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Marรงo | 2019
ENTREVISTA
AVIAÇÃO
FEIRAS E EVENTOS
Valter Patriani fala sobre o legado de 40 anos como executivo da CVC e destaca novos projetos como consultor contratado
Executivos analisam os reflexos da redução da alíquota do ICMS sobre o combustível de aviação em São Paulo
Após participação na Caribbean Travel Marketplace, operadores brasileiros planejam lançar pacotes para novos destinos
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3 8 A N O S | A PA I X O N A D O S P O R C O M PA R T I L H A R R$ 18,90 |
ANO 38
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Nº 822
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MARÇO 2019
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brasilturisjornal
POTÊNCIAS DO TURISMO
Pesquisa destaca as 100 cidades mais populares do mundo e ajuda a entender quais são os fatores que atraem (ou afastam) os visitantes Destinos Jamaica destaca oferta turística que associa belezas naturais à cultura e apresenta novas opções de hospedagem
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Hotelaria Palácio Tangará e grupo Royal Palm reforçam foco no segmento corporativo Costa do Sauípe apresenta novidades para complementar experiência
Gramado (RS) inova com a previsão de abertura de um parque termal e inaugura resort com sistema multipropriedade Pág. 28 a 31
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EDITORIAL Camila Lucchesi Editora-chefe
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Bons ventos
evereiro trouxe boas notícias para o Turismo brasileiro. A começar pelo desfecho positivo de um importante pleito da indústria de aviação: a confirmação da redução na alíquota do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) do querosene de aviação (QAV) para voos domésticos em São Paulo. O estado paulista praticava, até então, a maior taxação sobre o combustível. E a indústria lutava para baixá-lo há quase duas décadas. A novidade foi comemorada pelo segmento, pois amplia a conectividade do estado e também pode ser um importante instrumento para fortalecer a economia do País, já que o aproxima das regras praticadas mundo afora. Nenhuma nação cobra tributos que variam de acordo com a região. Mesmo no âmbito interno, o movimento paulista de estipular um teto tem reflexos positivos, pois a nova alíquota coloca o estado em condição de igualdade com a maior parte das outras unidades da federação. O anúncio de redução em São Paulo causou efeito imediato em outros estados, e especialistas defendem que uma possível guerra fiscal deverá ser positiva para governos e iniciativa privada. E quanto aos consumidores? Esses devem esperar um pouco mais pela consequência esperada: a queda no valor dos bilhetes. Com a “casa em ordem” em uma questão que é diretamente responsável por um terço do custo das aéreas, ainda é preciso melhorar a competitividade do segmento para resolver outro importante gargalo: a falta de concorrência que faz a procura ser maior que a oferta e mantém os preços nas alturas. Executivos e especialistas do segmento debateram o tema, destacando as possíveis consequências e elencando os próximos passos. O resultado você confere a partir da página 12. Mas as boas novas não chegam apenas pelos ares. Embarcamos para cobrir, com exclusividade, a 37a edição da Caribbean Travel Marketplace, maior feira de negócios de turismo do Caribe, e trouxemos muitas promessas na bagagem. Do lado de cá, os seis operadores brasileiros participantes adiantaram que devem lançar, muito em breve, pacotes customizados para novos destinos na região. Do lado de lá, o ministro do Turismo jamaicano garantiu que está trabalhando para negociar uma ligação direta entre os dois países. Outro marco importante do evento foi o lançamento do Centro Global de Resiliência Turística e Gestão de Crise, equipamento criado para coordenar uma resposta global a qualquer tipo de ameaça relacionada às mudanças climáticas e ajudar os países a solucionar os impactos à atividade turística. O modelo é inspirador e tem a chancela da Organização Mundial do Turismo. O ano mal começou e nós também estamos colecionando conquistas. Após o anúncio de parceria oficial com a WTM Latin America, anunciado no fim do ano passado, a equipe do Brasilturis comemorou outras três importantes feitos. De uma só vez nos tornamos media partners da Feira de Negócios Turísticos Ugart/Braztoa, que acontece em Porto Alegre, no fim deste mês; da ILTM Latin America, marcada para maio e do La Cita de Las Americas, encontro focado no mercado norte-americano que acontece em Kissimmee (EUA), em setembro. Em resumo: aguardem boas novidades para o ano. Que os bons ventos continuem a nosso favor! www.brasilturis.com.br | Brasilturis
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ENTREVISTA
Palpites valiosos Valter Patriani Consultor contratado da CVC Corp
POR CAMILA LUCCHESI
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alter Patriani nos recebeu, em uma manhã de terça-feira, em Santo André (SP). A ideia era falar sobre os novos projetos que o irão orientar em 2019, ano que ele fixou como seu último período de dedicação ao Turismo. Depois de quatro décadas como executivo da CVC Corp, ele iniciou, em janeiro, uma nova fase como consultor contratado para ajudar a expandir os negócios na Argentina, país onde o grupo fez duas importantes aquisições em 2018. Muito mais do que números, cifras, porcentagens e estratégias, Patriani deu uma aula sobre Turismo e agenciamento de viagens, temperada pelo humor peculiar, pela energia e pelas sacadas que o consagraram como um dos grandes nomes dessa indústria. Ele enfatizou seu legado e criticou o atual modelo de negócios das agências de viagens, mais focado na consultoria do que no fechamento de negócios. Vendedor nato, defendeu o conceito que orientou o crescimento da CVC, falou sobre as sinergias entre os mercados brasileiro e argentino e se classificou como “palpiteiro oficial” para o país vizinho. O que podemos esperar dessa nova fase do “maior vendedor do mundo” em território hermano? Confira uma prévia nesta e na próxima página. Qual você considera o seu maior legado para o turismo brasileiro? Sem dúvida, foi a inclusão social. Permitir que milhões de brasileiros fizessem a primeira viagem de sua vida de forma organizada. Esse é um legado que eu divido com o Guilherme [Paulus], porque, há 40 anos, só bacana podia viajar. Não era para a secretária, era só para o chefe. Só o executivo podia 6
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viajar na década de 1980. A classe social era mais bem definida: ou o cidadão era rico ou ele era pobre. Ninguém ia para o Nordeste, o bilhete aéreo era caríssimo. A gente começou dando um jeitinho aqui, outro jeitinho ali, e foi colocando o sonho de viagem no bolso do brasileiro. A gente vende o produto mais bacana do mundo. Eu sempre falo: “quer arrumar um emprego bom? Vai ser agente de viagens”. Você mantém esse conselho hoje? Sim! A possibilidade de conseguir um bom retorno financeiro com a profissão é muito grande porque todo mundo gosta de comprar. O brasileiro tem 30 dias de férias remuneradas e ainda recebe um terço do salário como bônus, desde a Constituição de 1988. Ninguém tem bônus para comprar remédio, para comprar alimento, para pagar plano de saúde que são itens mais básicos. Com o passar dos anos, observamos que o brasileiro não deixa de viajar. E viaja cada vez mais! Veja o exemplo dos jovens de hoje, que economizam o ano inteiro para fazer uma viagem e não mais para trocar de carro. Com tantas oportunidades, eu não entendo o porquê de as agências de viagens no Brasil estarem enfraquecidas. Como você analisa esse enfraquecimento do modelo de negócios? Acho que é o foco. O agente de viagens brasileiro fica focado em ser o consultor de viagens. Ou seja, o cliente chega, diz quais são os sonhos e o profissional tenta realizá-los. O problema é que o cliente não paga por essa consultoria, então eu acho que o agente brasileiro deveria atuar como vendedor de produtos. Ele deveria ser mais objetivo e vender o que ele tem em prateleira, entende? Você só pode ser consultor quando alguém paga. Se a pessoa não paga sua consulta, não faz sentido. Eu costumo dizer que conselho grátis é fofoca; conselho pago é consultoria. A CVC nunca foi consultora. A gente organizava pacotes e saía vendendo, oferecendo o que tínhamos em estoque. Se te interessava,
ótimo; se não, ficava para outra oportunidade. Era como um cardápio de restaurante e deu muito certo. Hoje, o agente de viagens tem foco em te atender. Então, se você pediu algo, ele vai atrás de solucionar o seu roteiro. Se eu fosse agente de viagens, hoje, eu não agiria desta maneira. Eu montaria meus roteiros e iria à luta naquilo que eu acredito. O meu colega do lado, de outra agência, opera outros roteiros. O importante é que tenha muita gente ofertando viagens, pois na dinâmica do consumo, o produto mais comprado é o mais vendido. Foi aí que as agências se perderam: quando elas pararam de vender viagens para oferecer consultoria. A pessoa se colocou num prédio, deixou de ter loja na rua, de ter estoque, de dizer para o cliente “entra aqui que nós fazemos qualquer negócio”. Ela deixou de criar produtos. Essa consultoria é bacana, mas não reverte em vendas. Na verdade, as pessoas não sabem para onde elas querem viajar. As pessoas viajam por oportunidade e não somente por desejo. Como assim? Se eu quero comprar um carrinho pequeno, por exemplo, eu posso comprar uma Mercedes. Compacta, manobra fácil. Mas por que você não compra dessa marca? Porque custa caro. A maioria acaba comprando um carrinho popular. Você não compra os seus sonhos, você compra o que o seu bolso permite. É a combinação de sonho com orçamento. Quando fizemos a inclusão social, a gente se preocupava menos com o sonho e mais em como colocá-lo no bolso das pessoas. Porque o sonho que cabe no orçamento se transforma em realidade. A gente foi acertando isso porque não entendíamos tanto de viagens, a gente se preocupava com as pessoas. Na nossa concepção, gente era mais importante que turismo. Minha mãe, por exemplo, era muito católica e tinha vontade de conhecer Fátima, em Portugal. Se ela fosse a uma agência de viagens, o vendedor iria passar informações técnicas sobre voos, moeda,
câmbio, traslados. Muito orgulhosa, ela não iria dizer que não entendeu nada. Mas pensaria, certamente, “como Fátima é longe”. Agora veja a diferença se eu vou conversar com o padre, combino uma caravana de dez dias, digo o horário que o ônibus vai sair da paróquia para o aeroporto e reforço que vou cuidar de tudo. Basta que cada um me dê dez parcelas de R$ 700. Os fiéis só precisam rezar e se divertir, do resto a gente cuida. Dá para sentir a diferença? Claro que tem um monte de cliente que deseja conhecer a França de bicicleta. Mas qual é o tamanho desse público? Nosso grande concorrente hoje é o viajante que fala inglês fluente. Quem não fala, prefere fazer uma viagem assistida. Sem o idioma, essa pessoa está morta. Como ela vai se virar sozinha? Da mesma forma, sabemos que 80% do turismo de lazer é focado em sol e praia. É óbvio que existe o público que vai para a Chapada Diamantina, mas se trata de um nicho muito específico, assim como os grupos que partem para retiros espirituais. A grande maioria vai para a praia e é preciso analisar esses movimentos. Brasileiro é de grupo e repete destinos. Ele preza pelos serviços e não quer se preocupar. Em resumo, para ficar rico rapidamente atuando como agente de viagens, é preciso entender o que as pessoas pensam. Não faça viagens para você, faça viagens para as pessoas. Se você conseguir fazer isso e ainda colocar o sonho no bolso, ele vira realidade. Essa é a única regra.
“Eu acho que as agências se perderam quando pararam de vender viagens para oferecer consultoria”
“Você não compra os seus sonhos, você compra o que o seu bolso permite”
Foi nessa lógica que surgiu a ideia de criar lojas em shopping? No final dos anos 1990, quando o modelo foi implantado, ninguém acreditava muito nisso. O grande problema desse negócio é distribuir. Nós precisamos falar com mais gente. E entendemos que os shoppings são locais com grandes concentrações de pessoas. Na época, todo mundo dizia que não dava certo porque já tinham tentado. Mas o pessoal colocava duas moças sentadas e algumas imagens rodando em uma TV. O consumidor que está passando na frente da loja não entende se ela está vendendo os quadros, as mesas ou as Tvs. A base de uma loja de shopping é vitrine, pois o consumidor precisa entender se aquele produto cabe no bolso dele. O brasileiro não gosta de loja que não põe o preço na vitrine; ele quer saber se aquele produto faz sentido e se está dentro do orçamento, sem ter de perguntar para ninguém. Viagem tinha fama de ser cara, então a ideia nessa época era provar que aquele produto cabia no bolso. Sem pegadinhas. Assim você começa a popularizar, a transformar a viagem em um produto de consumo, no mesmo patamar de sapato, geladeira e celular. O que podemos esperar de você agora, como consultor contratado? Completei 40 anos de CVC e decidi deixar o Turismo no ano passado. Até como propósito de vida, porque você não pode morrer na companhia. Fiz a minha parte e acho bom que a empresa se renove com outras pessoas, outras ideias. Fiquei durante um período curto para dar uma direção para o projeto Argentina, mas não como executivo. Acho esse negócio de conselheiro muito pedante, eu sou palpiteiro aqui. Tenho dedicado dois dias da semana a esse projeto, olhando aquele mercado com muita atenção e
aconselhando a CVC sobre qual seria a melhor forma de atuar. Não vou tocar nenhum projeto, apenas dar palpites até o fim deste ano. A partir daí eu abandono de vez o Turismo, e volto apenas para saudar os muitos amigos que fiz. Quero viajar também e conhecer um pouco dos destinos que eu ajudei a criar. Quais, por exemplo? Vou fazer agora um cruzeiro pelo mar Báltico, percorrendo Escandinávia e Rússia. No mesmo trajeto, eu vou conhecer os fiordes da Noruega. Vou ficar duas semanas a bordo – eu que nunca fiquei mais do que três dias. Agora tenho de fazer roteiros mais longos, que exigem mais energia, enquanto ainda tenho boa saúde. Não quero esperar a idade ficar muito avançada, pois a natureza cobra sua existência. Como você avalia o mercado argentino? O argentino, per capta, é o povo da América Latina que mais viaja. Os brasileiros ganham em volume porque nossa população é cinco vezes maior. Pelas características do país, 90% deles viajam para o exterior, geralmente em busca de sol e mar. A crise não vem afetando o segmento? Já melhorou um pouquinho e agora ficou interessante para a gente. Nesse verão, houve a desvalorização da moeda, encarecendo as viagens internacionais. Então, em vez de o argentino ir para o Caribe, que é o destino preferencial, ele voltou a frequentar o litoral do Sul do Brasil.
noristas. Eles viajam mais em voo fretado, em grupo, mais em pacotes do que o brasileiro. Existem chances de vermos modelos de sucesso da CVC replicados no mercado vizinho? Eu vejo grandes chances. Deveríamos ter uma rede de lojas na Argentina, mas ainda não sei com qual marca. Não pode ser a daqui, pois contraria os interesses dos agentes de viagens locais. Pode ser uma das que compramos recentemente ou com uma nova marca. O projeto na Argentina está começando e queremos entrar pela porta deles. Entendemos que o mercado já funciona, e muito bem, então não quisemos entrar como CVC. Preferimos fazer compra de empresas argentinas para manter a confiança deles. Compramos a Ola, um tour operador muito reconhecido, que tem 85% de suas vendas confirmadas no interior da Argentina, por meio de agentes de viagens. No caso do grupo Bibam, os negócios estão mais concentrados em Buenos Aires. Não queremos perturbar isso, vamos respeitar o jeito do argentino. Mesmo que a CVC seja querida e reconhecida como a maior emissora de turistas para o país, nós queremos manter o esquema deles. A ideia é levar as sinergias da CVC na América Latina para a Argentina. Podemos conseguir preço, oportunidade de parcelamento, capacidade de negociação, acesso aos sistemas e à tecnologia. A ideia é garantir mais possibilidades para que o argentino coloque o sonho no bolso. É integrar e melhorar a competitividade.
