VIVER conecta COM MARCOS MEIER
MASSADA Amor e esperança no maior suicídio coletivo da história
A
lô, meus queridos leitores da Viver Curitiba. O título pode assustar, mas a mensagem que tenho para vocês é muito legal. Os tempos estão difíceis e ninguém está 100% bem. Então é hora de a gente conversar sobre saúde mental, esperança, tristeza, dor, alegria, essas coisas que a maioria de nós tem dificuldade de “pôr pra fora”. Então vou me abrir aqui e contar um pouco da minha história. Aos 13 ou 14 anos eu já era muito alto. Hoje tenho 2m de altura e naquela época eu já tinha perto de 1,95m o que me tornou o “ser” mais esquisito não somente da minha turma, mas da escola toda. Virei alvo fácil de bullying e ouvia diariamente coisas como “urubu branco”, “vara de catar laranja”, “espanador da lua”, “pernas de vela”, “múmia branca’’ e vários outros xingamentos que a crueldade humana é capaz de produzir. E isso detonou minha autoestima. Achei que ninguém queria ser meu amigo, já que os poucos que eu ainda tinha se afastaram, pois também viraram alvo: “você é amigo da múmia branca?” Tive vontade de sumir, de ir embora, de nunca mais pisar na escola, de parar de ser alvo de gozações. Na verdade, ideias suicidas começaram a ter espaço e isso foi um grande perigo. Comecei a “flertar” com a morte e coloquei minha vida em risco em alguns momentos, mas é melhor não dar ideias a outras pessoas que possam estar sofrendo como eu sofria. O melhor mesmo é falar do que me
76 VIVER
Marcos Meier é escritor e palestrante.
tirou daquele lugar do “sem valor”. E a resposta para essa falta de sentido veio da minha família que me amava (nem todo mundo tem essa sorte) e de uma tia muito divertida que me abraçava na cintura (sim, ela era baixinha perto de mim) e me dizia “Ai, que delícia homem grande!” e a gente ria. Eu ficava com aquela sensação de que ser “fora do padrão” não deveria ser tão ruim. Além da tia, meus irmãos interagiam comigo como se eu fosse absolutamente normal, pois eram parecidos comigo e isso não valia nada perto dos momentos gostosos da nossa convivência. A maturidade foi me tirando do lugar do “sem valor” e foi me levando para “eu sou importante”. E isso me marcou. Decidi que algum dia eu iria ajudar pessoas com sentimentos parecidos. Mesmo que você não tenha ninguém que possa ser uma ajuda, confie em mim: você vai achar uma forma de dar sentido à sua vida.