Revista Sorria #43

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TORTAS DE FRUTAS

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(POR PURO PRAZER)

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HISTÓRIAS

EMOCIONANTES

para ficar

sorr indo

NÃO PODE?

QUEM DISSE QUE abr/mai

S FAÇA DELICIOSA

O CONFORMISMO ESTÁ FORA DE MODA. CHEGOU A HORA DE LUTAR PELO QUE VOCÊ ACREDITA


PRAZERES SIMPLES

10 REVISTA SORRIA


Minha árvore,

meu amor texto: ROBERTA FARIA

odo Dia da Árvore era a mesma coisa: na saída da escola, em fila, a gente ia ganhando mudinhas para plantar em casa. Eu escolhia um ipê, torcendo para que fosse amarelo. Pazinha e regador em mãos, cavava um buraco e plantava a esperança de, um dia, ter uma árvore para chamar de minha – mesmo achando difícil acreditar que aquele galho seco com meia dúzia de folhas cansadas pudesse virar uma daquelas criaturas imensas que me fascinavam. Talvez essa vaga possibilidade seja o mais bonito da nossa relação com as árvores. Os ipês que amo ver florir, as jabuticabeiras em que subi quando criança, as amendoeiras que me fazem sombra no verão e tantas outras árvores que amei pela vida afora foram, todas, plantadas muito antes de eu nascer. Por um acaso do vento que trouxe a semente ou um ato de fé no futuro de alguém que cultivou a tal mudinha mirrada, eis que, contra todas as dificuldades, elas vingaram mesmo – e viraram a coisa mais bonita da paisagem. Qualquer árvore esconde entre seus galhos outras tantas lições pra gente. Como a capacidade de se adaptar – e, de um caroço de abacate enterrado na grama, crescer uma árvore num espacinho do quintal. Ou de se inconformar e destruir calçadas de puro concreto com a força de suas raízes. Uma árvore é exemplo de resiliência ao resistir ao vento, sabendo se dobrar ao que não pode controlar – para depois, na calmaria, voltar ao lugar, firme e forte. É uma aula de sabedoria sobre como é possível crescer sem perder as raízes; como secar é parte do florir e como toda colheita tem seu tempo. E, sem nenhuma intenção filosófica, elas se bastam em si mesmas. Pela luz mais bonita do dia, filtrada entre as folhas no fim da tarde. Pelas flores que marcam o calendário – as quaresmeiras-roxas em março, os ipês-rosa em julho, os tapetes amarelos do garapuvu em setembro, a chuva lilás dos jacarandás-mimosos em novembro... Pela generosidade das mangueiras, goiabeiras e amoreiras, que ignoram solenemente o fato de estarem na calçada da cidade grande e não no pomar do sítio. Pelos passarinhos que enchem os galhos e cantam acima do barulho dos carros. Pela capacidade de viverem por mais tempo que nós, testemunhando nossas idas e vindas. É por isso que cuspo caroços de tangerina na grama, planto mudas e olho para cima quando ando na rua. As árvores me lembram meu lugar no mundo – e me ensinam que ele pode ser melhor.

ABR /MAI 2015 11

© Foto: ferrantraite/GettyImages

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PRAZERES SIMPLES

TÁ NA MESA

AMOR EM QUATRO PEDAÇOS

ESTAÇÃO DAS

TORTAS

Morango, maçã, pêssego, figo ou outra fruta da estação? Escolha a que te dá mais água na boca e a espalhe sem moderação sobre o creme de confeiteiro

