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PAVLOVA :
UM DOCE COM
NOME DE BAILARINA #54
mar/abr
2017
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MUDAR UM MUNDO
CONSERTAR O MUNDO INTEIRO É DIFÍCIL. MAS TRANSFORMAR A VIDA DE ALGUÉM ESTÁ NAS SUAS MÃOS
PRAZERES SIMPLES
O INÍCIO, O FIM E O MEIO texto DILSON BRANCO
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ebês gostam, dizem. Ter hora para acordar, mamar, dormir – e acordar de novo. Seguir uma programação, uma trilha de repetições, uma rotina fácil de entender e de absorver, na qual o fim se engata no começo. Parece fazer sentido. Ninguém se lembra, mas o desembarque na realidade certamente vem acompanhado de uma insegurança desesperadora. E, para acalmar, nada melhor do que ser abraçado por uma das principais regras deste universo, onde tudo acontece em ciclos.
O próprio cosmos, acredita-se, é cíclico. Uma das teorias sobre sua origem diz que, antes do Big Bang – a famosa explosão que marca o início do tempo, há quase 14 bilhões de anos –, havia outro universo. Ele se contraiu até não poder mais e então renasceu na forma que conhecemos hoje, em expansão. E a história deve se repetir: em algum momento, as galáxias voltariam a se aproximar, para depois tudo ressurgir e se afastar de novo, como um pulmão respirando. Se isso for verdade, seria condizente com o que vemos no nosso
átomos em você que podem ter sido parte de um tiranossauro? Ser parte disso, além de lindo, é reconfortante. Cai muito bem um pouco de previsibilidade neste mundo insano. Porque a rotina como regra é só um ponto de vista. Podemos enxergar tudo que nos rodeia como um imenso caos. Afinal, quem consegue prever exatamente as consequências de cada ação? Quem pode ter certeza de que os fatos esperados realmente acontecerão? Esse equilíbrio entre ordem e desvario é uma das mais interessantes
complexidades da vida. Em certa medida, estamos presos aos ciclos. Mas não somos simples espectadores. Cada fim pode ser encarado como um recomeço. Uma oportunidade de avaliar o que aconteceu, preparar-se para a nova largada, evitar repetir erros, insistir no que consideramos certo. Identificar o que podemos mudar e o que está fora do nosso alcance é trabalho para uma vida inteira. Que bom que, a cada novo ciclo, temos chance de aprimorar esse aprendizado – com menos tormentas e mais bonança. MAR/ABR 2017 15
© Foto: Guetty / Westend61
dia a dia. Pense nos grandes fatos que dão ritmo à vida e você verá que eles acontecem de forma repetitiva. O Sol nasce e se põe. A Lua alterna suas quatro fases. As estações se sucedem no decorrer do ano. A água evapora, forma nuvens, cai em chuva e sobe novamente ao céu. Sementes brotam e formam plantas, que produzem novos grãos. Animais nascem, crescem e geram outros indivíduos. A matéria orgânica, que constitui todos os seres vivos, é decomposta quando eles morrem, passando a formar novos corpos animados – já pensou que há
PRAZERES SIMPLES
TÁ NA MESA
BALÉ EM FORMA
Essa versão é tamanho família, mas você pode fazer pavlovas pequeninas também: é só formar merengues menores e assar
DE DOCE
APRENDA A FAZER A PAVLOVA: UMA SOBREMESA QUE TEM O NOME, A LEVEZA E A DELICADEZA DE UMA BAILARINA texto MARINA BESSA
© Foto: Sheila Oliveira / Empório Fotografico. Produção culinária: Paula Belleza. Produção de objetos: Márcia Asnis
O