Você vê mais semelhanças ou diferenças entre os dois mercados? Mais semelhanças. A venda de viagem em parcelas, por exemplo, é um modelo que só começou a se fortalecer agora na Argentina. Eles têm um comportamento de consumo muito parecido com o nosso, sendo que o que manda é o bolso. Tudo no mundo se resume em preço.
E no caminho inverso? Estamos desenhando alguns planos e a ideia é que seja um aprendizado contínuo. Os argentinos, por exemplo, têm a Quinceañeras [tradição de viagens para meninas que completam 15 anos]. A Ola é especialista nisso e eles têm uma organização impecável e uma marca que trata exclusivamente desse produto. Acho que a CVC deveria estudar esse projeto e trazer para o Brasil, pois os bailes de debutantes estão caindo de moda.
E em termos de negócios? As agências são mais fortes do que as brasileiras. Elas estão mais presentes e mais atuantes. Eles são mais aguerridos na venda. Lá é mais definido o que é operador e o que é agência, os mayoristas e mi-
Esse trabalho de análise será contínuo? Sim. Estou apontando esses caminhos, mas adianto que logo a CVC terá um diretor para América Latina. Pois existe a possibilidade de expandir os negócios para outros países.
“As agências argentinas são mais fortes do que as brasileiras. Elas são mais atuantes e mais aguerridas na venda”
Não há nada certo, mas a CVC entende que existe um grande potencial nessa região. Se você anda mil quilômetros na África, já muda a religião ou o idioma. Na Índia, na China, na Europa, no Canadá... Tudo é muito diferente, os interesses e hábitos são muito distintos. Não dá para colocar coreanos, japoneses e chineses em um mesmo ônibus, por exemplo. No caso dos espanhóis, é diferente. Eles criaram um império muito mais forte que o Romano. De Tijuana, no México, até a Terra do Fogo, na Argentina, são mais de dez mil quilômetros, onde se reza pelo mesmo Deus e se fala o mesmo idioma. Se você colocar no mesmo ônibus colombianos, paraguaios, brasileiros, chilenos, uruguaios e argentinos, você só vai ter briga se o assunto for futebol. O Brasil é o único diferente por conta do idioma, mas todos se entendem. São 600 milhões de pessoas, um mercado consumidor imenso e jovem. Tudo aqui está por fazer e nós estamos de olho nisso. A CVC tem potencial para ser o maior operador do mundo em língua espanhola. Temos sinergias, nossos itinerários servem para todos e gostamos de estar juntos. Para finalizar, qual você acha que é o principal problema do Turismo brasileiro? Na esfera pública, o gargalo é a falta de continuidade. A troca constante de ministros atrapalha demais a construção de um plano de turismo integrado por diversas nações latino-americanas, por exemplo. Pense em uma caravana de executivos e diplomatas brasileiros, argentinos e chilenos viajando para promover roteiros conjuntos no mercado chinês. Argentina se articulou para isso, mas o Brasil fica para trás porque não há permanência, não se sabe quem é o porta-voz. Ter um único ministro durante todo um mandato facilitaria bastante. www.brasilturis.com.br | Brasilturis
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MARKETING Ricardo Hida CEO da Promonde, formado em administração e pós-graduado em comunicação ricardo@promonde.com.br
Na crise, excelência e nada de modismos
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o contrário da máxima que se propaga nas faculdades de administração, nas escolas de negócios e palestras motivacionais, o mercado se torna altamente conservador em épocas de crise. A inovação, as experimentações e lançamentos são deixados para os períodos de abundância. Menos por conta das empresas, e muito em razão dos próprios consumidores, que buscam poupar para um cenário ainda pior. Com parcimônia, gasta-se apenas o que se ganha naquilo que é essencial e no que é conhecido. Arrepender-se é atitude proibida. Vivemos tempos estranhos. Tal aforismo, digno de filme hollywoodiano, retrata o momento político e econômico no Brasil. Sem nenhuma intenção ideológica por trás de tal afirmação, vê-se a movimentação na bolsa de valores bater recordes. Mas, por outro lado, há pouca motivação dos empresários para investir em produção. Do mesmo modo, o desemprego parou de cair, porém tal realidade não se reflete no aumento do consumo. Diz-se que é por conta das reformas – da previdência, principalmente - que o novo governo precisa implantar, mesmo a custo de impopularidade. A credibilidade do País sofreu grande impacto. A violência, a corrupção e a falta de qualidade mostraram seus frutos. Empresas e destinos decidiram, por enquanto e por prazo indeterminado, deixar de investir na promoção no Brasil. Assim como marcas internacionais, os escritórios de turismo criam malabarismos para dizer que estão deixando o País por qualquer outra razão que não a falta de confiança no mercado. Observa-se uma série de empresas, inclusive de representações, lamentando a redução nas vendas de destinos exóticos. Índia, Seychelles e Maldivas registram quedas dramáticas nas vendas. A primeira explicação que se poderia dar é a falta de dinheiro no
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bolso do brasileiro. No entanto, as vendas dos hotéis de luxo em Paris, nos Estados Unidos, e no próprio Brasil, aumentaram significativamente. Em uma pesquisa recente que realizamos, descobrimos que a explicação para isso é simples - embora surpreendente. O público de alta renda no Brasil não quer ir para destinos complicados, com dificuldade de voos e possíveis problemas em telecomunicações. Todos querem estar próximos dos centros de decisões e em lugares que permitem o retorno rápido para o País. A segunda razão também é óbvia. Se gastar é preciso, investimos no que é seguro. Executivos do Caribe e da Disney batem palmas, eufóricos porque tudo funciona como relógio, e não há surpresas. Este cenário significa que as portas estão fechadas para a criatividade? Em absoluto. Diante da mesmice, é essencial achar novos caminhos para a promoção de vendas. O lado bom de uma crise é que ela produz os ajustes necessários à economia, tirando do mercado os arrivistas e os incompetentes. Em épocas de abundância, a cegueira reina absoluta na propaganda e no marketing. Quando se fecha as torneiras, é preciso mergulhar com profundidade nos índices de audiência, na conversão em vendas que cada ação pode oferecer. A crise exige excelência, mais do que inovação. Só os bons ficam. E ganham mercado, os mesmos que perderam quando a “festa do caqui” fantasiada de “espírito arrojado” bagunçava, inclusive, o turismo. Hora de fazer lição de casa. Ajustar contas, rever estratégias, livrar-se dos gurus enganadores. Hora de fazer bem o básico, com dose ponderada de criatividade, e começar a pensar no crescimento que virá em breve, com um novo ciclo de prosperidade. E que os mesmos erros não sejam repetidos.
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PUBLIEDITORIAL
Hollywood Beach Broadwalk
Descubra Greater Fort Lauderdale Com refeições e atrações para viajantes internacionais que querem experimentar novas culturas e belas paisagens, Greater Fort Lauderdale recebe visitantes de todo o mundo PRAIA É SÓ O COMEÇO Os mais de 37 quilômetros de praias com ondas azuis tornam fácil a tarefa de sentar-se ou passear durante horas, apreciando a brisa e observando a água com navios de cruzeiro, iates e veleiros continuamente cortando o horizonte. Com uma temperatura média da água de 26,5°C, a natação é uma atividade durante todo o ano em Greater Fort Lauderdale, junto com snorkel e uma variedade de esportes aquáticos repletos de diversão. Embarque em uma aventura de barco pelos mais de 480 quilômetros de vias navegáveis e veja porque o destino é conhecido como a “Veneza da América”. As opções incluem passeios para pesca de alto mar e aulas de mergulho em pontos que facilmente irão trazê-lo cara a cara com a incrível vida marinha local. CENA INESPERADA DE RESTAURANTES E VIDA NOTURNA Com tantas opções de restaurantes tentadores, os visitantes começaram a conversar e trocar indicações, o que vem transformando Greater Fort Lauderdale, rapidamente, no destino preferido da Flórida. Sob o sol, os paladares refinados têm à disposição churrascarias clássicas e café da manhã na praia. Isso sem falar em novos pratos do estado feitos com ingredientes frescos, incluindo frutos do mar direto do Atlântico, frutas e legumes originários do campo. 10 Brasilturis
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Experimente um passeio gastronômico ou uma aula de culinária. E, para ter a vivência mais importante de Fort Lauderdale, jante em um dos vários restaurantes à beira-mar com acesso por barco. Os habitantes chamam, apropriadamente, essa atividade popular de “docking n’dine”. À noite, desfrute de bebidas sob as estrelas, cervejas artesanais mais badaladas, clubes no centro da cidade e corridas de praia ao luar. Uma cena vibrante de artes e cultura ganha vida no Riverwalk Arts & Entertainment District, ao longo da cênica New River, com performances empolgantes, exibições emocionantes, música, filmes, locais históricos e muitas outras opções. É uma mistura brilhante de casual e sofisticado que oferece algo diferente para todos os tipos de notívagos. GOSTA DE FAZER COMPRAS? Comece sua experiência no maior outlet do mundo, o Sawgrass Mills, e visite as lojas de luxo Prada, Kate Spade, Bloomingdale’s Outlet e Saks Off 5th. Dirija-se ao The Galleria, em Fort Lauderdale, para fazer compras sofisticadas no melhor local. Ali você encontrará varejistas mundialmente famosos como Macy’s, Neiman Marcus e Dillard’s, além de restaurantes de luxo e o Red Door Spa de Elizabeth Arden. Prepare-se para fazer uma declaração de amor à genuína moda local. Reinvente o seu estilo com looks boêmios e dignos das pis-
tas, encontrados em espaços imprevisíveis. Designers de renome montaram lojas com ar vintage, boutiques pop-up e estúdios por toda a cidade. Localizada no The YARD, em Wilton Manors, a Wander Shop é vende moda com essa mistura boêmia. A boutique eclética é pequena em tamanho, mas grande em charme, com seleções exclusivas de roupas e acessórios perfeitas do brunch até as boates. Se você quiser fazer um mergulho na praia, o Montce Swim é o seu destino para trajes de banho de grife. Com uma grande clientela composta por celebridades e presença on-line, a loja chama a atenção em Greater Fort Lauderdale. Independentemente do que você procura - sejam peças ultracontemporâneas, chiques, bohos ou com tiras - seu mais novo traje inspirará confiança e elogios. Há também as boutiques da Las Olas Boulevard, nas proximidades. Conhecida como a “milha do estilo” de Greater Fort Lauderdale, a mundialmente famosa avenida é repleta de boutiques, restaurantes com lounges animados e cafés com mesas na calçada. Las Olas também é uma parada importante ao longo da rota de táxi aquático da Greater Fort Lauderdale. Planeje sua escapada em Greater Fort Lauderdale com o guia de férias oficial do destino em: pt.vacationplanner.sunny.org
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PUBLIEDITORIAL
Tenha férias memoráveis em Kissimmee, na Flórida
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ocalizada no coração da Flórida Central, Kissimmee fica a menos de meia hora de distância do Aeroporto Internacional de Orlando e a menos de uma hora das costas Leste e Oeste da Flórida. Este destino de fácil acesso também fica ao lado de parques temáticos e atrações mundialmente famosas, campos de golfe premiados, restaurantes de primeira classe e as maravilhas da natureza da Flórida. A apenas dez minutos de distância, experimente a magia do Walt Disney World® Resort. Veja de perto o encanto do Castelo da Cinderela no Magic Kingdom® Park, dê um passeio ao redor do mundo no Epcot®, contemple a magia da natureza no Parque Temático Disney’s Animal Kingdom® ou aventure-se no mundo dos brinquedos em Toy Story Land no Disney’s Hollywood Studios™. Além disso, seja a estrela do mundo cinemático no Universal Orlando Resort™, conheça o The Wizarding World of Harry Potter™ e incríveis atrações com temas de filmes. No
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SeaWorld® Parks & Resorts™ Orlando você pode viajar para a Antártida e conhecer um pinguim - ou dois. E, a menos de uma hora de carro, encontra-se o complexo de visitantes do Kennedy Space Center, que é um lugar fora deste mundo, e o LEGOLAND® Florida Resort, favorito para toda a família. Com mais de 45.000 acomodações, há lugares para se hospedar que atenderão às necessidades e o orçamento de todos os viajantes, desde resorts de luxo e hotéis bem conhecidos até casas de férias para todos os gostos. Na verdade, Kissimmee é a capital das casas de férias com mais de 22.000 propriedades no destino. Localizada nas cabeceiras do Everglades, Kissimmee também oferece experiências emocionantes ao ar livre para todos os membros da família, incluindo aventuras de tirolesa, caiaque e encontros de pertinho com animais selvagens. Você pode até conhecer um bicho-preguiça ou sentir o vento em seus cabelos em um passeio de aerobar-
co, oferecidos em Wild Florida Airboats & Gator Park. Para os entusiastas de compras, Kissimmee oferece uma incrível variedade de opções de shopping. Passe um dia no Florida Mall ou no The Mall at Millenia, explore as charmosas boutiques de Celebration e compre suvenirs no Disney Springs® e no Universal CityWalk™ que serão presentes inesquecíveis. Quando se trata de gastronomia, Kissimmee oferece uma extensa seleção incluindo restaurantes de chefs famosos, com ótimos pratos internacionais e locais. Você pode até mesmo jantar ao estilo medieval no Medieval Times Dinner & Theatre, um dos muitos restaurantes com entretenimento. Estas são apenas algumas das muitas experiências memoráveis na ensolarada Kissimmee, Flórida. Descubra todas as possibilidades e encontre inspiração para suas próximas férias na Flórida Central em EXPERIENCEKISSIMMEE.COM
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AVIAÇÃO
O ICMS em São Paulo caiu. E agora? Especialista defende que embate fiscal trará benefícios para estados, empresas e passageiros. Preço do bilhete, entretanto, só deve cair no médio prazo POR LEONARDO NEVES
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oi algo de grande impacto e totalmente inesperado. Começaram as discussões no início de janeiro e [a redução] foi aprovada logo depois.” Jerome Cadier, CEO da Latam, resumiu o clima durante o anúncio da queda na porcentagem da alíquota do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) do querosene de aviação (QAV) para voos domésticos de São Paulo. A partir de abril, o estado passará a taxar o combustível em 12% - antes, a incidência era de 25%, a maior do País. A medida, anunciada pelo governador de São Paulo, João Doria, causou alvoroço e elevou as expectativas na indústria nacional de aviação. “Estamos muito animados. Temos crescido fora de São Paulo nos últimos anos, e agora é tempo de voltarmos aos nossos investimentos no estado”, John Rodgerson, presidente da Azul, indicou o provável novo cenário da companhia. Os investimentos devem resultar em novas rotas e ampliações de malha aérea. Até porque, uma das contrapartidas para as empresas é lançar 490 novas rotas semanais, sendo seis para destinos inéditos no Brasil, incluindo aeroportos regionais. Em termos financeiros, a redução da alíquota diminui a receita do estado em R$ 205 milhões nos 12 meses iniciais, segundo projeções da Secretaria da Fazenda. O retorno, no entanto, vem no ano seguinte com estimados R$ 327 milhões de ganhos com a ampliação da malha. “Outras atividades serão impulsionadas pelo maior fluxo de reu14 Brasilturis
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Jerome Cadier, CEO da Latam
Paulo Kakinoff, presidente da Gol
niões, encontros comerciais e pessoas, devendo ocasionar aumento de arrecadação. Ao contrário de outras situações, em que se usa a questão tributária, em São Paulo podemos aumentar muitos índices com novos voos e a destinação de tráfego para atividades comerciais”, destacou Henrique Meirelles, secretário da Fazenda de São Paulo. A consequência mais aguardada pelos consumidores é redução nos valores dos bilhetes aéreos. Porém, com a questão do ICMS começando a ser contornada agora, o setor se depara com outras questões que devem começar a ganhar destaque. O que esperar da aviação e das condições especiais impostas pelos estados para que a redução seja, de fato, concretizada? Haverá guerra fiscal? As passagens ficarão mesmo mais baratas? Há estrutura aeroportuária suficiente para comportar novos voos?
