Brasilturis Ed. 825 - Junho

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Nยบ 825

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ENTREVISTA

AVIAÇÃO

PARQUES

Marco Ferraz, presidente da Clia Brasil, anuncia planos especiais para os agentes de viagens e informa novos portos para 2020

Aprovação da MP 863/2018 pelo Senado Federal divide opiniões no trade por conta de acréscimo ao texto original

Grupo SeaWorld inaugura montanha-russa, nova área infantil e celebra certificação para atendimento de autistas

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3 8 A N O S | A PA I X O N A D O S P O R C O M PA R T I L H A R R$ 18,90 |

ANO 38

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Nº 825

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brasilturisjornal

LEVANTAR ÂNCORAS A fim de reconquistar o desempenho obtido há uma década, armadoras se atentam a diferentes demandas dos passageiros – seja com meganavios ou pequenas embarcações Págs. 8 a 12

DESTINOS

FEIRAS E EVENTOS

ILTM Latin America: destaca o luxo da simplicidade e registra crescimento de 14% na comparação com 2018

TAITI Capacitações e investimentos no mercado brasileiro visam mostrar um lado mais acessível da Polinésia Francesa

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Explore GB: maior evento de promoção do Reino Unido tem participação de dez operadoras brasileiras

Conotel reforça importância da tecnologia e confirma sedes para 2020 e 2021 MarketHub Americas da Hotelbeds traz à tona temas como personalização e machine learning Salão Paranaense de Turismo estratégia de dedicar um dia ao consumidor final resultou em aumento de 28% no público Págs. 34 a 41


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EDITORIAL Camila Lucchesi Editora-chefe

O

Ócio criativo

mês de maio chegou com notícias importantes para o trade brasileiro. A começar pela Medida Provisória 863, um antigo pleito da aviação que foi aprovado pelo Senado Federal e aguarda sanção presidencial. A questão, entretanto, não foi tratada como vitória por associações como Abear, FecomercioSP e Iata, por conta de um trecho acrescentado ao texto original: o despacho gratuito de bagagem. Colocar em risco uma vitória histórica, para tentar forçar o retorno de uma política que destoa das práticas mundiais, é um equívoco. Assim como é inaceitável permitir àqueles que não conhecem a atividade ter poder de decisão. Quando achamos que estamos no caminho certo, vem o balde de água fria. Não é possível que o Brasil avance duas ou três casas na competição para, logo depois, voltar ao início do jogo. Há ainda muitos paradigmas que precisam ser subvertidos para que a indústria brasileira entre nos eixos – e eles não se resumem à aviação, apesar de o desenvolvimento da atividade ser essencial para colocar (ou manter) um destino no mapa turístico. Para que tenhamos, de fato, um turismo mais moderno e competitivo alguns desses “modelos tidos como verdades absolutas” precisam cair. Claro que algumas vezes a busca pelo fazer diferente esbarra em questões que não dependem da boa vontade do empresariado. Como o setor de cruzeiros, por exemplo. Quando comecei a trabalhar com turismo, no início dos anos 2000, a atividade vivia seu auge. O crescimento da oferta e do interesse trouxe, inclusive, certo temor à indústria de resorts. O que aconteceu de lá para cá, todos sabemos. E não tem a ver apenas com momento econômico, câmbio e empregabilidade. Enquanto o Brasil patinava em questões tributárias, trabalhistas e de infraestrutura, outros países investiram pesado e atraíram dezenas de embarcações para seus portos. A situação só não está pior por conta do trabalho liderado por Marco Ferraz, que não foge da luta por melhores condições da atividade. Há muitos outros exemplos inspiradores, tanto de líderes quanto de cases, para orientar nosso turismo rumo à maturidade. Como Simon Mayle, o inglês apaixonado pelo Brasil, que domina o segmento de viagens de alto padrão e comanda a ILTM Latin America com paixão e maestria. O maior evento de turismo de luxo da região traz exemplos de boas práticas dentro desse novo mundo em que vivemos, com a curadoria que faz toda a diferença para transformar projetos em negócios de fato. E, se você logo de cara associa luxo a opulência, é preciso rever seus conceitos. A edição deste ano do evento provou que os consumidores de alto padrão têm cada vez mais optado pela simplicidade. Em um mundo ultratecnológico, luxo é se desligar de gadgets e se reconectar com a natureza. O retorno ao essencial ou “Back to Life”, tema central da ILTM, parece ser um caminho sem volta. O conceito se alia ao ócio criativo do sociólogo Domenico de Masi que prega, em resumo, que o equilíbrio entre trabalho e lazer leva o homem a ser mais eficiente e produtivo. Uma união perfeita. Boa leitura, bons negócios e bom lazer! 5

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ENTREVISTA

Trabalho árduo Marco Ferraz Presidente da Clia Brasil

POR JANIZE COLAÇO

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á uma década, o setor de cruzeiros prosperava no Brasil: eram 20 navios na costa nacional. Com a retração econômica e a falta de investimentos - hoje são apenas sete embarcações. Armadoras não apenas deixaram de operar como também fecharam escritórios no País. Pra complicar, países como China, Austrália, Emirados Árabes e África do Sul investiram pesado nessa atividade. A retomada tem sido constantemente trabalhada pela Clia Brasil. Marco Ferraz, presidente da associação, destaca os esforços contínuos junto às autoridades, companhias marítimas e representações. E ressalta: O papel do agente de viagens tem se mostrado fundamental para a recuperação do setor, já que os profissionais respondem por uma fatia de 80% a 90% nas vendas de cruzeiros. A associação, além disso, tem planos especiais para os agentes de viagens, a fim de manter o ritmo e garantir para os próximos anos números tão positivos quanto os obtidos em 2018. Durante o bate-papo, ele destacou os gargalos que o setor tem enfrentado. Também destrinchou planos especiais para os agentes de viagens brasileiros e informou novos portos que deverão entrar (ou voltar) para o mapa dos cruzeiros. Em 2018, 510 mil brasileiros viajaram em cruzeiros por todo o mundo, 15% a mais do que em 2017. O que explica esse crescimento? Percebemos a redução do impacto da crise no Brasil e as viagens começaram a acontecer em um ritmo um pouco maior. Sob essa perspectiva, os cruzeiros e os navios têm um apelo muito forte, o que explica a alta de brasileiros em diversos destinos, tanto nacionais – que, ao todo, registraram 315 mil passa7

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geiros – quanto internacionais. Os navios, que incluem hospedagem, alimentação, entretenimento e transporte, oferecem um bom custo-benefício de lazer. Como as armadoras e representações devem aproveitar o momento? E como as operadoras e as agências de viagens podem se beneficiar? O agente de viagens é o nosso principal canal de vendas. No Brasil, cerca de 80% a 90% dos produtos de cruzeiros são comercializados por meio desses profissionais. É imprescindível que eles sejam treinados a respeito dos produtos que comercializam e garantam as vendas. Cabe às armadoras e representantes oferecer mais capacitações, além de promoções ou incentivos para as vendas. Pois, independente do cenário econômico brasileiro, novos navios e roteiros chegam aos montes no mercado. É momento de investir em quem vende e fideliza esses clientes. A Clia Brasil faz capacitações com os agentes de viagens? Por enquanto, a Clia Brasil tem concentrado o seu trabalho em questões regulatórias e legislativas. Mas, em breve, a associação terá uma solução semelhante ao que já acontece na Europa e nos Estados Unidos, onde a Clia tem 15 mil agências associadas. São mais de 25 mil agentes cadastrados que estão se especializando e obtendo certificados. Há previsão para a chegada desse projeto ao Brasil? A versão brasileira deverá estar disponível a partir de 2020. Quando tudo estiver pronto, será o momento de a Clia ir atrás do agente de viagens, permitindo que ele se especialize por meio de cursos à distância e seja certificado. O que não apenas será um diferencial a ele, que se tornará um especialista no produto, como também um investimento para o setor. A Clia divulgou dados que demonstram uma alta de 13% no interesse por cruzeiros pelo Brasil. A que se deve esse crescimento? Na década passada, chegamos a

ter 20 navios em nossa costa, com 800 mil cruzeiristas. Agora, temos sete embarcações e pouco mais de 300 mil passageiros. O Brasil perdeu muito com a competitividade, além de a crise ter afetado os investimentos. Enquanto isso, outros países investiram mais e muitos navios se deslocaram para lá. Entretanto, o País tem progressivamente voltado a crescer. Estamos nos recuperando da crise. Para a próxima temporada, estamos trabalhando para ter mais um navio, proporcionando um aumento de 6% na oferta e, assim, oferecendo 530 mil leitos. O que mudou da década passada para cá? A economia brasileira de 2010 passava por um momento positivo, com câmbio favorável e baixo desemprego. Era bem diferente do vivido em 2016, quando chegamos a sete navios. Além disso, não havia uma concorrência tão forte da China, Austrália, Emirados Árabes e África do Sul. Na década passada, houve um momento de efervescência, com a presença da Ibero, Royal Caribbean, Pullmantur, MSC e Costa, além de várias outras empresas, sendo que até mesmo a CVC fretava alguns navios. Com a crise econômica, não apenas o poder de compra passou por desestabilização, como as próprias armadoras perceberam que havia mais vantagem ao estar presente em outros mercados. A China, por exemplo, há oito anos tinha apenas cinco embarcações, hoje já tem mais de 60. Eles realmente investiram em infraestrutura e modernizações. Os chineses também acertaram em divulgar ao mercado interno, cuja classe média dava seus passos à ascensão. O Brasil, em contrapartida, não tinha recursos para investir e assistia a sua classe média sucumbir à crise. Quais são as principais dificuldades que o setor tem enfrentado? Os entraves estão em quatro pilares: infraestrutura, custo, impostos e regulação. Faltam destinos e, mesmo os que temos, também demandam melhorias – às vezes uma dragagem, um píer e mesmo uma

logística de trânsito para a cidade ou um terminal de passageiros. A Clia precisa atuar junto com o governo federal, estadual e municipal para alcançar esses objetivos. Na questão de custos, no Brasil o valor para um navio operar é, em média, 40% superior. Isso encarece a operação e o custo final da cabine. Os impostos também são muito altos quando comparados com outros países, sendo que há tributação exclusiva no combustível e fretamento dos navios. Estamos trabalhando com o Ministério do Turismo para rever esses impostos, que não existiam até 2006. Por fim, temos as questões da regulação de píer, porto, praticagem, ambientais e sanitárias. A Clia trabalha em conjunto com as agências regulatórias para estar sempre dentro da legislação. Falando de infraestrutura, quais são as expectativas com o porto em operação em Balneário Camboriú? Há novos projetos? Balneário está indo para a sua terceira temporada e tem se mostrado consolidada. Para a próxima, são esperadas mais de 40 escalas. E a novidade da temporada a seguir é Itajaí (SC), com a cidade voltando a ser um porto de embarque. Além disso, estamos conversando com mais de dez cidades. Três estão bem encaminhadas e poderão operar em fase de teste na próxima temporada. Sendo elas: Penha (SC), Ilha do Mel (PR) e Arraial do Cabo (RJ). É provável que iniciem as escalas entre o fim deste ano e o início de 2020. Quais são as expectativas para o ano? O crescimento deverá ser de aproximadamente 5%. Nós estamos confiando no novo governo, visto que o turismo tem sido uma das suas prioridades. O ministro Marcelo Álvaro tem atuado de maneira a auxiliar o setor, o que influencia positivamente. Além disso, no mundo, teremos muitos navios entrando em operação, o que aumenta a oferta e deverá gerar um maior consumo global. Seguimos trabalhando arduamente.



ESPECIAL CRUZEIROS

Navegar à bolina

Mesmo com um cenário não tão otimista quanto o do início da década, estima-se que o mercado cresça 5% em 2019 POR FELIPE LIMA E JANIZE COLAÇO

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iajar pelos mares e rios, há anos, deixou de ser uma ambição distante dos brasileiros. O setor, todavia, tem batalhado pela retomada ante as flutuações econômicas. Afinal, em uma indústria global que projeta receber 30 milhões de pessoas em 2019, o Brasil voltou a dar passos, ainda que tímidos, após desfrutar de seu ápice no início desta década com uma oferta de 20 navios e 800 mil cruzeiristas. Por aqui, a indústria tem precisado ganhar fôlego contra ventos não favoráveis - o que, no dicionário náutico, costuma ser chamado de “navegar à bolina”. Afinal, é percebido que governo não se atentou às reivindicações das armadoras, principalmente relacionadas à baixa infraestrutura e às altas taxações, e não foi capaz de suprir todas as demandas levantadas. Concomitantemente, destinos mundiais, até então incipientes nessa indústria, despontaram e hoje estão na liderança. É o caso de países como África do Sul, Austrália e China. Esta última, aliás, começou a década com apenas cinco navios em seus portos, enquanto hoje prospera com 60 embarcações. Já o Brasil, que busca desencalhar da crise político-econômica que afundou o País nos últimos anos, agora dispõe de sete navios. No entanto, já é sentida uma pequena melhora tanto no cenário econômico brasileiro quanto na indústria. A Clia Brasil, unidade brasileira da Cruise Lines International Association, avaliou um crescimento significativo na última temporada. Em 2018, 510 mil brasileiros viajaram em cruzeiros – seja na costa nacional quanto em destinos internacionais –, número que demonstra 9

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uma alta de 15% em relação ao ano anterior. “O brasileiro tem tudo a ver com os cruzeiros. São pessoas que amam viajar e que, independente do momento em que estão vivendo, prezam por dias de descanso e diversão. Aliado a isso, os navios são sempre excelentes opções de custo-benefício, o que permite que esse tipo de viagem se adeque ao bolso de cada pessoa”, explica Marco Ferraz, presidente da associação. O executivo destaca que uma pequena melhora na economia já surte um grande impacto na demanda de cruzeiristas junto aos associados Clia no mundo todo. “Tanto que devemos crescer dois dígitos na temporada que acabou em abril”, completa. O ensaio da retomada, contudo, ainda está em seus primeiros atos. Para que seja possível, uma nova embarcação deverá ser acrescentada à temporada, totalizando oito navios. O objetivo é proporcionar um aumento de 6% na oferta e garantir 530 mil leitos na costa nacional.

