Revista Sorria #24

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*24 fevereiro/março 2012

este valor, descontados os impostos, é 100% doado para os projetos do

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descobrir

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o melhor do dia a dia

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Caça ao

tesouro Tem quem ache que andar olhando para baixo é coisa de gente triste. Se, ao contrário, o caminhante mira o céu, é porque vive no mundo da lua. Pois minha teoria é outra. Esses não são comportamentos dos distraídos, que têm sempre a cabeça em outro lugar. Não, não. Na verdade, essas pessoas são as mais atentas: são os caçadores. Se você já caminhou pela praia e pouco olhou para o horizonte, mais interessado no que as ondas traziam aos seus pés, ou se vive dando topadas e acha que o problema são os sapatos, você também pode ser um deles. São vários os tipos. Existem os piratas, que, mesmo não tendo um mapa da mina, sabem que o tesouro pode estar bem perto. E nem precisam travar grandes batalhas navais ou vencer monstros marinhos. É só olhar com cuidado que encontram pedras ou pedaços de vidro, transformados em moedas e esmeraldas pelo vai e vem das ondas. A perna de pau é dispensável, mas ter um baú para guardar as joias encontradas é essencial. Outros são exploradores da natureza. Mesmo sem saber nada de latim, ou já tendo se esquecido das classes de animais, para eles sempre é possível inventar uma nova espécie. Reptilia galhus – uma casca de árvore que lembra uma lagartixa. Amendoa florum – uma semente que brotou. E a melhor parte não é nem achar criaturas, mas ser encontrado por elas – como uma estrela-do-mar que viajou léguas até alcançar a praia, ou um grilo que resolveu terminar o salto bem em cima da sua cabeça. E há ainda os desbravadores do universo. Eles carregam uma listinha de pedidos variados, caso vejam mais de um estrela cadente por noite. Não sabem dizer se vai chover, mas as nuvens sempre terão potencial para formar animais, o perfil de um parente ou outras figuras inusitadas. Mas não se preocupe se você ainda não for um caçador. Para se tornar um deles, basta olhar. E tanto faz se for para o fundo do mar, para o céu ou para a pessoa sentada ao seu lado. Até porque a gente nunca sabe se o tesouro vai ser uma concha, um arco-íris ou, quem sabe, um grande amigo ou uma inesperada história de amor.

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© Adrian Weinbrecht (Getty Images)

texto C l a u d i a I n o u e

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envolver

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todos por todos

Seu bloco

na rua

Que tal pular Carnaval com um bloco formado por você e seus amigos? Três veteranos nos contam os segredos da arte de desfilar pela rua na maior folia texto R a f a e l a C a r v a l h o

ilustração J o v a n d e M e l o

JUNTE OS AMIGOS. Arranje um punhado de confetes, alguns rolos de serpentina e deixe uma ou outra marchinha na ponta da língua. Agora é só sair por aí, levando junto quem passar pelo seu caminho. É assim, de improviso, que o verdadeiro Carnaval acontece: na rua, unindo em blocos quem quer pular e se divertir. “Um início brejeiro e humilde é o que faz um bloco”, conta Pedro Gonçalves, de 32 anos, um dos diretores do Vai Quem Qué, bloco de São Paulo que existe desde 1981. O cordão começou com 30 amigos do mesmo colégio de Pinheiros, Zona Oeste da cidade, que resolveu pular junto o Carnaval. Hoje, reúne centenas de pessoas, que percorrem as ruas em um trajeto espontâneo, que surge enquanto o bloco passa. No Cambuci, bairro da Zona Sul da capital paulista, é o Bloco da Ressaca que leva famílias inteiras ao som da bateria. Um dos mais tradicionais de São Paulo, ele começou no Carnaval de 1984, quando meia dúzia de homens resolveu se vestir de mulher e desfilar pelas ruas cantando marchinhas – sem banda nem carro de som. Nos anos seguintes, os vizinhos resolveram participar, e hoje até 5 mil pessoas vão às ruas na tarde do sábado anterior à semana de Carnaval. “É uma forma de preservar e incrementar a história do nosso bairro”, conta Gilberto Amatuzzi, de 59 anos, diretor do bloco. Mas os blocos de rua também têm espaço para quem prefere inventar o seu jeito de seguir a tradição carnavalesca. No ano passado, um grupo carioca de fãs dos Beatles resolveu adaptar as músicas da banda britânica para ritmos brasileiros, como samba, maracatu e funk. Virou o Bloco do Sargento Pimenta e tornou-se um dos grandes sucessos do Carnaval 2011. “Apesar de muita gente estranhar a mudança de ritmo, tomamos cuidado para não estragar as músicas que adoramos”, diz Gustavo Gitelman, de 26 anos, um dos fundadores do Sargento Pimenta. Neste ano, o repeteco está agendado. Também quer criar um bloquinho? Confira ao lado os passos para montar o seu!