tível de aeronaves. É de responsabilidade de cada estado, porém, decidir a porcentagem. Fato que se tornou um empecilho para as companhias aéreas nacionais. Paulo Kakinoff, presidente da Gol, exemplificou de maneira didática o que ocorre. “Imagine dois aviões de uma mesma companhia aérea no Aeroporto de Guarulhos. Sendo que um deles fará a rota São Paulo – Maceió (AL) e o outro São Paulo – Buenos Aires (Argentina). As distâncias se equivalem [são 2.226 quilômetros até a capital argentina e 2.480 quilômetros até Alagoas], mas os valores são muito diferentes”, disse. Isso acontece porque não há incidência de ICMS em voos internacionais, o que causa uma espécie de incentivo reverso, encarecendo as rotas domésticas e barateando trajetos para o exterior. Após os pleitos liderados pela Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear), diferentes estados passaram a rever as porcentagens do ICMS. O combustível é responsável por cerca de um terço do custo das companhias, segundo dados da associação. A batalha em São Paulo foi a mais longa, com quase duas décadas de investidas.
DOMÉSTICO X INTERNACIONAL O ICMS é uma tributação estadual que incide sobre a comercialização de produtos e serviços prestados, tais como o querosene utilizado para compor o combus-
John Rodgerson, presidente da Azul
ESPÍRITO SANTO E TOCANTINS TAMBÉM REDUZIRAM Outros exemplos recentes de redução incluem o Espírito Santo, que diminuiu de 25% para até 7%, em outubro do ano passado e o Tocantins, onde houve o anúncio de queda na alíquota do imposto de 14% para uma faixa que vai de 7% a 3%, foi feito três dias depois da decisão do governo paulista. Para não perder os valores arrecadados com a redução, a prática de exigir contrapartidas tem sido comum entre os governos estaduais. Os requisitos incluem, geralmente, ampliação da malha, como em São Paulo. No Espírito Santo, o então governador, Paulo Hartung, fez quatro exigências para as companhias: ampliar voos diários com destino ou origem no Aeroporto de Vitória, em pelo menos duas rotas distintas das que já são operadas pela empresa; criar voo diário com origem no aeroporto da capital capixaba para um destino que ainda não é operado pela empresa; criar voo diário com origem ou destino em município do estado; e criar voo internacional semanal. Já a contrapartida inicial fixada pelo governo do Tocantins para ga-
e pouca oferta os preços tendem a aumentar. Por isso, também é importante haver mais concorrência que barateie os preços”, finalizou.
casos. Da quantidade total de QAV vendida no Brasil, 92% é refinada aqui. Hoje, o querosene representa cerca de 30% dos gastos das companhias aéreas, mas já chegou à casa de 40% em alguns momentos”, disse Sanovicz. Outros três itens que estão na mira da Abear são a utilização do Fundo Nacional de Aviação Civil (FNAC), avaliado em 2017 em cerca de R$ 14 bilhões, para a ampliação da infraestrutura aeroportuária; revisão da regra sobre tarifa de conexão, equiparando o Brasil à prática internacional; e a revisão da Resolução 141 da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), no que diz respeito à assistência das companhias aéreas em caso de atrasos e cancelamentos causados por questões relativas ao clima.
NOVOS PLEITOS
INFRAESTRUTURA REGIONAL
Com cada vez mais políticas estaduais de redução do ICMS, a Abear deverá focar majoritariamente em outro item que também diz respeito ao QAV. Desta vez, é o preço do composto comercializado no Brasil que está na mira da associação, conforme adiantou o presidente, Eduardo Sanovicz. Em entrevista ao Brasilturis, o executivo detalhou os itens que ainda encarecem o querosene no País. O primeiro é o uso de um conceito antigo de definir o preço do produto. “A precificação do QAV segue um modelo de ‘Preço de Paridade de Importação’, introduzido no Brasil na década de 1990, quando o País era essencialmente importador. Hoje, o Brasil produz 85% do petróleo que consome em valores monetários, aproximando-se mais do modelo autossuficiente do que de importador de petróleo”, explicou. Assim, o preço para os fornecedores das empresas aéreas é calculado como se o petróleo fosse produzido a oito mil quilômetros de distância, em Houston (EUA). “Na realidade, o QAV usado aqui provém de menos de 500 quilômetros de distância, na maior parte dos
De acordo com Perez, a infraestrutura dos aeroportos deveria ser o grande foco neste momento. Muitos aeroportos regionais estão defasados, segundo a Secretaria de Aviação Civil (SAC) que, em abril de 2018, destacou o investimento de R$ 400 milhões a cada biênio, com foco nos 50 mais movimentados do País. A Azul, aliás, é uma das companhias que sentem de maneira mais contundente a falta de estrutura nos aeroportos do interior. Marcelo Bento Ribeiro, diretor de alianças da companhia, indicou que algumas rotas têm demanda, mas a carência de uma base sólida nos terminais afeta diretamente as operações. “O País tem problemas seríssimos de infraestrutura aeroportuária fora das grandes capitais, mesmo nas grandes cidades do interior”, defendeu. Os obstáculos, segundo ele, estão tanto na infraestrutura – como pistas ou equipamentos de pouso por instrumentos, que poderiam ser viabilizados e evitar cancelamentos - quanto em manutenção. “Isso prejudica bastante, tirando o conforto do usuário, comprometendo ou até inviabilizando a continuidade de operações”, apontou. A briga por valores de tributos e taxações, contudo, é apenas a ponta de um iceberg. A redução do ICMS pode ser considerada uma vitória para a aviação nacional. Porém, não há dúvidas, de nenhum dos lados, de que o caminho para aumentar a competitividade do setor ainda é longo. Seja no ar ou em terra.
Fonte: Agência Nacional de Aviação Civil (Anac)
rantir a taxa de 7% é que a empresa mantenha voos regulares para o estado. Uma alíquota intermediária de 5% vale para aéreas que cumprirem o requisito anterior e, ainda, implantarem uma nova rota com origem no estado e destino a outra unidade da federação. Por fim, empresas que cumprirem a solicitação inicial e criarem um pacote de novos voos regulares – incluindo opções inéditas para dois ou mais municípios tocantinenses e para outro estado - garantem incidência de 3%. GUERRA FISCAL A movimentação dos estados no sentido de reduzir o ICMS está gerando respostas de outras unidades federativas. “Não queremos promover uma guerra fiscal”, apesar de categórico e direto, João Doria, indiretamente, incitou outros estados a fazerem o mesmo. O secretário de Turismo do Rio de Janeiro, Otavio Leite, aliás, já articula promover a redução junto ao governador Wilson Witzel. Atualmente, o estado cobra uma taxa de 12%, porém deverá reduzir a alíquota para 7%. O resultado desta batalha entre os estados é favorável para os consumidores, que esperam os bilhetes baratearem. Entretanto, o desnível tributário pode afetar outras áreas, se não for feito de maneira ordenada. Segundo Francisco Conejero Perez, professor do curso de Aviação Civil da Universidade Anhembi Morumbi e ex-funcionário da Latam, o embate fiscal trará apenas benefícios, tanto para os estados quanto para empresas e passageiros. “A guerra fiscal é iminente, não há como evitar. Porém, será saudável. Essa redução rentabiliza as operações das companhias aéreas, já que a margem no setor é muito
baixa. Os estados lucram mais, pois aumentam a produção e o número de passageiros. Portanto, haverá mais impostos recolhidos em outros âmbitos e preços mais baixos para os consumidores”, explicou o professor. “Depois de algum tempo, os investimentos serão traduzidos em frota. Qualquer mudança acarreta em prejuízos, então a previsão é que haja estabilização inicialmente”, destacou. De maneira direta, as reduções podem, inclusive, ajudar no processo de recuperação judicial da Avianca Brasil. Assim, com a redução da alíquota e a rentabilização prevista por Perez, a companhia terá um cenário mais propício para voltar a lucrar e quitar os credores. O então presidente da companhia, Frederico Pereira, estava presente durante o anúncio de redução em São Paulo, mas não deu declarações. PREÇOS MAIS BAIXOS... SÓ DAQUI A UM TEMPO Apesar da euforia pela possibilidade de haver queda no preço dos bilhetes, o impacto no bolso dos passageiros pode demorar um pouco para surgir. Isso porque, conforme explica o professor da Anhembi Morumbi, as companhias deverão passar por um processo de adaptação. Além disso, é necessário consolidar a concorrência no Brasil, para que mais assentos sejam disponibilizados. Para o especialista, a redução será observada apenas no médio prazo. “No curto prazo não haverá queda, já que as companhias ainda estão se adaptando e acertando. A precificação das passagens é feita de maneira diferente de outros produtos e serviços, além de trabalhar com base na lei da oferta, e demanda. Quando há muitos passageiros
Eduardo Sanovicz, presidente da Abear
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AGÊNCIAS E OPERADORAS
Quanto custa um atendimento médico no exterior? Valores de procedimentos chegam a ser de cinco a cem vezes maiores que o custo de uma apólice de seguro-viagem DA REDAÇÃO
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enos de um terço dos viajantes brasileiros atravessa fronteiras com seguro-viagem na bagagem, de acordo com cruzamento de dados da Superintendência de Seguros Privados (Susep) e da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Ainda assim, a maioria desses 30% apenas o faz quando há exigência no país de destino, como as nações que fazem parte do Tratado de Schengen, na Europa. Com a alta do dólar e do euro, o seguro-viagem muitas vezes é visto pelo viajante como um gasto adicional, cujo valor poderia ser revertido em passeios e alimentação. No entanto, em emergências - que vão desde um roubo ou furto e até mesmo um mal-estar súbito ou acidente - além dos gastos exorbitantes, há toda uma situação a ser administrada. Cabe ao agente de viagens fazer esse alerta aos clientes. “Costumamos dizer que não se trata apenas de valores monetários, mas de todo o cenário que a pessoa vive naquele momento. Muitas vezes ela precisa lidar com trâmites consulares, emissões de passagens urgentes, repatriações, contato com família para transmitir notícias, e quando ela viaja sozinha, sem apoio de qualquer amigo ou parente do país de origem, as coisas podem ficar até mais delicadas”, comenta Fabio Pessoa, gerente responsável pelo segmento de seguro-viagem na Omint. Pessoa explica que o pacote formatado pela Omint vai além do atendimento em caso de urgências médicas. “Oferecemos um segu16 Brasilturis
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ro-viagem bem estruturado que, além das coberturas, fornece toda a estrutura de intermédio com hospitais, clínicas, companhias aéreas, órgãos governamentais e demais locais”, enumera. Nessa situação, o agente de viagens que sugeriu a contratação do seguro ganha em dobro. Primeiramente pelo fechamento da venda em si, depois com a eterna gratidão do cliente. Ele sempre se lembrará do profissional que evitou dores de cabeça em um momento tão delicado. O BARATO SAI CARO? De acordo com o executivo, se o viajante visitar outro país sem um seguro-viagem, com toda certeza gastará mais. “Se o turista estiver nos Estados Unidos e sofrer um mal-estar, ele terá de passar por um atendimento médico em que vai desembolsar, em média, 1.900 dólares. Fora os exames mais complexos, que podem ir de 4 a 9 mil dólares”, ressalta. É fundamental que o agente de viagens deixe claro ao viajante que, caso ele não contrate um seguro, tenha uma ocorrência e esteja desprovido da quantia a ser paga, ele pode receber a cobrança por meio de empresas especializadas - mesmo após seu retorno ao país de origem. “Os Estados Unidos, por exemplo, contam com uma estrutura altamente profissionalizada. Enquanto o viajante não quitar suas dívidas, ele pode ter incidentes diplomáticos, inclusive”, frisa. Os países que fazem parte do
