem?”, me perguntavam na fila do mercado. “Sete e meio, quase 8!”, eu respondia, esticando as costas para parecer maior. Na adolescência, ouvir “você parece mais velha!” era a glória. Em algum momento, isso passa. Ninguém responde animado “tenho 42 anos e oito meses!”. Se, depois dos 25, ao revelar a idade, alguém devolve um “Só? Achei que era mais!”, a gente até se ofende. Jovens, estamos sempre ansiosos para ter os poderes e liberdades dos grandes. Tudo que nos é negado por um “só quando você crescer” faz parecer a passagem do tempo algo mágico e muito desejável. Eu queria sentar no banco da frente, entrar na piscina

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funda, tomar água no copo de vidro, andar sozinha na rua. Depois, queria sair sem hora de voltar, namorar de porta fechada, dirigir, ter meu dinheiro para gastar. E então a gente cresce, e, no lugar de alimentar expectativas maravilhosas sobre as possibilidades do futuro, envelhecer se torna algo a lamentar. Ninguém está torcendo para chegar logo o dia em que vai usar dentadura. No máximo, pensamos que será bom entrar na fila preferencial. Acho que é falta de imaginação e otimismo – coisas que nos sobravam quando éramos mais novos e inocentes. Aos 12 anos, se alguém me falasse que, adulta, eu teria que trabalhar o dia inteiro, limpar banheiro e declarar imposto de renda, ainda assim eu achava que valeria 100% a pena crescer. Afinal, eu também poderia ir dormir de


madrugada, comer sobremesa que não fosse fruta e ouvir música alta, e ninguém iria me impedir. Do mesmo jeito, sabendo olhar, tem muito mais coisas boas no avanço da idade. Você pode até me lembrar que terei artrite e não poderei me aposentar. Não quero saber – acho que ainda assim vai valer 100% a pena e tenho planos para isso acontecer. Pois, quando eu crescer, vou a todos os bailes da terceira idade e dançarei como se não houvesse amanhã. Vou ler todos os livros, ver todos os filmes e assistir a todas as séries que estão na lista e hoje não dou conta. Vou viajar sozinha com meu marido, como quando éramos namorados. Vou pôr em prática hobbies engavetados, entrar para um coral, cultivar uma horta. Vou falar mais as coisas na lata, sem pensar

tanto antes se devo ou não, e que digam “essa velha é louca!”. Vou ter gatos, cachorros, coelhos e netos, e mimarei todos além do recomendado. Vou usar só roupas extravagantes e muito confortáveis, sem dar a mínima para as modas. Vou encontrar minhas amigas toda semana na hidroginástica e vamos causar na aula de tanto falar besteira e dar risada. Acho que, em algum momento, a gente se dá conta de que envelhecer é mesmo bom. Sabe por quê? Depois de décadas, voltamos a nos orgulhar da idade. Meu avô Adão, um pé de valsa com coração adolescente e muso desses planos, me lembrou disso outro dia. “Com quantos anos o senhor tá mesmo, vô?”, perguntei. E ele respondeu, com brilho no olho: “89 e 10 meses. Faço 90 em março!”. Parabéns, vô! Isso, sim, é ficar grande.

MAR/ABR 2018 17


PRAZERES SIMPLES

TÁ NA MESA

Não tem como

dar errado Brigadeiro e biscoito em forma de bolo: quem duvida que fica delicioso? Prepare essa maravilha e celebre com a gente os 10 anos da Sorria!

© Foto: Sheila Oliveira / Empório Fotográfico. Produção culinária: Paula Belleza. Produção de objetos: Marcia Asnis. Produção de flores: Rosendo Marvulo

