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DESSA ÀS VEZES, A VIDA NOS COLOCA EM SITUAÇÕES APARENTEMENTE SEM SOLUÇÃO. MAS DÁ, SIM, PARA DESATAR OS NÓS DA FRUSTRAÇÃO E IR ADIANTE
RAZÕES PARA LER MAIS
10
FORMAS DE
DESLIGAR
A ANSIEDADE ECONOMIZE RECURSOS NATURAIS
E SALVE O PLANETA
#61
mai/jun
2018
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PRAZERES SIMPLES
14 REVISTA SORRIA
Mães & filhas texto ROBERTA FARIA
T
em uma frase ótima que diz assim: “Eu era uma ótima mãe, até ter filhos”. Eu fui dessas. Enquanto era adolescente e apenas uma filha, eu poderia lhe fazer longas listas dos defeitos da minha mãe (ou de qualquer mãe, para ser bem sincera) e de tudo que ela fazia de errado. Coisas que eu dizia de boca cheia: “Eu nunca vou fazer isso com meus filhos!”. (Rá!) Achava que ela era louca, dramática. Injusta, autoritária. Não me entendia, não sabia de nada. Então, é claro que o jogo virou. Quando eu também virei mãe, entendi o lado dela. Não só entendi, aliás, como dei razão. Na verdade, me espantei de como minha mãe não foi mais maluca – porque eu certamente seria se tivesse três filhos em escadinha, com 20 e poucos anos. Vi como eu é que fui injusta – e como é realmente preciso ter autoridade para ensinar limites, o que nunca será uma decisão popular. Me tornei, eu também, alguém que está por fora das modas (até porque, sei agora, elas são geralmente ridículas e nada importantes). E, é claro, faço com as minhas filhas as coisas que jurei que nunca ia repetir. (E penso: deixa, deixa. Um dia elas também vão me entender...) A ironia da vida não me envergonha. Ao contrário. No movimento de amadurecer, ganhei outra mãe e me tornei outra filha. Nos reconectamos profundamente, ligadas por experiências de vida semelhantes e compartilhadas. Aquelas picuinhas infantis cederam lugar à empatia: ela sabe o que eu estou passando, e eu posso entender muito melhor como ela se sente. Esse novo lugar adulto é cheio de conversas, de trocas, de aprendizados. É tão bom poder ouvir a opinião dela, que me conhece a vida inteira, literalmente. É tão recompensador me sentir útil devolvendo um conselho de igual para igual para a mulher que mais admiro. Pensei muito nessa mudança outro dia, quando uma discussão com a minha filha adolescente me deixou arrasada. Acontece, você sabe. Era madrugada, e eu não conseguia dormir, incomodada com sentimentos que mal sabia explicar. A 800 km de distância, minha mãe acordou para tomar água e mandou um “oi” pelo celular. Devolvi a mensagem contando em duas frases o que havia acontecido. Não precisou de mais nada: minha mãe entendeu tudo. Até porque já estivemos nesse lugar antes – quando eu era a adolescente rebelde e ela, a mãe cansada de discutir. Só que, naquela noite, 18 anos depois, estávamos do mesmo lado: o da cumplicidade. E a conversa que trocamos às 3h da manhã me confortou e me devolveu a paz. Minha mãe é sábia e magnífica. Mesmo que continue um pouco doida às vezes, mesmo que a gente siga discordando em tantas coisas. Ainda bem que a adolescência só dura uns anos. E que temos a vida adulta inteira para sermos melhores amigas. MAI/JUN 2018 15
PRAZERES SIMPLES
TÁ NA MESA COM CHOCOLATE Substitua o vinho por 400 ml de leite com 2 colheres (de sopa) de cacau dissolvidas nele. Finalize com um fio de mel e banana fatiada.
