ENTREVISTA
AVIAÇÃO
SEGURADORAS
Simon Mayle antecipa novidades para a edição 2019 da ILTM Latin America e analisa as principais tendências do turismo de luxo no Brasil e no mundo
Entenda porque a Boeing manteve a produção de aeronaves da família 737 Max mesmo após a proibição da entrada do Max 8 no espaço aéreo de 40 países
Consulte nosso guia definitivo sobre seguro-viagem, aprenda sobre a parte jurídica e saiba a verdade por trás de dúvidas que perpetuam há anos no mercado
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ANO 38
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Nº 823
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ABRIL 2019
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brasilturis
brasilturisjornal
ONDE ERRAMOS? Especialistas em promoção e executivos que atuam com receptivo internacional avaliam as barreiras que atravancam a chegada de estrangeiros ao País Pág. 34
AGÊNCIAS E OPERADORAS
HOTELARIA
Viagens com foco em esportes vêm despertando o interesse dos consumidores e aumentam oportunidades de negócios para as empresas Pág. 14
DESTINOS
Marrocos Paisagens exóticas, cultura milenar e gastronomia chamam a atenção no país africano que tem ligação aérea direta para o Brasil Confira a análise de dois condomínios residenciais em Orlando (EUA) Empresa promete hospedagem sem preconceito Pág. 40 a 44
Tiradentes Nem só de história e religião vive a cidade mineira, que atrai também pelo ecoturismo, arte e gastronomia Pág. 50 a 61 www.brasilturis.com.br | Brasilturis
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EDITORIAL Camila Lucchesi Editora-chefe
“Construa e eles virão”
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produção desta edição foi marcada por muitas “coincidências”. Coloco a palavra entre aspas porque não acredito que o ocorrido tenha relação com o acaso. Tudo começou com a seleção do tema que estamparia a capa deste que é um dos números mais relevantes do ano. Em reunião com as sócias Amanda Leonel e Ana Carolina Melo, proprietárias do título, decidimos que a reportagem deveria retratar um tema de interesse das agências e operadoras, mas que também impactasse toda a cadeia. Optamos por falar sobre os entraves que barram a chegada dos turistas internacionais ao País. Apesar de ser assunto recorrente nas rodas de conversa do trade, a ideia era abordá-lo por outro viés ao analisar o caminho inverso, de fora para dentro. Para ser mais clara: falar com representantes de empresas que trabalham com receptivo internacional no Brasil para entender quais são as principais queixas dos clientes. Assim, o texto de Fábio Steinberg, nosso parceiro editorial há alguns meses, traz a visão de quem conhece tanto a oferta nacional quanto o perfil de compra do estrangeiro. E, entre os problemas apontados, a falta de investimento em promoção ganha destaque. Alguns dias antes, aliás, eu tinha entrevistado Simon Mayle, especialista em turismo de luxo e diretor do ILTM Latin America. Falamos sobre destinos de relevância mundial e, ao chegar à análise brasileira... Caímos, mais uma vez, na falta de promoção do País no exterior. Passado algum tempo, recebi o artigo de Ricardo Hida sobre o recente término da exigência de vistos para turistas norte-americanos, japoneses, canadenses e australianos. Qual foi um dos argumentos usados para rebater a necessidade de reciprocidade? A comparação entre as ações de promoção de Brasil e Estados Unidos em mercados internacionais. Há quantos anos ouvimos que é preciso reforçar a promoção internacional? Que uma das estratégias é trabalhar em conjunto com nações vizinhas? Afinal, quando conseguiremos consolidar roteiros que combinam destinos na América Latina? A construção de roteiros entre Brasil, Argentina e Chile – um exemplo aleatório - já tende a ser complexa por idiossincrasias e questões diplomáticas. Nosso País complica ainda mais, adicionando um ingrediente que acaba não sendo bem digerido pelos governantes vizinhos: a troca constante de interlocutores que atravanca o diálogo e impede a continuidade. Acredito que todos repensam o turismo quando um grande evento da indústria está prestes a acontecer - como é o caso, agora, com a WTM Latin America. Não importa se essa análise é motivada pela oportunidade de fazer novos contatos com os diversos elos e em nível internacional ou pela chance de se atualizar em relação a produtos, serviços e tendências. O fato é que todos saem do automático para lançar um olhar mais crítico para o mercado onde atuam. E o tema “falta de promoção” é certo na fala de todos. Debater é sempre válido, mas dar continuidade às conclusões tem ainda mais relevância. É preciso fazer! Essa reflexão me lembra da frase mais famosa do filme “Campo dos Sonhos”, de 1989, estrelado por Kevin Costner e que dá título a esse editorial. No contexto do longa, havia um aspecto espiritual. No caso do turismo, a analogia é bastante objetiva. “Construa e eles virão”. Simples assim. 4
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ENTREVISTA
Complexa simplicidade Simon Mayle Diretor da ILTM Latin America
POR CAMILA LUCCHESI
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rodutos interessantes, agências focadas em expandir os negócios e um sistema que conecta todos. A receita de sucesso da ILTM Latin America, principal evento de turismo de luxo da região, parece simples. Entretanto, há muito trabalho nos bastidores e critérios rigorosos para garantir a presença das pessoas certas dos dois lados, pois elas serão as responsáveis por girar a engrenagem. E isso não tem a ver, necessariamente, com quantidade. “Precisamos levar os top producers, é óbvio. Mas também convidamos agências boutique, empresas que têm volume menor de vendas, mas com gasto muito expressivo e bem acima da média”, explicou Simon Mayle, diretor do encontro latino-americano. Mayle conhece como poucos a realidade do segmento de luxo e consegue traduzir o comportamento do viajante, antecipando tendências de consumo com facilidade. O senso crítico e a capacidade de avaliação são exercitados com as viagens que o executivo faz mensalmente ao redor do globo. ”A parte que eu mais gosto do meu trabalho é entender como as pessoas de diferentes nacionalidades viajam. Os franceses, por exemplo, preferem estar em lugares onde se sintam… franceses (risos). Eles amam Búzios, St. Barths e o Marrocos”, explicou. Durante o bate-papo, ele destacou o perfil do turista de luxo, apontou os principais concorrentes do Brasil no segmento e sinalizou um dos principais entraves para a atração de mais turistas para destinos latino-americanos: a falta de conhecimento das agências internacionais em relação à oferta e aos fornecedores daqui. Para ele, isso impacta mais do que falta de segurança. Como você avalia o mercado de luxo na América Latina e no Brasil, pensando sob o ponto de vista do comportamento de consumo? 6
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É importante deixar claro que o luxo pode ser dividido em vários segmentos. Tem a categoria ultra luxo, que nunca mudou seus padrões. Em tempos de crise eles tendem a ficar mais discretos, mas não deixam de viajar – usam jatos privativos e toda estrutura high end. Tem uma outra parcela que continua viajando com frequência, se hospeda em empreendimentos de luxo, gasta muito, mas não usa avião privado, por exemplo. E tem o que eu considero mais interessante que é o aspirational, um grupo formado por pessoas que desejam ser viajantes de luxo e começam a entrar nesse mundo com viagens de lua de mel. Falando em termos gerais, os mercados consumidores mais fortes estão na Europa e nos Estados Unidos. Ásia está crescendo rápido, com números expressivos, mas com gastos mais baixos. Os latinos não estão entre os líderes, mas têm uma maneira peculiar de percorrer o mundo que também atrai o interesse. Eles viajam em grupos familiares numerosos, normalmente compostos pelo casal com filhos e mais os avós das crianças. Turistas de outras nacionalidades não acham tão prazeroso viajar em família, com a sogra, mas isso é cultural entre latinos. Outra característica que determina a importância desse mercado é a longa permanência. O turista norte-americano, por exemplo, gasta bastante, mas não fica muito tempo porque só tem 15 dias de férias. O brasileiro fica pelo menos quatro dias em cada lugar e quer ver de tudo, além de comer muito bem. Para destinos e hotéis esse perfil é valioso. Qual é sua avaliação da região como destino de luxo? Quando estou fora, trabalhando para as outras feiras ILTM no mundo, vejo que todos pedem o mesmo: mais produtos latino-americanos. A oferta é muito desejada, mas falta às agências internacionais o conhecimento de operadores e hotéis por aqui. Ninguém viaja da Europa ou dos Estados Unidos para passar cinco dias no Rio de Janeiro. Eles querem fazer muito mais: ir ao Brasil, Chile e Argentina em uma mesma viagem. Se eles gostam, vão voltar para fazer um roteiro mais aprofundado. Todo mundo conhece o Belmond Copacabana Palace, a marca Fasa-
no também está forte no mundo inteiro e o Uxua fez um bom trabalho fora do Brasil. Mas os agentes ainda não sabem, por exemplo, como combinar Trancoso com o Rio de Janeiro. Existe demanda, porém falta conhecimento. É na criação dessas conexões que a ILTM Latin America pode ajudar a fazer o mercado crescer. Esses clientes são VIP, então se houver qualquer risco em mandá-los para o Brasil e algo não funcionar, o agente prefere trocar o destino. Ele não quer correr o menor risco de perder um cliente fiel. Falando em segurança, em que medida você acha que a situação do Rio de Janeiro prejudicou a imagem do País no exterior? Menos do que nós imaginamos. Os viajantes dos Estados Unidos são mais focados em segurança, os outros são bem mais abertos. Há também aqueles que vão evitar vir para cá por causa de temas políticos, mas a maioria não se importa. Temos um trabalho grande para promover o Brasil lá fora. Segundo dados da Brazilian Luxury Travel Association (BLTA), 60% dos hóspedes de hotéis de luxo associados são do próprio País e 15% são latino-americanos. Apenas 25% é de outra nacionalidade, a maioria americana, inglesa e francesa. Existe um grande mercado para ser explorado. Para quais destinos latino-americanos o Brasil perde turistas de luxo? Para quase todos os grandes. Especialmente Peru, Colômbia, Chile e Argentina. Peru tem uma marca forte e está fazendo um excelente trabalho de promoção, mostrando o país inteiro e não somente Lima ou Cusco. A capital é sempre cinza, mas atrai milhões de pessoas porque se tornou o melhor destino de gastronomia do mundo. Tudo está conectado, há trens de luxo, é fácil viajar. O Chile faz um excelente trabalho de promoção do Atacama, que tem hotéis de qualidade espetacular. Argentina é conhecida no mundo todo, tanto que recebeu o encontro de cúpula do World Travel & Tourism Council (WTTC) no ano passado. A Colômbia está na moda, especialmente Cartagena, que já tem ligação direta e regular com a Europa. Esses países têm diversidade natural e o Brasil também. É preciso reforçar a promoção conjunta.
Esse contexto de oferta natural tem a ver com o tema da ILTM Latin America deste ano, o “Back to Life”. Você acha que o conceito de bem-estar e simplicidade veio para ficar? Com certeza. Temos hoje uma vida muito urbana, trabalhamos mais, estamos mais conectados, mais tecnológicos. Como reverter? O contato com a natureza pode ser um caminho, então vamos celebrar porque a América Latina sai na frente nesse sentido. Desconectar é bom e é difícil encontrar lugares onde você possa realmente se desligar do entorno. Quando consegue isso, fica aquela sensação de “Uau! Preciso fazer isso mais vezes!”. É um contraponto do overtourism – o excesso de turistas que é um dos fenômenos mais críticos do turismo de massa atualmente. Nesse contexto, quais destinos mundiais devem despontar dentro do segmento? Nos últimos anos, a Ásia tem sido muito citada, principalmente destinos que combinam natureza, gastronomia e oferta hoteleira renovada. O Camboja, que já tinha empreendimentos Rosewood e Raffles, inaugurou há pouco um novo Six Senses e um novo Alila. Seychelles também tem crescido bastante porque os viajantes estão buscando alternativas às Maldivas. O Sri Lanka está despontando e Portugal se mantém no topo por explorar muito bem o Back to Life. Além dos tradicionais Lisboa e Porto, vale expandir o roteiro para o Alentejo, mais especificamente para São Lourenço do Barrocal, quase na fronteira com a Espanha. Escócia também está em alta por conta da abertura de novos hotéis. A hotelaria tem esse poder de transformar um local em um destino da moda.
ILTM LATIN AMERICA O principal evento da indústria do turismo latino-americano de luxo acontece de 14 a 17 de maio no Pavilhão da Bienal, em São Paulo (SP). www.iltm.com
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PUBLIEDITORIAL
Por que usar a plataforma agentconnect.biz da Air France-KLM?
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AgentConnect.biz é o site da Air France-KLM dedicado ao agente de viagens, com ferramentas e informações necessárias para atender aos requisitos do cliente, 24 horas por dia, 7 dias por semana, oferecendo conteúdo sobre produtos e serviços, notícias e instruções comerciais, além de políticas de reservas. Para facilitar a navegabilidade, a página inicial do AgentConnect.biz oferece navegação imediata ao conteúdo organizado em quatro seções: MEU ESPAÇO
Esta seção é ajustada às necessidades de cada agente de viagens, permite que você gerencie seu perfil, encontre os detalhes de contato das companhias aéreas e busque informações pertinentes ao seu caso ou dúvida. Há também nesse espaço o eQuiz, um questionário em que você pode testar os seus conhecimentos sobre a Air France e a KLM. 8
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VENDAS E SUPORTE
PRODUTOS E SERVIÇOS
O próprio título já diz tudo. Essa parte do site cuida do suporte às vendas para seus cliente,. fornecendo informações úteis para preparar uma viagem, com políticas diversas como a de reserva de assentos, classes tarifárias e seus benefícios, além de procedimentos gerais das duas companhias aéreas e sobre a assistência ao passageiro, como reembolso, cancelamento, entre outras.
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MARKETING
Reciprocidades de vistos Ricardo Hida CEO da Promonde, formado em administração e pós-graduado em comunicação ricardo@promonde.com.br
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m sua recente viagem aos Estados Unidos, o presidente Jair Bolsonaro se encontrou com seu homólogo, Donald Trump, e aproveitou a ocasião para, finalmente, abolir a exigência de vistos de entrada no País para os turistas norte-americanos, japoneses, australianos e canadenses. Obviamente houve grande re-
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percussão na mídia, e até, embora pequena, certa reclamação por parte de um grupo que exigiu a contrapartida norte-americana. Assim como aquela ala mofada do Itamaraty, que só pensa em torrar dinheiro público em suntuosas embaixadas que não retratam a realidade brasileira, exceto sua vocação megalômana, faltou por parte dos insatisfeitos a racionalidade econômica. Durante muito tempo o turista brasileiro tomou conta dos aeroportos em todas as partes do mundo. E, por essa razão, delegações dos mais diferentes destinos chegaram ao País, entusiasmados com o potencial emissor verde e amarelo. Nos-
sos conterrâneos espalharam bilhões - sim, bilhões - de dólares em todos os continentes, principalmente nos Estados Unidos e na Europa. A obrigatoriedade de visto para conhecer Orlando, Nova Iorque e Califórnia sempre causou menos prejuízo para os norte-americanos que o inverso. E a razão se explica por Kotler e alguns de seus “Ps” – que já foram quatro e hoje chegam a 13. Conhecer os parques da Disney e Universal, visitar os estúdios de cinema, fazer compras compensam as taxas, os esforços e a burocracia para ter o visto. Além disso, a promoção do turismo norte-americano é invejável. Não só o Brand USA, mas as diversas cidades, e mesmo as atrações, têm estratégia, foco e orçamento para atrair visitantes de todo o globo. Quando falamos do Brasil, nos deparamos com inúmeras dificuldades, que já começam com o produto. Embora tenhamos belezas naturais, excelentes hotéis e um je ne sais quoi que atrai o estrangeiro, o Brasil, no geral, ainda possui grandes problemas, incluindo infraestrutura - estradas, ruas e até telecomunicações - sem deixar de mencionar a mão de obra pouco qualificada. A promoção também é desencontrada. O País, por meio da Embratur, e os estados e as cidades não criaram uma estratégia única, que coloque em primeiro lugar a mensagem do Brasil como destino imprescindível para se conhecer, abraçando as mensagens de todos os territórios. Trabalhamos muito pouco o conceito de rotas. Seja da cachaça, das
cidades históricas, do vinho ou mesmo do Carnaval. E, se as campanhas de promoção já são ruins, a situação fica pior com as notícias que circulam pelo mundo. Inhotim (MG) e o Museu Nacional (RJ) são emblemáticos. Assim como o lamentável post do presidente desqualificando a festa que mais atrai turistas para o País. Mas se nossas mazelas já são conhecidas por todos, é preciso aproveitar as oportunidades como a novidade dos vistos. Até quando relegaremos às margens o nosso receptivo? As empresas que trabalham emissivo são importantíssimas para a nossa indústria, mas é preciso um investimento maciço hoje. É hora de apoiar DMCs e toda a estrutura que acolhe os estrangeiros. Além disso cabe aos hotéis exigir inglês e espanhol de suas equipes. Trata-se de uma situação inadmissível nos depararmos com recepcionistas de alojamentos que não são bilíngues, assim como funcionários de aeroportos e companhias aéreas. O governo também precisa concentrar esforços em segurança pública. A cor das roupas de meninas e meninos não espanta turistas, tampouco aumenta o valor que pagamos em produtos e serviços poucos se dão conta que o valor dos seguros e convênios médicos é alto por conta dos riscos de violência no País. Os ministros que estão mais em evidência no País não são o da economia, o da justiça e o da infraestrutura. Os três mais comentados, embora conduzam pastas importantes, estão envolvidos em polêmicas ideológicas e não econômicas. É hora de a indústria do turismo sobretudo a hotelaria, os receptivos, os Convention & Visitors Bureaus, as companhias aéreas nacionais, as empresas rodoviárias, os parques temáticos, aplicativos - exigir do governo esforços no que realmente nos interessa: segurança pública, infraestrutura e o eficaz gasto na promoção do Brasil. Por outro lado, deixando o paternalismo e a vitimização de escanteio, o mercado precisa investir maciçamente na formação das equipes, na tecnologia e na qualidade dos serviços. Eis aí uma reciprocidade que vale a pena.