texto DILSON BRANCO

M

isturar coisas boas costuma dar certo. Foi assim que a Sorria nasceu, há 10 anos. A Editora MOL era uma empresa recém-criada por jovens cheios de vontade de fazer algo diferente. Aí surgiu a ideia: que tal um produto que gere uma corrente do bem, inspirando um mundo melhor? O GRAACC acreditou que seria uma maneira de salvar mais vidas e topou participar. A Droga Raia vislumbrou uma excelente ação de responsabilidade social e também entrou na roda. E a ciranda ficou completa com a chegada dos leitores, permitindo que aquele sonho inicial, embalado com tanto cuidado, se tornasse realidade. Eram muitas boas intenções juntas. Pessoas dedicadas e certas de que, unidas, poderiam fazer algo grandioso, beneficiando quem precisa de ajuda. Com esses ingredientes, não tinha como dar errado. Esse princípio também costuma funcionar na cozinha. A receita ao lado é um ótimo exemplo, uma ideia perfeita para comemorar nossa primeira década: um bolo de palha italiana, preparado apenas com leite condensado, chocolate e biscoitos. Impossível decepcionar! Apesar do nome, dizem que a palha italiana, na verdade, é brasileira. Seria uma versão nacional de um doce europeu, o salame di cioccolato – ou salame de chocolate. Lá, além de chocolate e biscoitos, pode levar manteiga, rum, amêndoas – e é feito em formato cilíndrico, cortado em fatias, lembrando um embutido salgado. Aqui, virou o casamento perfeito entre o brasileiríssimo brigadeiro e as tradicionais bolachas de maisena. Maciez e crocância na medida certa. Transformar esse doce em bolo é outra proposta que nasceu para brilhar. De pensar, já dá água na boca: uma palha italiana em tamanho-família, para dividir com pessoas queridas, celebrando datas especiais... Como esses 10 anos da Sorria, que nos trazem uma alegria imensa e uma vontade ainda maior de compartilhar esse sentimento com você, leitor. Aceita uma fatia? 24 REVISTA SORRIA

BOLO DE PALHA ITALIANA INGREDIENTES • 6 latas de leite condensado • 12 colheres (de sopa) de chocolate em pó • 600 g de bolacha de maisena • flores comestíveis e frutas para decorar MODO DE PREPARO

1

Comece preparando o brigadeiro. Em uma panela, junte o leite condensado


PARA NÃO DIZER QUE NÃO FALEI... As flores exigem cuidado: use espécies comestíveis, de lojas especializadas. Tipos impróprios ao consumo podem causar problemas de saúde. E não compre em floriculturas voltadas à decoração, pois as plantas podem conter agrotóxicos.

com o chocolate em pó. Leve para cozinhar em fogo médio, mexendo sem parar. Quando estiver desgrudando do fundo da panela, reserve e espere amornar.

2

Hora de montar o bolo. Use uma fôrma de fundo removível com 20 cm de diâmetro e 15 cm de altura. Forre-a com filme plástico (antes, molhe as laterais, para que o filme grude). Monte uma camada de biscoito e, por cima, uma de brigadeiro. Vá intercalando

até chegar ao topo da fôrma. (É importante reservar um pouco do brigadeiro para fazer o acabamento, depois de desenformar.) Leve à geladeira por duas horas.

3

Desenforme o bolo. Com o restante do brigadeiro, utilizando uma espátula, cubra as laterais e o topo. Decore com frutas (usamos morango e mirtilo) e flores comestíveis (escolhemos amaranto, boca-de-leão, gerânio, minirrosa, tagetes e verbena). MAR/ABR 2018 25


VALORES ESSENCIAIS

VOCÊ SABE CONVERSAR? PARA A COMUNICAÇÃO SER EFICIENTE E CONSTRUTIVA, SEM AGRESSIVIDADE DESNECESSÁRIA, É PRECISO REFLETIR: QUAL É A MELHOR FORMA DE FALAR E DE OUVIR? reportagem RAFAELA CARVALHO ilustração JULIA BACK 28 REVISTA SORRIA

C

ertamente você já se envolveu em conversas frustradas. Não falou tudo o que queria, disse o que não devia, não usou as palavras certas, foi vítima ou causador de um mal-entendido, viu a barreira do respeito ser ultrapassada... No fim, percebeu que houve um imenso desgaste sem nenhum resultado positivo. Todo mundo passa por esse tipo de situação. Afinal, embora conversar seja um costume fundamental da vida em sociedade, não é muito comum a gente refletir sobre a forma como nos comunicamos. Vamos aprendendo na prática, com erros e acertos, nem sempre dando a devida atenção a essa habilidade essencial.