Poção
mágica Sagu é fantasia em forma de sobremesa. Basta uma colherada para todo mundo voltar a ser criança texto DILSON BRANCO
© Foto: Sheila Oliveira/Empório Fotográfico. Produção culinária: Paula Belleza. Produção de objetos: Marcia Asnis
C
rescemos, mas a criança dentro da gente não morre. Bem que tentamos esconder nosso lado infantil, posando de pragmáticos e racionais, mas eventualmente escorregamos em algum detalhe. (E isso, claro, é ótimo: a vida seria insuportável se a gente sempre seguisse o ritmo artificial da etiqueta da maioridade.) Vale para cada indivíduo e, como um todo, para a humanidade. Exibimos com orgulho nossas máquinas e instituições, tudo supostamente muito sensato e cheio de propósito. Mas nosso espírito de pré-escola está ali, pronto para nos trair. Porque certas criações da civilização definitivamente não são adultas. Tipo o sagu. Imagine o inventor do processo explicando o passo a passo da novidade: “Você pega a mandioca, rala, lava, separa essas fibrinhas e deixa o caldo descansar até formar uma massa no fundo. Depois esfrega essa massa em um tecido ou passa em uma peneira para formar bolinhas. Isso, bolinhas! Finalmente, deixa que elas sequem. Aí, se você cozinhar, vai virar um tesouro: uma goma de pérolas transparentes, macias e gelatinosas. Vale a pena!”. Um interlocutor muito maduro retrucaria: “Acho mais fácil apenas cozinhar a mandioca inteira, como sempre fazemos”. Ainda bem que essa visão tão sem graça não prevaleceu. Aos olhos de uma criança, o sagu é um convite à fantasia. Um irmão provoca o outro dizendo que são ovos de sapo. Este retruca explicando que é baba de monstro. Para mim, o grande desafio era conseguir rasgar uma das bolinhas com os dentes. Em casa, com a receita da minha mãe, nunca conseguia, parecia impossível. Um dia, num restaurante, vi que as esferas eram maiores, com o interior ainda esbranquiçado. Nhac! Finalmente deu certo! Comemorei como um cientista que prova que o átomo não é indivisível. Se você anda meio desconectado das belezas da infância, temos uma receita para indicar. Veja ao lado. Uma criança me garantiu que ela tem poderes mágicos: pode resgatar nosso lado mais criativo, divertido e inocentemente feliz. 24 REVISTA SORRIA
SAGU DE VINHO COM CREME BRANCO Rendimento: 6 porções
INGREDIENTES • ½ xícara de sagu • água para hidratar • 200 ml de água • 400 ml de vinho tinto seco • 1 canela em pau • 1 xícara de açúcar
Para o creme: • 250 ml de leite • 2 gemas • 1 colher (de sobremesa) de açúcar • 1 colher (de sobremesa) de amido de milho • 1 colher (de café) de extrato de baunilha
COM LARANJA Substitua o vinho por 400 ml de suco de laranja. Na hora de servir, dá para decorar a taça com gomos de laranja e uma camada de chantili.
COM COCO Substitua o vinho por 400 ml de leite de coco e 2 colheres (de sopa) de coco ralado seco. Decore com fitas de coco queimado.
COM CREME Esta é a receita mostrada abaixo. O creme pode ficar por cima ou por baixo do sagu. Decore com folhas de hortelã.
PREPARO DO SAGU
1
Coloque o sagu numa tigela e cubra com água. Deixe descansar por 1 hora para hidratar. Escorra e reserve.
2
Junte numa panela os 200 ml de água, o vinho, a canela e o açúcar. Mexa até o açúcar dissolver e leve ao fogo. Quando ferver, junte o sagu e deixe cozinhar em fogo baixo por aproximadamente 1 hora, ou até que o sagu esteja macio e transparente. Mexa de vez em quando, para não grudar no fundo da panela. Se necessário, acrescente água quente durante o cozimento.
3
Retire do fogo e deixe esfriar. Depois, leve à geladeira por aproximadamente 1 hora. PREPARO DO CREME
1 2
Despeje o leite em uma panela e leve para ferver.
Numa tigela, coloque as gemas e o açúcar e bata com o batedor de arame até a mistura dobrar de volume e ficar quase branca. Acrescente o amido e misture.
