Sorria #56

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#56

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Prazeres simples: LER, DANÇAR, ANDAR POR AÍ

Que seja

INFINITO ENQUANTO DURE! NADA É PARA SEMPRE. MAS SABER QUE TUDO ACABA PODE SER O MAIOR ESTÍMULO PARA APROVEITAR INTENSAMENTE O TEMPO DISPONÍVEL


© Foto: Daily Herald Archive / GuettyImages

PRAZERES SIMPLES

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Espiadinha texto ARTUR LOUBACK

P

ara que serve saber que Steve Jobs não gostava de tomar banho, que João Gilberto compôs grandes clássicos trancado no banheiro, que Zico tem um irmão que foi perseguido pela ditadura, que Gustavo Kuerten estudou teatro depois de se tornar um mito nas quadras, que a madrasta de Salvador Dalí era sua tia, que Tim Maia e Roberto Carlos se conheciam antes da fama, que Hebe Camargo usava o nome de Magali Porto no início da carreira e que Sócrates chegou atrasado ao casamento de Casagrande, mesmo sendo padrinho? Em princípio, essas informações não servem para nada. São só curiosidades. Eu teria seguido minha vida tranquilamente sem saber nada disso. Mas, por mais inúteis que sejam, adoro tê-las na minha memória. Na verdade, mais legal do que acumular esses dados, é lembrar da forma como os obtive. E, se você espera que vou revelar que tomei conhecimento disso tudo entrevistando essas figuras, sinto muito: nunca conheci pessoalmente nenhuma delas. Descobri essas singelas revelações simplesmente lendo biografias. É o meu gênero literário favorito. E não me atenho apenas aos biografados que admiro ou àqueles que são realmente famosos. Já li biografias de figuras notáveis que eu nunca tinha ouvido falar até ver o resumo da contracapa e achar que se tratava de uma vida interessante o suficiente para capturar algumas horas da minha própria. Acho inclusive que esse é o fator principal da minha decisão de ler ou não uma biografia: a vida biografada é mais interessante do que a minha? Então vale a pena conhecê-la. Mas claro que quanto mais distante de mim for o personagem, melhor. Justamente porque o maior barato de ler biografias é que elas exercem a mágica de pôr o leitor em um espaço da intimidade alheia que nem um reality show, com 200 câmeras ao vivo, seria capaz de alcançar. Se for uma autobiografia, aí é ainda mais especial. É como se tivessem instalado a casa do Big Brother dentro da cabeça de alguém e liberado o acesso. Bastam algumas páginas para se ter uma sensação parecida com a de fazer um novo melhor amigo. Conforme cresce o interesse pelo outro, toda informação parece especial e você fica ávido por descobrir mais e mais detalhes que possam ajudar a compor aquele grande quebra-cabeça humano que você tem na sua frente. E foi assim que remei com Amyr Klink de costa a costa no Atlântico, que disputei ultramaratonas ao lado de sujeitos que você provavelmente nunca sequer ouvirá o nome, empreendi negócios multibilionários e acompanhei cena a cena a produção de grandes clássicos do cinema. Daria um trabalho danado fazer isso se eu não tivesse uma bela biblioteca em casa! JUL/AGO 2017 13


PRAZERES SIMPLES

BICHO DE PÉ Troque as cenouras da massa por 2 laranjas com casca picadas, sem sementes. Para o recheio, substitua o chocolate por ½ pacote de gelatina de morango

TÁ NA MESA

Caixa mágica Seus potes vazios podem se transformar em vitrines irresistíveis. Para servir no lanche, levar ao piquenique ou incrementar a festa texto ROBERTA FARIA

© Foto: Sheila Oliveira. Produção culinária: Paula Belleza. Produção de objetos: Márcis Asnis

