este valor, descontados os impostos, ĂŠ 100% revertido para o
* 3 jul/ago 2008
conhecer
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gente que faz a diferença
O garoto do
cofrinho Felipe Ventura conseguiu seu primeiro milhão
aos 16 anos. Mas não ficou com o dinheiro. Desde pequeno, junta moedas para doá-las. A cada ano, seu cofrinho fica mais pesado. texto N i n a W e i n g r i l l
“A AÇÃO TEM DE VIR DO CORAÇÃO”, DIZ FELIPE VENTURA.
foto D a n i e l a T o v i a n s k y
ERA UM DOMINGO FRIO e chuvoso de 1998. Na TV, a apresentadora Hebe Camargo pedia aos telespectadores que doassem o que podiam ao Teleton, maratona televisiva que visa a arrecadar dinheiro para a construção de hospitais para crianças deficientes. A meta era quebrar o recorde do ano anterior, e, para isso, ainda faltavam 3 milhões de reais. Felipe Ventura, então com 7 anos, assistia atento ao programa e quis fazer uma doação. Correu para o quarto, abriu seu cofrinho e derrubou as moedas no chão. Eram 75 reais e uns quebrados. E ele, ajudado pelos pais, resolveu levá-los à emissora. Naquele dia, o garoto acabou no palco do programa, ao lado de Hebe e Silvio Santos. Ele conseguiu fazer sua doação – ao vivo –, abraçou a causa e, desde então, tem como desafio aumentar a cada ano o valor arrecadado. Por causa de sua atitude, Felipe também foi convidado a encabeçar uma ação na Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD) chamada “Corrente do Bem”, em que transmite aos jovens a mensagem sobre a importância de uma colaboração. A corrente ganhou elos, espalhou-se para outros países da América do Sul e rendeu a Felipe até um troféu de Responsabilidade Social. Conheça a seguir esse jovem, que, com uma atitude simples, ajuda a melhorar o mundo:
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Sorria* – Você chegou ao palco do programa e se encontrou com o Silvio, mas não era bem isso o que você procurava... Felipe –Não. Eu estava atrás do caixa do Bradesco, onde eu poderia deixar minhas moedas. Aí o Silvio Santos pediu meu cofrinho e eu não dei. Eu falei que tinha vindo porque a Hebe pediu. Minha mãe fez um sinal para que eu deixasse tudo com ele. Deixei. Então o Silvio me parou e disse:“Espero você no ano que vem com dois cofrinhos. Será que você consegue?”. E conseguiu? Felipe – Consegui. Voltei para casa com essa meta na cabeça. Coloquei um cofrinho na loja dos meus pais e outro na casa dos meus avós. E assim foi. No outro ano ele me pediu para levar três, depois, mais e mais. No ano passado, eu levei uma mala de quase 100 quilos com 13 mil reais dentro. Toda a minha família me ajudou. Foi fácil juntar tudo isso? Felipe – No começo foi difícil convencer a família. Minhas primas pensavam: “Até parece que um pouquinho de moeda vai ajudar”. Depois elas viram que realmente ajudava e começaram a contribuir também. Mas eu não ficava pedindo, acho que a ação tem de vir do coração. Se eu pedisse, elas iriam dar, mas não entenderiam por que estavam dando. Dariam para mim, que sou primo, e não para quem realmente precisa. Minha vontade era que todas as crianças pudessem viver como eu. Quem precisa, por exemplo, deve ter próteses de perna para se locomover e poder brincar. Aí você começou a fazer parte de um projeto maior, coordenado pela AACD? Felipe – A AACD, depois do meu quinto ano de doação, criou uma ação chamada “Corrente do Bem” e me pediu para representá-la. Eu faço isso por meio de palestras em escolas particulares e públicas todos
os anos. Minha função é contar minha história, mostrar por que é tão importante ajudar e pedir às crianças para ajudarem também. Em todas as visitas, levamos um cofrinho e distribuímos às crianças para que elas juntem dinheiro durante o ano e também façam a sua parte. Como está sendo essa experiência? Felipe – No primeiro ano, esse projeto arrecadou 250 mil reais. Já cheguei a falar para auditórios de 600 alunos e falei para escolas onde não havia auditório, e eu repetia a mesma história sala por sala, 50 vezes. As crianças se emocionam, falam que querem ajudar de alguma maneira, mas não sabiam como. Me agradecem por eu estar ali, pedem autógrafo. Isso é muito legal, mas, ao mesmo tempo, eu não preciso disso, minha função é fazer a ponte, transmitir a mensagem. A partir daí, cada um deve fazer a sua parte. Por isso, mesmo depois de começar a fazer o projeto, eu não abri mão de fazer a minha doação pessoal – todo ano eu pretendo sempre aumentar a quantidade doada. E o papo é o mesmo com as crianças de classe média e crianças que têm menos recursos? Como pedir a uma criança para doar um dinheiro que seria essencial para ela? Felipe – Na verdade, não importa o valor, a quantidade. O que importa é a ação. Dê quanto você puder dar. Se não puder, ajude de outra maneira. Um amigo meu entregou o cofrinho dele com uma nota de 50 reais. Outro menino, de escola pública, encheu o porquinho dele de moeda. A pessoa mais pobre sabe o que é a necessidade de dividir. As de um nível melhor não têm essa visão. Doar 50 reais, para quem tem esse dinheiro na carteira, é uma ação mecânica. A pessoa mais humilde passa os 365 dias do ano juntando moedinhas e pensando que aquilo fará uma diferença para alguém.
