Sorria #55

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faz bem

6 dicas para ser mais

inteligente

combata a corrupção

pão de queijo

amor em família:

mãe, vó e cão!

quentinho

#55

mai/jun

2017

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droga raia

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Talvez sua beleza esteja escondida... Permita-se brilhar!

não ligue para os padrões: ser bonito é gostar de si mesmo e deixar o amor próprio transparecer


PRAZERES SIMPLES

Ser mãe texto roberta faria

P

rimeiro, há o momento mágico em que o feijãozinho aparece na tela preta e branca, e você pensa: “Vou ser mãe”. Depois, há o nascimento, e, no instante em que você segura pela primeira vez seu bebê, o universo se reconfigura, sua vida passa a orbitar em torno desse serzinho, e você pensa: “Agora, eu sou mãe”. Mas isso é só um pedaço da história, assim como “E foram felizes para sempre” – na verdade, mais um começo do que um final. Tornar-se mãe é um exercício permanente de descobertas e de afirmação, que não se encerra na função biológica do parto. Você continua se tornando mãe em dezenas, centenas, milhares de episódios ao longo da criação de um filho, pela vida afora. Você se torna mãe na primeira vez que consegue amamentar sem dor. Você se torna mãe quando ensina sua brincadeira favorita de quando era pequena. Você se torna mãe quando enfrenta o primeiro ataque de pirraça (que com você, jurava que nunca aconteceria). Você se torna mãe no primeiro banho frio na madrugada para abaixar a febre de 40 ºC. Você se torna mãe quando engole o choro – seu e do bebê – no primeiro dia de escola. Você se torna mãe quando percebe que está sempre preocupada, querendo mais tempo e achando que nunca faz o suficiente. Você se torna mãe quando se pega querendo esganar outras crianças para defender a sua. Você se torna mãe quando são 10 horas da noite e “ah, esqueci, amanhã tem que levar pra escola...” (e, depois de dar um chilique, ajuda a fazer o cartaz da apresentação, assa o bolo do lanche coletivo, arruma uma fantasia de apicultor. Você sabe que é mãe quando sempre dá um jeito). Você se torna mãe quando morre de orgulho e divertimento mesmo das coisas mais toscas, como os poemas que não rimam, as quadrilhas juninas descoordenadas e os torneios de futebol em que o melhor gol é contra. Você se torna mãe quando começa a entender a sua mãe (e vê que ela tinha razão em muita coisa). Você se torna mãe quando tem conversas difíceis e explica como o mundo funciona. Você se torna mãe quando segura seu medo e solta a mão do filhote para dar o presente da autonomia: poder andar sozinho na rua, pegar ônibus, sair com os amigos. Você se torna mãe quando encara as brigas e finca o pé nos limites. Você se torna mãe quando junta os cacos do primeiro coração partido. Você se torna mãe quando percebe que a pessoa que criou não vai realizar seus sonhos, porque tem os dela (e são outros). Você se torna mãe quando vê que seu neném agora é gente grande, com quem pode falar de igual para igual. E você fala, admirada. Você se torna mãe quando não é mais capaz de imaginar a sua vida sem essa parte. E nem quer, porque é a melhor. 12 revista Sorria


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© Foto: Tara Moore / GuettyImages


PRAZERES SIMPLES

tá na mesa

Impossível comer

um só

Não dá para resistir a essa maravilha mineira: aprenda a fazer pão de queijo, a hospitalidade em forma de lanchinho texto dilson branco

© Foto: Alex Silva. Produção culinária: Silvia Marques. Produção de objetos: Ellen Annora

F

az todo o sentido o pão de queijo ser um símbolo de Minas Gerais. Ele é a materialização perfeita da hospitalidade interiorana, um agradinho irresistível. Assa rapidinho, dá para oferecer quentinho a qualquer hora. É pequenininho, de um tamanho imune a qualquer recusa. Combina com mil recheios e pede algo para molhar o bico. A isca perfeita para entrar na ciranda da experiência mineira: quando percebemos, estamos de novo à mesa, seduzidos por outras delícias cheirosas, embalados pelo sotaque carinhoso, aconchegados numa prosa acolhedora. Faz todo o sentido também que ele seja um símbolo do Brasil. Afinal, é um pão de mandioca, raiz nativa do nosso país, herança cultural indígena. Foram os nativos que inventaram o polvilho, amassando o aipim cru até virar uma goma e depois desidratando-a até se transformar em pó. No século 18, quando milhares de pessoas de dentro e fora do Brasil migraram para Minas em busca de ouro, o trigo era raridade por aqui. Esse grão, típico de regiões mais frias, só se popularizaria no país no século 20. O polvilho cumpria o papel do carboidrato. Misturado a sobras de queijo, originou o famoso quitute. E, como invenções geniais não morrem, gerações e gerações de brasileiros trouxeram essa maravilhosa tradição até os dias de hoje. A continuação dessa história pode estar no seu cafezinho da tarde de hoje. Imagine só: a casquinha crocante se rompendo, revelando a massa fofinha que estica até rasgar, fumegante. Confira a receita ao lado e deixe-se hipnotizar por esse presente de Minas Gerais e do Brasil para o mundo. 22 revista Sorria

pão de queijo ingredientes • 2 xícaras de água • 1/3 de xícara de óleo • 1 colher (de sopa) de sal • 3 xícaras de polvilho doce • 4 ovos caipiras • 3 xícaras de queijo minas curado ralado grosso