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ACONTECEU
Brasilturis pelo mundo Na próxima edição, traremos informações completas, com destaque para as novas oportunidades que surgem para os agentes de viagens nos destinos mencionados. Acompanhe!
Em meados de março, a equipe do Brasilturis fez a cobertura de quatro famtours em diferentes destinos. O megafamtour da Flot levou 76 agentes de viagens para conhecer as belezas da República Tcheca. O roteiro não se limitou a Praga, explorando também o interior do país no Centro Europeu e conquistou os profissionais pela diversidade.
Ainda no Velho Continente, nossa equipe esteve presente no famtour da Milessis Operadora, que percorreu os atrativos de Puglia, na Itália. Além de belas paisagens e arquitetura genuína, a região abraçou um projeto de desenvolvimento sustentável, com metas para 2020, que tem o turismo como um dos pilares.
Descendo um pouquinho no mapa, também participamos do ParauParau Tahiti (PPT), realizado no destino da paradisíaca Polinésia Francesa. A feira reúne os maiores operadores das Américas, Ásia e Europa, além de 77 players locais que têm a chance de fazerem networking e firmarem novos negócios. O Brasilturis é a única publicação da América Latina que participou do evento.
Voltando ao Brasil, embarcamos junto com o grupo do famtour da Azul Viagens para Natal (RN). A viagem reúne os 25 agentes que mais venderam pacotes para o Rio Grande do Norte e é parte da campanha de incentivo “Tudo Começa Azul”, uma parceria entre a operadora, governo do Estado, Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH-RN), Luck Receptivo e as prefeituras de Natal e Mossoró. 12 Brasilturis
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AGÊNCIAS E OPERADORAS
Viagem na esportiva Copa do Mundo e Olimpíadas, além da democratização dos esportes nas redes sociais, despertaram maior interesse nos viajantes no decorrer dos anos
POR FELIPE LIMA E JANIZE COLAÇO
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Brasil foi palco, há relativamente pouco tempo, das principais competições desportivas do planeta. Tanto a Copa do Mundo quanto os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro trouxeram a atenção do mundo ao País. Durante esses dois momentos, não foi incomum encontrar turistas, domésticos e internacionais, nas principais cidades brasileiras. Em 2014, por exemplo, durante o campeonato mundial de futebol, mais de cinco milhões de brasileiros transitaram pelo território nacional, além de atrair um milhão de visitas estrangeiras. Em contrapartida, somente a Cidade Maravilhosa, dois anos depois, recebeu um total de 500 mil visitantes internacionais durante o período das Olimpíadas. Isso demonstra um fato que pode não ser óbvio para todos: espectadores, praticantes experientes e aqueles em busca de aperfeiçoamento estão aos montes no mercado. E eles, por sua vez, querem que suas viagens envolvam tais atividades. Para assistir ou, quem sabe, participar das práticas esportivas. Cabe, porém, à indústria turística ser capaz de responder por essa demanda. “A Fanato é pioneira ao trabalhar com turismo e esporte, criada há dez anos unicamente com esse foco”, revela Raphael Santana, CEO e um dos fundadores da operadora. “Desde o início, nós fomos muito bem aceitos. Havia um gap muito grande no mercado brasileiro e a nossa inspiração foi o modelo de empresas nos Estados Unidos e Europa, que dispõem tanto de um público melhor definido quanto de empresas que lhes dão o devido suporte.” De acordo com o executivo, desde a fundação, a operadora trabalha tanto com empresas quanto com pessoas físicas. Além disso, como o esporte – e todas as suas modalidades – é amplo demais para ser restringido a roteiros en14 Brasilturis
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gessados, todos os pacotes disponibilizados são adaptáveis de acordo com a preferência do viajante. “Não são só os ingressos para as competições. A depender do destino, disponibilidade de tempo e valor a ser investido, nós criamos toda uma temática em cima da viagem, tornando a experiência realmente imersiva”, revela Santana. DENTRO DAS QUADRAS Seja nas viagens individuais ou incentivadas, Santana não demora a responder qual esporte ainda domina o coração dos viajantes: o futebol. “Ainda está no topo, por conta da tradição daqui, ver futebol europeu, tanto Champions League quantos os campeonatos locais, como os ingleses e franceses, por exemplo”, ressalta o profissional. Santana ainda apontou um aumento de 30% na procura por viagens relacionadas a futebol europeu entre 2017 e 2018. Barcelona (Espanha), Paris (França) e Turim (Itália) são os principais destinos destacados para a modalidade. Sobretudo, por conta dos craques que vestem as camisas dos times Lionel Messi, Neymar Jr. e Cristiano Ronaldo. Essa paixão enraizada pelo brasileiro, a propósito, também pôde ser notada durante a Florida Cup. O evento ocorreu em janeiro e atraiu 40.126 pessoas, com o público advindo do Brasil representando 70% do total de espectadores. De acordo com Ricardo Villar, CEO da Florida Cup, a aceitação desse mercado foi uma grande conquista para a competição. “O evento tem tido um crescimento constante desde a primeira edição em 2015. Existem os torcedores fanáticos, mas esses são minorias. A programação é muito mais que apenas jogos de futebol. Hoje, atrai um público de diversos perfis e idades, instigados pela música, corrida ou demais entreteni-
mentos da ação”, explica. Mesmo com os brasileiros protagonizando o cenário, também são realizadas ações que visam estimular ainda mais a participação dos visitantes do País, segundo Villar. “A presença neste ano da Ivete Sangalo, por exemplo, é um grande indicativo disso. Nossa expectativa é aumentar ainda mais essa presença no evento, que ocorre sempre entre o segundo e terceiro fim de semana de janeiro”, finaliza. O futebol americano também vem ganhando a atenção dos brasileiros, como destacado pelo CEO da Fanato. Ele afirma que a busca por viagens com foco no esporte dobrou nos últimos quatro anos. “Futebol americano tem crescido muito nos últimos anos, a gente pega essa evolução desde 2009, quando começamos, até agora. A
A procura por viagens relacionadas ao futebol europeu teve aumento de 30% entre 2017 e 2018. Barcelona (Espanha), Paris (França) e Turim (Itália) encabeçam a lista de destinos mais buscados
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AGÊNCIAS E OPERADORAS Brasil é o terceiro maior mercado da National Football League (NFL), com cerca de 19,8 milhões de fãs; atrás somente do México (23,3 milhões) e dos Estados Unidos (117 milhões) popularidade do esporte cresceu demais, principalmente o Super Bowl, considerado um dos eventos esportivos mais procurados, junto com a UEFA Champions League”, aponta o executivo. E, pelo jeito, a bola oval realmente tem captado a graça dos brasileiros amantes de esporte. Tanto que, segundo dados anunciados pela ESPN, que detém os direitos de transmissão da National Football League (NFL), o Brasil é o terceiro maior mercado da liga, com cerca de 19,8 milhões de fãs. Fica atrás, somente, do México, com 23,3 milhões; e dos Estados Unidos, que dominam com mais de 117 milhões de seguidores. Outro esporte que vem despertando a atenção do brasileiro é o basquete, com destaque para as competições da National Basketball Association (NBA). Esse interesse combinado com a paixão dos brasileiros por Orlando, na Florida (EUA), fez do estádio do time local um sucesso de vendas entre as operadoras por aqui. Em 2017, mais de 115 mil turistas internacionais visitaram o Amway Center, casa do Orlando Magic. O Brasil foi o país que mais contribuiu para esse número, seguido pelo Reino Unido e Canadá - o que reforça a importância do trabalho de promoção que tem sido feito há cinco anos com operadoras brasileiras. Segundo Haley Meier, diretora de vendas de turismo e para grupos do Orlando Magic, o crescimento de brasileiros na arena azul foi de 60% na comparação entre as temporadas 2016-2017 e 2017-2018. “Isso porque a experiência é muito mais do que apenas assistir ao jogo. É uma noite para entrar para a história, com atividades memoráveis”, ressaltou Jess Lott, executivo de 16 Brasilturis
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contas da casa. A partir de US$ 20 é possível comprar ingressos para alguns jogos do time e usufruir da estrutura que dispõe de nove bares e restaurantes na parte interna e outros dois bares na área externa. Mas o destaque vai para os pacotes VIP, oferecidos para grupos a partir de dez pessoas, que podem garantir assentos em localização privilegiada, acesso ao Fields Ultimate Lounge, com alimentação e bebidas incluídas, participação no tradicional ‘high five’ que acontece quando os jogadores entram em quadra e até uma foto com as cheerleaders. AMANTES DA VELOCIDADE No entanto, não são só as quadras que guardam o coração dos apaixonados por esporte. Fórmula 1 e Nascar, por exemplo, mantêmse consolidadas quando o assunto é velocidade e adrenalina. De acordo com a Fórmula 1, a temporada de 2018, que contou com 21 circuitos, recebeu 4.093.305 pessoas, representando um aumento de 2,7% frente ao ano de 2017. Dentre esses 21 circuitos, seis
Raphael Santana
destinos demonstraram que os fãs querem acompanhar de perto toda a emoção, e registraram aumento acima de dois dígitos no público. Azerbaijão foi o que mais cresceu (+29,1%), seguido por Áustria (+25,2%), Barein (+22,1%), Canadá (+21,4%); Japão (+19,1%) e Hungria (+10,1%). Além disso, sete das 21 etapas contaram com mais de 200 mil pessoas ao longo dos fins de semana da corrida. Foram eles: Inglaterra, com 340 mil; México, com 335 mil; Austrália, com 295 mil; Estados Unidos e Cingapura, cada um com 263 mil; Bélgica, com 250 mil; e Hungria, com 210 mil. PELAS RUAS Mas não se trata somente de assistir e acompanhar eventos. As ruas deixam de cumprir o seu papel principal para dar espaço aos praticantes de caminhada e corrida. De acordo com João Traven, diretor da Spiridon Promoções e Eventos, que promove a Maratona do Rio, a organização da prova no Brasil está no mesmo nível das competições internacionais. As três provas que ocorreram em junho de 2018 - Maratona de 42 quilômetros, Meia Maratona de 21 quilômetros e Family Run de 6 quilômetros - contaram com 33 mil inscritos. Destes, 61% veio de outras cidades e 20% de outros países, com as mulheres representando um pouco mais da metade deste público estrangeiro, respondendo por 53%. “Grande parte [63%] veio com algum acompanhante, o que aumentou a estada nos hotéis, lotando vários deles. Realizamos um esforço específico de business inteligence em diferentes etapas do evento, isso nos ajuda a moldar
essa importante prova que integra o calendário oficial do município”, completou o diretor. As redes sociais também foram importantes impulsionadores na promoção do evento, alcançando mais de 1,1 milhão de usuários nas plataformas com textos, comentários e fotos na semana da prova. Ao todo, foram mais de 86 mil curtidas, 173 mil interações com conteúdos postados e 144% a mais de postagens no Instagram em comparação a 2015. “Medidas que ajudam a fomentar o comércio e o turismo esportivo precisam ser tomadas. As empresas podem aproveitar o período de inscrições para vender pacotes e incentivos, além de descontos nos produtos”, sugeriu Traven. OPORTUNIDADES DENTRO DO BRASIL Apesar disso, o segmento no Brasil, infelizmente, é pouco aproveitado. Contudo, ainda em relação aos viajantes e amantes de esportes, os agentes de viagens têm de ficar de olhos abertos. De acordo com dados da Fanato, em média, 65% dos clientes que viajam para um evento esportivo fazem uma nova viagem relacionada com o esporte dentro do período de um ano. “De cinco anos para cá, sobretudo com o advento das redes sociais, tem se tornado mais comum esse tipo de viagem. Além disso, a cobertura televisiva mudou. Muitas modalidades esportivas deixaram de ser transmitidas apenas nos canais fechados e têm conquistado espaço na TV aberta, despertando a curiosidade de um público cada vez maior”, ressalta Santana. Para além das viagens ao exterior, o Brasil tem muito a se beneficiar com o segmento. A exemplo disso, a Associação Brasileira das Empresas de Ecoturismo e Turismo de Aventura (Abeta) destacou algumas das oportunidades para viajantes brasileiros e internacionais. A aventura, segundo a entidade, sempre possibilitou que o turista arrisque um pé no esporte. Nesses casos, aliás, os roteiros giram em torno de atividades físicas – muitas vezes em contato direto com a natureza –, que proporcionam lazer e diversão sem caráter competitivo. Dentre algumas das modalidades, que mesmo os amadores podem se arriscar, há as mais brandas. Entre elas: caminhada, ca-
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Em média, 65% dos clientes que viajam para um evento esportivo fazem uma nova viagem relacionada com o esporte dentro de um ano
valgada e cicloturismo. E também as que envolvem esportes radicais, como montanhismo, arvorismo, bungee jump, escalada, tirolesa, surfe, windsurfe, mergulho, canoagem, kitesurf, windsurf e voo livre. Ao todo, mais de cinco milhões de turistas percorrem o Brasil em busca da prática de esporte ao ar livre, segundo o último relatório da Abeta, referente a 2017. Ainda segundo a entidade, há mais de duas mil empresas especializadas no segmento. Número que, inicialmente pode saltar os olhos, porém que ainda mostra estar longe da potência brasileira. Afinal, o Brasil é o destino com o maior potencial para ecoturismo e turismo de aventura no mundo, segundo a classificação do Fórum
Econômico Mundial. Ao todo, são seis biomas e três ecossistemas marinhos diferentes. Já a Organização Mundial do Turismo (OMT) pontua que, mesmo de maneira não tão intensa, o País recebe um milhão de viajantes, gerando um faturamento de US$ 70 milhões. Contudo, o País também conta com calendário próprio de eventos esportivos que são responsáveis pela captação de visitantes. De acordo com a da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o automobilismo, por exemplo, é uma oportunidade que vai muito além da Fórmula 1. Nela estão incluídas modalidades como Fórmula 3, Stock Car, Arrancada, Kart, Rally e Fórmula Truck.
“O setor pode ser fomentado através da análise de dados, capaz de antever situações, indiciar potenciais problemas e sinalizar direções precisas”, recomenda Alexandre Sampaio, presidente do Conselho Empresarial de Turismo e Hospitalidade (Cetur) da CNC, no relatório “Cenários em debate: desafios da Aviação Civil e caminhos para o Turismo Esportivo”. O documento ainda recomenda a observação de destinos sob o ponto de vista de eventos, clima, recursos culturais, entre outros fatores e serviços, fazendo comparações de preços. A avaliação traduzirá como o turista entende o destino – e o que pode, aliás, influenciar sua decisão de querer ou não visitá-lo, independentemente do evento desportivo.