E os seus amigos o ajudam? Felipe – Não. Eles até falavam: “Por que você vai doar seu dinheiro? Por que não compra um videogame novo?” Neste ano, um amigo meu veio me ajudar a contar as moedas para doar ao Teleton e já começou a fazer um cofrinho pra ele. Mas a maioria não está interessada, porque não faz parte do mundo deles. Mas fez parte do seu mundo, inclusive porque você passou um tempo em uma cadeira de rodas. Felipe – Eu já ajudava o Teleton havia dois anos quando ocorreu o acidente. Eu estava brincando de esconde-esconde com as minhas primas, me enrosquei na cortina e tomei um tombo. Bati com a coluna no chão e a vértebra saiu do lugar. Eu fiquei paraplégico durante seis meses. E como foi se colocar no lugar das crianças que você ajudava? Felipe – Eu sempre falo nas palestras, antes mesmo do acidente, que nem todos nascem deficientes. Qualquer um de nós pode vir a ficar nessa situação. Por isso era tão importante ajudar. Eu sabia que aquilo era apenas uma situação e que não transformaria o que sou. Você sente a discriminação, sente o olhar de pena das pessoas. Depois de seis meses eu saí andando. Acho que foi um milagre. Mas não tem de ter dó, é uma pessoa normal que está ali e é diferente de você. E você se sente uma pessoa diferente? Felipe – Acho que sim, pelo fato de ter começado a pensar em ajudar os outros muito cedo. Mas eu sou como todos os outros. Não faço isso para ser diferente, faço porque é parte do que eu acredito. No ano passado conseguimos juntar mais de 1 milhão de reais com a “Corrente do Bem”. Minha meta é fazer esse montante aumentar. Quem sabe um dia não chego a ter 1 milhão no meu cofrinho, não é?
cuidar
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nosso mundo, nossa vida
Vá com os próprios pés. Ou de bicicleta, patins, metrô, carona, ônibus, balão, rolimã. Mas deixe o carro em casa de vez em quando texto N i n a W e i n g r i l l
ilustração E s t ú d i o M o p a
DUAS SEMANAS INTEIRAS, dia e noite, trancafiado em um espaço de menos de 4 metros quadrados, onde não dá para ficar em pé nem deitar, respirando gases tóxicos, sendo agredido, no meio de um barulho infernal, sem poder dormir nem ir ao banheiro – e ainda ameaçando a vida no planeta. Esse tipo de tortura é mais comum do que se imagina. Na verdade, é até bem provável que você esteja se submetendo a ela voluntariamente. Este é, em média, o tempo que uma pessoa que dirige diariamente passa dentro do carro a cada ano. Ao fim da vida, terão sido mais de 800 dias no trânsito. O que você faria com esse tempo se pudesse escolher?