Você pode acrescentar à massa ervas secas, pedacinhos de muçarela ou linguiça calabresa desmanchada e frita

Recheie com catupiry, pernil desfiado, doce de leite, queijo branco & goiabada cascão ou o que mais lhe fizer salivar só de pensar

MODO DE preparo

1

Misture a água, o óleo e o sal em uma panela e leve-a ao fogo. Quando ferver, acrescente o polvilho. Vá mexendo até que engrosse – o ponto certo é quando a massa estiver soltando da panela.

2

Leve a massa para a tigela da batedeira. Deixe esfriar por cerca de 10 minutos antes de começar a bater. Acrescente os ovos um a um, esperando misturar bem antes de colocar o seguinte. Misture o queijo.

3

Com as mãos untadas com óleo, molde os pãezinhos, usando uma colher (de chá) de massa para cada um. Distribua-os espaçadamente em duas assadeiras grandes e leve ao forno preaquecido a 220 °C. Asse por cerca de 20 minutos, até dourar.

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valores essenciais

onde estรก sua

beleza?


S

Ela não está nos padrões das propagandas, dos desfiles de moda, da opinião alheia. Sua beleza mora em você. despertá-la pode exigir um revelador mergulho no seu íntimo reportagem Helaine martins ilustração willian santiago

er bonito ou não é uma questão frequente no nosso dia a dia. Pensamos e falamos muito sobre isso. Gastamos tempo e dinheiro com isso. Avaliamos as pessoas e somos avaliados com base nisso. Muita gente, inclusive, põe a vida em jogo por causa disso: apesar de os médicos não esconderem que toda cirurgia traz riscos à saúde, por ano, no Brasil, mais de 1 milhão de pessoas (quase 3 mil por dia) decidem passar por operações plásticas estéticas. Vivemos o auge da obsessão pela beleza. Quem afirma é a historiadora Denise Bernuzzi de Sant'Anna, da PUC-SP, autora do livro História da Beleza no Brasil. Ela conta que, no raiar do século 20, estar belo limitava-se a vestir trajes bem engomados, calçar sapato de couro, ostentar um penteado adequado, usar algum produto para o rosto. A beleza tinha um aspecto mais provisório e restrito. Foi a partir dos anos 1950, com a chegada da TV e a difusão da publicidade, que o tema se transformou em gênero de primeira necessidade, uma megaindústria que vai muito além da moda e dos cosméticos, estendendo-se a outros campos, como alimentação, saúde e esporte. A beleza virou um dever amplo e permanente. “Nunca, como agora, ser belo tomou todos os espaços que ocupam nossa vida”, observa Denise. Para guiar essa impetuosa busca, foram criados padrões. Existem medidas, formatos, cores e texturas tidos como ideais. Todo mudo é induzido a perseguir essas normas. E veja só que cruel: também somos estimulados a acreditar que, se não conseguirmos alcançá-las, a culpa é nossa. Afinal, há dietas, produtos e tratamentos dos mais variados tipos. E, apesar de cada vez mais as pessoas se conscientizarem de que boa parte desses anúncios promete resultados irreais e omite riscos à saúde, segue ecoando a poderosa mentira de que, com o devido esforço (e dinheiro), todo mundo pode virar Brad Pitt ou Gisele Bündchen. O resultado é uma relação com o próprio corpo baseada na ansiedade, de forma nada saudável. Ainda que os homens também estejam presos a amarras desse tipo, o maior peso, de longe, recai sobre as mulheres. Basta analisar os dados sobre a ocorrência de transtornos alimentares (distúrbios como anorexia e bulimia, ligados ao desejo doentio de um corpo considerado perfeito): estima-se que 90% das vítimas desses problemas sejam do gênero feminino. Tudo indica que o modo como lidamos com nossa aparência precisa ser revisto. A começar pelo próprio conceito de beleza: será que faz sentido ter padrões do que é ou não bonito? E será que a beleza diz respeito apenas ao que os olhos podem enxergar? Ou, quem sabe, ela vem de dentro, calcada em autoconhecimento e autoestima, em aceitação e empoderamento? Conheça, a seguir, algumas pessoas que têm refletido bastante sobre isso e cujas histórias vão inspirar você a dar um mergulho profundo em busca da sua verdadeira beleza. mai/jun 2017 27


manual prático vida feliz Passo a passo

Como ajudar uma mulher agredida pelo parceiro?