Encorajar diálogos transparentes, compassivos e produtivos é o objetivo da comunicação não violenta (conhecida pela sigla CNV). Desenvolvida pelo psicólogo estadunidense Marshall Rosenberg, nos anos 1960, essa prática funciona como uma ferramenta para mediar conflitos em qualquer escala – desde relações diplomáticas entre países em guerra até as questões íntimas que cada pessoa tem consigo mesma. “Por meio da CNV, é possível criar conexões entre as pessoas, de modo a melhorar relacionamentos”, explica a psicóloga Sandra Caselato. “Quando observamos o outro a partir de seus sentimentos e do que ele precisa, paramos de


julgá-lo como alguém que está certo ou errado e o enxergamos como uma pessoa parecida conosco. As necessidades humanas são universais.” Para começar a pôr a CNV em prática, é preciso considerar quatro pontos principais. O primeiro é a observação, ou seja, a capacidade de enxergar e de descrever de forma clara e objetiva a situação que está motivando a conversa (por exemplo: “Filho, vi que você deixou seu sapato em cima do sofá”). Em seguida, vem a indicação do sentimento causado por esse fato (“Eu me frustro quando você faz isso, porque o lugar do sapato não é ali”). Depois, especifica-se a necessidade por trás do sentimento (“Eu acho muito

importante manter a nossa casa organizada, inclusive o sofá, que é o lugar onde eu gosto de me sentar para descansar depois de trabalhar”). Por fim, é feito o pedido, a demanda pontual que interessa a quem está falando (“Você poderia guardar os seus sapatos dentro do armário?”). Sandra ressalta que a ideia é ser transparente, tentando entender nossos sentimentos e assumindo responsabilidade por eles. A especialista propõe um exemplo: “Imagine que você está caminhando na rua, passa por uma pessoa conhecida, e ela não te cumprimenta. O ato não é a causa dos sentimentos, e sim um estímulo. Mais importante é a forma como você irá se sentir: aliviado por não ter de

interagir? Triste por se sentir ignorado?”. Ou seja: uma reação comum numa situação como essa é acusar a pessoa de mal-educada, desejar xingá-la, soltar cobras e lagartos em busca de alívio. Mas será que isso funciona? Para a CNV, muito mais produtivo é focar nos sentimentos que a experiência nos causa. Assim, podemos entender nosso papel nas relações e buscar formas de torná-las mais saudáveis. A CNV é um assunto vasto, e, para mergulhar nesse universo, nada melhor do que aprender com a experiência de quem o vive na prática. Vire a página e conheça pessoas que, ao se comunicar melhor, tornaram seus relacionamentos mais maduros, produtivos e felizes. MAR/ABR 2018 29


DÁ PRA MUDAR?

A MISSÃO A repórter Romy Aikawa aceitou o desafio de realizar algum tipo de atividade física todo dia durante um mês. Será que ela conseguiu?

QUEM FICA

PARADO É ESTÁTUA 36 REVISTA SORRIA

PRECISA DE INSPIRAÇÃO PARA PRATICAR MAIS ATIVIDADES FÍSICAS? VEJA COMO NOSSA REPÓRTER DRIBLOU A FALTA DE TEMPO E OUTROS EMPECILHOS, GANHANDO MAIS SAÚDE reportagem ROMY AIKAWA ilustração EDUARDO MEDEIROS


PONHA SEU CORPO PARA FUNCIONAR!

FERRAMENTA DE PODER

O sedentarismo é fator de risco relacionado à PRINCIPAL CAUSA DE MORTE NO PLANETA: Situações triviais as doenças cardíacas evidenciam o machismo e a importância de combatê-lo. Reparos Não praticar caseiros são um exemplo atividades físicas

>86% À SAÚDE QUANTO

É TÃO PREJUDICIAL

DAS MULHERES BRASILEIRAS FUMAR: os dois JÁ SOFRERAM ALGUM hábitos são TIPO DE ASSÉDIO.*