3
Despeje 1/3 do leite fervido sobre a mistura de gemas e mexa. Passe o conteúdo da tigela para a panela em que
está o restante do leite (fora do fogo) e misture até incorporar todos os ingredientes.
4
Volte a panela para o fogo baixo e mexa o tempo todo, até o creme engrossar. Desligue e adicione o extrato de baunilha.
5
Disponha o creme em um recipiente e cubra com filme plástico encostado na superfície da mistura para evitar a formação de película sobre ela. Espere esfriar e leve à geladeira por aproximadamente 30 minutos. Depois que tudo estiver resfriado, sirva o sagu com o creme de baunilha. MAI/JUN 2018 25
VALORES ESSENCIAIS
ÀS VEZES, A VIDA TRAZ SURPRESAS QUE NÃO NOS SENTIMOS PREPARADOS PARA ENFRENTAR. MAS ESSAS SITUAÇÕES PODEM RENDER INCRÍVEIS APRENDIZADOS, LEVANDO-NOS A UM FINAL FELIZ reportagem HELAINE MARTINS ilustração MARIANA SALIMENA
P
assamos a vida desejando. O melhor emprego, o casamento mais harmonioso, as amizades mais duradouras, as férias mais divertidas – mesmo com o conselho popular nos dizendo para não criarmos expectativas. Mas projetar dias melhores faz parte da natureza humana e, inclusive, do crescimento psicológico de cada indivíduo. Desde criança, somos movidos por esse sentimento de esperança de que algo que queremos muito dê certo – e é isso que nos faz levantar da cama todos os dias, tecer planos, empreender esforços. São as expectativas positivas que nos motivam a agir para que elas se realizem.
A questão é que nem tudo decorre como desejamos. A vida é movimento, e coisas inesperadas, que estão fora do nosso controle, simplesmente acontecem. Isso pode gerar frustração. “O problema das expectativas é quando nos agarramos demais a elas, porque são sempre subjetivas. Apoiam-se no futuro, em opiniões, valores e crenças de outras pessoas, tornando impossível de serem sempre correspondidas”, diz a psicóloga Thaiana Brotto, especialista em teoria comportamental. Mas não quer dizer que você deva passar a vida fugindo de projeções para não se machucar. A frustração nos ajuda a ser mais fortes, determinados e criativos e nos
ensina a reagir e a buscar mudanças positivas para a vida. “O foco deve estar no equilíbrio entre o desejo e a realidade. Entender que, muitas vezes, ocorrem coisas que testam a nossa capacidade de aceitar sentimentos dolorosos e retroceder, repensar, parar”, afirma Thaiana. “Você pode planejar quanto quiser, mas nunca estará livre das adversidades.” A forma de lidar com a frustração é o que faz a diferença. Há quem tenha mais dificuldade para atravessar situações difíceis e há quem dê a volta por cima e transforme algo que parecia ruim em uma história feliz. É o que chamam de resiliência. A boa notícia é que não existe uma postura
certa ou errada, apenas uma habilidade que, se ainda não está presente, pode ser desenvolvida em qualquer fase da vida. A lição que fica: se não dá para mudar a situação, será que não é possível encontrar outro significado? Talvez dando um novo sentido a ela, enxergando com outros olhos. Nas próximas páginas, você vai conhecer quatro histórias de pessoas que precisaram lidar com surpresas do destino e com a frustração, mas que construíram um arco-íris de aprendizado depois do temporal de desafios. Elas mostram que a realidade é, sim, complexa, mas que é justamente isso que torna a vida uma experiência incrível.
DÁ PRA MUDAR?
