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endo o diretor de uma escola de educação clássica, eu costumo conversar com pais que estão considerando nossa instituição, e muitos deles estão tão interessados quanto confusos acerca da educação clássica. “Como a abordagem clássica difere da oferecida nas escolas públicas?”, “Há outras escolas fazendo o que vocês fazem?”, “Como seus alunos se saem nas provas de admissão?”. Depois de sete anos, as perguntas já são previsíveis, mas totalmente justificáveis. Quanto a mim, infelizmente até minhas respostas tornaram-se previsíveis, e essa é a razão pela qual estou escrevendo a você. Se tiver lido este livro antes de conversar comigo (ou com outro diretor da mesma área), você evitará de receber minhas respostas padrão. Além disso, quando preciso pôr no papel aquilo que vou responder, sou obrigado a dizer algo novo. Caso você seja como a maioria das pessoas, provavelmente já tenha ouvido algo sobre a educação clássica, talvez por meio de algum amigo que ou tem algum filho matriculado em uma escola clássica ou que pratica a educação domiciliar pelo método clássico. Você está fazendo suas pesquisas sobre o tema e está suficientemente interessado a ponto de ler sobre a educação clássica. Talvez você já tenha visitado uma escola clássica ou um centro de educação domiciliar e assistido a algumas aulas que tenham lhe causado algum estranhamento, certo interesse e uma série de dúvidas. De qualquer forma, você tem suas dúvidas — e muitos de vocês chegaram a inclusive pô-las por escrito.
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Quero elogiá-lo por suas perguntas, por seu raciocínio. Criar perguntas bem elaboradas é algo, como você verá, bastante clássico. A educação clássica é uma longa tradição de fazer perguntas e desenterrar respostas, consultar os outros e, por conseguinte, perguntar, procurar e encontrar mais uma vez. Como disse certo escritor, é o juntar-se à “Grande Conversa”. Isso significa ler os grandes livros (os clássicos), estudá-los, examiná-los, perscrutá-los, conversar com outras pessoas acerca das ideias influentes neles contidas. Seja como for, a educação clássica é um fluxo contínuo de perguntas e respostas. E assim você pode ver o porquê de eu ficar feliz quando os pais vêm até mim perguntando todo o tipo de coisas e não só a respeito do valor da mensalidade.
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Confusão Moderna, Claridade Antiga
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sta é uma época tumultuosa para viver. Instituições, informações, costumes, maneiras e padrões estão mudando rapidamente. Escolhas e preferências multiplicaram-se; nossa cultura está se tornando cada vez mais caleidoscópica. Tais mudanças, rápidas e multicores, têm seu elemento dramático, e muitos acham tudo isso cômico. No entanto, mesmo as mudanças e novidades constantes podem se tornar obsoletas, transformando-se no que Thomas Oden chama de “a promessa barata da novidade radical”, que é “a mais chata e repetitiva de todas as ideias modernas”.1 Muitos de nós estão prontos para deixar a festa, ir para casa, sentar numa poltrona e tomar uma xícara de chá sossegadamente. Contemplando a criação e a educação de nossos filhos, muitos de nós têm sido forçados a se perguntar o que desejamos lhes transmitir. Como podemos educá-los no meio de toda confusão, dúvida e de todo conflito deste mundo moderno? Existe algum lugar de descanso e refúgio — algum lugar de tranquilidade e vigor? Educação é aquele grandioso empenho de transmitir a sabedoria e o conhecimento de uma geração para outra. Envolve descoberta, mas também instrução; é uma transmissão cultural. Com a cultura atual passando continuamente por tantas mudanças, o fato de a nossa educação 1 Thomas Oden. After Modernity … What? An Agenda for Theology. Grand Rapids, Zondervan, 1990. p. 21.
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também estar em um estado de desordem não é surpresa. Para os pais que estão à procura de uma escola que os auxilie nesta tarefa de transmissão cultural, esse fato faz da busca muitas vezes uma tarefa desconcertante. Alguns de nós da educação clássica estão em busca de suas fontes num período anterior ao início desta confusão. Todas as nossas experiências são semelhantes: não encontramos o alimento saudável de que precisamos no presente; temos sido entretidos, mas não alimentados; divertidos e distraídos, mas não instruídos. Partimos, portanto, para outro lugar, não muito distante, mas ainda esquecido pela maioria. Retornamos ao caminho trilhado em excelência daquilo que já foi provado e comprovado — o método clássico de educação. Ele nunca desapareceu efetivamente, mas acabou se tornando completamente fragmentado e disperso, estando suas partes como que ruínas espalhadas pelas escolas e universidades modernas. Ele foi eclipsado enquanto modelo dominante há cerca de apenas um século, depois de ter reinado por mais de mil anos. É provável que seus avós tenham recebido uma porção da educação clássica. G. K. Chesterton disse que toda revolução é uma restauração — a recuperação e reintrodução de algo que uma vez guiou e inspirou pessoas no passado. A palavra revolução vem do latim re-volvere — re-volver ou re-tornar. Revolução é aquilo que chega e passa, que vem e vai — novamente. Na mesma linha de pensamento, C. S. Lewis
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diz que, quando perdemos o rumo, o jeito mais rápido de nos reencontrarmos é voltando para casa. Também nós. Estamos retornando, estamos revolvendo. Utilizando uma palavra mais dura, estamos nos revoltando, e é na ocasião de estarmos indo para casa é que nos revoltamos.
