Revista Sorria # 50

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#50

jul/ago

2016

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PRAZERES SIMPLES

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Amarga

doçura texto ARTUR LOUBACK

© Foto: Guetty / annebaek

desses me dei conta de um dado, no mínimo, curioso: D iaafora as funções vitais – como respirar, comer e andar –, a única coisa que fiz em absolutamente todos os dias nos últimos 20 anos foi beber café! Isso mesmo: há mais de 7 mil dias, eu tomo pelo menos uma xicarazinha de um pretinho expresso, coado, carioca, pingado, solúvel, ristretto, curto... Enfim, eu até que mudei bastante no período, mas o delicioso gostinho amargo nunca abandonou meu paladar. E, para aumentar o impacto dessa constatação, resolvi fazer umas continhas. Considerando que os brasileiros tomadores de café – eu e 80% da população! – bebem, em média, 81 litros por ano (e que o meu consumo certamente está acima da média nacional), logo, concluí que, nestes 20 anos, eu ingeri uns 2 mil litros de café! Pensei nisso tudo enquanto acrescentava mais 50 ml à minha contabilidade. E, tão logo a infusão forte, ácida e cremosa esvaziou a xícara, saboreei o gostinho que segue na boca, já planejando como seria o meu próximo cafezinho. Fui logo na receita clássica, que demanda nada mais do que água, o café e um coador de pano bem encardido, com cara de vó e muita história impressa em cada mancha. E, já que estava no plano dos sonhos mesmo, considerei um passo atrás e acrescentei um moedor, para transformar os grãos torrados em pó com as próprias mãos. Aí mergulhei em uma viagem pelos sentidos. Ao moer os grãos, imaginei uma invisível nuvem aromática tomando de assalto meu olfato e fazendo-me salivar como criança em uma fábrica de chocolates. Ouvi então a água fervente borbulhando na chaleira. Derramei-a sobre o pó caprichosamente. A mistura logo virou uma espécie de lava de vulcão com cor de chocolate meio amargo e cheirinho inconfundível, indescritível e irresistível. Dois minutos de fascínio e chega a hora de passar do bule para a xícara. Nesse instante, a porcelana, ainda geladinha, recebe o café fervendo pronta para um abraço. Tão logo chapisca a louça, a infusão desenha um fiozinho de fumaça que sai do interior da xícara e, caprichosamente, ganha o infinito. Vem o primeiro gole – o melhor de todos –, e então cor, textura, aroma e fumacinha mesclam-se em um sabor capaz de estimular todas as zonas gustativas ao mesmo tempo e ainda cutucar o sistema nervoso, deixando-nos radiantes. Quando penso nas 40 mil xícaras que tomei ao longo da vida, só não consigo pensar que, se morresse amanhã, morreria feliz porque, pelas minhas contas, teria perdido umas 80 mil chances de saborear daqui a alguns minutos um sonho como o que eu acabei de descrever. JUL/AGO 2016 13