A

ntigamente, nos idos dos anos 80, o hit dos aniversários e grandes eventos eram os bolos gelados, já fatiados, embrulhados em papel-alumínio e devidamente guardados em um falso bolo feito de caixa de isopor, decorado com o motivo da festa. Lembra disso? Depois dos parabéns, o pote mágico se abria, e cada um ganhava seu pedaço. Coisa prática, gostosa, sem crises de como servir – ah, como eu morro de saudade disso! Pois o bolo no pote veio acudir os nostálgicos: digamos que é uma versão mais moderna do saudoso bolo embrulhadinho. Se a moda entre os doces é andar pelado – o tal do bolo naked –, taí o potinho exibindo desavergonhadamente suas camadas de gordelícias. Se a natureza pede reciclagem, olha aí quanto vidro de geleia pode ressuscitar glorioso na sobremesa! Se o mundo anda individualista, o bolo de pote acompanha: é uma porção sua, só sua, totalmente customizável. (E sem culpa de dizer depois “comi um bolo inteiro sozinha”, porque é tão pequenininho, né?) Para quem não é mestre em confeitaria, o bolo no pote tem muitas vantagens. Não é preciso alisar a cobertura nem aparar as arestas. Você até pode usar um cortador para deixar as fatias do mesmo tamanho, ou uma bisnaga para aplicar o recheio de forma impecável. Mas, se a massa quebrar, se o creme sujar, não tem problema: o visual irregular, um pouco improvisado, faz parte do charme. Rosqueia a tampa do vidro, pronto: o bolo pode ir passear. Se põe uma fita, enfeita a mesa. Junta um cartão, é presente. Para servir, é só abrir e meter a colher. Coisa mais fácil. (Melhor até que bolo no papel-alumínio dentro da caixa de isopor!) Uma boa receita e um pouco de criatividade se transformam em uma infinidade de variações. Qualquer bolo pode ser de pote e qualquer pote pode guardar um bolo. Dá pra brincar com a quantidade de camadas e com o tipo de acabamento. Acrescentar frutas, confeitos, enfeites, carinho. Quem teve essa ideia tá de parabéns. 22 REVISTA SORRIA

CENOURA COM BRIGADEIRO Esse é o que você aprende a fazer abaixo. Os demais que aparecem nesta foto são variações da mesma receita. Confira em cada legenda o que muda

BOLO NO POTE INGREDIENTES • 3 cenouras médias descascadas e em rodelas

• 1 colher (de sopa) de fermento em pó químico

• 1 xícara de óleo

• 1 lata de leite condensado

• 4 ovos • 2 xícaras de açúcar

• 2 colheres (de sopa) de chocolate em pó

• 2 xícaras de farinha de trigo (e mais para polvilhar)

• 1 colher (de sopa) de manteiga (e mais para untar)


CHOCOLATE E COCO Substitua as cenouras da massa por 2 laranjas com casca picadas, sem sementes, e adicione também 2 colheres (de sopa) de cacau em pó. Para o recheio, troque o chocolate por 2 colheres (de sopa) de coco ralado

PÃO DE MEL Em vez das cenouras na massa, use 2 laranjas com casca picadas, sem sementes. Troque também o açúcar comum por 1 xícara de açúcar mascavo, 2 colheres (de sopa) de mel e 1 colher (de chá) de canela em pó. Use doce de leite como recheio

MODO DE PREPARO

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Preaqueça o forno a 180 ºC por 15 minutos. Unte uma fôrma retangular média com manteiga e polvilhe com farinha. Bata no liquidificador as cenouras, o óleo, os ovos e o açúcar. Quando estiver homogêneo, transfira para uma tigela. Acrescente a farinha delicadamente, usando um batedor de arame. Com uma espátula, misture o fermento.

BRIGADEIRO BRANCO Troque as cenouras da massa por 2 laranjas com casca picadas, sem sementes. Faça o recheio sem o chocolate. Intercale bolo, brigadeiro e morangos picados

2

Leve a massa à fôrma e asse por cerca de 1 hora (ou até cravar um palito de dentes e ele sair limpo). Retire do forno e espere esfriar. Para o recheio, junte o leite condensado, o chocolate e a manteiga numa panela. Sempre mexendo, deixe ferver por 1 minuto. Passe para uma vasilha e espere esfriar.

