Revista Sorria #34

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Ele é uma necessidade. Mas fica melhor quando ganha um propósito além de pagar as contas turismo que transforma • Hortas urbanas • tostex dos sonhos • clube do conserto educação para a internet • danças de roda • desafio: mudar de hábitos em um mês


prazeres simples

alegrias do dia a dia

Chega logo,

feriado! Ele é sempre bem-vindo. Desde a época da escola, quando estávamos chegando ao limite da exaustão com tanta fórmula de matemática, o feriado chega, feliz, nos dizendo para dar uma pausa. Ele vem certeiro naqueles meses que parecem os mais longos. Finalmente a Semana Santa! Vamos para a praia no 7 de Setembro! Viva a padroeira do Brasil, que nos deu uma folga! Aprendi a amar os feriados no colégio onde estudei na infância. Religioso, guardava todos os dias santos. Mas o melhor era o feriado para homenagear a santa que dava nome à escola. Alunos e professores sempre esqueciam em que dia ele caía. Só lembrávamos na véspera, e aí era preciso adiar as provas, os trabalhos, a aula comprida de análise sintática. Até hoje tenho um carinho especial por aquela santa Madalena Sofia, uma vovó boazinha que me salvou de muito sufoco. É a mesma sensação que tenho com feriados municipais ou com os que foram instituídos recentemente. Não faço nenhuma questão de me lembrar do dia certo só para que eles me surpreendam e me forcem a parar e aproveitar a vida. Porque é para isso que serve um feriado: bagunçar a rotina e nos lembrar de que há coisas mais importantes que as obrigações. É preciso tempo para se lembrar de datas marcantes, mas também para encontrar os amigos, descer para a praia com a família, almoçar sem pressa ou não ter hora para acordar. Feriado é bom para avisar que não há coisa melhor que horas livres para fazer o que realmente importa.

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© Carol Yepes/Getty Images

texto Rita loiola


out/nov 2013 17


valores essenciais

para refletir e inspirar

Ele pode dar o sustento do dia a dia, o sentido para a vida ou equilibrar as jornadas. o trabalho significa muitas coisas. e só você pode saber qual o papel dele em sua existência texto jéssica martineli

runa Flores era aquele tipo de criança que, desde pequena, sabia o que ia ser quando crescesse. “Tinha o sonho de ser uma grande repórter, correspondente internacional, e explorar o mundo pela profissão”, conta a gaúcha de 29 anos. Aos 9, já era apresentadora mirim do Jornal do Almoço, em Erechim, no Rio Grande do Sul, e fazia o jornal da escola. Na hora do vestibular, claro, entrou na faculdade de jornalismo. E foi lá, entre uma aula e outra, que Bruna percebeu que podia estar errada. “Quando os professores falavam sobre a rotina profissional, que seríamos ‘jornalistas 24 horas’, eu desconfiava que, no fundo, não era bem isso que eu queria”, diz. Formou-se e, em 2006, apresentando um programa jovem em uma grande emissora de televisão de Florianópolis, vivia uma rotina sem horários fixos, com salário baixo e sem um plano de carreira. Teve a certeza de que o jornalismo não era a profissão que tanto queria. “Vi que o sonho de ir para a TV não era o que 30 revista Sorria

pensava. Não queria aquilo para o futuro”, conta. Na época, com casamento marcado e planos de ter filhos, ela desejava um trabalho que lhe desse estabilidade para viver o dia a dia em família. “Fui amadurecendo e percebi que meu sonho de vida era mais prático: uma boa casa, alguém para dividir a vida comigo, filhos e um salário que me garantisse viver bem”, diz. Foi assim que, em 2006, dois anos depois de formada em jornalismo, Bruna tornou-se não uma apresentadora de sucesso, mas uma funcionária pública, caixa de um banco. Optou pela mesma profissão de seu pai e abandonou sem remorsos a carreira que prometia ser cheia de glamour. Para ela, isso significou uma vida tranquila perto do marido e dos filhos. “Descobri que existe vida fora da profissão. Que eu posso trabalhar seis horas do dia e aproveitar as outras dezoito para mim. Tive dois filhos, aprendi a cozinhar, faço academia”, conta. Casada há quatro anos, Bruna é mãe de Sofia, de 3 anos, e Caetano, de 1. O bom