Tratado de Schengen, no Velho Continente, exigem cobertura mínima de 30 mil euros. “Mesmo que a Europa apresente sistema público de saúde, há gastos envolvidos. Em todo o território, o valor médio de atendimento é de 780 euros – sendo 495 libras no Reino Unido”, explica. RISCO MULTIPLICADO Do final do outono ao início da primavera nos Estados Unidos e Europa, regiões como o estado do Colorado e os Alpes atraem milhões de turistas que querem desfrutar da neve e, consequentemente, esquiar. Essa é uma das atividades que mais geram lesões e, por isso, é imprescindível orientar o cliente para que ele esteja devidamente amparado. “Caso o turista se machuque, dependendo da montanha, não há como uma ambulância ir buscá-lo. Ele irá precisar de um helicóptero e, apenas um voo de descida, pode custar 2 mil dólares. Além disso, há os custos com exames de imagem, como tomografia computadorizada e ressonância, que são bastante dispendiosos, podendo chegar
a até 10 mil dólares”, alerta. O executivo ainda esclarece que “em condições como essas, também são frequentes os casos de lesões em membros inferiores, que precisam ser imobilizados. Com isso, o viajante tem que voltar de primeira classe, uma vez que é inviável seu acondicionamento na econômica. E isso também mobiliza custos. Caso essas condições não sejam atendidas, ele sequer consegue autorização médica para embarcar, tampouco da própria companhia aérea, e isso tem que ser pontuado”. Pessoa ainda enfatiza que a Omint conta com o diferencial de incluir a cobertura de esqui em pista regulamentada. “Esportes de inverno praticados por lazer não são cobrados como adicional pela Omint, o que assegura ao turista a certeza de contar com uma cobertura altamente qualificada, amparando-o nas mais diversas situações”, finaliza. Os agentes interessados pelo produto podem ser parceiros da Omint. O primeiro passo é se cadastrar em www.omint.com.br/seguroviagem
CONFIRA A MÉDIA DE VALORES COBRADOS PARA PROCEDIMENTOS MÉDICOS NOS ESTADOS UNIDOS E NA EUROPA Atendimento médico (EUA): US$ 1.900
Exames mais complexos (EUA): A partir de US$ 4.000
(Europa): € 780
Tomografia e ressonância (EUA): Até US$ 9.000
(Reino Unido): £ 495
Resgate em helicóptero (EUA): Cerca de US$ 2.000
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ACONTECEU
Olimpíadas 2020 A Century Travel anunciou roteiros terrestres para o período das Olimpíadas de Tóquio, no Japão, em 2020. A operadora destacou o comissionamento de 12% para os agentes de viagens na venda dos produtos, que estão divididos em dois pacotes. Os ingressos para os jogos não estão inclusos, pois começam a ser vendidos para o público internacional agora, em março. A operadora, porém, promete disponibilizar um material para auxiliar na compra das
entradas. A partir de agosto deste ano, a empresa também irá negociar bloqueios para os brasileiros com as companhias aéreas. “O Japão deve receber 20 milhões de estrangeiros apenas nos 18 dias de jogos olímpicos. Para evitar dificuldade na reserva de hotéis, muitos já bloqueados para o Comitê Olímpico Internacional, decidimos nos antecipar”, destacou Marcel Iyeiri, diretor comercial da operadora, que é especialista no
Celso Katsumi e Marcel Iyeiri
destino. “O Japão representa 60% das nossas vendas”, afirmou Celso
Katsumi Matinaga, vice-presidente da Century Travel.
Novo foco
Marcelo Marques
Crescimento exponencial A África do Sul reuniu os parceiros do trade para anunciar futuras ações e apresentar os resultados registrados em 2018, ano marcado pelo centenário de Nelson Mandela. Segundo Marcelo Marques, gerente de relacionamento da South African Tourism (STA) na América do Sul, o Brasil respondeu por 63% das emissões do continente, de janeiro a novembro do ano passado. O crescimento no período foi 10% acima do registrado em 2017 e o objetivo é manter o aumento nesse patamar. “É um destino que vem crescendo exponencialmente, então queremos deixar os agentes de viagens informados para que vendam com segurança. É um mundo dentro de um país, com diversas experiências”, explicou. Entre as iniciativas estão cinco famtours - sendo um para a Indaba, principal feira de turismo do continente africano, em maio; a quarta edição do roadshow STA, que vai passar por Buenos Aires, Santiago e São Paulo, entre 5 e e 11 de setembro; e a South Africa Week, realizada em parceria com o Hyatt, de 27 de maio a 2 de junho. 18 Brasilturis
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Completando dez anos de atuação, a Azul Locadora assumiu o nome Azul Mob. A empresa, que começou em 2009, prestando serFernando Cavalcante viço exclusivamente voltado para pessoas com mobilidade reduzida, vem apostando desde 2015 no meio corporativo. Oferecendo logística para eventos, locação de blindados e sedãs, fretamento de aeronaves e serviço internacional. No ano passado, a companhia registrou faturamento de R$ 11,8 milhões. Para 2019, a ideia é crescer em 40%, investindo R$ 3,5 milhões na aquisição de 30 carros para a frota própria ainda neste primeiro semestre, além de apostar na adoção de um CRM que possibilitará a gestão em tempo real das frotas. Possibilitando, assim, que clientes e empresas acompanhem os trajetos e percursos dos motoristas.
De volta ao essencial Back to life. Esse é o tema central que guiará a programação da ILTM Latin America, encontro focado em turismo de luxo, que acontece de 14 a 17 de Simon Mayle e Andrea Carneiro maio no Pavilhão da Bienal, em São Paulo (SP). O Brasilturis é media partner do evento que terá 55 novos expositores em 2019. Segundo Simon Mayle, diretor do evento, a filosofia de buscar essa conexão, entre viagens e bem-estar físico e mental, tem tudo a ver com a oferta turística latino-americana. “Queremos comemorar a possibilidade de contato com a natureza, a chance de se desconectar da vida urbana e promover uma mudança interior por meio das viagens”, disse. O lançamento oficial aconteceu no Four Seasons São Paulo, quando o trade local de luxo foi recebido por Andrea Carneiro e equipe para celebrar a nova proposta.
Bloco de Maracatu em Nazaré da Mata
Carnaval sem igual
Executivos da companhia com os vencedores do Club Latam
Parceria premiada O Club Latam promoveu o reconhecimento das empresas parceiras em 2018, entre agências corporativas, de lazer e consolidadoras. Mais restrita na comparação com a edição anterior, a premiação gratificou menos empresas. Um dos critérios, aliás, foi valorizar o desempenho, além das vendas. “Analisamos dados qualitativos. Focamos na gestão e em todo o conjunto que a parceria nos proporcionou”, reforçou Igor Miranda, diretor de Vendas e Marketing da Latam. A premiação foi dividida em cinco grupos e os troféus ficaram com BCD Travel, Hostway, SLC Serviços Aeroportuários, Maiorca, Rextur/Advance e Teresa Perez.
A equipe do Brasilturis viajou a Pernambuco para conferir o pré-carnaval local, considerado único no País. A última edição da folia em Recife e região atraiu 1.707.879 de turistas - contra 1.582.680 em 2017. A movimentação financeira no ano passado, considerando as festas na capital e demais municípios, totalizou R$ 1,6 bilhão. Para 2019, a expectativa da Secretaria de Turismo do Pernambuco (PE) é ao menos igualar esses números. “Esperamos uma grande movimentação turística durante o Carnaval. Estamos atraindo cada vez mais visitantes de outros estados e apostando na nossa cultura para crescer”, destacou o secretário Rodrigo Novaes. Os maracatus de Nazaré da Mata, a cultura ímpar dos bonecos gigantes de Olinda e o Galo da Madrugada de Recife continuam a ser os carros-chefes.
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ARTIGO David Leslie Autor do livro “Turismo para Leigos e Curiosos”. leslie@cbsmarketing.com.br
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Hospedagem... O que é o que é?
serviço de hospedagem dedicado ao atendimento das necessidades dos viajantes, quando estes estão praticando os seus percursos longe de suas casas, existe já há séculos. E há quem diga que os primeiros registros se concentram nas boas ações das igrejas e templos, que aceitavam abrigar os passantes mediante doações não obrigatórias. Fala-se dos antigos hospices - espécies de pousadas operadas por ordens religiosas - e de outras casas semelhantes. Conta-se de uma, em particular, que foi fundada na cidade de Jerusalém, em 1408, em forma de hospital para cuidar dos peregrinos em visita àquela cidade. Catedrais e monastérios davam as boas-vindas aos que precisavam de um lugar para ficar, enquanto passavam para emendar as suas jornadas. Muitos creditam o desenvolvimento deste tipo de serviço às Cruzadas que, desde 1095, precisaram deste acolhimento. Nos mais de 200 anos que se seguiram, elas começaram a atender também uma emergente classe média. Deveríamos mencionar também as históricas tavernas gregas, a importância das casas de hospedagem italianas, os famosos Inns da velha Inglaterra, as pousadas portuguesas e as outras centenas de casas semelhantes, que foram surgindo em diversas partes do planeta. Mas uma coisa é certa: quem viaja sabe bem o significado e a importância da hospedagem enquanto transita fora do seu domicílio. Hospedagem consiste no ato ou efeito de hospedar; o acolhimento de pessoas (gratuito ou não); o abrigo e/ou o alojamento temporário que se dá ou se recebe. Recentemente me deparei com um trabalho de Charles Lang, publicado em 2013, que disserta sobre a origem da palavra hospitalidade. Ele diz que a mesma provém do Latim “hospitalitate”, para de-
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signar o ato de hospedar. Tratava-se da própria hospedagem e a qualidade de hospitaleiro, assim como, por extensão, o acolhimento afetuoso. O mesmo texto nos lembra de que, antigamente, a palavra hóspede apresentava duplo sentido: identificando tanto quem hospedava e quem era hospedado. Hóspede, por sua vez, tem também origem no Latim “hospes” e se referia à pessoa que se alojava temporariamente no caráter de “visitante” em casa alheia. As palavras “hospital” e “hotel” parecem possuir a mesma raiz etimológica (ambas derivando do Latim “hospes” que significa “aquele que é recebido”). Por sua vez, o vocábulo “hotel” possui origem francesa “hôtel” que, no século13, era chamado de hostel - estabelecimento que providencia acomodações. A palavra latina “hospes” tem, possivelmente, raiz Grega: apo (adiante, além) e tithenai (colocar) para designar o conceito de “armazém / depósito”. Verificamos também uma extensão do conceito quando utilizamos a palavra acomodação que, por sua vez, tende a conceituar o “ato de hospedar-se”. Assim como, por metonímia, a divisão de um local, de um cômodo. Existem muitas formas de se utilizar o termo, tal como: o ato de localizar ou instalar algo de forma a permitir que este seja adaptado ou ajustado a outra coisa (a acomodação de objetos, de móveis, de máquinas) ou, mesmo, o conceito de “acomodação” para exprimir “adaptação”. Também se utiliza o termo acomodação àquilo que se leva a cabo para que algo ou alguém possa se adaptar (temporariamente ou permanentemente) a um determinado ambiente: “vamos acomodar os visitantes”. Alojamento, por sua vez, caracterizaria tanto o ato de alojar-se como, também, um local onde se reside temporariamente (aposento, morada, pousada). Conceitos que fazem parte do dia a dia no mundo das viagens e do turismo.