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Uma Breve História da Educação Clássica Esboço e Visão Geral
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spero que você ache revigorante descobrir que o método clássico de educação é simples e ao mesmo tempo profundo, como tantas ótimas idéias por aí, da roda ao guarda-chuva. Sua filosofia básica é ensinar as crianças pelo caminho que elas naturalmente querem ser ensinadas, apesar de nem sempre saberem disso. Dito de outra forma, os educadores clássicos ensinam a crianças o que elas querem saber e quando elas querem saber. Quando maravilhadas com a linguagem humana, nós lhes ensinamos idioma e gramática. Quando as crianças estão prontas para desafiar cada hipótese, ensinamos lógica. Quando os alunos desejam se expressar com paixão, ensinamos retórica. Certamente, as crianças não descobriram essa forma de educação por conta própria; pelo contrário, parece que foram os pais quem o descobriram e as crianças apenas o ratificaram. O termo “clássica” ou “educação clássica” requer alguma definição. Na história, o período clássico refere-se à civilização dos gregos e à dos romanos (c. 600 a.C. a 476 d.C.), que nos legaram arte, arquitetura e os mitos clássicos, além das línguas clássicas, o grego e o latim. Certamente, a educação praticada pelos gregos e romanos pode ser chamada de educação clássica. A educação clássica, portanto, pode significar os métodos educacionais dos gregos e
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dos romanos. No entanto, a palavra clássica não pode ficar restrita ao período clássico per si. Também usamos o termo para descrever coisas que são de autoridade e confiança, tradicionais e duradouras. A literatura clássica, por exemplo, pode ser qualquer obra (não apenas a literatura grega ou romana) de excelência estável e duradoura. Portanto, podemos usar o termo educação clássica para nos referirmos não somente às práticas educacionais dos gregos e romanos, mas também à educação autoritativa, tradicional, duradoura e excelente. Valho-me do termo com ambas as conotações em mente: a educação clássica é a forma de educação autoritativa, tradicional e duradoura, iniciada pelos gregos e romanos, desenvolvida ao longo da história e agora sendo renovada e recuperada no século vinte e um. Com esta definição mais geral em mente, podemos, agora, esboçar e delinear a história da educação clássica. Após este breve esboço inicial, recapitularemos e pincelaremos nele mais alguns detalhes. A educação clássica é antiga, razão pela qual, hoje, parece ser tão nova. Ela era nova com os gregos e romanos há mais de dois mil anos; tais são creditados à elaboração dos rudimentos da abordagem da educação clássica. Estaríamos enganados se pensássemos que tanto gregos quanto romanos educavam por vias simples e consistentes, pois havia uma grande variedade de currículos e abordagens na metodologia de ambos, gregos e romanos. Afinal de contas, essas duas civilizações abrangem um período de quase mil anos! Ainda assim, existem temas comuns que abrangem as práticas educacionais de ambos os grupos, incluindo
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uma ênfase geralmente sustentada no estudo da gramática, literatura, lógica e retórica. Foi mais tarde, durante a Idade Média (c. 500–1460 d.C.), que a grande variedade de matérias e abordagens presente nos gregos e romanos foi analisada e colocada em uma forma e em um currículo mais sistemático e consistente. O currículo do trivium (que significa “três caminhos”, “três vias”), com as matérias de gramática, lógica e retórica, foi formalmente estabelecido durante este período, bem como sua contraparte, o quadrivium (“os quatro caminhos”, “quatro vias”), contendo as matérias de astronomia, aritmética, música e geometria. As palavras trivium e quadrivium foram cunhadas na Idade Média, não durante o período dos gregos e romanos. Considero útil referir-se a uma forma de educação clássica como uma educação baseada no trivium, e é este o tipo de educação clássica que tem sido recuperado em muitas escolas e no ensino domiciliar na América do Norte. É importante enfatizar que a educação clássica evoluiu. Ela evoluiu mantendo alguns temas e padrões, mas não sem variações significativas. A Idade Média não pode ser reduzida a um simples clichê educacional — ela também foi variada, apesar de sua inclinação à categorização e ordem. No fim da Idade Média, a educação começou a decair (a tão famosa Idade das Trevas), o que exigiu a necessidade do Renascimento (c. 1350–1600 d.C), que foi, entre outras coisas, um chamado a retornar à aprendizagem e sabedoria do passado — ad fontes, de volta à fonte, aos fundamentos. A Reforma (c. 1517–1700) foi um movimento
