SOBRECAPA PUBLICITÁRIA
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ENTREVISTA
AVIAÇÃO
CRUZEIROS
Marta Rossi reforça hora extra na programação do Festuris e destaca as novidades do evento que segue focando em segmentação
Pesquisa revela que os viajantes desejam ser informados sobre todas as etapas da jornada e cobram agilidade em processos usuais
No mês de início da temporada nacional, Clia divulga índices positivos e sinaliza oportunidades de novos destinos para os próximos anos
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3 9 A N O S | A PA I X O N A D O S P O R C O M PA R T I L H A R R$ 18,90 |
ANO 39
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Nº 830
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NOVEMBRO 2019
www.brasilturis.com.br
brasilturis
brasilturisjornal
Uma das principais festividades brasileiras entra no radar de empresas e foliões, que se preparam para curtir as festas em 2020 Pág. 16
FEIRAS E EVENTOS
DESTINOS
JPA TRAVEL MARKET muda para Fortaleza (CE) em 2020 e passa a se chamar Brazil Travel Market (BTM) Pág. 40
HOTELARIA ALAGOAS Azul Viagens finaliza ação de incentivo e apresenta oferta do estado aos agentes que mais venderam pacotes para o destino Pág. 48
CALIFÓRNIA (EUA) Diversidade geográfica que combina praia, montanha e deserto permite formatar produtos para os mais diferentes perfis Pág. 54
AXEL HOTELS Primeira e única rede hetero friendly abre unidade em Miami (EUA) e mira viajante brasileiro Pág. 46
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EDITORIAL Camila Lucchesi Editora-chefe
O
Saber ouvir
primeiro evento após três décadas de sucesso. É assim que Marta Rossi, CEO do Festuris, define a 31ª edição da feira que reúne o trade de turismo em Gramado (RS) a partir do dia 7 deste mês. O encontro, do qual participam líderes de corporações e tomadores de decisão de todo o País, foca na segmentação como estratégia para direcionar a visitação e fomentar os negócios. Além dos espaços temáticos já consolidados – como LGBT, Business e Luxury -, a organização aposta em dois novos nichos: Termalismo & Bem-Estar e Wedding. Para a edição 2019, os participantes encontrarão um total de dez espaços tematizados. Outra novidade reforçada por Marta, na entrevista que você pode conferir na página 6, é que a feira de negócios ganha uma hora a mais durante cada uma das tardes. O tempo extra para os negócios foi solicitado pelos participantes e prontamente atendido pela direção do evento. O Festuris fez a sua parte em ouvir o outro lado e atender suas demandas, ação que deve estar no centro de todos os negócios. E, em tempos mais difíceis para o mercado, é sempre bom voltar ao básico. O mundo está cheio de exemplos de iniciativas que deram certo por uma combinação de observação e ação no momento certo. Um deles é o de Juan Julià, empresário de hotelaria em Barcelona, na Espanha. Foi de tanto escutar sobre a inexistência de um hotel que acolhesse bem o viajante LGBT na cidade que ele teve a ideia de empreender nesse ramo. Apoiado em uma pesquisa de mercado que comprovava o potencial do novo negócio, no início dos anos 2000, ele abriu as portas do Axel Hotel. Não sabia, ainda, que esse seria o primeiro de muitos que viriam. Hoje a rede tem oito empreendimentos na Europa, abriu sua primeira unidade nos Estados Unidos e se prepara para outras cinco estreias – incluindo uma em Cuba – até o início de 2021. Observem que a história de Julià combina três fatores importantes: existência de demanda, pesquisa de mercado e tomada de decisão. Tem muita gente que só chega ao primeiro degrau. Enxerga a possibilidade de criar um novo negócio, mas não se mexe para viabilizá-lo. E acaba perdendo espaço para alguém que vislumbra a mesma oportunidade, mas arregaça as mangas e a transforma em realidade. Ao primeiro, resta apenas chorar pela chance desperdiçada. É bom lembrar também que nem sempre essas oportunidades aparecem com uma roupagem óbvia. Na maioria das vezes, é preciso seguir a intuição e remar contra a maré para viabilizar uma ideia. É o caso da Diversa Turismo, de Arnaldo Franken, um veterano na indústria que sempre quis aplicar seu modo peculiar de cuidar das próprias finanças aos seus negócios. Ele criou uma nova dinâmica na empresa ao dizer não à forma como os preços eram formatados. Criou sua própria regra e, hoje, comemora o sucesso da operadora que propõe transparência na negociação financeira, dando às agências de viagens a liberdade de compor os preços aos clientes. Elas podem se apropriar da rentabilidade ou concedê-la como desconto ao consumidor. Além das histórias de Marta, Julià e Franken, essa edição traz análise de pesquisas que reforçam demandas e comportamentos dos consumidores em diferentes setores e etapas da jornada. Há muitas formas de enxergar o mercado e garantir rentabilidade, mas é preciso sair da inércia. O primeiro passo está em saber ouvir. Boa leitura, bons negócios! 4
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ENTREVISTA
Festuris: um novo ciclo MARTA ROSSI CEO do Festuris Gramado
POR FELIPE LIMA
T
ransformação constante para atingir os mais distintos objetivos de seus participantes. Essa é a visão do Festuris Gramado – Feira Internacional de Turismo, que chega à 31ª edição. O evento, que acontece entre os dias 7 e 10 deste mês, reúne grandes empresas e players do Turismo em um espaço de 25 mil metros quadrados, proporcionando aproximação entre os profissionais e possíveis novos negócios, além de capacitar e informar os presentes sobre tendências e novidades. Em 2018, o encontro teve 15 mil participantes, um acréscimo de mais de 66% frente à edição de 2017, quando foram registradas 9 mil pessoas. Além disso, no ano passado, estiveram presentes 2,5 mil marcas expositoras, 65 destinos internacionais e 250 palestras e workshops. Foram mais de R$ 300 milhões em geração de negócios, segundo apontou pesquisa realizada pela Universidade de Caxias do Sul (RS). A expectativa é que esse número seja superado em 2019. Neste ano, uma das principais diferenças é a programação, que ganha uma hora extra em cada um dos dias da feira. Outro destaque é a criação de dois novos espaços: Wedding e Termalismo & Bem-Estar. Eles se unem a outros importantes segmentos, incluindo Business, Luxury, Tech e Corporativo, Sustentabilidade e Acessibilidade, LGBT, Entretenimento, Gastronomia e Viagem pela Cultura e Costumes. Em entrevista exclusiva com Marta Rossi, CEO do Festuris Gramado, é possível entender melhor quais as suas atuais expectativas e outras iniciativas que vem sendo realizadas para o contínuo aperfeiçoamento do Festuris. Confira! Quais são as novidades que os visitantes irão encontrar na 31ª edição do evento? 6
