Brasilturis Ed. 820 - Janeiro

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ENTREVISTA

AVIAÇÃO

FEIRAS E EVENTOS

Alejandro Peláez, diretor da ProColombia no Brasil, explica como a atividade turística mudou a percepção dos viajantes sobre o país

Confira as principais rotas que estreiam em 2019 para ligar destinos brasileiros e levar viajantes do País para o mundo

Fique por dentro dos encontros mais importantes para o trade em termos de networking, negócios e conhecimento

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3 8 A N O S | A PA I X O N A D O S P O R C O M PA R T I L H A R R$ 18,90 |

ANO 38

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Nº 820

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JANEIRO 2019

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brasilturisjornal

MAR ABERTO Conheça o interior do MSC Seaview, o maior navio da temporada, e veja quem participou da festa de estreia em Santos (SP)

ENERGIA DO GUARANÁ Região de Maués, no Amazonas, tem potencial para o turismo de base comunitária. Comunidade indígena Sateré-Mawés se prepara para receber visitantes do Brasil e exterior Pág. 14

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Panamá Praias, compras e passeios históricos revelam oportunidades para o turismo de lazer

Rede Bahia Principe destaca sete hotéis em Punta Cana, na República Domincana Rebranding trouxe nova marca para o Mavsa Resort, no interior paulista Pág. 18 a 20

Divulgação Autoridad de Turismo de Panamá

Hotelaria

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EDITORIAL

Camila Lucchesi Editora-chefe

Do micro ao macro

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is que chegamos a janeiro de 2019. O que vem por aí, todos nós sabemos: um novo capítulo na eterna novela do convencimento. O trade deve seguir unido para mostrar a importância dessa indústria, lutando por verbas que garantam o desenvolvimento, articulação com outras pastas e – mais do que tudo – pela regulamentação adequada. Mas é preciso sair do clichê, da repetição de frases feitas e termos que já estamos cansados de ouvir sair da boca de políticos. Ninguém sabe melhor do que nós, profissionais do turismo, o potencial do País para se desenvolver por meio dessa atividade. Conhecemos os entraves de cor, o que precisamos é de apoio para tirar os planos do discurso e trazê-los para a prática. Entre os muitos exemplos de destinos que venceram pelo turismo, a Colômbia talvez seja o que mais se assemelha ao Brasil. Temos a mesma cultura latina e ambos, em maior ou menor proporção, têm a imagem associada à violência para uma parcela considerável de pessoas pelo planeta. A ascensão dos destinos colombianos e sua inserção nos planos de viajantes do mundo todo é notória e vem como resultado de anos de trabalho que, pouco a pouco, estão mudando a percepção do mundo sobre o país. Planejamento para a formatação de produtos, continuidade nos programas e políticas públicas e interação assertiva com os canais de venda e divulgação são chaves na estratégia do país que recebe um número de turistas internacionais semelhante ao que temos hoje no Brasil – com território cerca de oito vezes menor. As estatísticas de 2018 ainda não foram fechadas, mas o país está muito próximo de chegar aos seis milhões de visitantes – enquanto o Brasil segue patinando em 6,6 milhões. Com território cerca de oito vezes maior, o Brasil precisa também se apoiar na comercialização de produtos que destacam seu diferencial – não deixando de lado a tríade planejamento-continuidade-divulgação. E aí entram na conta também os pequenos negócios e iniciativas capazes de mostrar ao mundo que somos, sim, incomparáveis. Destinos que ressaltam a essência do País e de seu povo. Nesta edição, que chega agora às suas mãos, você pode conferir uma dessas possibilidades. Depois de anos de discussões internas, a comunidade indígena dos Sateré-Mawés, povo que vive em uma cidade ribeirinha a 250 quilômetros de Manaus (AM) e que decidiu abrir seu território para os turistas. O Brasilturis foi convidado para participar, junto a operadores, de uma imersão aos costumes da região, temperado com o sabor do típico guaraná amazônico. Com planejamento e trabalho bem feito dá para chegar longe. O exemplo do país andino está aí para nos mostrar que a missão está longe de ser impossível. Que uma pequena ação bem coordenada – e, repito, contínua - pode trazer resultados surpreendentes. Partindo do micro, é possível transformar o macro. Que o ano seja repleto de notícias positivas e descobertas para todos nós! www.brasilturis.com.br | Brasilturis

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ENTREVISTA

Alejandro Peláez Diretor da ProColombia no Brasil

POR CAMILA LUCCHESI

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rogas, violência urbana e conflitos armados. Entre as décadas de 1970 e 1990, esse era o cenário comum na Colômbia, país que se desenvolvia à sombra do narcotráfico. Nesse cenário, o turismo de lazer era incipiente – inclusive para os próprios colombianos. Com a resolução de boa parte dos fatores que traziam instabilidade ao país, no início dos anos 2000, a Colômbia começou a ser inserida no mapa do turismo mundial. “Foi um trabalho de muitos anos para mudar a imagem do país e mostrar nossa verdadeira essência”, resumiu Alejandro Peláez, diretor da ProColômbia no Brasil. A oferta de atrativos naturais e culturais, aliada à estabilidade conquistada nos últimos anos e ao planejamento estratégico, gerou reflexos para o turismo. Somente em 2003, a Colômbia recebeu 500 mil turistas estrangeiros. Em 2014, o número chegou a 4,2 milhões de viajantes internacionais e, em 2018, deve fechar próximo dos 6 milhões. Os índices seguem em ascensão também entre os brasileiros que vêm registrando uma média de crescimento de dois dígitos nos últimos cinco anos. Em entrevista ao Brasilturis, Peláez explicou as estratégias do país para seguir nesse ritmo de crescimento e falou sobre os planos para o mercado brasileiro em 2019. Catalina Galvis, assessora de turismo da ProColombia no Brasil, participou da conversa e pontuou algumas ações específicas para o trade. Como a Colômbia começou esse trabalho de reconstrução de imagem voltada à atração de turistas? Álvaro Uribe, nosso presidente em 2006, percebeu a inserção do destino Colômbia nos planos de viagens. A imagem ainda era de um país perigoso, mas a ideia era transformar essa percepção por meio de nossos muitos atrativos turísticos. Ele, então, modificou a estrutura interna da 4

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Turismo como instrumento para a mudança ProColombia [chamada de Proexport até 2014, por cuidar também de investimentos e comércio exterior] e criou uma vice-presidência de turismo voltada exclusivamente para estudos e promoção. Qual foi a primeira ação? Foi criada uma campanha publicitária para América Latina e América do Norte que acabou fazendo muito sucesso. O slogan era: “Colômbia – O perigo é você querer ficar”. Investimos muito nessa campanha e ela surtiu resultados. Técnicos identificaram a necessidade de comunicação com os canais de venda e não somente com o público final. Iniciamos rodadas de capacitações com operadores e percebemos que era preciso estruturar produtos. Investimos de dois a três anos para conceituar os destinos e formatar pacotes. Percebemos, com o passar dos anos, que o desenvolvimento da atividade turística ajudou a melhorar as condições de segurança e infraestrutura do país. Ainda não temos os números de 2018 fechados, mas estamos chegando aos seis milhões de turistas internacionais. Como ocorreu essa virada na estrutura? Em 2003, o país criou uma política de isenção de impostos de 30 anos para aprimorar a infraestrutura hoteleira. Hoje, as principais cadeias investem na Colômbia, o que torna nossa oferta diversificada e atrativa. Esse fator foi primordial para o aumento no número de turistas, o que resultou no aumento de frequências aéreas. Esse tipo de ligação é essencial para alavancar o desenvolvimento de um destino turístico. E a promoção no Brasil? Quando começou? Em 2008, iniciamos capacitações com o trade brasileiro. Ciente do potencial de consumo do viajante, em 2012, decidimos abrir um escritório em São Paulo e seguimos com o objetivo de comunicar nossos destinos com produtos robustos e fortalecer as relações com o mercado. Também nos apoiamos na tecnologia das novas mídias e na promoção de famtrips, como a que realizamos anualmente para a Anato - a maior feira de turismo colombiana.

Como será neste ano? [Catalina] Temos uma estratégia de levar um número maior de operadores brasileiros para o evento a cada ano. Em 2019, vamos convidar 20 profissionais para o evento, que acontece entre o fim de fevereiro e o início de março. E ele tem um formato diferente, voltado aos negócios. O espaço onde acontecem as reuniões é separado do pavilhão de exposições. Esperamos mais de 600 compradores internacionais na edição de 2019. Hoje o país conta com quantas ligações para destinos colombianos? [Catalina] Em 2007, eram três frequências semanais entre Brasil e Colômbia. Hoje são 42 ligações por semana. Como isso influenciou no aumento de brasileiros no país? Mantivemos uma média de crescimento de dois dígitos nos últimos cinco anos de interação Brasil – Colômbia. O Brasil é o segundo país em termos de emissão, atrás apenas dos Estados Unidos. O turista brasileiro é muito estratégico para nós, pois tem o maior gasto entre os viajantes latino-americanos. Nesse quesito, ele se encanta, pois nos convertemos em um destino de compras variado, que vai de confecções a equipamentos tecnológicos sem impostos. [Catalina] Até setembro de 2018, 150 mil turistas brasileiros desembarcaram no país, o que significa crescimento de 1,2% na comparação com 2017. Não é novidade que o ano passado foi difícil por questões cambiais, que levaram a uma estagnação no consumo. Estamos otimistas e vamos retomar o crescimento de dois dígitos em 2019. Quais são os destinos mais procurados pelos brasileiros atualmente? Em 2012, Cartagena se destacou no Brasil. O destino segue entre os preferidos, mas constatamos que a capital, Bogotá, está sendo cada vez mais procurada e não apenas como destino de chegada, mas para estadas de um a dois dias. Outra cidade que vem crescendo é Medellín, destino que costumo dizer que tem um efeito “uau” nos visitantes. Por fim,

há a região cafeeira que mostra a paisagem, as peculiaridades de cultivo do famoso café colombiano, e como essa cultura influencia na vida da região. Há outros destinos despontando após o lançamento da campanha “Terra da Sabrosura”. Também queremos promover cidades que eram dominadas pelas guerrilhas e hoje estão sendo descobertas pelo próprio colombiano, como Caño Cristales, no meio da selva. Qual é o foco dessa nova campanha publicitária? Ela é resultado de uma enquete feita com turistas de diversos países. O resultado mostrou que o viajante associa a Colômbia à música e à festa. O que é natural, já que existem 12 mil ritmos próprios no país. Em espanhol, a palavra “sabrosura” extrapola o conceito de sabor e se estende para alguém que é muito musical. A campanha também é focada em natureza e gastronomia, e terá surpresas para este ano. O que você pode adiantar de novidades? Seguimos na identificação de operadores, que desejam trabalhar nossos destinos, e na busca por parcerias com empresas aéreas, para incrementar a conectividade. Participamos, em novembro, do Festuris para nos aproximar do mercado do Sul, que tem potencial para negócios. Neste ano, vamos participar da WTM Latin America e faremos diversos treinamentos pelo País com o apoio de parceiros. Seguimos investindo em nichos, como o LGBT, e criando famtours especializados, para ajudar a fomentar os negócios de operadoras que trabalham esse segmento que é muito forte na Colômbia. O país ainda tem muito a oferecer.

