Todos #20

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VALDECI MOSTRA COMO

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RECEITAS:

TORTAS DOCES E SALGADAS

Fabiano Santos Veloso, 54 anos pág. 13

DESCOBRI QUE A UNIÃO DAS PESSOAS PODE TRANSFORMAR VIDAS

pág. 42

#20

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E

EU VENCI

VAMOS, TIME!

QUANDO ATUAMOS EM CONJUNTO, CHEGAMOS MAIS LONGE, APRENDEMOS MUITO E TEMOS MAIS APREÇO PELA JORNADA QUE NOS LEVA AOS NOSSOS OBJETIVOS REPORTAGEM R A F A E L A C A R V A L H O ILUSTRAÇÃO G I O V A N A M E D E I R O S


FABIANO SANTOS VELOSO,

o “Ravengard”, 54 anos, artista, do Rio de Janeiro, com outros voluntários do coletivo Planta na Rua, que realiza mutirões de limpeza de terrenos e plantio de mudas

© Foto: Anna Fischer

EM UM GRUPO, TODO MUNDO APRENDE E ENSINA

ensina. Se há dez pessoas, há dez novos aprendizados para levar para casa naquele dia. Todos estão lá para se doar sem esperar nada em troca a não ser a satisfação por um trabalho bem-feito. Dessa maneira, criamos um elo forte Meu contato com a natureza sempre foi muito intenso desde com muita rapidez. Uma vez, no campus da Universidade Federal do Rio de Janeiro, uma mulher passou perto de a adolescência, quando eu acampava e fazia montanhismo. uma horta que havíamos plantado e me perguntou se podia Por isso, quando conheci o trabalho do Planta na Rua, colher verduras. Quando eu lhe disse que sim, ela pegou coletivo que realiza mutirões de limpeza e de plantio folhas de almeirão, couve, alface e beterraba e montou uma de mudas no Rio de Janeiro desde 2009, me tornei um salada ali mesmo, para almoçar em um refeitório próximo. admirador. Em 2017, decidi me juntar a eles para colocar Aquela espontaneidade me marcou. Para mim, criar mais as mãos na massa – ou melhor, na terra. Por ser um grupo hortas e plantar mais árvores nunca gera cansaço. Estar sem um líder específico, a relação entre todos é horizontal. Basta ir a um mutirão para perceber: todo mundo aprende e em grupo fazendo algo tão relevante é uma diversão.”

J U N H O / J U L H O < T O D O S < 13


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NO MEU TEMPO

PROCURAVA-SE Lembra do cheirinho do papel recém-saído do mimeógrafo? E do som do realejo? Faça uma viagem no tempo com as histórias de quem domina ofícios que desapareceram ou perderam força por causa de mudanças tecnológicas e sociais REPORTAGEM M A R T I N A M E D I N A FOTOS I L A N A B A R ILUSTRAÇÕES M A R C E L L A T A M AY O

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CONCERTO DAS HORAS O que mais me motiva a consertar relógios antigos é a emoção das pessoas. Uma vez, cheguei à casa de uma cliente que tinha um relógio quebrado de pedestal e fui recebido pela governanta. Ela me avisou que a dona da casa – e do relógio – tinha Alzheimer. Quando voltei para instalar as peças, decidi fazer um agrado: colocar o relógio para tocar bem na hora que a dona chegasse. Quando pisou na entrada e ouviu aquele som alto, forte, preenchendo todo o hall, aquela mulher ficou tão emocionada que pareceu ter voltado à infância.”

MARCIO JOSÉ VERONA SACONI, 50 anos, São Paulo J U N H O / J U L H O < T O D O S < 21


M

MEU DICIONÁRIO

PALAVRA DE ALAGOANO Não se assuste se ouvir alguém de Alagoas pedindo passaporte, procurando a japonesa, chamando um amigo de paninho de cuscuz. Tudo isso faz parte do rico vocabulário regional de lá REPORTAGEM R O M Y A I K A W A ILUSTRAÇÃO E S T Ú D I O R U F U S

Ele é cabra de peia. A expressão é usada para designar uma pessoa em quem não se pode confiar, sem moral, traiçoeira.

Mas que pomba-lesa!

Estava numa espera do urubu.

Em Alagoas, pomba-lesa se refere a uma pessoa distraída, avoada, desligada da realidade.

Numa fila comprida, as pessoas costumam passar por uma espera do urubu: ficam muito tempo aguardando.

Lá vem o lambaceiro.

Avia, homem! A palavra avia é usada quando se pede a alguém que se apresse, que ande logo.

Lambaceira é aquela pessoa que espicha o papo e conversa muito, sem se preocupar com o tempo.

Essa aqui é uma correia de ponta. Quando se tem uma pessoa muito próxima, pela qual se tem apreço, ela é uma correia de ponta, uma amiga do peito.

Eita, bexiga! Não estamos falando de balões de festa. A expressão é comum em situações de desespero ou espanto. 36 > T O D O S > J U N H O / J U L H O

Soube que ele é um pirangueiro. Aquelas pessoas que não gostam de gastar um tostão são chamadas de pirangueiras.

Desde pequeno, ele é muito freado. A expressão freado não se refere a algo parado ou estagnado. Ser freado é ser medroso.


TRADUÇÃO SIMULTÂNEA

Ele vive mangando.

Moradores de Maceió explicam o significado de suas expressões preferidas

O termo nada tem a ver com a fruta. Mangar é rir dos outros, tirar sarro de alguém. 1

PEDRO DA ROCHA, 60 ANOS, PRODUTOR DE AUDIOVISUAL

Me vê um passaporte!

