Sorria #52

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nov/dez

2016

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PRAZERES SIMPLES

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Minhas férias texto ROBERTA FARIA

longos meses de calor e nada pra fazer entre o começo de dezembro e o fim do Carnaval, que não existem mais no mundo – nem para os adultos, com seus míseros 30 dias remunerados, nem para as crianças de hoje, que arrumam a mochila ainda em janeiro. Você sabe do que eu estou falando. De não ter que levantar cedo e ver todos os desenhos e programas de TV que perdemos enquanto estávamos na escola. De temporadas na madrinha, tardes na avó, encontros com os primos, visitas ao trabalho dos pais (e, mais tarde, a alegria de ter horas e horas sozinhos em casa). De mudar de cor de tanto pegar sol e ficar com coceira depois de passar o dia inteiro de sunga ou maiô (de que adianta trocar de roupa se vamos nos molhar de novo daqui a pouco?). De tardes inteiras tomando banho de torneira, bacia, mangueira, piscininha de plástico, piscinona de verdade, rio, cachoeira, mar, chuva – toda e qualquer água que pudesse refrescar. Ai, ai. Lembra daqueles dias que pareciam tão iguais que a gente não sabia mais se era segunda, quarta ou sábado? E de reclamar que manhê, que saco!, não tem nada pra fazer! E daí ganhar função: vai lavar o carro, vai limpar o quarto, vai dar banho no cachorro, vai arrumar o que fazer, criatura! E a gente arrumava. Fazia campeonato de taco no meio da rua, jogava vôlei usando a corda do varal de rede, basquete com o cesto de roupa suja, futebol com um par de chinelos marcando o gol. Tirava o pó dos jogos de tabuleiro, jogava videogame até a mãe obrigar debaixo de chinelo a gente a sair de casa, inventava 19 novas regras para a canastra, fazia campeonato de quem pulava do lugar mais alto e apostava mil idiotices do tipo "duvido que você..." – o que quase sempre terminava mal, mas podia ser muito emocionante. E subia em árvore, pulava muro, andava no mato, comia manga do pé, ia pescar. Acampava no quintal, levava o colchão pra rua pra dormir olhando o céu, catava sapo e vaga-lume. Fazia sacolé de suco e se empanturrava de pão com mortadela. Conhecia amigos novos – o primo do vizinho que veio passar férias, inquilinos temporários na praia, estranhos completos tão à toa quanto a gente no parquinho. Viajava farofando no banco de trás com a família toda, balançava na rede lendo livros sem nenhuma obrigação, dormia depois do almoço para ficar acordado até bem tarde. E depois, quando as aulas recomeçavam e alguém perguntava: "O que você fez nas férias?", a gente respondia, tão inocente: "Ah, nada demais".

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© Foto: Guetty / Barwick

do que mais sinto falta da nossa infância, e eu P ergunte-me te direi: morro de saudade das férias de verão. Aqueles três


PRAZERES SIMPLES

TÁ NA MESA

FELICIDADE

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CONHECE O FUDGE? TRADIÇÃO NO NATAL NOS ESTADOS UNIDOS, ESSE BRIGADEIRO EM TABLETE VAI SER SUCESSO NA SUA CEIA!

Dê de presente em uma embalagem bonita! Usamos caixas de papel kraft com cordão de juta e folhas de eucalipto.

texto DILSON BRANCO

© Foto: Alex Silva; produção culinária: Silvia Marques; produção de objetos: Ellen Annora