Catalina Galvis e Alejandro Peláez


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AVIAÇÃO

Novos ares

Londres

Confira as novidades, em termos de rotas aéreas, que ligarão destinos brasileiros e levarão os viajantes do País para o mundo POR JANIZE COLAÇO

A

aviação brasileira tem retomado o fôlego de outrora. Somente nos dez primeiros meses de 2018, as companhias nacionais transportaram seis milhões de passageiros. O número, que foi divulgado pela Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear), revela que o setor contabilizou uma alta de 4,95% na oferta de voos na comparação com o mesmo período de 2017. Não muito distante disso, a demanda cresceu 4,39%. Em relação às empresas associadas, a Abear destaca que o share nacional entre janeiro e outubro foi liderado por Gol (35,62%), seguido por Latam (32,01%), Azul (18,72%) e Avianca Brasil (13,65%). E, após o fechamento de um bom ano, a expectativa do setor é que 2019 possa trazer resultados tão positivos quanto – ou mesmo superar o ano anterior. Contudo, para além do ímpeto de retomada econômica, as companhias aéreas têm uma nova tarefa. Não basta apenas suprir as necessidades dos passageiros, é preciso prospectá-las sempre que possível. Sobre o fomento a novos mercados, o Brasilturis Jornal reuniu os principais voos domésticos e internacionais confirmados para decolar em 2019. AZUL Só no primeiro trimestre do próximo ano, a companhia tem confirmadas cinco novas operações 6

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domésticas. Toledo e Pato Branco são dois destinos paranaenses que têm rotas confirmadas a partir da capital do estado, Curitiba. Na primeira cidade, a partir do dia 9 de janeiro, as operações serão realizadas às quartas-feiras. Já na segunda, com início no dia 10 de janeiro, os voos acontecerão às quintasfeiras. Para o mês de fevereiro, a aérea programou quatro novas rotas. A companhia vai voar de Vitória (ES) para Recife (PE), diariamente, de Linhares (ES) para Belo Horizonte (MG), cinco vezes por semana, e da capital mineira para Campo Grande (MS), diariamente. As operações iniciam no dia 4 de fevereiro. Já no dia 19 do mesmo mês, a Azul ofertará três frequências semanais para Aracati (CE) a partir de Recife. Na mesma operação, ele fará escala em Mossoró (RN) em um dos trechos (ida ou volta). Em relação aos destinos internacionais, a companhia revelou duas operações para o primeiro semestre. No dia 11 de janeiro, a companhia dará início às operações diárias entre Campinas (SP) a Buenos Aires, na Argentina. Ainda com origem na cidade paulista, a partir de 03 de junho de 2019, a Azul desembarcará na cidade do Porto, em Portugal, com três frequências semanais de ida e volta. LATAM Outra companhia que está com planos audaciosos para o próximo


Santiago

Porto

ano é a Latam. Sem garantia de novas operações domésticas, a aérea tem confirmadas três operações internacionais, além de rota ainda sem data confirmada. No primeiro mês do ano, a companhia irá operar um voo entre Porto Alegre (RS) e Santiago, no Chile. A rota será realizada três vezes por semana. Em seguida, a Latam irá antecipar em dois meses o início da operação diária de São Paulo (SP) a Joanesburgo, na África do Sul, que, atualmente, vem sendo operada cinco vezes por semana. Ainda no primeiro semestre, o voo para Munique terá início a partir do dia 25 de junho. Serão quatro voos semanais (segundas, terças quintas e sábados), a bordo do Boeing 767-300, com capacidade para 191 passageiros em classe Economy e 30 em Premium Business. Por fim, sem data confirmada, está o voo para as Ilhas Falkland (Ilhas Malvinas). A operação já foi aprovada pelas autoridades locais, e ligará Guarulhos à Stanley, capital do arquipélago. Além disso, é possível que o voo da terceira semana de cada mês faça uma escala em Córdoba, na Argentina. A informação ainda não foi oficialmente confirmada. GOL Com planos audaciosos de lançar um novo destino por semestre, a Gol confirmou para junho a operação direta entre Brasília (DF) e Cancún (México). Serão quatro voos semanais, todos realizados em novas aeronaves Boeing 737

Max 8, com capacidade para 186 passageiros. Outra operação que deverá ser inaugurada é entre Recife (PE) e Santiago, no Chile. Inicialmente previsto para inaugurar em novembro deste ano, o voo foi adiado para 2019 e ainda não tem data confirmada. A ligação entre São Paulo e Bonito (MS), anunciada por Bruno Wendling, diretor-presidente da Fundação de Turismo de Mato Grosso do Sul, será realizada duas vezes por semana, com data a ser definida. AVIANCA Até o momento, a Avianca Brasil não possui nenhuma operação confirmada. Vale destacar que, recentemente, a companhia ganhou repercussão nacional ao entrar com pedido de recuperação judicial. Segundo o documento encaminhado à 1ª Vara Empresarial de São Paulo, o acordo visa evitar a devolução de 11 aeronaves. Apesar disso, segundo a companhia, as operações não foram afetadas. OUTRAS NOVIDADES A Norwegian Air, companhia aérea de baixo custo, vai fazer seu primeiro voo para o Brasil a partir de 31 de março de 2019. A rota entre o aeroporto de Gatwick, em Londres, no Reino Unido para o Rio de Janeiro (RJ) terá quatro frequências semanais. Em abril, a Air Europa inicia a ligação entre Fortaleza (CE) e Madri, na Espanha, que decolará duas vezes por semana. www.brasilturis.com.br | Brasilturis

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MARKETING

Podcast: vale a pena investir? em torno de seus comunicadores. Mais do que imagens, as ideias é que valem. A interação tampouco segue a mesma lógiCEO da Promonde, formado em ca das outras mídias sociais, o que dimiadministração e pós-graduado em comunicação nui a presença de haters, mas também de ricardo@promonde.com.br audiência desqualificada. O The New York Times e a Folha de São Paulo, além da revista Piauí, criaram uma e você estiver malhando na acade- estratégia sólida e de longo prazo para o mia e revezar um aparelho de mus- podcast. Isso aponta um caminho para o culação com um homem entre 19 e futuro das mídias. Mais do que notícias, 26 anos com um headphone, existe 14% os canais apostam em debates, conversas de chances de ele estar ouvindo um po- e até cursos. Algumas escolas de idiomas, dcast. Já 18% dos homens, no horário de por exemplo, têm usado a plataforma rush, em São Paulo ou Rio de Janeiro, no para vender seus produtos. É bem verdade que o Instagram segue metrô ou sozinhos em um carro estarão acompanhando discussões acaloradas como a rede social que mais impacto causobre futebol ou se divertindo com humo- sa nas vendas de destinos e serviços turísticos. Mas, como já dissemos em outras ristas presentes no Spotify ou Deezer. Bem menos conhecidos quando com- edições, não basta ser omnichannel em parados a youtubers e instagrammers, os vendas, é preciso ser também multiplatapodcasters vêm ganhando mais peso no forma em comunicação. Principalmente universo da comunicação. Se nos Estados quando falamos em nichos. Por conta de um cliente que vende um Unidos, 25% dos americanos assinam canais que variam de esportes a política, no serviço turístico para amantes de futebol Brasil o público consumidor ainda é pe- americano, fiz uma grande pesquisa para queno, porém, com alto poder de compra entender como pensam e consomem os podcasters. Os potenciais clientes entene influência. Recente pesquisa realizada com 22.993 dem tudo de Super Bowl e acompanham pessoas e promovida pelo Café Brasil e todas as novidades sobre a NFL. CertaRadiofobia, em parceria com a rádio CBN, mente são pessoas mais impactadas pelo descobriu que 84% da audiência é mas- podcast que pelo Instagram ou Facebook. A triste constatação, no entanto, é que culina, 67% tem entre 23 e 29 anos, 70% pertence às classes A e B e 54% possui gra- existem pouquíssimos canais dedicados ao turismo. Desse modo, é possível invesduação. A audiência é assídua e o tempo médio tir em canais que falam de gastronomia, de consumo de conteúdo é de 2h52 por esportes, história para vender destinos dia, geralmente no deslocamento entre ou eventos, mas nenhum com relevância casa, trabalho e faculdade, praticando para falar de viagens. Há ainda que se pensar sobre os defiexercícios na academia ou realizando tarefas domésticas. Mais da metade (51%) cientes visuais, que têm no podcast a meda amostra ouve seu canal preferido entre lhor rede social. Uma parcela de mercado 3 e 7 dias por semana. Para 88% entre- que os empresários do turismo ainda não vistados, o podcast é excelente forma de sabem como lidar. Este é o momento ideal para que os entretenimento, enquanto 81% assegura aprender coisas novas nos canais que profissionais de branded content da nosseguem. Um número impressionante de sa indústria reflitam como será a presença pessoas - 79% - usa a ferramenta para se nessa plataforma. Ela ainda é muito barata porque, embora antiga, seu crescimanter informado. Seis em cada dez ouvintes já compra- mento ainda é lento e orgânico, como foi ram produtos ou serviços anunciados nos explicado. A relevância, entretanto, é alta, programas. E aí é que se tem a chave para assim como o engajamento com as marcompreender o crescimento lento, porém cas presentes. Neste ano de 2019, vale a orgânico, sustentável e forte do podcast pena começar a investir e promover testes no Brasil. Diferentemente de outras mí- no universo podcaster e experiências para dias, o conteúdo produzido nos canais compreender que formato é melhor para não é viralizado porque exige postura ati- seu negócio. Ser fã de um canal hoje é como ser fã va e mais reflexiva. Os canais são muito consistentes com de um time. Se sua empresa consegue ensuas propostas editoriais e seus assinan- xergar potencial no podcast, certamente tes formam comunidades muito unidas não vai para a segunda divisão.

Ricardo Hida

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TURISMO SEM CENSURA

Por que o turismo brasileiro come mosca?