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O Festuris procura se reinventar a cada edição e sempre traz novidades ao palco. Neste ano, que consideramos muito especial por se tratar não apenas da 31ª edição, mas da primeira feira de um novo ciclo de 30 anos, nos preocupamos em trazer novidades a todas as áreas. Redesenhamos o layout da plateia no Meeting Festuris e, para a feira, trouxemos dois segmentos de mercado bem trabalhados e desenvolvidos: o espaço Termalismo e Bem-Estar e o Wedding. Também teremos novidades na área de mobilidade, pois estaremos com patinetes dentro da feira, facilitando a locomoção. Outra novidade está relacionada com experiência. Estamos oferecendo aos participantes, em todo o espaço da feira, pequenas áreas onde cada um poderá interagir com benzedeiras, participar de ritos budistas, leitura de futuro através dos búzios, aprendizado sobre como preparar chimarrão e o uso das ervas. Em cada espaço teremos uma história. Quais foram as estratégias adotadas para atrair mais visitantes? Estamos com um crescimento previsto em torno de 5%. Certamente vamos alcançar e, talvez, até ultrapassá-lo. As estratégias que adotamos se focaram na área de comercialização, com um núcleo forte e experiente no assunto. Na área de divulgação, montamos uma estrutura com sete pessoas, todos especializados em diferentes áreas dentro da Comunicação. Buscamos dar continuidade a um trabalho que temos feito sempre, que é a visitação personalizada de nossos clientes. Um dos principais diferenciais da feira é a segmentação. Por que a direção acredita que esse é um conceito que dá certo? A segmentação é um dos diferenciais do Festuris. Quando criada, ela tinha o propósito de facilitar e agilizar negócios entre compradores e vendedores. Isto é, considerando que temos duas tardes de comercialização, a ideia na época
era que quem trabalhasse com ecoturismo priorizasse seu segmento, e os destinos internacionais se relacionassem com o mercado em questão. Esse propósito inicial foi amadurecendo à medida que o mercado começou a se transformar, principalmente em função das novas tecnologias, obrigando que o agente de viagens tivesse um conhecimento profundo dos produtos que ele coloca na prateleira. A partir disso, a segmentação passou a ser essencial, pois facilita não apenas a localização dentro da feira, mas identifica os produtos relacionados à área em que o profissional é um especialista. Como é trabalhada a internacionalização da feira e quais são os principais mercados estrangeiros? Há planos de ampliação? O trabalho começa na base. Primeiro visitamos consulados que representam os países no Rio Grande do Sul e, anualmente, marcamos reuniões com embaixadas daqueles países que gostaríamos de ter como expositores. Em outro momento, visitamos representantes desses países, quando eles têm escritório no Brasil. É só então que nosso trabalho se conclui com a visitação às feiras tradicionais que participamos, como a BTL [Portugal], Fitur [Espanha], ITB [Alemanha], Fitpar [Paraguai] e FIT [Argentina], entre outras. Elas reúnem os maiores expositores e os principais destinos do mundo que buscamos trazer. Nossa intenção é ampliar a internacionalização e, para isso, estamos desenhando novas estratégias. Dentre elas, está um foco maior na América Latina e na Ásia, duas regiões estratégicas que receberão uma atenção especial para o Festuris de 2020. Quais são as expectativas da geração de negócios para este ano? Sempre estimamos um crescimento médio de 5%, o que inclui também o potencial de geração de negócios durante os dias de feira. No ano passado, superamos a mar-
ca de R$ 300 milhões em negócios gerados entre todos os expositores, conforme apontou uma pesquisa realizada pela Universidade de Caxias do Sul. Além disso, o Festuris impactou com cerca de R$ 17 milhões a economia local, incluindo gastos com hotelaria, gastronomia, comércio e outras atrações. Buscamos sempre evoluir. O Festuris atrai tomadores de decisão? Como esse perfil impacta a feira e influencia a geração de negócios? Um dos referenciais do Festuris, que engrandecem muito o evento, é que aqui se reúnem pessoas com poder de decisão, seja na área de negócios ou pela força de representação dentro das empresas. São grandes empresários e executivos que participam do evento, o que ocorre de forma limitada em muitas das outras feiras que são realizadas nos grandes centros. Como o Festuris é um evento satélite, essa seria a tendência natural. Mas por se tratar de Gramado e do trabalho profissional que implantamos no decorrer dos anos, os profissionais que decidem vêm para cá. Em duas tardes, é possível conversar com cada um deles, o que levaria dois, três ou quatro meses para se conseguir por meio de visitas e reuniões fora do ambiente da feira. Isso impacta no desenvolvimento do evento, pois traz aos participantes essa consciência de que eles poderão encontrar pessoas que decidem seus negócios. E, por se tratar de uma cidade pequena, a facilidade de encontrar essas pessoas para um bate-papo é muito grande, pois, além da feira, existem os encontros permanentes. Seja nos hotéis, no deslocamento até o evento ou na programação social. Um ambiente pequeno e favorável como Gramado facilita a possibilidade de geração de negócios.