O.k., todo mundo sabe que carros são vilões do meio ambiente e que o trânsito anda pavoroso. “Estamos à beira do colapso”, diz André Pinho, urbanista. Não é só em São Paulo, onde toda sexta-feira tem recorde de congestionamento. Capitais como Rio de Janeiro, Salvador, Porto Alegre, Belo Horizonte e Brasília sofrem do mesmo mal. “A estrutura das cidades não suporta tantos carros”, afirma André. Resolver isso depende de soluções como transporte público eficiente, acesso a combustíveis mais limpos e reurbanização. Adianta reclamar se as mudanças estão tão longe de nossas mãos? Opa. Nem tanto. Se não dá para cavar um metrô
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ou inventar o teletransporte, uma coisa pelo menos a gente fazer: descobrir outro jeito de sair de casa. O empresário Marcelo Grillo, de 50 anos, o Mig, descobriu a sua maneira quando nem estava procurando. “Minha bicicleta estava encostada havia tempos quando precisei dela para um passeio. Mandei-a para a revisão e, quando fui buscá-la, resolvi sair pedalando”, conta. “Na hora em que o vento começou a bater na cara, tive um estalo.” Há dois anos, aposentou de vez o carro e a moto e vai para o trabalho de bicicleta. Para o analista de sistemas William Cruz, de 34 anos, foi num daqueles dias em que tudo parece dar errado que ele descobriu a coisa certa a fazer. “Estava saindo para o trabalho atrasado e o carro não pegava. Pegar
ônibus demoraria mais. Para completar, chovia”, conta. “Resolvi arriscar: peguei a bike e saí pedalando.” Chegou na reunião molhado, mas feliz. “Fiquei tão bem que resolvi ir de bicicleta para a empresa duas vezes por semana, depois três, depois sempre que podia.” Acabou vendendo o carro e hoje alterna a bicicleta com o transporte público. Como William, para começar, nem precisa ser radical: diminuindo aos poucos o uso, acostuma-se a viver sem o carro – ou, pelo menos, a não “precisar” tanto dele. O músico Du Moreira ainda tem um automóvel na garagem. Mas só pega à noite. De dia, caminha. Aprendeu isso quando morou em Nova York, onde o transporte público era eficiente o bastante para que não sentisse falta de suas quatro rodas. “Antes, ia para qualquer lugar dirigindo. Hoje percebo que usamos o carro por um problema de infra-estrutura. É algo que demora a ser resolvido. Podemos tomar outras atitudes enquanto isso.” Mudar o mundo é difícil. Mudar de hábitos, nem tanto.
ECONOMIA SAUDÁVEL Deixar o carro em casa – ou dividi-lo com caronas – faz bem também para o bolso Usar menos o carro também é questão de
escolas e empresas incentivam mutirão
duas horas de carro. “As pessoas perdem
faz. Entre compra, manutenção, impostos,
formam-se grupos que moram na mesma
estar produzindo”, acredita Ricardo Peres,
economia – uma conta que pouca gente combustível, estacionamento e seguro,
muito dinheiro vai pelo ralo. “Mesmo que
de carona. Como um sistema de rodízio,
vizinhança e, a cada dia, um leva a turma. Pense também na máxima “tempo é
eu ande de táxi toda a semana, gasto um
dinheiro”. William, aquele da bicicleta na
Du Moreira. Impossível deixar o automóvel
pra chegar ao trabalho pedalando, pelo
terço a menos do que se usasse carro”, conta na garagem? Pense em dividi-lo. Muitas
chuva, hoje não leva mais de 30 minutos
mesmo percurso que antes demorava até
tempo no trânsito quando poderiam
ambientalista e empresário. Ele demora 50
minutos do centro de São Paulo, onde mora, até o trabalho, a 15 km. E o que ganha, além
da economia, são aquelas coisas sem preço. “Me intoxico menos, sou menos assaltado, mais humanizado e mais feliz.”
crescer
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valores que mudam a vida
APRENDER É... SABER OLHAR E OUVIR. COMO A PROFESSORA E SENADORA MARINA SILVA, QUE CRESCEU PELOS EXEMPLOS RECEBIDOS
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Aprender por
toda a vida
texto R o b e r t a F a r i a com reportagem de Amanda R a h r a e N i n a We i n g r i l l fotos R o d r i g o B r a g a ilustração I n d i o S a n
© Ichiro Guerra/Folha Imagem
MARINA NASCEU NA FLORESTA, no interior
do Acre. Por lá, não havia escola. Assim como quase toda a sua família, a menina cresceu sem saber ler nem escrever.Aos 14 anos, seu pai lhe ensinou a ver as horas e a fazer contas. Aos 16, quando se mudou para a capital, começou a alfabetização, freqüentando a escola noturna depois do expediente como empregada doméstica. Quando tinha 12 anos, Paula foi mandada embora de casa.Mudou-se para outra cidade, para morar com a família de seu treinador de basquete. Seus pais queriam que ela fosse uma estrela do esporte. Paula, não. Enquanto repetia 100 vezes o mesmo movimento da cesta, se cobrando e sendo cobrada para não errar, desejou desistir. O sonho de Denil era ser secretária. Mas se casou cedo, logo William e David nasceram. Resolveu, então, ficar em casa, ser mãe em tempo integral. Era bom, mas, conforme os meninos cresciam, ela se sentia um pouco... inútil. Mais uma frustração no rol, como não ter aprendido a tocar piano nem saber andar de bicicleta. Depois dos 40 anos, dá pra pensar nessas coisas?