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Travel+Leisure não é uma revista qualquer. É uma das três que escrevem sobre as viagens mais prestigiosas do planeta. Os seus quase 5 milhões de leitores se aconselham mensalmente em suas páginas sobre destinos para férias ou lazer. Como ocorre todo ano, a publicação divulgou uma pesquisa com jornalistas e profissionais de viagens sobre os 50 melhores lugares para viajar em 2019. As respostas foram diversificadas. Foram recomendados desde destinos badalados como Nova Iorque, aos quase desconhecidos, como ilhas Andaman, na Índia. Estão lá países como Chile, Austrália, Malásia, Quênia, Panamá, Porto Rico, Turquia, Egito, México, Estados Unidos, China, Emirados Árabes e Hungria, entre outros. Pois bem: ninguém citou o Brasil. Foi uma injustiça com nosso País, mas não um fato isolado. O que será que acontece com o nosso turismo, que há décadas patina no ridículo patamar de 6 milhões de visitantes estrangeiros por ano, a grande maioria (sem deméritos) argentinos? Isto representa insignificantes 0,005% do movimento global, que, em 2017, ultrapassou 1,3 bilhão por ano. Atraímos pouco mais que o número de visitantes do Camboja, que ainda se recupera de devastador genocídio ocorrido há poucos anos. O que não falta por aqui é uma esplêndida geografia. O Brasil dispõe de uma cultura na qual prevalece a alegria, simpatia e generosidade de um povo que já nasceu hospitaleiro. Mas, quando o assunto é turismo, nada disso parece influenciar. Levamos surra de países principiantes no ramo. De ilhotas difíceis de localizar, como as Granadinas, no Caribe, a desertos da Namíbia, na África, todos parecem gerir melhor a fórmula do sucesso que os brasileiros. É simplista explicar esta disfuncionalidade apenas pela manjada trilogia da reclamação contra governos: falta de infraestrutura, financiamento e políticas públicas. É mais fácil colocar a culpa da situação só na crônica distopia dos governos. Dos vários outros fatores que pesam, destacamos um pouco discutido. É que boa parte da responsabilidade do problema é nossa: cidadãos, empresários e imprensa. A soma do corporativismo com aceitação das coisas como são

FABIO STEINBERG Jornalista e administrador, trabalhou como executivo e consultor de comunicação em grandes empresas como IBM, Rede Globo e AT&T. Edita o site Turismo Sem Censura (www.turismosemcensura.com.br) e é autor de três livros. fabio@steinberg.com.br

concretou um círculo nocivo que sufoca o turismo brasileiro. Basta olhar em volta. Uma manta artificial protege um sistema fechado que prestigia a má gestão e impede inovações - e renovações - do setor. Cultua-se uma dança das cadeiras, onde as pessoas de sempre trocam de posição entre si, dentro de empresas e associações de classe. Isto faz prevalecer o lema “é preciso mudar para as coisas ficarem como estão”. Com reduzida capacidade crítica e miopia diante da evolução tecnológica e marcha do tempo, pseudolíderes preferem se autopremiar e confraternizar em bocas-livres e famtours, numa ação entre amigos. Vivem, assim, uma falsa utopia. Avessos ao risco, eles são os primeiros a reclamar da baixa participação do Estado quando se trata de investimentos e de sua presença ostensiva toda vez que os negócios se tornam lucrativos. Como camaleões atrás da sobrevivência, vários segmentos do turismo se ajustam ao mercado. Diante do perigo de prejuízo, invertem os sinais: ao invés de importar estrangeiros, passam a exportar brasileiros para o exterior. Azar dos hotéis, que não têm como transferir suas estruturas físicas para outro lugar. Para piorar, há uma imprensa que abre mão de sua função de vigiar e informar sobre a realidade. Parece que está com os apitos de alerta entupidos e os olhos censurados por regalias e comerciais. Com isto, por exemplo, mostrou-se incapaz de reportar com a devida antecedência o gigantesco rombo financeiro que corroeu a Avianca. Ou ignorou os sinais da visível decadência dos hotéis Othon. Ou deixou de denunciar que o modelo brasileiro de turismo atual faliu, e precisa ser revisto com urgência. É certo que palavras duras incomodam. E que é bem mais fácil criticar do que fazer. Mas calma lá: não adianta consertar a realidade jogando pedras contra os espelhos. www.brasilturis.com.br | Brasilturis

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ARTIGO

David Leslie Autor do livro “Turismo para Leigos e Curiosos”. leslie@cbsmarketing.com.br

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urismo é uma palavra mágica, usada, pronunciada, aplicada e discutida por milhões de seres humanos nos quatro cantos do mundo e, mesmo assim, não parece, ainda, ter encontrado seu significado global e definitivo. E, muito provavelmente, dificilmente encontrará este significado pela simples razão de que todas as definições, sugeridas até hoje, não são nem certas, nem tampouco erra-

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Turismo... O que é o que é? das - todas dependerão de um ponto de vista. Milhões de pessoas falam de turismo em todas as línguas, cada qual vendo ou sentindo o fenômeno do seu jeito, naquela hora, e de outro jeito em distinta ocasião. Todos sabem o que querem dizer e, ao mesmo tempo, sem saber como explicar as diferentes facetas deste simples vocábulo. Para chegar ao seu significado, muitos se preocuparam em saber qual a origem da palavra para, depois, de forma um tanto obstinada, tentar construir uma ponte entre esta origem e o sentido contemporâneo da mesma. No início do século 19, turismo se referia à pratica do “touring”; de viajar por prazer - a definição era utilizada, geralmente, de forma depreciativa. Turista, por sua vez, era aquele que efetua um “tour” por motivos de re-

creação; quem viaja por prazer, lazer ou cultura, visitando um número de lugares por seus objetos de interesse, por seus cenários ou por outros motivos. Muitos acreditam que a palavra “tour” precede o inglês do século 18 como galicismo do francês “tour” (torre). O pensador Arthur Haulot apresentou a possibilidade de uma origem hebraica quando menciona a própria Bíblia (Números, capítulo 13, versículo 17) que conta a atuação de Moisés quando este envia um grupo de representantes ao país de Canaã para uma “visita”, a fim de receber, posteriormente, informações sobre as condições topográficas, demográficas e agrícolas da região. “Tur” é hebraico antigo (e já não existe no hebraico moderno) e correspondia ao conceito de “viagem de descoberta, reconhecimento e/ou exploração”. Outros pesquisaram o termo “tornus” (em latim) que poderia dar a conotação de “giro” ou, talvez, de uma viagem “circular” (de volta ao ponto de origem), possibilitando a raiz do verbo “tornare” (tornear ou “girar”). Segundo o Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa, a palavra turismo é uma adaptação do inglês “tourism”, através do francês “tourisme”. O verbete teria sido introduzido na língua portuguesa apenas no século 20. Sua definição oficial, de acordo com o dicionário Aurélio, nos diz que o termo se refere a “uma viagem ou excursão, feita por prazer, a locais que despertem interesse ou, até, ao conjunto de serviços necessários para atrair àqueles que fazem turismo (e dispensarlhes atendimento por meio de provisão de itinerários, guias, acomodações, transporte, etc.) como, também, o próprio movimento de turistas”. Análises complementares vão além da raiz etimológica e das definições acima expostas verificando que, mais do que um excepcional vocábulo, turismo expressa uma centena de conceitos que se entrelaçam e se cruzam para se reencontrarem num ponto especifico à conjuntura da referência desejada.

Existem conceitos ainda não estabelecidos. Para muitos, turismo é também “viajar” entre novas culturas, costumes, povos, pensamentos, etc. “Viajar para a Grécia”, por exemplo, poderia se constituir no ato de saborear um prato de “moussaka”, apreciando um delicioso “ouzo”, vibrar com o som do “bouzouki” e dançar como no filme “Zorba”. Tudo isso no restaurante típico em frente de nossa própria casa. Nem todos se preocupam em enquadrar o fenômeno dentro de padrões econômicos ou mesmo na necessária deslocação física do núcleo de residência para outro. Há, ainda, indivíduos que partem para o absurdo, afirmando: Lendo Pearl Buck, posso “viajar” e me “deslocar” até os mais remotos cantos da China e “viver”, “passear”, “ver”, “conhecer” seus encantos, sua gente, sua terra, seus costumes, suas tradições, etc. O fator econômico seria, neste caso, totalmente esquecido mas o turismo estaria presente através deste particular ponto de vista. Talvez seja melhor entender o conceito de “fazer turismo” como a visitação a um núcleo, sem permanecer para residir neste último, não importando os motivos e/ou as razões desta mesma visita. Turista corresponderia, assim, à denominação da pessoa que pratica turismo e/ou que conjuga, de fato e de direito, o verbo “turistar” (que já existe como gíria, mas ainda não é parte formal de nosso rico vocabulário). Em tempo, lembro que o sufixo “tour” (de “tourism” em inglês) possui a conotação de circuito/roteiro turístico (de duração variável) que pode ser adequado (numa lista praticamente interminável) de acordo às suas características ou qualificações: city tour, familiarization tour (o famoso famtour), walking tour, shopping tour e wine tasting tour, apenas para citar alguns. Devem ser mencionados também os Tour Operators (operadores de turismo que coordenam todas as atividades necessárias e que dão vida à realização de circuitos e/ou roteiros turísticos), os Tour Guides (guias de turismo), entre outros. E, para não terminar, eu perguntaria: Não seria o turismo a própria vida em si? Afinal, viemos do “alémda-vida” devendo para lá regressar, passeando por esta vida como autênticos turistas, visitando a existência, conhecendo e apreciando a própria consciência.


Barreiras ao crescimento

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esde o inicio do mês temos um novo Presidente da República, novos integrantes do primeiro escalão do governo, muitas promessas de disrupturas, com alguns escorregões aqui e ali durante a transição. Inicialmente, o numero de ministérios seria reduzido a 15. Ao final do período de transição, ficou em 22. Foi muita ingenuidade de quem acreditou que essa mudança poderia ser levada a efeito diante das amarrações existentes no atual sistema de governo republicano. Afinal, os cargos ainda são moedas de troca! Dentro de nossa área, o grande impasse foi a extinção ou não da pasta, como ministério. Muitas autoridades se posicionaram diante da necessidade de diminuição do tamanho do Estado, e até pela ineficácia nas conquistas, que ainda são muito modestas. Talvez uma secretaria, atrelada a outra pasta com mais robustez e verbas, seria uma alternativa mais efetiva para um salto qualitativo, que levasse o Brasil, por exemplo, a sair do tímido número de visitantes estrangeiros que não consegue ultrapassar a barreira dos 6.6 milhões! Sim, talvez fosse necessário que o turismo ficasse atrelado a uma pasta dotada de mais verbas e poder de decisão e articulação política para sua interação real com outras áreas econômicas e fluidez dos gargalos que tanto atrapalham as atividades que essa indústria engloba. Esse, do meu ponto de vista, é o maior impeditivo para nosso setor: o isolamento enquanto atividade econômica. Para o turismo avançar, uma série de medidas deverão ser implementadas pelo setor público para que o privado tenha condições mínimas de se desenvolver por igual. O avanço passa necessariamente pela segurança jurídica, que começa pela revisão, modernização e abrangência da Lei Geral do Turismo, em todas as suas áreas de regulação, inclusive questões tributárias, trabalhistas (mais flexibilização para algumas áreas específicas, como hotelaria de lazer e eventos) e infraestrutura pública, entre outros. O maior problema é a falta de conhecimento e de interesse de outros setores da economia sobre a necessidade da conexão de pautas tributárias, por exemplo, com a atividade turística. Assim como o entendimento que a indústria tem uma dinâmica própria e necessita de um olhar específico para as implicações trabalhis-

tas, não podendo ficar refém de uma lei geral que não identifica e nem compreende como funciona nosso complexo setor. A falta de regulação ou até a regulação sem o conhecimento total continuará atravancando a agenda de crescimento do turismo, mantendo as incertezas e perpetuando a sensação de insegurança jurídica sobre muitos temas que formam a

DIREITO João Bueno Advogado especialista em associações e consultor jurídico para empresas de turismo e hotelaria. Membro da Comissão de Direito Aplicado à Hotelaria e Turismo da OAB-SP joaobueno@buenonetoadvocacia.com.br

sustentação da atividade. Não adiantará nada que o turismo mantenha o status de ministério, mas continue à margem dos outros setores da economia, sem poder de convencimento, articulação e integração política. O trade turístico demonstrou

união em diversos momentos ao longo dos últimos anos, mas, ainda temos um longo caminho a percorrer que possibilite o reconhecimento para o jargão: “O turismo é a mola propulsora para o desenvolvimento do Brasil”.