O Festuris acontece de 7 a 10 de novembro de 2019 no Serra Park Gramado (RS). Mais informações: www.festurisgramado.com
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MARKETING
Procura-se pelo novo profissional de Turismo Ricardo Hida CEO da Promonde, formado em administração e pós-graduado em comunicação ricardo@promonde.com.br
E
ntrei no turismo na década de 1990, meio que por acaso. Como estudei em uma escola francesa, dominava o idioma e, por essa razão, entreguei meu currículo na Câmara de Comércio França-Brasil. Passaram-se dois meses e fui chamado para uma entrevista na Air France. O processo foi rápido e pouco tempo depois já
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era funcionário da companhia aérea. Até aquele momento, só tivera a experiência de passageiro e todo o universo que se apresentava era novo e altamente complexo. Lembro-me do terror que senti no primeiro dia ao ouvir meus colegas falando de GSA, consolidadoras, BSP, Iata. Não bastasse, tudo era dito usando o tal do “bravo, sierra, papa, india, alfa, tango, alfa”. Fui mandado para um curso na Varig para aprender a mexer no sistema Amadeus. Nada fácil para quem só dominava Word, Excel e Power Point e na internet discada. Em seguida, passei por estágios no
aeroporto, setor de reservas e loja que atendia passageiros até acompanhar meus colegas nas visitas às agências e aos travel managers para, só então, conseguir caminhar sozinho. De lá, recebi o convite para trabalhar na Accor e fui parar em um novo segmento, no qual minha experiência se resumia a dormir e comer em hotéis. Fui conhecer toda a operação hoteleira - da governança à cozinha- o que me permitiu até dar plantões no final de semana. A trajetória se repetiu na Atout France, mas de forma nada traumática. Contei com ensinamentos e ajuda preciosa de nomes como Fernando Bento, Adriana Cavalcanti, Mariangela Klein, Toni Sando, Tasso Gadzanis e Jean-Philippe Pérol, entre outros. E tive a sorte de ser contratado por empresas que apostavam no potencial mais do que no conhecimento técnico, que eles me deram tão logo que me mostrei apto a aprender. Agarrei cada oportunidade. Lembro-me de passar vários finais de semana lendo sobre os segmentos e fazendo pesquisas para acelerar o processo de aprendizagem. Hoje estou na posição de contratar e, com esse relato, proponho uma reflexão sobre o perfil dos atuais e futuros profissionais da nossa indústria. Preocupa-me sobremaneira o porvir, uma vez que os jovens chegam ao mercado de trabalho com sérias deficiências, sobretudo de personalidade e de comportamento. Conversando com outros empresários, noto que temos os mesmos problemas: existem vagas para serem preenchidas, mas pouquíssimos candidatos aptos. Há quem diga que se exige muito e paga-se pouco, o que, em muitos casos,
não é verdade. O primeiro são os currículos afirmando fluência em inglês, desmentidos em apenas dois minutos de entrevista no idioma. O fato é que os atuais profissionais não têm foco, nem concentração. E, por isso, são incapazes de entender o que leem ou o que ouvem, têm dificuldades para entregar trabalhos que não precisarão ser refeitos e de respeitar prazos. Não resistem à pressão, trocam de empregos com frequência e se ressentem com orientações e críticas. São incapazes de estudar ou buscar formação que os torne melhores profissionais durante os momentos de lazer. Juram ser criativos, mas entregam soluções simplórias. Clamam por ética, mas usam do expediente para trabalhos de faculdade e bate-papo com amigos, esquecendo-se que receber por horas não trabalhadas é um tipo de furto. Erram e não pedem desculpas. Afinal, são gênios incompreendidos. Para as novas gerações, planejamento é tão abstrato quanto o conceito de Deus. Tudo é fluido, sem consistência e verdade. Ganharam espaço porque acreditavam dominar a tecnologia e todo mundo percebeu a bagunça que tomou conta das organizações. O problema, para eles, é que os profissionais mais velhos foram obrigados a dominar as novidades tecnológicas para sobreviver no mercado de trabalho. Isso, somado às qualidades que já possuem - maturidade emocional, lealdade, senso de compromisso e visão de longo prazo -, os transformou em candidatos com prazo de validade estendido. O texto parece de Recursos Humanos e não de Marketing? Mas ele é Marketing puro. Fala de estratégia em serviços, que dependem de pessoas. Fala de consumidores que voltam a ter destaque. A geração X - espremida entre os baby boomers e os millennials – ocupa hoje o protagonismo que lhes foi tirado injustamente. Está claro que a maturidade voltou à moda. São eles os novos profissionais de que o Turismo precisa.