Por necessidade ou gosto, pelo exemplo ou erro, coisas úteis ou simplesmente divertidas. Aprender é o que nos faz humanos e felizes. Desistir disso é negar o que temos de melhor Elas poderiam ter se conformado. Com a falta de oportunidade e apoio, com dificuldade e solidão. Poderiam ter se encolhido, diante das perspectivas incertas e da falta de confiança na própria capacidade. Mas resolveram aprender. Cada uma, a seu modo – pelo exemplo, com os erros, experimentando o novo, tentando –, encontrou um caminho para descobrir o que não sabia e crescer. Marina tornou-se Marina Silva, professora de história, senadora da República, ministra e a mulher mais respeitada do mundo nas questões de meio ambiente. Paula virou Magic Paula, jogadora da Seleção Brasileira de Basquete, medalhista em Olimpíadas e Jogos Pan-Americanos e uma das maiores atletas que o país já teve. Com os filhos crescidos, Denil Rossato, 65 anos, foi ser secretária médica, estudou espanhol e italiano, usa a internet como se fosse nascida nos anos 2000 e aprendeu a andar de bicicleta ainda outro dia. A história delas prova que aprender não é algo que se faz apenas sentado no banco da escola: é vivo, constante e está em toda parte – basta querer.
“Se aquilo que aprendemos na vida se resumisse ao que nos ensinam na escola, estaríamos perdidos”, fala Rubem Alves, filósofo, psicanalista e um dos maiores pensadores da educação no Brasil.Até porque a humanidade veio bem antes das formalidades de carteira, lousa e todos olhando para a frente, por favor. “Talvez o impulso básico do processo de aprendizagem seja a luta pela sobrevivência. Quando tem um problema, o homem se põe a pensar”, diz Rubem. Depois, vem a curiosidade – um desejo que a ciência não explica de onde nasce, sem razão prática. “É como uma coceira no pensamento quando defrontamos com algo intrigante.”
A vida ensina Quando Marina Silva era criança, em Breu Velho do Seringal Bagaço, uma comunidade de extração de borracha no Acre isolada por rios e pela floresta Amazônica, sem escola nem médico, aprendia-se assim, por conta ou vontade. Marina não sabia ler, mas era esperta para a matemática aprendida com o pai, um homem sabido para o lugar
comer
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sabores que confortam
É mole texto D a n i e l a A l m e i d a fotos R o d r i g o B r a g a
E também pode ser dura, recheada, frita, assada... Seja qual for a receita, um prato de polenta traz aconchego. Sabor de almoço de domingo na casa da mamma
CARMELA E A CUNHADA, NEUSA, PREPARANDO LA BELLA POLENTA NO FOGÃO À LENHA
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AOS 76 ANOS, Carmela Giuseppa Miranda ainda se lembra das agruras de sua família para esconder o fubá durante a II Guerra Mundial, na Itália. Naqueles tempos difíceis, os alimentos eram contados pelo governo. Com medo do confisco, era preciso quase uma operação secreta para moer o milho escondido, no meio da noite. Na manhã seguinte, a farinha virava polenta. Prato de sustância, fazia figura em qualquer refeição e trazia conforto. “Quando estávamos na lavoura, todos comiam juntos, cada qual com sua colher, dividindo o mesmo tacho de polenta”, lembra Carmela, que desembarcou em São Paulo aos 20 anos, com mala e colher de pau. Foi com imigrantes como ela que a polenta tomou o caminho para as mesas brasileiras. Chegou com os primeiros italianos a desembarcar por aqui, no século XIX. Mas o ingrediente principal do prato, o milho, vem de outras bandas. Natural do continente norte-americano, o cereal ganhou o mundo após o descobrimento da América, em 1502. Quando pousou na Itália, comia-se por lá um mingau preparado com outros grãos, como o trigo sarraceno. O novo grão dourado entrou na receita... e eis que nascia a polenta. A tradição italiana pede que ela seja consumida firme. Cortada, depois recheada ou frita, coberta com molho ou escoltando ensopados, fica uma delícia – e até mergulhada no leite com açúcar, feito um sucrilho diferente, como faziam os imigrantes. Nas mesas mineiras, por influência indígena, prefere-se mais molinha: é o querido angu.Tanto faz a forma.“Polenta acompanha bem a maioria dos pratos”, conta o chef de cozinha Sérgio Arno. “Firme ou cremosa, é de preparo simples e pode ser incrementada com outros ingredientes.” Escolha uma ou invente a sua. Para comer de colher, num dia preguiçoso...