ELAS SÃO BEM-VINDAS EM QUALQUER ÉPOCA, MAS, NA ESTAÇÃO DAS FRUTAS, AS TORTAS GANHAM DOSE EXTRA DE TERNURA texto: HELAINE MARTINS

uando eu era criança, bastava ver minha mãe mexendo nas panelas, sentir aquele cheirinho de comida tomando conta da casa e eu logo começava a saracotear ao redor do fogão. Lá em casa, não colecionamos histórias de uma grande família reunida nos almoços de domingo nem recordações saudosas de uma avó quituteira, de quem um dia eu herdarei um caderno de receitas passado de mão em mão há muitas gerações. Nossa alegria na cozinha sempre foi comer mesmo. Sai a tradição e entra a fome. A memória até puxa por pessoas queridas, pela poesia do momento, mas logo a comida toma conta e vira um feliz “nossa, comeria uma travessa daquele doce agora mesmo!”. Da infância, por exemplo, levo na boca até hoje o saborzinho doce da melhor torta de morango da minha vida. E olha que esse é um dos casos em que a memória começa com uma história de amor extraculinário. Eu tinha uns 10 anos e, apaixonada, decidi que fisgaria o príncipe encantado pelo estômago. O plano era simples: farinha, açúcar, água, ovo, leite, manteiga e, claro, morangos bem vermelhos. Uma torta deliciosa era a chave da minha primeira mandinga de amor. Pequenina, subi em um banquinho de madeira e encarei meu voo inaugural na cozinha. Com a ajuda da minha mãe – que estranhava o meu súbito interesse pela culinária –, eu me diverti sovando a massa, cobrindo a fôrma e levando-a ao forno junto com a esperança de trocar uma fatia pelo meu primeiro beijo. Chegou a hora do recheio, e me deslumbrei com a metamorfose do creme. Já sentia o cheirinho da massa assada, lindamente dourada e pronta para receber uma farta cobertura de morangos fatiados. Quando me dei conta, estávamos gargalhando com metade da travessa na nossa barriga. A paixão cedeu ao apetite. Ainda bem. Eu me esqueci do menino em uma semana e, da torta, sinto o gostinho até hoje. 16 REVISTA SORRIA

© Receita (massa e creme): Guilherme Poulain (moldandoafeto.com) / Produção culinária e objetos: Tatiana Damberg / Foto: Elisa Correa

Q

TORTA DE MAÇÃ Corte a maçã verde em fatias, cubra-as com mel e raspas de limão e leve a torta com a cobertura novamente para o forno. Funciona também com pera.


RECEITA BÁSICA

TORTA DE MORANGO Cubra a torta com metades de morango cru (ou outra fruta vermelha) e, sobre elas, adicione folhinhas de hortelã, amêndoas e polvilhe açúcar de baunilha.

MASSA

TORTA DE PÊSSEGO Fatie o pêssego em calda e salpique pedaços de pistache sobre ele. Não vai ao forno. Funciona com qualquer mistura de fruta em calda com uma fruta seca.

INGREDIENTES: 1 ½ xícara de farinha de trigo • ½ xícara de manteiga • 1 gema • 2 colheres de sopa de água • 1 pitada de sal • 3 colheres de sopa de açúcar MODO DE FAZER:

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Misture a farinha e a manteiga (gelada) com os dedos até formar uma farofinha úmida. Abra uma coroa e coloque dentro dela a gema, a água, o sal e o açúcar. Misture até a massa ficar homogênea – não precisa sovar. Cubra-a com um saco plástico e leve-a à geladeira por uns 20 minutos. Abra a massa, coloque-a numa fôrma, faça furos com um garfo. Dica: cubra a massa com papelalumínio e encha-o de feijões crus, para fazer peso. Asse por 10 minutos. Tire o papelalumínio e doure a massa por mais 10 a 15 minutos. Deixe esfriar.

CREME INGREDIENTES: 2 xícaras de leite • 2 ovos inteiros • ¾ de xícara de açúcar • ½ xícara de farinha de trigo • 2 colheres de chá de essência de baunilha MODO DE FAZER:

1 2 TORTA DE FIGO Distribua pedaços de gorgonzola e fatias generosas de figo. Leve rapidamente ao forno. Se preferir, use ameixa no lugar do figo.