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complexo de avivamento espiritual, mas também continha esse elemento de retorno às fontes antigas de sabedoria, com especial ênfase no retorno à autoridade e ao ensino das Escrituras. Os reformadores mantiveram o interesse em estudar as línguas clássicas e suas literaturas despertado pelo Renascimento; os grandes reformadores eram eles mesmos homens versados, instruídos na educação clássica. O próximo grande movimento foi o Iluminismo (c. 1700–1789), marco de uma renúncia da autoridade das Escrituras e da igreja para uma fidelidade ao poder do intelecto inato do homem. A ciência com seus assuntos variados conquistou seu espaço, mas, embora a maioria dos cientistas fosse também cristã ou deísta, havia uma tendência crescente para o estudo e a compreensão do mundo sem referenciais ao ensino ou à autoridade da bíblia. Ainda assim, no entanto, a maioria das formas educacionais manteve os rudimentos do trivium e quadrivium. Os pais fundadores dos EUA, por exemplo, foram todos criados e educados no período do Iluminismo, mas levaram as marcas da instrução clássica na literatura, nas línguas clássicas (especialmente no latim), na história e na retórica. Não é antes do período moderno, o qual teve seu começo no início do século 19, que começamos a ver os primeiros sinais de erosão da educação clássica; podemos, porém, observar que tal erosão tratava-se de um processo lento e gradativo, e que, ao longo do século 19, a educação clássica ainda era a abordagem dominante nos Estados Unidos e na Europa. No entanto, no início do século 20, essa erosão vinha dando passos largos e, assim, por volta
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da década de 1950, o panorama educacional dos Estados Unidos havia claramente mudado de um modelo clássico para um modelo “progressista”. É essa forma progressista de educação que todos nós recebemos, limitando nosso conhecimento e nossa consciência da educação clássica. É nossa própria educação progressista que nos faz pensar na abordagem clássica como uma novidade e algo exótico — apesar de o modelo clássico ter reinado durante séculos e o modelo progressista ser a verdadeira inovação. Houve, portanto, variação e mudança e no século 19, uma atrofia significativa. As disciplinas de gramática, lógica e retórica permaneceram por toda a história da educação clássica, ainda que com altos e baixos e foram ensinadas de diferentes maneiras e sequências. Os métodos clássicos de educação também permaneceram, o que veremos mais adiante neste livro. Mesmo após a ascensão da educação progressista, os fragmentos da educação clássica persistem, inclusive nas escolas progressistas. As pedras dispersas da educação clássica estão presentes nas escolas contemporâneas e ainda podem ser vistas por olhos treinados. Recuperar a educação clássica é uma questão de coletar essas pedras e reparar as ruínas.
Algumas Pinceladas Finais Agora que traçamos o esboço da educação clássica, reforcemos seus traços e pintemos alguns detalhes importantes. Começando pelos gregos. Precisamente por terem sido os primeiros, os gregos foram imortalizados como
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fundadores essenciais da cultura e civilização ocidentais. A forma como eles emergiram enquanto potência cultural e civilizacional é em si uma história misteriosa e fascinante, história esta que não podemos explorar aqui. Os gregos nos deram as primeiras formas duradouras de democracia (incorporadas na cidade-estado ou polis gregas) e grandes tesouros da arte e da literatura. Seu sistema educacional de fato evoluiu e mudou ao longo do tempo, mas enfatizando consistentemente a importância da arête, ou excelência e realização individuais. A excelência e destreza físicas eram tão importantes (isso se não mais) quanto a excelência intelectual. Crianças gregas de 7 a 14 anos frequentavam a palaestra, onde aprendiam a lutar, e uma “escola de música”, onde aprendiam leitura, recitação, escrita, aritmética e, também, a tocar a lira e a cantar (o termo “música”, para os gregos, possuía um significado muito mais amplo do que o termo, “música”, e seu modo de uso hoje). Dos 10 aos 14 anos, os alunos continuavam com seu treinamento físico em um gymnasium, onde aprendiam luta, boxe, corrida, salto à distância e lançamento de disco e de dardo. Essas habilidades tinham uma conexão óbvia com o treinamento militar e com as forças armadas. Dos 15 aos 18 anos, alguns alunos (do sexo masculino) privilegiados continuariam seus estudos através da observação e participação da vida cívica e cultural grega, treinados e orientados por cidadãos gregos de idade adulta. Finalmente, alguns jovens homens, dos 18 aos 20 anos, passariam por dois anos de treinamento militar, o que os prepararia para servirem como soldados e militares capazes.