salário permitiu que ela e o marido, músico, pudessem comprar uma casa e viver sem preocupações. “Vivo uma rotina sem grandes emoções jornalísticas, mas que, para mim, é perfeita. Recebemos amigos, vemos filmes e curtimos as crianças. Se eu trabalhasse na TV provavelmente não teria filhos, por causa do dia a dia maluco. Para manter o bem-estar da família, eu preciso de dinheiro, e é pra isso que serve meu trabalho. Mas não é ele que me satisfaz”. É nos prazeres simples do cotidiano familiar que Bruna se realiza.

Trabalhar é viver Bruna escolheu um serviço que lhe deu segurança e paz para ficar com quem ama. Sua opção mostra que não é preciso viver para trabalhar, um problema generalizado hoje em dia. “Precisamos rever a vida vivida para o trabalho”, aponta Lívia Moraes, professora de sociologia do trabalho da Universidade Estadual Paulista (Unesp). “Vale a pena batalhar tanto, chegar em casa exausto e não poder aproveitar os frutos desse


Foto: Magno Bottrel/Beleza: Andrey Batista/Tratamento: Felipe Gressler

“para manter a família, eu preciso de dinheiro. é para isso que trabalho.” Bruna Flores, jornalista e, agora, bancária out/nov 2013 31


dia útil

de bem com o trabalho

A arte de

escolher

eleger um novo funcionário é unir qualidades, em uma técnica que faz melhor o dia a dia profissional texto solange medeiros

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ilustração eduardo medeiros

ecém-formada, Sula Furini enfrentou um dos primeiros desafios de sua carreira. “O diretor da escola onde trabalhava me pediu que cuidasse da contratação dos novos professores”, diz a paulistana de 45 anos. Formada em pedagogia, seu único preparo para a tarefa era a experiência em cuidar de salas de aula e uma ideia do perfil procurado. Entre os requisitos estavam uma boa graduação, simpatia e “jeito com criança”. Durante uma entrevista, conversava com uma candidata quando um aluno entrou na sala. “O currículo dela não era dos melhores, mas ela se envolveu de maneira tão carinhosa com a criança que resolvi arriscar”, conta Sula. A aposta deu certo: há quinze anos a candidata é funcionária da escola e, hoje, ocupa o cargo de diretora. “Ela é boa no que faz e corresponde ao pensamento em que a escola acredita”, diz Sula, agora uma das proprietárias do colégio. Os riscos que Sula correu ao contratar um profissional são comuns a quem precisa chamar novas pessoas para compor 44 revista Sorria

uma equipe. Na hora de fazer a escolha, é preciso dosar a percepção e os critérios objetivos. “Antes de tudo, é preciso saber quais os requisitos exigidos do profissional buscado. Além disso, é importante não se deixar envolver somente pelo discurso dele”, ensina Anna Scofano, consultora em gestão estratégica de pessoas em São Paulo. Uma dica é escutar o que o candidato fala e observar sua postura. Alguém que diz ser extrovertido mas conversa timidamente pode não ter facilidade com o público. “O bom entrevistador é detalhista”, afirma Luiz Becker Júnior, professor dos MBAs da Fundação Getulio Vargas. “Tudo pode ser notado. O importante é que o candidato seja espontâneo.”

Técnica e emoção Na escolha, outros elementos, como empatia e identificação com a empresa, também contam. Afinal, são eles que ajudarão a equipe a se manter integrada, sem animosidades nem conflitos, fazendo com que o prazer dos funcionários em trabalhar

aumente. Em seu livro Recursos Humanos: conhecendo a Admissão e a Demissão do seu Colaborador, o consultor paulistano Wagner Marques avisa que o trabalho de recrutamento vai além da contratação. O funcionário precisa se adaptar ao trabalho e aos colegas. Nessa fase, é fundamental que o gestor oriente sobre o funcionamento das atividades e apresente o recém-contratado ao seu departamento e a pessoas-chave de outras áreas. Nesse processo, outros diretores, profissionais mais antigos e com mais experiência podem ajudar. Em linhas gerais, as etapas de um processo seletivo incluem o estabelecimento do perfil, a triagem e seleção de currículos, a busca de referências, testes ou dinâmicas e a entrevista de seleção. Esse processo pode levar de semanas até um ano – no caso de um executivo que vai ocupar a cadeira no topo de uma empresa.

