Todos #19

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CHOCOLATE Jussara Del Moral, 53 anos pág. 13

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#19

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EU VENCI

O PODER DO DESABAFO

COLOCAR OS SENTIMENTOS PARA FORA TRAZ LEVEZA À ALMA, FORTALECE A SAÚDE DO CORPO E DA MENTE E CRIA VÍNCULOS AFETIVOS. É O QUE MOSTRAM AS CINCO HISTÓRIAS EMOCIONANTES QUE VOCÊ VAI CONHECER NAS PRÓXIMAS PÁGINAS REPORTAGEM R A F A E L A C A R V A L H O ILUSTRAÇÃO A N A M A T S U S A K I


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JUSSARA DEL MORAL

© Foto: Marcus Steinmeyer (assistente: Cristiano Rolemberg)

(a segunda da esq. para a dir.), 53 anos, aposentada, Renata Lujan (à esq.), 38, professora, ambas de São Paulo, Maria Paula Bandeira (de preto), 31, advogada do Recife, e Ana Soares , 35, jornalista de São Paulo.

A DOR NOS MOTIVA A ENCONTRAR ALEGRIA Descobri um câncer de mama em 2007. Dois anos depois, fui diagnosticada com a minha primeira metástase, localizada nos pulmões. Em 2013, também foram constatadas metástases ósseas na calota craniana e em algumas outras partes do meu corpo. Por causa do meu diagnóstico, passei a interagir pelas redes sociais com outras mulheres com câncer e metástase. Foi assim que conheci a Ana, a Renata e a Maria Paula. Nossa conexão foi instantânea, porque temos a mesma visão sobre a doença: somos capazes de continuar amando a vida apesar dos obstáculos que

nossa condição nos impõe. Conversamos todos os dias. E estamos prontas para nos apoiar a qualquer momento. Sempre que fazemos exames de controle, por exemplo, ficamos em conexão direta para amenizar a tristeza ou brindar uma boa notícia ao saber dos resultados. As três me ouvem com muita compaixão. Ao lado dessas amigas, sinto que não há constrangimento, porque elas sabem o que eu vivo. Estar ciente de que temos uma doença grave nos motiva a buscar mais significado e alegria no cotidiano. Por isso, nos encontramos frequentemente para almoçar em bons restaurantes e passear em lugares bonitos. Por causa do vínculo forte que criamos, passei a sentir por elas um afeto semelhante àquele que uma mãe tem pelas filhas. Não consigo nem imaginar um mundo em que o apoio delas não exista.”

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NO MEU TEMPO

LÁ EM CASA TINHA... Hoje, os apartamentos são pequenos, o banheiro fica do lado de dentro da casa, tem energia elétrica. Mas nem sempre foi assim. Embarque agora em um passeio pelos espaçosos cômodos do passado, com depoimentos que revelam alas proibidas, fogões a lenha e candeeiros nas charmosas moradias antigas REPORTAGEM M A R T I N A M E D I N A FOTOS I L A N A B A R ILUSTRAÇÕES E S T Ú D I O B A R L A V E N T O

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FAMÍLIA EM VOLTA DA MESA Em 1936, quando eu era menina, a gente tinha fogão a lenha e levava o dia todo preparando a comida. A cozinha era o centro da casa. A família se sentava junto, compartilhava as três refeições e contava o que aconteceu no dia. Agora, é difícil reunir todo mundo. Cada um tem seu horário, as panelas ficam sobre o fogão a gás ou na geladeira e é só esquentar no microondas. Sem esses eletrodomésticos, estariam todos esperando as travessas chegarem à mesa. Sinto falta de mais tempo e de mais convívio.”

LULA MAY REED, 85 anos, São Paulo

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MEU DICIONÁRIO

NO CEARÁ É ASSIM Muito além das praias lindas e das jangadas deslizando pelo mar, o estado guarda uma cultura rica que se traduz no vocabulário de seu povo. Veja algumas das expressões que só quem é de lá conhece REPORTAGEM R O M Y A I K A W A ILUSTRAÇÃO E D S O N I K Ê

Aceita um bate-bate? Tem gente que chama de batida, mas no Ceará é bate-bate: drinque feito com maracujá, limão, cachaça e açúcar ou mel.