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FEIRAS E EVENTOS

Montando os estandes Confira as principais feiras nacionais e internacionais para o trade em 2019 POR FELIPE LIMA

D

e acordo com os dados publicados pelo Ministério do Turismo em 2018, o setor de feiras e eventos injetou cerca de US$ 163 bilhões em 2017, o equivalente a 7,9% do Produto Interno Bruto (PIB) e um acréscimo de 7% frente ao que foi registrado no ano de 2016.

Estes números são resultados de contínuas ações e iniciativas, realizadas e possibilitadas por feiras e eventos, que oferecem networking e incentivam novos negócios e acordos. Já está por dentro das principais feiras que englobarão o mercado em 2019? Confira agora!

Espaço Brasilturis durante a WTM Latin America 2018

AGENDA 2019

JAN

8 a 10 – Florida Huddle (Daytona Beach/EUA) 9 – Vakantiebeurs (Utrech/Holanda)

mover encontros de profissionais de turismo do mundo todo, colocando os mercados e os destinos, além de clientes e fornecedores, em uma relação tênue. Em 2018, o evento obteve recorde de participação, com a presença de mais de dez mil empre-

sas expositoras de 165 países, 140 mil profissionais e 110 visitantes do público em geral.

10 a 12 – BIT (Milão/Itália) todo esse ecossistema, provenien18 a 20 – Aime (Melbourne/Aus- tes da América Latina e dos Estatrália) dos Unidos. A 14ª edição tem como temática o conceito “Designing 25 e 26 – Lacte (São Paulo/SP) your ride” e traz diferentes possiO evento reúne líderes profissio- bilidades de conteúdo, num esnais do trade de viagens corpora- paço em que o participante pode tivas e MICE, bem como clientes e fazer a sua própria trilha, com in-

tegração de ambientes e conteúdo ininterrupto. Uma das novidades para 2019 é a programação especial para Hosted Buyers.

6 a 10 - ITB (Berlim/Alemanha) Considerada uma das maiores do mundo, conta com a participação de mais de 10 mil expositores e 160 mil visitantes durante os três dias. A iniciativa reúne importantes players do setor, incluindo operadores, agentes, redes hoteleiras e companhias aéreas, promovendo, assim, a indústria.

13 a 17 - BTL (Lisboa/Portugal) A feira vem com a proposta de possibilitar novos clientes e apresentar o mercado aos profissionais ligados ao setor, além de novos destinos e soluções ao consumidor final. São cinco dias de evento, sendo os três primeiros voltados exclusivamente aos profissionais e dois

dias para o público geral. Participam cerca de 1.150 expositores, 77 mil visitantes e 40 destinos internacionais.

2 a 4 - WTM Latin America (São Paulo/SP) A ação com foco B2B acontece durante três dias, unindo mais de 600 expositores de 50 países. Os participantes têm a oportunidade de conhecer, realizar networking e fechar novos negócios com expositores de todo o mundo. Em média, são 10 mil visitantes do setor marcando presença, que também poderão aproveitar

para participar de especializações e palestras, se aperfeiçoando e, consequentemente, obtendo melhores resultados em seus negócios. O Brasilturis é a mídia oficial da feira em 2019.

23 a 27 – Fitur (Madri/Espanha) A Feira Internacional de Madri, que comemora sua 39ª edição, visa pro-

FEV

MAR

ABR

12 Brasilturis

Janeiro | 2019

29 a 31 – Caribbean Travel Marketplace (Montego Bay/Jamaica)

27 a 1/3 – Anato (Bogotá/Colômbia)

19 e 20 – Rendez-vous em France (Marselha/França) 25 a 27 – IBTM Arábia (Abu Dhabi/Emirados Árabes Unidos)

do Cabo/África do Sul) 15 a 18 – Tianguis (Acapulco/ México) 19 e 20 – IBTM África (Cidade do Cabo/África do Sul) 24 a 27 – Convenção Internacional da IGLTA (Nova Iorque/ 3 e 4 – WTTM Global Summit EUA) (Sevilha/Espanha) 25 e 26 – Aviesp (Águas de Lin7 a 9 – ILTM África (Cidade do doia/SP) Cabo/África do Sul) 28 e 29 – ILTM Arábia (Dubai/ 10 a 12 – WTM África (Cidade Emirados Árabes Unidos)


MAI

3 e 4 – Salão Paranaense de Turismo (Curitiba/PR) 7 a 9 – Indaba (Durban/África do Sul) 7 a 10 – FIT Cuba (Havana/Cuba) 8 a 10 – Explore GB (Harrogate/Inglaterra) 8 a 10 – Conotel e Equipotel Regional (Goiânia/GO) Durante a iniciativa, o ambiente se torna propício para proprietários e gestores de hotéis, motéis, pousadas, resorts, hostels, flats, acampamentos e outros meios de hospedagem encontrarem soluções para melhor gerir seus negócios, além de realizar acordos comerciais. Também são realizados debates e palestras sobre os setores de turismo e hotelaria, a fim de estimular e desenvolver ambientes de negócios

JUN

AGO SET

OUT

NOV

1 a 5 – IPW (Anahein/EUA) Organizada pela U.S. Travel Association, a IPW é a principal feira internacional do turismo dos EUA, gerando US$ 4,7 bilhões em viagens futuras para o país. É uma vitrine nacional do destino que reúne expositores de todo o território e os conecta a compradores de mais de 70 países para promover seus produtos, negociar

tanto para profissionais quanto às empresas. 13 a 16 – TRENZ (Rotorua/Nova Zelândia) 14 a 17 - ILTM Latin America (São Paulo/SP) O evento convida agentes de viagens de luxo da América Latina para reuniões com fornecedores do mundo todo. A ideia é possibilitar relacionamentos comerciais e pessoais, construindo, assim, novas redes de conexão. São 360 expositores de 65 países e mais de 370 compradores de 39 cidades de 14 países latino-americanos, que geram cerca de 14,5 mil consultas pré-agendadas. 15 a 19 – ITB China (Xangai/China)

contratos futuros e construir relacionamentos. 12 a 14 - Festival das Cataratas (Foz do Iguaçu/PR) Chegando à sua 14ª edição, o Festival das Cataratas promove encontro internacional de negócios entre profissionais do mercado que buscam divulgar destinos, produtos e servi-

21 a 23 – IMEX (Frankfurt/Alemanha) 24 e 25 - BNT Mercosul (Balneário Camboriú/SC) O evento reúne profissionais de turismo para fechamento de novos negócios entre fornecedores e clientes da América do Sul, bem como divulgação de destinos e contatos comerciais. São mais de 350 marcas expositoras, além de business center com rodadas de negócios e capacitações disponíveis para os mais cinco mil profissionais participantes. 27 – Conferência GBTA (São Paulo/SP) 27 a 30 – ILTM Asia Pacific (Singapura) 28 a 31 – Rendez-vous Canadá (Toronto/Canadá) 29 e 30 – IBTM Américas (Cidade do México/México)

ços. Além disso, o evento estimula a produção, capacita profissionais e desenvolve ações que afetem positivamente a cadeia produtiva do setor. O público-alvo da ação são agentes de viagens, operadoras, destinos e atrativos, meios de hospedagens, companhias aéreas e instituições privadas e governamentais, entre outros personagens que englobam o mercado.

2 e 3 – Avirrp (Ribeirão Preto/SP) 14 – Congresso Brasileiro de Ecoturismo e Turismo de Aventura (Ilhabela/SP)

16 - 27 – Conferência GBTA (Rio de Janeiro/RJ)

dação de novos negócios entre empresas de todos os continentes, desenvolvendo cada vez mais toda a cadeia do turismo. Entre os expositores, estão companhias aéreas, operadoras, agências de viagens, companhias marítimas, hotéis, locadoras

de veículos, equipamentos turísticos e fornecedores de soluções para o setor. Em 2018, o evento contou com a presença de mais de 23 mil participantes e 1,1 mil marcas expositoras, além do retorno de alguns representantes do mercado internacional.

5 a 8 - FIT América Latina (Buenos Aires/Argentina) O evento argentino promove encontro de negócios com alguns dos principais representantes do setor turístico e conta com a presença de mais de 90 mil visitantes, incluindo profissionais do setor e público segmentado. A feira

possui rodadas de negócios e treinamentos que visam impulsionar toda a indústria. 18 e 19 - JPA Travel Market (João Pessoa/PB) O evento, que está sendo renomeado, tem como objetivo reunir e promo-

ver a integração do setor de viagens e turismo, bem como oferecer novos produtos ao mercado. A ação é composta por feira, fórum, capacitações e rodadas de negócios. Em sua edição de 2018, contou com a presença de 3,5 mil profissionais de turismo, além de 235 estandes, sendo 60 internacionais.

4 a 6 - WTM LONDON (Londres/Inglaterra)

que ocupará 25 mil metros quadrados do Serra Park, em Gramado, Rio Grande do Sul. A iniciativa reúne tendências do turismo dos mais diversos tipos, como corporativo, luxo, tecnologia, sustentabilidade,

LGBT, gastronomia, cultural e religioso. São cerca de 15 mil participantes, entre profissionais de turismo, estudante e imprensa, além de 65 destinos internacionais e 250 palestras e workshops.