Tempo e atenção Por isso, escolher alguém às pressas pode tornar a seleção um equívoco. Foi o que


Próximo!

aconteceu com o gerente de planejamento financeiro Rafael Hoshino, 33 anos, de São Paulo. Há alguns anos, Rafael teve poucas semanas para contratar um funcionário que ocuparia uma vaga por seis meses. O posto, em vendas, exigia checar cuidadosamente informações nos cadastros dos clientes. Sem tempo para receber muitos currículos e após uma entrevista rápida, Rafael selecionou um candidato que parecia se encaixar no que buscava. Vendo seu currículo bem escrito, a experiência no cargo anterior e sem prestar muita atenção às minúcias da conversa, Rafael o contratou. No entanto, no segundo mês de trabalho, percebeu que havia feito a escolha errada. “Era um trabalho operacional, ele se descuidou e começou a cometer muitos erros.” Os equívocos prejudicaram as vendas da empresa, que começou a ter prejuízos financeiros significativos. “Como era uma vaga temporária, não renovamos o contrato”, diz Hoshino. A experiência ensinou a Rafael que não só o candidato deve preparar-se para a entrevista, mas também quem seleciona. Aprendeu

que precisa, além de tempo, analisar o que deseja de quem vai ocupar as vagas. Estudou programas de recrutamento de outros lugares e, certa vez, chegou a pegar referências de problemas da Universidade Harvard, nos Estados Unidos, para criar questões que seus candidatos deveriam resolver na seleção. Isso o ajudou a escolher de forma certeira. “O erro naquela seleção foi a pressa. Hoje faço as coisas com mais cuidado”, diz Hoshino. As seleções feitas por Rafael e por Sula mostraram a eles que escolher um bom candidato é uma mescla entre as competências técnicas – currículo, habilidades práticas – e as competências pessoais – gostar do que faz, facilidade de relacionamento, empatia com a empresa e os colegas. Além disso, é importante ter em mente o que a vaga exige e quais os critérios aceitáveis. Pesando todos esses ingredientes, e tendo o cuidado de saber ler em minúcias o que os candidatos dizem e o que escondem em currículos e entrevistas, a seleção pode ser uma excelente forma de melhorar a equipe. E, assim, tornar o trabalho melhor para todos.

seleção sem segredos

Além do entrevistador, os candidatos também devem se preparar. Veja como: conheça a empresa

Dados como a história, prêmios e nomes de diretores causam boa impressão. Você demonstra ainda conhecer o mercado e sua área de atuação.

vista-se adequadamente

A roupa para a entrevista deve condizer com a vaga e o estilo da empresa. Roupas simples, sóbrias e bem-cuidadas valem para qualquer lugar.

tenha foco

Não se atrase, desligue o celular e fique atento à conversa, sem questionar quem são seus concorrentes ou começar pelo salário.

MOSTRE O QUE FAZ

Leve uma cópia caprichada do seu currículo ou um portfólio. Apresente-os à medida que o entrevistador pedir referências.

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tá na mesa

receitas para comemorar

Tostex de mil recheios Queijo derretido e o que mais couber no pão

tostado. tostex é um jeito delicioso de inventar receitas e reunir quem você gosta! texto Cynthia Almeida Rosa

foto sheila oliveira/empório fotográfico

Ao usar o aparelho de tostex, corte as bordas do pão para não queimar e passe manteiga por fora do lanche para não grudar. Mantenha sempre o fogo baixo.

Cream cheese e cottage são queijos mais saudáveis. Cheddar e prato derretem melhor – mas são mais gordurosos.