PARQUES INVESTEM EM ESPORTE Durante a Florida Cup, o Universal Orlando Resort, patrocinadora do evento, promoveu no complexo a primeira corrida Florida Cup 5K, no parque Universal Studios Florida. Os 527 participantes, como o jogador Kaká, puderam percorrer as principais áreas do parque sendo cumprimentados por diversos personagens pertencentes a Universal. A Disney também aposta nas maratonas, com uma série de corridas que se repetem ano a ano. Algumas são temáticas – como a das princesas, que acontece de 20 a 23 de fevereiro de 2020, e a de Star Wars, marcada para 16 a 19 de abril do ano que vem. A mais famosa, entretanto, é a Walt Disney World Marathon Weekend, que acontecerá de 8 a 12 de janeiro de 2020, com corridas de cinco e dez quilômetros, meia maratona e maratona. Segundo Leonardo Leite, gerente internacional de vendas do complexo para a área de esportes, o segmento tem forte adesão do Brasil que está no top 3 de emissores – especialmente para as maratonas. “Corrida é um esporte de superação. As maratonas Disney têm essa característica, mas são muito mais divertidas”, afirmou. Ele destacou, ainda, a estrutura do ESPN Wide World of Sports, complexo esportivo do grupo Disney que oferece uma diversidade de quadras e realiza eventos esportivos e profissionais durante o ano, focado em diversas modalidades. “Em janeiro, acontece o Pro Ball da NFL, um torneio de preparação para a temporada, com entrada gratuita”, lembrou Leite.
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AVIAÇÃO
Boicote à Boeing Modelo 737 Max 8 teve as operações suspensas por companhias aéreas e órgãos regulatórios. Ao todo, cerca de 40 países proibiram o avião em seus espaços aéreos por tempo indeterminado POR JANIZE COLAÇO
D
ois acidentes em apenas cinco meses. O Boeing 7378 Max, lançado em 2017 e o mais vendido pela fabricante, tem sofrido boicote mundial ao ser apontado como o responsável pela morte de 346 pessoas nos desastres com a Ethiopian Airlines e a Lion Air. Inicialmente, a aérea da Etiópia anunciou a suspensão do uso do modelo por tempo indeterminado. Em seguida, Indonésia e China adotaram semelhante postura. Não demorou muito, porém, para que outras companhias e órgãos regulatórios mundiais seguissem pelo mesmo caminho – incluindo o Brasil, que, com a Gol, possui sete aeronaves Max 8. Ao todo, cerca de 40 países proibiram o avião em seus espaços aéreos. Embora o modelo tenha sido apontado como o responsável pelos desastres, sobretudo quando ambas as aeronaves apresentaram os mesmos problemas técnicos, a fabricante relutou a reconhecer a suposta falha do avião. “A segurança é a prioridade número um da Boeing e temos total confiança no 737 Max. Entendemos, contudo, que as agências reguladoras e os clientes tomaram decisões que acreditam serem mais apropriadas para seus mercados”, afirmou em
Boeing 737 Max 8
Dennis Muilenburg, CEO da Boeing
comunicado. A fabricante destacou ainda o fato de estar realizando modificações no software e sistema de controle, conforme solicitou a Agência Federal de Aviação (FAA). O órgão, aliás, havia sido o único a não interromper as operações do modelo no espaço aéreo dos Estados Unidos. Após uma série de críticas, todavia, o presidente Donald Trump reverteu a decisão. “Até que a Boeing e as autoridades encontrem as respostas, os aviões estarão suspensos”, declarou. FALHA NO SISTEMA As caixas-pretas de ambas as aeronaves foram encontradas e, preliminarmente, demonstraram que problemas similares compro-
meteram os voos 610 da Lion Air e 302 da Ethiopian Airlines. A investigação da companhia da Indonésia apontou problemas com o software de controle de voo, que ficou ativo quando não deveria. Durante a operação, o sistema teria erroneamente identificado que o nariz da aeronave estava sendo impulsionado para cima, no chamado estol. Como resposta, o software projetou o avião para baixo. O piloto, por sua vez, tentou controlar a aeronave e retomar a sustentação, mas acabou por perder o controle. A queda aconteceu 13 minutos após a decolagem. A Boeing, em contrapartida, já tinha ciência que o modelo 737 Max poderia apresentar esse tipo de problema, visto o uso das turbinas mais largas. Para tanto, ainda na fase de testes, a fabricante desenvolveu o Sistema de Aumento de Características de Manobra (MCA). Contudo, dadas as duas ocorrências, anunciou que fará melhorias no modelo. Vale destacar, porém, que a análise oficial da caixa-preta do avião da Ethiopian será divulgada apenas em 30 dias. O resultado preliminar foi informado no último dia 18 de
Capilaridade do Boeing 737 Max 8 no mundo (Reprodução Boeing) 20 Brasilturis
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março. A ministra etíope do Transporte, Dagmawit Moges, revelou em coletiva de imprensa a similaridade entre os acidentes. “Durante a análise da caixa que registra os dados do voo, foram observadas semelhanças claras entre o voo 302, da Ethiopian Airlines e o voo 610 da Lion Air. Tanto a equipe americana de peritos quanto a nossa validaram as informações”, afirmou. Entretanto, a FAA e o Conselho Nacional de Segurança nos Transportes (NTSB), órgãos estadunidenses, não confirmaram a informação. De acordo com eles, apenas com o laudo oficial é que os dados serão realmente validados. O QUE A BOEING DIZ? Poucas horas após a queda do Boeing 737 Max 8 em solo etíope, as ações da fabricante fizeram trajeto similar na Bolsa de Valores de Nova Iorque. Apenas entre o primeiro e segundo dia após a fatalidade, a queda foi de 12%. Embora tenha tornado a crescer, gradativamente, a situação não voltou ao que era. Além disso, dada a pressão mundial, a Boeing anunciou que fará atualizações no software e revisará o treinamento de pilotos. Em nota, assinada por Dennis Muilenburg, CEO da fabricante, as falhas do modelo foram reconhecidas. “Com base nos fatos do acidente da Lion Air e nos dados preliminares da Ethiopian Airlines, à medida que se tornam disponíveis, estamos tomando as ações necessárias para garantir a segurança total do 737 Max.” Apesar disso, a Boeing afirma que não deixará de fabricar o modelo e nem a família 737 Max. As entregas, no entanto, mantêm-se suspensas. O tempo para a retomada é indeterminado, bem como a confiança global no modelo.
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SEGURADORAS
Guia definitivo do seguro-viagem Entenda, de uma vez por todas, as diferenças entre seguro e assistência POR CAMILA LUCCHESI E LEONARDO NEVES
É
comum confundir seguro-viagem com assistência de viagem. Mesmo passados três anos da regulamentação pela Superintendência de Seguros Privados (Susep), o assunto ainda gera confusão entre agentes de viagens e consumidores. A lista extensa de coberturas exigidas dificulta mais ainda a diferenciação dos dois produtos. Não se trata apenas de discernir um do outro, mas também oferecer a melhor opção para o viajante. “Temos produtos para diversas necessidades e coberturas. Seguros oferecidos pelo cartão de crédito do passageiro, por exemplo, nem sempre oferecem a cobertura necessária ao perfil e tipo da viagem. É importante a consultoria ao passageiro, observando detalhadamente qual produto lhe atenderá adequadamente”, explica o advogado João Bueno, especialista em associações e consultor jurídico para diversas empresas de turismo e hotelaria. A atenção com o tema também ajuda a empresa a se proteger contra eventuais problemas legais que podem surgir. Afinal, incidentes ocorridos durante uma viagem podem manchar a reputação de quem fez a venda. “Pense no cliente que, na hora de buscar atendimento médico, percebe que não tem a cobertura ou serviço que garanta minimamente suas necessidades? Qual será a impressão dele em relação à empresa que o atendeu na sua compra?”, questiona Bueno. Foi uma dessas situações imprevistas que impulsionou debates
Luciana Nogami, da Chubb 22 Brasilturis
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que culminaram com a regulamentação do produto. Em 2013, a colisão de dois balões na Capadócia (Turquia) resultou em três vítimas fatais e outros 20 feridos. Alguns dos sobreviventes permaneceram internados na UTI de um hospital local por cerca de um mês. Os valores com internação e deslocamento de retorno ao Brasil em avião UTI superavam a casa dos R$ 200 mil. Os viajantes descobriram, da pior forma, que a assistência contratada na época oferecia cobertura com teto de R$ 86 mil. Apesar de não ser oficial, o embate legal causado e os problemas gerados pela situação em território turco impulsionaram o Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP) a redigir a resolução 315, que estabeleceu as regras mais claras para os serviços categorizados como seguro-viagem. A fiscalização ficou a cargo da Susep, autarquia vinculada ao Governo Federal, responsável pelo controle e fiscalização dos mercados de seguro, previdência privada aberta, capitalização e resseguro no Brasil. REGULAMENTAÇÃO A distinção entre o serviço oferecido diretamente pelas seguradoras e pelas empresas de assistência ficou mais claro após a adoção da resolução 315, disposta ao mercado pelo CNSP, em 2014, com fiscalização a cargo da Susep. As empresas tiveram dois anos para se adequar às regras para a comercialização do serviço de proteção para viagens. Até então, segundo Bueno, o
“A maioria das seguradoras prefere distribuir seus produtos por meio dos ‘cartões de assistência’, uma vez que já têm relacionamento com o mercado”
João Bueno, advogado especialista em associações e consultor jurídico
produto era regulado pela Circular Susep nº 302, datada de 19 de setembro de 2005. No documento, o termo “seguro-viagem” era utilizado apenas em um artigo, que estabelecia uma indenização mínima por morte acidental e/ou invalidez permanente total ou parcial por acidente, com abertura para que as seguradoras ofertassem outras coberturas, contanto que estivessem relacionadas com a viagem. “A previsão era bastante concisa e estabelecia o pagamento de indenização quando da ocorrência de sinistros, oferecendo minimamente as coberturas básicas. Durante alguns anos, a contratação também foi bastante limitada pelo fato de o brasileiro não ter a cultura do seguro, se comparado a outros países”, defendeu o advogado. Antes da regulamentação, o cenário era mais complicado e propício a problemas e desentendimentos. As normas criadas determinaram,
“Pense no cliente que percebe que não tem a cobertura que garanta suas necessidades? Qual será a impressão dele em relação à empresa que o atendeu na sua compra?” por exemplo, que apenas empresas de seguros podem oferecer serviços relacionados a cuidados médicos, odontológicos e traslado de corpo, em caso de falecimento. Fica a cargo das empresas de assistência prover serviços complementares – como extravio de bagagens e transmissão de mensagens urgentes, entre outros. Bueno distinguiu os serviços prestados pelos dois segmentos com base na norma da Susep. “Podemos caracterizar a assistência como um serviço a ser prestado que atenda a necessidade do viajante e não envolva indenização”, resumiu. Segundo ele, as confusões existem porque a linha que separa os dois produtos é muito tênue. COMERCIALIZAÇÃO PARA AGENTES Outro ponto a ser destacado, segundo Bueno, diz respeito à oferta do seguro-viagem ou à comerciali-
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SEGURADORAS zação deste produto. “A resolução 315 trouxe, no artigo 21, a necessidade de que as empresas, sejam elas agências de viagens, companhias de transporte de passageiros, operadoras de cartões de crédito ou do ramo de assistência, firmem contratos pelos quais passem a ser representantes de seguros. Só assim eles podem ofertar e promover planos em nome da seguradora”, alertou. Fica claro, então, que a figura do representante - player inserido no mercado após a CNSP 315 – é um intermediário na prestação de serviços da seguradora para o cliente final. “Além das empresas de assistência, as próprias agências de viagens podem se tornar representan-
tes de seguros, bastando formalizar um contrato com a seguradora que inclua todas as condições inerentes à relação”, ressalta o advogado. Contudo, de acordo com Luciana Nogami, responsável pela área de seguro-viagem da Chubb, a prática não ganhou adeptos pela relação mais próxima das assistências com o trade turístico. “Algumas seguradoras oferecem seguro-viagem diretamente para agências. Porém, a maioria das seguradoras prefere distribuir seus produtos por meio dos chamados ‘cartões de assistência’, uma vez que já têm tradição e relacionamento com o mercado”, afirmou. Segundo Fábio Pessoa, gerente responsável pelo segmento de
“Esse sistema de usar empresa de assistência, só funciona se a agência for muito pequena, sem poder de compra” Fábio Pessoa, da Omint
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seguro-viagem na Omint, a representação por meio de assistência é aconselhada para agências de pequeno porte. “Temos grandes operadoras de turismo que compram direto conosco. Esse sistema de usar empresa de assistência, só funciona se ela for muito pequena, por não ter poder de compra”, apontou o executivo. NÃO É SEGURO SAÚDE! De acordo com Alexandre Crozato Carvalho, superintendente executivo de Seguros de Vida da Mapfre, com a regulamentação estabelecida, as dúvidas em relação à diferenciação entre os serviços de seguro e assistência diminuíram. Porém, outro problema persiste. “A confusão agora se dá também entre seguro-viagem e plano de saúde”, pontuou. Pode parecer óbvio por se tratar de um produto ligado à saúde, mas é preciso reforçar que o seguro-viagem tem caráter determinado da cobertura e está sempre limitado ao período da viagem. “É muito importante observar o preenchimento da Declaração de Saúde por parte do segurado/
viajante, uma vez que legalmente, se não for exigida esta declaração, a seguradora não poderá rejeitar atendimento ou indenização decorrente de alguma situação configurada por decorrência de doença pré-existente”, finaliza o advogado João Bueno.
“A confusão agora se dá também entre seguro-viagem e plano de saúde”
Alexandre Crozato Carvalho, da Mapfre
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SEGURADORAS
Desmentindo “Fatos” Diversas inverdades relacionadas ao seguro-viagem e à diferença deste produto com a assistência ao viajante perpetuam há anos no mercado. Conheça agora a verdade por trás das dúvidas mais comuns “No seguro-viagem o passageiro deverá pagar pelos serviços do próprio bolso e pedir o reembolso depois” Inverdade Atualmente, o seguro conta com duas opções para o segurado: se optar por locais credenciados pela empresa, ele não deverá pagar do próprio bolso pelo serviço. Porém, caso opte por outro local não credenciado, ele será indenizado até o valor limite da franquia. “Após a resolução da Susep, a assistência passou a cobrir os itens básicos” Não é bem assim! A Susep determinou que apenas seguradoras são responsáveis pelos cuidados médicos, odontológicos e de translado de corpo. Com isso, o produto oferecido pelas assistências de viagens, necessariamente, devem estar vinculados com uma seguradora, que proverá os cuidados básicos. Cabe às empresas de assistência oferecer serviços complementares conforme descrição na apólice. “O seguro é obrigatório para alguns países” Verdade O seguro-viagem é, de fato, obrigatório em diversos países, principalmente na Europa. As 30 nações que formam o Tratado de Schengen (no qual estão inclusos todos os membros da União Europeia) estabelecem que o turista estrangeiro deva contar com um seguro com valor mínimo de 30 mil euros. “Os seguros mais caros são os que têm a melhor cobertura” Não é bem assim! Apesar de, muitas vezes, o valor maior do plano ter relação com uma franquia maior de cobertura, nem sempre o mais caro fornece a melhor cobertura. É importante avaliar todos os itens descritos na apólice, pois o valor adicional pode dizer respeito à inclusão de serviços de assistência e não, necessariamente, à franquia de gastos médicos no exterior. Também é preciso se atentar para o valor mínimo da franquia contratada informado na apólice. Muitas vezes, os valores mínimos não cobrem acidentes maiores ou internações, o que pode ocasionar problemas para os viajantes e os agentes pelos quais contrataram o serviço. Além disso, deve-se verificar a moeda informada no valor do seguro. Caso seja em Real, o segurado fica sujeito à variação cambial do período, podendo dispor de uma cobertura maior ou menor, dependendo do câmbio. “Despesas médicas serão completamente cobertas” Não é bem assim! Apesar de, claro, cobrirem gastos médicos decorrentes de alguma doença contraída ou acidente ocorrido durante a viagem, os seguros não cobrem gastos de emergências decorrentes de doenças pré-existentes como, por exemplo, diabetes. 26 Brasilturis
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Itens essenciais Mesmo com a regulamentação, há indícios de que algumas empresas ainda não cumprem totalmente as determinações especificadas pela Susep. Confira a lista dos elementos mínimos que devem ser observados na contratação de planos de seguro, segundo as normas CNSP 285/2013 e CNSP 315/2014.