“Roteiros pela América do Sul foram mais procurados do que itinerários caribenhos.” Ainda que lamente os muitos entraves burocráticos, o especialista prefere olhar para o horizonte com otimismo. “Desde 2016, ano em que tivemos o pior desempenho, o setor tem apresentado pequenos crescimentos e avanços. E a Clia tem trabalhado continuamente para melhorar o ambiente de negócios. Estamos batalhando para ter mais

portos e melhorar a infraestrutura nacional. É um trabalho de médio e longo prazo, mas esperamos que os resultados positivos venham em breve”, refletiu o profissional. TOP 10 EM CONSUMO Mas nem tudo é motivo de desânimo. Apesar de o País ter perdido espaço, dados da Clia ainda mostram que o brasileiro é o nono maior consumidor desse segmento no mundo, empatando com os espanhóis. Essa importância coloca em exposição os mais variados perfis, e é nisso que armadoras e representações têm ficado bastante atentas. As companhias se preocuparam, talvez como em nenhum outro nicho, às necessidades específicas de seus consumidores, passando a concentrar esforços em novas experiências. Hoje, estão à disposição meganavios para seis mil pessoas com entretenimento de primeira; embarcações médias com roteiros de três a quatro noites para quem quiser ter uma prova do produto e cada vez mais barcos pequenos, para 100 ou 200 pessoas, desenvolvidos com altíssimo nível de serviço e exclusividade. Além disso, junto aos benefícios de uma viagem a bordo de navios que respondam por suas necessidades, os destinos visitados também impactam na hora da venda - e nisso o Brasil tem se mostrado um expoente. Se antes o Caribe era a localidade mais procurada, a região perdeu espaço para a América do Sul no último ano. A costa brasileira, junto com os países vizinhos, acumulou 315 mil viajantes, 13% a mais que no período anterior. De Barbados à Jamaica, de St. Lucia às

Bahamas, de Guadalupe à Trinidad e Tobago, as ilhas caribenhas vêm logo em seguida, com 111 mil cruzeiristas. Imediatamente, a Europa mostra que é querida pelos brasileiros, não apenas pelos ares, mas também pelos mares, recebendo quase 49 mil cruzeiristas do Brasil. Os passageiros foram distribuídos entre roteiros pelo Mediterrâneo Central e Ocidental (21 mil), Leste do Mediterrâneo (17 mil), países Bálticos (cinco mil) e Norte da Europa (seis mil). Os cruzeiros de travessia, que foram escolhidos por mais de 22 mil pessoas, estão logo atrás. Eles acontecem a cada início ou término de temporada, quando os navios saem do destino atual e seguem rotas que atravessam oceanos, como as dos antigos transatlânticos, para chegar ao local onde começará um novo período de navegação. O estudo ainda traz África e Oriente Médio, que, juntos, receberam 4,5 mil brasileiros pelo mar, além do Alasca, que foi procurado por quase três mil cruzeiristas do Brasil. RUMO AO DESENVOLVIMENTO Ainda de acordo com o presidente da Clia Brasil, a burocracia tem impedido uma atuação mais ativa da indústria. E isso não se resume a afastar navios e companhias da costa brasileira: as dificuldades enfrentadas pelo setor na costa nacional praticamente criou uma “padronização” do viajante dos mares. Os portos de Santos (SP) e Rio de Janeiro (RJ) são os que mais realizam saídas e, ainda que sejam os mais evoluídos, colocam uma limitação no total de dias e de lugares visitados. “O brasileiro compra minicruzei-



ESPECIAL CRUZEIROS ENTENDA SEU CLIENTE

ros de sete a oito noites. Um navio que sai de Santos ou Rio não vai além de Maceió. Se no futuro tivermos condições melhores, poderíamos ter navios no Nordeste com roteiros dentro da realidade de sete noites ou também elevando a estadia para 14 noites”, pontua Ferraz. Apesar do apontamento negativo, gradualmente novos portos têm sido adicionados na rota marítima brasileira, como é o caso de Balneário Camboriú (SC). Indo para a sua terceira temporada, a cidade espera mais de 40 escalas. O estado catarinense, aliás, dará mais alguns passos importantes para a indústria. Itajaí, a 94 quilômetros da capital Florianópolis, voltará a ser um porto de embarque. Ainda em Santa Catarina, Penha, cidade bastante conhecida por abrigar o Beto Carrero World, poderá entrar em fase de teste na próxima temporada. Além dela, Ilha do Mel (PR) e Arraial do Cabo (RJ) também terão seus portos testados e poderão estar na lista de destinos brasileiros contemplados nos roteiros de cruzeiros. “Se tudo ocorrer bem, é provável que iniciem as escalas entre o fim deste ano e o início de 2020”, revela. AGENTE DE CRUZEIROS No último ano, o setor teve um crescimento de 15% no número de passageiros. Já para 2019, a Clia prevê um número mais modesto, na faixa dos 5%. Para isso, a indústria depende de quem fica cara a cara com o cliente e o torna, efetivamente, um cruzeirista - seja de primeira viagem ou um veterano. Ou seja, o agente de viagens, profissional que responde por cerca de 80% a 90% dos produtos de cruzeiros comercializados no País. É o vendedor que identifica as demandas do passageiro e, assim, é capaz de precisar se determinado navio, roteiro, faixa de preço e ame11 Brasilturis

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nidades oferecidas estão realmente de acordo com os planos de viagem. “No mesmo navio existem vários tipos de cabines, itinerários e o papel do agente é conseguir identificar perfil do cliente”, destacou. Apesar disso, há também muita oportunidade de venda desperdiçada no País. Na última temporada, 29 embarcações estiveram de passagem, contudo nem todos os agentes de viagens estavam munidos com essa informação. Assim, apenas os profissionais especializados e mais experientes conseguiram rentabilizar. O profissional tem de estar atento às novidades e transformações da indústria para ganhar o cliente e fidelizá-lo para mostrar que os cruzeiros vão além da costa brasileira ou caribenha. “É imprescindível que esse canal seja treinado e tenha o maior número possível de informações a respeito dos produtos que ele comercializa e garanta a venda.” A especialização dessa parte significativa do trade, portanto, é considerada uma obrigação. Enquanto outros segmentos investem cada vez mais no on-line, o intermediador tradicional é encarado como a resposta para fazer as armadoras incrementarem as vendas e mantê-los como canal prioritário. Para o presidente da Clia Brasil, os agentes de viagens generalistas, ou seja, os que vendem de tudo, poderiam enxergar nessa indústria a resposta para impulsionar seu negócio. Isso inclui entender a complexidade desse tipo de produto e as preferências do cliente, de destinos ao estilo de viagem. Além de eventos e feiras, a associação promete colaborar com o trade ao lançar, no ano que vem, uma ferramenta on-line de capacitação. “Quando tudo estiver pronto, será o momento de a Clia ir atrás do agente de viagens. Permitindo, assim, que ele se especialize por meio de cursos a distância com aulas em vídeo, áudio, textos on-line e certificado”, completou.

Mas afinal: quem é exatamente o público de cruzeiro? É muito importante estar atento a este questionamento, sobretudo quando se percebe que o perfil vem mudando no decorrer dos anos, por questões socioeconômicas, afetando, consequentemente, o setor. A indicação de parentes e familiares de realizar um roteiro marítimo é um grande impulsor, respondendo por 28,8%. Além disso, a situação econômica deixa os clientes com receio e, por isso, preços baixos respondem pela parcela de 12,1% quando o assunto é fator de decisão, conforme demonstra o estudo da Clia Brasil. Aqueles que possuem entre 45 e 54 anos ainda são a maior parcela do segmento, ocupando 21,2%. No entanto, sua participação vem dando espaço às demais gerações. Isso se nota quando comparado aos dados com a temporada de 2013/14, momento em que representavam 24,5% do mercado. Além disso, o mercado não tem chamado atenção da geração Z – que contempla aqueles que nasceram em meados da década de 1990 –, como demonstra o estudo. Na temporada 2017/18, essa participação representou somente 7%, 3,5 pontos percentuais a menos se comparado com a temporada 2013/14. Em contrapartida, a terceira idade está mais disposta a encarar os mares e oceanos, conforme análise, que aponta um crescimento de 4,8 pontos percentuais, totalizando um montante de 12,8%, tornando-se o público que mais cresceu neste ínterim. A maior parcela dos cruzeiristas ainda é ocupada por clientes com renda familiar que gira em torno de R$ 5 mil a R$ 10 mil, respondendo por 35,6%. Esse montante demonstrou uma leve queda se comparado com a temporada 2013/14, quando essa faixa de renda já era líder, contudo, com 37,1% dos compradores. Seguindo a mesma tendência de queda, aqueles que possuem faixa

mensal de até R$ 2,5 mil registrou uma queda de um ponto percentual, chegando a 10,3%, ao mesmo tempo em que aqueles que com renda que varia entre R$ 2.501 e R$ 5 mil teve um declínio de dois pontos percentuais, somando 28,9%. Somente a presença daqueles com renda acima de R$ 10 mil apresentou um sutil aumento na temporada de 2017/18 de 0,2 pontos percentuais, saindo dos 20,8% e chegando a 21%. Vale notar que o sexo feminino está mais participativo do mercado de cruzeiros. Enquanto na temporada de 2013/14, 54,3% era representado por elas, na temporada 2017/18 este público alcançou um novo patamar, chegando a quase 60%. A presença do sexo masculino demonstra uma queda de 5,5 pontos percentuais, chegando a 40,2%. Este cenário mais feminino vem sendo uma tendência desde 2006, segundo Ricardo Amaral, CEO da R11 Travel, em seu livro “Cruzeiros Marítimos”. No ano de lançamento, as mulheres já estavam à frente com 51%. Cruzeiristas que viajam acompanhados de cônjuges/namorados ou com parentes e familiares dominam o cenário, correspondendo a 36,7% e 36,1%, respectivamente; um crescimento de três pontos percentuais em cada quando comparado a temporada 2018/18 com 2013/14. Em seguida, aparecem os clientes acompanhados de amigos, que, por mais que tenha mantido a posição, teve declínio de 3,1 pontos percentuais, respondendo por 24% do público. Grupos são a menor parcela, responsável por apenas 1,6%. Independentemente do perfil, é fato que a atividade vem caindo no gosto do público e consolidando o setor marítimo. Isso pode ser notado pelo número de pessoas que realizaram seu primeiro cruzeiro, que caiu de 61,1% para 53,4% de 2013 a 2018. Além disso, a taxa de clientes que pretendem fazer outro cruzeiro praticamente se manteve intacta, com uma tímida queda de 1,6 pontos percentuais, totalizando 87,2%.

VARIAÇÃO DE FAIXA ETÁRIA ENTRE OS CRUZEIRISTAS FAIXA ETÁRIA

TEMPORADA 2013/14

TEMPORADA 2017/18

18 a 24 anos

10,50%

25 a 34 anos

21,90%

19,30%

-2,6 pp

35 a 44 anos

16,70%

20,40%

3,7 pp

45 a 54 anos

24,50%

21,20%

-3,3 pp

55 a 64 anos

18,40%

19,30%

8%

12,80%

65 anos ou mais

7%

Δ

-3,5 pp

0,9 pp 4,8 pp Fonte: FGV / CLIA BRASIL



ESPECIAL CRUZEIROS O QUE DIZEM AS COMPANHIAS? As companhias se orgulham em dizer que integram o grupo de remanescentes que oferecem comissões aos agentes de viagens – normalmente de dois dígitos – e bônus por venda de cabines em determinadas épocas do ano.

Mas entender o consumidor está longe de ser uma tarefa fácil. Antes de tudo, é preciso saber que o brasileiro não é como o consumidor de cruzeiros em todo o mundo. Por isso, as principais empresas do setor destacaram os principais diferenciais e dados que os consultores devem se atentar na hora de prospectar a venda.

COSTA CRUZEIROS

Dario Rustico, presidente executivo para a América do Sul e Central

Os cruzeiros da Costa reúnem atividades e atrações para os mais diferentes públicos. Atendemos desde os solteiros em busca de diversão e vida noturna; casais à procura de descanso até famílias que querem confraternizar a bordo. Nosso hóspede é conhecedor do valor agregado que os cruzeiros marítimos oferecem e sabem que, em um cruzeiro Costa, vai encontrar o melhor do estilo italiano de navegar. DISCOVER CRUISES

Pablo Zabala, diretor de vendas e marketing

Este ano, nosso foco certamente será a Princess Cruises para o mercado brasileiro e latino-americano, com mais promoções, atendimento personalizado e muito entretenimento a bordo em destinos como Caribe, América do Sul e Europa. Nossos clientes são exigentes e querem diferenciais de qualidade a bordo em todos os serviços, o que a Princess Cruises, sendo reconhecida como a melhor linha de cruzeiros Premium do mercado, entrega com excelência DISNEY CRUISE LINE

Robert A. Iger, presidente e diretor executivo da The Walt Disney Company

Os cruzeiros são opções muito versáteis, adequados à inúmeros perfis de viajantes, uma vez que esse tipo de viagem proporciona uma experiência superior em lazer, entretenimento, turismo e gastronomia, a um valor bastante acessível. Por isso, observamos que nossas ofertas são muito procuradas por casais, famílias e amigos, e também para os que desejam realizar casamentos e outros eventos a bordo. Outro público que tem crescido é o corporativo. MSC CRUZEIROS

Adrian Ursilli, diretor-geral no Brasil

A MSC despontou na liderança da atividade no País, com market share de 63% em 2018-2019. Isso é reflexo do trabalho em parceria e da orientação da armadora para a inovação. Não se trata de oferecer só os melhores serviços, navios e condições de venda. Nossa missão é oferecer também sistemas completos de reserva, apoio, de controle, produtos e soluções de viagens, monitoramento e apoio nos momentos de dificuldades.

QUALITOURS

Ilya Michael Hirsch, diretor-geral

As embarcações fluviais estão crescendo a cada ano. Trabalhamos com um público classe A e que não quer mais do mesmo. Quer novidade, diferenciais, quer conhecer o povo do destino onde ele passa. Ele quer autenticidade. Nossas expectativas são incertas. O capital tem atrapalhado um pouco. O câmbio sobe e desce. Por isso, temos que procurar os clientes que não estão preocupados com a economia.

R11 TRAVEL

Ricardo Amaral, diretor-executivo

Viajar de cruzeiros é muito democrático. Quem escolhe os produtos da R11 busca por experiências agregadas. Roteiros cujos navios têm uma cabine com varanda e vista para o mar, sem dúvidas, agrega valor à viagem. Já as opções internas são interessantes por economia e para quem passa pouco tempo nas cabines. Cabe, então, ao agente de viagens avaliar qual é a experiência que o passageiro deseja e qual dos nossos navios e destinos melhor respondam. VELLE REPRESENTAÇÕES Ricardo Alves, diretor-geral

Nós atendemos todos os públicos, porém se destaca o viajante experiente. Sabe aquela pessoa ou casal que já fez inúmeras viagens e cruzeiros, mas que ainda busca por novas experiências? Por isso, os cruzeiros fluviais têm se destacado e a procura pela Velle tem se mantido em alta. Atualmente, representamos sete companhias: Ama Waterways, Avalon Waterways, Emerald Waterways, Poseidon Expeditions, Scenic Luxury Cruises, Uniworld, e Viking River Cruises.

NORWEGIAN CRUISE LINES

Estela Farina, diretora-geral no Brasil

O nosso público é bem variado, mas formado principalmente por casais e famílias. Em nosso grupo podemos oferecer a melhor opção para qualquer que seja o perfil ou a motivação da viagem. Estamos muito atentos ao perfil dos millennials que gradativamente se identificam com os cruzeiros. Entre diversas características, este perfil busca por experiências autênticas. Estão sempre conectados e amam a tecnologia. 13 Brasilturis

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AVIAÇÃO

Mala sem alça POR LEONARDO NEVES

U

m pleito antigo da aviação brasileira, a abertura de 100% dos investimentos estrangeiros em companhias aéreas nacionais se concretizou. Ao longo de dois dias, de 21 a 22 de maio, a Medida Provisória 863 de 2018 foi votada e aprovada na Câmara dos Deputados e no Senado Federal, aguardando apenas a aprovação do Presidente da República, Jair Bolsonaro. Contudo, uma alteração no texto original, realizada pelos deputados, pode tornar o sonho dos players do setor aéreo em pesadelo. A MP, assinada em dezembro do ano passado pelo então presidente Michel Temer, previa a abertura ilimitada dos investimentos externos.

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Pela legislação atual, 80% do capital das companhias devem ficar no controle de brasileiros, reservando apenas os 20% restantes para valores provenientes de outros países. Assim, com a aprovação da medida, desde que a empresa tenha uma filial no Brasil, o país de origem dos controladores do capital não terá mais relevância. A polêmica começou porque, durante a votação, os deputados acrescentaram ao texto o retorno do despacho gratuito de ao menos uma bagagem de até 23 quilos para aeronaves acima de 31 lugares. Desde março de 2017, depois de uma decisão da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) baseada em de-

mandas das empresas do setor, bagagens despachadas são cobradas à parte, como um valor de serviço acrescentado ao preço do bilhete aéreo. Além de se aliar ao cenário mundial, a prática promete reduzir o valor da passagem para quem viaja sem mala. A justificativa dos deputados a favor da mudança é de que não houve uma real redução na tarifa, como havia sido argumentado pelos defensores da medida na época em que a questão foi debatida. A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) rebateu o argumento dos deputados e justificou a ausência de reduções nos valores das passagens. Em nota, a entidade se diz favorável à abertura ilimitada ao capital estrangeiro nas empresas aéreas brasileiras, mas pede que Bolsonaro vete o retorno da gratuidade no despacho das bagagens. Em um dos trechos, a FecomercioSP afirma que o peso do custo da bagagem sobre a formação do preço da passagem é pequeno em relação a outras duas variáveis: o combustível, que representa cerca de 40% do custo, e o câmbio, uma vez que cerca de 60% dos valores são dolarizados. Na visão da federação, o que os deputados enxergaram como estabilidade nos preços dos bilhetes aéreos foi, na verdade, o impacto do aumento do preço do petróleo acompanhado pela desvalorização do Real. “De abril de 2017 a maio deste ano, o querosene de aviação ficou quase

50% mais caro, segundo a Associação Nacional do Petróleo, e o câmbio desvalorizou 28%. Com isso, o impacto negativo sobre os custos foi potencializado”, apontou o texto da nota. A Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear) criticou o retorno do despacho gratuito. Em nota divulgada, afirmou que a ausência de cobrança afasta o Brasil das práticas internacionais e retira a alternativa de uma tarifa mais acessível para os consumidores. “Ao admitir o retorno ao antigo modelo de franquia mínima de bagagem, o texto retira do consumidor a alternativa de escolher a classe tarifária mais acessível, sem despacho de malas, preferida por dois terços dos passageiros desde sua implementação.” VITÓRIA AGRIDOCE O ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, comemorou a aprovação e destacou que a mudança permitirá que empresas estrangeiras possam operar no País, aumentando a concorrência e, consequentemente, reduzindo o custo das passagens, sem mencionar o caso das bagagens. “Tão ou mais importante que atrair turistas internacionais é criar condições para o próprio brasileiro viajar pelos destinos nacionais. Não é aceitável que um trecho interno seja mais caro que um bilhete para fora do Brasil”, afirmou. “Empresas que tiverem interesse em operar voos entre destinos nacionais terão de abrir uma filial em território brasileiro, gerando empregos e seguindo nossas regras”, ressaltou. O ex-ministro e atual secretário de Turismo do Estado de São Paulo, Vinicius Lummertz, seguiu a mesma linha e partilhou do mesmo sentimento de vitória. “Como presidente da Embratur ou como ministro do Turismo, participei de todas as articulações para que isso se tornasse realidade. Agora a MP foi aprovada, o que vai acelerar o crescimento do fluxo turístico do País”, apontou.