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AVIAÇÃO
Tempo rei
Pesquisa revela que viajantes desejam ser informados sobre todas as etapas da jornada e solicitam ações para agilizar processos usuais POR CAMILA LUCCHESI
O
título resume os dois principais anseios dos viajantes em relação aos serviços prestados por companhias aéreas, segundo resultados da Pesquisa Global de Passageiros de 2019, divulgados pela Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata, da sigla em inglês). Os viajantes exigem ser informados sobre todas as etapas da viagem e solicitam ações para diminuir o tempo desperdiçado em processos usuais – como imigração e alfândega. Outras solicitações incluem a adoção de tecnologia de identificação biométrica e de sistemas otimizados para rastreio de bagagens, além de acesso à rede Wi-Fi durante voos a mais de dez mil metros de altitude. O Wi-Fi é considerado um item importante para 53% dos passageiros consultados pela pesquisa. O índice é maior na África (71%), América Latina (68%) e no Oriente Médio (67%). A Iata buscou as informações junto a 10.877 viajantes de 166 países e diferentes faixas etárias. Prevaleceram os homens (60%), indivíduos entre 35 e 44 anos (26%) e cidadãos europeus (28%). A América Latina contribuiu com 8% das respostas coletadas. Na média, 75% dos passageiros se disseram satisfeitos com o setor – entre latino-americanos, o índice foi de 73%. Em termos de comportamento, a maioria dos viajantes globais (39%) prefere fazer suas reservas diretamente no site das companhias aéreas. A reserva por meio do aplicativo das empresas vem crescendo e, de acordo com o estudo, já é o método preferencial para os viajantes do norte da Ásia (24%), um dos maiores mercados do mundo. Um dado interessante em relação aos aplicativos é que 27% dos respondentes globais disseram que pagariam por uma oferta de última hora – bagagem adicional, upgrade de cabine ou acesso aos lounges, por exemplo – por meio de notificações push. O dispositivo mais utilizado para o check-in é o smartphone, com 51% da preferência dos entrevistados – o que representa 4% de aumento em relação a 2018. Na América Latina, esse índice ultrapassa a média global, chegando a 53%. Na opinião de 72% dos passageiros, os aparelhos devem ser10 Brasilturis
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vir como os principais canais de informações relacionadas à viagem – seja por SMS (39%), seja por pushes (33%). Entre as informações essenciais, os viajantes destacam o status do voo (83%) e orientações relacionadas às bagagens (45%). Mas eles também sugeriram que as companhias informem a estimativa de tempo de espera na verificação de segurança e fronteiras (45%) e na alfândega (37%). MENOS ESPERA O estudo identificou que 80% dos passageiros consideram que o tempo ideal para despacho de bagagens é de até três minutos e 74% dos respondentes sugeriram que dez minutos é o intervalo tolerável para a coleta dos itens no aeroporto de destino. Ainda nessa questão, a maioria dos viajantes (79%) indicou que a espera máxima para os processos de imigração e alfândega deveria ser de até dez minutos. Os três índices tiveram crescimento na comparação com os resultados de 2018, o que denota uma crescente preocupação do viajante em relação ao tempo. Os quiosques automatizados para procedimento de imigração (e-gates) foram bem avaliados por 72% dos entrevistados. Entre os atributos, eles destacaram a rapidez (74%), o fato de serem equipamentos de uso intuitivo (61%) e o aumento da segurança (50%) na comparação com o sistema tradicional. Para agilizar os processos, 70% dos passageiros se disseram dispostos a compartilhar informações adicionais incluindo identificadores biométricos - para eliminar eventuais transtornos na experiência de viagem. O número é ainda maior entre os viajantes de negócios, chegando a 76%. Além disso, 46% dos passageiros globais disseram que preferem a identificação biométrica ao passaporte tradicional e 30% se disporiam a utilizar um token biométrico para embarcar no avião. As mulheres se mostraram menos propensas a informar dados pessoais e preferem manter o passaporte como documento oficial. NOVAS DEMANDAS Mais da metade dos passageiros (53%) informou que provavelmente despacharia as bagagens levadas a
bordo se fosse possível rastreá-las durante todo o percurso. A questão revelou outra demanda dos viajantes aos prestadores de serviço: o transporte das malas para locais fora do aeroporto. Boa parte dos respondentes (46%) disse que contrataria essa opção, caso ela fosse oferecida. A pesquisa identificou, ainda, necessidades específicas para determinados perfis de viajantes. Passageiros com deficiências informaram que optam por fazer o check-in nos aeroportos e requerem a ajuda de um agente do aeroporto para despachar as bagagens. Entre passageiros millennials, foi identificada a preferência de pa-
gamento por aplicativos wallet. Essa geração também informou que deseja receber informações prévias sobre exigências do destino a ser visitado – como necessidade de visto e vacinas específicas, por exemplo. Entre os pontos mais críticos da jornada, os passageiros elencaram dois processos rotineiros nos aeroportos: inspeção de segurança e controle de fronteiras. A maioria dos viajantes (60%) reclama de ter de retirar itens pessoais da bagagem, enquanto 48% direcionam a queixa especificamente para a necessidade de remoção de notebooks e dispositivos eletrônicos de grande porte.
NEM TUDO É PREÇO Os viajantes foram questionados sobre os motivos que os levam a carregar malas a bordo das aeronaves. Embora um quinto dos viajantes tenha respondido que a opção tem a ver com redução e custo, a maioria das escolhas também está ligada à otimização do tempo.
POR QUE NÃO DESPACHAR?
PALAVRA DE VIAJANTE A pesquisa teve foco em processos com potencial para ajudar a melhorar a experiência de viagem, sem mencionar os níveis de serviço de companhias aéreas ou nos aeroportos. As principais sugestões dos passageiros - tanto no embarque quanto em conexões - estão relacionadas à economia de tempo por meio da adoção de sistemas mais eficientes. NO EMBARQUE:
60%
51%
46%
60%
59%
55%
Dispensar procedimento de segurança
Não ter de pegar a bagagem
Evitar procedimento de imigração
Filas mais eficientes em frente aos portões
Dispensa de ônibus para chegar à aeronave
Mais espaço no compartimento de bagagem a bordo
EM CONEXÕES:
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PUBLIEDITORIAL
Victoria Beachcomber
Royal Palm Beachcomber Luxury
Trou aux Biches Beachcomber
BEACHCOMBER RESORTS & HOTELS - ILHAS MAURÍCIO
A
s Ilhas Maurício são um belíssimo paraíso rodeado de águas de um azul estonteante, praias isoladas de areias brancas e com uma variedade de atividades e locais a serem visitados incomparáveis, sem dúvida alguma, umas das ilhas mais encantadoras do Oceano Índico. A rede Beachcomber Resorts & Hotels é pioneira em hotelaria de luxo nas ilhas Maurício e mantêm, com responsabilidade e sem danos, a natureza ao redor de suas propriedades para as futuras gerações. A rede Beachcomber possui oito modernos e elegantes resorts na ilha, dando aos casais, famílias ou grupos, a oportunidade de viverem momentos excepcionais e únicos. A beleza e o design contemporâneo dos resorts se tornam ainda melhores com o atendimento personalizado e a hospitalidade da amável equipe. Além de manter o conceito de excelência na gastronomia.
