Todos #14

Page 1

COMPRE E AJUDE

R$ 3,95

CRIANÇAS, JOVENS E IDOSOS DAS ONGS

A VIDA É FEITA DE HISTÓRIAS. QUAL É A SUA?

MAIS DE

R$

...E MAIS 13 INSTITUIÇÕES

2 MILHÕES!

QUE APOIAM A TERCEIRA IDADE

DOADOS

BRUNA ESTÁ SALVANDO CÃES DE RUA

DO FRIO DO INVERNO 28 pág.

JAIME AJUDA A EVITAR

O DESVIO DE MILHÕES DA

PREFEITURA

pág. 17

CAROLINA

VIU O PRIMEIRO

MUNDIAL DE GUGA

MUDAR O TÊNIS

NO BRASIL pág. 32

E MAIS:

5 X QUEIJO

CRISTAL CASEIRO

PASSATEMPOS

#14

jun/jul 2017 VENDA EXCLUSIVA

VIREI VOLUNTÁRIA NA ONG QUE UM DIA MUDOU MINHA VIDA

Flora Gomes, 35 anos pág. 13

ASSINE JÁ:

BANCADOBEM.COM.BR


E

EU VENCI

O TIPO DE ATIVIDADE QUE VOCÊ FAZ DURANTE O EXPEDIENTE PODE RENDER BEM MAIS DO QUE UM SALÁRIO. QUE TAL USAR SEUS CONHECIMENTOS E SUA EXPERIÊNCIA EM UM TRABALHO VOLUNTÁRIO? O RETORNO SERÁ INCALCULÁVEL! RA FA E LA C A RVA L H O

BRUNA ASSIS BRASIL


FLORA GOMES, 35 anos, do Rio de Janeiro. Professora particular de Química, é voluntária num cursinho para alunos de baixa renda.

© Foto: Ana Rovati

EU ENSINO Quando criança, eu adorava brincar de escolinha. Sempre alimentei o sonho de ser professora, apesar das dificuldades. Não tive acesso a boas escolas e precisei trabalhar ainda cedo, vendendo bala no semáforo e fazendo faxina. Minha vida começou a mudar aos 18 anos, quando conheci o Educafro, ONG que oferece um cursinho pré-vestibular para pessoas de baixa renda. Fiquei encantada. Não era apenas um lugar para aprender conceitos e ir bem em uma prova, mas um espaço onde tive um valioso suporte psicológico. Sendo uma mulher negra moradora da periferia e sabendo que esses fatores

são obstáculos, pude cultivar minha autoestima para alçar voos mais altos. Fui aprovada no Instituto Federal do Rio de Janeiro (IFRJ), onde cursei Química. Formada, me tornei professora particular. Mas fiz questão de retribuir a ajuda que tive do Educafro: desde 2010, sou voluntária no cursinho, ensinando Físico-Química. Dedico cerca de 8 horas semanais a esse trabalho. Nas aulas, além de átomos e moléculas, falo muito sobre cidadania. Explico que todos temos os mesmos direitos e que precisamos tomar posse deles. Sempre digo para os meus alunos que a vida é como uma reação química: é preciso ter os reagentes certos, balanceando nossas decisões. Dessa maneira, o produto final sempre será a vitória.”

J U N H O / J U L H O < T O D O S < 13


T

TESTEMUNHA OCULAR

Carolina Boscardin, de 45 anos, professora de tênis de Joinville (SC), viu o Brasil se apaixonar por esse esporte há 20 anos, quando Gustavo Kuerten sagrou-se campeão mundial 32 > T O D O S > J U N H O / J U L H O


HÁ 20 ANOS, VIBREI AO VER O

GUGA CAMPEÃO CAROLINA BOSCARDIN, EM DEPOIMENTO A DANIELE MARTINS

CACO NEVES

© Foto: Zé Paiva

EM 1997, GUSTAVO KUERTEN SURPREENDEU O MUNDO AO GANHAR PELA PRIMEIRA VEZ O TORNEIO DE ROLAND GARROS. CAROLINA BOSCARDIN ACOMPANHOU DE PERTO A CARREIRA DO ATLETA E TESTEMUNHOU O IMPACTO DE SUAS VITÓRIAS SOBRE O TÊNIS BRASILEIRO