• Constar no bilhete a frase: “o seguro-viagem não é seguro saúde”. Ler
atentamente as condições contratuais, observando direitos e obrigações, bem como o limite do capital segurado contratado para cada cobertura. A apólice individual ou bilhete deve trazer a informação de que o segurado poderá desistir do seguro contratado, desde que antes da viagem, no prazo de sete dias corridos, a contar da assinatura da proposta (individual) ou emissão do bilhete, ou do pagamento do prêmio (o que ocorrer por último). É preciso constar, de forma expressa e ostensiva, os meios para o exercício do direito de arrependimento.
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• Ramo(s) de seguro, com o(s) respectivo(s) códigos(s), nos termos de legislação específica, do(s) planos(s) de seguro vinculado(s) ao bilhete; • Nome completo da sociedade seguradora, CNPJ e o código de registro junto à Susep; • Número(s) do(s) processo(s) administrativo(s) de registro junto à Susep do(s) plano(s) de seguro ao(s) qual (ais) se vincula o bilhete; • Número de controle do bilhete; • Data de emissão do bilhete; • Nome ou razão social do segurado, endereço completo e respectivo
CNPJ, se pessoa jurídica, ou CPF, se pessoa física; se estrangeiro, pode ser passaporte ou número de identificação no Cadastro de empresa estrangeira/Bacen (Cademp); Identificação do(s) beneficiário(s), no caso de seguro de pessoas; Identificação do bem segurado, no caso de seguro de danos (Em casos de garantia estendida); Cobertura(s) contratada(s); Valor monetário do limite máximo de garantia ou do capital segurado para cada cobertura contratada; Riscos excluídos e/ou bens excluídos (em casos de garantia estendida); Franquias e carências aplicáveis a cada cobertura, se previstas; Período de vigência do bilhete de seguro, incluindo a data de início e término da(s) cobertura(s) contratada(s), observando o disposto no art. 6º (início a partir das 24 horas do pagamento do prêmio, exceto a cobertura de cancelamento de viagem);
• • • • • • •
VALOR A SER PAGO PELO SEGURADO A TÍTULO DE PRÊMIO, INCLUINDO: • Prêmio de seguro por cobertura contratada; • Valor do IOF, quando for o caso; • Valor total a ser pago pelo segurado.
• Prazo e forma de pagamento do prêmio e, se for o caso, sua periodicidade; • Prazos de tolerância e os períodos de suspensão aplicáveis, se previstos; • Documentação necessária para o recebimento da indenização para cada cobertura contratada; • Prazo máximo para pagamento da indenização ou do capital segurado pela sociedade seguradora; • Número de telefone da central de atendimento ao segurado/beneficiário
disponibilizado pela sociedade seguradora responsável pela emissão do bilhete; Informação do link no portal da Susep no qual podem ser conferidas todas as informações sobre o(s) plano(s) de seguro ao(s) qual (ais) se vincula o bilhete contratado; Chancela ou assinatura do representante da sociedade seguradora; Nome e número de registro na Susep do corretor, se houver.
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CRUZEIROS
Princess Cruises aumenta capacidade e beneficia mercado
POR LEONARDO NEVES
A
convidados e incluirão os melhores recursos encontrados no Royal Princess, Regal Princess e Majestic Princess, bem como novas ofertas que representam uma evolução no design atual dos navios. Com a chegada dos últimos dois navios, que irão se juntar à frota em 2023 e 2025, a empresa irá aumentar a capacidade em 32% para os próximos seis anos. Jan Swartz, presidente do grupo Princess Cruises, comemorou o desenvolvimento do segmento em nível mundial. “O número de pessoas
que aproveitam férias de cruzeiro cresceu na última década. Temos, em média, mais de um milhão de novos cruzeiristas hoje, um aumento geral de mais de 68%”, afirmou. VANTAGENS PARA O BRASIL A Discover Cruises representa o grupo no País e, de acordo com Pablo Zabala, diretor de marketing e vendas, a maior oferta de navios da Princess será benéfica para os amantes de cruzeiros de toda a América Latina. “Os navios trarão mais oportunidades para os viajantes terem a experiência premium da Princess, que poderá oferecer mais cabines e promoções. Estamos observando crescimento de procura por roteiros no Caribe, Europa e Alasca, que tiveram aumento de 30%”, afirmou. “O brasileiro busca cada vez mais por produtos com tudo incluso. Ele não quer mais ir para um cruzeiro e ter de se preocupar com o custo de serviços de entretenimento, gastronomia ou passeios. Ele quer chegar e aproveitar, tendo tudo à disposição”, concluiu Zabala. Mostrando atenção com o público local, a Princess Cruises lançou o “Sabor Latino”, que traz roteiros personalizados, incluindo serviço de concierge em português e espanhol a bordo, com excursões em terra guiadas em espanhol e coquetéis de inspiração latina. O lançamento acontecerá no roteiro de ida e volta a Ft. Lauderdale do Caribbean Princess, em 13 de julho de 2019. O navio percorre um itinerário no Caribe Leste e visita a Princess Cays, área no extremo sul da ilha de Eleuthera, Bahamas, de propriedade do grupo. FOTO: DIEGO REIS
Princess Cruises está em ampla expansão. A marca de cruzeiros de luxo terá cinco novas embarcações até 2025, que incrementarão a oferta. Assim, a empresa começou a fitar os mercados da
América Latina, principalmente o Brasil. Dentre as novas embarcações da empresa, a primeira a ganhar os mares será a Sky Princess, com estimativa de conclusão para outubro deste ano. Já o Enchanted Princess se juntará à frota da armadora em junho de 2020. E o terceiro navio da classe Royal, ainda sem nome, navegará a partir de 2022. Somados, os três novos navios serão capazes de transportar 3.660
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Pablo Zabala, da Discover Cruises
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PUBLIEDITORIAL
Aproveite a ensolarada cidade de Kissimmee, Flórida
C
aiaque nos lagos cobertos por árvores ciprestes e beleza natural. É fácil se perder no ambiente sereno dos lagos da Flórida. Enquanto respira a beleza deste cenário verde, é refrescante sentir o sol e o calor contrastar com a água fria. Parece surreal que a poucos minutos deste santuário pacífico há um paraíso de férias diferente de qualquer outro, proporcionando vistas de tirar o fôlego, aventuras inspiradoras, e apenas um toque de nostalgia de uma experiência digna de vivenciar.
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PUBLIEDITORIAL
Hollywood Beach Broadwalk
Descubra Greater Fort Lauderdale Com refeições e atrações para viajantes internacionais que querem experimentar novas culturas e belas paisagens, Greater Fort Lauderdale recebe visitantes de todo o mundo PRAIA É SÓ O COMEÇO Os mais de 37 quilômetros de praias com ondas azuis tornam fácil a tarefa de sentar-se ou passear durante horas, apreciando a brisa e observando a água com navios de cruzeiro, iates e veleiros continuamente cortando o horizonte. Com uma temperatura média da água de 26,5°C, a natação é uma atividade durante todo o ano em Greater Fort Lauderdale, junto com snorkel e uma variedade de esportes aquáticos repletos de diversão. Embarque em uma aventura de barco pelos mais de 480 quilômetros de vias navegáveis e veja porque o destino é conhecido como a “Veneza da América”. As opções incluem passeios para pesca de alto mar e aulas de mergulho em pontos que facilmente irão trazê-lo cara a cara com a incrível vida marinha local. CENA INESPERADA DE RESTAURANTES E VIDA NOTURNA Com tantas opções de restaurantes tentadores, os visitantes começaram a conversar e trocar indicações, o que vem transformando Greater Fort Lauderdale, rapidamente, no destino preferido da Flórida. Sob o sol, os paladares refinados têm à disposição churrascarias clássicas e café da manhã na praia. Isso sem falar em novos pratos do estado feitos com ingredientes frescos, incluindo frutos do mar direto do Atlântico, frutas e legumes originários do campo. 32 Brasilturis
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Experimente um passeio gastronômico ou uma aula de culinária. E, para ter a vivência mais importante de Greater Fort Lauderdale, jante em um dos vários restaurantes à beira-mar com acesso por barco. Os habitantes chamam, apropriadamente, essa atividade popular de “docking n’dine”. À noite, desfrute de bebidas sob as estrelas, cervejas artesanais mais badaladas, clubes no centro da cidade e corridas de praia ao luar. Uma cena vibrante de artes e cultura ganha vida no Riverwalk Arts & Entertainment District, ao longo da cênica New River, com performances empolgantes, exibições emocionantes, música, filmes, locais históricos e muitas outras opções. É uma mistura brilhante de casual e sofisticado que oferece algo diferente para todos os tipos de notívagos. GOSTA DE FAZER COMPRAS? Comece sua experiência no maior outlet do mundo, o Sawgrass Mills, e visite as lojas de luxo Prada, Kate Spade, Bloomingdale’s Outlet e Saks Off 5th. Dirija-se ao The Galleria, em Greater Fort Lauderdale, para fazer compras sofisticadas no melhor local. Ali você encontrará varejistas mundialmente famosos como Macy’s, Neiman Marcus e Dillard’s, além de restaurantes de luxo e o Red Door Spa de Elizabeth Arden. Prepare-se para fazer uma declaração de amor à genuína moda local. Reinvente o seu estilo com looks boêmios e dignos das pis-
tas, encontrados em espaços imprevisíveis. Designers de renome montaram lojas com ar vintage, boutiques pop-up e estúdios por toda a cidade. Localizada no The YARD, em Wilton Manors, a Wander Shop vende moda com essa mistura boêmia. A boutique eclética é pequena em tamanho, mas grande em charme, com seleções exclusivas de roupas e acessórios perfeitas do brunch até as boates. Se você quiser fazer um mergulho na praia, o Montce Swim é o seu destino para trajes de banho de grife. Com uma grande clientela composta por celebridades e presença online, a loja chama a atenção em Greater Fort Lauderdale. Independentemente do que você procura - sejam peças ultracontemporâneas, chiques, bohos ou com tiras - seu mais novo traje inspirará confiança e elogios. Há também as boutiques da Las Olas Boulevard, nas proximidades. Conhecida como a “milha do estilo” de Greater Fort Lauderdale, a mundialmente famosa avenida é repleta de boutiques, restaurantes com lounges animados e cafés com mesas na calçada. Las Olas também é uma parada importante ao longo da rota de táxi aquático da Greater Fort Lauderdale. Planeje sua escapada em Greater Fort Lauderdale com o guia de férias oficial do destino em: pt.vacationplanner.sunny.org
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CAPA
Pedras no sapato Consultamos especialistas em promoção e executivos que atuam com receptivo para avaliar quais são as barreiras que atravancam a chegada de turistas internacionais ao País POR FÁBIO STEINBERG, ESPECIAL PARA O BRASILTURIS
P
or que o mundo visita o Brasil tão pouco, com números inexpressivos em relação aos demais países, e há décadas não saímos do lugar? O que faz com que desembarquem no País ínfimos 0,005% dos 1,3 bilhão de turistas internacionais que viajam pelo mundo todo ano? Afinal, que fatores atraem ou afastam estrangeiros de um destino? Nossa vocação é importar ou nos tornamos exportadores de turistas? A resposta não é simples. Se fosse, o Brasil já teria saído da areia movediça que se encontra há décadas. São os mesmos 6 milhões de estrangeiros que nos visitam anualmente sempre – metade deles argentinos. Enquanto isto, países bem menos privilegiados por natureza, cultura e qualidade do povo, sem tradição em turismo, dão banho em resultados. Cabe aqui a pergunta: o que leva um turista a escolher um destino? A resposta é crucial para quem integra a imensa engre34 Brasilturis
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nagem que move esta indústria. Assim como um hotel não pode ignorar o que motiva seus hóspedes, sob o risco de fechar as portas, nenhum elo do ecossistema turístico deve deixar de ouvir e atender os anseios do consumidor. Todo destino é integrado por dois componentes. Um é formado por recursos primários, que despertam o interesse do turista em potencial a visitar o local. São valores naturais e humanos, como clima, geografia, hospitalidade, tradições, cultura e história. O segundo elemento está relacionado a serviços, como acomodações, transportes, alimentação, compras, entretenimento e atividades. Os dois são complementares e, quando se combinam bem, ocorre um Big Bang turístico. Surge, então, um destino de sucesso. Cada lugar tem seu próprio charme, geografia, cultura e gastronomia peculiares. Mas o que o faz especialmente atrativo é
a capacidade de viabilizar uma experiência única ao turista. Ou seja, permitir que vivencie algo que nunca fez antes, não encontra em casa, nem em outro lugar. Para isto, o viajante busca, além do desejo de conhecer um destino, custos que caibam em seu bolso. “O que mais pesa na decisão final é o preço”, afirma Luciana Canto, da Salt & City Tours.
O turista quer também boas opções de compra, tipo “quanto mais, melhor”. Isso sem falar em acomodações decentes e diversificadas. E, claro, encontrar um povo gentil, hospitaleiro, e que permita a ele viver momentos inesquecíveis. Claro que não bastam só boas intenções. Os destinos mais bem-sucedidos na missão de abocanhar expressi-
Distância dos centros emissores pode ser compensada com planejamento consistente e relacionamento com operadores internacionais. João Nagy
vos volumes de turistas possuem diversas qualidades adicionais. Algumas têm efeito imediato. São aquelas que, em geral duram pouco, e não deixam resíduos. Como a oportunidade perdida no Brasil com a Copa do Mundo e Olimpíadas. Outras, resistem ao tempo, mas exigem investimentos de longo prazo. E é justamente aí que o nosso País tem muita estrada ainda para percorrer.
diretamente a evolução do turismo. Ninguém viaja para um lugar que está sob forte ebulição econômica, como a Venezuela de hoje. Por fim, há a questão da segurança. Quem quer viajar a um lugar, mesmo que de alto interesse, e colocar a vida em risco? “Hoje em dia, é uma tremenda desvantagem para um destino não oferecer garantias de segurança, boas condições de saúde e cuidados com o meio-am-
“O que mais pesa na decisão final é o preço” Luciana Canto
FATORES PRIMORDIAIS Entre os fatores que influenciam uma visita internacional, em primeiro lugar são os inerentes ao próprio local, como as condições ambientais que dependem exclusivamente da natureza, mas que podem afetar o fluxo de viajantes, de forma positiva ou negativa. Uma operação turística inteligente sabe tirar proveito de cada situação, e transformar limão em limonada, ao encontrar o público certo para o lugar e momento certo. A importância histórica, cultural ou religiosa desperta o interesse do passageiro de conhecer o passado do lugar, assim como monumentos, edificações, arte, vestuário, história e herança cultural. Alguns são ícones, como o Pão de Açúcar, no Rio de Janeiro (RJ), os locais sagrados de Meca (Arábia Saudita) e Jerusalém (Israel), as Pirâmides do Egito, a Torre Eiffel em Paris (França), ou a Estátua da Liberdade, em Nova Iorque (EUA). Infraestrutura é o ponto mais crítico. De nada adianta um destino ser muito atrativo se não possui boa estrutura de acesso – seja por ar, terra ou mar. Mas só o transporte não resolve. Precisa dispor também de acomodações e alimentação diversificadas e de qualidade, assim como atividades complementares (esportes, entretenimento), e serviços de apoio (internet, bancos, hospitais). A situação econômica também causa impactos. Quanto mais estável é o país, melhores são as condições de emprego, segurança e investimentos, o que afeta www.brasilturis.com.br | Brasilturis 35
biente, pois se tornaram fatores cruciais”, revela Gianluca Trezzi, da AIM Group, empresa internacional de gestão de eventos. Há um segundo grupo de elementos capazes de afetar a escolha do viajante por um destino internacional. É capitaneado pela tecnologia. Não dá para ignorar o poder de fogo da internet que é, atualmente, a principal fonte de informação sobre um lugar. Seja no planejamento, durante ou no retorno da viagem, é por meio das plataformas digitais que o turista compartilha impressões, condições, serviços e atrações de um lugar. Por isto, a rede mundial tem poder tanto para alavancar visitas como para destruir reputações de destinos. PROXIMIDADE DOS EMISSORES A empresa de pesquisas Tra-
velsat avaliou o comportamento dos turistas na hora de decidir sobre uma viagem. Identificou cinco itens que mais pesam. São eles: recomendação de amigos e parentes, popularidade do destino, disponibilidade de informações on-line, existência de ofertas especiais e proximidade do lugar. O consultor João Nagy concorda que a distância dos centros emissores, como Europa e Estados Unidos, representa grande desvantagem. “Estar perto desses mercados permite reduzir custos e tempo de viagem”, pontuou. Então, como compensar? “Através de um planejamento consistente e relacionamento construtivo com os principais operadores internacionais, visando projetar positivamente o lugar”, explica Nagy. “O que realmente faz um destino internacional ter sucesso é
Não adianta divulgarmos as maravilhas de Tocantins, se o Rio de Janeiro aparece na mídia internacional com problemas de segurança Paula Santos
a sua promoção. E isto significa pesados investimentos em propaganda e marketing”, complementa Roberto Dultra, veterano na indústria, e empresário de turismo receptivo. A Expedia avaliou a questão, com exclusividade para o Brasilturis: “As DMOs [organizações de marketing de destino] têm papel de trombetear diferenciais
Os diferentes tipos de turistas Nem todos os turistas são iguais e, por isso, exigem tratamentos distintos. Em um extremo, estão os que querem ser surpreendidos por novidades. Na outra ponta, fica quem busca apenas experiências familiares, sem abrir mão de sua zona de conforto. Neste contexto há quatro tipos de viajantes: • Turista organizado em massa – Compra o pacote e delega todos os arranjos à agência/operadora. Cria em torno de si uma “bolha protetora” que evita que se envolva com a comunidade ou enfrente situações fora de seu controle. • Turista individual em massa – Adota comportamento quase igual ao anterior, só que não deixa todas as atividades por conta dos organizadores. Busca alguma novidade, mas sem sair da “bolha”. • Explorador – Faz os próprios arranjos de viagem, mas não abandona a sua realidade, como acomodações confortáveis ou transporte confiável. Gosta de interagir com a comunidade, mas sem se aprofundar demais. • “Easy rider” – Sua meta é a total imersão na sociedade local. Em geral, viaja com orçamento curto, sem metas ou itinerário rígido. Está atrás de novidades, e deliberadamente quer se afastar de sua zona de conforto. 36 Brasilturis
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dos locais. Quando bem-feitas, as campanhas resultam no aumento de viajantes locais e internacionais. Pela nossa experiência, o que produz mais impacto é autenticidade, exposição e histórias inéditas”. FALTA DE CONTINUIDADE Dito isto, o que impede a decolagem do turismo internacional no Brasil? “Falta divulgação e continuidade das políticas públicas. Aqui, turismo ainda é visto como lazer, e não como indústria”, lamenta Luciana. “O Brasil é um grande produto, mas fica longe dos principais mercados geradores de turismo. O País também se ressente da mudança constante de dirigentes do setor, a cada troca de governo”, constata João Nagy. “O Brasil tem muito a aprender com outros destinos tão equidistantes como nós dos grandes centros emissores. Apesar disso, Hong Kong, Austrália e África do Sul recebem muito mais turistas”, conclui.