AVIAÇÃO

Welcome to Brazil Companhias norte-americanas destacam ações e debatem soluções para o desenvolvimento de novas operações POR LEONARDO NEVES

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s Estados Unidos são soberanos quando o assunto é levar brasileiros ao exterior. Em 2018, o número de turistas do Brasil que visitaram a terra do Tio Sam foi de 1,65 milhão de pessoas, de acordo com dados do Statista, portal on-line que disponibiliza dados recolhidos por institutos de pesquisas de todo o mundo. O índice está longe do ápice atingido em 2014 - com 2,26 milhões de visitas aos EUA -, mas é o primeiro ano de alta desde 2016, quando os números começaram a cair. As projeções até 2022 são de um crescimento que deve chegar a 1,84 milhão de visitantes anuais. Diante do aumento e da adoção de políticas que beneficiam o setor aéreo por parte dos governos nas esferas federal e estadual, as três principais companhias aéreas norte-americanas atuantes no País já avaliam expandir os negócios por aqui. As empresas iniciaram debates que visam sanar os principais empecilhos que ainda impedem o desenvolvimento mais rápido e agudo. EXPANSÃO E UPGRADE

A United Airlines, companhia que liga o Rio de Janeiro (RJ) e São Paulo (SP) a dez cidades norte-americanas, avaliou que o novo governo está trazendo otimismo para o setor privado. Jacqueline Conrado, diretora da United no Brasil, reforçou que esse posicionamento ajuda a impulsionar os investimentos e avalia a possibilidade de expandir as conexões Brasil-EUA em parceria com a Azul. As empresas têm um acordo de codeshare desde 2015. A executiva que assumiu o posto em janeiro deste ano, com a missão de liderar o principal mercado latino-americano para a aérea, informa que a companhia conseguiu manter a capacidade estável ao longo dos anos, e agora pode ser o momento de expandir. “Com nosso relacionamento muito próximo à Azul, há muitas oportunidades para que possamos conectar diversas partes do Brasil aos EUA”, lembrou. 17 Brasilturis

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Jacqueline Conrado (United)

Ela também destacou que a política de Céus Abertos, que permite a expansão sem limites de voos e rotas por parte de companhias internacionais atuando no País, também trouxe “uma luz positiva para o Brasil” e informou que as aeronaves em operação devem passar por upgrade. A expectativa é que o processo de modernização das aeronaves seja finalizado até 2020. “Até lá, esperamos que todos os aviões que aterrissam no Brasil apresentem as novas poltronas da classe executiva Polaris, bem como a Premium Plus, classe que oferecerá assentos diferenciados em relação à Economy e à Economy Plus”, finalizou Jacqueline. A perspectiva positiva também é compartilhada pela American Airlines. Atualmente, a companhia opera 53 frequências por semana no País, sendo 32 partindo de São Paulo, sete do Rio de Janeiro, sete de Brasília (DF) e outras sete de Manaus (AM). EXTENSÃO DO DEBATE Dilson Verçosa Jr., diretor de vendas da American Airlines para as Américas do Sul e Central, destacou que os principais pleitos do setor aéreo internacional estão sendo cada vez mais colocados em pauta e que os governos estão notando a importância da aviação no desenvolvimento econômico. O executivo

ressaltou, porém, que o debate e as medidas para melhorar o cenário devem se estender para além dos terminais aéreos. “O Brasil precisa debater cada vez mais a questão da infraestrutura aeroportuária, mas também a necessidade de ter mais portões de embarque e acessos aos aeroportos. O ideal seria uma descentralização das operações em Guarulhos e investimento em novos hubs, como Recife (PE). Além disso, devem continuar sendo feitas mais privatizações, seguindo a boa leva recente”, apontou o executivo. Apesar do cenário positivo para as companhias estrangeiras até o momento, Verçosa não crê em aumento de operações em 2019. “Ainda é cedo para avaliar os índices que poderão se concretizar ao final do ano que, aliás, não estão tão animadores. A isenção dos vistos para norte-americanos poderia ser um ponto que ajudaria a melhorar, mas ainda não trouxe grandes mudanças”, afirmou. Desde fevereiro, o governo do estado de São Paulo tem se aproximado do setor aéreo adotando medidas como a redução da alíquota do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) do querosene da aviação. A atual gestão também vem promovendo encontros com companhias aéreas internacionais para debater medidas que atendam às principais demandas, o que, de acordo com o executivo da American Airlines, coloca o estado em posição de vantagem. “O governo de São Paulo sabe das necessidades da nossa área e está dando um passo à frente com as medidas para o setor. Estão sendo debatidos meios pelos quais o

Dilson Verçosa Jr. (American Airlines)

governo pode ajudar a aprimorar o segmento, desde transportes mais regulares para os aeroportos até segurança, a fim de tornar o estado uma porta de entrada para os turistas. Está sendo uma jogada de mestre”, destacou. Já a Delta Air Lines, que opera voos de São Paulo a Nova Iorque e Atlanta, sendo este último destino também conectado diariamente ao Rio de Janeiro, continua a apostar na parceria com a Gol para manter o plano de expansão na América Latina. A colaboração das empresas permite conexões em mais de 25 cidades brasileiras (a partir de uma ponte em São Paulo, Rio ou Brasília) com os Estados Unidos. Questionada sobre a posição em relação às políticas vigentes, a companhia disse que não comenta contextos relacionados aos mercados em que opera. “A missão da companhia é conectar pessoas e continuaremos investindo no mercado brasileiro como tem sido feito em mais de 20 anos de serviços ininterruptos no País”, informou, em nota.



PARQUES E ATRAÇÕES

Tigris, nova montanha-russa

Desfile na Sesame Street

Temporada de novidades no Sea World Atrações para todas as idades prometem agitar os parques da Flórida POR LARISSA COLDIBELI

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s parques do Sea World na Flórida (EUA) estão com várias novidades para o verão norte-americano. As principais são a Tigris, nova montanha-russa do Busch Gardens, em Tampa; a área infantil temática do Sesame Street, no Sea World Orlando; e o certificado de autismo nos parques Sea World, Discovery Cove e Aquatica, o primeiro parque aquático do mundo a ter esse tipo de certificação. Com a Tigris, nona montanha-russa do Busch Gardens, o parque reforça sua posição como líder em atrações radicais. Com uma aceleração de quase 100 km/h, ela vai para frente e para trás, simulando os movimentos de ataque do felino que lhe empresta o nome. Tem ainda uma queda de 45 metros de altura, loopings e um giro lento no próprio eixo lá no alto – a parte mais assustadora do trajeto de 42 segundos. A atração foi aberta aos visitantes no dia 19 de abril e, no dia 25, foi realizado um coquetel de inauguração para convidados. “Ela é mais compacta e faz três lançamentos: para frente, para trás e para frente de novo. O que a diferencia é que o lançamento é feito sempre que ela passa pela plataforma, ao contrário da Cheetah Hunt, que tem pontos de aceleração ao longo do trajeto”, explica Andrew Schaffer, engenheiro responsável pelo projeto, que levou um ano e meio de desenvolvimento. 19 Brasilturis

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AÇÕES SUSTENTÁVEIS No Sea World Orlando, que também é famoso pelas montanhas-russas, a novidade é a área temática infantil Sesame Street, com direito a desfile dos personagens, algo inédito até então nos parques do grupo. A atração vem somar a outros brinquedos e ao trabalho de preservação de animais. Cada vez mais, o parque deixa de lado o aspecto teatral dos shows com animais aquáticos para focar em educação e no discurso de preservação da natureza. Em seu esforço para ser inclusivo, atraindo e divertindo todo perfil de visitante, os parques se prepararam para receber pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA). SeaWorld, Aquatica e Discovery Cove foram certificados pelo Conselho Internacional de Padrões de Credenciamento e Educação Continuada (IBCCES, sigla em inglês). Como Centros de Autismo Certificado, os parques devem providenciar treinamentos contínuos que garantam que a equipe esteja preparada para interagir com todas as famílias e crianças com necessidades especiais, especificamente no espectro autista. O treinamento abrange as áreas de consciência sensorial e ambiental, comunicação, habilidades motoras e sociais, programas de desenvolvimento e consciência emocional, como também um exame de competência para o autismo.

As placas sinalizam os lugares destinados e níveis de estímulos das atrações para crianças autistas

O Discovery Cove tem praia artifical para fazer snorkel, mergulho e nado com golfinhos, além de ser um parque all inclusive

Além disso, são disponibilizadas nos sites informações para planejamento pré-visita, como um guia sensorial desenvolvido pelo IBCCES, também disponível na sinalização dos parques. Esse guia facilita o planejamento das atividades para os pais, que podem escolher as atrações que melhor acomodem as necessidades de seus filhos. O guia transmite como a criança com problemas de sensibilidade pode ser afetada por cada elemento de cada atração. Os parques contam também com um quarto silencioso, com luzes ajustáveis, poucos estímulos visuais e poltronas para que

os visitantes façam uma pausa. Dessa forma, a diversão em família é garantida, seja nos hipercoloridos Sea World e Aquatica – que foi eleito o melhor parque aquático dos Estados Unidos pelo jornal USA Today – ou no exclusivo Discovey Cove, que oferece uma experiência mais relaxante com nado com golfinhos, snorkel entre animais aquáticos e mergulho de escafandro. Esse é o primeiro parque all inclusive dos Estados Unidos a contar com a certificação. Brasilturis viajou a convite do Sea World Parks com proteção Affinity



HOTELARIA

Littre Hotel

Conforto e sofisticação na Cidade Luz

P

aris atrai milhões de visitantes todos os anos, ansiosos por experimentar as maravilhas que tem para oferecer. A capital francesa não pode mais ser considerada “apenas” um destino turístico, é também um dos maiores centros de negócios do mundo, já que várias empresas importantes escolheram a área como sede. Motivado por lazer ou trabalho, sozinho ou acompanhado... Paris sempre trará boas lembranças para aqueles que planejam a viagem com cuidado e em detalhes, desde o ponto de partida. A escolha do hotel, aliás, é um dos itens mais importantes para transformar a jornada em uma experiência ainda mais agradável. E o agente de viagens que der a indicação certeira ganha pontos e conquista a fidelidade do viajante. Nesta edição, trouxemos três dicas de hotéis que aliam conforto e sofisticação em três quesitos: estrutura, serviços e localização. Confira! FRASER SUITES HARMONIE LA DEFENSE & FRASER SUITES CLARIDGE CHAMPS-ELYSÉE Parte da cadeia de hotéis de luxo Frasers Hospitality, os dois empreendimentos oferecem residências em estilo apartamento, uma excelente escolha para quem viaja em família ou é adepto de longas permanências. A planta dos apartamentos transporta os hóspedes para um ambiente domiciliar, com áreas de estar, jantar, cozinha completa, quartos e espaços de recepção. Além disso, os hotéis oferecem centros de negócios com escritório para o hóspedes com Wi-Fi gratuito, iPads, impressoras e computadores. 21 Brasilturis

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Os hotéis também têm salas de reuniões, onde o hóspede pode organizar eventos de negócios, conferências e reuniões. O Fraser La Defense fica localizado a poucos passos do rio Sena, possui 137 studios confortáveis e luxuosos. A decoração inspirada nos prédios da região de negócios de Paris dá o toque de modernidade às suítes e áreas comuns. Cada um de seus apartamentos é equipado com internet fibra, desk office, TV de plasma, leitor de Blu-Ray, alto-falante bluetooth JBL, cama de casal king ou twin, cozinha privativa totalmente equipada, maquina de café expresso, lounge, tábua e ferro de passar roupas, cofre individual, ar-condicionado e secador de cabelo, além de uma bandeja cheia de delícias durante o check-in. O Fraser Claridge Champs-Elysée também ganha pontos pela localização. A charmosa propriedade está em um dos endereços mais badalados de Paris, a Avenida Champs- Elysées, entre o icônico Arco do Triunfo e a Place De La Concorde. A fama não vem de hoje. Desde 1914, hóspedes como Edith Piaf, Rey Charles, Santos Dumond e muitos outros já se hospedaram por lá. No total são 114 suítes que variam de 35 a 170 m2, todas recentemente renovadas com tema de alta costura. Outro destaque da rede é o serviço. Os hotéis oferecem transfer de chegada e saída para todos os aeroportos de Paris, táxi privativo, lavanderia e serviço de limpeza a seco, lavanderia automática gratuita para os hóspedes, academia de ginástica totalmente equipada, bateria extra para aparelho celular e business corner.

Frasers Hospitality

LITTRE HOTEL Outra excelente opção para viajantes que desejam se hospedar no coração de Paris, o hotel tranquilo e luxuoso fica em uma rua tranquila na margem esquerda do emblemático Rio Sena. Localizado no bairro de Montparnasse, dá ao hóspede acesso direto a atrações turísticas famosas, incluindo o Louvre e o Museé d’Orsay, além do fácil acesso à Rue de Rennes, a segunda mais famosa da cidade e endereço certo para quem não dispensa as compras. Logo na chegada, o hotel já impressiona pela beleza do lobby bem iluminado e espaçoso. O destaque vai para equipe da recepção, muito gentil e prestativa. Classificado como um boutique 4 estrelas, o hotel possui 90 suítes confortáveis e aconchegantes, todas decoradas com peças contemporâneas, resultado de um retrofit realizado em 2015. São 35 quartos na categoria standart com 20 m2; 23 quartos na categoria superior, entre 20 e 25 m2, equipados com um sofá-cama para um terceiro hóspede; 21 quartos Deluxe que possuem entre 30 e 35m2, também incluindo área de estar com sofá-cama. O Littre conta ainda com 11 suítes, com dimensões que variam de 40 a 60 m2 e sala de estar privativa com sofá-cama para um terceiro hóspede. Apenas cinco quartos privilegiados possuem terraço privativo com vista para Torre Eiffel. Porém, todas as categorias são equipadas com TV de tela plana, ar-condicionado, minibar, cofre, armários, secador de cabelo e mesa de trabalho. Os

Fraser Claridge Champs-Elysée

banheiros são amplos e equipados de banheiras/chuveiros e roupões, além de amenities L’Occitane. O Littre possui três quartos adaptados para portadores de necessidades especiais. O café da manhã é oferecido das 7h30 às 10h, podendo ser servido no quarto até às 11h sem custo extra. É um mimo à parte e impressiona pela qualidade dos alimentos servidos. Ovos, panquecas, croissants, geleias, queijos, frutas, cereais e iogurtes fresquinhos e saborosos - como deve ser um típico café da manhã francês. O hotel possui ainda um belo jardim interno que dá mais charme e romantismo à hospedagem. O aconchegante Le Verandabar é ambiente perfeito para um drinque e para um momento relaxante após um dia puxado – seja por reuniões ou passeios. SERVIÇO www.hotellittreparis.com www.paris.frasershospitality.com www. paris-claridge.frasershospitality.com



PUBLIEDITORIAL

Hollywood Beach Broadwalk

Descubra Greater Fort Lauderdale Com refeições e atrações para viajantes internacionais que querem experimentar novas culturas e belas paisagens, Greater Fort Lauderdale recebe visitantes de todo o mundo PRAIA É SÓ O COMEÇO Os mais de 37 quilômetros de praias com ondas azuis tornam fácil a tarefa de sentar-se ou passear durante horas, apreciando a brisa e observando a água com navios de cruzeiro, iates e veleiros continuamente cortando o horizonte. Com uma temperatura média da água de 26,5°C, a natação é uma atividade durante todo o ano em Greater Fort Lauderdale, junto com snorkel e uma variedade de esportes aquáticos repletos de diversão. Embarque em uma aventura de barco pelos mais de 480 quilômetros de vias navegáveis e veja porque o destino é conhecido como a “Veneza da América”. As opções incluem passeios para pesca de alto mar e aulas de mergulho em pontos que facilmente irão trazê-lo cara a cara com a incrível vida marinha local. CENA INESPERADA DE RESTAURANTES E VIDA NOTURNA Com tantas opções de restaurantes tentadores, os visitantes começaram a conversar e trocar indicações, o que vem transformando Greater Fort Lauderdale, rapidamente, no destino preferido da Flórida. Sob o sol, os paladares refinados têm à disposição churrascarias clássicas e café da manhã na praia. Isso sem falar em novos pratos do estado feitos com ingredientes frescos, incluindo frutos do mar direto do Atlântico, frutas e legumes originários do campo.