PRAZERES SIMPLES

TÁ NA MESA

É MASSA E

É SOPA! FÁCIL DE FAZER E DELICIOSO, O CALDO DE CAPELETE É PERFEITO PARA AQUECER O CORAÇÃO texto DILSON BRANCO

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omingo de manhã, minha mãe me vestia com a melhor roupa e eu ia passear com meu pai. A primeira parada era a tabacaria – apesar de ele ter deixado de fumar alguns anos antes. O objetivo era muito mais nobre: comprar figurinhas. Depois, munidos de um saco com um pão dormido, íamos nos divertir vendo os patos da praça brigar por migalhas. Quando dava a hora, rumávamos ao restaurante. O mesmo em que, durante longos anos, compramos a principal refeição do fim de semana. Cresci na frente daquele balcão: quando era mais novo, apenas imaginava o rosto das pessoas para quem meu pai fazia a encomenda. Um dia, espichando os pés, fiquei radiante de enfim ver, em seu posto, a Viúva – apelido da gerente, eternamente maquiada, rouca e enrugada na minha recordação. Enquanto esperava, meu pai escolhia uma cachaça entre as garrafas com ervas curtidas. Para mim, um golinho de café doce. E então vinha da cozinha aquele tupperware velho de guerra, quente de pelar a mão, cheio de uma deliciosa sopa de capelete. O cheiro do caldo ia embalando a volta pra casa, muitas vezes sob o calorzinho bom do sol de inverno. No ritmo da algazarra esfomeada promovida por mim e meus irmãos, o plástico com a fumegante entrada era aberto no centro da mesa. Minha mãe levava a concha a cada um dos pratos, e nós brigávamos por cada farelo do saquinho de queijo ralado, que acabava antes de as raspas começarem a derreter atravessadas pelo vapor. Era assim todo domingo, e nunca enjoava. Essa saborosa repetição gravou na minha memória uma lembrança de conforto, segurança e amor que torna o capelete da Viúva imbatível. Mas, se nenhum outro será tão bom, todos que tenho provado desde então têm, em algum lugar entre as dobrinhas da massa, em suspensão no caldo, escondido no recheio, um gostinho de perfeição. 22 REVISTA SORRIA

Para uma versão mais leve, guarde o caldo (sem a massa) coado na geladeira de um dia para o outro. A gordura subirá e poderá ser facilmente removida


CALDO DE CAPELETE INGREDIENTES: • 400g de capelete de carne ou queijo • sal e pimenta a gosto • queijo ralado

Clarifique o caldo para limpar as impurezas: ferva-o (sem a massa) com uma clara batida. Quando ela ficar amarelada, retire-a com a escumadeira

PARA O CALDO DE CARNE: • 1 kg de ossobuco ou costela (com ossos) • 1/2 copo de vinho branco • 2 cebolas • 1 talo de salsão • 1 cenoura • 2 colheres (de sopa) de polpa de tomate • 1 folha de louro • 1 ramo de tomilho • 1/2 colher (de chá) de pimenta em grãos • 2 ramos de salsinha • 1 dente de alho esmagado • 1,5 l de água

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MODO D E FAZER: Comece pelo caldo. Coloque os ossos em uma assadeira e leve ao forno em fogo alto (200 oC) até que fiquem bem dourados. Retire os ossos e reserve-os. Em outro recipiente, guarde também a gordura derretida na fôrma.

Usamos caldo de carne, mas você também pode fazer com caldo de galinha – combina mesmo que o recheio da massa seja de carne de boi

© Foto: Elisa Correa; produção culinária e de objetos: Estúdio Fuê / Janaina Resende

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Leve a assadeira, com os resquícios de carne e gordura, para a boca do fogo. Despeje o vinho e raspe com uma colher de pau para remover as crostas.

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Numa panela, aqueça a gordura reservada. Adicione os legumes, cortados em cubos pequenos, e deixe dourar bem. Acrescente a polpa de tomate e, em seguida, o caldo de vinho e os ossos. Misture os temperos e cubra com a água. Cozinhe em fogo baixo (150 oC), sem tampa, por cerca de 3 horas. Coe o caldo e reserve.

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Cozinhe a massa no caldo. Tempere com sal e pimenta. Ao servir, polvilhe com o queijo. JUL/AGO 2016 23


VALORES ESSENCIAIS

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AO AVANÇAR NO PERCURSO DA VIDA, A GENTE SE TRANSFORMA. NA MATURIDADE, GANHAMOS UM NOVO PONTO DE VISTA SOBRE NOSSA JORNADA: TEMOS MAIS DISCERNIMENTO SOBRE O QUE REALMENTE IMPORTA E SEGURANÇA PARA DESENHAR O TRAJETO PELO QUAL VAMOS SEGUIR – E ISSO PODE NOS LEVAR A DESCOBRIR A MELHOR VERSÃO DE NÓS MESMOS! reportagem HELAINE MARTINS ilustração ANDRÉ DUCCI