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CAPA Paula Santos, da agência Blumar, que atua no turismo receptivo, chama a atenção para uma questão crucial: “É necessário um olhar mais cuidadoso sobre o Rio de Janeiro, que ainda é uma porta de entrada importante do País. Não adianta divulgarmos as maravilhas de Tocantins, por exemplo, se o Rio de Janeiro aparece diariamente na mídia internacional com problemas de segurança”. Para ela, é necessário um esforço de comunicação sério e profissional para neutralizar notícias negativas que acabam por afugentar estrangeiros. Ela também se ressente da escassez de voos diretos e conexões ruins para destinos turísticos brasileiros importantes: “Esse é um dos nossos maiores problemas”, conclui.
Outra questão que exige atenção é a intensificação da competição internacional entre países: “Temos muitos atrativos, boa rede hoteleira, infraestrutura adequada nos principais aeroportos e um acesso, em geral, bastante facilitado. Só que hoje a concorrência entre destinos do mundo é imensa”, explica Dultra. “O que distancia o Brasil dos demais destinos em número de visitantes é a ausência de promoção. Só a Tailândia investe por ano mais de 100 milhões de dólares em propaganda e marketing”, comenta. Dultra é otimista e acredita que o País começa a seguir o caminho certo. Dá dois exemplos: a criação do visto eletrônico e o projeto de lei para a Embratur virar agência e ganhar, assim, maior
O que distancia o Brasil dos demais destinos em número de visitantes é a ausência de promoção Roberto Dutra
autonomia operacional. A conclusão é que por trás de um destino de sucesso há sempre uma boa gestão profissional. É verdade que infraestrutura, promoção e desenvolvimento profis-
sional são os requisitos mínimos para aumentar a competitividade e a atratividade do País. Mas os resultados só serão alcançados se houver também vontade e confluência de esforços, públicos e privados. Não basta mais oferecer ao turista internacional só os clássicos quatro “As” do turismo: acomodações, acessibilidade, atrações e atividades. Hoje, ele quer muito mais. Diante de uma disputa acirrada entre destinos, não faltam opções. Por isto, é preciso buscar soluções criativas a preços competitivos que tornem irrecusável o desejo do estrangeiro viajar para o Brasil.
As cidades mais hospitaleiras A agência on-line TravelBird ouviu a opinião de 15 mil turistas sobre 500 destinos internacionais para concluir quais sabem receber melhor os estrangeiros. Além da hospitalidade, pesaram fatores como segurança, felicidade dos cidadãos, excesso de visitantes no local, e domínio do inglês, entre outros. No cômputo geral, estes foram os dez primeiros lugares: 1) Cingapura (Cingapura) 2) Estocolmo (Suécia) 3) Helsinki (Finlândia) 4) São Francisco (EUA) 5) Roterdã (Holanda) 6) Lisboa (Portugal) 7) Tóquio (Japão) 8) Oslo (Noruega) 9) Zurique (Suíça) 10) Orlando (EUA) 38 Brasilturis
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HOTELARIA
Opção consolidada Casas de aluguel em Orlando (EUA) e arredores vêm ganhando a preferência das famílias brasileiras POR CAMILA LUCCHESI
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iajar é bom, mas voltar para casa é ainda melhor. O jargão, comum para aqueles que vivem com as malas prontas, pode ser facilmente estendido aos turistas que desembarcam em Orlando, na Flórida (EUA). Neste caso, entretanto, há uma importante modificação no sentido da frase. Afinal, a casa para a qual se retorna é um lar temporário na capital mundial dos parques temáticos. O aluguel de residências na cidade, um dos destinos internacionais mais procurados pelos brasileiros, vem se tornando mais frequente a cada ano. Não é para menos. A opção oferece uma combinação bastante atrativa, especialmente para famílias e grupos mais numerosos: conforto, privacidade e redução de custos na comparação com a hospedagem tradicional em hotéis e resorts. Atento a esse movimento, o trade noticia a abertura de novos condomínios voltados exclusivamente para o aluguel por temporada. Localizadas em Orlando e nas cidades vizinhas, as casas oferecem cada vez mais conforto e comodidade que atendem a todos os perfis de visitantes. Além da estrutura nas casas e na área de lazer, os condomínios oferecem serviços extras - como a opção de abastecer a geladeira e a despensa antes do check-in – que vêm caindo no gosto dos brasileiros. Conheça duas opções distintas que já estão à venda pelas operadoras brasileiras. BALMORAL RESORT
A promessa de um padrão VIP de resort de férias é cumprida com a oferta de casas térreas e sobrados que acomodam até 14 pessoas. As 148 residências disponíveis têm entre 2 e 6 quartos, cozinha equipada, sala de estar, lavadora e secadora de roupas, área de jantar e varanda externa protegida. A piscina privativa é garantida nas unidades de 4, 5 e 6 quartos. A localização - em Haines City, ao lado do Legoland, mas a cerca de 30 minutos dos demais parques e 45 minutos do aeroporto – é garan40 Brasilturis
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Piscina do club house
Piscina privativa de uma das residências
tia de tranquilidade, segundo Robb Kaynes, diretor de relações com o hóspede do resort inaugurado na primavera de 2017. “Nosso público é composto por 80% de famílias que optam apostam em uma melhor relação entre custo e benefício já que podem preparar sua própria comida e permanecer em um mesmo ambiente, com privacidade e conforto”, afirmou. Os agentes, entretanto, apontaram a distância como um complicador para a venda. A terceira fase da construção irá adicionar residências de 8 dormitórios ao projeto que é 100% voltado ao turismo, totalizando 224 casas até o fim de 2019. Segundo Shemil Bailey, diretora de vendas, foi feito um investimento recente de US$ 5 milhões em amenidades para os hóspedes. A estrutura de lazer inclui um club house com parque aquático, deque para pesca, minigolfe e salas de ginástica, TV e jogos. O empreen-
Sala de jogos
Sala de jantar e cozinha equipada
Suíte master
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HOTELARIA dimento também irá inaugurar a academia R9, marca de Ronaldo “Fenômeno”, em um complexo de 5 hectares com campo de futebol profissional, três campos para treinamento, salas de aula e um auditório para ensinar a técnica do jogador que foi eleito por três vezes como o melhor do mundo pela FIFA. No Brasil, o Balmoral Resort Flórida é representado pela JTerra Marketing. MAGIC VILLAGE YARDS
Fachada das casas Da piscina é possível ver a queima de fogos
O condomínio de luxo tem sido endereço certo para celebridades brasileiras e, como consequência, aumentou sua popularidade em território nacional. Além da estrutura e decoração contemporânea das casas, um dos principais destaques do empreendimento é a proximidade com os parques temáticos. Em especial, os da Disney. Para se ter uma ideia, da piscina do empreendimento é possível enxergar a tradicional queima de fogos do Magic Kingdom. O Brasilturis conversou com Fernanda Doria (gerente-geral), Diego Rodriguez (vendas), Karen Tookuni (marketing) que apontaram os diferenciais do condomínio que fica em uma área de oito hectares e dispõe de 180 casas configuradas com três e quatro quartos que acomodam até oito pessoas. O primeiro é exatamente a presença de staff brasileiro, com garan-
tia de atendimento em português e pão de queijo no café da manhã. O País responde por cerca de 20% da ocupação do resort que conta ainda com club house 24 horas, concierge, sala de ginástica, kids club, restaurante gourmet com horário comercial ampliado e opção de room service, piscina, Wi-Fi e estacionamento gratuitos. Outro destaque apontado pelos executivos é a possibilidade de customização de serviços. Uma comemoração surpresa de aniversário, festa na piscina para grupos de amigos, eventos corporativos, contratação de um chef particular e até uma compra específica de supermercado... Tudo pode ser realizado com um toque brasileiro que reforça a sensação de estar em casa, mesmo a milhas de distância. “Criamos relacionamento com os clientes e sabemos exatamente do que o brasileiro gosta”, ressalta Rodriguez. O empreendimento é representado no Brasil pela R11 de Ricardo Amaral e tem parceria com a Wyndham Hotels & Resorts para a distribuição das propriedades. Sim, no plural! O segundo empreendimento do grupo deve ser inaugurado em julho deste ano com 192 residências e na mesma região. Há ainda um terceiro projeto para a categoria upscale, com 800 casas projetadas pelo estúdio Pininfarina – o mesmo que projeta Ferraris. No Brasil, o Balmoral Florida Resort é representado pela JTerra Marketing.
Avaliação dos agentes No fim do ano passado, durante o famtour promovido pelo Visit Orlando, os agentes convidados puderam experimentar os serviços dos dois empreendimentos. Confira as opiniões de Camila Correa (Magic Blue), Eduardo Porcino (Mondiale Ancoradouro), Joseane Nascimento (RCA Turismo) e Valquíria Schincariol (Aton Turismo) que avaliaram os pontos positivos e negativos de cada um, a pedido do Brasilturis.
BALMORAL RESORT FLORIDA
Interior destaca arquitetura e decoração contemporânea
POSITIVOS Estrutura e alto padrão das casas Proximidade com Legoland Piscina privativa NEGATIVO Distância de Orlando
MAGIC VILLAGE YARDS
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Suíte
POSITIVOS Localização a 15 minutos do Magic Kingdom Estrutura e alto padrão das casas Quartos amplos Atendimento em português Café da manhã com quitutes brasileiros NEGATIVO Custo alto para o mercado brasileiro
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HOTELARIA
Turismo sem preconceito Há um ano, a Diaspora Black oferece serviços de hospedagem compartilhada e comercial, além de roteiros e experiências. Tudo sem discriminação
Caminhada São Paulo Negra reúne público que visa conhecer outras histórias que envolvem a cidade
POR FELIPE LIMA
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turismo não segrega por cor, raça, etnia, sexo, ou qualquer outro motivo. Ou será que distingue? Foram experiências negativas que levaram Carlos Humberto, CEO e fundador da Diaspora Black, a pensar em um produto que não proporcionasse situações de mal-estar e momentos de intolerância e discriminação. Segundo o IBGE, no Brasil, cerca de 54,9% da população é parda ou negra, o equivalente a cerca de 110 milhões de pessoas. E foi ali que Humberto achou um mercado, que estava carente de um serviço que oferecesse bem-estar e, acima de tudo, respeito. Fundada há um ano, a Diaspora Black começou sendo um catálogo de hospedagem compartilhada, conectando usuários a anfitriões, promovendo o turismo sem preconceito. “Quando eu entendi que faltava um serviço que contemplasse a população negra, que ainda é muito marginalizada, eu vi um oceano de oportunidade, porque o que o estrangeiro quer é viver experiências autênticas, principalmente aquelas ligadas aos povos que materializam a cultura nacional, os seja, os povos indígenas e africanos. Você tem elementos que são riquíssimos e que não estão presentes no catálogo convencional”, explica o CEO.
Foi assim que, o que era previsto para ser apenas um portal de vendas de acomodação compartilhada, veio a se tornar um portal de venda de turismo. Hoje, a Diaspora Black, vende hospedagem compartilhada, hospedagens comerciais - com participação de resorts e hotéis independentes -, além de roteiros e experiências turísticas, que, segundo Humberto, vem se expandindo, com a inclusão de novas experiências gastronômicas, por exemplo. “A pessoa que se inscreve como anfitrião na nossa plataforma está dizendo ‘eu não tenho preconceito’. A pessoa que está buscando hospedagem está dizendo que está aberta a ficar na casa de uma pessoa que pertença a qualquer classe social, porque a plataforma já tem esse valor, promovendo um espaço no turismo acolhedor e qualificado”, pontua. O portal, presente em mais de 100 cidades e 18 países e que conta com mais de quatro mil usuários, sendo 68% representado por mulheres, tem como seu principal diferencial o intenso trabalho em capacitações e treinamentos de anfitriões, sejam eles de hospedagem compartilhada ou de meios de hospedagem já em funcionamento. “A capacitação é um selo. Para
receber, os usuários passam por um treinamento de 16 horas e o acompanhamento de quatro horas, que é a certificação. No ano passado fomos acompanhando isso. O treinamento, por exemplo, começa com a apresentação do racismo, que demonstra que o preconceito persiste nos dias de hoje e serve como um choque de realidade para os participantes do curso. É sensacional os resultados que obtemos”, detalha. Por mais que haja todo o serviço por trás, Humberto destaca, principalmente, a humanização possibilitada pela empresa, ligando pessoas e famílias. “A gente quer promover um modelo de mundo onde essas pontes existem. Promover um turismo do bem, com respeito, com qualidade e isso nos dá muito orgulho. As pessoas nos comparam com o Airbnb, mas eu nego, porque eles nunca vão garantir que alguém não vá sofrer preconceito. Temos uma base do bem formada por nossos clientes”, se orgulha o profissional. Para este ano, as expectativas da empresa são ambiciosas. Além da ampliação de serviços, roteiros e experiências catalogados no site, a ideia é totalizar cerca de dez mil clientes, representando um aumento de 150% do atual cenário, além de atuação mais consolidada nos Estados Unidos.