3

Em um vidro esterilizado, monte as camadas. Para manusear o recheio com mais facilidade, use um saco de confeitar. Finalize com uma camada de recheio e decore como preferir (usamos granulado de bolinha). Feche bem e mantenha na geladeira. A validade é de cinco dias. JUL/AGO 2017 23


VALORES ESSENCIAIS

SERÁ QUE SER IMORTAL SERIA DIVERTIDO? SABER QUE O TEMPO ACABA PODE SER O MAIS PODEROSO ESTÍMULO PARA APROVEITÁ-LO. CONHEÇA HISTÓRIAS DE QUEM APRENDEU A FAZER DO INEVITÁVEL FIM DAS COISAS UM ALIADO PARA VIVÊ-LAS COM SABEDORIA reportagem HELAINE MARTINS ilustração MARIANA SALIMENA

O

que faz dos vampiros um mito tão popular? Fugir do sol, não ter reflexo, dormir em caixão – nada disso parece invejável. Mas que tal viver para sempre? Não se preocupar com a morte, testemunhar séculos de história, ter todo o tempo do mundo. Parece uma bênção. Será mesmo? É até difícil imaginar nossa existência sem a certeza da morte. Não é só o inevitável fim da vida que nos influencia: nosso comportamento é constantemente moldado pela consciência de que tudo termina. Sabemos que os minutos acabam, e isso nos motiva a fazer algo antes que o ponteiro do relógio complete mais uma volta. Sabemos que, de real em real, o salário se esgota, então trabalhamos para garantir um novo pagamento. Sabemos o horário em que o último ônibus passa, por isso tentamos chegar ao ponto a tempo. Isso vem da infância. Nosso nascimento já é o fim de uma fase da nossa vida, no aconchego do ventre da mãe. E logo percebemos que essa é apenas a primeira perda de uma sequência


*

sem fim. Brinquedos quebram, filmes terminam, o recreio acaba. Sorvetes não são infinitos, bichos de estimação não vivem para sempre, nem mesmo as férias escolares são eternas. Lidamos com essas frustrações desde sempre. Mas isso não garante que nossa relação com o fim das coisas seja tranquila. “A consciência que temos do finito é a de que precisamos aceitar algo que não gostaríamos. Encaramos essa condição porque não há outro jeito”, explica Écio Pisetta, professor da faculdade de filosofia da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio). De acordo com a tanatologia, ciência que estuda os processos emocionais e psicológicos decorrentes das perdas, faz parte da condição humana a propensão a querer sempre ganhar. Algo que só se reforçou ao longo da história, e que é muito presente nos tempos individualistas de hoje. Vivemos a ilusão de que controlamos e dominamos tudo, mas, de repente, as coisas, as pessoas, as oportunidades se esvaem. “Isso gera um temor tão * "Quem quer viver para sempre?". Conhece essa música, da banda inglesa Queen? Veja o clipe em bit.ly/viversempre e confira a letra e a tradução em bit.ly/viversempreletra

grande que algumas pessoas deixam de viver por receio de morrer, desistem de amar por medo de perder”, aponta o psicólogo Aroldo Escudeiro, presidente da Rede Brasileira de Tanatologia. Mas há outra maneira de encarar a inevitável transitoriedade da vida e de tudo que a torna tão incrível: usar a certeza do fim como um estímulo para aproveitar as coisas boas, antes que acabem. Se toda refeição deliciosa é finita, então vamos saborear cada garfada. Se toda festa termina, vamos celebrar antes que os amigos voltem para casa. Se as pessoas que amamos não estarão para sempre ao nosso lado, vamos curtir sua companhia. E já que não somos vampiros: se nossa jornada humana vai acabar, vamos pensar duas vezes antes de deixar o que importa para depois. Usemos o tempo disponível com urgência para encontrar a felicidade! Ao virar a página, você vai conhecer quatro histórias de quem pensa assim, vendo na inevitabilidade do fim uma poderosa inspiração para dar sentido à vida. JUL/AGO 2017 27


MANUAL PRÁTICO VIDA FELIZ PASSO A PASSO

Como não cair em BOATOS NA INTERNET? Uma notícia falsa que ganha voz nas redes sociais é uma bomba em potencial: ela propaga mentiras, pode fomentar a intolerância, destruir reputações e até mesmo mudar os rumos da política em um país. Veja como não entrar nessa onda reportagem PAULA PETEFFI ilustração RODRIGO FORTES

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ENTENDA A RELEVÂNCIA DO TEMA

DESCONFIE SEMPRE

As fake news são matérias com informações falsas que têm se popularizado com o aumento do acesso à internet. Um estudo feito em 2015 pelo Instituto de Tecnologia da Geórgia, nos Estados Unidos, revelou que um quarto de tudo que é publicado no Twitter, por exemplo, é falso. Na semana da abertura do impeachment de Dilma Rousseff, em abril de 2016, pesquisadores da USP constataram que três das cinco matérias mais compartilhadas no Facebook no Brasil eram falsas. A ONU divulgou um comunicado em março deste ano tratando a questão como uma preocupação global.