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VESTIU UMA CAMISA LISTRADA E SAIU POR AÍ > O primeiro passo é querer se divertir no meio da rua com um grupo de foliões. Mas para tornar o desejo real é preciso contratar ou montar a bateria, formada pelos instrumentistas, que serão a alma do cordão. Se quiser, escolha um tema, crie uma música ou um refrão e faça uma camiseta para identificar os participantes (e o dinheiro arrecadado com a venda pode ajudar a pagar o som). A música é o que faz mais gente querer correr atrás do bloco, animando a festa.

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Ó ABRE ALAS > Não é obrigatório, mas há algumas vantagens em pedir a autorização da prefeitura para pôr o bloco na rua: ela pode fornecer banheiros químicos (que geralmente ficam onde os foliões se concentram) e conseguir a ajuda do Departamento de Trânsito, que auxilia na interdição das ruas. Caso não haja um formulário específico para os blocos, como em São Paulo, os papéis podem ser preenchidos como se você estivesse criando uma organização sem fins lucrativos.

HOJE O SAMBA SAIU > A festa pode sair antes ou depois do Carnaval, ocupar uma tarde ou até alguns dias durante a semana. Você escolhe. Alguns montam um palco para fixar a folia em apenas um lugar ou põem os foliões para pular atrás de um carro de som pelas ruas e avenidas. E há quem faça as duas coisas. Mas, se não quiser atrapalhar o trânsito, planeje o percurso.

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EI, VOCÊ AÍ! > Para fazer o bloco, não importa o número de pessoas. Há blocos que começaram com seis amigos e outros que levam quase 2 milhões de foliões, como o Galo da Madrugada, no Recife. Para juntar os foliões, você pode distribuir panfletos, colar cartazes nos pontos de ônibus próximos aos locais por onde o bloco passará, usar as redes sociais, como Twitter e Facebook, para chamar o pessoal ou até pedir um espaço no jornal local. E, claro, passe a informação no boca a boca para todos os amigos.

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crescer

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valores que mudam a vida

CORAGEM É... ARRISCAR A VIDA PARA SALVAR QUEM SE AMA, COMO FEZ MÁRCIA

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texto K a r i n a S é r g i o G o m e s ilustrações D a v i A u g u s t o

TUDO ACONTECEU em menos de um minuto. João Luiz Silva pilotava sua moto a caminho da Ponte Rio-Niterói. Poucos metros atrás, sua mulher, Márcia Silva, seguia o mesmo rumo de carro. Do banco do motorista, ela viu, como se fosse um filme, um poste de luz da rua se inclinando, esbarrando na moto do marido, derrubando-o e espalhando fios de alta-tensão pelo chão. A eletricidade pipocava ao redor de João, enquanto ele, preso embaixo da moto, via a gasolina encharcar o chão. “Eu não pensei. Simplesmente saí correndo para socorrê-lo”, conta Márcia. João gritava para ela que se salvasse. Sabia que tudo iria pelos ares em instantes. Mas Márcia não se afastou. João, então, começou a guiá-la, dizendo o que deveria fazer para soltá-lo. Nem a paralisia que ela sofreu quando criança e a deixou sem forças no braço fez diferença. Libertou o marido, e eles correram para o outro lado da rua. Foi quando ouviram o estrondo. “A explosão foi cinematográfica”, conta João, hoje com 51 anos. Ele escapou de morrer eletrocutado naquele inverno de 2009 porque a borracha da roda da motocicleta que ele pilotava isolou a energia que saía dos fios. Mas, se sua esposa não o tivesse arrancado do local, ele ficaria exposto a choques fatais. Foi Márcia a responsável

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pelo fato de o acidente só ter provocado alguns ferimentos e queimaduras em João. “Poderíamos ter morrido”, diz a empresária, de 52 anos. “Porém, quando vi quem amo em perigo, o emocional falou mais alto, e eu me superei.”

Quando fala o coração Coragem significa “disposição nobre do coração”. A origem da palavra vem do órgão que simboliza os sentimentos, de onde sairia a força para ultrapassar os obstáculos. Atos como o de Márcia, para salvar vidas, não passam pela razão. “Ao vivenciar uma situação de estresse, o corpo se prepara para reagir. Hormônios, como adrenalina e cortisol, são liberados no sangue, e agimos por instinto”, explica Izabel Cristina Labate, professora de fisiologia do comportamento da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Em momentos assim, há uma distorção do tempo. Os segundos viram uma eternidade. E somos capazes de tudo: pular da ponte, entrar na frente de um ônibus, correr como um foguete, levantar um carro com as mãos. Se for para salvar alguém – ou a si mesmo – a natureza fornece o impulso que torna possível o que antes era inimaginável. No entanto, agir sob esse efeito não necessariamente nos torna corajosos.