lhe a foto ao lado. Demoradamente. Essa sobremesa lindíssima leva o sobrenome de uma bailarina: Anna Pavlova, uma russa nascida em 1881, que revolucionou o balé clássico e ficou famosa no mundo todo por seu solo em uma apresentação da peça A Morte do Cisne. Agora olhe a imagem de novo. Consegue ver nela uma saia de tule, um tutu de bailarina? A base dessa espécie de torta é feita de merengue, branquinho, moldado em muitas ondas. Indo um pouco mais além, as frutas coloridas e brilhantes remetem ao brilho da dança de Pavlova. Talvez tenha sido essa a intenção do inventor do doce, um chef australiano que, encantado após uma apresentação, criou a sobremesa inspirado na leveza dos movimentos da bailarina. Ou teria sido ideia do confeiteiro de um hotel em Wellington, na Nova Zelândia, no qual Pavlova se hospedou durante a sua turnê mundial em 1926? Não se sabe ao certo – Austrália e Nova Zelândia reivindicam a invenção desse suspiro avantajado, considerado um símbolo nacional em ambos os países. Aliás, essa é uma sobremesa bastante popular em toda a Oceania, muitas vezes servida em festas tradicionais, como o Natal. Linda, leve, delicada e cheia de história. Quer tentar fazer em casa? Diferentemente de um solo na ponta dos pés, essa arte não é difícil de fazer. Exige apenas um pouco de técnica e paciência. Todo o segredo está na base de merengue, que tem de ser moldado com suavidade para, então, ser levado ao forno baixo por cerca de uma hora. Após assar, o merengue precisa esfriar completamente dentro do forno. Esse é o segredo para ter uma massa crocante por fora e macia por dentro. O processo de resfriamento pode levar seis longas horas. Só aí você vai poder recheála, com creme batido e frutas da sua preferência – as mais lindas que encontrar na feira. Então é hora de devorá-la, imediatamente: se demorar para ser consumido, creme e frutas despencam, e o doce perde todo o seu encanto. Morre, como o Cisne. A bailarina tem lá seus caprichos. 24 REVISTA SORRIA
PAVLOVA COM FRUTAS DA ESTAÇÃO INGREDIENTES: • 6 claras • 2 xícaras de açúcar cristal • ½ colher (sopa) de vinagre de vinho branco • 2 colheres (sopa) de amido de milho • manteiga para untar • Frutas da estação. Aqui usamos: ½ xícara de amora preta, 1 kiwi, 1 figo bem maduro, 1 pêssego fresco bem maduro e 1 carambola • 2 xícaras de creme de leite fresco • ½ xícara de castanhas-de-caju picadas • ½ xícara de mel
O recheio clássico é creme de leite fresco batido sem açúcar, porque o merengue já é doce. No lugar das frutas frescas, vale usar caldas, geleia...
Deixar esfriar no forno é o segredo para o merengue ficar firme e não rachar. Mas às vezes acontece, e tudo bem: continua delicioso
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MODO DE FAZER: Faça o merengue: bata as claras em neve até ficarem firmes. Com a batedeira ligada, acrescente o açúcar aos poucos. Adicione o vinagre e o amido de milho. Bata por mais alguns minutos.
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Preaqueça o forno a 150 ºC. Unte uma assadeira grande com manteiga e cubra com um disco de papel-manteiga. Ponha o merengue batido no centro do disco. Com uma espátula,
modele essa massa como um vulcão, deixando as bordas mais altas e uma cavidade mais rasa no centro: é aí que vai o recheio depois. Leve para assar por cerca de uma hora. Apague o fogo e deixe o merengue esfriar pacientemente lá dentro – isso vai levar cerca de seis horas.
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Quando o merengue estiver frio, prepare o recheio. Coloque o creme de leite no freezer por 30 minutos. Enquanto isso, prepare as frutas. Lave-as bem e seque-as. Descasque o kiwi.
Corte o kiwi, o figo e o pêssego em fatias finas, no sentido do comprimento. Fatie a carambola, formando estrelas.
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Agora, bata o creme de leite gelado na batedeira, até o ponto de chantili. Acomode o merengue no prato em que for servir. Recheie com o creme batido. Por cima, arrume as frutas picadas. Regue com mel, salpique com as castanhasde-caju e sirva imediatamente, cortando em fatias delicadas.