Inclua as folhas, depois do tostex pronto para não murcharem. Ao usar legumes (abobrinha, berinjela, pimentão), grelhe-os antes.

Rale o recheio ou faça fatias finas, para ficarem bem derretidos. Patês ou geleias também são ótimas opções!


Tem gente que acha que tostex tem gosto de presunto e queijo no pão de fôrma. Para mim, não. Tem gosto de infância e noites quentes do verão carioca, com o barulho de um ventilador no canto da cozinha e a refrescante vitamina de mamão com banana nos copos. Nós nos sentávamos à mesa, eu, meu pai e irmão, enquanto minha mãe manejava o aparelho de ferro no fogão. Girando-o na chama, fazia o cheirinho bom do queijo com pão tostado se espalhar pela cozinha. Para as crianças, queijo prato e presunto. Meu pai ganhava ainda tomate e orégano. Essa tradição em família vem da casa de minha avó paterna, Jandyra. Professora em Limeira, no interior de São Paulo, na década de 1970, ela precisava de cardápios práticos. Aos sábados à noite, os cinco filhos, seus namorados e namoradas, reuniam-se à mesa com os ingredientes para o lanche e cada um preparava seu sanduba. Risadas e garrafas de Tubaína escoltavam a refeição. Com a experiência familiar fui aprendendo, ao longo dos meus 32 anos, a fazer o melhor tostex possível. Compro embutidos, queijos diferentes. Afinal, tostex sem queijo não é tostex. “Quem pensa na receita já imagina a combinação com queijo derretido, o que o torna uma boa fonte de cálcio”, disse-me a nutricionista Ana Clara Marçal, de São Paulo. Foi ela quem me ensinou que o sanduíche é uma refeição leve e saudável, boa para o jantar. Em casa, mantenho o costume, mas uso sanduicheira elétrica: com antiaderente, não exige manteiga para untar o lanche. Em minha rotina de trabalhar e estudar, adotei a solução moderna de minha mãe e avó. É simples de fazer, não suja muita coisa, é gostoso. Com meu marido, comer tostex tornou-se nosso momento de trocar risadas e confidências. E assim perpetuamos as lembranças da vó Jandyra, do nosso jeito.

Para um tostex doce, aqueça as frutas antes. Tente morango e banana com chocolate ou doce de leite. Maçã e pera com queijo branco também são deliciosos!

Assistente de fotografia: Aline Dias/Produção culinária: Iliane Marconi/Produção de objetos: Márcia Asnis

festa do tostex tostex da cynthia Ingredientes 2 fatias de pão preto • 50 g de queijo brie • 2 fatias de presunto cru • 1 colher (sopa) de geleia de pimenta Modo de preparo Acomode o brie e o presunto entre as fatias de pão lambuzadas com a geleia. Leve a uma chapa, sanduicheira ou aparelho de tostex. Sirva com salada de rúcula, tomate e parmesão.

queijo, presunto e tomate Ingredientes 2 fatias de pão • 1/2 tomate em fatias • 50 g de queijo mussarela • azeite • folhas de manjericão • pimenta Modo de preparo Pincele azeite nos dois lados do pão. Distribua sobre as fatias o tomate e a mussarela, tempere com a pimenta e as folhas de manjericão. Feche o sanduíche e leve-o para tostar.

banana com nutella Ingredientes 2 fatias de pão de fôrma • 1 banana nanica • 1 colher (chá) de manteiga • 1 colher (sopa) de Nutella Modo de preparo Corte a banana no sentido do comprimento e na metade e doure-a na manteiga. Distribua a banana e a Nutella nas fatias e toste o sanduíche.

geleia de uva e provolone Ingredientes 2 fatias de pão de fôrma • 2 colheres (sopa) de geleia de uva • 50 g de provolone cortado em fatias finas Modo de preparo Sobre uma das fatias de pão, passe a geleia e cubra com o provolone. Feche o sanduíche e leve-o a uma chapa, sanduicheira ou a um aparelho de tostex.

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