DIREITO João Bueno Advogado especialista em associações e consultor jurídico para empresas de turismo e hotelaria. Membro da Comissão de Direito Aplicado à Hotelaria e Turismo da OAB-SP joaobueno@buenonetoadvocacia.com.br
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E os seus contratos, como estão?
omo já citado em artigos anteriores, uma das providências mais importantes, dentro da relação de consumo na cadeia do turismo, é a formalização de um documento que contenha todas as condições que norteiam a referida transação. Minimizar riscos é o objetivo maior da existência de um contrato, quer seja com o cliente final, com fornecedores envolvidos na prestação do serviço para o cliente, ou terceiros, necessários ao dia a dia de sua operação. Todos os diplomas legais amparam a existência de um contrato. E pasmem: ainda existem muitas empresas, no Turismo, que desconsideram essa necessidade tão básica e realizam várias operações algumas envolvendo cifras vultosas - sem a cautela de confeccionar um contrato. Resolvem tudo através de troca de mensagens, ligações telefônicas e mensagens de WhattsApp. Se tudo der certo, muito provavelmente ninguém se lembrará que o contrato não existiu. Mas, basta que alguma coisa saia dos trilhos, e seja necessário recorrer ao que foi combinado, para que o caos esteja instalado; os e-mails, mensagens de WhattsApp e qualquer outro tipo de anotação alusiva ao negócio são válidos também. Entretanto, como meio de prova, e passíveis de nulidade, dependendo de suas características. O melhor caminho é trabalhar preventivamente, levando a termo tudo que for necessário para garantir a cobertura da Lei. Uma das grandes queixas no dia a dia dos que atuam no Turismo é que a atividade é tão dinâmica que, muitas vezes, não há tempo para a fase de elaboração do contrato, envolver advogados, demoras, exigências, envio do documento ao advogado do cliente, e o tempo correndo... Esta imagem é completamente equivocada. Em vários setores da economia, nenhuma transação é realizada sem que exista o competente contrato assinado por todas as partes envolvidas. Há
empresas, nas quais a cultura do contrato é tão levada a sério que nenhum documento transita sem o aval do advogado. Tornando-se rotina esta etapa dentro do ciclo de vida dos negócios. Outro ponto importante a se destacar é que não basta ter apenas o contrato; ele deverá ser revestido de algumas formalidades para se tornar válido, sob a pena de ser considerado nulo para o negócio que foi confeccionado. Não existe um tamanho mínimo ou quantidade de cláusulas. Sendo que o documento pode até ser enxuto, desde que consiga conter e refletir as peculiaridades do negócio e garantias para as partes contratantes. Um dos motivadores para essa impressão de que os contratos são um obstáculo, é o tamanho e a quantidade de cláusulas ali expressas - que muitas vezes são necessárias, outras é apenas por preciosismo ou até denotam que o contrato é utilizado para várias situações. Criando, neste último caso, um documento genérico que contém previsões para vários tipos de negociações, se tornando, portanto, extenso e, em boa parte, não aplicável por completo a determinado negócio que está sendo levado a termo. Pior do que o contrato citado acima é o documento montado na base do “copia e cola”, muito comum no dia a dia de algumas empresas. Em certo momento foi feita a elaboração de um contrato, por um advogado, e no dia a dia, este documento vai sendo adaptado a outras situações, ficando muitas vezes imprestável ao fim que se destina. O ideal é que o olhar do advogado esteja presente em todas as transações a serem formalizadas. Atuando preventivamente e evitando, muitas vezes, a judicialização futura da demanda, no caso de problemas, caminho sem dúvida para os casos em que não existe um contrato. No próximo artigo, tratarei das exigências mais importantes para a validade de um contrato. www.brasilturis.com.br | Brasilturis 23
CAPA
Hong Kong, China
Bangkok, Tailândia
As cidades mais visitadas do mundo Pesquisa destaca os 100 destinos mais populares e ajuda a entender quais são os fatores que atraem ou afastam visitantes POR FABIO STEINBERG, ESPECIAL PARA O BRASILTURIS
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ual é a cidade do planeta que mais recebe turistas internacionais? A maioria das pessoas já pensa em Paris ou Londres. Quem sabe Nova Iorque. Todos estão errados! A resposta correta é Hong Kong, na Ásia. Com quase 30 milhões de visitantes, em pouco mais de mil km2 de extensão, essa é uma bem-sucedida região administrativa da China, desde 1997. Isto serve pra explicar em parte o impressionante número de turistas - quase o dobro de Paris – sendo que metade, obviamente, é chinesa. Hong Kong oferece muito mais que inúmeros e bons shopping centers. Conta também com uma geografia deslumbrante, na qual 70% do território é ocupado por montanhas, área verde e uma linda baía. Para diversificar e atrair mais passageiros, a cidade também soube explorar suas atrações naturais, como oferecer várias rotas para bicicletas e trilhas para caminhadas. Este não é o único caso de sucesso turístico na Ásia. Dos 100 destinos mais concorridos, 41 estão no continente. Em segundo lugar vem a Europa, com 32 cidades. Seguem-se 16 situadas nas Américas. Por último, vem o Oriente Médio e a África, com 11. O Brasil só é representado pelo Rio de Janeiro e, mesmo assim, por pouco não sai da lista dos 100 mais. Ocupa um perigoso 94º lugar, com 2,3 milhões de visitantes – quase 13 24 Brasilturis
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vezes menos que a campeã Hong Kong. Sim, a concorrência entre destinos está mais acirrada – e profissionalizada - a cada dia. Estas e outras informações sobre as cidades líderes em turismo do mundo em 2018 fazem parte de um estudo realizado anualmente pela Euromonitor International. Os critérios são rigorosos. Por exemplo, das 600 cidades pesquisadas inicialmente, só 100 permaneceram. No cálculo, foi considerado apenas os visitantes que ficaram pelo menos um dia e não ultrapassaram 12 meses no local, a trabalho, lazer ou para visita a amigos e parentes. Por que este estudo é relevante para os que atuam no Turismo? Considerando as 1,4 bilhão de viagens globais por ano, o crescimento médio em chegadas fica na casa dos 5%. As 100 cidades relacionadas, entretanto, apresentam taxas de 7,5%. Ao identificar a preferência dos viajantes estrangeiros, a pesquisa da Euromonitor também ajuda a entender que fatores atraem ou afastam visitantes. As cidades se tornaram o maior termômetro das tendências do movimento turístico. Até 1900 eram ocupadas por não mais que 15% da população mundial. Isto se alterou ao longo dos anos. Até que, em 2008, com metade das pessoas optando pela vida urbana, a virada se consumou. Hoje há 33 megacidades com mais de dez milhões de
habitantes - e mais seis devem ser agregadas à lista até 2030. Elas se traduzem em negócios, pois concentram riquezas, renda e oportunidades comerciais. Basta dizer que a exótica Bangkok, a segunda do ranking, gera quase metade do PIB da Tailândia, embora só represente 1,5% do território do país. Em 2018, mais de 240 milhões de turistas internacionais (17% do movimento global) visitaram os dez destinos mais bem colocados, quatro deles em território chinês. Por ordem, lideraram Hong Kong (China), Bangkok (Tailândia), Londres (Reino Unido), Cingapura (Cingapura), Macau (China), Paris (França), Dubai (Emirados Árabes Unidos), Nova Iorque (Estados Unidos), Kuala Lumpur (Malásia) e Shenzhen (China). As regiões mais afetadas negativamente foram Oriente Médio e África, devido aos ataques terroristas no Egito e Tunísia que afugentaram turistas. O oposto ocorreu com a Ásia, que apresentou crescimentos invejáveis no Japão (até 43%, como em Osaka) e Índia (20% em Deli e Mumbai). ESTREIAS E DESTAQUES Três cidades chamam a atenção por estarem pela primeira vez na lista das 100 mais visitadas em 2018. Batam (Indonésia) e Santiago (Chile) receberam na faixa
de 2,5 milhões de visitantes cada, apresentando crescimento de 18% em relação a 2017. Já Porto, em Portugal, que recebeu 2,4 milhões de turistas, beneficia-se ainda da classificação do país como o melhor destino do ano concedido pelo World Travel Award. A capital, Lisboa, recebeu 3,8 milhões e é número 62 da relação da Euromonitor. Outro destaque foi Jerusalém, em Israel, que ocupa o 63º lugar com 4,8 milhões de turistas internacionais. Graças a uma relativa estabilidade e trabalho intenso de marketing, cresceu seus visitantes em 32% em 2017, e quase 38% em 2018. Paris, apesar dos ataques terroristas de 2016, passou à frente de Dubai. Com quase 17 milhões de viajantes, é a sexta cidade mais visitada do mundo. Mas perde para Londres que, com quase 21 milhões de turistas, ocupa o terceiro posto. Já Istambul, na Turquia, tenta reduzir a dependência de viajantes europeus e busca atrair chineses. Como 12º colocado, recebeu 12,1 milhões. Para atrair voos para o país, acaba de inaugurar um novo aeroporto com seis pistas e capacidade de 200 milhões de passageiros por ano. É o dobro de Atlanta, nos Estados Unidos, considerado o aeroporto de maior movimento do mundo. A opção pelas viagens como fonte alternativa de renda é tendência também em países com economias
Londres, Reino Unido
muito dependentes da indústria do petróleo. Para isto, a Arábia Saudita promove várias formas de turismo, como o religioso em Meca, o voltado à saúde e bem-estar ou, ainda, experiências. O país está construindo o Abraj Kudai, maior hotel do mundo, que terá 12 torres de 45 andares com dez mil apartamentos e cinco helipontos. Já Dubai quer se posicionar como a melhor opção para viajantes de lazer ou negócios, e planeja alcançar 20 milhões de visitantes em 2020. Destaca-se nas Américas Punta Cana, um caso de sucesso da pequena República Dominicana. Apesar da área de 420 km2 ter 325 mil habitantes na ilha – menos da metade de Hong Kong - é o 58º lugar na lista, e recebe 4,3 milhões de visitantes por ano. Não satisfeito, o país almeja mais que dobrar o número até 2023. Para isto, estabeleceu metas ambiciosas. Entre elas: atrair moradores de países que fogem do inverno pesado, como Reino Unido, Suíça e Dinamarca.
Batam (Indonésia) e Santiago (Chile) receberam cerca de 2,5 milhões de turistas cada; no Porto (Portugal), foram 2,4 milhões. As trêscidades estão pela primeira vez na lista das 100 mais visitadas em 2018
Cingapura, Cingapura
O perigo do “overtourism”
Batam, Indonésia
Santiago, Chile
O aumento da população e de visitantes gera cada vez mais pressão sobre o patrimônio e recursos das cidades exploradas em excesso pelo turismo. É o caso de Barcelona (Espanha), Amsterdã (Holanda) e Veneza (Itália), entre outras. Para enfrentar a situação, os governos cada vez mais querem atrair o “viajante certo”. Ou seja, o foco deixa de ser o volume para se concentrar no tipo de viajante. Leia-se: aquele que agrega valor à cidade. Barcelona é uma das cidades que mais sofre com o fenômeno. São cerca de 1,6 milhão de residentes para estimados 32 milhões de visitantes internacionais e domésticos por ano. É uma alarmante relação de 20 turistas para cada habitante. O mesmo acontece com Veneza, onde residentes estão abandonando o centro, que virou museu a céu aberto. Com isto, escolas, hospitais e empregos da charmosa cidade italiana começam a desaparecer. No Brasil temos também o caso de Jericoacoara (CE), lembra Adriana Cavalcanti. Até poucos anos era uma vila de pescadores, que acolhia amantes de praias desertas e kitesurf. Com a fama, passou a receber voos charters e pacotes de operadoras. O aumento substancial de turistas gerou enorme impacto ambiental devido ao lixo jogado pelos visitantes e à invasão de áreas antes protegidas. Ou seja, faltou planejamento da infraestrutura para receber tanta gente. O problema global do overtourism se tornou tão grave que até foi criado o Dia do Turismo Responsável, em 7 de novembro.