Experimente um passeio gastronômico ou uma aula de culinária. E, para ter a vivência mais importante de Greater Fort Lauderdale, jante em um dos vários restaurantes à beira-mar com acesso por barco. Os habitantes chamam, apropriadamente, essa atividade popular de “docking n’dine”. À noite, desfrute de bebidas sob as estrelas, cervejas artesanais mais badaladas, clubes no centro da cidade e corridas de praia ao luar. Uma cena vibrante de artes e cultura ganha vida no Riverwalk Arts & Entertainment District, ao longo da cênica New River, com performances empolgantes, exibições emocionantes, música, filmes, locais históricos e muitas outras opções. É uma mistura brilhante de casual e sofisticado que oferece algo diferente para todos os tipos de notívagos. GOSTA DE FAZER COMPRAS? Comece sua experiência no maior outlet do mundo, o Sawgrass Mills, e visite as lojas de luxo Prada, Kate Spade, Bloomingdale’s Outlet e Saks Off 5th. Dirija-se ao The Galleria, em Greater Fort Lauderdale, para fazer compras sofisticadas no melhor local. Ali você encontrará varejistas mundialmente famosos como Macy’s, Neiman Marcus e Dillard’s, além de restaurantes de luxo e o Red Door Spa de Elizabeth Arden. Prepare-se para fazer uma declaração de amor à genuína moda local. Reinvente o seu estilo com looks boêmios e dignos das pis-

tas, encontrados em espaços imprevisíveis. Designers de renome montaram lojas com ar vintage, boutiques pop-up e estúdios por toda a cidade. Localizada no The YARD, em Wilton Manors, a Wander Shop vende moda com essa mistura boêmia. A boutique eclética é pequena em tamanho, mas grande em charme, com seleções exclusivas de roupas e acessórios perfeitas do brunch até as boates. Se você quiser fazer um mergulho na praia, o Montce Swim é o seu destino para trajes de banho de grife. Com uma grande clientela composta por celebridades e presença online, a loja chama a atenção em Greater Fort Lauderdale. Independentemente do que você procura - sejam peças ultracontemporâneas, chiques, bohos ou com tiras - seu mais novo traje inspirará confiança e elogios. Há também as boutiques da Las Olas Boulevard, nas proximidades. Conhecida como a “milha do estilo” de Greater Fort Lauderdale, a mundialmente famosa avenida é repleta de boutiques, restaurantes com lounges animados e cafés com mesas na calçada. Las Olas também é uma parada importante ao longo da rota de táxi aquático da Greater Fort Lauderdale. Planeje sua escapada em Greater Fort Lauderdale com o guia de férias oficial do destino em: pt.vacationplanner.sunny.org


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ACONTECEU

Californian vibes

Demanda atendida A Agência Nacional de Aviação (Anac) outorgou à Air Europa a concessão para a prestação de serviços de transporte aéreo regular dentro do Brasil na tarde de 21 de maio. Um dia depois, o Senado Federal aprovou a Medida Provisória 853/2018 que autoriza a participação de 100% de capital estrangeiro em companhias aéreas brasileiras, uma das principais demandas do setor aéreo. O texto incluiu um item que dividiu opiniões: a volta do despacho gratuito de ao menos uma bagagem de até 23 quilos. (Leia mais na página 14)

Poucos dias antes do início do IPW em Anaheim, o Visit California reuniu o trade para apresentar as ativações que acontecerão durante a feira, que é a maior vitrine do turismo dos Estados Unidos. Será montado, em frente ao centro de convenções da cidade, que fica a pouco mais de 50 quilômetros de Los Angeles, a California Plaza, com o apoio de 14 destinos e diversas estações, serão realizadas atividades que vão de café da manhã saudável e aula de yoga, e até happy hours e late night com DJs badalados. A circulação simula uma viagem pela icônica Highway 1 e a mensagem reforça a vocação do estado para experiências focadas em bem-estar.

Presidente nomeado Gilson Machado Guimarães Neto (foto) é o novo presidente da Embratur. Jair Bolsonaro nomeou o empresário para assumir a pasta, conforme publicado no Diário Oficial da União de 21 de maio. Neto é empresário do setor hoteleiro e, desde janeiro, esteve à frente da Secretaria de Mudança do Clima e Florestas, ligada ao Ministério do Meio Ambiente. Ele substitui Paulo Senise, nomeado no início do mês, que ficou apenas quatro dias no cargo por decisão da Presidência da República. Marina Figueiredo, Frederico Levy, Estela Farina, Roberto Nedelciu e Mônica Samia

Foco em luxo

Continuidade A Braztoa está de conselho e presidente novos. Em 22 de maio, Roberto Nedelciu, da Raidho Viagens, foi eleito para liderar a associação durante o biênio 2019/2021. O empresário terá como vice-presidentes Frederico Levy (Interpoint), Estela Farina (Norwegian Cruise Line), Marina Figueiredo (Pomptur) e Celso Garcia (CI). “O foco é continuar o trabalho feito pela Magda Nassar que, inclusive, estará ao meu lado nesse começo e em diversas ocasiões. Sempre priorizaremos e valorizaremos as associadas e operadoras”, destacou o novo presidente.

A Promonde e a Boarding Gate promoveram na Unibes Cultural, na capital paulista, a quarta edição do Fórum Turismo de Luxo. O evento destacou as iniciativas de destinos como Nova Iorque, Peru e Mônaco, explicou os novos rumos da hotelaria para o segmento e destacou a importância Christina Kler ( Boarding Gate) da experiência para esse perfil de cliente. Mais e Cássio Vilela (Promonde) do que um encontro, o Fórum é um mix entre plataforma de conteúdo e oportunidade de networking, ressaltando as melhores práticas para os agentes que atendem ou pretendem atender esse mercado.

NY à brasileira A NYC & Company realizou um evento em São Paulo para apresentar as novidades do destino e as expectativas para o mercado brasileiro. Segundo Fred Dixon, presidente e CEO Christopher Heywood e Fred Dixon da NYC & Company, houve um crescimento de 6,3% no número de visitantes em 2018 na comparação com o ano anterior. Para 2019, o órgão de promoção turística estima a chegada de 939 mil visitantes, consolidando o Brasil como o terceiro principal mercado para o destino. 25 Brasilturis

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Novos horizontes Santos, no litoral paulista, realizou o lançamento da marca Visite Santos, no Centro de Histórico da cidade em frente ao Museu Pelé. Seguindo uma tendência mundial, a marca é uma iniciativa do Santos Convention & Visitors Bureau (CVB) e tem a finalidade de divulgar a cidade mundo afora como destino de lazer e negócios. De acordo com o Leonardo Carvalho, presidente do CVB, a mudança veio da dificuldade comercial de enfatizar Santos no conceito “Costa da Mata Atlântica”, como era trabalhado anteriormente.



DIREITO

Problema unânime João Bueno Advogado especialista em associações e consultor jurídico para empresas de turismo e hotelaria. Membro da Comissão de Direito Aplicado à Hotelaria e Turismo da OAB-SP joaobueno@buenonetoadvocacia.com.br

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uem nunca teve qualquer tipo de imprevisto em aeroportos, envolvendo cancelamentos, atrasos de voos, informações desencontradas ou falta de qualquer tipo de informação? Infelizmente essas ocorrências são muito comuns e, por mais que as pessoas digam que conhecem seus direitos, a maioria fica sem ação diante da experiência. Cabe ressaltar que o transporte de passageiros é considerado prestação de serviços, e como tal, é regulado pelo Código de Defesa do Consumidor. Isso impõe às companhias aéreas a responsabilidade civil objetiva, ou seja, se os serviços prestados forem defeituosos,

a contrapartida deverá ser a reparação dos danos. A determinação está no artigo 14 do CDC que impõe ao fornecedor de serviços a responsabilidade, independentemente da existência de culpa. Usualmente, as ocorrências são atraso, cancelamento do voo e a conhecida prática do overbooking, que é a venda de bilhetes acima da capacidade da aeronave. Com relação aos atrasos, existe uma margem de tolerância e as contrapartidas associadas; desta maneira, se o atraso for de uma até duas horas, basta informar antecipadamente aos passageiros pelos canais de comunicação disponíveis. Entre duas e quatro horas de atraso, a companhia deverá prestar assistência em alimentação, além de esclarecimento e informações sobre novos horários. Em atrasos a partir de quatro horas, a companhia deverá fornecer alimentação e hospedagem, além de transporte do aeroporto ao local da acomodação e retorno ao aeroporto. Como opção, pode oferecer a possibilidade de reembolso integral do valor pago - incluindo a taxa de embarque – nos casos em que os passageiros estejam no ae-

roporto de partida; ou a remarcação do voo sem diferença de taxas para outra data escolhida pelo passageiro. Nos dois últimos casos, a aérea se isenta da assistência com alimentação e hospedagem. Nas hipóteses em que o passageiro está fora de sua base - em conexão, por exemplo - atrasos superiores a quatro horas geram a obrigação de reembolso integral e retorno ao aeroporto de origem sem custo, além da assistência material citada anteriormente. Também deve oferecer alternativas para conclusão da viagem, como o embarque em voos de outra companhia aérea, com a manutenção da assistência material. Nos casos de overbooking, o mais comum é que as empresas ofereçam um acordo no momento do embarque ao abordar os passageiros em busca de alguém que tenha disponibilidade para trocar de voo. Quem aceitar a proposta é recolocado em outro voo e recebe uma compensação que pode ser créditos para novas passagens ou dinheiro em espécie. Não havendo voluntários, a companhia deverá oferecer assistência material às pessoas não embarcadas, bem

como opções de reembolso integral, reacomodação ou execução do serviço por outra modalidade de transporte. Adicionalmente, deverá pagar imediatamente uma compensação financeira ao passageiro preterido, no valor correspondente a 250 Direitos Especiais de Saque (DES) para voos domésticos e 500 DES para voos internacionais. Em 22 de maio, um DES valia R$ 5,57. Além disso, deve garantir o embarque no voo de preferência do passageiro e, se necessário, alimentação e acomodação até o horário de embarque. É muito importante que as situações sejam documentadas de todas as maneiras – gravações em áudio/vídeo, fotos, testemunhas e bilhetes –, pois, na hipótese de não cumprimento das obrigações, os passageiros devem procurar o Procon e os Juizados Especiais para exigir seus direitos. Vale consultar um advogado para instruir sobre o melhor caminho diante de problemas decorrentes do atraso ou cancelamento. Como o não comparecimento em uma importante reunião de trabalho, a ausência em um evento, perda de aulas em um curso ou, simplesmente, uma viagem a lazer frustrada.

VIA SUSTENTÁVEL

Sede de mudança A Cássio Garkalns CEO da GKS Negócios Sustentáveis e professor do curso de pós-graduação em Gestão Estratégica da Sustentabilidade (FIA/USP) cassio@gks.com.br

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água é um recurso natural indispensável, seja como componente de todos os seres vivos, como meio de vida de várias espécies vegetais e animais, como elemento representativo de valores sociais e culturais, e até como meio de lazer. Usá-la racionalmente significa fazê-lo de uma forma responsável e consciente, evitando desperdícios. Isso pode ser conseguido por meio da sensibilização da população sobre o impacto de determinados padrões de consumo e da adoção de

ações e medidas que diminuam a quantidade de água necessária para uma mesma finalidade. No setor de turismo, pelo fato de os clientes/turistas normalmente estarem usufruindo de um “merecido momento de descanso”, muitas vezes se dão ao direito de certas regalias negativas sob o aspecto da sustentabilidade, como, por exemplo, tomar banhos mais demorados ou utilizar toalhas lavadas a cada novo uso. Conseguir lidar com as necessidades de atendimento de expec-

tativas dos visitantes e, ao mesmo tempo, assumir uma postura responsável em relação ao uso da água demanda atenção e uma série de cuidados por parte dos empresários. Neste sentido, e com o objetivo de ajudar principalmente os pequenos e médios empresários das áreas de hospedagem e alimentação a dar os primeiros passos nessa direção, elenco a seguir algumas possíveis práticas simples podem ser adotadas sem grandes investimentos:


• Informar clientes sobre o impacto de atitudes como, por exemplo: utilizar toalhas recém-lavadas impõe consumo de dez litros por jogo de toalhas/lavagem; escovar os dentes por cinco minutos com a torneira aberta gasta 12 litros de água, enquanto molhar a escova, fechar a torneira e enxaguar a boca com um copo de água reduz o consumo a 300 ml; um banho de ducha por 15 minutos consome 135 litros de água, se o tempo for de sete minutos o volume diminui para 80 litros. • Implantar rotina de verificação e ajuste mensal de vazamentos, considerando que uma torneira gotejando pode chegar a um desperdício de 46 litros por dia, ou 1.380 litros por mês. • Criar campanhas de comunicação e de pequenas premiações para que hóspedes e funcionários estejam atentos à questão dos vazamentos e que possam manifestar-se formalmente à gerência para comunicar o fato.

• Estabelecer e orientar funcionários sobre a quantidade mínima de material a ser lavado por ciclo de máquina de roupa ou de louças. • Estabelecer junto aos funcionários procedimentos que não admitam o uso de torneiras abertas durante todo o tempo de lavagem de louças e dos salões, considerando que uma torneira comum de pia de cozinha aberta durante um minuto permite a passagem de até 20 litros de água. • Compartilhar com os funcionários e clientes o monitoramento do consumo mensal de água do estabelecimento por meio de registro em planilha afixada em local visível, o que pode vir a gerar um espírito coletivo de participação pela economia. • Utilizar chuveiros econômicos e/ou com regulagem de pressão e arejadores, válvulas redutoras e/ou controladores do fluxo de água nas torneiras. Are-

jadores são equipamentos simples instalados nas torneiras que misturam água e ar, dando uma sensação de volume maior de água. Empresas produtoras desse item afirmam que a economia de água é de até 60%. • Utilizar descarga econômica, pois uma bacia sanitária com o sistema de válvula e tempo de acionamento de seis segundos gasta de dez a 14 litros, enquanto que as com caixa acoplada gastam de cinco a seis litros por acionamento. • Otimizar sistema para irrigação de plantas e para manutenção de áreas externas com a captação de água de chuva. Somos um país abençoado pela natureza, o que dá a falsa sensação que o problema da escassez não é algo real ou de curto prazo. O preço da água mostra essa disponibilidade, já que o valor no Brasil é US$ 0,50/m3, considerado baixo quando com-

parado com outros países, como Japão (US$ 2,63); EUA (US$ 3,09); e Alemanha (US$5,51). Todo e qualquer processo de sensibilização, e posteriormente de conscientização, que gere mudanças de comportamento é longo e demanda estímulos contínuos. Conseguir que as pessoas - sejam elas turistas ou empresários do setor - percebam a importância do impacto de determinados padrões do seu consumo e da adoção de ações e medidas tecnológicas que diminuam a quantidade de água necessária para uma mesma finalidade é uma necessidade fundamental para pensarmos o turismo que queremos. O desperdício e o uso desnecessário de água não podem estar associados à boa experiência turística. Mudanças nas expectativas e nos desejos precisam se alinhar às novas questões globais do mundo que queremos. Vamos em frente!