25 a 27 - Abav Expo Internacional de Turismo (São Paulo/SP) O evento de três dias, realizado pela Abav Nacional, possibilita consoli-

7 a 10 - Festuris (Gramado/RS) O evento está entrando em sua 31ª edição,

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CRUZEIROS

Xuxa Meneghel durante a inauguração em Santos (SP)

O maior dos mares no Brasil Após realizar a travessia da Europa rumo ao Brasil, navegará pelos portos do País até abril de 2019 Adrian Ursilli e Gianni Onorato

FOTOS E TEXTO POR LEONARDO NEVES

O

MSC Seaview chegou ao Brasil para a temporada 2018/2019 de cruzeiros. O navio com 323 metros de comprimento e capacidade para acomodar 5,3 mil hóspedes em 11 tipos de cabines diferentes, é o maior cruzeiro a navegar em águas brasileiras até agora, realizando roteiros de 5 a 15 dias, nos principais portos do País, até abril de 2019, quando retorna para a Europa. Após realizar a travessia da Europa rumo ao Brasil, o transatlântico chegou a Salvador (BA) em 2 de dezembro do ano passado. Em seguida, após um dia inteiro em alto mar, atracou no Pier Mauá, no Rio de Janeiro (RJ), onde permaneceu por alguns dias. Finalmente, no dia 6, chegou a Santos (SP), onde foi realizada a festa inaugural do navio, com a presença de 1,5 mil agentes de viagens, autoridades da MSC e da apresentadora e atriz Xuxa Meneghel, madrinha do transatlântico, 14 Brasilturis

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que fez o corte da faixa inaugural. O Seaview deu início à temporada 2018/2019 no litoral paulista, com um minicruzeiro de quatro noites pelo Sul do Brasil, parando em Balneário Camboriú (SC) e Portobelo (SC). Em seguida, o transatlântico rumou para a capital baiana, com uma pausa em Búzios (RJ) e na capital fluminense. “Este é um navio desenhado para o Brasil, perfeito para climas quentes com muita área externa. É uma embarcação como nenhuma outra, equipada com opções de serviço e entretenimento, elevando a experiência a outro nível”, afirmou Gianni Onorato, CEO da MSC. “Investimos no Brasil há mais de 20 anos e queremos seguir trabalhando aqui por muitos outros anos. Esperamos trazer mais navios para a costa brasileira no futuro”, complementou o executivo. “O Seaview é um símbolo do trabalho de todos da MSC e agora terá a cidade

de Santos como casa até o fim da temporada brasileira, em abril. Já temos mais de 60% de participação no mercado brasileiro e, nesta temporada, mais de 60 mil hóspedes passarão pela cidade neste período, gerando impactos econômicos diretos e indiretos”, disse Adrian Ursilli, diretor geral da MSC no Brasil. Ao lado das embarcações Fantasia e Poesia, a empresa estima transportar cerca de 280 mil passageiros (aumento de 13% na oferta) nos roteiros pela costa nacional até abril de 2019, representando 62% do mercado no País. “A maior parte dos cruzeiristas que se hospeda no Seaview são passageiros mais experientes e que já conhecem o produto de cruzeiros. Eles já evoluíram de trajetos de 3 a 4 dias para roteiros mais longos”, afirmou Eduardo Mariani, gerente de marketing da MSC. “O mercado brasileiro é prioridade para a MSC na América do Sul.

Trazemos para o Brasil tudo de melhor que temos hoje, como o próprio Seaview, que tem cerca de seis meses de uso e já irá navegar no País. Além disso, nossos cruzeiros trazem cerca de 40 mil estrangeiros para o território nacional”, apontou o executivo. A passagem do MSC Seaview pelo Rio de Janeiro, antes de atracar em Santos, foi marcada pela reunião da Frente Parlamentar Mista em Defesa do Turismo (Frentur), presidida pelo deputado federal Herculano Passos, reunindo players do trade, além do ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antonio, que fez sua primeira aparição oficial após a nomeação pelo presidente Jair Bolsonaro. POR DENTRO DO MSC SEAVIEW Pela dimensão de corredores, espaços, restaurantes e áreas comuns, navegar a bordo do Seaview


pode ser um pouco confuso. Nos 16 andares acessáveis do navio – os quatro primeiros pisos são exclusivos para a tripulação -, é comum ter de conferir os mapas dos telões distribuídos nos corredores (por onde o hóspede ainda pode reservar um lugar em um dos shows do teatro Odeon) para se guiar e encontrar o que procura. Porém, se perder pelo Seaview pode ser uma boa ideia. Se ater ao trajeto entre a cabine e os espaços mais populares, significa encontrar sempre grande movimento e fluxo de hóspedes. Entretanto, com um pouco mais de tempo e exploração, não é difícil se deparar com espaços com maior privacidade e peculiaridades, como a mesa de bilhar construída especialmente para estabilizar conforme o movimento do navio. As opções de entretenimento são diversas. Pistas de boliche, jogos eletrônicos, um simulador de Fórmula 1, fliperamas, piscinas de água do mar e tirolesa, entre outros. Sem mencionar os diferentes bares, que se transformam em danceterias temáticas todas as noites e estendem a festa até altas horas. Na parte externa, a Ponte dos Suspiros - uma travessia suspensa com chão de vidro no 16º piso rende fotos da ampla vista do mar ou do destino onde o Seaview está atracado. Além disso, os tobogãs, que chegam a fazer trajetos para fora da estrutura do navio, complementam a estrutura de diversão aquática do navio, que conta ainda com espaços kids. O balanço esporádico do navio e as leves sensações de desequilíbrio, sentido principalmente para hóspedes de primeira viagem, é um dos poucos minutos em que de fato se nota estar em alto mar. Nos demais momentos, o entretenimento e as atividades do navio dão conta de entreter os clientes. YACHT CLUB Uma das maiores novidades do Seaview é a presença do serviço Yacht Club com 86 cabines dedicadas (sendo duas presidenciais) em uma área privada na proa, com serviços exclusivos como um mordomo 24 horas, pacote all inclusive de bebidas, concierge, prioridade de embarque, elevadores dedicados e bar exclusivo, entre outros. Os hóspedes do Yacht Club têm acesso exclusivo ao MSC Aurea Spa, com direito a utilização gratuita e ilimitada da área termal. Eles tam-

Proa

Popa

Área externa da proa, com acesso exclusivo aos membros do Yacht Club

Área externa com o toboágua do navio ao fundo

Ponte dos Suspiros

Piscina coberta

bém poderão reservar compras particulares, fora do expediente, nas boutiques a bordo ou, ainda, escolher joias dentro da cabine. Quem estiver hospedado na área exclusiva conta também com excursões personalizadas com direito a guia de turismo e serviço de chofer, e acesso ao Top Sail Lounge, um espaço panorâmico que conta com um bufê de iguarias gourmet, servido ao longo do dia. As cabines exclusivas presentes no MSC Seaview já estão com ocupação de 100% até 2020, consolidando o produto de ultraluxo no mercado brasileiro. “Acreditamos

Piscina externa

muito no potencial de luxo. No ano passado, crescemos 13% na América do Sul e, agora, somado às cabines do MSC Seaview, dobramos a capacidade dos serviços Yacht Club, que deve agradar aos brasileiros por trazer um luxo mais latino e que permite ainda o acesso a todo o navio”, destacou Ignacio Palacios, diretor de vendas da MSC. GASTRONOMIA ESPECIALIZADA Além dos restaurantes de bufê, no 16º piso do Seaview, estão os restaurantes de especialidades,

uma das grandes apostas da MSC para aprimorar a experiência gastronômica a bordo. Dos 11 restaurantes do navio, seis contam com cozinha especializada – e valores pagos à parte. Um desses restaurantes é o Butcher’s Cut, churrascaria em estilo norte-americano, que conta com uma ampla variedade de cortes. No local, a parte frontal da cozinha é aberta, permitindo aos hóspedes assistir à montagem dos pratos. Outra novidade do MSC Seaview nesse quesito é a abertura do primeiro restaurante nos mares de Ramón Freixa, chef espanhol com duas eswww.brasilturis.com.br | Brasilturis 15


CRUZEIROS

Lounge bar The Haven Espaço de piscina infantil

Restaurante Ocean Cay

Restaurante exclusivo do Yacht Club

Seleção de carnes do Butcher’s Cut

Lobby principal

Gelateria e chocolateria Venchi

Simulador de Fórmula 1

Garage Club

Pista de boliche

Teatro Odeon

trelas Michelin. Chamado Ocean Cay, o espaço oferece receitas com peixes e frutos do mar. Por meio de uma parceria com o chef Roy Yamaguchi, o Seaview também proporciona uma experiência da gastronomia pan-asiática no Asian Market Kitchen. Uma das opções é o Teppanyaki, um restaurante com balcões que permitem aos viajantes assistir a um verdadeiro show durante o preparo dos pratos. Outra dica é o Asian Fusion, com cardápio de criações orientais para serem degustadas de frente para o mar. A terceira proposta é o Sushi, com variedade de sushis, sashimis e tempurás. Mas nem só de comida asiática 16 Brasilturis

Janeiro | 2019

vivem as cozinhas do Seaview. O L’Atelier Bistrot, por exemplo, oferece pratos de culinária francesa. No local, os cruzeiristas poderão degustar desde iguarias como escargots e foie gras, ou ainda, tomar um café da manhã em estilo parisiense. “Desde o lançamento do MSC Meraviglia, estamos focando na cozinha especializada. Começamos a investir em diferentes restaurantes de culinárias distintas nos navios, começando pelo Seaview, com seis espaços”, explicou Marcos Brogna, diretor de alimentos e bebidas da MSC. “Cada restaurante tem sua cozinha e equipe dedicadas, produzindo os pratos na hora. Queremos ex-

Show no Odeon

pandir ainda mais as experiências, em uma segunda fase, e continuar trazendo isso ao Brasil, com pequenas adaptações”, concluiu o executivo. Além dos restaurantes, o Seaview conta com espaços Venchi, a sorveteria e chocolateria italiana, que oferece 22 sabores de sorvete e uma experiência na qual os hóspedes podem assistir à fabricação do chocolate e da criação de esculturas com o ingrediente. AINDA MAIOR A MSC irá quase dobrar a frota de navios, acrescentando 13 novas embarcações até 2026, além de

Chef preparando os pratos em frente aos clientes

uma nova categoria de ultraluxo, com quatro embarcações Yacht Club, para até 500 passageiros e partirá em busca de mercados ainda pouco explorados. Ao todo, o investimento estimado é de 13,6 bilhões de euros. “Apesar do nosso avanço nos mercados da América do Sul e do Caribe, para os próximos anos devemos investir também na América do Norte e na Inglaterra, que são mercados consolidados para a atividade, mas onde ainda não temos muita presença”, adiantou Onorato. A partir de 2022, a MSC também deverá introduzir o primeiro dos quatro navios da série World Class, que promete embarcações maiores que o Seaview, com capacidade de transportar quase 7 mil passageiros. Onorato destaca, porém, que o tamanho cada vez maior dos transatlânticos não é a característica mais importante para a empresa. “Não gosto de dizer que nossos navios estão ficando cada vez maiores, mas que estão ficando ainda mais ricos. Estamos incrementando cada vez mais as opções de entretenimento, mais opções de restaurantes, shows, entre outros, trazendo ainda mais experiência para os hóspedes”, concluiu.