Porto, Portugal www.brasilturis.com.br | Brasilturis 25
CAPA FATORES DECISIVOS O que torna um destino mais atrativo? A resposta não é simples. “Há diversas formas e públicos, dependendo da imagem que dá o tom do local no imaginário e nas expectativas do turista”, explica Adriana Cavalcanti. Veterana na indústria e ex-executiva da Air France/KLM, ela é a atual presidente do conselho consultivo da WTM da América Latina. “A imagem pode estar associada a recursos tangíveis, como localização, instalações, atrações locais, ou intangíveis, como história, cultura, gastronomia, experiências de aventura, sensoriais, espirituais”, explica. Ela adverte, entretanto, que não basta promover o lugar sem uma boa gestão dos recursos com a integração de todos os elos do setor. Claude Blanc, diretor global de portfolio da WTM, fundador da Travel & Co e com larga experiência na indústria de viagens e hospitalidade, tem opinião similar: “Para uma cidade se tornar líder pesam dois fatores: atrações e conectividade”. Ele explica: “Os viajantes precisam ter uma boa razão para fazer o trajeto, não importa a distância. A cidade deve entreter o visitante durante toda a permanência. Ele necessita de algo para explorar, seja um local histórico, experiência cultural ou praia luxuosa”. “O elemento em comum de todos os destinos que se destacam é, além de estratégia de marketing durável e aliança com todos os atores da promoção turística, ter Destination Marketing Organizations [DMCs] fortes, atuantes e altamente profissionalizados”, avalia Paulo Salvador, especialista em destinos e distribuição depois de fazer carreira executiva na Accor, Intercity, Worldhotels e Omnibees. “Nos tempos de hoje, um grande destino não é fruto apenas do milagre da natureza”, revela. Quando a imagem do destino está associada a itens negativos – como violência, epidemias ou desastres naturais – o tiro pode sair pela culatra, destaca Adriana. “Testemunhos de pessoas que estiveram no lugar e relataram uma experiência ruim contribuem para se pensar duas vezes antes da escolha”. Salvador agrega que, além de não ter reputação de violência, é vital um posicionamento que inspire o viajante. “Todo destino - seja uma grande cidade ou uma pequena comuna - tem um diamante estratégico, que deve ser lapidado de maneira durável e profissional”, comenta. Chegar com relativa facilidade
Paris, França
África do Sul
Tóquio, Japão
Istambul, Turquia 26 Brasilturis
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Quem viaja mais pelo mundo Quais são os povos que mais parecem ter rodinhas nos pés e asas nos ombros? Um estudo da MoveHub analisou 111 países para identificar quais nações fazem mais viagens turísticas internacionais. Outra vez Hong Kong levou a melhor: seus cidadãos fazem, em média, 11 viagens internacionais por ano - algo que só é possível graças à possibilidade local de tirar um dia de folga a cada sete dias trabalhados. Em segundo lugar, vem Luxemburgo, com três viagens por ano. Em terceiro, os húngaros, que valorizam muito a vida fora do trabalho e o conhecimento de outras culturas, com dois embarques internacionais por ano. A seguir, os suecos, com 1,5 viagem por ano, em média. Eles quase empatam com os finlandeses, que fogem do inverno rigoroso, os irlandeses e os moradores de Cingapura. Finalmente, os suíços, dinamarqueses e albaneses fecham este ranking dos 10 povos que não perdem oportunidade de viajar ao exterior. é fator decisivo na escolha. “Se o viajante é obrigado a pegar até três aviões diferentes, e fazer múltiplos percursos por terra, a visita torna-se menos provável”, diz Blanc. Ele cita os planos da China de construir oito aeroportos por ano, que coincidem com iniciativas de incrementar o turismo no país. Para ele, o custo total da viagem e segurança são também itens predominantes. “Se um destino não transmitir segurança, mesmo que esteja na categoria econômica, o viajante vai embarcar para outro lugar”, conclui Blanc. Outro fenômeno registrado pela pesquisa da Euromonitor é o chamado “overtourism”. É observado principalmente em cidades europeias, com destaque para as italianas. “O excesso de visitantes devido à fama de Roma, Milão, Veneza e Florença obriga estes destinos a buscar um turismo sustentável”, explica Wounter Geerts, responsável pela pesquisa. O equilíbrio ideal pode ser representado por um triângulo per-
Nova Iorque, EUA
Roma, Itália
feito. Nele, residentes, negócios e visitantes ocupam lados iguais. O resultado é um equilíbrio que traga à cidade , de maneira simultânea, qualidade de vida, encantamento e prosperidade. Ao mesmo tempo em que aponta para um dilema, o “overtourism” oferece uma oportunidade. O crescimento extremo do turismo alavanca a economia da cidade, mas também leva ao excesso de visitantes e insatisfação dos moradores. Isto induz
um provável controle do número de turistas nos destinos sobrecarregados. Por outro lado, potencializa a atração de viajantes a destinos menos explorados. Eis aí uma chance que países como o Brasil não podem perder. O que seria preciso? “Falta planejamento na divulgação turística brasileira. Os órgãos oficiais ainda deixam muito a desejar. Temos a sensação de que cada cidade cuida de sua divulgação internacional”,
Dubai, Emirados Árabes Unidos
avalia Adriana. Para ela, é preciso entender a vocação do destino, fazer um bom planejamento e usar todos os meios de divulgação disponíveis. Cita o exemplo da França: “Os escritórios da Atout France espalhados pelo mundo usam todos os recursos midiáticos para divulgar os destinos, particularidades e múltiplas atratividades do país. Talvez, por esta razão, Paris tenha sido por anos a cidade mais visitada do mundo”. “Apesar de o Brasil ser um dos
países mais lindos e ricos em cultura do mundo, ainda está em desenvolvimento. A sua infraestrutura e rotas para as cidades ainda não fazem jus ao potencial”, acrescenta Blanc. “Minha recomendação é que se crie uma meta de longo prazo, com iniciativas e indicadores, e uma camada de proteção que evite descontinuidade por circunstâncias políticas. Tudo isto deve ser gerenciado por profissionais que saibam o que estão fazendo”, conclui Salvador.
OS 15 PRINCIPAIS DESTINOS Chegadas CIDADE
PAÍS
2016
2017
2018
Hong Kong
Hong Kong, China
26.552,7
27.880,3
29.827,2
Bangkok
Tailândia
20.698,3
22.453,9
23.688,8
Londres
Reino Unido
19.059,5
19.827,8
20.715,9
Cingapura
Cingapura
16.604,0
17.618,8
18.551,2
Macau
Macau, China
15.704,0
17.337,2
18.931,4
Paris
França
13.926,3
15.834,2
16.863,5
Dubai
Emirados Árabes Unidos
14.870,0
15.790,0
16.658,5
Nova Iorque
Estados Unidos
12.650,0
13.100,0
13.500,0
Kuala Lumpur
Malásia
12.290,4
12.843,5
13.434,3
Shenzhen
China
11.712,0
12.075,1
12.437,3
Phuket
Tailândia
10.368,9
11.613,1
11.949,5
Istambul
Turquia
9.218,4
10.730,3
12.121,1
Deli
Índia
7.447,8
10.157,0
12.505,3
Tóquio
Japão
9.272,9
9.549,4
9.896,3
Roma
Itália
9.353,9
9.531,6
9.703,2
Fonte: Euromonitor International, Top 100 City Destinations 2018 www.brasilturis.com.br | Brasilturis 27
FEIRAS E EVENTOS
Caribbean Travel Marketplace coloca Jamaica na vitrine Operadores elogiam a programação e planejam lançar pacotes para novos destinos na região POR VELMA GREGÓRIO
A
Jamaica sediou a 37a edição da Caribbean Travel Marketplace, a maior feira de negócios de turismo do Caribe. Durante três dias reuniu cerca de 140 compradores de todo o mundo, incluindo seis brasileiros - CVC, Embark Turismo, Flot Viagens, New Dream Viagens, Sanchat Tours e VRG Tur Viagens. O evento é produzido pela Associação Caribenha de Hotéis e Turismo (CHTA), com a colaboração da Jamaica Hotel & Tourist Association, Jamaica Tourist Board e Ministério do Turismo da Jamaica. Donovan White, diretor de Turismo da Jamaica, se mostrou muito orgulhoso por celebrar a conquista de um novo marco junto aos parceiros de negócios. “Foi um privilégio receber tantos profissionais da indústria, particularmente os novos compradores, para uma semana de networking e para que cultivemos novas maneiras de apresentar o turismo no Caribe”, complementou. De acordo com o Ministério do Turismo da Jamaica, as projeções de crescimento no Caribe são de 2,5% - com a Jamaica e a República 28 Brasilturis
Março | 2019
Dominicana liderando em termos de volume esperado de expansão. Uma das estratégias é impulsionar produtos com multidestinos no Caribe. Ou seja: visitar mais de um país em cada viagem, como é comum na Europa. Os Estados Unidos e o Canadá são os principais mercados emissores para a região, mas há um crescimento identificado na emissão da América Latina, inclusive do Brasil para a Jamaica. De janeiro a novembro de 2018, as chegadas de turistas à Jamaica aumentaram 5,3%, com 2,2 milhões de escalas aproximadamente. Considerando apenas a América Latina, o aumento foi maior que a média geral e chegou a 7%. Praticamente o mesmo índice de quando o foco é América do Sul, que, por sua vez, cresceu 6,9%. O Brasil ficou na média da região, com 7% de crescimento e 4.757 escalas. GARGALO NO AÉREO Ainda não há voos diretos ligando aeroportos brasileiros à Jamaica, mas não falta disposição do mi-
nistro do Turismo, Edmund Bartlett, para resolver essa questão. “Estamos trabalhando para desenvolver o turismo na região. O Brasil é um mercado importante para a Jamaica e estamos buscando ampliar as opções de voos. Queremos estabelecer parcerias com as companhias regionais, como a Azul, além de fortalecer o relacionamento com as grandes operadoras”, disse. As opções atuais são as conexões pela Cidade do Panamá ou por Miami, por onde chega-se a Kingston, a capital, ou a Montego Bay, ao noroeste da ilha, onde estão as praias e hotéis mais procurados. No mercado brasileiro, os destinos do Caribe mais consolidados, de acordo com os operadores, são (em ordem alfabética): Aruba, Bahamas, Cancun, Cuba, Curaçao, Punta Cana (República Dominicana). Outros produtos, como Jamaica e Turks and Caicos, começam a ganhar força. OPINIÃO DOS OPERADORES Para Roberto Silva, diretor presidente da Sanchattour, operadora
especializada em Caribe, a feira foi ótima, principalmente por apresentar novos destinos que serão trabalhados como produtos customizados aos clientes. “Belize, Ilhas Virgens e Granada são novidades em 2019, e serão trabalhados como produtos especiais”, disse. Élcio Vieira, da New Dream Viagens, classificou a feira como excelente. “Muitos fornecedores, contatos e, o mais importante, hotéis em ilhas do Caribe com os quais geralmente não temos contato. Tivemos a oportunidade de conhecer empresas de receptivo, serviços nas ilhas dos destinos, ver opções de hospedagens de luxo, hotéis, resorts, saber as novidades e as melhores opções para cada tipo de hospedagem”, comentou. Por ter um foco mais regional, Guilherme Campos, gerente de planejamento da Flot, avaliou que a feira foi um ótimo momento para conversar com fornecedores que não costumam participar de eventos de maior porte em outras partes do mundo. “Foi possível ter atualizações mais recentes sobre destinos que sofreram problemas com o
O ministro do Turismo da Jamaica, Edmund Bartlett, o diretor geral da CHTA, Frank Comito e a presidente da CHTA, Patrícia Affonso-Dass, estiveram nos estandes do evento
furacão, como St. Martin/St. Maarten e Porto Rico, e saber que estão reabilitados a receber os turistas”, disse. Ele também destacou a possibilidade de se aproximar de destinos pouco demandados pelo mercado brasileiro e entendê-los um pouco melhor - como St. Lucia, Granada, Antigua e Barbuda. “Pudemos, ainda, nos atualizar com novidades e fornecedores de destinos que são um pouco mais conhecidos para os brasileiros, como Turks and Caicos e Barbados”, apontou. Ele acrescentou que a Flot voltou a vender St. Martin/St. Maarten e já recebeu alguns pedidos para Porto Rico. “Procuramos promover também Barbados, que passou a ser conectada com a Copa Airlines”, finalizou. COMPORTAMENTO DO VIAJANTE “Os brasileiros gostam de ir ao Caribe para curtir o mar azul-turquesa. A feira nos ofereceu a oportunidade de desbravar e conhecer melhor o destino Jamaica”, comentou Élcio Vieira. Ele explica que, por este motivo, o lado de Negril, onde fica o hotel Sandals, apresenta verdadeiramente o mar
do Caribe - e é próprio para o gosto do turista nacional. Silva acrescentou que os brasileiros tendem a optar por destinos nos quais a língua oficial é o espanhol. “Eles resistem mais a ir para os locais onde se fala inglês, mas também são ávidos por novidades. Aí está a oportunidade de oferecer as exclusividades que trouxemos da feira”, defendeu. CENTRO GLOBAL DE RESILIÊNCIA TURÍSTICA E GESTÃO DE CRISE Assim como a República Dominicana, a Jamaica tem questões socioeconômicas a serem resolvidas. As desigualdades, aliás, são evidentes durante os percursos, ou mesmo ao sair dos hotéis. Mas, tanto o primeiro-ministro, Andrew Holness, quanto Bartlett, confirmaram sua plena convicção de que os negócios do Turismo são os propulsores para um país com menos desigualdade e mais sustentabilidade, durante o lançamento do Centro Global de Resiliência Turística e Gestão de Crise (GTRCM), que ocorreu em janeiro, e do
qual o Brasilturis participou com exclusividade. Em Montego Bay, Bartlett lançou o equipamento que foi criado para coordenar uma resposta global às ameaças relacionadas às mudanças climáticas. O centro cuidará, principalmente, de cinco questões na região do Caribe: desastres naturais, epidemias, terrorismo, crises econômicas e políticas. Em 2017, o Caribe passou por uma temporada de furacões que, além de todas as perdas geradas em vários países, estagnou a economia na região. O setor de Turismo foi totalmente afetado e ainda se recupera dessa crise. Mas a adversidade trouxe aprendizados. O GTRCM é o primeiro com essa configuração no mundo e ajudará os países na preparação, gerenciamento e recuperação de crises ou paralisações que possam afetar a indústria. O centro foi aprovado durante reunião da Organização Mundial do Turismo (OMT), realizada em Montego Bay em novembro de 2018, com o apoio do Banco Mundial, do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), da Associação Caribenha de Hotéis e
Turismo (CHTA) e da Organização de Turismo do Caribe. O serviço será concentrado em pesquisa, Direito, treinamento e políticas para ajudar destinos globais. O ministro do Turismo da Jamaica capitaneou a iniciativa. Ele disse que o centro será importante, principalmente, para apoiar a prosperidade das pessoas e dos negócios depois de crises. Taleb Rifai, secretário-geral da Organização Mundial de Turismo, disse, durante o lançamento, que o centro vai produzir e gerar informações e números, treinar as pessoas para encarar a crise e oferecer capacitação em comunicação, além de diretrizes e políticas para lidar com o processo de recuperação a partir do momento em que ocorre uma crise. O GTRCM terá foco regional, mas atuará como um piloto internacional que beneficiará o mundo. “Acredite: o centro é para cuidar das pessoas”, garantiu Taleb.