LÉXICO David Leslie Autor do livro “Turismo para Leigos e Curiosos”. leslie@cbsmarketing.com.br

Evento... O que é o que é?

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palavra “evento” parece ter a sua origem do latim “eventus”, que significa “acontecimento”. Uma situação ocasional ou regular, eventual ou não, esporádica ou constante, prevista ou imprevista, programada/planejada ou não, natural ou fabricada. Um fenômeno passível de observação, dedução empírica ou científica (reação química, física, psíquica e/ou biológica). Tentando estabelecer parâmetros para diferenciar um tipo de acontecimento de outro, poderíamos iniciar nossa compreensão dividindo estes em duas classes básicas: acontecimentos naturais (passagem de um cometa, tempestade, furacão, eclipse, aurora boreal) e acontecimentos “fabricados” (congressos, espetáculos, seminários, mostras, desfiles, festas, campeonatos esportivos). Eventos naturais podem ser previstos ou parcialmente previstos, enquanto os eventos “fabricados” têm a prerrogativa de serem sempre previstos, uma vez que são programados. Alguns deles podem ser classificados como regulares (congressos, torneios esportivos) e outros como eventuais (festas, shows, palestras, workshops); há os normais (feiras, convenções, etc.) e os especiais (premiações, tributos, lançamento de produtos); os privados e os abertos ao público. A decisão de realizar um evento se caracteriza pela iniciativa de um ou mais indivíduos/empreendedores que, num determinado momento, vislumbram a possibilidade de viabilizar a realização de um acontecimento com o propósito de lucrar ou por outros interesses, tais como razões científicas, empresariais, institucionais, familiares ou pessoais.

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Planejar e organizar um evento se constitui em tarefa bem mais complexa do que, à primeira vista, possa parecer. A incumbência exige uma longa lista de qualificações que incluem, além de uma comprovada experiência na função, uma visão global do evento a ser concretizado, além de um inexplicável dom de prever possíveis interferências que possam colocar o sucesso da iniciativa em risco. Um evento mal planejado e mal organizado resulta em fracasso sem possibilidade de conserto. Não há como voltar atrás para corrigir erros e/ ou acrescentar itens que foram esquecidos durante a fase de montagem. São centenas de detalhes que fazem em parte do planejamento e da organização de um evento: a cuidadosa determinação da data; escolha do local; vias de acesso e meios de transporte existentes ou a serem contratados; programa básico e pormenorizado; previsão de duração para cada item da agenda definida; assessoria jurídica; contratação de seguros; aluguel de móveis/equipamentos; determinação do layout; segurança; intervalos para café e/ou refeições; equipes responsáveis pela limpeza; contratação da equipe necessária; a definição das tarefas de cada um e mais outras dezenas de detalhes, todos de relevante importância! Eventos acontecem todos os dias de nossas vidas, sendo que o primeiro do qual se tem conhecimento foi o Big Bang (pelo menos é o que se diz por aí). Ele foi e continua a ser seguido, ao longo de nossa história, por uma série de outros acontecimentos naturais ou fabricados, desencadeados pelo próprio Homem durante a sua passagem neste planeta e/ ou universo.


TURISMO SEM CENSURA Fabio Steinberg Jornalista e administrador, trabalhou como executivo e consultor de comunicação em grandes empresas como IBM, Rede Globo e AT&T. Edita o site Turismo Sem Censura (www.turismosemcensura.com.br) e é autor de três livros. fabio@steinberg.com.br

Ternos não combinam com turismo

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ma questão intrigante do turismo brasileiro é a razão do uso de ternos por líderes ou empresários em todos os eventos que ocorrem no setor. Repare: basta aparecer uma feira ou congresso, uma destas premiações que acontecem às pencas, ou alguma comemoração, e lá vão eles, solenemente trajando ternos e gravatas. Esta questão seria menor, não fosse a dissintonia em relação à própria essência do turismo. Afinal, esta é uma indústria que, apesar de séria, privilegia o lazer e o casual. Portanto, simboliza a antítese do formalismo de trajes praticado por seus representantes. O traje vem gradativamente perdendo relevância no universo dos negócios. Até a sisuda IBM, que no passado tinha funcionários reconhecidos à distância pelos ternos azul marinho, camisa branca e gravata listrada, aboliu este modelo de vestimenta. Hoje, a exemplo de todo setor de tecnologia, predomina o informal. Assim como as roupas costumam refletir o estado de espírito dos usuários, elas também têm capacidade de influenciar comportamentos. Tornam-se, assim, uma espécie de embalagem de um produto chamado “gente”. Em termos de percepção, a aparência fala mais sobre uma pessoa do que o que ela diz ou como age. Em um ambiente tropical como o Brasil, ninguém pode se sentir plenamente confortável com o pescoço espremido por uma gravata e superaquecido por um paletó. Na prática, estes apetrechos podem contribuir para ampliar a rigidez e funcionar como freio à criatividade ou inovação. Uma provável explicação ao uso intensivo dos ternos no turismo brasileiro é a sua histórica dependência de governos. Até pouco tempo, a presença de autoridades em eventos no passado causava frenesi. Obrigava participantes a seguir pro-

tocolos e liturgias que hoje perderam a razão de ser. Mesmo com todo o descompasso do Brasil em relação ao mundo, o nosso turismo evoluiu. E isto aconteceu quase sempre pelas mãos da iniciativa privada. Neste processo, os governos deixaram de ser protagonistas para se tornar figurantes. Por isto, não faz sentido manter cerimoniais ou prestigiar autoridades que só fazem discursos e cortam fitas. Isto demonstra subserviência a um poder que hoje apenas mantém a pompa, sem a majestade de outrora. O turismo brasileiro, debaixo da orientação estatal, vive grave paralisia. Os resultados não mentem. Estancou em torno de seis milhões de estrangeiros por ano. É bem menos que o museu do Louvre recebeu no ano passado - 10,2 milhões de visitantes, dos quais 7,6 milhões internacionais. Associar-se automaticamente às ações do governo pode ser mau negócio. Um exemplo atual é o Plano Nacional de Turismo. Propõe dobrar o número de turistas em quatro anos, mas retira do texto o incentivo ao turismo LGBT+. Ou seja, desprestigia um público estimado em 10% dos viajantes do mundo. Além do preconceito inaceitável, está desalinhado à tendência mundial. O empresariado precisa se libertar das garras governamentais. Tem maioridade e capacidade para tal. E este esforço começa por abandonar cacoetes comportamentais adquiridos pelo tempo, dos quais o terno é emblemático. Chegou a hora de ter menos discursos e assumir o barco - que anda à deriva. Quem duvidar da inoperância governamental deve contabilizar quantos ministros, secretários estaduais e municipais que o País já teve nos últimos anos. Enfim, é o momento de despir ternos – junto com o imobilismo e resignação que eles representam - e ir à luta, em busca de novos tempos para o turismo brasileiro. www.brasilturis.com.br | Brasilturis 30


DESTINO

O paraíso ao alcance de todos Ações no mercado brasileiro mostram o lado acessível da Polinésia Francesa POR ALEX BERNARDES

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uando o assunto é destino paradisíaco, a Polinésia Francesa é uma das campeãs na lista de desejos de qualquer turista que se preze. O problema é que a combinação de longa distância com a fama de ser uma opção para multimilionários acaba por jogar um balde de água fria no sonho de muitas pessoas, dificultando a venda de pacotes. Em volume, nosso mercado representa pouco para eles. Em 2018, pouco mais de 1.700 turistas brasileiros desfrutou das maravilhas do conjunto de arquipélagos, segundo dados da Tahiti Tourisme. Focado em alavancar esse número, o órgão de promoção do país tem realizado ações no mercado sul-americano. Recentemente três operadoras brasileiras e duas do Chile tiveram a oportunidade de visitar algumas ilhas, com o objetivo de aproximar os mercados e colocar as empresas em contato com forne31 Brasilturis

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cedores que atendam a todos os perfis de turistas, desde os mais sofisticados aos viajantes mais econômicos. Uma maneira de provar que o destino está ao alcance de todos. Partindo de São Paulo, há duas opções de rotas: via Santiago (Chile) ou Los Angeles (EUA). A primeira, operada pela Latam tem frequência semanal; a segunda é oferecida diariamente por meio de uma parceria entre American Airlines e Air Tahiti Nui, com conexão de dez horas na cidade norte-americana. O voo entre o destino na Califórnia e o aeroporto de Papeete, na ilha do Taiti, é de nove horas. Logo no desembarque, já é possível sentir o clima taitiano. Os turistas são recebidos com colares de flores, adornos de presença forte na cultura polinésia, acompanhado pelos sorrisos do simpático povo local. Destaque para as palavras Iaorana e mauruuru, cumprimentos

que o turista vai ouvir da hora que chegar até a hora de partir. As palavras significam respectivamente “bom dia” e “obrigado”. INFORMAÇÕES ÚTEIS O primeiro dado que o agente de viagens precisa ter antes de comercializar a Polinésia é que o destino é formado por cinco arquipélagos: Austrais, Gambier, Marquesas, Sociedade e Tuamotu. Cada um é composto por dezenas de pequenas ilhas e atóis, um total de 118, sendo apenas 63 habitados. Cada um tem suas peculiaridades, mas há algo em comum: a beleza estonteante, fato que justifica a fama desse paraíso no Pacífico Sul. Existem opções para quem está em busca de romance, aventura, esporte, luxo, gastronomia, espiritualidade e uma infinidade de outras características. Por isso, é importante escolher bem quais ilhas

e passeios oferecer, identificando de maneira minuciosa o perfil do cliente. O tour com operadores brasileiros, no qual o Brasilturis participou com exclusividade, passou pelo Taiti, Rangiroa e Moorea. Além de serem incríveis e autênticas, as três ilhas oferecem alternativas aos altos custos da disputadíssima Bora Bora. Vale lembrar que o turismo tem importância essencial na vida polinésia, já que 60% da economia local depende diretamente da atividade. Por consequência, a mão de obra é qualificada e atende a todos os perfis de viajantes – seja em francês, em inglês ou em taitiano. A moeda local é o Franco do Pacífico, mas os empreendimentos do circuito turístico aceitam Dólar e Euro. Brasileiros não precisam de visto e também estão dispensados de apresentar o certificado internacional de vacinação.


Passeio de 4x4 pelo vale Papenoo

Vista do pôr do sol no Intercontinental Tahiti Resort

Air Tahiti Nui Helicopter oferece passeios panorâmicos

Apresentação da dança Haka impressiona pelo vigor

TAITI A ilha do Taiti é a maior do arquipélago das Ilhas Sociedade. Belezas naturais, cultura rica e exuberante, herança do povo polinésio, com suas danças exóticas e um artesanato único são as inesquecíveis boas-vindas. De formação vulcânica, a ilha abriga a capital, Papeete, e a montanha mais alta da Polinésia, os Montes Orohena, com 2.241 metros de altitude. Além, é claro, de uma faixa litorânea de águas com um azul impressionante, propícias para atividades como mergulho ou um simples banho. Um rali de 18 quilômetros em veículo 4x4 guiado por um nativo, oferecido pela Tahiti Discovery, leva os turistas montanha acima para conhecer o vale Papenoo, cortado pelo rio que leva o mesmo nome. No trajeto, paradas estratégicas para explicar a riqueza da fauna e flora da ilha, apreciação de cachoeiras, além de lendas seculares

herdadas dos primeiros moradores. Com tempo bom, o passeio inclui parada para banho nas cachoeiras. O Jardim Botânico é outro passeio que pode ser incluído no roteiro dos passageiros. Além de conhecer mais sobre a flora polinésia, o turista poderá visitar o museu de Paul Gauguin, instalado no local. O acervo inclui fotos, documentos e reproduções de obras do renomado artista francês que também se rendeu aos encantos do Taiti, escolhendo o lugar para viver entre 1891 e 1893. O pós-impressionista retornou para lá anos mais tarde e permaneceu na Polinésia até morrer, em 1903. O centro comercial de Papeete ocupa o mesmo local desde 1869 e é imperdível para todos os visitantes que podem fazer o tour em qualquer dia da semana. A sensação é que a essência da vida na ilha pulsa por ali. O que se vê são vendedores com chapéus de palha sentados em volta de mesas repletas de

mercadorias locais e conversando calorosamente com comerciantes vizinhos e turistas ávidos pelo artesanato local e pelas delícias típicas. Uma boa dica é aproveitar o intervalo entre a chegada do voo, bem cedo, e o check-in no hotel às 15h para conhecer o mercado. No centro de Papeete também está o Robert Wan Pearl Museum, único museu do mundo dedicado a pérolas negras, um dos souvenires mais disputados no Taiti. Durante a visita, o turista pode entender como essa joia rara é produzida, todo processo de formação das pérolas e as razões pelas quais elas só existem no país. Na lojinha é possível adquirir colares com preços que variam de 150 euros a 500 mil euros. É lá que se encontra também a pérola negra mais valiosa do mundo, tão perfeita que torna impossível o cálculo de seu valor. Para os clientes que gostam de experiências mais luxuosas, vale incluir um passeio de 15 minutos

Turistas aprendem sobre a cultura taitiana no Arioi Experience

operado pela Air Tahiti Nui Helicopter. O tempo é suficiente para que as imagens dos vários tons de azul fiquem para sempre na memória do viajante. A rota também sobrevoa o interior da ilha, circulando o pico da montanha Orohena de onde é possível avistar cachoeiras e o vale Papeeno. As paisagens parecem ter saídas do filme Avatar. Mas é nas praias que o Taiti mostra que é democrático, independentemente do orçamento. Clientes que não conseguem pagar por hotéis luxuosos para desfrutar de praias privadas, podem se esbaldar nas áreas públicas – que têm a mesma beleza cinematográfica. A Plage de Papara Taharuu, de areias negras e águas cristalinas, é excelente para snorkeling - além de ser ponto de encontro de locais, o que a torna perfeita para fazer amizades e até arriscar uns passos de dança, ensinados pelos orgulhosos moradores. De areias mais claras, as praias de To’aroto, Mahana Park e Vaiava www.brasilturis.com.br | Brasilturis 32


DESTINO são boas opções para quem não se importa em dividir a areia com outros turistas. MOOREA De frente para a ilha do Taiti está Moorea, de natureza farta e águas cristalinas. Dá para chegar a esse paraíso de helicóptero ou barco privado, mas há também uma opção confortável para os viajantes mais econômicos: embarcar no ferry boat de alta velocidade, que faz o trajeto de 12 quilômetros entre as duas ilhas várias vezes ao dia. Com capacidade para até 900 pessoas, o barco conta com um deque superior ao ar livre, lugar preferido daqueles que não querem perder um segundo de contemplação. Assistir ao pôr do sol nas montanhas de Moorea é uma das experiências mais bonitas que alguém por ter, e vale cada centavo dos US$ 10 cobrados pelo trajeto. Um dos programas mais legais é andar de bike pela ilha que conta com 60 quilômetros de estrada circundando o litoral. Apesar do calor, as paisagens encontradas no caminho justificam cada pedalada e convidam a paradas estratégicas para comprar frutas tropicais, atum fresco ou coco gelado e conhecer os simpáticos anfitriões. No caminho, o turista passará por igrejas, calmos vilarejos de pescadores, praias de areia branca e pelo quase onipresente mar azul-turquesa. Aconselhe seu cliente a visitar o Taki Valle, melhor maneira de participar de uma autêntica fatia da vida tradicional no local. Durante o dia, aulas de ukulele e culinária enriquecem a viagem; à noite, o local enche de gente em busca das lendas que são contadas, cantadas e dançadas em um show deslumbrante. Outra dica é incluir um passeio pelas montanhas de Moorea para visualizar do alto do mirante Belvedere as duas baias gêmeas que formam um coração. Entre elas, o imponente Monte Rutui pinta de verde o cenário e fica mais bonito ainda no final da tarde. É possivel chegar lá em carro alugado, moto ou com a contratação de serviço guiado. Sejamos honestos: A grande razão para visitar a Polinésia é o grande número de praias paradisíacas. Não é diferente em Moorea, repleta de longos trechos de areia branca com praias escondidas e isoladas. As mais procuradas são as públicas Ta’ahiamanu, Temae e Tiahura. O crème de la crème são os 33 Brasilturis