CONHEÇA UM DOS ROTEIROS OFERECIDOS PELO PORTAL Promovida pela Blackbird Viagem e Representatividade, a Caminhada São Paulo Negra acontece uma vez por mês e tem duração média de três horas. A caminhada, que se inicia na Praça da Liberdade, passa por pontos importantes da cidade para a história negra, até chegar ao Largo do Arouche. Histórias como Largo da Forca, Igreja Nossa Senhora da Boa Morte, Bairro do Bixiga, além da apresentação de personagens como Luís Gama e Carolina Maria de Jesus complementam e interligam os participantes da caminhada com o local. Durante a caminhada, os condutores buscam deixar os presentes à vontade e sempre reforçam que, caso eles conheçam alguma outra história do lugar ou que complemente e enriqueça ainda mais aquela que está sendo contada, que tenha a liberdade de falar. Segundo o jornalista Guilherme Soares Dias, um dos condutores da caminhada, o roteiro hoje é justamente formado em união com seus participantes. Além disso, os próprios presentes, em alguns momentos, aproveitam a oportunidade para debater assuntos relacionados, como a presença de negro na capital paulista, o período de escravidão, entre outros temas pertinentes. Ao final da caminhada, as pontes interpessoais acontecem, como Carlos Humberto destacou. Os participantes se despedem com abraços, risadas, trocas de contatos e novas amizades garantidas. Naquele momento, é possível notar que a caminhada deixou de ser apenas um roteiro com pessoas estranhas. A partir daquele instante elas estão conectadas e, vistas de fora do grupo, parecem configurar um passeio em família.
Equipe Diaspora Black 44 Brasilturis
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LÉXICO David Leslie Autor do livro “Turismo para Leigos e Curiosos”. leslie@cbsmarketing.com.br
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Transporte... O que é o que é?
o mundo das viagens e do turismo, o transporte se constitui num dos itens mais fundamentais, uma vez que o próprio conceito de viagem nos leva, necessariamente, a um processo de deslocamento. São centenas de milhões de pessoas que vão e vem e transformam o mundo em um formigueiro enlouquecido. Impossível calcular, dentre os mais de oito bilhões de pessoas que habitam este planeta, o número exato de veículos de transporte que levam toda essa gente. Estimativas apontam para números realmente impressionantes: mais de 1,2 bilhão de veículos no mundo - excluindo tratores, máquinas de obras, motocicletas, bicicletas e outros; mais de um milhão de quilômetros de linhas férreas; mais de 24 mil aeronaves. A Associação Internacional do Transporte Aéreo (IATA) calculou que, apenas em 2017, quatro bilhões de passageiros embarcaram em voos comerciais (quase o dobro do que em 2005) e que, pela primeira vez na história, registrou o movimento de mais de 100 mil voos por dia pelo mundo - com mais de 1,2 bilhão de pessoas no ar, em qualquer momento do dia! Os cruzeiros marítimos registraram a participação de mais de 26 milhões de pessoas em seus itinerários. A Organização Mundial do Turismo conseguiu estimar 1,3 bilhão de chegadas internacionais em 2018. O conceito de transporte nos diz que algo será levado de um lugar para outro com a utilização de um veículo e/ou meio para viabilizar o processo em questão. Até a presente data, conhecemos o transporte terrestre (rodoviário ou ferroviário), aéreo, marítimo, fluvial e deveremos vivenciar, num futuro não muito distante, a possibilidade do teletransporte. Dentre os muitos veículos, utilizados em nossos dias, podemos
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listar a presença de balões, dirigíveis, aviões, helicópteros, carros, limusines, ônibus, peruas, vans, trens, trailers, barcos, navios, iates, saveiros, escunas, hovercrafts, motocicletas, bicicletas, segways, carroças, diligências e, até, de flying-boards, espécies de drones personalizados que permitem o transporte e a deslocação individual de pessoas se transformando em homens-voadores. Transporte significa o ato, efeito ou operação de transportar, condução ou, mesmo, o veículo próprio para transportar tropas e/ ou cargas. Em contabilidade, seria a soma “transportada” de uma coluna para outra, de uma página para outra. Na música, caracterizaria a mudança de tom de um trecho para outro diverso àquele em que a partitura fora escrita. A palavra transporte teria a sua origem no latim transportare: levar para além (trans) do portão/ porta da casa com destino a outro lugar. Além (trans) do portus (porto). De acordo com alguns estudiosos, o primeiro meio de transporte no mundo foi o aquático - ainda no período que chamamos de pré-história - com a construção de canoas, talhos em troncos de madeira ou bambus. Mencionam também a era das viagens em carroças e diligências e contam de que foi a invenção de John Dunlop – que, em 1888, criou o pneu com câmara para bicicletas - e a posterior adaptação deste invento por Edouard Michelin, criador do pneu para automóveis, que revolucionaram o transporte terrestre. E jamais poderíamos esquecer a genial contribuição de Santos Dumont para a história do transporte aéreo! Os meios de transporte são vitais para as viagens e definitivamente decisivos para o desenvolvimento do turismo no mundo de hoje e de amanhã.
TURISMO SEM CENSURA FABIO STEINBERG
Jornalista e administrador, trabalhou como executivo e consultor de comunicação em grandes empresas como IBM, Rede Globo e AT&T. Edita o site Turismo Sem Censura (www.turismosemcensura.com.br) e é autor de três livros. fabio@steinberg.com.br
Experiência de voar piorou? A culpa é sua!
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uando foi que os altos padrões de serviço e conforto das companhias áreas começaram a se deteriorar? Isto ocorreu não apenas no Brasil, mas no mundo inteiro. Quase que num piscar de olhos o tratamento exemplar do passado desapareceu. O fato é que quem não pagar para voar em categorias mais caras vai se sentir como sardinha em lata. Não faltam exemplos. Procedimentos de embarque e desembarque quase sempre são traumáticos, serviço de bordo minimalista, poltronas apertadas, poucos banheiros para muitos passageiros, refeições ruins e desidratadas, cobranças extras de tudo o que for possível - marcação antecipada de assentos, alterações no tíquete, comida a bordo, bagagem. Alguns críticos radicais veem na situação uma conspiração sinistra. Seria um modelo tipo “primeiro criar dificuldade para depois vender facilidade”. Ou seja, quem quiser melhores condições, que gaste mais. Quer embarcar antes? Abra a sua carteira. Falta espaço para as pernas? Pague para viajar na classe econômica premium. Quer escolher a poltrona de sua preferência? Compre com antecedência o lugar. Mas é ingênuo transferir a responsabilidade apenas para as companhias aéreas. Fica fácil colocar toda a culpa em um pretenso capitalismo selvagem que só privilegia o lucro. Nesta teoria, o que interessa mesmo é reduzir gastos e ganhar mais dinheiro. Mesmo que isso seja feito às custas do conforto e bem-estar dos passageiros. Por outro lado, convenhamos: ninguém em sã consciência abre um negócio pelo mero prazer de maltratar seu cliente. Seria uma rara patologia de suicídio empresarial. A verdade dói, mas constrói. Esta transformação para pior na aviação comercial tem um sócio
majoritário: o próprio passageiro. A realidade é que foi o consumidor que exigiu piores serviços. Nas pesquisas, ele reclama da visível queda na qualidade dos voos. Só que na hora de comprar o bilhete, opta por uma determinada companhia aérea não pelo padrão de serviço, mas pelo menor preço. Falando claro: aceita abrir mão de uma experiência mais agradável por uma passagem mais barata. Com custos fixos altos, margens de lucro pequenas e concorrência feroz, a indústria aérea não tem escolha para fugir do vermelho. Ou perde dinheiro e agrada o cliente com mais conforto e serviço, ou se torna rentável fazendo justamente o contrário. Neste caso, precisa encher mais as aeronaves de passageiros, espremer as poltronas e cortar despesas, desde que isto não comprometa a segurança de voo. No caso brasileiro, a estratégia de encolher o número de voos e reduzir a malha aérea para aumentar a ocupação funcionou. O lado bom é que em dez anos os preços das passagens caíram, em média, pela metade. Depois de dois anos de sufoco causados pela crise econômica, o setor comemora a recuperação. Dos quase 103 milhões de passageiros transportados no ano passado, 93 milhões voaram dentro do País. Vamos ser honestos: temos nossa parcela de responsabilidade pela situação. A principal razão das companhias aéreas nos espremer e cobrar por fora cada item é que escolhemos nossos voos pelo valor da passagem. Para sobreviver e conquistar nossa preferência elas precisam oferecer o tíquete mais barato possível. Se os consumidores topassem pagar mais em troca de uma melhor experiência, as companhias aéreas com certeza entregariam melhores serviços. Como no passado. Mas não vamos fazer isto. Nem elas. www.brasilturis.com.br | Brasilturis 47
BAHIA
Sempre na moda
Farol da Barra, em Salvador
Estado teve o verão dos sonhos, revivendo os bons tempos do turismo na “Terra da Felicidade” POR GORGÔNIO LOUREIRO
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calendário de 2019 foi generoso com o verão da Bahia e o sol colaborou para que os turistas do Brasil e do exterior desembarcasse por todos os cantos. O estado voltou a ser moda neste verão, desbancando os demais destinos do Nordeste que um dia ameaçaram tomar essa liderança. O que puxa essa preferência que torna a Bahia em um destino da moda? São as 13 zonas turísticas únicas com sua natureza, diversidade cultural, história, gastronomia e lazer que atendem aos mais diversos gostos dos turistas mais exigentes. Salvador, Porto Seguro, Ilhéus, Itacaré, Costa dos Coqueiros, Morro de São Paulo e Chapada Diamantina quase não tiveram quartos suficientes para acomodar os turistas que chegaram. Os números dos órgãos oficiais divulgam, entretanto, são bastante desencontrados. Uns falam em 800 mil turistas no estado, outros 700 mil em Salvador, com 2 milhões de pessoas pelas ruas da cidade. Contestável pela falta de aferição mais fidedigna, porém os hoteleiros estão rindo à toa com o
Costa dos Coqueiros 48 Brasilturis
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índice de ocupação de 97% na capital baiana somente no carnaval. Durante os três meses do verão, a média foi de 71,33%. Para Glicério Lemos, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH-Bahia) o verão resultou nos melhores índices de ocupação dos últimos anos. Como foi dito, credita-se este sucesso aos dias ensolarados, a água do mar sempre morna convidativa para amainar o calor acima dos 34 graus. E, também, à requalificação dos principais espaços frequentados pelos turistas, que encontraram a cidade limpa, bem cuidada, iluminada e com mais segurança. Eventos nos principais points como Rio Vermelho, Centro Histórico e Barra, oferecem aos visitantes opções para a diversão noturna. Porém, nem tudo deixou o trade plenamente satisfeito. Para alguns empresários – em especial Silvio Pessoa, presidente da Federação Baiana de Hospedagem e Alimentação (FeBHA) -, as companhias aéreas, com preços mais altos do que voam seus aviões, afastaram muitos turistas que viriam para a
Morro de São Paulo
Bahia. Outro lamento foi a pequena - ou quase nenhuma - campanha de promoção e divulgação do estado nos principais mercados emissores para aproveitar a pré-disposição favorável. Salvador viveu um verão de glamour com a inauguração do Hotel Fasano, a consolidação do Fera Palace e as mais de 100 atracações dos navios que, todos os dias, despejavam milhares de turistas pela cidade. Grandes estrelas da música e da televisão elegeram Salvador, Praia do Forte, Morro de São Paulo, Maraú, além de Trancoso para férias ou fins de semana. “O trade está querendo saber da prefeitura e do governo estadual, qual será a estratégia e o planejamento de marketing para aproveitar este viés de crescimento e manter o turismo em alta”, pontuou Roberto Duran, presidente do Conselho Baiano de Turismo e do Salvador Destination. É uma interrogação para o segmento, já que a Secretaria de Cultura e Turismo do Município não divulgou nada até o momento. E o estado, com a recente troca de
secretário, vai demorar um pouco para se ambientar com o setor. Fausto de Abreu Franco é formado em Relações Públicas e vem da área de produção musical. Porém, mesmo que o próximo verão não seja tão generoso quanto foi este, o trade conta com duas cartas na manga para continuar impulsionando o turismo de Salvador. A primeira é o término das obras do novo centro de convenções que está sendo construído pela prefeitura de Salvador na Boca do Rio. O equipamento tem capacidade para 20 mil pessoas e permitirá o retorno da cidade à competição pela realização de grandes eventos nacionais e internacionais. O prefeito ACM Neto promete inauguração para novembro. Júlio Ribas, CEO da VINCI Airports, garante que o aeroporto internacional de Salvador será entregue no mesmo mês. Completamente requalificado e dentro dos níveis dos melhores do mundo, o aeroporto deve ajudar Salvador a continuar na moda e fazer da Bahia, de novo, a “Terra da Felicidade”.
Chapada Diamantina
MINISTÉRIO
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Foto: juscelino Reis/divulgação
DESTINO
Ponte Estaiada
Do mirante, é possível ver a cidade em 360°
Teresina: capital banhada pela cultura Destino consolidado no segmento corporativo ainda resguarda opções de entretenimento, lazer, gastronomia e paisagens naturais POR FELIPE LIMA
É
possível que a única capital nordestina não banhada pelo mar seja categorizada como destino de lazer? Pode até ser que o segmento corporativo tenha dominado Teresina, com seus mais de 186 auditórios que somam 38 mil assentos. No entanto, isso é apenas um pequeno ponto para o destino que oferece entretenimento, lazer, gastronomia, cultura e paisagens únicas. Um dos principais pontos turístico aconselhados pelos locais para se visitar na cidade é a Ponte Estaiada, onde também está localizado o mirante, situado a 95 metros de altura, que pode ser acessado por elevadores. Lá de cima é possível ter uma visão panorâmica de toda a cidade. À noite, o mirante ganha cores, iluminando o passeio dos visitantes e locais que caminham pela ponte. Outro item notório é a presença de inúmeras áreas verdes pelo caminho, como o Parque Lagoas do Norte, que conta com anfiteatro, quadras esportivas, pistas de caminhadas, ciclovia, playground e academia. Outro importante parque é o Encontro dos Rios. Além de observar o encontro do Rio Negro com Rio Solimões, os turistas podem aproveitar para passar a tarde, comer no restaurante flutuante e levar um pouco de Teresina para casa, com os souvenires à venda no local. Uma das principais produções da cidade nesse quesito é o artesanato. Materiais de cerâmica e argila são característicos do local e simbolizam a riqueza do estado repre50 Brasilturis
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sentado pelas formas dadas pelas mãos dos artesãos. Enquanto o artesanato garante a recordação física, a gastronomia cumpre o papel de ganhar o visitante pelo paladar. Comida típicas, como Maria Isabel e arroz no capote, bem como receitas que levam a carne de sol, conectam o sabor ao destino. C DE CORSO; C DE CARNAVAL Uma das principais festas de Teresina é o corso que, neste ano, aconteceu em 23 de fevereiro. O evento, que visa promover o turismo de lazer da capital, atraiu 230 mil pessoas, segundo dados da Polícia Militar. Foram cerca de 30 carros alegóricos, que trabalharam
diferentes temáticas, indo desde os universitários a outros com temas que incluíam a terceira idade e pessoas com deficiência. O número de participantes ficou abaixo dos 350 mil estimados por Venâncio Cardoso, secretário municipal de Desenvolvimento Econômico e Turismo (Semdec). O resultado representa queda de 42,5% em relação ao número registrado no ano passado, quando 400 pessoas participaram das festividades. “Ao longo dos anos, o corso vem se remodelando. Economicamente, é uma festa que agrega a Teresina, pois o fato de não estarmos situados no litoral dificulta a promoção de festas populares. Teresina é uma cidade voltada para o turismo de negócios e, quando se tem um evento como esse, ainda
Receitas que acompanham a carne de sol são símbolo do destino
A manufatura é referência na região
Corso atraiu cerca de 230 mil de foliões
mais sendo gratuito, seguro e com todo o poder público envolvido, há geração de renda e diversão”, afirma o secretário. Para os próximos anos, a ideia é que o número volte a crescer e, por isso, a Semdec apostará em novas ações, impulsionando campanhas e trabalhando em divulgação do destino com parceiros do trade.
* Brasilturis viajou a convite da Sendec, com seguro Affinity.