Brasilturis viajou a convite do Turismo da Jamaica, com seguro Affinity e dados móveis Flexiroam www.brasilturis.com.br | Brasilturis 29
DESTINO
Montego Bay
Joia do Caribe POR VELMA GREGÓRIO
É
só falar em Jamaica que as palavras “reggae” e “rastafári” vêm à cabeça. Sim, ambas as culturas são muito fortes e presentes nessa ilha do Caribe, mas há muito mais a ser visto, experimentado e, principalmente, vendido como produto turístico. A Jamaica foi colonizada por britânicos no século 17 e só se tornou independente no século 20, em 1962. É por isso que sua moeda, o dólar jamaicano, é tão jovem. Essa condição fez com que o país incorporasse não só a língua inglesa, que é a oficial, como também hábitos e costumes britânicos ao seu cotidiano – como, por exemplo, a mão inglesa no trânsito. Os temas culturais associados às belezas naturais fazem essa viagem ser muito mais interessante do se possa imaginar. O destino, aliás, é uma ilha de veraneio para norte-americanos e canadenses, os dois principais mercados emissores. Isso se dá pelo clima tropical, pela facilidade da língua e pela proximidade. De Miami (EUA), o voo é de aproximadamente 45 minutos. Apesar de Kingston ser a capital econômica e a cidade mais populosa da Jamaica, Montego Bay é a capital do turismo. É famosa pelos resorts all inclusive, onde a diversão rola solta. 30 Brasilturis
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MOBAY Em janeiro, uma nova proposta estreou na ilha – o S Hotel, que tem uma pegada mais de negócios, apesar de ter vista para a praia de Doctor’s Cave, e opção de serviço all inclusive. Cosmopolita, o novo empreendimento tem inspiração jamaicana e, por isso, se autodenominou um hotel multiexperiencial. Ao lado fica o restaurante Tracks & Records, inspirado no atleta mais famoso do país, Usain Bolt. Lá estão expostos memorabília e decoração que faz referência aos seus feitos olímpicos. Chamada pelos locais de MoBay, Montego Bay e as cidades vizinhas, Negril e Ocho Rios, abrigam os mais badalados resorts all inclusive da Jamaica. Eles sabem fazer festa, boas comidas e bebidas, e são excelentes anfitriões. Os próprios jamaicanos celebram a fama de ser um lugar para se divertir. “Jamaica. One Love. One people. No problem (Jamaica. Um amor. Um povo. Sem problema)” é como um slogan local. Os resorts estão preparados para que os turistas passem a temporada completa dentro deles, aproveitando mar e sol. Até a chuva de lá não é problema – eles a
Hampden Estate, um tour na produção de rum jamaicano
chamam de sol líquido, já que mesmo o chovendo as temperaturas se mantêm altas. TOUR DE RUM Dá vontade de se entregar aos encantos da vida boa, mas há programas que não se pode perder. Como o tour de rum, bebida tradicional na Jamaica e que, assim como a cachaça, é feita de cana de açúcar. A cerca de 30 minutos de Montego Bay, está a propriedade de Hampden, uma das mais antigas fazendas de açúcar da Jamaica e onde é feito Hampden Estate Rum Tour - reconhecido como um dos melhores do mundo e utilizado como base para a indústria mundial de aromas. Durante a Primeira Guerra Mundial, foram os proprietários que construíram o Cais de Hampden, em Falmouth, para o embarque
de açúcar e rum. Hoje o local é um importante porto de entrada de navios de cruzeiro, inclusive os maiores do mundo. O tour inclui visita guiada à produção, com degustação do Rum Punch - uma mistura da bebida com suco de frutas e especiarias como boas-vindas - e, no final, os participantes também provam Rum Fire e Hampden Gold, dois tipos produzidos no local. GASTRONOMIA A Jamaica já fez parte da Federação das Índias Ocidentais e é certo que as especiarias daqui são um destaque. A comida é bem apimentada. Os clássicos são Jerk Chicken e Jerk Pork, frango e porco temperado com molho especial e assado na grelha montada em grandes latões. É a primeira opção em praticamente todos os cardá-
Área de piscina e praia do Excellence Oyster Bay
pios e são ótimos para acompanhar a Red Stripes, ótima cerveja local que pode ser encontrada em vários lugares. Outro sabor que está presente o tempo todo é o “festival”, um bolinho frito de farinha que está em todas as refeições. É como se fosse um bolinho de chuva, só que salgado. Arroz e feijão também são típicos, mas apresentados de uma forma diferente. Na Jamaica, Rice & Peas são preparados e servidos juntos. Apesar das iguarias serem onipresentes, o prato típico da Jamaica é o Ackee & SaltFish, cozido de bacalhau com Ackee, uma fruta local. É um pouco estranho ao paladar brasileiro e tem um quê de assustador. Dizem que se a fruta não for preparada adequadamente pode ser tóxica. COM CLASSE Recomendar um hotel all inclusive no Caribe é uma tarefa árdua. Todos anunciam praia, sol, calor, comida e bebida à vontade. Mas como saber os diferenciais entre
um e outro para recomendar? O novo Excellence Oyster Bay, inaugurado em junho de 2018, em Montego Bay, realmente está alinhado com as fotos e ofertas que disponibiliza em seu website. É um resort de luxo, só para adultos, que combina a boa reputação da marca Excellence Resorts com o espírito da Jamaica. A primeira propriedade do grupo fora do México e da República Dominicana tem estilo vitoriano e foi construído em uma península privativa. Ela é rodeada pelo mar do Caribe e pela Lagoa Luminosa, o que dá a impressão de estar em uma ilha. A lagoa fosforescente é reconhecida por seu brilho natural e luzes bioluminescentes. O resort tem 315 suítes e quase a metade possui piscinas privativas ou jacuzzis – mais de 50% têm vista para o mar. Localizado a 35 minutos do Aeroporto Internacional de Montego Bay, o hotel tem características de cinco estrelas em todas as suítes, entretenimento noturno, atividades diárias, oito restaurantes de classe mundial, nove bares, academia, duas piscinas à beira-mar,
Ackee & SaltFish
lounge com piscina na cobertura, SPA. Além do serviço exclusivo Excellence Club, que oferece a opção de casas de praia, localizadas a poucos passos do mar. As suítes têm cama king size ou duas camas de casal, sofá em L, varanda ou terraço privativos e jacuzzi para duas pessoas. As suítes do andar térreo e da cobertura pos-
Jerk Chicken
suem piscina exterior adicional. Os lavatórios são duplos, equipados com secador de cabelo, balança, espelho de maquiagem e amenities especiais em embalagens de 130 ml - o que diminui o consumo de plásticos nas embalagens de uso único. Há roupão e chinelos para usar durante a estada, duas TVs de tela plana, ar-condicionado com
Jerk Pork www.brasilturis.com.br | Brasilturis 31
DESTINO
Peixe com banana no restaurante The Lobster House
Millé Spa oferece tratamentos para relaxar e nutrir corpo e alma
controle de temperatura no quarto, internet cortesia e chamadas gratuitas para os Estados Unidos e Canadá. O cofre eletrônico tem o tamanho ideal para notebooks. Incluído no serviço, o minibar é abastecido com cerveja, sucos, refrigerantes, água e petiscos. O Excellence Club se diferencia nas questões de privacidade, ex-
clusividade e serviço. Check-in e check-out são privados e podem ser antecipado e estendido; há um lounge privativo que funciona das 7h às 23h, com serviço de concierge, bufê e bar. O café da manhã é servido em restaurante privativo, assim como o jantar. Além disso, o hóspede Excellence Club recebe bolsa de praia
para uso durante a estada, serviço de engraxate, fruta diária e petit fours no quarto, flores e vinho espumante na chegada. As suítes da categoria Imperial incluem até o translado para o Aeroporto Internacional de Montego Bay. BARES E RESTAURANTES O Excellence Oyster Bay oferece oito opções de restaurantes internacionais incluídos no serviço. O Kitchen’s Table é um bufê onde são servidos café da manhã e almoço. O Spice é um restaurante asiático com estações de Teppanyaku que serve jantares à la carte. A cozinha francesa do Chez Isabelle surpreende com os sabores que traz para um cardápio de fácil assimilação por turistas internacionais. Já o Flavour Market é um restaurante de comidinhas rápidas especializado em receitas gourmet e com variedade de vinhos para o jantar. O Grill serve carnes no jantar e The Lobster House oferece café da manhã à la carte, especialidades de lanches e grelhados no almoço e frutos do mar no jantar. A temporada de lagostas ocorre apenas de abril a junho. Durante o dia todo, o Sports bar serve comidinhas rápidas. As asinhas de frango (Jerk Wings), assadas e muito apimentadas, são o carro-chefe. É lá que rolam as baladinhas animadas por DJ na madrugada. Na piscina
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principal também há o Sky Bar, que serve almoço para quem não quer sair das áreas molhadas. Por último, há o Orégano, uma trattoria com almoço casual à la carte e especialidades italianas para jantar. A pizza é ótima, e de massa fininha, bem diferente da que se pede no room service. Nas áreas molhadas há três opções à beira-mar e uma na cobertura no Sky Bar, com quatro jacuzzis de água quente ao lado das piscinas. Os hóspedes podem, ainda, fazer aulas de introdução ao mergulho, mergulho com instrução, bocha, aeróbica, hidroginástica, ioga, corrida, aulas de dança, aulas de culinária, vôlei, futebol, tênis de mesa, usar bicicletas, jogar dardos, jogos de tabuleiro, tiro com arco, tiro com rifle de ar e bilhar. INFORMAÇÕES ÚTEIS Moeda: Dólar Jamaicano Língua: Inglês e patwa (dialeto) Melhor período: Entre dezembro e abril chove menos. De junho a novembro pode haver furacões, mas é preciso checar. Setembro é o mês mais crítico. Visto: Não é preciso para permanências de até 30 dias. Vacina: É necessário portar o Certificado Internacional de Vacinação contra a Febre Amarela. Fuso horário: No horário de verão brasileiro, três horas antes do horário de Brasília (DF). No restante do ano, duas horas atrás. Dicas de hospedagem: Excellence Oyster Bay www.excellenceresorts.com S Hotel www.shoteljamaica.com Quem leva: Copa Airlines, com conexão na Cidade do Panamá Receptivo: Paradise Travel www.paradisetravelsinjamaica.com
Wyndham Gramado Termas Resort & Spa
(Divulgação)
(Divulgação)
Igreja São Pedro
Snowland
Rua Coberta
Lago Negro
O que há de novo em Gramado Destino consolidado no País inova com parque termal e renova oferta hoteleira com abertura do primeiro resort POR JANIZE COLAÇO
M
uito mais do que encanto, Gramado (RS) tem cada vez mais mostrado outras razões para ser um dos destinos gaúchos mais visitados. Com suas ruas floridas e arquitetura colonial presente em cada esquina, a cidade também tem colocado em cheque outros atrativos para quem a visita. Com uma das maiores infraestruturas turísticas do Rio Grande do Sul, sendo principal destino nacional quando se pensa em inverno, a cidade também se destaca por contar com mais de 200 casas gastronômicas. Seja qual for o paladar do visitante, dificilmente ele ficará na mão. Além disso, atrações turísticas não faltam. Seja para o Natal Luz, que é capaz de fazer com que os visitantes verdadeiramente se sintam na vila do Papai Noel, ou em atividades disponíveis no ano inteiro. Imprescindíveis, aliás, são as visitas ao Lago Negro, à Avenida Borges de Medeiros, à rua Coberta e à Igreja Matriz São Pedro – tudo gratuito. Para suprir a demanda dos visitantes, porém, o município dispõe de mais de dez mil leitos, segundo informa José Carlos de Almeida, secretário de Turismo. “Gramado tem apostado na atividade há anos e obtido ótimos retornos com ela.