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Almoço exclusivo no passeio operado pela Temoana Tours

Experiência de nadar com as arraias e tubarões

Paz e sensação de exclusividade nos passeios em Rangiroa

passeios de barco ao redor da ilha, operados pela Temoana Tours que tem opção de guia em português. Há várias possibilidades de itinerário, com preços e atividades distintas que incluem desde casamento em lindos bangalôs à beira mar até almoço romântico para duas pessoas. Um passeio de meio período percorrendo todo o litoral da ilha, com pausa para nadar com arraias e tubarões e almoço servido dentro d’água (que inclui lagosta assada na brasa e vinho) custa, em média, US$ 100 por pessoa. RANGIROA Como um colar de pérolas gigantes flutuando no oceano azul, o atol de Rangiroa é uma maravilha que a natureza já criou. O voo partindo de Papeete dura cerca de 90 minutos, com uma breve escala em uma ilha menor, até o desembarque no território de 1640 quilômetros quadrados, que dá ao local o título de um

dos maiores atóis do mundo. É importante informar seu passageiro que os voos internos operados pela Air Tahiti não têm assentos marcados. Então, na hora do embarque, todo mundo corre para tentar garantir um lugar na janela. A dica de um milhão de dólares é sentar do lado esquerdo da aeronave para curtir vista deslumbrante da chegada ao atol. A cor do mar e a abundante vida marinha fazem do mergulho e do snorkeling as principais atividades. Embora o atol seja enorme, a concentração de oferta turística e hoteleira fica nas pequenas ilhas de Avatoru e Tiputa. Com uma estreita faixa de terra, a melhor maneira de explorar a região é de bicicleta. Oriente seu cliente para sair com máscara de snorkel e roupa de banho, pois o mar convida para vários mergulhos ao longo de todo o trajeto. Mas se o agente quiser ganhar de vez o coração do viajante, deve indicar o passeio de barco pela

Blue Lagoon, operado pela Haiatua Excursions. A atração dura o dia todo e começa logo pela manhã, rumo ao extremo Oeste do atol e com direito a parada estratégica para mergulho com tubarões. Mais vinte minutos de navegação e se chega a um local desabitado em meio a uma imensidão de mar azul-turquesa. Ali o turista desembarca e caminha por cerca de 500 metros com água na altura da canela até uma pequena ilha. Entre palmeiras e árvores, uma estrutura simples de bangalô com redes e cadeiras está preparada para que o visitante se desconecte totalmente do mundo e possa passar o resto do dia em total interação com o Maná, energia cultuada pelos povos polinésios que conecta o ser humano com a natureza e com o divino. O almoço simples servido no local completa a rica experiência. À tarde, os visitantes são levados por uma trilha curta que leva ao outro lado da ilha, onde é possível praticar snorkeling e apreciar a floresta


de corais com centenas espécies de peixes coloridos. Ou apenas se deitar à sombra de uma palmeira e contemplar o imenso oceano azul, que se confunde com o céu. Na volta do passeio, o arremate final: Uma parada estratégica em uma das falhas estreitas e profundas do atol jogará seu cliente sobre um ambiente surreal de vida marinha. Basta boiar e deixar o mar fazer sua parte, arrastando o mergulhador para dentro do atol. Pessoas do mundo todo visitam Rangiroa apenas para ter essa experiência. Se der sorte ou se estiver em conexão com o Maná, seu cliente pode ser contemplado com a presença de famílias de golfinhos e lindas arraias. O passeio completo custa entre US$ 100 e US$ 120. A relação custo x benefício mais benéfica da história. HOTELARIA As três ilhas mencionadas nesta reportagem estão bem servidas em termos de estrutura hoteleira, com opções que vão de pousadas mais simples até luxuosos cinco-estrelas. Em Rangiroa, é possível se

Passeio pela lagoa azul em Rangiroa

hospedar na casa de um morador para ter uma verdadeira imersão na cultura local. A opção é muito procurada por mergulhadores que permanecem no destino por longos períodos. A pequena ilha também conta com hotéis de alto luxo, como o Kia Ora Resort, com 60 bangalôs independentes construídos ao estilo polinésio e divididos pela localização – vila e mar. Um meio-termo é o três estrelas Maitai Hotel Rangiroa, com bangalôs individuais, piscina de borda infinita e um deque sobre o mar.

No Taiti, a oferta é composta por 2.568 quartos divididos em 26 propriedades. Se o cliente tem perfil de luxo, as melhores indicações são InterContinetal Tahiti Resort and SPA, Ia Ora Beach Resort by Softel e Manava Suite Resort. Entre os três estrelas, os mais elogiados são o Tahiti Nui Hotel e Sarah Nui Hotel. Em Moorea, as dicas são o Hilton Moorea Lagoon Resort e o Sofitel Moorea Ia Ora Brasilturis viajou a convite do Tahiti Tourisme, com proteção Affinity

Clima paradisíaco ao som do ukulele


FEIRAS E EVENTOS

Patricia Yates, diretora de Estratégia e Comunicações do Visit Britain, em entrevista exclusiva ao Brasilturis

Centro de Convenções de Harrogate, onde aconteceu a Explore GB 2019

Um banho de Reino Unido Visit Britain mobiliza 30 países para conhecer suas atrações

POR VELMA GREGÓRIO

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ompradores e jornalistas de todo o mundo chegaram aos poucos a Harrogate, uma pequena cidade do condado de Yorkshire, no Norte da Inglaterra, para a sexta edição do Explore GB, o maior evento de promoção do Reino Unido. Dez operadoras brasileiras – Abreu, Agaxtur, CVC Corp, Diversa, Flytour, MH Tour, NewIT, Schultz, Transmundi Viagens e TT Operadora - juntaram-se a eles. Antes de chegar ao destino, os mais de 240 convidados de 31 países participaram de famtours por toda a Grã-Bretanha, os chamados Educational Tours. No roteiro para os brasileiros, o foco foi o interior da Inglaterra. Todos partiram de Londres para Cambridge, Nottingham e York, antes de chegar a Harrogate. O modelo de viagem pré-evento motivou os compradores brasileiros, como Ana Maria Moreschi, da Schultz, de Curitiba (PR). “O famtour abre a mente e, na feira, você tem a oportunidade de tirar as dúvidas diretamente com os fornecedores”, explicou. Para ela, o Explore GB é bastante focado em negócios e rende novidades. “Já temos demandas de pequenos grupos para Cambridge e York. Experiências como esta podem aumentar a oferta de novos produtos”, avaliou. 35 Brasilturis

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Para Carol Pereira, da TT Operadora, de São Paulo (SP), o Explore GB também é uma oportunidade de iniciar relações. “Conhecer pessoalmente os fornecedores é uma forma de dar segurança aos nossos parceiros de negócios. Queremos construir relacionamentos duradouros”, disse. VIAGENS TEMÁTICAS O Explore GB reforçou o tema da campanha lançada em 2018 “I travel for” (Eu viajo por) que apoia a segmentação dos focos das viagens ao Reino Unido. Eu viajo por gastronomia, Eu viajo por experiências, Eu viajo por Ccltura, e assim por diante. Na cerimônia de abertura, Sally Balcombe, CEO do Visit Britain, ressaltou que o evento é uma ferramenta de negócios extremamente valiosa porque oferece aos fornecedores e destinos de viagens do Reino Unido a chance de colocar seus produtos na frente de centenas de compradores globais. A executiva também destacou a possibilidade de construir conexões internacionais de negócios e inspirar mais visitantes a reservar uma viagem ao Reino Unido. Também participaram da abertura Geoff Spooner, vice-presidente e

diretor geral do Warner Bros Studio Tour London, The Making of Harry Potter, que apresentou o Gringotts Wizarding Bank, o banco dos bruxos como nova atração de 2019; e Peter Dodd, diretor comercial do Welcome Yorkshire, que esteve no foco das atenções do famtour realizado pelo Visit Britain Brasil. Diogo Racanicchi, da Flytour Viagens, de São Paulo, ressaltou a importância de feiras focadas em negócios para o planejamento de vendas. “Em agosto e setembro já temos que apresentar as novidades para 2020, pois é época de vender o novo ano. Saio daqui com parte dessa tarefa realizada”, disse. Priscila Moraes, gerente-sênior de Conteúdo Travel Trade do Visit Britain Brasil, disse que este é o evento de relacionamento mais importante com as operadoras. “Reunimos representantes das principais empresas do Brasil para apresentar o que temos de melhor. E queremos que a experiência seja perfeita”, destacou. ESTREIAS EM 2019 Entre as novidades apresentadas durante o Explore GB, Carol Dray, diretora comercial do Visit England; e Gareth Roberts, gerente de Plane-

jamento, destacaram o programa de treinamento para agentes de viagens, Taking England to the World, que oferece um pacote de ferramentas para entender o mercado da Inglaterra, ajudar no desenvolvimento de produtos e ampliar o contato com os órgãos regionais. O download é gratuito e pode ser feito em www. visitbritain.org/england-export-toolkit-order-form. A Escócia também apresentou seus destaques. O país está em alta com as séries famosas que têm suas paisagens em primeiro plano. Tatiane Souza, da New It, comemorou ter encontrado fornecedores no Reino Unido operando roteiros inspirados na série Outlander. “Os filmes e séries criam tendências e precisamos atendê-las rapidamente”, observou. O roteiro do uísque ganha novas atrações. Em Edimburgo, a Holyrood Destillery inaugura uma destilaria que também será um centro de experiência sensorial; Glasgow estreia a Clutha Distillery e Speyside recebe a Macallan, uma das destilarias mais renomadas do país. Os gins também estão em alta: 70% da bebida produzida no Reino Unido é produzida na Escócia, motivo que levou à criação do roteiro do gin pelo interior escocês, produto que será lançado ainda neste ano. Quem começa a se engajar mais no propósito de mostrar suas atrações é o País de Gales que anuncia 2019 como o “Ano da Descoberta”. Com mais de 600 castelos, a arquitetura dos prédios históricos é um destaque, mas a capital Cardiff orgulha-se também das inovações arquitetônicas. Rob Lewis Jones, do Visit Wales, disse que independentemente de onde você vá, vai estar perto de um castelo. Esportes e gastronomia também estão no foco.


A série Game of Thrones colocou os olhares do mundo sobre a Irlanda do Norte, onde estão algumas das principais locações. Segundo Aoife Fee, diretor do Tourism Northern Ireland, os 200 quilômetros da Causeway Coastal Route, entre Belfast e Derry, são oportunidades de conhecer essas locações. O país apresentou ainda o Titanic Belfast, a maior experiência do mundo em visitantes do icônico navio, inaugurada em 2012. NOVA PLATAFORMA O Visit Britain apresentou em primeira mão uma nova plataforma de relacionamento que promete mudar o perfil das relações com o mercado – o Tourism Exchange Great Britain (TXGB). Em entrevista exclusiva ao Brasilturis, Patrícia Yates, diretora de Estratégia e Comunicações do Visit Britain, disse que o TXGB é uma plataforma digital de negócios para empresas que conecta fornecedores de turismo locais com distribuidores em todo o mundo. “De hospedagem às atrações, de transporte às experiências, o TXGB é

As rodadas de negócios, tinham duração de cinco minutos cada

um ponto de convergência para que os fornecedores gerenciem a disponibilidade, os preços e as reservas - e para que os distribuidores aproveitem uma enorme variedade de produtos”, disse. A expectativa é que, até março de 2020, o portal tenha mais de cinco mil fornecedores cadastrados e mais de 150 mil produtos. Patrícia acredita que a plataforma pode ajudar a

Grupo de operadores brasileiros em visita às obras do Castelo de Nottingham que será reaberto em 2020

evitar o overtourism ao apresentar novas opções que vão impulsionar o turismo – e a economia – em outros lugares. Os operadores brasileiros receberam a notícia com certa cautela. Eles entenderam que a plataforma pode reduzir o papel das operadoras dentro do modelo de negócios que existe hoje, mas preferem ver a ferramenta em operação para se posicionar.

O Visit Britain encara o TXGB como uma inovação capaz de gerar muitas oportunidades. Tanto para o mercado, quanto para o consumidor final, que terá novos roteiros, destinos e experiências ao seu alcance. Brasilturis viajou a convite do Visit Britain Brasil, com proteção Affinity e dados móveis Flexiroam Brasil.


FEIRAS E EVENTOS

ILTM Latin America destaca o luxo da simplicidade Edição deste ano registrou crescimento de 14% na comparação com o ano passado POR CAMILA LUCCHESI FOTOS ANA AZEVEDO

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e hiperconectados a completamente desligados. A edição 2019 da ILTM Latin America, maior encontro de líderes da indústria de alto padrão da região, apostou todas as suas fichas no “Back to Life”. Voltar à vida tem a ver com o conceito de “menos é mais” e parece ser a chave para o exigente viajante de luxo, já que toda a cadeia parece abraçar a ideia. Mais do que um discurso unânime, entretanto, as redes hoteleiras que atuam nesse segmento aproveitaram o encontro para mostrar o que fazem na prática para levar seus clientes a outro patamar dentro do universo das viagens. Volta às raízes, simplicidade, experiência pessoal, sustentabilidade e autenticidade foram as palavras mais ouvidas na Bienal do Ibirapuera, prédio icônico da capital paulista que sediou a feira, entre os dias 14 e 17 de maio. A organização impecável permitiu que 400 marcas de turismo de luxo de 65 destinos estivessem frente a frente com 400 compradores qualificados e previamente 37 Brasilturis

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selecionados pelo potencial de geração de negócios. Segundo Simon Mayle, diretor da ILTM Latin America, o número de reuniões entre as duas pontas da cadeia chegou a 16 mil. CONEXÃO NATURAL A cerimônia de abertura, realizada no Tivoli Mofahej São Paulo, introduziu os participantes aos conceitos que pautam essa nova forma de enxergar o luxo. Sem menosprezar a importância da tecnologia, o viajante de alto padrão passa a valorizar o que realmente importa: a busca de bem-estar por meio da reconexão humana e do retorno à natureza. Já faz quase duas décadas que o conceito de bem-estar começou a ganhar força comercial. Essa indústria evoluiu com o passar dos anos e hoje, segundo dados do Global Wellness Institute, vale US$ 3.7 trilhões. “O bem-estar não pode mais ser visto como uma tendência. Ele se tornou uma necessidade, algo essencial na vida moderna”, disse

Andrea Bisker, consultora de marketing de grandes marcas globais na Stylus e especialista em comportamento do consumidor. Apenas em 2017, as viagens focadas nesse segmento movimentaram US$ 34.8 bilhões na América Latina. E segundo Andrea, ainda há muita margem para crescer. “É preciso aprender com as marcas que transformaram tendência em negócio, já que os produtos estão amadurecendo para um cenário muito além das tradicionais saunas e tratamentos de beleza”, alertou. A especialista elencou quatro tendências de viagens que estão transformando o turismo de luxo: check-in/desligar; elite ativa; viajantes transcendentais; e nossa última chance. Todas têm em comum a conexão com os conceitos de bem-estar. EM ALTA A primeira tendência tem a ver com a ideia central do evento e requer momentos (ou dias) de desconexão tecnológica. É o chama-