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Esta sequência geral e este currículo bem básico eram aprimorados e alterados conforme a civilização grega se desenvolvia. Surgiram importantes educadores gregos (sofistas e filósofos) que argumentavam pelas várias maneiras de educar a juventude grega. Alguns defendiam o treinamento para o sucesso político e viam o homem como medida ou padrão de todas as coisas (Protágoras); alguns defendiam o estudo dedicado da retórica, o que permitiria o sucesso político prático, e não apenas por ambição pessoal, mas também para o bem da cidade-estado grega (Isócrates). Outros, como Platão (seguindo seu mentor Sócrates), argumentavam pelo aplicar-se ao estudo da filosofia (em vez da retórica), pois acreditavam que isto levaria os homens a descobrirem a verdade, a bondade e a justiça. A maioria desses educadores prezava o estudo da dialética (ou lógica), o que permitia aos alunos aprenderem a raciocinar corretamente e detectar e refutar raciocínios falsos. Aristóteles (que sucedeu a Platão) defendeu o estudo da dialética e da retórica. Em última análise, os gregos legaram seu conceito de paideia, sua visão de que o homem deve ser trabalhado como uma obra de arte sob padrões de excelência (arête). Em si, a educação é o formar de um homem, não o treinamento de um homem para fazer coisas (treinamento vocacional). Tal concepção persiste hoje em nossa idéia de “homem completo e educado nas artes liberais”. Os romanos conquistaram os gregos (em 143 a.C.), mas se viram culturalmente conquistados por seus cativos gregos. Os romanos muito admiravam e imitavam a arte, a arquitetura, a literatura e a educação gregas. Embora
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os romanos tivessem algumas ênfases educacionais próprias (como um compromisso com o treinamento agrícola e militar), eles importaram as disciplinas, os tópicos, os objetivos e os métodos educacionais dos gregos. Assim, ainda que as matérias de gramática, lógica e retórica tenham começado com os gregos, elas continuaram a prosperar sob os romanos. Como os gregos, os romanos davam início à educação formal aos 7 anos. Os alunos começavam seus estudos com um litterator, quem lhes ensinava as “letras” ou a como ler. Depois de aprenderem a ler (em grego, em latim ou em ambas as línguas), os alunos passavam para um grammaticus, que em um ambiente escolar lhes ensinava não apenas a gramática (a estrutura, forma e sintaxe) da língua, mas também sua literatura, particularmente a poesia. Por meio do estudo da literatura, os alunos também aprendiam história, ética e política; eles também faziam uma série de exercícios de escrita, estudo que os preparava para a retórica. Alunos gregos estudavam Homero (Ilíada e Odisséia), modelo de excelência para a língua, virtude e sabedoria. Por sua vez, os romanos estudavam o escritor Virgílio (Eneida), equivalente latino de Homero. Algumas vezes os alunos não estudavam com um professor de dialética per se, e alguns estudantes nem sequer chegavam a estudar dialética (ou lógica). Era comum que o grammaticus ensinasse um pouco de retórica aos alunos estando próximos de concluir o segundo grau, o que normalmente marcava o término do período formal de estudos. Foi com os gregos que a dialética (lógica) surgiu como campo de estudo, que acreditavam ser ela um complemento às habilidades retóri-
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cas dos alunos. Se um aluno desejasse seguir carreira política ou jurídica, ele certamente estudaria retórica, visto que a retórica visava treinar os alunos a falar de forma eloquente e persuasiva — habilidades necessárias tanto na assembleia quanto nos tribunais. A gramática, a lógica e a retórica, na qualidade de disciplinas do trivium, persistiram ao longo dos períodos grego e romano, mas em sequências e padrões variados. Eram três matérias muito úteis ao crescimento da capacidade linguística, e por essa razão são frequentemente chamadas de artes verbais. Com o advento da Idade Média, quatro artes quantitativas foram ratificadas e adicionadas ao currículo: a geometria, a astronomia, a música e a aritmética. A geometria abrange certos rudimentos da geografia, a astronomia continha determinada porção de física, a gramática incluía a literatura, e a retórica continha história. Essas quatro artes quantitativas eram conhecidas como o quadrivium (os quatro caminhos, as quatro vias), e essas sete artes juntas ficaram conhecidas como artes liberales, ou as sete artes liberais. Pode-se supor que uma universidade formada por “artes liberais” dê ênfase a essas sete disciplinas (mas não tenha tanta certeza disso). Essas artes liberais foram forjadas para serem as artes (ou habilidades) do homem livre ou as artes que providenciariam a “liberdade” àqueles que as estudassem. Após a formalização dessas sete artes liberais na Idade Média, uma nova sequência (passível de certa variação!) de estudos se desenvolveu. As três primeiras artes (o trivium) eram estudadas primeiro (embora a retórica fosse normalmente estudada por último e por