Não por acaso, apoiamos a criação de projetos que possam não apenas trazer novidades ao destino, como também melhor atender nossos visitantes.” Apesar disso, Almeida ainda pontua a necessidade de que os empreendimentos turísticos não gerem impactos negativos para a cidade e seu ecossistema. “A nossa preocupação é manter um crescimento sustentável. A cidade dispõe de uma natureza bastante rica e ela continuará sendo resguardada”, destacou. WYNDHAM EM GRAMADO E por falar em oferta de leitos, uma das novidades que o destino apresentou no início deste ano foi a abertura do Wyndham Gramado Termas Resort & Spa. Com investimento total de R$ 150 milhões, o empreendimento é fruto de uma parceria entre a Gramado Parks e o Grupo GR. A administração, porém, fica a cargo da Wyndham. O resort se destaca tanto por ser aberto para a hospedagem do público em geral quanto por ser uma multipropriedade – sendo possível comprar frações. “São 309 apartamentos e o nosso público-alvo são as famílias. Irá se hospedar aqui tan-
to quem comprou as frações quanto os turistas que estão de passagem pela cidade”, destacou o Marc Balanger, gerente geral do empreendimento. Os quartos são divididos em categorias. São 36 suítes e 273 apartamentos superiores – com destaque para três adaptados para portadores de necessidades especiais. A expectativa de ocupação do resort é de 60% em seu primeiro ano de operação. Já em 2020, estima-se que a média anual possa flutuar entre 80 e 85%. Um dos objetivos da rede internacional, a propósito, é fomentar o número de visitantes na cidade. “Gramado por si só é um dos principais destinos brasileiros. Uma das coisas que pensamos é justamente auxiliar no fluxo turístico – tanto dos hóspedes diários quanto dos fracionários”, revelou Alejandro Moreno, presidente e diretor-geral para América Latina e Caribe da Wyndham. ÁGUAS TERMAIS É isso mesmo. A cidade, em breve, contará com a sua própria água termal – e aposta nisso como outro fator de atração de visitas. O Gra-
Mauro Silva (Gramado Parks), Alejandro Moreno (Wyndham), Gustavo Rezende (Grupo GR), Maria Carolina e Marc Balanger (Wyndham)
mado Termas Park, sob a mesma propriedade do resort recém-inaugurado, aguarda apenas a lavra ser emitida pelo Departamento Nacional de Produção Mineral. O parque será o primeiro indoor do País. “A previsão é de que em aproximadamente três meses a autorização já tenha ocorrido. E, assim, o novo parque estará disponível também”, explicou Mauro Silva, diretor administrativo e financeiro da Gramado Parks. Vale destacar que o parque, apesar de fazer parte do mesmo grupo que o resort, será uma atração à parte. Entretanto, o executivo destaca que os fracionários terão acesso ao local. Já os hóspedes diários terão pacotes com tarifas diferenciadas que incluirá a estada no resort, acesso ao parque termal e entradas para o Snowland, parque de neve que também faz parte do grupo. Brasilturis viajou a convite da rede Wyndham, com seguro Affinity www.brasilturis.com.br | Brasilturis 33
HOTELARIA
Novo restaurante Benditos Frutos
Arena Sauípe sedia convenções e grandes eventos
Acomodação da Ala Sol
Quermesse da Vila proporciona São João durante todo o ano
Flávio Monteiro, diretor de Experiência, Marketing e Vendas
A Bahia em um complexo POR FELIPE LIMA
L
ocalizado em Mata de São João (BA), o complexo Costa do Sauípe passou por um ano de mudanças. Flávio Monteiro, diretor de marketing, experiência e vendas, nomeou 2018 com um período de aprendizado. Desde a aquisição do empreendimento do grupo Aviva – resultado da união com o Grupo Rio Quente -, realizado em janeiro do ano passado, o meio de hospedagem vem passando por revitalizações, que visam melhorar a experiência dos clientes. De acordo com Monteiro, a modernização é pensada conforme os pilares da empresa, baseados em três F’s: fazer famílias felizes. “Ninguém vem aqui por causa da cama, do quarto ou do chuveiro. Elas vêm pelo entretenimento, pelas atrações. É nisso que precisamos investir”, aponta o diretor, que destaca que a ideia é apresentar toda a cultura baiana em um só lugar. O empreendimento possui 1.564 apartamentos, divididos em três tipos de hospedagem all inclusive: Sauípe Premium, Sauípe Resort e Sauípe Pousadas. Uma das principais novidades é a Quermesse da Vila, espaço que visa situar os visitantes em uma festa de São João que dura o ano todo – com direito a roda - gigante, onde é possível ter 34 Brasilturis
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uma visão panorâmica do lugar. Comidas e brincadeiras típicas, bem como apresentações e músicas que fazem parte do legado do São João, também estão garantidos. Outra estreia é a Vila Assombrada, voltada aos visitantes apaixonados por lendas urbanas e terror. Os hóspedes são convidados a entrar em uma casa, passando pelos seus diversos cômodos. Em cada um deles estará à espera uma figura horripilante - como loira do banheiro, bruxa, chupa-cabra e palhaço assassino, entre outros. Situado à beira-mar, o empreendimento conta ainda com a Nova Orla, permitindo que os visitantes apreciem o destino, o mar e a areia branca, localizados a poucos passos, deixando a maresia fazer parte da experiência. “Sauípe finalmente abriu-se ao mar. Os resorts estão voltados para si mesmos, mas nós temos uma praia tão maravilhosa que nunca foi protagonista. Colocamos espreguiçadeiras e agora nossos visitantes podem voltar a ter essa vivência. A orla refeita ressignificou Sauípe”, comemora Monteiro. RIQUEZA GASTRONÔMICA O complexo inaugurou três res-
taurantes. Um deles é o La Villa, voltado para quem busca por um ambiente mais intimista e aberto apenas para o jantar. Com serviço à la carte, o cardápio oferece três opções de menu degustação de culinária internacional contemporânea. Apaixonados por frutos do mar têm uma opção exclusiva. Com decoração praiana, o restaurante Benditos Frutos oferece pratos feitos exclusivamente com essas iguarias. Os visitantes podem aproveitar de lagosta, camarão, polvo, casquinha de siri, além de várias opções de peixes, entre outras opções. Para deixar a refeição ainda mais autêntica, o menu apresenta pratos com nomes relacionados à cultura baiana, como Ilha do Tesouro, O Canto da Sereia e Baía de Todos os Santos. Mas se a ideia é reverenciar a mais autêntica comida baiana, o restaurante Baêa é o lugar certo. Com serviço à la carte, o cardápio oferece pratos bastante conhecidos, como o arroz de hauçá, abará, bobó de camarão e carne de sol com mandioca, entre outras receitas. A beleza do destino também chama atenção do público corporativo, transformando-o em sede de convenções e eventos para mais de
três mil pessoas. São 40 salas modulares, sendo que a maior delas pode receber até 1,2 mil pessoas em formato auditório. Além disso, o complexo conta com a Arena Sauípe, com mais de cinco mil metros quadrados, podendo receber até seis mil pessoas. Monteiro afirma que o segmento não é destaque , mas ganha importância pela receita. Por isso, vem apostando na modernização das instalações. COMPROMISSO SUSTENTÁVEL O empreendimento, que possui parceria com o Projeto Tamar, se comprometeu a eliminar canudos e plásticos descartáveis, a fim de preservar a vida marinha. A iniciativa começou com a categoria Premium e deve ser estendida às outras em breve. “Vamos implementar as novas ações em todo o complexo conforme vemos os resultados que obtemos com a Premium. É uma meta que conseguiremos atingir, garantindo ainda mais o bem-estar das tartarugas”, destaca o diretor. Brasilturis viajou a convite do grupo Aviva, com seguro Affinity
Celso do Valle e Silvio Araújo
Ana Luisa Masagão e Antonio Dias
Aposta no corporativo Palácio Tangará e grupo Royal Palm anunciam estratégias para expansão dos negócios dentro do segmento POR CAMILA LUCCHESI E LEONARDO NEVES
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m fevereiro, duas importantes marcas do segmento de hospitalidade anunciaram ao mercado suas estratégias para expandir os negócios, por meio da atração de eventos corporativos. Enquanto o paulistano Palácio Tangará, única propriedade da sofisticada Oetker Collection na América do Sul, relançou seu conjunto de salas para reuniões de diversos portes, o grupo Royal Palm concluiu as obras de um complexo inteiro dedicado ao segmento, em Campinas (SP). No caso do empreendimento de luxo, a ideia foi rebatizar a área de eventos para destacar as oportunidades dentro do segmento MICE (Meetings, Incentives, Congresses and Exhibitions). Tangará House foi o nome escolhido para o conjunto de nove salas que, juntas, podem receber até mil pessoas. “No ano passado, notamos que o segmento de grupos respondeu por 25% da ocupação média de 56%. Nossa ideia foi fazer, então, um lançamento para mostrar aos 300 participantes que estamos preparados para todo o tipo de demanda que se enquadre ao porte do hotel”, explicou Silvio Araújo, diretor de marketing e vendas. Com 141 apartamentos e instalado dentro do Parque Burle Marx, o Palácio Tangará se destaca pela excelência nas instalações e nos
serviços. A área verde do entorno também é um diferencial que torna o produto único. “Não estamos em um arranha-céu com janelas fechadas e vizinhança corporativa”, reforçou Araújo. A expectativa é que o segmento represente 30% do negócio em 2019. “ZONA DE CONSIDERAÇÃO” No evento de apresentação, o espaço foi preparado em diversos formatos, a fim de mostrar o potencial para a organização de eventos. Mais do que um show room, a proposta foi fazer uma imersão nas experiências, que incluíam massagens no Flora Spa by Sisley, degustação de vinhos e drinques, toques sobre governança e uma interessante visita pelos bastidores da cozinha, além de dicas de experts sobre temas relacionados ao universo corporativo. Araújo explica que a ideia é educar o mercado em relação à oferta. “Queremos ser conhecidos e entrar no que chamamos de ‘zona de consideração’. Ou seja, os esforços são para que os organizadores de eventos passem a considerar o Palácio Tangará para eventos de porte pequeno e médio. Não somos um hotel para convenções, temos mais vocação para reuniões exclusivas”, detalhou. Um desafio grande é desmistificar a questão financeira, já que
a marca pressupõe requisitos de sofisticação que podem inibir os organizadores de eventos em busca de cotações. “Temos grande versatilidade e podemos sediar eventos de diferentes portes, para todo o tipo de demanda”, pontuou Celso do Valle, diretor-geral do Palácio Tangará, durante o evento de apresentação. OFERTA COMPLETA Em 23 de fevereiro, o trade se reuniu em Campinas para a abertura oficial do Contemporâneo, hotel que marca a conclusão do complexo projetado pelo grupo Royal Palm em 2011, com investimento total de R$ 500 milhões. De classe econômica, somente o hotel contou com um aporte de R$ 130 milhões e dispõe de 310 quartos. O empreendimento aposta no conceito “chic & basic”, que mantém as características da categoria em que está inserido, sem perder o requinte da marca que o abriga. A ideia é que ele seja utilizado para hospedar o staff de grandes congressos, para que os organizadores consigam concentrar todos os envolvidos em uma mesma área - evitando deslocamentos até outras propriedades e economizando tempo. Com a inauguração, o local passa a ter opções em diferentes
estilos de hospedagem que funcionam junto ao Royal Palm Hall, novo centro de convenções. O quatro estrelas Royal Palm Tower Anhanguera, o Royal Palm Plaza Resort e o boutique The Palms complementam a oferta. “O Contemporâneo era a peça que faltava para o complexo”, destacou Antônio Dias, diretor-geral do grupo. A previsão é que a abertura consolide ainda mais a marca dentro do mercado corporativo, segmento que deve passar a responder por 60% do faturamento do grupo. Os 40% restantes deverão ficar por conta dos congressos (30%) e confraternizações sociais, como formaturas (10%). A expectativa é que Royal Palm Hall fature R$ 220 milhões em 2019. Com as outras propriedades somadas, a quantia deve superar R$ 300 milhões. A marca busca fortalecer as vendas casadas, criando opções para que os participantes de eventos se hospedem dentro do complexo. “O segmento menos desenvolvido no Brasil é o mercado para eventos. Observamos carência de um produto com serviços integrados”, destacou Dias. Ana Luisa Masagão, diretora de vendas e marketing, afirmou que seguirá com ações em nichos. “Continuaremos buscando divulgação em veículos especializados e por meio da participação nas principais feiras do trade”, afirmou. www.brasilturis.com.br | Brasilturis 35
SUSTENTABILIDADE Cássio Garkalns CEO da GKS Negócios Sustentáveis e professor do curso de pósgraduação em Gestão Estratégica da Sustentabilidade (FIA/USP) cassio@gks.com.br
Fundado por Horácio Neves, em 1981. O primeiro jornal criado especialmente para a indústria do turismo nacional, Brasilturis atualmente é de propriedade da Editora Via LTDAME, grupo de comunicação especializado em publicações segmentadas sobre turismo. Avenida Angélica, 321 - Cjs. 92 e 93, Higienópolis - São Paulo/SP - Brasil CEP: 01227-000 Tel.: +55 (11) 3259-2400/ 3255-4956 DIRETORIA Sócia-diretora: Ana Carolina Melo
Turismo como vetor de desenvolvimento?
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odos nós já falamos ou escutamos inúmeras afirmações a respeito da importância do Turismo como atividade capaz de promover o desenvolvimento sustentável, a inclusão socioeconômica e a valorização da cultura. De fortalecer a autoestima das populações locais, de seu grande potencial para gerar renda para micros e pequenos empreendedores a partir de baixos investimentos, entre muitas outras. Neste contexto, gostaria de colocar Brumadinho (MG), cidade turística que, antes do dia 25 de janeiro, era reconhecida pelas belezas naturais, pela mineirice, pela culinária, pela cultura, pela hospitalidade, pelas paisagens, por ser o portão de entrada para Inhotim. Passados alguns dias da tragédia, ainda tenta aceitar a nova realidade. Até o dia 14 de fevereiro, já haviam sido contabilizadas 166 mortes, 144 pessoas desaparecidas e centenas de quilômetros quadrados devastados pelo rompimento da barragem 1 do Complexo Mina Córrego do Feijão. Diante de tantas e tão impactantes perdas, como o município e seus moradores conseguirão seguir em frente? Como se não bastasse a perda de tantas vidas e de recursos naturais, também é importante ressaltar que a mineradora Vale era responsável por aproximadamente 35% da arrecadação municipal e que, por ser a maior contratadora local, influenciava uma longa cadeia produtiva de prestadores de serviços diretos e indiretos. Assim, a paralização das atividades minerárias certamente gerará outra tragédia anunciada: a econômica, para toda a região. Um desafio enorme é posto como oportunidade para mostrar que os tais princípios e conceitos do turismo são reais e, principalmente, aplicáveis. Que não são um blá-blá-blá teórico e retórico, mas bases de uma atividade realmente capaz de promover desenvolvimento. O Turismo pode verdadeiramente ser entendido e considerado como uma forma de resgate da autoestima da população, de geração de emprego e renda, de recuperação ambiental e como um caminho para o crescimento econômico. É a hora de projetos consistentes e estruturantes serem concebidos e implementados sob uma ótica técnica e séria - aproveitando uma onda de indenizações, multas e aplicação de recursos que certamente ocorrerá. Digo sérios, 36 Brasilturis
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pois as tragédias também são um palco fértil para oportunistas, para tentativas empíricas, para achismos e para o uso indevido de recursos. Envolver a juventude no desenvolvimento de projetos de vida e de carreira associados ao Turismo, qualificar empreendedores de forma objetiva e alinhada a princípios da sustentabilidade, incentivar o desenvolvimento de novos negócios associados à hospitalidade, repensar o conceito do destino turístico, trabalhar cadeias produtivas, apoiar na organização e no fortalecimento da governança local do turismo, replanejar a cidade de forma inteligente, valorizar os atrativos que resistiram, engajar os (potenciais) turistas em um movimento de apoio à reconstrução de Brumadinho são algumas possibilidades. Mas existem muitas outras e que deverão ser debatidas e construídas de forma participativa com os atores locais e com os bons técnicos. Trabalhei em um projeto em Angola, no qual o Turismo era a oportunidade para o reencontro do país com sua gente, cultura e belezas, após um longo período de guerra civil. O caminho não é rápido nem fácil, mas é possível. O ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, recentemente anunciou a liberação de R$ 62 milhões do Fundo Geral de Turismo (Fungetur) ao Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais , a fim de reerguer a atividade o Turismo na cidade, defendeu a atividade como oportunidade para a geração de empregos, para reduzir a dependência econômica regional do setor de mineração. E ainda afirmou: “Brumadinho terá, no Turismo, a força que precisa para se reerguer”. A mineradora Vale já se comprometeu a repassar R$ 80milhões para o município ao longo dos próximos dois anos, como forma de minimizar os impactos da paralização da mineração. Haverá, ainda, o montante referente à indenização pelo acidente. Recuperar vidas e eliminar o impacto emocional e ambiental será impossível, mas provavelmente haverá recursos financeiros suficientes para que a cidade e seus moradores busquem novos caminhos, e que uma tragédia silenciosa decorrente da desaceleração econômica não castigue ainda mais a população. É a hora de o Turismo assumir a posição que tanto defende. Vamos em frente!
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