Ele é passado na casca do alho.

Isso aqui está pepinado.

Na crença popular, o alho afasta mau-olhado. Dizer que alguém é um alho significa que é esperto, porque consegue se livrar dos perigos.

Será que está cheio de problemas? Não. Pepinar é fazer vários cortes ou furos, em alusão ao aspecto áspero da casca do pepino.

Fiquei muito afuleimado.

Mas que menina embiocada! Bioco é um manto fino usado para envolver a cabeça. O embiocado é acanhado demais, quer esconder o rosto, se encapuzar.

Melhor não provocar alguém afuleimado, palavra usada no Ceará com o sentido de inflamado, irritado, zangado.

Você está comendo banha. Não se trata de um alerta sobre alimentação inadequada. Comer banha é ser enganado, não perceber que está passando por uma situação ruim.

Guardo bem o meu arame. O arame pode ser feito com cobre – e o cobre era o material de moedas antigas. Acabou virando gíria para dinheiro. 36 > T O D O S > A B R I L / M A I O

Ele virou um homem caneludo. Pode parecer uma referência a canelas grossas, mas caneludo é quem é muito alto, varapau.

Os alunos estão pescando. Em muitos estados, “pescar” é dar uma cochilada bem rápida. No vocabulário popular cearense, é colar na prova.


Vou temperar o violão.

CEARENCÊS FLUENTE

Instrumentos temperados são aqueles com divisões fixas onde ficam as notas. Daí vem o termo temperar, que é afinar, deixar no tom certo.

Conheça expressões regionais explicadas por quem nasceu e foi criado no Ceará 1

MARCONDES “FALCÃO” MAIA, 60 ANOS, CANTOR E COMPOSITOR

Aquela calça tem um queijo.

“O cearense usa o verbo ‘coisar’ para tudo, quando não lembra da palavra adequada ou não quer dizê-la: ‘Essa menina tem os olhos coisados’, ‘A carne está meio coisada’.”

Não tem nada a ver com o laticínio. Queijo é um remendo na roupa feito com retalho de tecido diferente

Nosso negócio favou. Como as favas estragam com facilidade, favar virou uma forma de dizer que algo teve resultado negativo, fracassou, gorou.

2

Vou lapear esse prato.

© Fotos: 1) LH Assessoria, 2) Pedro Vidal, 3) arquivo pessoal, 4) divulgação

Em vez de profissional da navegação, “marinheiro” é o estrangeiro, especialmente o português, que colonizou o Brasil vindo pelo mar.

Ele quer pagar na valsa. Pessoas desatentas costumam levar um tatu, expressão que significa cair ou ser derrubado.

Pare de grungunzar. Tente dizer “grungunzar” – o som é de algo incompreensível. É uma onomatopeia para murmurar, falar de um jeito quase inaudível.

47 ANOS, CINEASTA

“Gosto da expressão ‘ripuna’. Vem de ‘repugnar’, mas é usada com um sentido mais ameno: ‘É preciso cuidado para a receita não passar do ponto, senão ripuna’.”

Lapo é uma tira de couro e lapear é chicotear. Mas, no Ceará, lapear um prato é devorar a comida. Também é usado como sinônimo de andar a pé.

Hospedei um marinheiro.

Levei um tatu.

GLAUBER PAIVA FILHO,

A lentidão e a suavidade dessa dança inspiraram a definição de quem quer pagar o que deve em prestações módicas, espaçadas.

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LIA CAVANCANTE CAMPOS, 51 ANOS, FUNCIONÁRIA PÚBLICA E MARATONISTA

“Cearense usa muito a expressão ‘rebolar no mato’, que quer dizer ‘jogar fora’. Exemplo: ‘As bananas estavam podres. Rebolei no mato’. Outra é ‘Arre égua!’, o mesmo que ‘Deixa disso!’.” 4

EVERSON DE BRITO SILVA, O TIRULLIPA, 33 ANOS, HUMORISTA

“A expressão que eu mais uso é ‘Aí dentro’. Acho que ela é daqui do Ceará mesmo, e tem o sentido de ‘Vai se lascar’. Eu gosto porque ela é curta e objetiva.”