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azer malfeito”. Literalmente, é isso que fudge significa. Mas, nos Estados Unidos, no século 19 (ou até antes, não se sabe), a palavra ganhou uma conotação bem diferente – não só positiva como deliciosa. Diz a lenda que, durante uma aula em um colégio para garotas, numa lição sobre como preparar doce de caramelo, um erro na receita acabou resultando em algo bem diferente do esperado. A textura entre o firme e o macio agradou, e, em homenagem à surpresa do acaso, a guloseima foi assim batizada: fudge. Com o tempo, o doce virou mania no país. Hoje em dia, existem nos Estados Unidos inúmeras lojas especializadas nesta receita – e em suas infinitas variações. Tradicionalmente, a base é feita de açúcar, manteiga e leite. Mas, assim, à moda antiga, dá um certo trabalho para chegar à consistência ideal. Então surgiram alternativas mais práticas (como a que leva leite condensado, que você confere nessa matéria), que, por sorte, não ficam devendo no sabor. Para incrementar, dá para misturar quase tudo que você imaginar: chocolate (o que já virou um clássico), doce de leite, manteiga de amendoim, creme brûlé, pedacinhos de cookies e até pimenta. Sem falar nas coberturas: castanhas de todos os tipos, frutas secas ou em calda, marshmallow... Sabe-se lá como, o fudge se tornou tradição natalina. É dado como presente e servido nas refeições em família, adocicando os encontros no fim do ano. Bom, pensando bem, o simples fato de ser lindo e delicioso basta para explicar seu sucesso numa das épocas mais afetivas do calendário, não é? Acha que seus amigos e familiares vão gostar? Então confira a receita e prepare-se para um Natal criativo e saboroso!

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NOZES PICADAS


PISTACHE PICADO

DAMASCO SECO PICADO MINI-PRETZELS

CASCA DE LARANJA CRISTALIZADA EM PEDAÇOS

AMÊNDOAS LAMINADAS

FUDGE DE CHOCOLATE INGREDIENTES: • 4 colheres (de sopa) de manteiga (e mais para untar) • 450 g de chocolate meio amargo • 1 lata de leite condensado • 1/8 de colher (de chá) de sal (opcional, para intensificar o sabor) • cobertura (veja sugestões na foto)

GOTINHAS DE CHOCOLATE

CASTANHAS PICADAS

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MODO DE FAZER: Use uma fôrma quadrada de 20 cm de lado. Unte-a com manteiga. Forre-a com papelmanteiga, deixando as bordas do papel para fora da assadeira.

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Misture todos os ingredientes e derreta-os em banho-maria. Não deixe a água ferver. A mistura deve ser aquecida o mínimo possível. (Você também

pode derreter os ingredientes no micro-ondas. Nesse caso, use potência baixa e pare a cada 15 segundos para mexer bem.)

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Leve a massa à forma, distribuindo-a bem. Acrescente a cobertura. Deixe na geladeira por cerca de 4 horas (ou, de preferência, da noite para o dia), até ficar firme. Retire a barra da fôrma e use uma faca grande para cortá-la em cubos.

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VALORES ESSENCIAIS

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TODO MUNDO PASSA POR ISSO VÁRIAS VEZES NA VIDA: ANDA POR AÍ ACOMPANHADO DE UMA DOR TERRÍVEL POR SE SENTIR ARREPENDIDO, DESAJUSTADO, INCAPAZ. MAS A CULPA NÃO É SÓ TRISTEZA. COM O TEMPO, ELA PODE SE REVELAR UMA RICA OPORTUNIDADE DE NOS TORNARMOS PESSOAS MELHORES reportagem RAFAELA CARVALHO ilustração RODRIGO FORTES