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DESTINO
Tiradentes: viagem no tempo com muito charme
Nem só de história e religião vive a cidade, que atrai também pelo ecoturismo, arte e gastronomia POR LARISSA COLDIBELI, ESPECIAL PARA O BRASILTURIS
U
m destino eclético, que agrada quem gosta de história, cultura, religião, natureza e gastronomia, com opções de diversão para todas as idades. Assim é Tiradentes (MG), distante cerca de 190 quilômetros da capital, Belo Horizonte, e a 480 quilômetros de São Paulo. A curta distância e estradas de boa qualidade fazem com que a cidade de cerca de sete mil habitantes possa ser explorada em uma viagem de fim de semana. Ainda assim, ao final, fica um gostinho de quero mais e a sensação de não ter conhecido tudo, como acontece em todo destino turístico que se preze. Emoldurada pela Serra de São José, a cidade de 300 anos encanta pelo charme da arquitetura colonial. O city tour acompanhado por um guia de turismo ajuda a desvendar os hábitos de épocas passadas, detalhes das construções e até a origem de expressões que usamos hoje, como “sem eira nem beira” (referente ao tipo de telhado das casas, em que os detalhes demonstravam o poder aquisitivo do morador) e “feito nas coxas” (as telhas eram moldadas nessa parte das pernas dos escravos). As igrejas também fazem parte do roteiro. A cidade possui oito no total, sendo que a da Matriz, datada de 1710, destaca-se por ser a segunda igreja do Brasil com a maior quantidade de ouro em seu interior: são nada menos do que 482 quilos em folhas de ouro que revestem 628 anjos - cada um com uma expressão diferente, acredite se quiser - e outros detalhes da decoração. Destaque também para o imenso órgão português, de 1788, que até hoje embala as celebrações religiosas. Saindo da Matriz e percorrendo a Rua Santíssima Trindade, que serviu de cenário para inúmeras produções da TV, como as novelas “Espelho da Vida” e “Sinhá Moça”, além das séries “Hilda Furacão” e “Memorial de Maria Moura”, chegase à Igreja da Santíssima Trindade, 52 Brasilturis
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A fotogênica cidade de 300 anos com a Serra de São José ao fundo
Igreja da Matriz e seus 482 kg de ouro
de 1750, que acaba de passar por um restauro nas áreas interna e externa que durou nove meses. A história fica ainda mais interessante ao conhecer a Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Negros, construída pelos negros e para os negros. A curiosidade é que também há ouro no interior dela: os escravos escondiam o metal precioso no próprio corpo para adorná-la. Os brancos da época nunca souberam disso, pois não entravam no espaço dos negros. A igreja foi construída em um terreno doado por maçons, com o objetivo de fazer com que os escravos aprendessem o evangelho e o idioma português.
A recém-restaurada Igreja da Santíssima Trindade
ATRATIVOS ÚNICOS Até hoje, a religião é muito importante na vida da cidade. Não à toa, Tiradentes abriga o único Museu da Liturgia da América Latina, aberto em 2012. O acervo de mais de 420 peças que vão do século XVIII ao XX se intercala com instalações audiovisuais e terminais multimídia que convidam à reflexão e à contemplação. O melhor é que se trata de um museu vivo, pois muitas das peças participam das festividades religiosas da cidade. A Semana Santa é uma das principais datas do calendário turístico, que tem ainda outros eventos de
destaque: o tradicional carnaval de marchinhas para toda a família; o Festival de Gastronomia, em agosto, que chega a atrair 90 mil pessoas por edição nos dois fins de semana em que é realizado; o Festival de Fotografia, em março; a Mostra de Cinema, em janeiro; a Bike Fest, encontro de motociclistas, em junho, entre outros. Para receber tanta gente, a cidade tem cerca de três mil leitos, fora as casas de aluguel por temporada. Durante os eventos, muitos turistas dos arredores não pernoitam na cidade, por isso, o público é muito maior. O turismo em Tiradentes teve início no final dos anos 1990.
Antes disso, a cidade havia sido esquecida após os ciclos de exploração de ouro e prata, o que ajudou a preservá-la. Atualmente, o turismo é fomentado, principalmente, pelo coletivo Tiradentes Mais, uma associação de 57 empresários e artistas que vivem na cidade. O passeio segue pelo Museu Casa Padre Toledo, que abrigou a primeira reunião dos inconfidentes. Além do marco histórico de congregar os exploradores de ouro que achavam que pagavam taxas demais à coroa portuguesa, saltam aos olhos os forros pintados de 9 dos 15 cômodos, uma demonstração da riqueza e do poder do padre. À frente do museu, uma estátua de Tiradentes ajuda a desmistificar a figura que conhecemos nos livros do colégio: em vez de um barbudo, cabeludo e maltrapilho (forjado à imagem da figura de Jesus), vê-se a imagem de um militar. Tiradentes era alferes (patente de aspirante a tenente), falava francês, dava segurança às tropas que levavam as pedras preciosas ao Rio de Janeiro e era o intendente (responsável) das minas. No Alto do São Francisco, onde há o cruzeiro em que foi gravada
uma icônica cena da minissérie Hilda Furacão, uma bela vista da cidade e das montanhas convida a ver o pôr do sol. GASTRONOMIA DE RAIZ E INFLUÊNCIAS INTERNACIONAIS Não faltam opções de lugares charmosos para degustar bons pratos, que vão da fartura mineira à culinária internacional. Bons representantes da comida mineira de raiz - aquela com torresmo, carne de porco, quiabo, couve e a típica folha de ora-pró-nobis - são os restaurantes Raiz Mineira, no coração da cidade, e o Pau de Angu, numa fazenda na Estrada Real entre Tiradentes e Bichinho. Para petiscar ao cair da noite,
Antiquário Casarão
Degustação e alambique da Cachaçaria Mazuma
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Pausa para o café na charmosa Casa do Sino
Jane’s Apple
Harmonização de cerveja no Luth Bistrô
Gastronomia requintada no Uai Thai
Filho de Chico Doceiro mantém a tradição
ouvindo música ao vivo, a pedida é o Templários, com o tradicional pastel de angu. Outra opção descontraída é o restaurante Atrás da Matriz, que existe há 18 anos e tem como estrelas principais do cardápio o bacalhau e a pizza - inclusive a pizza de bacalhau e o torresmo de bacalhau. Já o vegetariano Cultivo ganha o coração dos amantes de literatura e música com seus livros políticos e vinis espalhados pelo ambiente aconchegante. Também conquista o estômago com pratos e hambúrgueres sem carne, além de drinques deliciosos. Há opções mais requintadas, como o Pacco e Bacco e sua ampla carta de vinhos e espumantes, que inclui até versões mineiras das bebidas. No Luth Bistrô, o diferencial é a harmonização dos pratos com cervejas artesanais. O Uai Thai, como o nome sugere, mistura comida mineira e asiática e foi aberto há cinco anos, após um tour do chef Ricardo Martins pela Ásia. Comida, bebida e ambiente de primeira. Como não pode deixar de ser, os doces mineiros estão por toda parte: nos cafés de hotéis e pousadas, nos restaurantes, nas lojas de souvenir. Mas uma parada obrigatória é 54 Brasilturis
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Comida mineira da fazenda no Pau de Angu
o Chico Doceiro e seus canudinhos recheados de doce de leite, um patrimônio da cidade após cerca de 50 anos em atividade. Na Casa do Sino, café mineiro e doces portugueses convidam a uma pausa. Na recém-inaugurada Jane’s Apple, vistosas maçãs verdes confeitadas agradam olhos e paladar num ambiente delicioso, tanto na área interna quanto externa. Além de ser uma boa indicação para pernoite, a pousada Encantos da Serra oferece um delicioso café
Cultivo, restaurante vegetariano
da manhã repleto de receitas da culinária mineira preparadas artesanalmente e servidas fresquinhas aos hóspedes. O local oferece 23 apartamentos com decoração colonial aliada a comodidades da vida moderna – como televisão e Wi-Fi. Alguns dos quartos têm hidromassagem e vista para a Serra de São José. ECOTURISMO PARA TODOS Além de emoldurar Tiradentes, a Serra de São José - que tem como símbolo a libélula, por abrigar uma espécie que só existe ali - convida a explorar suas matas com cinco opções de trilha. Cada uma tem diferentes níveis de dificuldade e variadas cachoeiras nos trajetos. São elas: trilha das cinco cachoeiras, trilha do mangue, trilha do carteiro, trilha do menino maluquinho (a mais fácil, recomendada para grupos com crianças) e a trilha da travessia da serra. O ideal é con-
Bar do Uai Thai
sultar um guia para saber qual é a mais adequada para cada condicionamento físico. A agência de turismo Estrada Real é o receptivo que leva aos passeios. PASSEIOS PELA ARTE Ao longo do tempo, a tranquilidade de Tiradentes atraiu inúmeros artistas de outras cidades e também desenvolveu artistas locais. No Instituto Mario Mendonça, por exemplo, é possível visitar, com hora marcada, a coleção deste pintor carioca que disponibilizou ao público seu acervo de cerca de 1.400 quadros e esculturas de artistas como Dalí, Degas, Rodin, Alfre-
Marco da Estrada Real dá início às trilhas na serra
do Volpi e Burle Marx - que também fez o desenho da praça principal da cidade, o Largo das Forras. Logo ao lado do Instituto, a superloja Marcas Mineiras traz produtos de alto padrão de artistas mineiros, que vão desde enxoval para casa a itens de decoração. Um delicioso café no jardim dos fundos é um convite ao descanso. Não muito longe dali, na RM Cerâmica Artística, o casal de professores aposentados Maurílio Souza e Rose Valverde mostra o processo produtivo de cerâmicas artesanais e vende suas peças em sua casa-ateliê. Também na cidade, o Teatro de Marionetes faz a alegria dos pequenos e encanta os adultos com a magia dos bonecos. No caminho da Estrada Real que leva ao distrito Bichinho, o turismo também começa a ganhar força. Uma referência é a Casa Torta, que atrai pela fotogenia e estranhamento da construção. No caminho, o Antiquário Casarão, chama a atenção com sua bela construção feita com materiais de demolição no topo da montanha. A vista do lugar é tão convidativa quanto as peças antigas à venda.
Uma vez em Minas Gerais, é regra provar a cachaça mineira. Um excelente local para isso é a Mazuma Cachaçaria, onde é possível visitar o alambique e conhecer todo o processo sustentável de produção da cachaça - uma verdadeira arte num tour grátis para os turistas.
Brasilturis viajou a convite do coletivo Tiradentes Mais, com seguro Affinity. Instituto Mario Mendonça
Teatro de Marionetes encanta adultos e crianças
Maurílio Souza, da RM Cerâmica
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DESTINO
Mesquita Hassan II, em Casablanca
Portal do Palácio Real de Fez O Kasbah Aït Ben Haddou, em Ouarzazate, foi cenário de grandes produções do cinema, como Game of Thrones e Gladiador
Praça El Fajid
Autêntico e exótico
Combinação de paisagens que vão de deserto a montanha de neve, cultura milenar preservada e gastronomia ímpar faz do Marrocos uma viagem imperdível POR ANA CAROLINA MELO
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anhado em grande parte pelo Oceano Atlântico e uma pequena fatia pelo Mar Mediterrâneo, Marrocos fica no extremo noroeste do continente africano. Basta cruzar um trecho de uma hora de ferry boat, atravessando o Estreito de Gilbraltar, para se chegar ao sul da Espanha. Desde 1999 sob o reinado de Maomé VI, o país é de maioria mulçumana e só se tornou reino em 1957. Até então, estava sob o domínio francês o que justifica o idioma como segunda língua falada, depois do árabe. Mas, nas famosas áreas comerciais, os vendedores arriscam espanhol, inglês e até português para não perder as vendas. Estima-se que 99% dos mu56 Brasilturis
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çulmanos que vive no país é sunita, sendo que apenas 0,1% é de origem xiita. O outro 1% inclui cristãos, judeus e baha’i (religião monoteísta que enfatiza a união espiritual de toda a humanidade). A grande maioria é adepta do Islã e tem o hábito de rezar cinco vezes ao dia: antes do sol nascer, ao meio-dia, durante a tarde, depois do pôr do sol e à noite. Nos horários de oração é comum ouvir pelas ruas o chamado vindo de grandes alto-falantes instalados nos minaretes das mesquitas. Marrocos é, sem dúvidas, um daqueles lugares para visitar antes de morrer. A cultura peculiar e a variedade de oferta turística atraem visitantes de todo o mundo, especialmente os europeus, que chegam aos montes devido à proximidade.
As paisagens variam de deserto a montanha de neve, a cultura milenar rica e preservada são os destaques. Além, é claro, da gastronomia exótica que merece um capítulo à parte. Nesta viagem, realizada com exclusividade pelo Brasilturis, conhecemos os principais atrativos das cidades de Fez, Marraquexe e Ouazazarte, com uma passagem breve por Casablanca. O destino é o ponto de partida para explorar o país, já que é lá que pousa o voo direto da Royal Air Maroc que sai de São Paulo (SP). O trajeto é percorrido em nove horas. CASABLANCA Às margens do Atlântico, a cidade ficou famosa com o premiado
filme norte-americano de 1942, que tem o mesmo nome. É lá que fica o Rick’s Café, estabelecimento inaugurado em 2004 para dar vida ao filme imortalizado por Humphrey Bogart e Ingrid Bergman. Vale lembrar que, apesar de ser a maior cidade do Marrocos, a capital do país é Rabat. A visitação é rápida, porém necessária para conhecer a mesquita Hassan II, um dos principais pontos turísticos antes de ir para Fez. A construção erguida em homenagem ao antecessor e pai do rei Maomé VI é a segunda maior do mundo, com capacidade para receber até 100 mil fiéis, somando o pátio e a sala de orações. A mesquita fica na margem do oceano e seu imponente minarete de 200 metros pode ser visto a quilômetros de distância.
Processo totalmente artesanal das cerâmicas Poterie de Fes. As peças que formam os moisaicos são feitas uma por uma
Nas medinas estão à venda alguns dos mais cobiçados produtos do Marrocos, tapetes e luminárias confeccionados manualmente
FEZ Casablanca fica a três horas de carro de Fez, mas também há opções de ligações aéreas ou por trem. Para conhecer bem o destino, a dica é reservar dois dias inteiros na cidade. Um deles deve ser dedicado apenas para caminhadas pelas ruas do centro histórico, onde fica a medina Fez El Bali, antigo centro murado e repleto de comerciantes. O espaço é um verdadeiro labirinto construído na época da fundação da cidade, no século IX. As ruas estreitas são tão confusas que se perder é normal, o que te obriga a conhecer quase todo espaço até conseguir sair. O mais aconselhável é sempre contratar um guia para ajudar a economizar tempo e dinheiro. Sim! Faz parte do costume local dar gorjetas pra tudo, inclusive por
informação recebida. Mas o povo é receptivo e sempre muito cordial. Na entrada da medina, destaque para a Bab Boujloud (Porta Azul), uma imponente obra que separa a parte nova da cidade. Ali dentro, fica instalado o icônico curtume Chouwara, com 300 tanques de tingimento do couro. O cheiro é tão forte que na entrada são entregues ramos de hortelã para ajudar a amenizar. A foto do lugar é um clássico e há muita oferta de artigos em couro feitos a mão e vendidos no local. Aliás, pelas ruas estreitas da medina, se vende de tudo: comidas típicas, roupas, souvenier, pashminas, tapetes e objetos de metal, como as lamparinas, além das lindas porcelanas. A produção é totalmente artesanal e preserva os moldes milenares de confecção
Curtume Chouwara, com 300 tanques de tingimento do couro
manual dos produtos. Por ali também fica a Universidade Al Quaraouiyine, datada do século IX, que abriga a biblioteca mais antiga do mundo em atividade. O acervo inclui quatro mil livros raros e manuscritos árabes. A entrada é permitida apenas para muçulmanos. “Riad” é uma palavra que você vai ouvir muito, em referência a casas ou palacetes que ficam dentro de uma medina, nos centros históricos de Marrocos. A arquitetura se difere por elas serem fechadas para o exterior e terem um pátio central no interior, normalmente com um jardim ou fonte ao centro. Conheça o conceito almoçando no Dar Bensouda, restaurante que fica dentro de um charmoso hotel Riad. A comida é típica marroquina, simples e deliciosa. Outro Riad que merece visita é o La Maison Bleue, hotel que
conta ainda com uma ótima localização. No tour pela cidade, conheça a região dos Túmulos da Dinastia Merenidi, localizados no alto de uma colina. De lá, é possível ter a vista panorâmica da cidade e uma compreensão melhor de sua construção. Visite também o Palácio Real, conhecido como Palácio das Sete Portas que correspondem aos sete dias da semana - todas feitas à mão com as cerâmicas coloridas típicas do país. Como ele ainda é usado pela família real, não é possível conhecer o interior. Mas a vista externa é válida. Marrocos é um paraíso para os amantes de cerâmica, mas dizem que as mais famosas são as produzidas em Fez. Na loja de fábrica Poterie de Fes, além da infinidade de produtos à venda, é possível www.brasilturis.com.br | Brasilturis 57
Túmulos da Dinastia Merenidi, em Fez
Riad La Maison Blue
conhecer todo processo de produção manual. Desde a confecção das pecinhas com martelos, preparo do barro, desenho e a queima das peças. Os preços não são tão baratinhos, mas certamente são bem mais em conta do que o valor de revenda mundo a fora. MARRAQUEXE É a mais famosa de todas as cidades – e também a mais agitada e lotada de turistas. Por isso, muitos consideram Fez mais tradicional e com a cultura mais preservada. Marraquexe tem um ar de grande metrópole, com boa variedade de hotéis internacionais, spas resorts e cassinos. É o único lugar onde dá para se jogar na balada, já que a venda e consumo de bebidas alcoólicas é proibida nos demais estabe-
Contrastes de cores e diversidade botânica no Jardim de Majorelle e Yves Saint Laurent 58 Brasilturis
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Museu de Confluências Culturais ou Dar El Bacha, em Marraquexe
lecimentos marroquinos. Tudo tem maiores proporções, inclusive a medina. Comece o passeio pela praça El Fajid que concentra o cenário mais emblemático. É lá que ficam os chamados souks, uma espécie de feira livre. É uma confusão de gente que mescla turistas, vendedores, hipnotizadores de cobras, tocadores e carruagens - tudo junto e misturado. Há vendedores de joias, roupas, comidas típicas, produtos de belezas e até dentaduras, onde tudo parece um formigueiro. Mas, atenção, na hora da compra: a dica é nunca aceitar o primeiro preço. Na maioria das vezes, se você perguntar quanto custa, eles vão questionar quanto você quer pagar. Depois disso, dificilmente sairá de mãos abanando, já que os vendedores são muito insistentes.