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ual fase da vida é a mais feliz? A infância, abençoada pela inocência? A adolescência, com suas descobertas, transformações, transgressões? As conquistas da vida adulta? Ou quem sabe o período que vem depois disso, associado a rugas, cabelo branco, acúmulo localizado de gordura, variações hormonais, dores que não vão embora, eventuais lapsos de memória... Numa sociedade como a nossa, em que a velhice é carregada de preconceitos negativos, muita gente a encara apenas como um entediante fim, um fechar de cortinas melancólico que talvez leve algumas décadas para se completar. Para quem pensa assim, chamar a terceira idade de melhor idade é um eufemismo, uma piada de mau gosto. Será mesmo? Há controvérsias. Pesquisas realizadas por diversas instituições nas últimas décadas mostram que o nível de felicidade no decorrer da vida pode ser representado por um gráfico em forma de U. Ou seja: no começo, somos muito felizes. Depois, os choques de realidade do dia a dia vão fazendo essa empolgação decrescer até um patamar mínimo, a partir do qual há um novo florescer da alegria. Se o formato do gráfico é sempre o mesmo, o que tem mudado é a posição do ponto mais baixo. Ele já esteve marcado por volta dos 30, 35 e 40 anos. Mas agora, segundo um estudo realizado pela Brookings Institution, nos Estados Unidos, e divulgado em 2014 na publicação científica IZA Journal of European Labor Studies, esse fundo do poço da animação é atingido por volta dos 45 anos. Em outras palavras: hoje, a vida recomeça aos 50. “A velhice não precisa ser o ponto final, pode ser o ponto de partida”, afirma a antropóloga Mirian Goldenberg,

professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). “Àqueles que acreditam que essa fase da vida lhes roubará beleza, liberdade e felicidade, uma nova geração que já passou dos 50 anos responde com lições de sabedoria, paciência e planos. Muitos planos”, afirma. A chave que permite transformar a vida para melhor ao abrir das portas da terceira idade é a relação com o tempo. Pode parecer mórbido, mas a proximidade da morte é uma questão fundamental para esse despertar. A sensação típica da juventude de ter a vida inteira pela frente é substituída pela gana de quem não tem mais tempo a perder. Essa consciência ajuda a discernir o que é realmente importante e a não desperdiçar energia com o que não merece atenção. A ansiedade e a insegurança dão lugar à coragem e à liberdade. E isso, diz Mirian, só é possível com a chegada da maturidade. “Esse clique é uma espécie de pequena revolução que começa aos 50 anos, melhora aos 60 e chega ao auge aos 75. Essas pessoas estão rejeitando estereótipos, criando novas possibilidades e significados para o envelhecimento”, explica. Para elas, o melhor da vida não ficou no passado. Ainda está por vir. Está em dúvida sobre qual é a melhor fase da nossa jornada na Terra? Se você ainda vê a terceira idade com olhos desconfiados, permita-se surpreender-se com as quatro histórias a seguir. As pessoas que você vai conhecer não têm dúvida: depois dos 50 anos, realizaram seus maiores sonhos, ficaram mais confiantes, seguras, empoderadas. Após percorrerem um longo trajeto de vida, elas puderam comemorar uma conquista sem igual: o encontro com sua versão mais completa e feliz.