O ministro do turismo reunido com membros do trade

Marcelo Álvaro Antônio (Ministro do Turismo) e Vinicius Lummertz (secretário de turismo do estado de São Paulo)

Herculano Passos (Deputado Federal) e a esposa Rita Passos

Adrian Ursilli (MSC)

Marcelo Alvaro Antonio, ao centro, com a equipe do Beto Carrero: Rogério Siqueira, Caroline Beber, Kátia Leães e Roberto Vertemati

Bob Santos (MTur)

Ignacio Palacios (MSC) entre Bia e Branca Feres (nadadoras e apresentadoras)

Waldir Munhoz, Eduardo Mariani, Rafael Sacomani e Vitor Spirandelli (MSC)

Toni Sando (Unedestinos) Guilherme Paulus (GJP) e Giuseppe Galano (comandante do MSC Seaview)

Orlando de Souza (FOHB), Carlos Prado (Abracorp) e Alexandre Gehlen (FOHB/Intercity)

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HOTELARIA

Rede Bahia Principe

Bahia Principe Esmeralda

Luxo e conforto na República Dominicana POR ANA PAULA GARRIDO

O

Grupo turístico espanhol Piñero ocupa posição de liderança internacional no segmento de férias, gerenciando mais de 9 milhões de estadas turísticas por ano em mais de 30 países. São três unidades de negócios: Living Resorts, atividade hoteleira e residencial; Viagens, com as marcas de operador turístico, Soltour, e receptivo, Coming2; além de serviços que agrupam transporte sustentável dentro dos complexos, produção de vídeos e fotos e atividades de lazer. A rede Bahia Principe Hotels & Resorts, divisão hoteleira do Grupo Piñero, tem 26 estabelecimentos concentrados na Espanha (Canárias e Baleares), México (Riviera Maya) e Caribe (Jamaica e República Domi18 Brasilturis

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nicana). Em 2017 a rede respondeu por cerca de 65% do faturamento total do grupo. Os números de 2018 ainda não foram fechados, mas tudo indica que os hotéis mais uma vez serão os principais geradores de recursos. O Brasilturis foi convidado para conhecer os empreendimentos all inclusive do grupo na República Dominicana, um dos destinos preferidos dos brasileiros em férias. Só no país caribenho, a rede administra 14 hotéis com 13.639 unidades de hospedagem, liderança de mercado em número de leitos. O complexo em Punta possui sete resorts, sendo que dois deles - Luxury Bahia Príncipe Ambar e o Grand Bahia Príncipe Aquamarine - passaram por uma completa renovação. Os

outros cinco se dividem em ótimas opções para famílias, como o Luxury Bahia Príncipe Fantasia, o Luxury Bahia Príncipe Esmeralda, o Grand Bahia Príncipe Bávaro, Grand Bahia Príncipe Punta Cana e Grand Bahia Príncipe Turquesa. CONTOS DE FADAS O Luxury Bahia Príncipe Fantasia é um resort pensado para as crianças. Perfeito para famílias com filhos, o hotel foi concebido para tornar a estada da garotada inesquecível, desde a recepção com espaço especial para eles, os amenities nos apartamentos até os buffets dos restaurantes, que oferecem um cardápio especialmente pensado para agradar os pequenos.

O hotel tem castelos que ficam iluminados à noite e oferecem diariamente show de luzes e som que encanta as crianças e remete a contos de fadas. Já o Teen´s Club, equipado com uma academia, teatro, pista de dança e sala de cinema, foi projetado para entreter o público adolescente. O resort oferece atividades direcionadas por grupos de idade com monitores, além de serviço de baby-sitter para as crianças. Para o lazer, o hotel possui duas amplas piscinas, um parque aquático e um SPA. Oferece entretenimento dia e noite com oficinas, brincadeiras, expedições, sessões de cinema, torneios esportivos, etc. Os adultos também são bem-vindos no Spa e nas práticas de esportes aquáticos, como aulas de mergulho


na piscina, snorkeling, caiaque e stand up paddle. Já o Luxury Bahia Príncipe Esmeralda é perfeito para apreciar a beleza natural da República Dominicana. Com vegetação tropical bem preservada e mangues ao lado da propriedade, o hotel possui 570 quartos, duas piscinas, seis restaurantes e três bares, além de SPA e parque aquático infantil. EXCLUSIVO PARA ADULTOS A rede acaba de investir 26 milhões de euros na reforma do 5 estrelas Luxury Bahia Principe Ambar, com 528 apartamentos exclusivos para adultos. A reforma principal valorizou as áreas comuns, modernizou todos os restaurantes e incluiu a construção de 144 novas suítes com o conceito swim up, com acesso direto a uma piscina exclusiva. Além disso, foram criados novos espaços como um moderno Sports Bar, uma academia completa e uma charmosa cafeteria com doces e bolos refinados. Segundo Luisa Salord, diretora comercial corporativa, as mudanças e a aposta em novas ofertas gastronômicas, aliadas a um novo conceito de programa de entretenimento, contribuirão para que os hóspedes desfrutem ao máximo o novo resort, voltado para o público adulto que viaja em casais, com amigos e com a família. Para quem viaja sem crianças e quer se desconectar de tudo, relaxar e aproveitar a praia, outra ótima opção é se hospedar no novíssimo Grand Bahia Príncipe Aquamarine. Mas para quem também precisa de um agito, é bom saber que o programa de entretenimento do hotel inclui atividades durante o dia e eventos temáticos diferenciados à noite, como DJ no Lobby, workshop de drinques, banhos de espuma, shows, “Silence Disco”, onde cada um ouve a própria música, mas dança junto em um mesmo ambiente, festas típicas dominicanas na lua cheia e muito mais. Para os apaixonados por exercícios, atividades esportivas como TRX, CrossFit, aulas de zumba, salsa e merengue e brincadeiras na piscina completam a diversão. Além das inúmeras atividades oferecidas no complexo, – dezenas de restaurantes temáticos e de cozinha internacional, piscinas, academias, bares, cafeteria, Spas, etc. –, os hotéis compartilham do espaço Bahia Príncipe Village, com casinhas coloridas em volta de uma praça, que abriga lojas, feirinha de artesanato, cassino, discoteca, palco para shows e apresentações que

Bahia Principe Ambar

Piscina infantil

Praia de Samaná

Bahia Principe Fantasia

Suíte com piscina do Bahia Principe Ambar

Cayo Levantado

costumam reunir hóspedes no fim da tarde e durante a noite. HOSPEDAGEM DIFERENCIADA Para quem procura um lugar paradisíaco e ainda mais isolado e exclusivo, a rede de hotéis oferece , na lindíssima ilha de Cayo Levantado, o Luxury Bahia Príncipe Cayo Levantado que passou recentemente a receber hóspedes de todas as idades. “Ainda que seja mantido o espírito de tranquilidade, decidimos eliminar a restrição às crianças com base nos comentários de alguns hóspedes e agentes de viagens, que nos revelaram que muitos visitantes gostariam de desfrutar do complexo com suas famílias”, disse Alessandra Savoia, representante comercial do Bahia Príncipe no Brasil.

Com várias piscinas e hidromassagem, seis restaurantes e quatro bares, serviços personalizados e praias privativas, o resort faz parte da categoria Treasure Experience – segundo a recente reclassificação da marca, que destaca os hotéis com muito charme e uma arquitetura única em harmonia com o entorno. Os hóspedes podem desfrutar das belas praias de Samaná, na costa Norte da República Dominicana, tendo o privilégio de se hospedar no único hotel da ilha, fazendo uma travessia em ferry-boat, que parte de um porto privativo da rede. O QUE FAZER EM PUNTA CANA Se as férias pedem mais aventuras, além do conforto dos resorts e das inúmeras programações ofere-

cidas pelos hotéis, é possível programar algumas atividades e explorar um pouco mais das belezas que o destino tem para oferecer. Alugar um veículo 4 x 4, fazer um safari de jipe pela mata, visitar fazendas de cacau, açúcar, tabaco e café, conhecer a ilha dos golfinhos e outras fantásticas com praias privativas, como as maravilhosas Cayo Levantado, Samaná e Saona, são programas obrigatórios para desfrutar desse destino paradisíaco.

Serviço www.bahia-principe.com Viagem realizada a convite do Bahia Principe Hotels & Resorts, com seguro Affinity www.brasilturis.com.br | Brasilturis 19


HOTELARIA

Piscina adulto

Bloco de apartamentos

A piscina infantil é super rasa e segura para os pequenos

Nova marca

Cidade dos Sonhos

Mavsa Resort Convention & Spa Rebranding trouxe nova marca para o empreendimento no interior paulista POR CAMILA LUCCHESI

E

m 15 de dezembro, o Mavsa Resort Convention & Spa reuniu cerca de 100 convidados para apresentar a nova marca do empreendimento que fica em Cesário Lange, a 150 quilômetros da capital paulista. Segundo Adrianne Vasconcellos, diretora executiva do empreendimento, o projeto de transformação foi resultado de dois anos de pesquisas e investimentos. “Escavamos as raízes em busca do propósito, pois acreditamos que a mudança deve manter a essência do local. Observamos clientes, colaboradores e estruturas para entender quem são as pessoas que visitam o resort e do que elas gostam”, pontuou Jaime Troiano, sócio da Troiano Branding, empresa que liderou o projeto. Nesse período de estudo, a equipe encontrou os termos que são as chaves para o sucesso do resort, inaugurado em 2003 como Estância Monte Alegre. Família, acolhimento e conforto combinados em um ambiente lúdico. “Entendemos que o Mavsa nos faz um convite a ver o mundo pelos olhos de uma criança e voltar a ser pequeno faz falta para muita gente”, complementou Troiano. Nilva Meirelles, atual subgerente geral e colaboradora do resort há 15 anos, subiu ao palco para apresentar alguns números. Desde sua fundação, o empreendimento já recebeu 200 mil pessoas – 115 mil adultos e 85 mil crianças – o que faz dele res20 Brasilturis

Janeiro | 2019

ponsável por 20% da economia de Cesário Lange e pela geração de 300 postos de trabalho para o município. Em 2018, a ocupação média de lazer cresceu 10% e o segmento de eventos teve incremento de 21% – o que motivou a abertura de um novo centro de convenções com três salas que acomodam até 500 pessoas. O equipamento soma-se à estrutura para eventos que já existia no local, totalizando dez salas com capacidade para até 1,6 mil participantes. Ademar Fakri Vasconcellos, relembrou a história do hotel que ele idealizou. “Quando comprei o terreno, há 20 anos, sabia exatamente o que eu queria: Criar uma pequena cidade que reunisse diferentes tipos de culturas, um lugar mágico onde tudo fosse possível. Ouvi muitas críticas, pois a região não tinha turismo e nem mão de obra especializada. Enxerguei isso como uma grande oportunidade de realizar meu sonho e transformá-lo no sonho de todos”, disse o proprietário e investidor do resort. ESTRUTURA Localizado em uma antiga fazenda de café, o resort tem muita área verde, atendimento primoroso e opera em sistema all inclusive, com oferta de café da manhã, brunch, almoço, petiscos e snacks, chá da tarde, happy hour, jantar e ceia com sopas. Há, no hotel, um restaurante, dois bares ‘secos’ e o bar molhado, na

piscina, além de uma hamburgueria artesanal localizada na Cidade dos Sonhos, espaço dedicado a jogos e brincadeiras gratuitas para crianças e adultos. O frigobar – com uma reposição diária – também está incluso na tarifa. Um espaço essencial para quem viaja com bebês pequenos é a ‘Copa da Mamãe’, instalada nos blocos Etoile e Premiere. Além de ser um ‘self service’ de alimentos infantis com micro-ondas, geladeira e utensílios, o espaço permite que os pais encomendem papinhas ou sopas de um cardápio com dez receitas. O serviço está incluso na diária, assim como a colocação de um berço e de uma banheira infantil no apartamento. As 143 acomodações são divididas em sete categorias: superior júnior, superior máster, suíte luxo, suíte máster e suíte Mavsa, além dos chalés temáticos luxo (Provençal e Bali, cada um com dois apartamentos que podem ser interligados para famílias maiores) e máster (Datcha, Royale e Beira do Lago). O menor apartamento tem 40m2; o maior tem área de 170m2. Todos acomodam até dois adultos e duas crianças. Na nova concepção, a área de apartamentos, o spa e o restaurante ficam localizados no Mundo Encantado. LAZER Outros cinco “mundos” pontuam a área de 820 mil m2 do resort: Animal (onde fica o Ybicaazoara, um peque-