Península Le Morne - um lugar excepcional e histórico. O Dinarobin Beachcomber Golf Resort & Spa recebe os viajantes no seu luxuoso ambiente 5 estrelas. O resort dispõe de suítes e vilas privativas que combinam harmoniosamente luxo com os exuberantes jardins tropicais. O hotel também possui um dos mais belos spas de Maurício. PARADIS BEACHCOMBER GOLF RESORT & SPA 5*
A ARTE DE VIVER
O Royal Palm Beachcomber Luxury, membro da conceituada “Leading Hotels of the World”, é reconhecido pelo seu requinte, luxo discreto e excepcional serviço. DINAROBIN BEACHCOMBER GOLF RESORT & SPA 5*
VICTORIA 4* SUP BEACHCOMBER RESORT & SPA IDEAL PARA CASAIS
O Paradis Beachcomber Golf Resort & Spa está localizado entre o mar e a montanha, e não é surpresa que as atividades de lazer oferecidas pelo hotel reflitam este cenário natural. Neste excepcional resort 5 estrelas, os entusiastas de golfe poderão melhorar as suas habilidades no campo de golfe de 18 buracos. TROU AUX BICHES BEACHCOMBER GOLF RESORT & SPA 5*
Localizado ao norte da ilha, Trou aux Biches Beachcomber Golf Resort & Spa oferece uma linda praia com dois quilômetros de extensão. A decoração encantadora e as vilas aninhadas num jardim tropical, aos cuidados diários de nossos artesãos, completam este ambiente de sonho. SHANDRANI 5* BEACHCOMBER RESORT & SPA UMA ODE À SERENIDADE
LUXO E BEM-ESTAR
Estará fechado de maio a novembro de 2020 para reforma total.
ATIVIDADES CELESTIAIS NO PARADIS
A PÉROLA DO NORTE
ROYAL PALM BEACHCOMBER LUXURY 5* SUP
Spa é um oásis de tranquilidade. Localizado em uma península no sudeste da ilha, o resort é brindado com três praias com vista para um parque marinho sem igual. Uma beleza única. Oferece também a opção All Inclusive.
O Shandrani Beachcomber Resort &
Perfeitamente localizado entre a capital, Port Louis e a vila costeira de Grand Baie, o Victoria Beachcomber Resort & Spa é um hotel 4 estrelas superior, com quartos confortáveis, todos frente mar. Com a sua praia privativa, de frente para o imenso oceano, “Victoria for 2” é um refúgio exclusivo para casais. Esta parte do resort possui seu próprio bar e restaurante, e é uma janela aberta para um pôr do sol fascinante. CANONNIER BEACHCOMBER GOLF RESORT & SPA 4* HISTÓRIA E HOSPITALIDADE
Vamos em direção ao norte da ilha, um local histórico, para descobrir o Canonnier Beachcomber Golf Resort & Spa. O silêncio impera. Se você procura paz e rela xamento, este é o lugar para estar. O hotel abre-se para as outras ilhas da costa norte e está a apenas cinco quilômetros do famoso balneário de Grand Baie. Oferece piscinas e lagoas, magnificamente enquadradas por um luxuoso jardim tropical.
MAURICIA 4* BEACHCOMBER RESORT & SPA O MELHOR DA HOSPITALIDADE
O Mauricia Beachcomber Resort & Spa oferece hospitalidade e conforto. Localizado no centro de Grand Baie, o hotel tem à disposição uma diversidade de esportes náuticos e apartamentos privados perfeitamente projetados para casais ativos amantes de esportes aquáticos. Nossos três 4* também oferecem a opção All Inclusive. Em todos os Hotéis Beachcomber há muitas opções de atividades aquáticas e terrestres. Os casais podem contar com uma área exclusiva para adultos no Dinarobin Beachcomber Golf Resort & Spa – as Zen Suites e no Victoria Beachcomber Resort & SPA - o “Victoria for Two’ - um espaço moderno e charmoso com piscina privativa de frente para o mar. As Ilhas Maurício são também ideais para o tão esperado “sim”, seja na praia ou nos jardins. Os resorts Beachcomber dispõem dos mais incríveis pacotes de casamento. Os coordenadores organizam todos os detalhes da cerimônia – que pode ser a dois ou com muitos convidados. Tudo planejado sobre medida. A lua de mel também é especial e os resorts oferecem algumas experiências excepcionais na ilha. Para mais informações contate seu representante oficial no Brasil: w w w.boardinggate.com.br info@bgate.com.br
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CRUZEIROS
Números em alta e novidades à vista No mês de início da temporada brasileira de cruzeiros, associação do setor divulga índices positivos e sinaliza oportunidades para os próximos anos POR CAMILA LUCCHESI
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m meados de outubro, o braço nacional da Cruise Lines International Association (Clia) divulgou aumento de 16,1% no embarque de brasileiros em navios de cruzeiros no País e no exterior durante o primeiro semestre de 2019. O levantamento revela que 402 mil viajantes desfrutaram de roteiros em transatlânticos entre os meses de janeiro e junho, sendo que 293 mil deles (72,9%) escolheram a costa brasileira como destino. Os números estão no estudo anual realizado pela associação global, compilado que também revela informações preciosas em relação ao perfil desses viajantes e, no caso do Brasil, sinaliza uma importante retomada para o setor. Se a tendência estimada em 6% de aumento for confirmada, a temporada brasileira de 2019-2020 irá marcar o terceiro período consecutivo de crescimento para a atividade em volume de passageiros – em 2017 houve retração de 19,8% e, em 2018, incremento de 15,9%. Os brasileiros representam 64% dos cruzeiristas da América do Sul, fazendo do País o maior mercado na região, seguido por Argentina (17%) e Colômbia (7%). Em termos de destinos, a segunda região mais procurada foi o Caribe. Durante o primeiro semestre deste ano, 64 mil brasileiros percorreram itinerários pelas ilhas, número que representa 15,9% do total de cruzeiristas no período. Os cruzeiros de volta ao mundo seguem na terceira colocação desse ranking, com 15 mil viajantes (3,8%). As viagens pela África e Oriente Médio ainda representam uma par-