Quando comecei a jogar tênis, aos 10 anos, ficava imaginando se algum tenista que eu conhecia poderia se tornar campeão mundial. Bem, isso acabou acontecendo. Aos 16 anos, eu me mudei de Joinville para Blumenau (SC), para treinar no time de uma empresa da cidade que estava investindo no esporte. Junto comigo foram outros atletas do estado, entre eles o Guga. Eu era amiga do irmão dele, Rafael, que também jogava tênis. Como o Guga só tinha 12 anos, sua mãe pediu para que ele ficasse no meu apartamento, em vez de ir para o alojamento dos rapazes mais velhos. Então passei a tomar conta dele: acordava-o para ir à escola, fazia café da manhã. Era um menino educado, dedicado, vindo de uma família muito batalhadora. Eu admirava sua maneira de jogar e sua força de vontade. Moramos juntos por quase um ano, e depois disso seguimos mantendo contato. Passada uma década, em 1997, uma semana antes do início do torneio de Roland Garros, fui a Curitiba assistir a uma final da qual o Guga participaria. Era um torneio sem grande importância, mas ele queria se testar. Jogou muito, venceu lindamente e embarcou para a França confiante. Em Paris, Guga sequer era considerado candidato ao título. Jovem, inexperiente, com aquele jeito extrovertido, não metia medo em ninguém. Mas a cada vitória foi despertando o interesse da imprensa e o amor da torcida. Aqui do Brasil, eu vibrava muito. Cada conquista era inacreditável! Foi bonito ver essa festa ganhando espaço e atenção. Primeiro entre as pessoas que estavam ligadas ao esporte, depois em Santa Catarina como um todo, até se espalhar pelo Brasil.

NASCE UMA ESTRELA Em 8 de junho de 1997, GUSTAVO KUERTEN TORNOU-SE O PRIMEIRO TENISTA BRASILEIRO A VENCER O TORNEIO INDIVIDUAL MASCULINO DE ROLAND GARROS, EM PARIS

LONGE DE SER UM DOS FAVORITOS, GUGA OCUPAVA A 66ª POSIÇÃO NO RANKING

da Associação dos Tenistas Profissionais (ATP)

Roland Garros é um dos quatro torneios de tênis mais importantes do mundo, ao lado do Open da Austrália, do US Open (nos Estados Unidos) e de Wimbledon (na Inglaterra)

GUGA ENCERROU SUA CARREIRA EM 2008, AOS 31 ANOS, COM 358 VITÓRIAS E 20 TÍTULOS – entre eles três Roland

Garros, um Masters e cinco Masters Series

J U N H O / J U L H O < T O D O S < 33


M

MEU DICIONÁRIO

PERNAMBUQUÊS As diversas regiões do nosso país têm palavras e expressões únicas. Nesta seção, a cada edição, vamos conhecer um pouco dessa riqueza linguística. Nossa viagem começa por Pernambuco! HELOÍSA IACONIS

A N A M AT S U S A K I

Não vou me abufelar!

Abiscoitado és tu!

Não precisa amar nem odiar biscoito para ser chamado de abiscoitado. Afinal, não tem nada a ver com comida. Em Pernambuco, a palavra é sinônimo de... louco!

Deixa de pantim, menino!

ÀS VEZES A RAIVA NOS DOMINA, FAZENDO O SANGUE BORBULHAR E O ROSTO FICAR VERMELHO... ABUFELAR-SE É ISSO: IRRITAR-SE A PONTO DE PERDER AS ESTRIBEIRAS.

Chegou na apertada da hora. Sabe aquele momento que fica entre o dia e a noite? "Apertada da hora" é isso: tardinha, crepúsculo, boca da noite, lusco-fusco. O instante diário entre a luz e a escuridão.

É o mesmo que "deixa de besteira!". Acredita-se que a origem seja o vocábulo francês pantin, que significa fantoche, ou, no sentido figurado, pessoa facilmente influenciável.

Fica lá na baixa da égua. A baixa da égua fica exatamente no mesmo lugar onde o vento faz a curva. Isso mesmo, onde Judas perdeu as botas. Para ser ainda mais preciso, no cafundó!