Um dos chalés fica sobre uma árvore

no zoológico); Aventura (dedicado aos esportes como tirolesa, trapézio, arco e flecha e paintball); Encontros (centro de convenções); Sonhos (Cidade dos Sonhos, horta, fazendinha, Mavsa Burger e Dragon Bar), Tropical (complexo aquático com piscinas e lagos, com oferta de caiaque, pedalinho e stand up paddle). O hotel conta ainda com heliponto, ambulatório, spa (com tratamentos pagos à parte), lojinha e até uma pequena igreja. A Capela de Santo Expedito tem capacidade para 180 pessoas e pode ser reservada para casamentos, batizados e demais cerimônias religiosas. E, para quem estava curioso, o nome do hotel é uma homenagem de Vasconcellos à família com a soma das iniciais dos nomes: Maria (mãe), Ademar, Venuce (esposa), Sabrina e Adrianne (filhas). Serviço Avenida 3 de maio, 2500 Cesário Lange (SP) 0800 770 8210 www.mavsaresort.com


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Fotos: Divulgação Visit Panama

DESTINO

Casco

Cinta Costera

Ruínas da antiga cidade do Panamá

Panamá sob outro ângulo Destino se destaca pelo desempenho econômico e grande conectividade aérea, mas tem muito mais a oferecer POR GIOVANA DA COSTA

O

Panamá é um país pequeno da América Central, cujo território soma cerca de 80 quilômetros entre o oceano Pacífico e o Mar do Caribe. Apesar do tamanho tímido, o destino é muito conhecido pelos grandes feitos econômicos - principalmente pela construção de uma das maiores obras da engenharia moderna, o Canal do Panamá – e oferta de conectividade aérea, que liga as Américas ao restante do mundo. Mas a verdade é que os atrativos do país vão muito além do que é popularmente conhecido. Entre praias, compras e passeios históricos, o Panamá é uma escolha certa para quem busca 22 Brasilturis

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uma viagem surpreendente. Se você está no Panamá, precisa conhecer o Canal. Essa é uma frase muito comum de ouvir quando se está “turistando” pelo país da América Central, e fica fácil de entender a fama do lugar quando se chega lá. Por US$ 20, o Centro de Visitantes de Miraflores, na Cidade do Panamá, oferece um tour completo com almoço, visita a um museu interativo, observação de navios e sessão de filme sobre a história do equipamento. A experiência é emocionante porque retoma todo o processo de construção da obra de engenharia moderna, fazendo um paralelo à

história do país. É o momento em que se entendem melhor as influências norte-americana e francesa no desenvolvimento do Panamá, já que ambos os países foram responsáveis pela construção e administração do Canal em diferentes momentos. DIA TRADICIONAL Depois da parada obrigatória no Centro de Miraflores, é interessante programar um dia de passeio pelo Casco Antiguo, ainda na Cidade do Panamá. A região é conhecida como a “segunda Cidade do Panamá” dentro da capital e possui vá-

rias construções antigas que resistiram ao tempo. Formado por ruazinhas estreitas e íngremes, o Casco Antiguo vale um passeio a pé para apreciar as fachadas das casinhas, que têm influência da arquitetura francesa, norte-americana e caribenha. O local também é ligado por quatro praças centrais, ideais para uma parada fotográfica, ou uma pausa para descanso. Esse também é o lugar indicado para comprar lembrancinhas e artesanato panamenho – separe os dólares e aproveite as lojas espalhadas pela região. Se bater fome, há uma oferta grande de restaurantes,


Casco Antiguo

El Arco Chato, em Casco Viejo

Igreja de San Francisco, em Casco Viejo Canal de Panamá

tradicional, com decoração rústica. O diferencial são os shows de dança típica com música ao vivo e o cardápio de arroz com pollo - prato mais comum do Panamá, uma mistura de arroz com frango e temperos. COMPRAS E ENTRETENIMENTO

Museu Miraflores

tanto típicos quanto de culinária internacional, com destaque para os pequenos cafés charmosos. Outra opção de passeio histórico e tradicional é o Parque Arqueológico Panama Viejo, que preserva os antigos restos do que foi a antiga capital do país. Se o Casco Antiguo é considerado a “segunda Cidade do Panamá”, esse parque arqueoló-

gico é a “primeira Cidade do Panamá”. O local é grande e ao ar livre, com mais de 15 prédios para visitar. O ingresso custa cerca de US$ 6 e inclui passagem pelo museu Panama Viejo. À noite, indo para a região de negócios na Calle 51, faça uma parada no restaurante Tinajas para um jantar panamenho. O espaço é bem

O Panamá também pode ser destacado como destino de Sol e Praia. O país conta com várias ilhas famosas por suas paisagens paradisíacas. Bem pertinho da Cidade do Panamá, está a Ilha Contadora, que rende uma viagem de cerca de uma hora. Mas o país da América Central tem outra fama que agrada em cheio ao turista brasileiro: é um paraíso de compras e livre de impostos. Um dos maiores shoppings da América Latina é o Albrook Mall, localizado na Cidade do Panamá. São mais de 200 lojas entre grifes famosas, supermercado e lojas locais.

Vale uma passada – ou permanecer o dia todo, para quem preferir. Como o shopping fica ao longo da Cinta Costera da Cidade do Panamá - uma espécie de parque público em forma de orla que acompanha a extensão do Oceano Pacífico – dá para estender o passeio pela região. O calçadão é ideal para caminhadas, passeio de bicicleta e de patins. Ao longo da cinta, há quatro ilhas: Naos, Perico, Culebra e Flamenco, e, em cada uma delas, uma infinidade de restaurantes e opções de entretenimento. Caminhar até o final da Cinta Costera rende uma das melhores paisagens da Cidade do Panamá, com uma vista de todos os seus arranha-céus. Viagem realizada a convite do Marriott Executive Apartments Panama City Finisterre, com pacote de dados Flexiroam e seguro Affinity. www.brasilturis.com.br | Brasilturis 23


SUSTENTABILIDADE

O mundo das águas do Amazonas Operadoras têm oportunidades de inovar e criar produtos exclusivos POR VELMA GREGÓRIO

A

mações que se apresentam. A Festa do Guaraná de Maués, uma tradição que em 2019 completará 40 anos, foi o pretexto para essa viagem, mas a verdadeira celebração é a própria natureza local. Maués é uma cidade de aproximadamente 60 mil habitantes que fica 250 quilômetros a oeste de Manaus. Só se chega de barco ou de avião. É uma cidade ribeirinha, na margem do rio Maués-Açu, afluente do rio Amazonas, que serve como centro de referência para as comunidades do entorno. Há, inclusive, um Centro de Atendimento ao Turista (CAT) que indica os passeios disponíveis. Foi de lá que partimos para conhecer uma das comunidades dos Sateré-Mawés, povo indígena que iniciou o cultivo do Guaraná. Essa comunidade não recebia turistas e, agora, se prepara para a atividade. Recebeu um grupo de espanhóis para uma primeira experiência, que foi bem sucedida. Fomos, então, o segundo grupo. BEM-VINDO AO RÚSTICO Duas horas de voadeira rio aciFoto: Clovis Miranda

inda bem que já era noite quando entramos na voadeira que nos levaria da comunidade indígena dos Sateré-Mawés de volta ao nosso barco/hotel. A emoção era tão intensa que sentia que minhas lágrimas iam fazer subir o nível do rio. Pude chorar à vontade, já que o breu era tão intenso e ninguém podia me ver. Não tinha lua, não tinha estrelas. Tinha o rio imenso e a escuridão sem fim. E a sensação real de que eu fazia parte do sistema circulatório do mundo. Eu era uma pequena partícula dentro do fluxo de uma artéria, em sua fúria habitual. Não dá para ser a mesma pessoa depois de passar por essa sensação. E é essa experiência transformadora que o estado do Amazonas proporciona em muitas oportunidades abertas para o mundo do turismo que, além de novos produtos, pode apoiar o desenvolvimento sustentável de comunidades e povos tradicionais. Basta conhecer mais desse patrimônio e desmistificar preconceitos. O Brasilturis foi convidado para uma entre as centenas de progra-

Ritual do Guaraná 24 Brasilturis

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ma. Como nessa época do ano é inverno na linha do Equador, o rio estava baixo o suficiente para ver copas de árvore surgindo da água. São cerca de dois ou três quilômetros de largura entre as margens. No verão, chega a quatro quilômetros. A paisagem é estonteante, com praias em toda a extensão do caminho. E a floresta amazônica ao fundo, dos dois lados. Apesar de inverno, a temperatura oscila entre os 27 e 30 graus. A chegada em uma pequena baía é de um azul-cinza espelhado. Bem-vindos ao rústico! Os Sateré-Mawés dessa comunidade falam português, têm escola de ensino fundamental bilíngue na comunidade e vivem o desafio de manter sua cultura original. A proposta de receber turistas é justamente uma forma de preservar a tradição e de ser financeiramente independente. Fomos recebidos em assembleia pelo tuxaua Josibias, o líder da comunidade. As regras de convivência foram explicadas para que todos estivessem conscientes do seu papel – índios e brancos. Participamos do ritual do Guaraná, cerimônia

em que a mulher tem o privilégio de preparar a bebida. O bastão de guaraná em pó compactado é ralado em pedra enquanto a tribo entoa cânticos. Em seguida, um a um toma um gole da bebida - sempre da direita para esquerda e com goles em números pares. “Porque não vivemos sozinhos”, diz o tuxaua. A refeição é preparada com o que há disponível na comunidade que visitamos e também das vizinhas. Tinha mandioca, graviola, abacaxi, farinha e formiga. A iguaria é preparada sem temperos, frita, mas tem um leve sabor residual de limão. Para quem quiser pernoitar, há redes disponíveis. Os Sateré-Mawés são impressionantemente articulados. Eles atribuem sua inteligência e vitalidade ao consumo diário de guaraná. Quando chegamos, eles estavam celebrando o encerramento do primeiro ano do curso de Agroecologia. “Nossa principal refeição é o desjejum. Antes do curso, comíamos o que tínhamos e, às vezes, era nada. Agora, aprendemos a plantar várias coisas junto com a floresta e temos fartura todo dia”, diz Sigliane Michiles Guimarães, de 19 anos. Ela quer fazer medicina. “Não sei quando vai ser, mas vai acontecer”, profetizou. Dia seguinte foi dedicado a conhecer os produtores de guaraná. Uma pequena decepção porque tivemos que mudar o programa em razão das chuvas. E essa é uma constante. Chove todos os dias, em maior ou menor quantidade. E o programa sempre Dona Zumila e Sêo Pedro