Fique atento aos detalhes: de onde veio a notícia? O veículo que a publicou é razoavelmente conhecido? Pessoas ou empresas que correm o risco de ser processadas tendem a tomar mais cuidado que sites anônimos. O título é muito sensacionalista, a matéria é cheia de adjetivos e erros de português? Pontos a menos para a credibilidade da informação. Desconfie também de textos opinativos que tentam se passar por notícias. “Cabe ao usuário pensar que tipo de interesse pode estar por trás do conteúdo", orienta Ana Cláudia Mielke, diretora do coletivo Intervozes.

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3 CHEQUE A INFORMAÇÃO Comece olhando a data – uma informação verdadeira tirada de contexto pode ter o mesmo impacto de uma notícia falsa. Em seguida, leia o texto. Parece óbvio, mas é comum o leitor não ir além da manchete. Na matéria, há fontes confiáveis, entrevistas de especialistas, citações de pesquisas feitas por instituições conhecidas? Se há hiperlinks, acesse-os: o simples fato de haver links relacionados não credencia uma informação. Por fim, cheque se a mesma notícia foi publicada por algum outro veículo mais conhecido. Também há sites especializados em desmentir notícias, como o boatos.org e o e-farsas.com.

EU FIZ “ALERTO SOBRE BOATOS NO WHATSAPP DA FAMÍLIA” Tenho um grupo de Whatsapp com mais de 30 familiares. Quando o assunto é política, costuma haver uma chuva de notícias falsas. Sempre que alguma informação compartilhada me parece esquisita, jogo no Google para checar. Quando é o caso, alerto sobre o boato,

4 SE FOR FALSA, DENUNCIE Alerte sobre a farsa no mesmo local em que recebeu o link. Desse jeito, você faz com que leitores mais desavisados passem a olhar com atenção as notícias que recebem. Contra-argumente com links confiáveis ou outras matérias que desmascarem a notícia. Desde fevereiro o Facebook também permite denunciar fake news. Se alguém disser algo mentiroso sobre você, é possível dar queixa nas delegacias especializadas em crimes informáticos. Se o caso envolver instituições ou serviços públicos, o melhor a fazer é entrar em contato com o Ministério Público.

tento explicar, mostro as fontes confiáveis. Às vezes, funciona... Felipe Velloso, 30 anos, professor do Rio de Janeiro

“É DIFÍCIL BRIGAR COM A VELOCIDADE DA INTERNET” Há pouco tempo, compartilharam uma notícia falsa sobre o grupo de pesquisa do qual faço parte. Ironicamente, dizia que tínhamos feito

5 NA DÚVIDA, NÃO COMPARTILHE Você desconfiou, checou, mas ainda não tem certeza se a notícia é real? Nesse caso, vá contra a máxima da internet: na dúvida, não compartilhe. Uma pesquisa feita pela agência Associated Press e pelo American Press Institute concluiu que, quando uma pessoa considerada confiável compartilha alguma coisa, quem a recebe tende a acreditar que ela seja verdade, mesmo que venha de uma fonte suspeita. Ajudar a espalhar conteúdos sem ter certeza de sua veracidade pode ter consequências graves – lembra da moça linchada no Guarujá (bit. ly/lincham)? Na internet, é quase impossível controlar o alcance de uma informação.

uma lista dos 10 maiores sites de notícias falsas do Brasil. Desmentimos na nossa página do Facebook, no site do grupo na USP e em entrevistas. Mesmo assim, a matéria com o conteúdo falso teve 45 mil compartilhamentos, enquanto o nosso desmentido atingiu só 98. É difícil brigar com a velocidade da internet. Marcio Ribeiro, 32 anos, pesquisador de São Paulo

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