“T

ive oportunidade de fazer aulas de tênis, vôlei, natação e balé na infância e na adolescência. Quando eu me tornei adulta e mãe, o ritmo diminuiu muito. Os últimos três anos foram os piores: com a vida atribulada, fui priorizando outras coisas, e sobraram apenas algumas caminhadas de fim de semana. Ganhei peso e perdi fôlego. Era esse o quadro quando topei a bem-vinda proposta de realizar algum tipo de atividade física diariamente durante um mês e relatar a experiência na Sorria. Ando preocupada com o avanço da idade e já tinha prometido emagrecer alguns quilos em 2018. Quem sabe esse seria o pontapé inicial? Para não perder tempo, me programei para começar a jornada logo no dia seguinte. A ideia era andar um pouco pelo bairro assim que resolvesse algumas

responsáveis pelo mesmo número de DE FICAR A SÓS COM mortes no mundo PRESTADORES DE SERVIÇO. > MUITAS TÊM MEDO

> ATENDENDO A UMA

25% dosCRESCENTE, adultos DEMANDA no planeta são HÁ CADA VEZ MAIS

EMPRESAS DE NO sedentários. CONSERTOS FEITOS BRASIL, O GRUPO POR MULHERES. É BEM MAIOR: 46% “MULHERES DEVEM SABER USAR FURADEIRA ASSIM Pessoas entre 18 COMO e 64 HOMENS DEVEM anos devem SABER PASSAR ROUPA.

praticar ao menos

A DISTINÇÃO DE 150 MINUTOS DE TAREFAS POR GÊNERO ATIVIDADE FÍSICA NÃO DEVE EXISTIR.”**

POR SEMANA

*Pesquisa ActionAid de 2016 **Leda Böger, diretora executiva doFontes: Instituto IBGE, Consulado da Mulher OMS,

The Lancet

tarefas matutinas. Vesti uma roupa adequada, enchi uma garrafinha de água e… o celular tocou: era minha filha mais velha querendo saber se havia espaço no depósito que temos na garagem do prédio para ela guardar algumas coisas. Lá fui eu dar uma geral naquele quartinho. Tirei as teias de aranha, limpei e ajeitei os objetos para abrir espaço, varri e esfreguei o chão. Lembrei de ter lido que faxinar poderia até substituir a academia. Terminei e fui checar na internet: segundo um estudo de 2017 da Universidade McMaster, do Canadá, qualquer atividade que movimente o corpo e faça o coração bater mais depressa aumenta a expectativa de vida. Descobri também que varrer o chão durante 15 minutos manda embora cerca de 100 calorias – mais ou menos o que se gasta em 20 minutos de caminhada. Como ainda tinha um monte de coisas para fazer naquele dia, considerei a cota cumprida. No dia seguinte, fui caminhar com meu marido logo cedo. Esse é o tipo de atividade que gosto de realizar acompanhada, porque, conversando, nem vejo o tempo passar. Mas ele estava preocupado com o prazo de um serviço e foi apertando o passo. Tentando acompanhá-lo, cheguei esbaforida ao fim do trajeto de uma hora. Recuperei o fôlego rapidinho, só que o alarme do bom senso apitou. Achei melhor me informar sobre o que dava para fazer sem precisar passar por exames médicos nem contratar um profissional. Afinal, ainda era sedentária segundo o critério da Organização Mundial da Saúde (OMS), que recomenda um mínimo de 150 minutos de atividades físicas semanais. Quem me ajudou foi o educador físico Rafael Castro, mestre em fisiopatologia experimental pela Universidade de São Paulo (USP). O esclarecimento inicial foi sobre a diferença entre atividade e exercício físicos: ‘Atividade física é qualquer movimento não programado que promova um gasto de energia maior do que o que se teria em repouso – como passear com o cachorro. Já o exercício envolve movimento programado e visa a melhorar a performance, ou seja, a resistência, a força, a flexibilidade – como a natação’. O esforço das atividades cotidianas é benéfico porque, com o movimento, os músculos consomem glicose (açúcar) e oxigênio, e isso obriga o organismo a pôr os sistemas cardiovascular, respiratório e esquelético, entre outros, MAR/ABR 2018 37


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