ão há quem não conheça essa sensação. Em geral, ela é descrita como um peso insuportável nos ombros. Usando um pouco mais de imaginação, é como se estivéssemos acorrentados a um monstro enorme e apavorante que não para de falar: “Você estragou tudo”. O peito aperta, a garganta dá um nó e a cabeça lateja com pensamentos do tipo: “E se eu tivesse agido diferente?”, “Eu deveria me sacrificar mais”, “Eu sou a pior pessoa do mundo”. Ou, indo direto ao ponto: “Eu sou culpado”. A culpa tem pelo menos duas facetas. Uma é interna. É o arrependimento, a vontade de voltar no tempo, de ter uma nova oportunidade para fazer diferente. Ela bate quando a gente age sem pensar nas consequências. Como quando nós estamos de cabeça quente e descontamos a irritação em quem não tem nada a ver com o problema. Aí o caminho é acalmar os ânimos, rever o que se passou, pedir perdão e tentar não repetir o erro. Mas a culpa também pode vir de fora. É quando nos sentimos mal por não corresponder às imposições do sistema em que estamos inseridos, por não nos encaixarmos nos padrões. A gente não atinge as expectativas da nossa família, dos amigos, do chefe... e se sente muito mal por isso. “Os ideais estabelecidos pelo mundo impõem um excesso de exigências para que o ser humano alcance plenitude em sua carreira, família ou saúde. Esse é o caráter cultural da culpa”, explica a psicanalista Angela do Rosário. “O resultado principal disso é que, hoje, testemunhamos uma sociedade narcisista, em que o indivíduo se culpa constantemente quando não atende a esses ideais.” Aqui, a saída exige uma complexa reflexão: quem está errado? Eu ou os outros? Uma das principais consequências da culpa, justamente por ela ser um sentimento diretamente ligado à vida em sociedade, é o isolamento. Por vezes, ela nos causa tanta vergonha e frustração que arranca a sensação de coletividade e de pertencimento. Se não enfrentada de maneira sábia, nos rotula como fracassados e nos derrota tão rápido quanto se manifesta. Angela ressalta que é impossível lidar bem com a culpa imediatamente: no primeiro momento, ela sempre vai incomodar. E, por vivermos em uma era imediatista, assimilar o sentimento de forma sadia se torna uma missão ainda mais árdua. “Em um mundo em que as pessoas veem o presente como totalidade, há uma busca muito maior por prazeres instantâneos. Quando um sentimento precisa ser trabalhado e elaborado, isso fica quase insuportável.” É só depois de superar essa barreira que a culpa pode finalmente amadurecer e se tornar frutífera. Quando conseguimos entender que ela não precisa ser só uma dor amarga, mas uma lição construtiva, ela pode ocupar um espaço diferente dentro de nós e virar uma aliada – um lembrete de que somos mais fortes do que o lado obscuro desse sentimento. Nas próximas páginas, você conhece as histórias de quatro pessoas que enfrentaram diferentes tipos de culpa. Que sofreram muito andando por aí ao lado do tal monstro assustador que fica apontando defeitos e empurrando para baixo. Mas, com o tempo, entenderam que essa sensação é parte do que molda a nossa vida, e que não há nada de errado nisso. Quando o sentimento é digerido com paciência e cuidado, sem autodestruição, ele desabrocha e pode, enfim, se transformar em uma bagagem emocional que nos torna indivíduos melhores e mais tolerantes em relação ao mundo e a nós mesmos. NOV/DEZ 2016 27


MANUAL PRÁTICO VIDA FELIZ PASSO A PASSO

Como melhorar a AUTOIMAGEM? Nos altos e baixos da vida, há vezes em que nos sentimos descontentes com quem somos. Maneirar na autocrítica e valorizar nossas qualidades são atitudes que ajudam a recuperar a confiança. Saiba mais! reportagem GABRIELA PORTILHO ilustração MARCELLA TAMAYO

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ENFRENTE SEU TIRANO INTERIOR

ENCARE-SE COMO UM AMIGO

A baixa autoestima pode estar relacionada a uma cobrança exagerada sobre nós mesmos: exigimos muito, não correspondemos às expectativas e nos sentimos mal. É como se houvesse um tirano dentro de nós, nos governando. Dar um apelido a essa consciência crítica pode auxiliar a perceber quando estamos pesando a mão no autojulgamento. “A cobrança interior ajuda a evoluir, mas precisamos reconhecer quando ela se torna excessiva”, diz o professor de psicologia Aurélio Fabrício Melo.