Marco Ferraz
PASSAGEIROS POR ROTA/DESTINO AMÉRICA DO SUL CARIBE VOLTA AO MUNDO MEDITERRÂNEO CENTRAL E OCIDENTAL MEDITERRÂNEO ORIENTAL ÁFRICA/ORIENTE MÉDIO PAÍSES BÁLTICOS NORTE DA EUROPA
2016 282.000 61.000 11.000 8.000 5.000 -
2017 208.000 62.000 8.000 8.000 4.000 2.000 2.000 -
-26% +1% -27% +3% -29% -
2018 242.000 62.000 15.000 9.000 7.000 3.000 3.000
+16% +87% +10% +79% +54% -100% -
2019 293.000 64.000 15.000 9.000 7.000 6.000 -
+21% +3% +4% -2% +92% -100%
Fonte: Cruise Lines International Association/2019
cela pequena entre os cruzeiristas brasileiros, mas que vêm atraindo mais atenções ano a ano. A opção por percorrer roteiros nessa região foi de 0,9% (2018) e chegou a 1,5% das preferências neste ano, o que exige dos agentes de viagens um olhar atento para a oferta – especialmente no caso de repetears. O número de passageiros que embarcaram nesses itinerários saltou de três mil para seis mil. ITAJAÍ ESTREIA Marco Ferraz, presidente da Clia Brasil, afirma que o Brasil tomou medidas importantes para receber navios em novos portos que, além de aumentar a capacidade e a oferta de destinos, ajuda a melhorar a experiência geral dos viajantes. Um dos exemplos mais recentes citados pelo executivo é o do porto de Itajaí (SC), que passará a ter embarques e desembarques em 20192020. Na temporada que começa em 15 de novembro deste ano, a MSC Cruzeiros incluiu o município entre seus roteiros, o que encurta o pré-embarque de paranaenses, catarinenses e gaúchos, já que eles não precisam mais incluir no paco-
te de viagem o percurso terrestre até Santos (SP), o porto mais próximo antes dessa abertura. O MSC Sinfonia percorrerá roteiros de sete noites entre a cidade paulista e Montevidéu, no Uruguai, com embarque no município catarinense e parada em Buenos Aires, na Argentina. O transatlântico também para em Itajaí antes de fazer a travessia de retorno à Europa, marcada para março de 2020. A Costa Cruzeiros anunciou que chegará às águas do município catarinense na temporada seguinte. Em 2020-2021, o Costa Luminosa virá pela primeira vez ao País para percorrer a região do rio da Prata, com embarques confirmados em Itajaí a partir de 30 de novembro de 2020, e escalas em Montevidéu e Buenos Aires. Ferraz adianta que a mesma articulação realizada para desenvolver o porto catarinense na atividade de operação de cruzeiros também acontece em outros municípios. “Os trabalhos estão intensos e as conversas vêm avançando para que tenhamos escalas em Penha (SC), Ilha do Mel (PR), Arraial do Cabo (RJ), Itaparica (BA) e Vitória (ES)”, afirma.
FORTALEZA DESPONTA O presidente da Clia Brasil também reforçou a possibilidade de fixar um porto de embarque e desembarque em Fortaleza (CE) para aproveitar a conectividade aérea oriunda do hub da Gol e Air France-KLM. “O intuito é receber turistas norte-americanos, canadenses, europeus, sul-americanos e brasileiros via modal aéreo e, a partir da capital cearense, conectá-los a roteiros turísticos de barco pela região. Um voo vindo da Europa ou dos Estados Unidos tem seis ou sete horas de duração. Por que não ir para Fortaleza e pegar um navio?”, pontua Ferraz. As negociações estão adiantadas com Arialdo Pinho, secretário de Turismo do Ceará. “Ele está totalmente aberto a várias possibilidades para viabilizar a ida de uma empresa para Fortaleza. Possíveis acordos sobre impostos e redução de custos podem favorecer a operação”, afirma o presidente da Clia, reforçando que a possibilidade é para 2022 e que ainda não há garantias. “As empresas se organizam com, pelo menos, dois anos de antecedência. Isso significa que o próximo biênio já está fechado”, finaliza.
Novo paraíso
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Royal Caribbean anunciou a estreia de uma nova ilha privativa, dessa vez, em Vanuatu, no Pacífico Sul. O Perfect Day at 14 Brasilturis
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Lelepa tem como diferencial o investimento em ações de sustentabilidade focadas na proteção ao ecossistema. A ideia, entretanto, vai além da questão ambiental. “Ela reforça nosso respeito pelas pessoas e pelas tradições que integram este lugar especial”, declara Michael Bay-
ley, CEO e presidente da armadora. De acordo com o executivo, não dá para comparar o novo produto com o Perfect Day at Cococay, que estreou nas Bahamas recentemente. “Nossos hóspedes em todo o mundo têm definições diferentes para um dia perfeito e todos eles estão certos. Nossos designers e a natureza criaram a experiência ideal no Pacífico Sul e esperamos que os resultados sejam impres-
sionantes”, complementa. De acordo com Ricardo Amaral, CEO e fundador da R11 Travel, distribuidora exclusiva da Royal Caribbean no País, a novidade vai agradar os brasileiros, principalmente aqueles que têm interesse por conhecer e aproveitar o que o destino tem a oferecer. “Eles terão mais uma oportunidade para desfrutar de momentos inesquecíveis de aventura e relaxamento”. (Felipe Lima)
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CAPA
Fervo, frevo e folia
De acordo com a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o carnaval 2019 teve crescimento de 2% na receita frente ao ano passado POR FELIPE LIMA, LEONARDO NEVES E LUCAS KINA
O