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Numa tigela, misture os ovos com a baunilha, o açúcar e a farinha. Esquente o leite e, assim que estiver para ferver, despeje um pouco dele sobre a mistura da tigela. Misture bem, junte o restante do leite e leve tudo de volta à panela. E em fogo baixo, mexa até engrossar. Recheie a massa já assada com o creme e leve para gelar por pelo menos 1 hora. Cubra com as frutas. ABR /MAI 2015 17


VALORES ESSENCIAIS

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texto RAFAELA CARVALHO lettering GUILHERME MENGA

KATIELE E NORBERTO FISCHER, 35 e 46 anos, pais de Anny (à esquerda), controlaram as convulsões da filha com um remédio derivado da maconha O que os motivou a desrespeitar a proibição da lei brasileira? “Primeiro, a saúde da nossa filha. Depois, notamos que nossa história era a luz no fim do túnel de muita gente. Aí perdemos o medo e ganhamos voz.” O que a experiência de luta ensinou a vocês? “Aprendemos a nos informar antes de nos posicionarmos. Antes, víamos notícias falando sobre a Marcha da Maconha e ignorávamos. Percebemos que nosso preconceito vinha do desconhecimento.”

uinta-feira, 1º de dezembro de 1955. Dia, a princípio, comum na cidade de Montgomery, no estado do Alabama, nos Estados Unidos. Rosa Parks, uma costureira de 42 anos, segue sua rotina diária: terminando sua jornada, embarca no ônibus que a levava para casa e se acomoda em um dos assentos permitidos a pessoas de pele negra, como ela. O coletivo começa a se encher e, seguindo a rotina de um dia comum, o motorista ordena que Rosa ceda seu lugar a uma pessoa branca. Essa era oficialmente a lei naquela região. Rosa sabia disso e a cumpria fielmente todos os dias. Não naquele. Cansada da segregação, tomou coragem, fincou os pés no chão e disse: “Não”. Saiu do ônibus direto para a cadeia. Era o segundo caso desse tipo em Montgomery – em março do mesmo ano a adolescente Claudette Colvin fora expulsa de um ônibus pelo mesmo “ato de desobediência”. No primeiro, nada mudou. Mas, quando Rosa foi presa, um movimento de boicote ao transporte público tomou conta da cidade, dando início a uma grande luta pelos direitos civis dos afro-americanos. Sob a liderança do jovem pastor Martin Luther King Jr., o boicote durou 385 dias e culminou no fim da lei de segregação nos transportes em todo o estado do Alabama. Leis que discriminavam pessoas “de cor” começaram a vigorar no sul dos Estados Unidos tão logo a escravidão foi abolida, em 1863. Ninguém “de cor” concordava com elas, mas por que então só em 1955 surgiu gente inconformada o suficiente para o mover a campanha do “Não”?

POR QUE NOS CONFORMAMOS? Para refletir sobre a questão, talvez seja mais oportuno começar olhando não para Rosa Parks, mas para o motorista do ônibus. Questionado sobre sua atitude, James Fred Blake, que seguiu conduzindo coletivos de Montgomery até 1974, foi bem direto: “Eu não estava tentando fazer nada contra essa mulher, só queria fazer o meu trabalho”. Blake, como a maioria dos brancos do Alabama dos anos 1950, era conivente com discriminação racial. Talvez até não concordasse com a separação nos ônibus. Mas, como ela não atrapalhava tanto sua vida, ele achava melhor só “fazer o seu trabalho”. Ou seja, mesmo não concordando, conformava-se. ABR /MAI 2015 25

© Foto: João Paulo Teles

VOCÊ DEVE NOTAR ENTRE AS PESSOAS QUE CONHECE: UMAS SE CONFORMAM COM AS ADVERSIDADES DA VIDA E OUTRAS LUTAM COM TODAS AS FORÇAS PARA MUDÁ-LAS. POR QUE NÃO SOMOS TODOS INCONFORMADOS E TRANSFORMADORES?