A autocompaixão pode suavizar o excesso de críticas. “Não se trata de ter pena de si mesmo, mas de aprender a se olhar com respeito e aceitação, tanto nas virtudes quanto nas coisas das quais não gostamos”, explica Aurélio. A ideia é encarar-se com a mesma gentileza e tolerância que destinamos a um amigo querido, reconhecendo a nossa condição humana imperfeita. Escrever uma carta celebrando essa amizade com você mesmo pode ser um bom exercício.

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EU FIZ “PERDI UMA PERNA E REAPRENDI A GOSTAR DO MEU CORPO” Aos 28 anos, quase morri após um acidente de moto, no qual perdi uma perna. SS PA O

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COMPARE-SE A VOCÊ, NÃO AOS OUTROS

PONDERE AS CRÍTICAS

Desde cedo, nossa educação coloca o outro como referência. Aprendemos a agradar a nossos pais e depois projetamos isso em amigos, namorados, chefes... Também somos estimulados a medir nosso desempenho em comparação aos dos outros. E tudo isso pode nos deixar confusos, já que as pessoas são muito diferentes e não há um modelo ideal. Para não desanimar, vale comparar-se a si mesmo, avaliando quanto evoluímos em relação ao nosso passado.

Sabe aquela máxima segundo a qual uma crítica diz mais sobre quem a profere do que sobre seu alvo? Pense nisso quando falarem sobre você. “Quem cresceu em ambientes autoritários ou com poucas oportunidades de decisão costuma ficar mais refém da opinião alheia”, explica Aurélio. Para a terapeuta cognitivo-comportamental Ana Maria Serra, é importante distinguir críticas realistas e construtivas de comentários exagerados e mal-intencionados.

Um ano e meio depois, me sinto mais vivo do que nunca. Com o apoio dos meus amigos e familiares, passei a cuidar mais de mim: coloquei aparelho nos dentes, mudei o corte de cabelo e até me sinto bem quando vejo a prótese no espelho, que combinou com meu estilo heavy metal. Hoje consigo aceitar minha imagem e me divertir com ela. Victor Arruda, 30 anos, Votorantim (SP)

“FIZ CIRURGIA, PERDI 80 QUILOS E RECUPEREI A AUTOESTIMA” Cheguei a pesar 160 quilos. Sem conseguir me movimentar, fiquei SS PA O

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TENTE MELHORAR

CERQUE-SE DE AMIGOS

Todos nós temos limitações. Encará-las como desafios a ser superados é uma atitude mais positiva do que apenas se lamentar. “Alguém que tenha dificuldades para aprender outros idiomas, por exemplo, pode tentar se matricular em um curso com método de ensino alternativo”, explica Ana Maria. Experimente listar as suas limitações e estabelecer estratégias para superá-las. É apenas tentando que conseguimos descobrir o que dá para mudar em nós mesmos.

Muitas crises de autoestima começam quando olhamos demais para nosso umbigo. Socializar pode ajudar a ajustar o foco: “Viver coletivamente faz com que nos entendamos dentro de um contexto maior, relativizando nossos dramas e aliviando as expectativas que temos sobre nós mesmos”, explica Aurélio. Além disso, a sensação de conexão que vem das verdadeiras amizades nos enche de força para lidar com os problemas da vida – e também de motivação para celebrar as conquistas!

dependente até para amarrar os sapatos. Por causa do preconceito das pessoas, mal saía de casa. Não estudava nem conseguia trabalho. Então decidi fazer uma cirurgia bariátrica. Perdi 80 quilos e passei a me ver de outra maneira. Comecei uma faculdade, encontrei um novo emprego e conquistei uma vida muito melhor. Renata Rodrigues, 39 anos, São Paulo

Fontes: Ana Maria Serra, Ph.D. em psicologia e terapeuta cognitivo-comportamental do Instituto de Terapia Cognitiva (ITC); Aurélio Melo, psicoterapeuta e professor de psicologia da Universidade Presbiteriana Mackenzie; Érica Ribeiro, psicóloga clínica

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