POLENTINHA COM TOMATE FRESCO
POLENTA COM RAGU DE LINGÜIÇA E COGUMELOS
outros molhos, como bolonhesa, de queijo,
• 3 cenouras • 2 cebolas • 4 talos de salsão •
Esta receita tradicional pode ser feita com de frango desfiado... O molho de tomate
fresco fica melhor se você misturar ervas ou turbinar com azeitonas picadinhas, queijo, aliche, o que der vontade.
INGREDIENTES DA POLENTA 1 pacote de polenta
instantânea • 1 litro de água para hidratar • 2 litros de água fervendo • 200 gr de
parmesão • 400 gr de mussarela ralada • 4 colheres de sopa de azeite de oliva
MODO DE PREPARO Dissolva a polenta em 1 litro de água fria e deixe descansar. Em outra
panela, coloque 2 litros de água para ferver.
Quando estiver borbulhando, junte a polenta deixada na água fria e mexa bem. Abaixe o fogo e cozinhe por cinco minutos. Junte a
mussarela, o parmesão e o azeite. Verifique o tempero e, se quiser, acrescente sal, pimenta e ervas picadinhas.
INGREDIENTES DO COULIS 6 tomates bem maduros sem pele e sem semente •
200 ml de azeite • Sal a gosto • Folhas de manjericão fresco
MODO DE PREPARO Bata os tomates, o azeite e o sal no liquidificador. Tempere com folhinhas de manjericão frescas.
FINALIZAÇÃO Coloque a polenta em um potinho e acrescente algumas colheradas do coulis por cima. Arremate com ervas frescas e queijo ralado.
Receita fornecida pelo Buffet Arroz de Festa
INGREDIENTES DO RAGU 3 kg de lingüiça toscana 6 dentes de alho • 250 ml de vinho branco • 550 ml de caldo de carne ou de legumes •
Azeite • Alecrim • Louro • Sal e pimenta a gosto MODO DE PREPARO Pique a lingüiça e doure na
frigideira. Reserve. Refogue a cebola e o alho
no azeite. Acrescente a cenoura, o salsão e os temperos, tudo picadinho. Refogue e junte o
vinho branco. Deixe evaporar e junte o caldo. Junte a lingüiça. Acerte o sal e a pimenta. INGREDIENTES DA POLENTA 1 kg de polenta •
3 litros de água • 50 gr de queijo parmesão •
50 gr de mascarpone • 80 gr de tomate seco • 80 gr de azeitonas pretas • Sal e pimenta MODO DE PREPARO Dilua a polenta em água fervente, mexendo bem. Quando estiver quase no ponto desejado, acrescente o
restante dos ingredientes, acerte o sal e a pimenta. Mexa bem para ficar cremoso. MOLHO DE FUNGHI 500 g de cogumelo
cultivado, como shimeji • 80 g de manteiga • 1/2 copo de vinho branco seco • salsinha triturada a gosto • Sal e pimenta a gosto
MODO DE PREPARO Refogue os cogumelos na
manteiga com sal e pimenta. Despeje o vinho e deixe evaporar. Salpique salsinha e pronto. FINALIZAÇÃO Coloque a polenta cremosa no prato. Despeje ao redor o molho de
cogumelos e, no centro da polenta, boas colheradas de ragu de lingüiça.