MANUAL PRÁTICO FAZER O BEM EM 6 PASSOS

Como ajudar alguém que

ESTÁ HOSPITALIZADO? texto FERNANDA CURY ilustração BERNARDO FRANÇA

Ter um parente ou amigo internado é sempre desagradável e preocupante, mas, para reduzir ao máximo o sofrimento do paciente, o melhor caminho é dar uma mão nas tarefas que ele está temporariamente inabilitado a cumprir SS PA O

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SEJA O PORTA-VOZ DO PACIENTE Ofereça-se para responder a e-mails e atender telefonemas de parentes e amigos, atualizando-os sobre o quadro clínico e os próximos passos da recuperação. Outra ajuda valiosa é atuar como intermediário entre o hospitalizado e a empresa em que ele trabalha. É essencial manter o empregador sempre informado da evolução do quadro, afinal a empresa também terá de dar satisfação ao INSS sobrea situação do funcionário afastado.

SS PA O

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RIR É UM EXCELENTE REMÉDIO! Se o paciente já estiver com o quadro estável, apenas se recuperando no quarto, a melhor colaboração é ajudá-lo a encarar a passagem lenta do tempo. E, para isso, filmes são ótimos – ainda mais as comédias, porque rir é um excelente remédio para a recuperação. Quando rimos, nosso cérebro libera descargas de endorfina, o neurotransmissor relacionado às sensações de prazer e bem-estar, funcionando como um potente analgésico natural.

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SS PA O

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COLABORE COM A DIETA E, SE POSSÍVEL, COMPLEMENTE-A

EU FIZ

Em muitos casos, o paciente não pode consumir nenhum alimento ou bebida que não sejam fornecidos pelo hospital. Em outros, dá para oferecer ao paciente uma fruta, um suco ou outro pequeno quitute que ele adora e que não faz parte do cardápio da internação. Mas seja cuidadoso: antes de levar qualquer coisa, converse com o médico titular e o nutricionista e exponha sua intenção, mesmo que o alimento seja só para o acompanhante.

“MONTEI UMA CASA DENTRO DO QUARTO DO HOSPITAL.” Minha mãe é uma mulher caseira, apegada às suas coisas, daquele tipo que detesta viajar. SS PA O

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AJUDE-O A CUIDAR DA APARÊNCIA SS PA O

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ASSUMA AS TAREFAS DA CASA Enquanto estiver internado, é possível que o paciente não tenha ninguém para cuidar da sua casa. Então, ofereça-se para regar as plantas, levar o cachorro para passear, checar se há contas a pagar, evitar que coisas se estraguem na geladeira... Enfim, tudo o que puder para garantir que ele não tenha de ficar pensando no que deveria estar fazendo. E mais: permitir que seu retorno ao lar seja o mais agradável possível!

Não é bobagem: o visual interfere na nossa autoestima, e, segundo um estudo publicado no British Medical Journal, pessoas que sofrem com baixa autoestima têm uma diminuição da atividade do sistema imunológico. O próprio estado de saúde já deixa o paciente abatido – e somem-se a isso a barba crescendo, o cabelo despenteado e as unhas por fazer. Enfim, se o médico permitir, dê um belo trato no visual do seu colega.

Para que ficasse mais tranquila durante sua internação, levei todos os itens que poderiam deixá-la confortável: chinelo, desodorante, roupão, travesseiro, a manta que ela adora, escova, pasta de dentes e o hidratante preferido. Leila Cara, 53 anos, São Paulo (SP)

“FOTOS, CARTAS E DESENHOS TROUXERAM ACONCHEGO.” Meu pai passou um longo período internado na UTI, sem receber visitas. Como ele estava

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REVEZE COM O ACOMPANHANTE Os parentes mais próximos costumam querer estar presentes e disponíveis ao paciente 24 horas. É bonito ver tamanha dedicação, mas até os mais fortes precisam descansar, senão começam a gerar preocupação inclusive para o paciente. Portanto, ofereça-se para revezar um dia ou outro com o acompanhante. Se ele não abrir mão de passar a noite no hospital, libere-o para dar um pulo em casa e descansar durante o dia mesmo.

consciente, ficou deprimido e solitário. Para que ele se sentisse próximo da família e cercado de carinho, eu e meus irmãos levamos fotografias, desenhos e cartinhas dos filhos e netos. Uma surpresa diferente a cada dia. Lucas Medeiros, 48 anos, Belo Horizonte (MG)

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