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VALORES ESSENCIAIS
MUDAR mMUNDO uO reportagem HELAINE MARTINS
ilustração BRUNNA MANCUSO
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É DIFÍCIL MUDAR O MUNDO SOZINHO. MAS VOCÊ PODE, SIM, TRANSFORMAR A VIDA DE ALGUÉM QUE ESTÁ AÍ, BEM AO SEU LADO. INSPIRE-SE NA HISTÓRIA DE FADAS DA VIDA REAL E PREPARE A VARINHA: MUDAR UM MUNDO ESTÁ AO SEU ALCANCE
á um momento na vida, ainda lá na infância, em que todos nós desejamos mudar o mundo. Sonhamos em ser superheróis e salvar milhares de pessoas. Ser bombeiro e apagar grandes incêndios. Ou, quem sabe, virar um cientista famoso e inventar a cura de uma doença grave. E crescemos acreditando que fazer a diferença depende de atos heroicos, de feitos possíveis só para grandes líderes. Não é bem assim. De fato, mudar o curso da história não é simples. Mais que isso: grandes transformações costumam exigir a força de um grupo. Afinal, ninguém muda o mundo sozinho. Mas você, sozinho, também é capaz de fazer a diferença. Pode parecer exagero, mas ações simples e individuais praticadas diariamente por cada um de nós põem a vida (e por que não dizer a história?) em movimento. Temos o potencial de ajudar o outro o tempo todo, seja dentro de casa, na nossa comunidade ou no trabalho. E o mais bonito nisso tudo é que não precisa ser nada grandioso, que pareça impossível. Basta estar atento ao mundo ao redor e disposto a tomar uma atitude. Dar uma refeição a alguém com fome, defender um colega vítima de injustiça, doar sangue ou emprestar seus ouvidos para um desconhecido que precise de um ombro acolhedor. “São as ações de indivíduos que transformam o dia, ou mesmo a vida, das pessoas no cotidiano. Esses transformadores são gente que consegue olhar o outro com empatia e toma iniciativas para mudar situações incômodas”, afirma o sociólogo Clodoaldo Cardoso, professor do Observatório de Educação em Direitos Humanos da Universidade Estadual Paulista (Unesp). “Embora tenham resultados limitados, ações desse tipo costumam ser muito menos complexas, mais rápidas de serem realizadas e com efeitos mais imediatos.” Elas talvez não transformem você em um líder candidato ao Nobel da Paz, mas podem inspirar mais pessoas a fazer o mesmo. Quer notícia melhor? Embora a ciência ainda não tenha chegado a um consenso, a tendência a ajudar o outro em uma situação difícil parece ser inata do ser humano, já que surge muito cedo, antes mesmo que muitos pais comecem a repassar valores ou a ensinar regras de boa convivência. Um estudo liderado pela psicóloga Lara Aknin na Universidade da Colúmbia Britânica, no Canadá, e publicado em 2014 na revista científica Plos One, reforça a tese. Durante a pesquisa, realizada com crianças de até 2 anos, percebeu-se que os pequenos ficavam muito felizes quando ganhavam um doce. Mas ficavam mais felizes ainda quando dividiam o mimo com um amigo fantoche. Essa característica, segundo Cardoso, continua sendo desenvolvida durante os primeiros anos de existência, especialmente na relação com os pais. “É no cuidado que recebemos deles que nos espelhamos para começar a aprender a importância da dedicação ao outro”, explica. “E, como membros de uma sociedade, as pessoas cooperam e fazem sacrifícios, muitas vezes sem nem considerar seus interesses ou sua própria segurança.” Empatia, altruísmo, generosidade. O nome importa pouco – o resultado dessas ações é que surpreende. E não existe fórmula: há muitas maneiras de fazer a diferença na vida de alguém, de mostrar que ele não está sozinho. Nas próximas páginas, você vai conhecer quatro histórias de pessoas comuns, como eu e você, que olharam para os lados, puseram-se no lugar do outro e mostraram que cada um de nós tem o incrível poder de mudar um mundo. Agora é a nossa vez ;) MAR/ABR 2017 29
MANUAL PRÁTICO VIDA FELIZ PASSO A PASSO
seu lado artístico? A arte tem o poder de desenvolver a criatividade, a sensibilidade, a percepção do mundo – por isso, é tão importante na formação das crianças. Na vida adulta, explorar seu lado artístico pode ser libertador. Entregue-se de corpo e alma reportagem DANIEL SCHNEIDER ilustração TIAGO ELCERDO
1 PERMITA-SE O universo artístico não é algo restrito a uma elite de gênios talentosos: qualquer um pode se apropriar dele. Não importa o seu objetivo (ter um hobby ou uma nova profissão), propósito (relaxar ou expressar os sentimentos para o mundo) ou formação (exatas, humanas...). A arte pode se manifestar de diversas maneiras, e até o seu conceito é fluido – varia com a cultura e com o tempo. Se você tem vontade de explorar seu lado artista, ponha-a em prática. Eliminar o seu crítico interno é o primeiro passo nessa descoberta.