Foto: Anna Fischer/Produção de moda e beleza: Margot Mello/Fotodesign: Felipe Gressler

A coragem é uma luz que carregamos nos quartos escuros da existência. Com ela iluminando nossos passos, somos capazes de seguir adiante e de criar o novo, que torna a vida melhor

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comer

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sabores que confortam

Meus parabéns Fazer uma festa de aniversário em casa é a oportunidade ideal para reunir a família e os amigos em um encontro inesquecível!

no Confira mais receitas site revistasorria.com.br

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Assistente de fotografia: Caio Gomes/Produção culinária: Arlete Souza/Produção de objetos: Márcia Asnis

texto L e t í c i a R o c h a foto S h e i l a O l i v e i r a / E m p ó r i o F o t o g r á f i c o


Assistente de fotografia: Caio Gomes/Produção culinária: Arlete Souza/Produção de objetos: Márcia Asnis

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ERA ASSIM: dias e mais dias de preparativos, com muita gente envolvida. Para fazer uma festa de aniversário, a mãe coordenava os trabalhos e, claro, era responsável pelo bolo. Os filhos faziam e enrolavam os docinhos, enquanto as tias pegavam cola, tesoura e papel crepom para a decoração. Amigos e vizinhos chegavam com suas especialidades: sanduíches, enroladinhos, uma torta salgada. Desse jeito (delicioso), as festas de aniversário aconteciam há algumas décadas. O dia mais esperado para apreciar as delícias que só apareciam quando alguém mudava de idade. Sobre a mesa, o grande rei era o bolo, que podia ser dividido em pacotinhos de papel-alumínio, que escondiam a massa úmida, regada com coco, açúcar e amor. “Eu me lembro do bolo de baba de moça coberto com muito coco fresco”, diz a chef Heloísa Bacellar, uma apaixonada pelas festas caseiras. “Também tinha cuscuz, carolina recheada com patê, quindim, beijinho. E era uma delícia quando sobravam os sanduíches, que minha mãe embrulhava em papel-alumínio para comer no dia seguinte”, conta. Ela gosta tanto do parabéns à moda caseira que pesquisou suas receitas e dedicou a elas um capítulo inteiro de seu livro Entre Panelas e Tigelas – A Aventura Continua (editora DBA). Entre salgados e docinhos de dar água na boca, a chef salpica as próprias recordações, que trazem brigadeiros meio tortos, canudinhos de massa que parece de pastel e uma mãe que sabia a técnica certa para cortar o bolo. “A molecada adora o enroladinho de salsicha, com uma massa semifolhada com catupiry”, conta Heloísa. Assada com a salsicha, a massa espalha um aroma tão irresistível ao redor do forno que costuma ser defendida com beliscões maternos para que as crianças não “roubem” os pãezinhos quentes. E, já que esta é a Sorria de 4 anos, inspire-se em nossa festa de aniversário e convide os amigos a preparar um saboroso encontro!

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BOLO TOALHA FELPUDA

ENROLADINHO DE SALSICHA

INGREDIENTES PARA O BOLO 4 ovos • ¾ de xícara

INGREDIENTES 2 xícaras de farinha de trigo

de óleo vegetal • 200 ml de leite de coco

• 1 colher (chá) de sal • 250 g de queijo

(ou 1 vidro pequeno) • 2 xícaras de açúcar

cremoso catupiry (1 embalagem) • 50 g

• 2 xícaras de farinha de trigo • 1 colher (sopa)

de manteiga gelada em cubinhos • 30

de fermento • Manteiga para untar e farinha

minissalsichas • 1 gema para pincelar

de trigo para polvilhar PARA A CALDA E COBERTURA 1 xícara de leite condensado • 1 xícara de leite de coco • ½ xícara de coco seco ralado (60 g)

MODO DE PREPARO Numa tigela, coloque a farinha, o sal e a manteiga e esfarele com a ponta dos dedos até obter uma farofa. Junte o queijo e trabalhe até formar uma

MODO DE PREPARO Aqueça o forno a 180 ºC

massa macia, não pegajosa, que descole das

(médio), unte uma assadeira retangular

mãos (adicione mais farinha, se necessário).

com manteiga e polvilhe com farinha.

Envolva em filme plástico e leve para a

No liquidificador, bata todos os ingredientes

geladeira por, pelo menos, 2 horas, ou, no

para o bolo até obter uma massa

máximo, por 2 dias. Enquanto isso, coloque

homogênea. Leve ao forno por 40 minutos,

as salsichas numa panela média, cubra com

até que a massa esteja firme e dourada.

água, ferva por 1 minuto e escorra. Com um

Deixe esfriar por 5 minutos e, enquanto isso,

rolo, abra a massa sobre uma superfície

aqueça o leite condensado e o leite de coco

enfarinhada até obter um retângulo de uns

numa panelinha, misturando de vez em

25 cm x 30 cm. Com uma faca, divida em 30

quando. Deixe ferver e engrossar por uns

tiras de 1 cm de largura. Enrole cada salsicha

4 a 5 minutos, até ficar com a consistência

com uma tira de massa, mas deixe as pontas

de mingau. Regue o bolo ainda quente com

aparecendo. Coloque em uma assadeira,

a calda e, por cima, espalhe o coco ralado.

pincele com a gema diluída em 2 colheres

Deixe o bolo esfriar, divida com uma faca

(sopa) de água e leve à geladeira por 15

em 24 quadrados, embrulhe cada um

minutos, enquanto o forno aquece a 180 ºC.

em papel-alumínio e leve à geladeira por

Asse os enroladinhos por 20 minutos ou até

pelo menos 3 horas. Sirva gelado.

que a massa esteja dourada e crocante.

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