3 1 e m ca d a s b r a s il e i r a a f o i a g r e d id s n o s ú lt im o 12 m e s e s

2 a cada 3 pessoas presenc iaram agressão à mulher no mesmo período

Há uma lei e órgãos públicos criados especificamente para garantir os direitos de vítimas de violência doméstica. Mas o apoio de pessoas queridas é fundamental para que essas mulheres tenham forças para enfrentar e vencer esse trauma reportagem Rafaela Carvalho ilustração Renata Miwa

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veja os sinais

saiba ouvir

Não menospreze

Sua amiga sumiu dos círculos de amizade de forma um tanto repentina sem se justificar? Quando vocês se encontram, ela apresenta sinais de tristeza ou melancolia, mas não tem vontade de falar a respeito disso? Ela costuma fugir de assuntos pessoais e insistir em trivialidades só para mudar o rumo da conversa? Esses podem ser sinais de que ela está sofrendo algum tipo de violência (física ou psicológica) da porta de casa para dentro. Evitar o assunto é uma forma de mentir para si, dizendo que o problema não existe.

Por ser uma situação humilhante e emocionalmente destrutiva, é muito difícil que uma vítima de violência doméstica conte tudo o que está enfrentando. Por isso, se sentir que há uma angústia presa dentro da potencial vítima, mantenha um canal aberto entre vocês. Insista quantas vezes achar necessário. Porém, evite frases intimidantes, como “há algo de errado com você” ou “você parece estar mal”. Prefira ressaltar que você está percebendo a pessoa um pouco diferente e que, se necessário, você está ali para assisti-la.

Se a vítima finalmente se abrir com você, não questione a gravidade da situação. Não diga, por exemplo, que uma agressão verbal é menos grave do que se fosse física. Tampouco sugira que há uma solução simples. A saída aqui é empatia: ouvir com atenção, estimular a vítima a fazer uma denúncia na Delegacia da Mulher e, se preciso, dar amparo maior para que ela possa sair de sua condição, como ceder um quarto da sua casa que esteja livre. Assim, ela sabe que pode confiar em você e encontrar segurança em uma rota de fuga, caso necessário.

40 revista Sorria


eu fiz

O agress or era

conhe cido

das vítimas em 61% dos casos

das

43%

agressões o cor r e ra m

em casa

“Ajudei minha mãe a denunciar o meu pai” Eu tinha 9 anos quando levei minha mãe à delegacia pela primeira vez para que ela denunciasse uma agressão do meu pai. Com medo, ela acabou retirando a queixa. No decorrer dos anos, me mantive ao lado dela, lembrando que não precisaria viver daquela forma. Assim, ela teve coragem para denunciar novamente a violência e finalmente se separar. Raissa Borges, 22 anos, do Rio de Janeiro

“duas amigas foram

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Conheça a lei

Esteja junto

apoie a cura

A Lei Maria da Penha é a ferramenta mais importante para proteger mulheres que sofrem violência doméstica – de natureza física, sexual, psicológica, moral ou patrimonial. A denúncia pode ser feita de maneira anônima, pela Central de Atendimento à Mulher (basta discar 180), numa delegacia da Polícia Civil, ou, mais especificamente, numa Delegacia da Mulher. O agressor pode ser preso preventivamente se houver risco à integridade física ou psicológica da vítima. Para saber mais, acesse essa cartilha: bit.ly/cartilhaLMP.

Acompanhe a vítima até a delegacia. Se ela não puder pagar por um advogado, deve buscar a ajuda da Defensoria Pública. Após a denúncia, como o Estado não oferece amparo financeiro à vítima (nem mesmo se for dependente do agressor), vale oferecer um empréstimo, um espaço onde a pessoa possa morar temporariamente e apoio para buscar um emprego. Se ela correr risco de vida, pode ser direcionada para uma Casa Abrigo, onde é possível ficar gratuitamente por um período de até 180 dias (informem-se sobre isso na Delegacia da Mulher).

Para se recuperar do trauma, a vítima vai precisar de tratamento psicológico, garantido pela Política Nacional de Enfrentamento à Violência contra as Mulheres. É preciso procurar a Vara da Família, os Centros de Referência de Atendimento à Mulher (Cram), os Centros de Referência Especializados de Assistência Social (Creas) ou os Centros de Referência de Assistência Social (Cras). Paralelamente, o apoio de um amigo continua fundamental. É importante, por exemplo, que a vítima ouça que não teve culpa pela violência que sofreu.

minhas testemunhas” Fui casada por 25 anos. Decidi me separar quando meu marido tentou me agredir e ameaçou me matar. Mesmo que a Lei Maria da Penha diga que não é necessário, a delegacia onde fiz a denúncia pediu testemunhas. Duas amigas se prontificaram, porque elas cuidavam dos meus filhos quando a situação ficava violenta demais. Ter alguém que me escutasse, acreditasse em mim e corroborasse minha acusação foi o fator mais importante para eu superar esse episódio da minha vida. Elenara Iabel, 53 anos,

Os dados dos cartazes da ilustração são da pesquisa Visível e Invisível: a Vitimização de Mulheres no Brasil, realizada pelo Datafolha e divulgada em março de 2017.

de Porto Alegre

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