2 BUSQUE REFERÊNCIAS Em qualquer área do conhecimento, adquirir referências é importante para ampliar o repertório de possibilidades. Com a arte não é diferente. Ver, sentir e vivenciar a maneira com a qual os artistas se expressam permite que você aguce sua própria expressão artística. Leia sobre história da arte, busque profissionais que você admira e deixe-se impactar por diferentes tipos de manifestações de arte. Vale visitar museus, ir a exposições, assistir a filmes, escutar música, ver apresentações de dança. Morar em cidade pequena ou não ter grana não é desculpa: a internet oferece muitas possibilidades. No site googleartproject.com, por exemplo, há um grande acervo com obras dos principais museus do mundo (tudo em alta resolução!).
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EU FIZ “FOTOGRAFAR ME APROXIMA DAS PESSOAS” A natureza do meu trabalho me afasta do ser humano. Por isso,
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abracei a fotografia. Tirar fotos me permite enxergar as coisas com
APRIMORE SUA TÉCNICA
INSPIRE-SE
Ter dom é importante, mas é a técnica que fornece as ferramentas do trabalho. É por meio dela que uma ideia é posta em prática e pode ser executada com mais e mais qualidade. Além disso, conhecer diferentes técnicas ajuda na escolha de materiais e permite explorar novas possibilidades, o que vai se refletir no crescimento da sua produção. E evolução técnica tem a ver com prática e um bocado de conhecimento. Leia, faça cursos e use sua capacidade perceptiva para aprender com artistas que vieram antes de você. Um mentor pode ajudá-lo nesse caminho.
Tão importante quanto buscar referências em outras obras é perceber arte onde ela aparentemente não está. Exercite seu olhar para enxergá-la no mundo ao redor. As cores das folhas caídas no chão, o céu recortado pela moldura da janela, uma história ouvida no rádio, a forma de um objeto que apareceu sobre a mesa de trabalho. Tudo pode servir de inspiração. Você só precisa estar atento e pronto para registrar as ideias que surgirem. A prática da meditação pode ajudar a desenvolver os sentidos e revelar a riqueza do momento presente.
outro olhar. Faço cursos e muita pesquisa on-line. Além de me expressar, fiz novos amigos e passei a me conhecer melhor. Esse é o meu legado: se minhas fotos fizerem uma única pessoa refletir sobre os temas que registro, já terá valido a pena. Henrique Haas, 32, gerente de TI e fotógrafo, Belo Horizonte
“CANTAR AJUDA A MATAR A SAUDADE DE CASA” Fui criada para ter uma carreira formal, então a música, presente na minha vida desde que eu era criança, sempre ficou em segundo plano. Em 2012,
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DEDIQUE-SE
EXPONHA (-SE)
Tem a ver com aprimorar a técnica, com estar atento a momentos de inspiração, mas também com perseverança. A realização de uma ideia nem sempre é simples, e o resultado almejado às vezes demora a chegar. Uma obra pode ser concebida e concluída em minutos ou levar anos para ficar pronta (há muitas obras batizadas de "estudos". Ou seja, trabalhos inteiros executados para treinar a técnica, a composição, o enquadramento). Não desanime: muitas vezes o processo criativo é mais importante que o resultado.
Expor sua produção é expor a própria alma ao mundo. É o momento de ouvir elogios – um combustível necessário – e críticas – que devem ser entendidas como aliadas na constante busca por evolução. Aprenda a questionar seu trabalho e peça ajuda sempre que precisar. Deixe a vergonha de lado. Para você, essa prática pode até ser apenas uma válvula de escape, mas a arte sempre terá o poder de mexer com a cabeça e as emoções de quem a aprecia. E, no fim das contas, essa é a essência da coisa.
me mudei para São Paulo por causa do trabalho. No ano passado, conheci uns amigos que gostam de forró e queriam montar uma banda. Eu vim da Bahia mas só me descobri no forró em São Paulo! Hoje, fazemos ao menos um show por semana. Me realizo e, de quebra, mato a saudade de casa. Larissa Alves, 33 anos, relações-públicas e cantora, São Paulo
Fonte: Afrânio Ângelo Prado, artista visual e professor de desenho na Escola de Belas Artes da UFMG
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