“Gosto muito da expressão ‘aperreio’. Ela pode ser entendida como pressa, ansiedade, impaciência, agonia e também como ‘gastura’. Eu costumo usar essa palavra em casa ou com amigos quando tenho a intenção de pedir calma. Digo: ‘Deixe de aperreio!’.”

Em outros estados, passaporte é documento. Em Alagoas, é um cachorro-quente generoso com adição de carne moída e tomate.

Vamos pocar pipoca?

Meu vestido está fubento.

Esse é um convite à moda alagoana para botar milho na panela e estourar o petisco ideal para acompanhar filmes.

Quando a cor do tecido já ficou bem desbotada, diz-se que a roupa está toda fubenta.

Passei por uma lomba.

2

TULLIUS HEUER, 28 ANOS, ARTISTA DIGITAL

“É bem comum as pessoas me ouvirem dizer ‘se lascar’. Quando os amigos fazem uma piada comigo, por exemplo, falo: ‘Pô, se lascar, mano!’, num tom mais de brincadeira. Essa expressão tem sentido de queixa ou indignação, como ‘vai catar coquinho’.” 3

© Fotos: 1) arquivo pessoal, 2) Léa Rodrigues, 3) Lan Rodrigues

Quando se passa por uma lomba, quer dizer que uma situação inusitada acabou de acontecer.

Onde está minha japonesa? Japonesa é o nome que os alagoanos dão aos chinelos de dedo, a sandálias de tiras.

Acordei meio murambudo. Se alguém disser em Alagoas que ficou murambudo, ofereça um ombro amigo: significa estar triste.

CÁRMEN DANTAS, 72 ANOS, MUSEÓLOGA

“Uma expressão comum é ‘cabra da peste’. Dependendo da entonação, pode ser um elogio ou um xingamento. Quando é um elogio, quer dizer que a pessoa é sagaz: ‘A minha amiga é cabra da peste, sabe tudo’. Como xingamento, significa que ‘o cabra’ é ruim, mau.”

Ela é um paninho de cuscuz. Assim são chamadas as pessoas que guardam segredos, em alusão ao nó bem dado que cobre a panela na preparação do prato.

1

THALITA OLIVEIRA, 34 ANOS, BLOGUEIRA (DICAS DA THATYNHA)

“Eu gosto muito de usar a palavra ‘gota’, que acho bem engraçada e se encaixa em quase tudo. Em Alagoas, essa é uma expressão que se diz quando ficamos espantados com alguma coisa. Quando eu me surpreendo, digo: ‘Eita, gota!’.”

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RECEITAS DE FAMÍLIA

Saboraos

PEDAÇOS Elas podem ser doces ou salgadas, pequenas ou tamanho-família, servidas quentes ou frias. Por isso, é difícil encontrar quem não goste de, pelo menos, um tipo de torta. Confira cinco receitas que sempre fazem sucesso REPORTAGEM ROMY AIKAWA FOTOS SHEILA OLIVEIRA PRODUÇÃO CULINÁRIA PAULA BELLEZA PRODUÇÃO DE OBJETOS MÁRCIA ASNIS


DECORAÇÃO Na hora de cobrir a torta com a massa, você pode criar desenhos geométricos. Na foto, fizemos uma composição usando tiras trançadas.

EMPADÃO DE FRANGO VERDADEIRA UNANIMIDADE, ESSA DELÍCIA FAZ BONITO COMO PRATO PRINCIPAL para 6 pessoas

Ingredientes Para a massa: » 300 g de banha » 600 g de farinha de trigo » 1 ovo » ½ copo de água » 1 pitada de sal Para o recheio: A receita que eu tinha era com galinha caipira. Então, na primeira vez que a preparei, comprei uma galinha do meu vizinho. Foi preciso cozinhá-la por bastante tempo, porque a carne é bem mais dura. Mas valeu a pena: todo mundo em casa adorou, e a torta virou até tradição do Réveillon. Claro que, hoje, faço com frango de granja. Uso um pouco do caldo do cozimento para dar cremosidade ao recheio e deixo a massa na geladeira por, pelo menos, quatro horas, para que fique fácil de manusear e crocante .”

» 1 colher (de sopa) de azeite

TERESA MIZUKI, 75 anos, Jundiaí (SP)

» 1 gema

» 1 cebola picada » 1 peito de frango cozido e desfiado » ½ xícara de milho em conserva » ½ xícara de ervilha em conserva » ½ xícara de palmito picado

Modo de preparo

1 Pré-aqueça o forno a 180 ˚C por 15 minutos. Para a massa, junte todos os ingredientes numa tigela e misture com as mãos até obter uma massa lisa, homogênea e que desgrude dos dedos. Reserve. 2 Para o recheio, refogue a cebola no azeite e, em seguida, junte o frango, o milho, a ervilha e o palmito e refogue por 5 minutos. Junte a lata de tomates pelados, tempere com sal e pimenta a gosto e deixe cozinhar em fogo baixo por aproximadamente 15 minutos. O molho de tomate vai secar, mas o recheio ficará úmido. 3 Com a ajuda de um rolo de macarrão, abra a massa numa superfície polvilhada com farinha de trigo. Transfira para uma forma de fundo removível de 23 centímetros de diâmetro. Corte as sobras e recheie com o preparado de frango. Por cima do recheio, espalhe o requeijão. Cubra com o restante da massa, fazendo a decoração que achar mais bonita.

» 1 lata de tomates pelados » Sal e pimenta-do-reino a gosto » 300 g de requeijão cremoso firme

4 Pincele com a gema diluída em um pouco de água e leve para assar por 20 minutos. Sirva ainda quente.

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