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Do alto de seu 1,73 metro de altura, a jovem Maria Rosa sonhava em ganhar as passarelas do mundo, mas seus pais nunca permitiram. “Para eles, não era profissão de moça de família”, lembra. Assim, a vida seguiu outro rumo. Ela se casou, teve um filho, tornou-se advogada. Até que, prestes a completar 50 anos, entre calorões da menopausa e alguns cabelos brancos, sofreu o baque do diagnóstico de um cisto na mama. “Repensei a vida. Deixaria me levar pela tristeza ou mudaria a rota?” Curada, optou por buscar o antigo sonho: matriculou-se em um curso de modelos maduras, tirou o registro de profissional e foi atrás das oportunidades – mas esbarrou no preconceito. “Diziam que o meu tempo já havia passado. Se não fosse a força do meu marido e do meu filho, talvez tivesse desistido.” Enquanto o mundo tentava convencê-la do contrário, Maria Rosa se descobriu linda e sexy no auge da maturidade – e ainda desbravou um nicho de mercado. Em 2008, ela reuniu outras mulheres com cerca de 50 anos e criou uma agência especializada em profissionais dessa faixa etária. Hoje, o cast de 24 modelos participa de desfiles, comerciais e figurações em filmes e novelas. O sucesso é tanto que Maria Rosa passou a ter um rendimento maior como empresária do que como advogada. Mas ela garante que nada é mais gratificante do que a liberdade de se sentir mais bonita aos 58 anos do que aos 30. “Esse é o grande ganho da maturidade. O melhor olhar sobre você é o seu, sem cobranças nem neuras. A idade nos liberta disso tudo.”

“O melhor olhar sobre você é o seu, sem cobranças nem neuras. A idade nos liberta disso tudo.” MARIA ROSA VON HORN, 58 ANOS, DE SÃO PAULO, TORNOU-SE MODELO AOS 50

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© Fotos: 1 Fernando Genaro, 2 Eduardo Macários

Letícia nasceu menino. Aos 3 anos, batizada como Geraldo, já percebeu que era diferente dos garotos que conhecia. Gostava de bonecas, queria aprender a bordar, sentia vontade de se vestir com roupas de mulher. Tinha a exata noção de que pertencia a um mundo ao qual o acesso lhe era proibido. Porém, sob forte repressão do pai, se policiava nos mínimos detalhes. “Fui educada para ser um herói masculino e nunca me adequei”, desabafa. Com seu jeito feminino, foi vítima de dolorosos assédios e chacotas. Na adolescência, a descoberta da sexualidade a deixou ainda mais confusa: percebeu que, além de se sentir menina, tinha atração por mulheres. Aos 26 anos, casou-se com Ângela – a mulher de sua vida – e teve três filhos. Mas, depois de cinco décadas tentando esconder sua identidade, sentia que pouco a pouco matava uma parte de si. Até que, em 2008, após um infarto, decidiu renascer. Com o apoio da família, assumiu-se como Letícia, uma mulher transgênero. A maturidade dos 55 anos, ela conta, foi fundamental no processo. “A oportunidade de recomeçar a vida me trouxe a libertação, mesmo que tardiamente. Não por covardia. Eu só fiz aquilo que eu dei conta na hora em que dei conta”, diz. As dificuldades não foram poucas: consultora de empresas, perdeu grande parte dos clientes e viu antigas amizades desaparecer. Mas, sem nenhum arrependimento, nunca se sentiu tão completa. “Tenho orgulho e felicidade de ter me assumido como a mulher que sempre fui.”

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“Tenho orgulho e felicidade de ter me assumido como a mulher que sempre fui.” LETÍCIA LANZ, 64 ANOS, DE CURITIBA, ASSUMIU-SE TRANSGÊNERO AOS 55

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MANUAL PRÁTICO VIDA FELIZ PASSO A PASSO

Como ajudar alguém em LUTO? Ver uma pessoa querida perder alguém próximo é sempre uma situação delicada. Queremos ajudar, mas muitas vezes não sabemos como. Estar próximo, deixar desabafar e não pressionar são algumas dicas. Saiba mais! reportagem MARIANA ZYLBERKAN ilustração GIOVANA MEDEIROS

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NÃO FALE POR FALAR

ENTENDA AS FASES

O que dizer a um amigo logo que ficamos sabendo que ele perdeu alguém que amava? Frases feitas, do tipo “Você tem que ser forte”, “Bola pra frente” ou "Foi a hora certa” mais atrapalham do que ajudam, por ignorar o sofrimento. Se você não souber o que falar, siga o conselho da psicóloga especialista em terapia do luto Raissa Ferreira: “É comum os enlutados relatarem que aquelas pessoas que não disseram nada, que só ficaram ao lado, respeitando o momento e a perda, foram as que mais ajudaram”.