É isso mesmo e priu! MUITAS MÃES PERNAMBUCANAS JÁ FALARAM A FRASE ACIMA. "E PRIU" SIGNIFICA DECISÃO IRREVOGÁVEL, MARTELO BATIDO, PONTO FINAL. "É ISSO MESMO E PRONTO!"

Esse aí é saberete! Isso eu como com farinha! Quer pular academia? Será um convite para malhar praticando polichinelo? Não: no pernambuquês, academia refere-se à tradicional brincadeira mais conhecida como amarelinha.

36 > T O D O S > J U N H O / J U L H O

FARINHA É UM ALIMENTO CORRIQUEIRO, NÃO? UM ACOMPANHAMENTO BÁSICO, SIMPLES. POIS COMER COM FARINHA VIROU SINÔNIMO DE FAZER ALGO COM FACILIDADE, TIRAR DE LETRA.

Não é difícil esbarrar com esse tipo: aquela pessoa que quer passar a impressão de sabida, mas, na verdade, está blefando.


Nem com açúcar engulo essa! QUEM SE CONSIDERA IRRESISTÍVEL DIZ: "MAMÃE PASSOU AÇÚCAR EM MIM". ESSA EXPRESSÃO PERNAMBUCANA USA O MESMO INGREDIENTE PARA EXPRESSAR O CONTRÁRIO: "DE JEITO NENHUM!".

Aceita um mendubim? Se você gosta de amendoim, pode responder sim. A origem das duas palavras é a mesma: o termo tupi mandubi, que significa enterrado (sabia que esses deliciosos grãos crescem embaixo da terra?).

Não me canso de manzanzar. SÓ DE FALAR "MANZANZAR" JÁ DÁ UMA MOLEZA DANADA. PALAVRA QUE SE ARRASTA POR SI SÓ, ELA CONDENSA BEM A SUA DEFINIÇÃO: RELAXAR OU, ATÉ MESMO, PROCRASTINAR.

Escapou numa peinha de nada. Tem hora em que tudo caminha para o desastre, mas, como que por milagre, acaba em final feliz. "Numa peinha" diz respeito a isso. É o mesmo que "por um triz".

Fala mais que o homem da cobra! Dizem que a expressão remete a antigos mascates que chamavam a atenção enrolando uma cobra ao corpo, enquanto tagarelavam sobre suas mercadorias.

GÍRIA DE ESTIMAÇÃO Quatro célebres pernambucanos revelam qual expressão local mais gostam de usar. Confira!

MARCELINO FREIRE ESCRITOR, NASCEU NO RECIFE. 1

Eu uso muito a expressão "Eta, danado!". Significa "que coisa extraordinária, arretada, maravilhosa". "Danado" também se usa sozinho, em frases como "Tá danado de bom!". Gosto porque é uma espécie de grito, de celebração.

JOANNA MARANHÃO NADADORA, NASCEU NO RECIFE. 2

Quando a gente faz alguma brincadeira e outro diz "estilei", é tipo "gostei não, chega". Gosto demais de usar. Moro fora do Nordeste há anos, então sinto que manter meu sotaque e as gírias me traz identidade.

Vou lá falar com o Miguel e já volto.

© Fotos: 1) Mario Miranda Filho, 2) divulgação, 3) Fabiano Cafure, 4) Antônia Arruda

É divertido imaginar como essa expressão surgiu. A origem é desconhecida, mas o significado é bem sabido pelos pernambucanos: quer dizer ir ao banheiro!

TIBÉRIO AZUL CANTOR, COMPOSITOR E ESCRITOR, NASCEU NO RECIFE. 3

Ela é o raio da silibrina! Diz-se do que é excêntrico, descomunal, inacreditável. Vem de sealed beam, expressão do inglês para um tipo potente de farol automotivo – cujo facho de luz, aparentemente, impressionou muito o criador dessa expressão!

Uso "ozzy" para falar de algo ou alguém sem limites, que ultrapassa o bom senso. Vem do Ozzy Osbourne, vocalista da banda Black Sabbath. Acho que essa expressão é uma marca registrada da minha geração pernambucana. PAULO CAMELO 4

Ela vem no passo da ema. Você já viu uma ema caminhando? Não é lá o andar mais rápido que existe, pelo contrário. Logo, "passo da ema" refere-se a alguém sem pressa, calmo, vagaroso.