novo calendário brasileiro reservado para 2020 já chama atenção. Claro! O motivo são as pequenas férias e os escapes que poderão acontecer durante o ano. No entanto, entre as festividades, há uma que é vista com muito mais atenção do que outras: o carnaval. A folia faz parte da cultura brasileira e está enraizada no estereótipo do País. Não é à toa que, quando nos identificamos brasileiros, os estrangeiros mencionem o ritmo frenético proporcionado durante o período de festas. Neste ano, a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), já previa aumento de 2% no impacto econômico do País, chegando a uma arrecadação de R$ 6,78 bilhões com as principais atividades do ramo entre os dias 1º e 6 de março, bem como a reversão de perdas em relação às três festas passadas. Além disso, a entidade reforçou a maior demanda em mão de obra - com 23,6 mil trabalhadores temporários entre janeiro e fevereiro, 23,4% a mais do que no último carnaval. “Por trás da festa, que lota os principais destinos nacionais, há um enorme impacto no setor de serviços, o que fortalece a retomada do crescimento e a geração de emprego e renda”, observa Marcelo Antônio Álvaro, ministro de Turismo do Turismo, que ressalta a importância do mercado de viagens para a recuperação econômica. O MTur cumpriu uma agenda com gestores de algumas capitais, a fim 16 Brasilturis
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de discutir a preparação dos destinos, garantindo a segurança dos foliões e lançando a campanha voltada ao combate à exploração sexual de crianças e adolescentes que se repete em 2020. A CNC também destacou o grande impacto gerado por aqueles que são considerados os principais polos para a festividade: Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Bahia e Pernambuco. Juntos, os estados respondem por um montante de 80% da movimentação econômica do Brasil no período. Os segmentos que mais se beneficiam com as festas são o de alimentos e bebidas, transporte rodoviário e meios de hospedagens. Juntos, faturaram mais de R$ 5,5 bilhões. DESTINOS MAIS PROCURADOS De acordo com um levantamento realizado pelo metabuscador Voopter, o destino nacional mais procurado para a folia de 2018 foi São Paulo (SP), seguido por Rio de Janeiro (RJ) e Recife (PE). O quadro não muda muito quando comparamos com as buscas deste ano; os dois primeiros colocados permanecem os mesmos e Salvador (BA) toma a posição de Recife no pódio. Já em âmbito internacional, em 2018, Lisboa, em Portugal, foi campeã de busca, se mostrando uma opção de destino para aqueles que querem aproveitar os dias de folga e se divertir longe da folia brasileira. Santiago, no Chile; Miami e Nova York, nos Estados Unidos; e Buenos
Aires, na Argentina aparecem logo em seguida. O quadro não sofre muitas modificações neste ano, com exceção de Nova York, que sai de cena e dá espaço para Porto, no norte de Portugal. CENÁRIO OTIMISTA? Não são apenas os brasileiros que se sentem atraídos pelo carnaval. A expectativa é que a isenção do visto para turistas dos Estados Unidos, Canadá, Japão e Austrália gere ainda mais fomento na visitação do País durante as festas que ocorrem em todo o Brasil. Desde o anúncio oficial, realizado em 18 de março deste ano, já é notório um aumento na busca de destinos brasileiros por parte desses mercados. Segundo um estudo divulgado em maio pela Amadeus, houve o crescimento de 31% a 76% nas pesquisas para turismo no país. Já o número de reservas teve uma alta que variou de 53% a 158% em destinos nacionais realizadas por turistas desses quatros países. A iniciativa visa auxiliar no plano de ação de alcançar a marca de 12 milhões SEGMENTOS BENEFICIADOS EM 2019
Alimentos e bebidas R$ 4,1 bilhões Transporte rodoviário R$ 859,3 milhões Meios de hospedagem R$ 774,3 milhões
MAIS BUSCADOS 2018
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São Paulo
São Paulo
Rio de Janeiro
Rio de Janeiro
Recife
Salvador
Salvador
Recife
Fortaleza
Fortaleza
de estrangeiros por ano até 2022, representando um crescimento de mais de 50% sobre os atuais 6,6 milhões de turistas que o Brasil recebe. Uma análise desenvolvida pelo MTur e divulgada recentemente mostra que, no período de junho a agosto, o Brasil recebeu 25% mais turistas norte-americanos, canadenses e australianos; apenas o Japão demonstra queda de 16%. Mesmo assim, o resultado econômico cresceu 43,4% em julho, um salto de US$ 417 milhões para US$ 598 milhões. “Essa é uma abertura estratégica, que tem forte potencial de contribuir para a geração de divisas, emprego e renda”, celebrou o ministro. Para ajudar o agente de viagens a intensificar as vendas a três meses do início do calendário do carnaval, a equipe do Brasilturis listou destinos que se destacam no período. Confira os resultados deste ano e as ações programadas para a festa que começa oficialmente em 21 de fevereiro de 2020.
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CAPA BELO HORIZONTE (MG)
Fotos: Alexandre Guzanshe
Um dos destinos de carnaval que mais crescem no Brasil é Belo Horizonte. A capital vem, cada vez mais, se consolidado como uma das principais opções para os foliões. De acordo com dados da Empresa Municipal de Turismo de Belo Horizonte (Belotur), entre 2013 e 2018, o evento cresceu 660% em número de participantes e 500% em quantidade de blocos. Só a edição de 2018 reuniu 3,8 milhões de participantes e uma oferta de 421 blocos, posicionando a folia local como a quarta mais frequentada do País, movimentando R$ 641 milhões e contando com 173 mil turistas. Em 2019, mais sucesso. Durante os 23 dias de período oficial das festas, as ruas de Belo Horizonte receberam cerca de 4,3 milhões de foliões. Foram 410 blocos que fizeram 447 cortejos.