Quem está em luto costuma alternar dois comportamentos: a perda e a reestruturação. Ora a pessoa se entristece, questionando a morte do ente querido, ora faz planos para o futuro e tenta olhar a vida com serenidade. Em qualquer um desses momentos, é mais importante ouvi-la do que falar. Atitudes práticas simples, como preparar uma boa refeição, fazer as compras no mercado ou pagar uma conta também ajudam, já que o enlutado terá menos motivação para as tarefas do cotidiano.

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EU FIZ “EU ERA A ÚNICA QUE DEIXAVA MINHA AMIGA FAZER O QUE QUERIA”

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RESPEITE O TEMPO

E OS PEQUENOS?

O que fazer com os pertences da pessoa que morreu? O melhor é deixar quem está sofrendo livre para decidir, sem pressa. Atos como encaixotar as roupas do falecido demandam grande energia emocional. Evitar fazer isso não é necessariamente negação da morte, pode ser apenas um sinal de que a pessoa precisa de mais tempo para enfrentar esse ritual. Lembrese: o luto é uma experiência muito subjetiva, e cada um reage a ele de uma maneira.

Quando uma criança perde alguém, o melhor é dizer a verdade, sem eufemismos, como “Virou uma estrelinha” ou “Foi viajar”. Não é preciso ter medo de usar a palavra "morte". Algumas crianças, principalmente as menores, só sentem a perda algum tempo depois, quando percebem a ausência. Outras podem reagir com raiva e até culpa. Por isso, é indicado que a notícia seja dada por alguém com quem o pequeno tenha intimidade.

Uma amiga teve um filho assassinado. Eu a visitava todo dia e era a única que a deixava fazer o que tinha vontade: chorar, gritar, abraçar as roupas do filho. Tive de enfrentar parentes e amigos que não concordavam com aquelas atitudes. No fim, ela me disse que minha ajuda foi a maior que teve. A partir dessa experiência, criei a associação Amigos Solidários na Dor do Luto (bit.ly/ASDL-RJ), para ajudar quem passa por isso. Márcia Torres, 53 anos, assistente social, Rio de Janeiro

“INCENTIVO MINHA MÃE A LEMBRAR DOS MOMENTOS FELIZES”

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PRECISA DE AJUDA?

DIAS ESPECIAIS

Há casos em que a elaboração do luto não pode ser feita individualmente. Se a pessoa sentir muita raiva, insistindo nesse sentimento e se afastando de parentes e amigos, pode ser um indício de que precise de uma terapia especializada. Há muitos grupos de ajuda espalhados pelo país. O projeto Vamos Falar sobre o Luto disponibiliza em sua página na internet uma lista de associações em vários estados. Confira em vamosfalarsobreoluto. com.br/quem-pode-ajudar.

Datas comemorativas, como aniversário e Natal, costumam ser bem dolorosas, principalmente no primeiro ano de luto, quando a pessoa ainda não sabe como irá reagir a essas situações. Nesses momentos, é importante estar presente, ouvindo e ajudando a celebrar a memória de quem morreu. Ir a um lugar bonito que o falecido gostava de frequentar ou ver fotos antigas de momentos alegres pode ajudar a enfrentar essas situações com mais leveza.

No ano passado, minha mãe perdeu uma de suas irmãs. A recuperação não tem sido fácil, mas sempre a incentivo a lembrar dos bons momentos vividos ao lado da minha tia. Por mais que a morte dela tenha posto um ponto final em uma grave doença que trazia sofrimento, digo a minha mãe que é normal chorar e sentir saudade. Explico que o luto não tem um prazo para acabar, e que ela não precisa se forçar a parar de sofrer. Thais Vaccari, 25 anos, assistente de RH, Campo Grande

Fontes: associação Amigos Solidários na Dor do Luto – Rio de Janeiro, Pax Real, projeto Vamos Falar sobre o Luto, terapeuta Raissa Ramos Ferreira

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