SE VOCÊ TEM A SENSAÇÃO DE ESTAR CONECTADO O TEMPO TODO A UMA TOMADA DE 220 VOLTS, VEM SABER COMO NOSSA REPÓRTER RECRIOU A ROTINA PARA DESACELERAR A MENTE reportagem RAFAELA CARVALHO
36 REVISTA SORRIA
ilustração ESTÚDIO BARLAVENTO
“D
esde a época de escola, eu achava que estar ocupada e fazer muitas coisas ao mesmo tempo era algo de que eu deveria me orgulhar. Criar listas de afazeres era uma forma de alimentar a sensação de que muitas coisas dependiam de mim e, assim, massagear meu ego. Mas estou tentando mudar esse comportamento há um tempo, já que ele também é uma fórmula desastrosa quando tudo se acumula: passo a trabalhar demais, cancelo encontros com amigos, durmo pouco e me alimento mal. Em meio à desorganização, o jeito mais fácil de me justificar é falar que estou ʻna correriaʼ. No meu aniversário, em janeiro, fui sozinha a um lugar sem internet nem sinal de celular. Isolada, redigi uma carta para mim mesma e escrevi uma promessa: eu me responsabilizaria por minha qualidade de vida, sem desculpas. Algumas semanas depois, fui desafiada pela Sorria para pôr em prática o que escrevi. Talvez com mais de 200 mil leitores na expectativa, eu sentisse uma pressão maior para dar o exemplo. Para driblar a ansiedade, precisei descobrir os lugares em que ela nascia. Não levou muito tempo para eu encontrar um dos principais: meu celular. Checar mensagens e e-mails, passear pelas redes sociais e ler notícias durante uma hora ou mais eram as últimas coisas que eu fazia antes de dormir – e as primeiras ao acordar. Pelas manhãs, isso acontecia logo depois de eu gastar ao menos meia hora ignorando o despertador e colocando o alarme em modo ʻsonecaʼ. O resultado era um início de dia truncado e inerte, que só engrenava depois de um copo generoso de café. Eu só me movimentava de verdade quando o horário apertava
e eu corria o risco de me atrasar. A pressa a que eu me submetia me estressava, mas também me impulsionava. ʻO ansioso é um procrastinadorʼ, afirma Fernanda Coutinho, doutora em saúde mental e especialista em ansiedade generalizada. ʻSe você percebe esse tipo de comportamento, é interessante que crie uma lista de tudo da rotina que não está fazendo bem e pense em formas de substituir aqueles itens por algo benéfico.ʼ Em uma análise breve, já soube o que poderia mudar: limitar meu tempo on-line, desligar aparelhos eletrônicos em um horário fixo à noite e ter hora marcada para dormir e acordar (sem soneca!). Também decidi usar o desafio para cortar o café e trocá-lo por hidratação constante e alimentação regrada. Para me concentrar ao acordar e relaxar ao dormir, testaria técnicas de respiração. Como a falta de disciplina para meditar no passado me ensinou que eu deveria começar devagar, optei por um método conhecido como mindfulness, que demanda apenas alguns minutos e é eficiente para trazer a mente para o presente. Por três dias, tive dores de cabeça devido à abstinência de café, o que me trouxe indisposição e mau humor. Mas, a partir do quarto dia, senti que minha rotina viveu uma revolução: ao acordar, desligar o despertador imediatamente (que estava do outro lado do quarto de propósito, para eu me obrigar a levantar) e praticar a técnica de respiração, eu estava totalmente desperta. Os horários fixos para dormir e acordar, a alimentação regrada e os 2 litros de água diários fizeram meu corpo começar a funcionar com capacidade plena. O choque foi tão grande que eu peguei minha agenda e, naquela data, escrevi que
TRANSTORNO GLOBAL
Mais do que um sentimento ruim, a ansiedade, quando excessiva, pode ser um problema de saúde, exigindo tratamento psicológico ou psiquiátrico. Veja alguns dados
> 264 MILHÕES
DE PESSOAS TÊM TRANSTORNOS DE ANSIEDADE NO MUNDO.
> EM 2017, O BRASIL ERA O PAÍS COM O MAIOR ÍNDICE DE DIAGNOSTICADOS NA AMÉRICA LATINA:
9,3%
DA POPULAÇÃO. > A ANSIEDADE PODE AFETAR O FÍSICO, CAUSANDO PROBLEMAS COMO ENJOO CONSTANTE E QUEDA DE CABELO. Fontes: Organização Mundial da Saúde e Fernanda Coutinho, doutora em saúde mental do Centro de Atendimento em Terapia Cognitiva Comportamental, no Rio de Janeiro
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