Simon Mayle

do detox digital, exemplificado na “Check Out Suite” do Hotel Bellora, na Suíça; e no Therm Laa, spa onde o silêncio é mandatório. Já a segunda é baseada no crescimento do interesse do viajante de luxo por atividades de aventura, contanto que estejam acompanhadas de boas doses de segurança e conforto. Além dos cases globais citados por Andrea, o conceito de glampings chilenos se enquadra bem nesse conceito (fotos acima). Duas opções de campings de luxo foram apresentadas por Leonardo Ramos, representante do Turismo do Chile na ILTM Latin America: EcoCamp Patagônia, um hotel de cúpula que oferece uma forma mais exclusiva de conhecer a região; e o Alto Atacama Glamping, experiência de luxo em tendas que incluem jantar e degustação de vinhos, seguido por observação das estrelas com guia especializado em meio ao deserto. Por fim, vêm os “viajantes transcendentais” que buscam se encon-


trar em viagens que têm a ver com suas raízes; e os adeptos a explorar destinos em risco de desaparecimento. Nesse sentido, o mesmo movimento que leva os turistas a explorar lugares que podem não existir daqui a alguns anos gera neles um senso de responsabilidade em relação à preservação. “Sustentabilidade e turismo devem andar de mãos dadas”, alertou Andrea.. Mayle estende o cuidado não apenas aos viajantes, mas a todos os que atuam na indústria “A mensagem é clara. Temos de assumir nossa responsabilidade em educar a cadeia de produção e consumo para termos um futuro realmente sustentável”, comentou. Defensora do tema há anos, a Brazilian Luxury Travel Association (BLTA) voltou à feira deste ano com uma participação mais do que especial. A associação encomendou um imenso – e brasileiríssimo - mural inspirado na natureza nacional ao artista Fernando Garroux, o Garu. Batizado de “Biomes Graffiti Brazil”, o painel de 9,7 m x 3,3 m traduz em cores vivas a nossa diversidade e chamou a atenção logo na entrada do evento. E, para provar que sustentabilidade rima com continuidade, o grafitti foi doado a uma escola municipal no bairro do Ipiranga, onde seguirá inspirando as futuras gerações. EM UNÍSSONO A maioria das redes hoteleiras aproveitou o encontro para reforçar as ações nesse sentido, que há tempos pautam seus empreendimentos. E, também, para anunciar suas próximas aberturas na região. A começar pelo Hyatt, grupo que apresentou estudo autoral provando que a maioria das viagens de luxo de seus clientes está ficada em três termos: sentimento, energia e propósito. Em termos de novidades, o grupo hoteleiro reforçou a oferta da unidade paulistana – inaugurada no fim do ano passado – e destacou o Hyatt Privé, novo serviço que oferece consultoria personalizada para criar 150 experiências exclusivas em 35 destinos. Louise Bang, vice-presidente global de vendas da Marriott destacou a reformulação do programa de fidelidade Bonvoy. Agora, os viajantes podem trocar pontos por experiências exclusivas que vão além da reserva de cama em cada propriedade. “É preciso construir lealdade emocional, por isso nos

posicionamos como uma plataforma de viagens e não um espaço de recompensas”, frisou. A Accor Hotels reforçou as novidades no programa ALL (Accor Live Limitless), destacou o slogan “The French Way”, que passa a acompanhar a marca Sofitel e anunciou a aguardada abertura do Fairmont Copacabana, no Rio de Janeiro, que estreia a bandeira na América Latina. A rede Mandarin Oriental informou outra espera que chega ao fim: a reabertura da unidade Hyde Park London. A rede anunciou outras aberturas e reforçou o cuidado com o serviço, um dos itens que fazem sua fama lendária entre os habitués. Depois de anunciar os jatos privados, a rede Four Seasons segue investindo em exclusividade além dos limites. Seguindo o mesmo conceito que permeou a ILTM, o grupo acaba de lançar a campanha “take your time”, uma coleção de experiências sem comparação. As atividades foram criadas por cada uma das propriedades, para manter a autenticidade, e tem duração de até um dia. As novidades também entraram na pauta da Leading Hotels of the World. Mais do que divulgar a chegada de 30 novos hotéis – o selo conta hoje com mais de 400 unidades em 80 países, sendo 95% deles de administração independente – a diretora de marketing Sheila Muller destacou a atuação dos concierges para criar experiências exclusivas aos hóspedes. Simone Mariote, vice-presidente de vendas globais para América Latina da Preferred Hotels & Resorts anunciou a entrada de 23 hotéis ao portfólio, sendo que 15 já estão em operação. “Alguns deles faziam parte de grandes redes hoteleiras e se tornaram independentes para entrarem no grupo. Isso prova como estamos nos tornando cada vez mais relevantes no mercado de luxo”, finalizou.

Participantes posam para foto no painel e aproveitam massagem no lounge ILTM

ABERTURAS HYATT

Hyatt Centric San Salvador, Andaz Palm Springs e o Park Hyatt Kyoto (2019); Park Hyatt Los Angeles, Park Hyatt Niseko, Park Hyatt Los Cabos, Grand Hyatt Cayman, Park Hyatt Mexico City e Andaz Turks & Caicos (2021)

MARRIOTT

Bulgari Shanghai, JW Marriott Maldives, W Costa Rica, W Dubai The Palms, W Aspen, W Ibiza, Hôtel de Beni Paris, Solaz Los Cabos, Matilde Palace Budapest, Times Square Edition e The West Hollywood Edition

ACCOR

Fairmont Los Angeles, Fairmont Rio de Janeiro, Sofitel Cartagena, Pullman São Conrado, M Gallery Buenos Aires, Raffles Dubai, Raffles Londres e Raffles Boston

MANDARIN ORIENTAL

Hyde Park London (reabertura), Santiago (2019) e Viña del Mar (próximos anos), Dubai, Doha, Lago di Como e Beijing

FOUR SEASONS

Boston, Filadélfia, Los Cabos, Madri, Bangkok e Madri

ILTM LATIN AMERICA 2020

COBERTURA COMPLETA

A versão latino-americana integra o portfólio da International Luxury Travel Market (ILTM), junto com um cronograma de feiras voltadas ao mercado de viagens de alto padrão nas Américas, na Europa, na África e na Ásia. O próximo encontro por aqui acontece de 5 a 8 de maio de 2020, no mesmo Pavilhão da Bienal do Ibirapuera, na capital paulista. www.iltmlatinamerica.com www.brasilturis.com.br | Brasilturis 38


CLIQUES ILTM LATIN AMERICA

Andrea Bisker (Stylus)

Bernardo Cardoso (Turismo de Portugal) e João Corte-Real (Tivoli Mofahej)

Gefferson Alves e Robspierre Valcaccio (Vogal Luxury Beach Hotel & Spa)

Chris Reed (Equinox Hotel)

Gisele Torrano e Marcelo Salomão (Haven Riviera Cancun)

Lorena Lustenberger (Burgenstock Hotels)

Bianca Pizzolito, Claudia Delfino, Thais Del Ben, Lais Lima, Rodrigo Ribeiro e Virgínia Marques (Reed Travel Exhibitions)

Irene Giorgio e Nica Mastrodinardi (Puglia Promozione)

Michael Schmidt (Four Seasons Hotel São Paulo)

Simone Mariote (Preferred Hotels & Resorts)

Pedro Andrade e Simon Mayle

39 Brasilturis

Junho | 2019

Luciana Veiga (Copa Airlines)

Sergio Tamada (Reed Travel Exhitions)

Maria Alice Cavalcanti (Explora), Claudia Petry (Vips) e Kellen Masuchette (Premiere Marco Antonio Ferrer (Oceania/ Viagens e Turismo) NCL) e André Mercanti (NCL)

Thais Heringer, Estela Farina e Patricia Curvêllo Tristan Dowell, Mariana Azevedo e Robert (NCL) com Glaucia Mayr Regent Seven Seas/NCL) Martinez (Hyatt)

Laurence Aquilina (Turismo de Mônaco) e Gisele Abrahão (GVA)

Lia Delmonte e Patricia Zanotti (Ponta dos Ganchos)

Michael Nagy (Fairmont Merehani Parker (Tahiti Islands Copacabana) e Paulo Frias (Accor) Travel) entre Caroline Putnoki e Chloé Salvador (Atout France)

Ricardo Alves (Velle)

Coquetel de abertura no Tivoli Mofahej São Paulo

Cristina Kler (Boarding Gate), Mario Habig (Le Equipe Baha Mar - Andrew Girona (Rosewood), Karin Salinas Passage to India) e Wilma Narbasta (Lima Tours) (Baha Mar), Vanessa Garcia (Globalika), Chris Hemming (SLS), Cristina Diaz (Meliã Nassau Beach) e Roberto Pedrosa (Grand Hyatt)

Daniel Castanho (Ancoradouro) Daniela Shayo, João Annibale e Sheila e Renato Dassan (Travel Ace) Muller (Leading Hotels of the World)

Melissa Oliveira (Unique), Simon Mayle (ILTM), Simone Scorsato (BLTA) e Fernando Garroux (artista visual)

Malcolm Griffiths (Visit Britain)

POR ANA AZEVEDO

Juan Antonio Ruiz Morales (Turespaña), Gabriela Sánchez (Red de Cuidades Ave), Sergio Pascual (Costa del Sol Tourist Board) e Consuelo Sánchez (Turismo Madrid)

Lucilene Neves e Luciane Leite (Reed Travel Exhibitions)

Harold Torres Taufik Rahman (Mandarin Oriental) (Alila Hotels)

Valeria Henriques (ILTM), Fernanda Vilela (Attuale Travel) e Jiovana Alves (Belmond)

Fábia Raquel (Fazenda Santa Vitória)

Maia Odisharia (Visit Georgia) e Emil Nasibov (ENC Tours)

Louise Bang (Marriott)

Filipa Cardoso (Turismo de Portugal)


Conotel enfatiza tecnologia e segurança POR ANA AZEVEDO

E

ntre os dias 8 e 10 de maio, aconteceram simultaneamente a 61° edição do Congresso Nacional de Turismo (Conotel) e a Equipotel Regional, feira de negócios que reúne empresas e compradores do setor da hospitalidade. O evento, realizado no Centro de Convenções Goiânia (GO), foi realizado pela Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH Nacional), em parceria com ABIH-GO. A edição deste ano recebeu 3.248 visitantes e teve participação de 30 expositores de todo o País, representando 50 marcas nacionais e internacionais. De acordo com Thais Faccin, gerente da Equipotel, cerca de 65% do público tem poder de decisão, representando uma evolução ascendente nos últimos anos. “A gente notou que houve crescimento na qualificação do visitante. Isso se dá pelo constante trabalho em atrair proprietários e gestores de meios de hospedagens, bem como de bares e restaurantes”, explica. Ao longo de 25 horas de palestras, segurança e tecnologia foram os tópicos que ganharam mais destaque. Temas específicos como pets, público infantil e terceira idade, também foram comentados. “É muito importante que o prestador de serviços tenha uma visão regional. O Brasil conta com características distintas, níveis de desenvolvimento diferentes de negócios e de lazer e é fundamental ter essa sensibilidade de entender cada região”, declara Gustavo Binardi, diretor do portfólio da Reed Exhibitions, empresa promotora do evento. INOVAÇÕES Os painéis de discussão reforçaram a necessidade de acompanhar os avanços tecnológicos, visando melhoria do serviço e satisfação da nova geração de consumidores. “Ao longo dos anos, plataformas de reservas serão automatizadas, teremos concierge eletrônico, apartamentos high tech, comunicação on-line para serviço de quarto, acesso ao quarto autorizado por smartphones e robôs. A ideia é oferecer

agilidade e flexibilidade dentro dos hotéis”, declara Vanessa Morales, presidente da ABIH Goiás. Apesar do desgaste que setor hoteleiro sofreu por consequência das plataformas on-line de hospedagem, Manoel Linhares, presidente da ABIH Nacional, defende que a tecnologia é de grande importância também para garantir a segurança do consumidor. Prova disso é o programa de check-in por imagem, apresentado por ele e criado em parceria com o Ministério do Turismo. Com dois mil hotéis, Goiás é um destino de negócios que precisa entender a demanda de seu público para fomentar sua participação no setor turístico. “Insistimos na redução do Imposto Sobre Serviço para trazer mais eventos ao estado. Buscamos mostrar que, junto com o reforço na fiscalização, a diminuição do ISS vai gerar arrecadação ainda maior. Precisamos de eventos e estamos prontos para recebê-los”, comenta Vanessa. Waldir Miguel, presidente da rede Nacional Inn, falou sobre os investimentos dos meios de hospedagem em aplicativos, visando destaque no mercado, e ressaltou a falta de divulgação turística e de apoio do governo. “Não tem cidade que não tenha 15 empreendimentos hoteleiros à venda por questões financeiras. Temos sentido falta, nos últimos anos, do apoio da Embratur nesse compromisso de participar com os hoteleiros. A divulgação turística do Brasil como um todo ainda é pequena, só se mostra o Nordeste”, desabafa o empresário. Bob Santos, secretário nacional de Integração Interinstitucional do Ministério do Turismo, explicou a nova estrutura da pasta que, agora, conta com cinco pilares: estruturar, qualificar, promover, assegurar e inovar. “Criamos o Sistema Nacional de Segurança Turística e desenvolvemos a Secretaria de Inovação e Tecnologia. O Brasil está a alguns passos atrás e temos buscado trabalhar essa questão com o uso de dados e métricas. Vamos dar uma virada”, promete.

Bob Santos (Ministério do Turismo), Manoel Linhares (ABIH Nacional), Vanessa Morales (ABIH-GO) e Waldir Miguel (Nacional Inn)

Gustavo Binardi, diretor de portfólio da Reed Exhibitions

Café do Saber, uma das ações presentes no evento, abordou segmentações do mercado hoteleiro

Thais Faccin, gerente do Equipotel, e Manoel Linhares, presidente da ABIH Nacional

OPINIÃO DOS PARTICIPANTES Segundo pesquisa feita pela Reed Exhibitions durante a feira, 80% dos expositores saíram satisfeitos, alegando boas oportunidades de negócios. “Esta é a primeira vez que participamos da Equipotel Regional e já estamos confirmados para a edição nacional que acontece em São Paulo, em setembro. Nossa ideia é oferecer tecnologias que aumentem a venda dos hoteleiros e ficamos surpresos com o retorno. Foram 60 lides e três contratos fechados”, conta Leonardo

Silveira, da Foco Multimídia. Em relação aos visitantes, os dados revelam 79% de satisfação. “Já tinha participado da Equipotel em São Paulo, mas aqui temos uma proximidade maior com o fornecedor e mais tempo dedicado ao atendimento. A feira em Goiânia foi um facilitador, me motivou a vir pela proximidade com Brasília”, disse Rodrigo Alves, do Nobile Plaza Hotel. As sedes para os próximos anos já estão definidas. Em 2020, acontecerá em Salvador (BA) e, em 2021, a sede será Gramado (RS).