As expressões apresentadas nesta matéria foram pesquisadas no livro Vocabulário Popular Cearense (Edições Demócrito Rocha), de Raimundo Girão

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RECEITAS DE FAMÍLIA

Felicidade IMEDIATA

REPORTAGEM ROMY AIKAWA FOTOS SHEILA OLIVEIRA PRODUÇÃO CULINÁRIA PAULA BELLEZA PRODUÇÃO DE OBJETOS MÁRCIA ASNIS

Chocolate dá água na boca e perfuma a casa com cheiro de infância. Nada mais justo do que fazer dele o rei destas cinco sobremesas ideais para comemorar a Páscoa e o Dia das Mães

NO TEMPO Não abra o forno nos primeiros 20 minutos, porque é nesse período que o fermento age – se ele sofrer queda de temperatura, o bolo não cresce

BOLO DE CHOCOLATE

com brigadeiro AS CHANCES DE NÃO PARAR NO PRIMEIRO PEDAÇO SÃO GRANDES DIANTE DESTE CLÁSSICO DOCE TRANSFORMADO EM TENTAÇÃO TAMANHO-FAMÍLIA para 10 pessoas

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Ingredientes

Para o recheio:

» 4 ovos (separe a clara da gema)

» 3 latas de leite condensado

» 2 xícaras de açúcar

» 6 colheres (de sopa) de chocolate em pó

» 100 g de manteiga sem sal

» 60 g de manteiga sem sal

» 1 xícara de leite » 2 xícaras de farinha de trigo

Para a cobertura:

» 1 xícara de chocolate em pó

» 300 g de chocolate meio amargo

» 1 colher (de sopa) de fermento químico

» 1 caixa de creme de leite

» Manteiga e farinha para untar a forma

» Confeitos para decorar


Provei esse bolo pela primeira vez quando minha mãe fez para o aniversário de um dos meus irmãos. Era lindo, com brigadeiro escorrendo pelos lados e cheio de chocolate granulado por cima. Não era sempre que a gente tinha bolos assim. Lembro de tentar fazer uma versão de liquidificador quando tinha 10 anos, mas aprendi que o bom mesmo é a receita tradicional. Costumo preparar para receber bem as visitas: é difícil alguém não gostar! De vez em quando, vario o recheio ou a cobertura com doce de leite e ganache. Já na massa, uso sempre cacau em pó 100%, que deixa o sabor do chocolate mais intenso e menos enjoativo, e uma pitada de bicarbonato de sódio, para o bolo ficar fofinho e bem escuro.”

WESLEY SARTO, 32 anos, Santos (SP)

Modo de preparo

1 Pré-aqueça o forno a 180 ˚C por 15 minutos. Unte com manteiga e polvilhe com farinha uma forma alta com 23 centímetros de diâmetro. Bata as claras em neve na batedeira e reserve. 2 Bata as gemas com o açúcar e a manteiga até a mistura dobrar de volume e ficar quase branca. Aos poucos, junte o leite, a farinha e o chocolate em pó, alternando um pouco de cada um, e continue batendo até a massa ficar homogênea.

3 Desligue a batedeira e, com uma espátula, incorpore a clara em neve em três etapas e acrescente o fermento no final. Misture sem mexer demais.

Para a cobertura:

4 Despeje a massa na forma e leve para assar por aproximadamente 45 minutos. Retire do forno e espere esfriar.

Para a montagem:

Para o recheio: Misture todos os ingredientes numa panela e leve ao fogo médio. Mexa o tempo todo até desgrudar do fundo da panela. Deixe esfriar.

Derreta o chocolate no microondas ou em banho-maria. Junte o creme de leite e misture até a massa ficar homogênea. Reserve.

Com o recheio, enrole 20 brigadeiros, passe nos confeitos e reserve. Corte o bolo em três discos. Em um prato, coloque um disco e espalhe metade do restante do recheio. Empilhe o segundo disco, a outra metade do recheio e o último disco. Espalhe a cobertura e decore com os confeitos e os brigadeiros.

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