Receita do La Vecchia Cucina, de Sergio Arno
viajar
EDNA QUER ABRAÇAR O MUNDO COM AS PERNAS. ”SE PUDESSE, ANDARIA PELO RESTO DA VIDA”, CONTA
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destinos que transformam
Passo a passo
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Durante o ano letivo, ela tem uma vida normal, cuidando da família e dando expediente em um colégio paulista. Nas férias, Edna se transforma em andarilha — e sai a caminhar pelo Brasil em busca de aventuras e paisagens
texto E l o á O r a z e m
foto R o d r i g o B r a g a
O NOME DO LUGAR dava pistas de que
chegar não seria fácil: Abismo das Anhumas. Depois da longa caminhada, havia a descida por uma fenda na pedra, a 72 metros de profundidade. Poucos ousaram encarar a escuridão da caverna. Edna Buozzi, 47 anos, bióloga, professora, diretora de escola, mãe de dois adolescentes, foi. O tempo demorou a passar enquanto descia pendurada pelas cordas. Quando pôs os pés no chão, fez-se a luz: uma imensidão de estalagmites, estalactites e lagos de águas cristalinas. A beleza daquele lugar, em Bonito, em Mato Grosso do Sul, foi tanta que Edna chorou. Mais um lugar fora dos mapas turísticos que ela encontrou por causa de sua forma singela de viajar: andando. Em 1975, então com 15 anos, Edna descobriu o gosto por caminhadas. A
primeira aconteceu quando topou um mochilão com amigos de São Paulo, onde vivia, para Resende, no Rio de Janeiro. De lá, seguiram a pé até Mauá, naquela época um vilarejo na serra da Mantiqueira, na fronteira com Minas Gerais, que escondia paisagens inacessíveis a motoristas. Edna se apaixonou pelo caminho. “Viajar a pé é a forma perfeita de conhecer os lugares, porque permite o contato direto com a natureza, as comunidades e a cultura de cada região”, conta. “Andando, me conhecia e me relacionava melhor com as pessoas.” Desde então, Edna viaja assim, passo a passo. Todos os anos, quando as férias se aproximam, pesquisa lugares novos nos mapas, faz as malas e parte. Chega ao hotel, deixa a bagagem, põe o tênis, veste biquíni e short, pega uma garrafa d’água, guarda um par de meias
Nas pegadas de Edna
Viajando nas férias escolares, Edna descobriu boa parte do Brasil, em especial o litoral. Veja algumas de suas viagens: 2002: litoral do Ceará e de parte do Maranhão 2001: litoral do Rio Grande do Norte 2000: litoral de Pernambuco 1999: litoral de Alagoas e de Pernambuco 1998: litoral do Sergipe Entre 1995 e 1997: litoral da Bahia 1976: mais de 4 mil km de São Paulo a Salvador pelo interior de São Paulo, Minas Gerais e Bahia, voltando pelo litoral 1993 e 1994: do litoral do Rio de Janeiro ao Espírito Santo
1975: Visconde de Mauá, no Rio de Janeiro, onde tudo começou 1975: de Trindade, no Rio de Janeiro, ao litoral norte de São Paulo Entre 1990 e 1992: litoral de São Paulo 1989: litoral do Paraná e Ilha do Mel 1988: litoral de Santa Catarina 1987: litoral do Rio Grande do Sul
extra e um dinheirinho no bolso, e sai a caminhar. Assim, sem rumo certo mesmo. “Tem gente que me acha doida. Mas penso que bom é você estar em contato com o que é seu. Quando faço uma caminhada, só tenho a mim. E eu me basto. Quando estou comigo, só entro em contato com o que tenho de melhor.” As caminhadas não são curtas: chegam a 30 quilômetros por dia. Às vezes sai com o Sol e volta à noite para o hotel. Noutras, arranja pouso pelo caminho. Nesse ritmo, Edna já deixou pegadas do extremo do Rio Grande do Norte, passando por todo o litoral do Nordeste e do Sudeste, até chegar ao Sul (acompanhe as trilhas no mapa). Passou por praias desertas, subiu montanhas de vistas incríveis, atravessou rios, matas, estradas e cidades perdidas. “Só não andei o Brasil inteiro porque preciso voltar para trabalhar. Se tivesse dinheiro que bastasse para a comida e um lugar pra dormir, andaria pelo resto da vida”. Viajando geralmente sozinha, Edna também já sentiu medo: uma maré que subiu de repente e a deixou ilhada, ratos invadindo o quarto no meio da noite, estranhos mal encarados... “Quando alguém era legal demais e me oferecia casa, ajuda ou qualquer outra coisa de graça, logo desconfiava”, conta. Pois nada de mau jamais lhe aconteceu. “Resistimos à gentileza, mas existe gente muita boa no mundo.” É assim, acredita, que também serão suas próximas viagens, pela Região Norte, passando antes pela Chapada dos Guimarães, em Mato Grosso – sem grandes planos, com bons encontros e muitas caminhadas. “Pode não ser a forma mais adequada de viajar, mas certamente é a mais divertida.”
este valor, descontados os impostos, ĂŠ 100% revertido para o
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