FEIRAS E EVENTOS

O que te faz diferente? MarketHub Americas da Hotelbeds reúne líderes e traz à tona temas como personalização e machine learning para o turismo POR CAMILA LUCCHESI

A

pergunta que dá título a essa reportagem foi feita por Sam Turner, diretor de vendas e distribuição da Hotelbeds, na abertura do MarketHub Americas no centro de convenções do Grand Palladium Costa Mujeres Resort & Spa, no México. Mais do que destacar a evolução da própria empresa, o evento mostrou como os líderes ali presentes poderiam ajudar a moldar o futuro das corporações. Shifting Futures (Mudando Futuros, em tradução literal) não foi um tema escolhido ao acaso. Durante dois dias, cerca de 500 executivos de todo o continente americano se reuniram para debates em torno de temas que estão desafiando a indústria do turismo. Além de destacar tendências, o evento apresentou cases de empresas que deram um passo à frente. A começar pelos anfitriões que anunciaram, em 2017, a compra da GTA e da Tourico Holidays, tornando-se líder entre os bancos de camas B2B. Após as aquisições, entretanto, o grupo baseado em Palma de Mallorca, na Espanha, teve de lidar com uma complexa integração que consumiu 12 meses. O Markethub deste ano serviu para mostrar a nova face da empresa, com 95% do processo concluído e ainda mais aberta aos negócios. A oferta atual chega a 60 mil intermediários de viagens – entre agências, operadoras e companhias aéreas – em mais de 140 mercados. O portfólio global da Hotelbeds é formado por 180 mil hotéis contratados no mundo, sendo 43 mil deles nas Américas. Turner reforça a importância de munir o agente de viagens de ferramentas para competir com os grandes players diante o ritmo constante de mudança no universo da distribuição. “Você está claro sobre o que faz o seu modelo de negócios ser diferente? Porque isso será muito relevante, especialmente em momentos difíceis”, disse, referindo-se a uma tendência de queda para o REVPar (Receita de Hospedagem por Quarto Disponível) nos Estados Unidos. A taxa, que fechou em 2,85% no ano passado, deve cair para 2,3% 41 Brasilturis

Junho | 2019

em 2019 e despencar para 1,9% em 2020. Considerando que a indústria de viagens seguirá crescendo acima da economia nos próximos anos - ainda que com uma provável desaceleração na comparação com os níveis atuais - o segredo para prosperar, na opinião da Hotelbeds, é apostar em parcerias. Uma das ferramentas do grupo é combinar a grande oferta de hotéis contratados com taxas mais atraentes, incluindo um programa de garantia de melhores tarifas. Em entrevista ao Brasilturis, Matías Elisavetsky, diretor regional de distribuição da Hotelbeds para as Américas, afirma que a estratégia pode ajudar o agente de viagens a competir diretamente com as OTAs. “Somos sete vezes maiores que nosso concorrente, o que nos dá escala, disponibilidade e possibilidade de negociação para que o agente tenha segurança e ganhe em margem, oferecendo um produto mais competitivo”, disse. Ele reforçou a aposta no Brasil, onde o grupo tem um time de 35 profissionais dedicados exclusivamente a vendas. CONVERGÊNCIA X CONFUSÃO Um painel que chamou a atenção foi “Disrupção na Rede de Viagens”, liderado por Dennis Schaal, do Skift, instituto de pesquisas e tendências voltadas a setor de turismo. O debate focou em recentes mudanças na estratégia e na atuação de diferentes players da indústria de hospitalidade e tentou separar convergência de confusão em uma realidade que tem, ao mesmo tempo, a aposta da rede Marriott no compartilhamento de propriedades residenciais e a investida do Airbnb na abertura de seu primeiro hotel em Manhattan. Tudo se converte em hospitalidade, mas quando o assunto é resultado financeiro, há muito para se pensar. Como dosar, por exemplo, a estratégia de reforçar programas de fidelidade para impulsionar as vendas diretas, sem perder a adesão da força de vendas operada por terceiros? Philippe Garnier, vice-presidente de distribuição para terceiros

Evento reuniu mais de 500 líderes no Grand Palladium Costa Mujeres

Sam Turner

da IHG, destacou a necessidade de encontrar maneiras para conciliar as reservas feitas pelos agentes de viagens com as necessidades do programa de fidelidade da rede. “Não temos nenhuma receita mágica, mas estamos pensando nisso”, disse. Leonel Reyes, diretor corporativo de vendas para a América Latina da RCD Hotels, destacou a importância do agente de viagens. “Roteiros mais complexos, com grupos numerosos ou visita a várias cidades demandam a participação desse profissional. Eles são parte importantíssima de nossos negócios, já que no segmento de luxo há uma valorização do agente, o cliente quer alguém cuidando de toda a sua experiência”, disse em entrevista à publicação. Outra questão que ganhou destaque no palco do MarketHub Americas foi a necessidade urgente de transformar dados em experiências. Nina Wittkamp, gerente sênior da consultoria empresarial norte-americana McKinsey & Company, liderou o debate que teve a participação de Cynthia Rodrigues, diretora da Interep, operadora que vende exclusivamente para agentes de viagens. “Personalização é chave para criar valor e curadoria é importante no contexto de relacionamento com as agências”, disse a brasileira.

Em resumo, o painel orienta que oferta de produtos combine simplicidade e poder de atração. Um bom exemplo é a “lista dos desejos” idealizada pelo Atlantis, resort nas Bahamas, e enviada aos hóspedes. A relação entregue aos clientes dá dicas para que eles encontrem locais imperdíveis dentro da propriedade, encorajando-os a fotografar e postar nas redes sociais. Segundo Juliana Bautista, gerente de vendas do resort, oferecer a oportunidade de fazer imagens únicas vale ouro para qualquer marca em uma era que exibe tudo pelos perfis virtuais. Simples e eficaz para aumentar a exposição das marcas e fidelizar. A venda de produtos auxiliares – como transfers e passeios – também foi mencionada como forma de aumentar a margem de lucro; assim como a aposta em sustentabilidade. “O crescimento sustentável é uma inspiração verdadeira”, resumiu Tristan Lacroix, diretorgeral do Bank of America. O painel liderado por ele mostrou casos de empresas como Grand Hyatt Baha Mar e Spirit Airlines, que acreditam na sustentabilidade como estratégia para redefinir a excelência operacional, com ações que preveem melhora nos resultados financeiros, sem deixar de levar em conta o meio, a rede de colaboradores e a comunidade onde atuam.


Matías Elisavetsky

ERA DAS MÁQUINAS Um passo à frente, o evento também ressaltou possibilidades tecnológicas futuras para a indústria do turismo. Conhecidos há alguns anos, os recursos de cloud computing vêm trazendo agilidade, flexibilidade e economia às corporações. Agora, a “machine learning” aplicada ao turismo promete colocar a atividade em outro patamar. O medo histórico de máquinas substituírem humanos é minimizado pela afirmação de Brandon West, da gigante Amazon: “Humanos são mais eficientes com o uso da tecnologia”. Ele defende que a economia de tempo com tarefas que podem ser concluídas por máquinas aumentam a assertividade e abrem novas possibilidades. De acordo com West, os próximos anos serão cada vez mais marcados por automatização, internet das coisas e interfaces por voz. “Todas as indústrias, independente do ramo, são também empresas de tecnologia”, finalizou. Não dá para brigar com o futuro. Se há alguns anos se discutia a revolução do mobile e o comércio eletrônico dava os primeiros passos, hoje as compras são feitas com um simples toque de digital e o embarque de passageiros com uso de biometria é realidade. Novos negócios já vêm surgindo para desafiar o mercado que conhecemos hoje. Sua empresa está preparada para esse futuro? Afinal, o que você está fazendo para se diferenciar? Brasilturis viajou a convite da Hotelbeds, com proteção Affinity

A COBERTURA COMPLETA

Líderes fazem o descerramento da fita do 25º Salão Paranaense

Jubileu de Prata Crescimento no número de participantes do Salão Paranaense chegou a 28%, índice que dobrou a expectativa inicial dos organizadores POR FELIPE LIMA

A

capital do Paraná recebeu, entre os dias 3 e 4 de maio, no Expo Unimed Curitiba, o 25º Salão Paranaense, marcando o Jubileu de Prata da Associação Brasileira de Agências de Viagem do Paraná (Abav-PR). O evento contou com a participação de 3.216 mil visitantes, representando um aumento de 28% se comparado com a edição de 2018. De acordo com Antonio Azevedo, presidente da Abav-PR, era difícil estabelecer uma expectativa para este ano, principalmente porque, pela primeira vez, o evento teve um dia exclusivamente dedicado e aberto ao público em geral. Mesmo assim, o profissional arriscou um aumento de 14% - metade do índice que foi realmente registrado no encontro. Para Rafael Greca, prefeito de Curitiba, trata-se de um mercado em constante expansão e que gera desenvolvimento econômico e, sobretudo, social. “O turismo tem geração de emprego e renda. No entanto, para se desenvolver, existe a necessidade de que a cidade se mostre bem cuidada”, declara o executivo, reforçando a necessidade de investimento constante nos destinos. A mesma importância ao segmento foi destacada por Geraldo Rocha, presidente da Abav Nacional. De acordo com ele, só em

2018, a receita gerada pelo turismo no País foi de R$ 17 bilhões, refletindo o contínuo investimento que os destinos fazem para fomentar a atividade. “É essencial que os agentes de viagens participem. É muito importante para a capacitação deles, já que oferecemos cursos, palestras e informações dos operadores”, ressalta Rocha. Essa aposta é realizada pelo Governo do Paraná, conforme afirma Darci Piana, vice-governador, que exemplificou algumas das ações e inciativas que estão em pauta. Uma delas é a diminuição do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), atraindo, assim, novos acordos com companhias aéreas e, consequentemente, criando novas rotas e voos, como já ocorreu em outros estados do País. Além da feira, que contou com 195 marcas e visou possibilitar o estreitamento entre os profissionais da área, a programação do 25º Salão Paranaense promoveu 20 capacitações que apresentaram tendências e novidades. O segundo Fórum Nacional de Turismo Rodoviário ofereceu debates sobre as dificuldades e apresentou as possíveis soluções a mais de 210 inscritos. Outra ação foi a 15ª Mostra das Regiões Turísticas do Paraná, espaço dedicado para apresentação de cada região do

estado, contemplando lazer, gastronomia, ecoturismo e turismo de experiência. NEGÓCIOS FECHADOS A aproximação entre os profissionais também gerou novos vínculos, além de acordos comerciais. Estima-se que cerca de R$ 1,1 milhão tenham sido movimentados durante as rodadas de negócios, promovidas pelo Sebrae-PR e pela FecomercioPR. As expectativas para o futuro também são otimistas, com 70% dos compradores afirmando que novos negócios podem ser estabelecidos durante os próximos 12 meses. “Esse é um resultado muito satisfatório porque mostra que conseguimos atingir nosso objetivo ao aproximar essas operadoras de turismo e as empresas certificadas pelo Selo Qualidade no Turismo”, afirma Patricia Albanez, consultora do Sebrae. A próxima edição ainda não tem data definida. No entanto, Azevedo declara que o evento deverá se manter entre o final de abril e o começo de maio. Quanto às expectativas futuras, o presidente da Abav-PR preferiu deixar para o ano que vem, já que, segundo ele, não se deve comparar as edições. “Cada ano é uma experiência distinta”, finaliza.


MARKETING

Ricardo Hida CEO da Promonde, formado em administração e pós-graduado em comunicação ricardo@promonde.com.br

A

palavra marketing é a soma de market (mercado) com o sufixo ing, indicativo de movimento no inglês. Marketing é, portanto, a interação da empresa com o mercado e assinala a troca constante entre a corporação e o ambiente onde ela atua. A lei da oferta e da demanda se manifesta de forma tão intensa e complexa que fica difícil, a não ser em modelo teórico, determinar limites. Imaginava-se, no passado, que a oferta era uma resposta à demanda. Tal verdade só é aplicável em economias primitivas, já que hoje muitas demandas são geradas por aspirações criadas pela oferta. Há quem diga, inclusive, que o marketing cumpre a função de criar necessidades, o que é leviano. Ele “apenas” revela desejos, ainda que inconscientes, dos consumidores. Saber entender “zeitgeist”, ou espírito do tempo, é tarefa de qualquer empreendedor e talento obrigatório de todo marketeiro. Esse profissional precisa ter, além da habilidade para gerenciar e interpretar números, a sensibilidade de entender sonhos humanos e transformá-los em bens e serviços. Nossa época pede que empresas atribuam um caráter metafísico àquilo que oferecem. O que não deixa de ser curioso em tempos de exacerbado materialismo e necessidade de posse. Tudo precisa virar experiência e despertar no cliente emoção e surpresa. Daí o interesse crescente pelas viagens e gastronomia. Há quem diga que a capacidade de perceber-se é o que 43 Brasilturis

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Um passinho para frente, outro para trás torna o humano diferente de outros animais. Prefiro acreditar que é a capacidade de abstrair e tornar o subjetivo em algo comunicável que nos torna humanos. Entender e responder as necessidades do outro, principalmente as mais sutis, é o que transforma alguns poucos em líderes. Políticos ou econômicos. Mas não é tão fácil inovar, daí a escassez de líderes de fato. O turismo, com raríssimas exceções, promove mudanças que possam ser copiadas por outros setores. Em geral, somos nós que copiamos os casos de sucesso das demais indústrias. Com exceção da hotelaria, o ritmo de transformação do segmento é bem inferior ao dos demais setores. A edição mais recente da Equipotel Regional, por exemplo, trouxe novidades tecnológicas para a indústria da hospitalidade: IoT (Internet das coisas), robótica e inteligência artificial dominaram as conversas pelos corredores. As grandes redes internacionais deixaram de lado a tradicional forma de classificação por estrelas e oferecem marcas que são mais baseadas em interesses de consumo e menos focadas em tarifas. Na distribuição, vê-se menos disposição para mudanças. Com exceção das on-line travel agencies (OTAs), poucos são os casos de empresas que dão passos largos em captação e utilização dos dados de clientes, combinados com um serviço impecável de pós-venda que utilize os mesmos recursos tecnológicos da venda. Aplicativos próprios deveriam ser oferecidos por todas as agências. E se você não sabe o porquê, está em uma encrenca. A aviação, com louváveis

exceções, parece ser o único ramo a dar passos para trás. Enquanto a ordem do dia é oferecer experiências transformadoras, voar se tornou cada vez mais estressante. Com o pretexto da segurança e da manutenção de baixas tarifas - o que parece não ser a intenção real -, companhias aéreas minimizam conforto e transformam-se em commodities. Tão necessário e delicioso quanto um grão de soja. Sou de uma época que ir até o aeroporto era, por si só, um programa divertido e voar com uma companhia estrangeira era dar início à vivência de uma cultura distinta. Hoje, os voos de quase todas as companhias são muito parecidos. Comissários foram desrespeitados e tornaram-se nada além de vendedores ambulantes e seguranças de shopping. Não quer dizer que tais profissões não sejam dignas, mas que precisam ganhar um novo significado. Raras são as vezes que não se presencia brigas nos check-ins e caras feias nas chegadas. Nossa indústria precisa entender, de forma definitiva, que: o cliente quer transformar qualquer compra em um momento de realização; ser sustentável é tratar não só o meio ambiente, mas funcionários e clientes com dignidade; ética não é negociável; investimentos cada vez maiores em tecnologia são obrigatórios; decisões precisam ser tomadas levando-se em conta a missão, a visão e valores que nasceram com uma organização. As gerações Y e Z vão acabar com marcas que ajam contrariamente a qualquer um dos itens mencionados no parágrafo acima. E, nesse caso, a demanda vai acabar com a oferta. Da sua empresa.

Primeiro jornal criado especialmente para a indústria do turismo nacional, Brasilturis é de propriedade da Editora Via LTDA, grupo de comunicação especializado em publicações segmentadas sobre turismo. Fundado por Horácio Neves, em 1981. DIRETORIA Sócia-diretora: Ana Carolina Melo CEO: Amanda Leonel amanda@editoravia.com Diretora de relações institucionais: Velma Gregório velma@editoravia.com EQUIPE DE REPORTAGEM Editora-chefe: Camila Lucchesi camila@editoravia.com Repórteres: Ana Azevedo: anaazevedo@editoravia.com Felipe Lima: felipe@editoravia.com Janize Colaço: janize@editoravia.com Leonardo Neves: leonardo@editoravia.com Arte e diagramação: Diego Siliprando arte@editoravia.com Colaboradores: Antonio Salani, Cássio Garkalns, David Leslie Benveniste, Fábio Steinberg, João Bueno, Larissa Coldibeli, Ricardo Hida e Velma Gregório. PUBLICIDADE E MARKETING Diretor de negócios: Marcos Araújo marcosaraujo@editoravia.com Gerentes comerciais: Alex Bernardes - alex@editoravia.com Vanessa Leal - vanessa@editoravia.com ADMINISTRATIVO E FINANCEIRO Gerente: Rita de Cassia Leonel financeiro@editoravia.com REPRESENTANTES BRASIL Salvador (BA): Ponto de Vista Gorgônio Loureiro (71) 3334-3277 e (71) 9972-5158 gorgonioloureiro5@gmail.com Brasília (DF): Ibis Comunicação Ivone Camargo (61) 3349-5061, (61) 9666-7755 e 98430-7755 ivone@ibiscomunicacao.com.br REPRESENTANTE EUA: Claudio Dasilva +1 (954) 647-6464 / claudio@braziltm.com Assinaturas: info@editoravia.com Av. Angélica, 321 - Cjs. 92 e 93 - Higienópolis CEP: 01227-000 São Paulo/SP - Brasil Tel.: +55 (11) 3259-2400 / 3255-4956 Os artigos assinados são de responsabilidade dos autores e não refletem, necessariamente, a opinião deste jornal.

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