Deu-lhe uma rabiçaca. LITERALMENTE, RABIÇACA É O PUXÃO DADO PELO VAQUEIRO NO RABO DO ANIMAL PARA QUE O BICHO CAIA. ACABOU VIRANDO SINÔNIMO DE QUALQUER GESTO BRUSCO, SAFANÃO, EMPURRÃO.

ESCRITOR, AUTOR DO DICIONÁRIO DO FALAR PERNAMBUCANO, NASCEU NO RECIFE.

Falo muito "Deu a bexiga!", uma expressão de espanto. Surgiu quando a varíola (bexiga) era endêmica, estendendo-se a outras ocorrências que saíam do controle. Também pode-se dizer "Danou-se!" ou "Deu a gangrena!". Qual expressão típica da sua região você gosta de usar? E o que significa? Conte para a gente! Escreva para todos@editoramol.com.br.

Fontes: Dicionário do Falar Pernambucano, de Paulo Camelo, e Minidicionário de Pernambuquês, de Bertrando Bernardino

J U N H O / J U L H O < T O D O S < 37


R

RECEITAS DE FAMÍLIA

Quero

QUEIJO!

Ele derrete, doura, dá consistência, combina com doce e com salgado. E pode ser de vários tipos, cada um com sabor e textura únicos. Confira uma seleção de receitas típicas brasileiras feitas com um dos ingredientes mais versáteis e deliciosos da cozinha mundial SHEILA OLIVEIRA

PARA CASAR Tanta maciez pede uma crocância: sirva com batata palha. Um arroz branco para absorver o caldo também cai bem

© Produção culinária: Paula Belleza. Produção de objetos: Márcia Asnis

ROMY AIKAWA


VARIANDO Catupiry e muçarela são opções suaves. Para um sabor mais intenso, inclua gorgonzola ou provolone, por exemplo

Chiclete

DE CAMARÃO O CATUPIRY DÁ CREMOSIDADE, E A MUÇARELA GARANTE O EFEITO PUXA-PUXA

Ingredientes » 500 g de muçarela ralada » 1 cebola picada » 2 dentes de alho picados » 1 colher (de sopa) de azeite de dendê » 800 g de camarões limpos » 200 ml de leite de coco » 4 tomates sem pele e sem sementes picados » ½ maço de cheiro-verde picado » 250 g de catupiry » 200 g de creme de leite » sal e pimenta-do-reino a gosto Modo de preparo

1 Preaqueça o forno a 180 ˚C por aproximadamente 15 minutos. 2 Coloque metade da muçarela ralada no fundo de uma forma refratária grande. Reserve. 3 Refogue a cebola e o alho no azeite de dendê. Adicione os camarões, tempere com sal e mexa bem. Junte o leite de coco e, assim que começar a ferver, coloque os tomates e o cheiro-verde.

Eu criei essa receita durante uma temporada que minha família, de Minas Gerais, passou comigo na Praia do Francês, aqui perto de Maceió. Resolvi improvisar algo com o queijo que havia sobrado do café da manhã. Como gosto muito de cozinhar com peixes e frutos do mar – desde o tempo em que morei em Conceição da Barra, no Espírito Santo –, adicionei camarão. Uma tia que estava com a gente adorou o resultado e disse que parecia chiclete de camarão, por causa da liga que o queijo derretido formava. O prato acabou virando o carro-chefe do restaurante que tenho desde 2000 e foi muito copiado depois que ensinei a receita no Fantástico, da TV Globo, em 2003.”

WILSON CALIARI, 61 anos, Maceió

4 Quando ferver novamente, adicione o catupiry e o creme de leite, misture e desligue o fogo. Acerte os temperos e coloque sobre a muçarela na forma refratária. 5 Cubra com a outra metade da muçarela e leve ao forno por aproximadamente 5 minutos ou até o queijo derreter. Retire e sirva imediatamente.

J U N H O / J U L H O < T O D O S < 43


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.