É possível encontrar desde produtos típicos e comidas a encantadores de cobra na praça El Fajid, em Marraquexe
Alguns lugares são imperdíveis como o Jardim Secreto, um oásis no meio da medina. O jardim é lindo e muito bem preservado, ideal para descansar, contemplar a vista e tomar café ou chá no terraço. Visite o Museu de Confluências Culturais ou Dar El Bacha, localizado em uma mansão que costumava abrigar o Paxá de Marraquexe - “paxá” era o equivalente a um governador na nomenclatura otomana. O espaço abriga peças históricas que definem a identidade marroquina e sua arquitetura em paredes de mosaico é de uma riqueza impressionante. JARDIM DE MAJORELLE E YVES SAINT LAURENT O espaço é um colírio para os olhos em meio a tanta agitação na cidade. São cerca de três mil espécies de flora espalhados por uma área de quase dez mil metros quadrados. Por 40 anos, pertenceu ao pintor Jacques Majorelle que tinha verdadeira paixão pelo lugar. Depois de sua morte, em 1962, a ideia era construir ali um complexo hoteleiro. Em 1980, Yves Saint Laurent e seu companheiro, Pierre Bergé, adquiriram o local para mantê-lo preservado. A área se tornou a Fundação Jardim Majorelle, subsidiária da Fundação Pierre Bergé – Yves Saint Laurent. O casal não só revitalizou o local como também transformou o ateliê do antigo proprietário em um museu aberto ao público, rebatizando a antiga casa como Villa Oásis. As cinzas do estilista, morto em 2008, foram espalhadas no roseiral e foi instalado um memorial com uma coluna romana e placa com homenagem póstuma. Em 2010,
a princesa Lalla Salma, esposa do rei Maomé VI, inaugurou no local a exposição permanente “Yves Saint Laurent e Marrocos”. Não à toa, o jardim é um dos atrativos mais famosos do país, com cerca de 600 mil visitantes anualmente. OUARZAZATE O percurso entre Marraquexe e Ouarzazate é de quase 200 quilômetros que são percorridos em quatro horas de carro. A estrada acompanha o aclive de montanhas, o que requer cuidados redobrados. Mas é fácil se distrair com a as paisagens desérticas que acompanham o caminho e são especialmente fascinantes durante o outono e o inverno. Nesta época, a temperatura cai a cada quilometro rodado, mas com presença garantida do sol e do céu azul. Durante o trajeto, se tem a campnahia do monte Atlas coberto de neve. É possível – e recomendável - fazer pausas pela estrada para tomar um café e garantir a compra de cosméticos à base do famoso óleo de Argan, produção de origem marroquina que faz sucesso na indústria da beleza. Ouarzazate na linguagem berbere significa “sem barulho”. A cidade fica a 1.200 metros de altitude no Alto Atlas, sul de Marrocos, a caminho do deserto do Saara. O cenário inspirador, a luz perfeita, a vastidão de espaço e a arquitetura natural fazem da cidade um estúdio cinematográfico natural, vocação que foi descoberta pelos empresários de Hollywood (EUA). Há complexos gigantescos montados para gravações de filmes como “Ali Baba e os 40 ladrões”, “Gladiador”, “Asterix e Obelix”, “Cleópatra” e “Lawrence da Arábia”, além de episódios da série “Game of Thrones”, entre muitos outros. No estúdio Atlas e no Museu do Cinema é possível ver boa parte dos cenários e equipamentos da época que fazem parte do acervo ao qual o visitante tem acesso. Imperdíveis também
são as atrações originais do local, em especial os Kasbah, construções fortificadas típicas do povo Berbere, usadas para permitir à população se abrigar de guerras, tempestades de areia e qualquer outra possível ameaça. No centro de Ouarzazate fica o Kasbah de Taourirt, considerado o mais bem conservado do Marrocos. Jardim Secreto
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Do alto do Kasbah se tem a vista de todo vilarejo berbere em Ouarzazate
Alto Atlas, em Ouarzazate
Cenário do filme Cleópatra no Museu do cinema
Estúdio Atlas
Outra dica é conhecer a antiga medina no bairro de Tassoumaat. Localizada no alto de uma colina, vale o esforço da caminhada até lá em cima. A vista é linda e, entre vielas e ruinas, há muitas lojinhas com produtos locais. Na volta, aproveite para fazer um passeio de camelo - é divertido e muito seguro. O percurso pode ser de 30 ou 60 minutos e custa entre 200 e 500 dirhams. Lembre-se sempre de pechinchar. TEMPERO E AROMA A culinária mescla influências dos ingredientes originários de povos nômades do deserto, árabes, berberes, ibéricos e franceses. Imagine um cardápio bem perfumado e condimentado com açafrão, hortelã e muitas especiarias? A gastronomia marroquina lembra um pouco a indiana, mas não é tão picante.
Espetinhos de carne de cordeiro ou frango do hotel Dar Rhizlane destacam a receita muito comum no país 60 Brasilturis
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O cuscuz é a primeira receita que nos vem à mente. Entretanto, ao contrário do que se pode imaginar, o preparado não é tão comum nos restaurantes. A base é de muitos vegetais cozidos, feijões branco, lentilha, tagines cozidos e carnes de cordeiro e frango feitos em panelas de barro. Tudo vem sempre acompanhado por pães, alimento muito respeitado e consumido no país. Para se ter uma ideia da importância, é proibido jogar pão fora! Os restos e as sobras são utilizados para alimentar o gado. A população do Marrocos é apaixonada por chá, bebida que é consumida antes e após as refeições. Estima-se que o país seja o maior importador de chá chinês do planeta. O mais popular é o chá-verde com menta, em que as folhas são quebradas e ficam em repouso por alguns minutos. O modo de servir
Grãos, frutas secas e temperos estão por toda a parte nas medinas
Passeio de camelo no entorno do Kasbah
também é bem característico, com um movimento de sobe e desce com o bule de onde o chá cai sobre o copo com uma boa distância - dizem a manobra serve para esfriar a bebida. INFORMAÇÕES IMPORTANTES Moeda e gorjetas: A moeda oficial é o dirham marroquino (pronuncia-se Dirrã) e é aconselhável fazer o câmbio no aeroporto local ou em hotéis de bandeiras internacionais. O dólar e euro também são bem aceitos no comércio. Na conversão, R$ 1 vale 3 dirhams; US$ 1 = 9,5 dirhams e € 1 euro = 11 dirhams. Carregue sempre muitas moedas ou notas menores para as gorjetas, você vai usar muito. A gratificação é dada até mesmo para usar banheiros na rua, pedir informações e tirar fotos.
Variedade de legumes, saladas e uma espécie de pastel do restaurante Ksar El Hamra
TRANSPORTE
A melhor forma de circular é pela malha ferroviária que liga as principais cidades do país. Também há opções de empresas de receptivos com carros ou vans, acompanhados por guias que falam inglês ou espanhol.
CLIMA
No verão, a temperatura sobe muito e pode chegar a 40ºC, com sensação seca. Aproveite as manhãs, pois costumam ser mais frescas. No inverno e no outono, as temperaturas são mais amenas, o que torna o período ideal para visitar as cidades mencionadas. O melhor período para viajar é entre março e maio e de outubro a novembro. QUEM LEVA A Royal Air Maroc tem voos diretos, cinco vezes por semana partin-
O tradicional chá é consumido em todos os lugares, a qualquer hora do dia
Le Berbere Palace
Fes Marriott Hotel Jnan Palace
Restaurante Le Palace, em Marraquexe é um dos mais refinados e só funciona com reserva
do de São Paulo e Rio de Janeiro. Agaxtur, Flot, Françatur e Monarch Travel, entre outras, oferecem pacotes para as agências de viagens brasileiras. DICA DE HOSPEDAGEM Fez: Fes Marriott Hotel Jnan Palace: www.marriott.com Marraquexe: Hotel Palmeraie Golf Palace: www.palmeraieresorts.com/en Ouarzazate: Le Berbere Palace www.hotel-berberepalace.com
Hotel e restaurante Riad La Maison Bleu
DICA DE RESTAURANTES Casablanca: Lagon Bleu www.valdanfahotel.com Fez: Dar Bensouda www.marrakech-riads.com/ table-dhoels-dar-bensouda
Hotel e restaurante Dar Rhizlane
Riad La Maison Bleu www.maisonbleue.com Marraquexe: Ksar El Hamra www.restaurant-ksarelhamra.net Dar Rhizlane www.dar-rhizlane.com
Hotel Palmeraie Golf Palace
Le Palace pt-pt.facebook.com/lepalacemarrakech
Brasilturis viajou a convite do Turismo de Marrocos e da Royal Air Maroc, com seguro Affinity e dados móveis Flexiroam
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SUSTENTABILIDADE Velma Gregório e Cássio Garkalns Velma é diretora de relações institucionais da Editora Via e especializada em turismo sustentável. velma@editoravia.com Cássio é CEO da GKS Negócios Sustentáveis e professor do curso de pós-graduação em Gestão Estratégica da Sustentabilidade (FIA/USP) cassio@gks.com.br
Conduzindo o turismo sustentável
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ara ganharem reconhecimento e consistência, os temas com impacto e influência globais precisam passar por um amplo processo de debate, engajamento, detalhamento, e serem tratados de tal forma que possam engajar diversos setores e níveis da sociedade mundial. Isso leva tempo, e é o que vem acontecendo com o turismo sustentável. Aparecendo de forma crescente na pauta global desde o final dos anos 1990, o turismo sustentável vem ganhando espaços importantes, como a realização do World Tourism Forum for Peace and Sustainable Development (2004-2009), a geração do documento “O Futuro que Queremos”, da Conferência das Nações Unidas pelo Desenvolvimento Sustentável, a Rio +20, e a sua inclusão nos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), acordados em Paris durante a Conferência do Clima realizada em 2017. Além disso, nos últimos dez anos, o tema recebeu apoio do G20, o grupo das 20 maiores economias do mundo para enfrentar os desafios econômicos globais, e foi destacado como vetor de mudança para a Economia Verde pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA). Neste mesmo período, houve avanços da tecnologia e dos transportes, a globalização dos serviços, o reconhecimento da importância de ter mais tempo para o lazer, entre outros fatores críticos que estimularam o aumento do número de viajantes. Atualmente, mais de 1,3 bilhão de pessoas se deslocam anualmente pelo mundo, aquecendo a economia e estimulando grandes e pequenos negócios por todo o globo. Porém, ainda há muito a avançar para que a chamada mundial pelo desenvolvimento sustentável passe dos planos para algo concreto e amplamente incorporado. Não é mais uma questão de o quê ou quando fazer, mas de como fazer e dar escala. Não estamos falando apenas de mudanças na forma de ofertar os produtos e serviços turísticos. Também há um longo caminho a ser percorrido para que os turistas consumidores passem a entender melhor a importância do seu próprio comportamento para contribuir com a causa da sustentabilidade. Isso inclui desde ações materializadas em princípios simples como redução do uso de papeis na impressão desnecessária de vouchers e tí62 Brasilturis
Abril | 2019
Há um longo caminho a ser percorrido para que os turistas consumidores passem a entender melhor a importância do seu próprio comportamento para contribuir com a causa da sustentabilidade quetes (que podem ser praticamente eliminados com o uso de aplicativos nos celulares), a temas mais amplos e complexos, como combate à prostituição infantil, estímulo ao desenvolvimento de cadeias produtivas locais e redução de consumo energético. Essa natureza transversal e os múltiplos elos com os outros setores econômicos também posicionam o turismo sustentável como um eficiente e importante multiplicador nas estratégias de desenvolvimento dos territórios. Cada vez mais países adotam o turismo como setor prioritário para combater a pobreza, estimular a inclusão social, valorizar a cultura, aquecer e diversificar a economia. O que falta, muitas vezes, é a informação de fácil entendimento para estimular a adoção das boas práticas onde o turismo acontece: nos meios de hospedagens, restaurantes, meios de transporte, atrativos. E é por isso que temos o prazer de anunciar que passaremos a ampliar a geração e a divulgação de conteúdos que possam apoiar o mercado a entender e incorporar os conceitos e práticas do turismo sustentável. A mudança do nome desta coluna para Via Sustentável simboliza esse movimento e a cria uma conexão com a plataforma de mesmo nome que a Editora Via lançou no final de setembro de 2018 (www.viasustentavel.com.br). Nós, os colunistas que assinamos juntos nesta edição, vamos nos revezar na produção deste espaço mensal e para oferecer ainda mais ideias e propostas de ação na plataforma online. Este é um convite para construirmos, juntos, um ambiente dinâmico, democrático, e rico de informações para termos um turismo mais sustentável. Sejamos a via de transformação para o mundo que queremos. Vamos agir sustentável!
DIRETORIA Sócia-diretora: Ana Carolina Melo CEO: Amanda Leonel amanda@editoravia.com Diretora de relações institucionais: Velma Gregório velma@editoravia.com EQUIPE DE REPORTAGEM Editora-chefe: Camila Lucchesi camila@editoravia.com REPÓRTERES Felipe Lima: felipe@editoravia.com Janize Colaço: janize@editoravia.com Leonardo Neves: leonardo@editoravia.com Arte e diagramação: Diego Siliprando arte@editoravia.com Colaboradores: Ana Carolina Melo, Antonio Salani, Cássio Garkalns, David Leslie, Fábio Steinberg, Gorgônio Loureiro, João Bueno, Larissa Coldibeli, Ricardo Hida e Velma Gregório. PUBLICIDADE E MARKETING Diretor de negócios: Marcos Araújo marcosaraujo@editoravia.com Gerentes comerciais: Alex Bernardes - alex@editoravia.com Vanessa Leal - vanessa@editoravia.com ADMINISTRATIVO E FINANCEIRO Gerente: Rita de Cassia Leonel financeiro@editoravia.com REPRESENTANTES BRASIL Salvador (BA): Ponto de Vista Gorgônio Loureiro (71) 3334-3277 e (71) 9972-5158 gorgonioloureiro5@gmail.com Brasília (DF): Ibis Comunicação Ivone Camargo (61) 3349-5061, (61) 9666-7755 e 98430-7755 ivone@ibiscomunicacao.com.br REPRESENTANTE EUA: Claudio Dasilva +1 (954) 647-6464 / claudio@braziltm.com Assinaturas: info@editoravia.com Primeiro jornal criado especialmente para a indústria do turismo nacional, Brasilturis é de propriedade da Editora Via LTDA, grupo de comunicação especializado em publicações segmentadas sobre turismo. Fundado por Horácio Neves, em 1981. Avenida Angélica, 321 - Cjs. 92 e 93, Higienópolis São Paulo/SP - Brasil CEP: 01227-000 Tel.: +55 (11) 3259-2400/ 3255-4956 Os artigos assinados são de responsabilidade dos autores e não refletem, necessariamente, a opinião deste jornal.
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