OFERECIMENTO

Foto: Clovis Miranda

Comunidade Sateré-Mawé no rio Marau, afluente do rio Amazonas

pode sofrer alterações. Mas toda mudança traz surpresas inesperadas. Atravessamos o rio, bem na frente de Maués e fomos para a Vila de Vera Cruz. É do outro lado do rio, mas é como se fosse o balneário do lugar. Tem várias praias e uma pequena vila de agricultores familiares. Foi lá que conhecemos o Senhor Pedro e Dona Zumila, produtores de guaraná. Eles plantam, torram, moem e vendem o guaraná em pó de Maués, legítimo, ao custo de R$ 10 por meio quilo. Para saber quem realmente produz guaraná é só olhar as pontas dos dedos, amareladas por separar polpa, casca e semente. No caminho entre uma casa e outra vimos as plantações de guaraná, mas passamos também por seringueiras, açaizeiros, buritizeiros, cupuaçu e castanheiras. E por pessoas que vivem um dia depois do outro. A FESTA DO GUARANÁ O Governo do Estado do Amazonas organizou, em 2018, a 39a Festa do Guaraná de Maués. É uma celebração da cultura dessa planta que garantiu à região o titulo de Terra do Guaraná. A festa é voltada principalmente às pessoas da região, mas recebe turistas de vários luga-

Apresentação das lendas amazônicas na Festa do Guaraná

res do Brasil e estrangeiros. A programação de três dias tem atrações nacionais – como foi o caso de Joelma, Naiara Rezende e Chiclete com Banana – e regionais, como as apresentações das lendas do guaraná, as cantorias dos bois Garantido e Caprichoso e a banda Tucumanus. Cerca de 50 mil pessoas participaram dos eventos em três dias. É também uma experiência intensa pensar em uma festa deste tamanho no meio da floresta. Toda a estrutura chega de barco. Toda a logística precisa ser milimetricamente atendida porque não há recursos para soluções de última hora. E é lindo de ver que tudo dá certo e a alegria ilumina a floresta nesses dias. FORMATAÇÃO DE PRODUTOS A Empresa Estadual de Turismo do Amazonas (Amazonastur) convidou operadoras de turismo e jornalistas de todo o Brasil para apresentar o potencial que o estado tem de criar produtos de acordo com o perfil dos clientes. Leandro Alonso, coordenador de produtos nacional da Flytour MMT Viagens, que participou da expedição percebeu que existe uma riqueza muito grande para explorar. “São roteiros mara-

vilhosos, exclusivos e exóticos para pessoas que buscam experiências de verdade. Temos interesse em incluir esse roteiro, mas falta o poder público investir mais em transportes. Em algum tempo, juntos, podemos colocar a cidade de Maués na rota do turismo”, disse. Para Thiago Esperandio, assessor de comunicação da Ambiental Turismo, a Amazônia é um patrimônio da humanidade conhecido, principalmente pela diversidade do bioma, mas igualmente rico pela história e cultura de seus povos. “Conhecer Maués, a aldeia dos Sateré-Mawé, a comunidade ribeirinha da Ilha de Vera Cruz, a cultura em torno do Guaraná foi um privilégio inestimável e difícil de ser expresso Foto: Clovis Miranda

Sigliane Michiles Guimarães

em palavras. Só depois que vamos à Amazônia percebemos o quanto é preciso conhecê-la para podermos dizer, verdadeiramente, que conhecemos o Brasil”, defendeu. Esperandio destacou a necessidade de alinhar uma estratégia conjunta para o desenvolvimento local. “Temos a obrigação de lembrar que a região demanda políticas voltadas para o turismo. É preciso uma visão estratégica que integre todos os estados onde a floresta se encontra, com respeito e comprometimento vindo de políticos e empresários, infraestrutura e planejamento para tornar o turismo uma fonte de renda e de sustentabilidade para a floresta e para os povos que vivem nela”, sugeriu. Ele enumera pontos marcantes da viagem. “Encontramos pessoas como o Bruno Negreiros de Oliveira, veterinário e professor de Jiu Jitsu em Maués que é apaixonado pela região e realiza trabalhos sociais nela. Tivemos a alegria de conhecer o menino Alex que, espontaneamente, nos guiou pela comunidade da Vila de Vera Cruz. Fomos acolhidos com muito carinho pelo povo Sateré-Mawés em sua aldeia e recebemos muita atenção dos organizadores e realizadores da viagem como um todo”, completou. Grupo de operadores

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Costelinha de Tambaqui, do Moquém do Banzeiro

Vista da janela do restaurante Caxiri

Ana Cláudia Pereira, gerente de promoção e marketing da Amazonastur, ressaltou que o escritório está aberto à inovação e co-criação de produtos. “Temos um potencial enorme e estamos abertos a pensar juntos em como fazer isso da melhor maneira”, disse. Beto Riva, diretor de promoção e marketing da Amazonastur, reforça que é preciso conhecer de perto o estado para desenvolver produtos de qualidade. “Temos uma natureza espetacular, comunidades tradicionais e diversidade de oportunidades que estão prontas para serem trabalhadas e proporcionar experiências inesquecíveis”, finalizou. MANAUS A porta de entrada do estado tem, em si, um roteiro peculiar do Amazonas. Manaus é uma capital contemporânea e - a não ser pela memória do teatro, das artes e história - nada tem a ver com a arrogância da aristocracia francesa que fez parte da criação da cidade. Ao contrário do que se pode esperar e, apesar de estar à margem do Rio Negro, o cotidiano é urbano. Pode parecer dicotomia, mas há um Museu da Amazônia (MUSA) destinado a preservar o maior fragmento de floresta em área urbana do País. É uma atração imperdível, mas que demanda pelo menos quatro horas de visitação para apenas observar tudo o que tem - espécies da flora e fauna amazônica, peças da cultura ribeirinha e muita histó26 Brasilturis

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ria associada à visitação. As trilhas são leves, curtas e acessíveis para idosos e deficientes. Só é preciso alertar para que o viajante vista roupas leves - de preferência calças compridas e botas, para evitar os insetos, além de repelente e chapéu para proteger do sol. No meio do museu há uma torre equivalente a 14 andares, com mais de 200 degraus para observar a floresta de cima. Vale cada passo! Depois dessa aventura na floresta urbana, almoçar no restaurante Caxiri é uma ótima opção. Tanto pela comida, quanto pela localização, em frente ao Teatro Amazonas. Enquanto espera a chuva do dia passar, é possível comer um peixe local, como o tambaqui com uma caipirinha de jambu. Para fazer a digestão, a visita ao Teatro Amazonas é a próxima missão. Inaugurado no século 19, foi construído para atender a alta sociedade amazonense da época que queria estar à altura dos grandes centros culturais, em especial, de Paris. É uma construção renascentista, com pinturas que misturam deuses e anjos tradicionais desse período com a fauna e flora da Amazônia. O Mercado Municipal é outro ponto a incluir no roteiro. Principalmente pela diversidade de produtos típicos da região. Frutas, verduras, farinhas e costumes diferentes estão em todo o pavilhão. Vale parar para provar o açaí “verdadeiro”, diferente do que se apresenta no Sul e Sudeste. Outro programa a ser incluído é o Encontro das Águas, passeio de barco de aproximadamente quatro horas que sai às 9h da manhã e inclui almoço para ver o encontro dos rios Negro e Solimões. Esse encontro também é bem visível do avião, mas nada se compara a colocar as mãos na água e sentir a diferença de temperatura e a transição das águas claras para escuras. Outro restaurante para não perder é o Moquém do Banzeiro, do chef Felipe Schaedler. Ele utiliza ingredientes e produtos locais para dar vida a uma alta culinária com cara regional. A costelinha de tambaqui da entrada já vale a visita. Mas não deixe de fazer a experiência completa até a sobremesa. Pode optar por qual-

quer um dos pratos principais que vai dar certo. Como estávamos em um grupo grande, pedimos e compartilhamos vários deles. Para finalizar, o suflê de cupuaçu é arrasador. COMO CHEGAR De barco, a partir de Manaus, são 356 quilômetros. Há saídas todos os dias do porto. São aproximadamente 18 horas de viagem nos barcos que eles chamam de regionais, com redes em ambientes coletivos. Porém, há a possibilidade de fechar barcos mais confortáveis e sofisticados para grupos. De avião, o trajeto é feito em aproximadamente uma hora. Maués tem um pequeno aeroporto, com voos pousando duas vezes por semana, partindo do aeroporto de Manaus. HOSPEDAGEM Em Maués há pequenos hotéis locais com o conforto de cama macia e chuveiro quente, mas não espere sofisticação. As pessoas dão o melhor de si no atendimento, são acolhedoras, mas a demanda ainda é baixa para comportar hotéis de maior porte. Uma solução habitual é a hospedagem em barcos. Ficamos em um que se assemelha a um iate, com conforto de uma cabine de navio. Mas aí é preciso fechar o grupo e contratar o barco. Viagem realizada a convite da Amazonastur com seguro Affinity

Fundado por Horácio Neves, em 1981. O primeiro jornal criado especialmente para a indústria do turismo nacional, Brasilturis atualmente é de propriedade da Editora Via LTDA-ME, grupo de comunicação especializado em publicações segmentadas sobre turismo. Avenida Angélica, 321 - Cjs. 92 e 93, Higienópolis - São Paulo/SP - Brasil CEP: 01227-000 Tel.: +55 (11) 3259-2400/ 3255-4956 DIRETORIA Sócia-diretora: Ana Carolina Melo CEO: Amanda Leonel amanda@editoravia.com Diretora de relações institucionais: Velma Gregório velma@editoravia.com REDAÇÃO Editora-chefe: Camila Lucchesi camila@editoravia.com REPÓRTERES Felipe Lima: felipe@editoravia.com Leonardo Neves: leonardo@editoravia.com Janize Colaço: janize@editoravia.com Repórter cinematográfico: Danilo Menezes video@editoravia.com Arte e diagramação: Diego Siliprando arte@editoravia.com Colaboradores: Ana Paula Garrido, Antonio Salani, David Leslie, Fábio Steinberg, Giovana da Costa, João Bueno, Ricardo Hida e Velma Gregório. PUBLICIDADE E MARKETING Diretor de negócios: Marcos Araújo marcosaraujo@editoravia.com Gerentes comerciais: Alex Bernardes - alex@editoravia.com Vanessa Leal - vanessa@editoravia.com ADMINISTRATIVO E FINANCEIRO Gerente: Rita de Cassia Leonel financeiro@editoravia.com REPRESENTANTES BRASIL Salvador (BA): Ponto de Vista Gorgônio Loureiro (71) 3334-3277 e (71) 9972-5158 gorgonioloureiro5@gmail.com Brasília (DF): Ibis Comunicação Ivone Camargo (61) 3349-5061, (61) 9666-7755 e 8430-7755 ivone@ibiscomunicacao.com.br REPRESENTANTE EUA: Claudio Dasilva +1 (954) 647-6464 / claudio@braziltm.com Assinaturas: info@editoravia.com Os artigos assinados são de responsabilidade dos autores e não refletem, necessariamente, a opinião deste jornal.

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Trilha do Museu da Amazônia


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