Bloco Baianas Ozadas
Bloco Então Brilha
De 1º a 6 de março de 2019, estima-se que o público foi de 4,1 milhões, sendo 80,1% moradores locais e 19,9% visitantes, o que representa 204 mil turistas, uma alta de 18% em relação a 2018. A maioria dos visitantes veio do interior de Minas Gerais, seguido pelos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo e do Distrito Federal. Além disso, os visitantes participaram, em média, de quatro dias do carnaval com um gasto médio diário, per capita, de R$ 179,58, totalizando gasto médio de R$ 718,32 ao longo do evento. A taxa média da ocupação hoteleira de Belo Horizonte foi de 66,82%, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH-MG), aumento de 9,2% em relação a 2018 e com pico de 86,8% de ocupação no dia 3 de março. Já comparando a diária média em 2019 (R$ 226,06), o aumento foi de 26,1% em relação ao ano anterior (R$179,27). A maioria dos turistas se hospedou em casas de amigos e parentes (69,5%), seguido por hotéis (18,6%) e casas alugadas (4,2%).
O carnaval da capital catarinense deste ano foi positivo, tanto no fluxo de público quanto na movimentação econômica, conforme afirma Vinicius de Luca Filho, superintendente de Turismo da Prefeitura de Florianópolis. De acordo com ele, o orgulho vem da passarela de samba e do centro da cidade, na Arena Central, com ação realizada em parceria com a Ambev. “Com esse apoio, a prefeitura pôde oferecer uma infraestrutura de 80 blocos, que saíram cerca de 130 vezes. A movimentação econômica foi extraordinária, ressaltando que, mesmo aqueles que não curtem a folia de Momo, vão participar, com muita força e ênfase no carnaval da capital nesse período”, declara. Em 2019, o sucesso se mostrou equiparado àquele registrado em 2018. O superintendente afirma que é difícil estimar o número de visitantes exclusivos para as festividades, já que há quem só vai para curtir as opções de lazer e conhecer o destino, mas declara se tratar de uma das épocas mais 18 Brasilturis
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Divulgação: Santur/Markito
FLORIANÓPOLIS (SC)
Centro Histórico - Berbigão do Boca
altas de ocupação, beirando a 1 milhão de pessoas. “Sabemos que nossos principais mercados são os próprios catarinenses, os gaúchos, os paulista e paranaenses. Já no internacional, se destacam uruguaios, argentinos, chilenos e paraguaios. Vale
ressaltar que, mesmo não se posicionando em um dos principais emissores, o número de mineiros vem crescendo ano após ano”, detalha. A cidade catarinense conta com 300 meios de hospedagens, entre hotéis, resorts e pousadas, entre
outros. “Em termos formais, temos 31 mil leitos, aproximadamente, e mais de 100 mil a 150 mil leitos para locação, levando em consideração a hospedagem compartilhada. Caso seja necessário, também há opções a 15 quilômetros do centro”, finaliza o profissional.
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CAPA
SALVADOR (BA) Sediando uma das festas de carnaval mais consolidadas do País, Salvador recebeu cerca de 800 mil turistas durante a festividade. De acordo com a estimativa da Secretaria do Turismo do Estado (Setur), a movimentação econômica neste período é de R$ 2,5 bilhões. “A geração de receita beneficia diversos
Os blocos de Salvador atraíram 800 mil turistas
segmentos ligados ao turismo e vai da rede hoteleira, com altos índices de ocupação, ao setor de transportes, alimentação e entretenimento”, explica Fausto Franco, secretário de Turismo do estado. O tráfego aéreo é um dos principais indicativos do bom desempenho conquistado pela capital
Destino que nem sempre teve o carnaval como fator econômico de destaque, São Paulo conseguiu ir além do sambódromo e do tradicional desfile da sexta-feira. Com pouco mais de 12 milhões de habitantes, a cidade enxergou a chance de se aproveitar do período carnavalesco e utilizar atrativos para ter a atenção dos turistas. Além de setores importantes para isso - como gastronomia variada, compras, bares e cultura -, a capital paulista muniu-se do que mais fez sucesso em outras praças: os blocos de rua. Com movimentação total de 14 milhões de pessoas em 2019, o impacto econômico do feriado foi expressivo para São Paulo. “O carnaval paulistano cresceu muito nos últimos anos e hoje é um dos maiores promotores do turismo, com efeito nacional e internacional. Nesta edição, o impacto econômico da festa foi de R$ 2,3 bilhões, só na capital. Além disso, o gasto dos turistas também subiu mais de 10%, assim como o tempo de permanência em São Paulo, de quatro para 20 Brasilturis
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Foto Paduardo
SÃO PAULO (SP)
durante o carnaval. Durante o primeiro trimestre de 2019, 2,2 milhões de passageiros viajaram por meio do Salvador Bahia Airport, que contou com 178 voos extras. Destes, 136.706 chegaram ou partiram de/para o exterior, representando um alavancamento de 29,1% em relação ao mes-
mo período do ano passado. Além disso, os portos também auxiliaram no fomento de turistas para a região. Só no dia 4 de março, foram recebido mais de nove mil cruzeiristas que atracaram no Terminal Marítimo de Passageiros do Porto de Salvador. Os viajantes foram recepcionados com música, oficina de amarração de turbantes e receptivo de baianas. “É muito importante receber esses turistas aqui na segunda-feira de carnaval. Temos uma ação muito bacana de receptivo para eles se ambientarem com o clima da Bahia, com esse axé, recebendo o carinho do povo baiano. E eles já podem pegar o abadá aqui no próprio Porto e seguir para avenida”, declarou Franco. Um estudo realizado pela Setur aponta que os visitantes têm idade média de 35 anos e que 52,7% desse público é masculino. Além disso, a análise registra uma renda média de R$ 6.449 per capita e gasto médio de R$ 3.537 por pessoa. Outro dado relevante é o tempo de permanência de cada um dos turistas, que gira em torno de seis dias. Os meios de hospedagens mais utilizados são hotéis, conforme declara 40,4% dos entrevistados, seguido por casa de parentes e amigos, que responde por 32,1% do total.
Vinicius Lummertz, secretário estadual de Turismo
seis dias”, explicou Vinicius Lummertz, secretário estadual de Turismo. Da quantia citada pelo executivo, R$ 2,1 bilhões vieram dos blocos de rua, segundo a Secretaria Municipal de Turismo. Ainda de acordo com o órgão público, os R$ 220 milhões que compõem o montante total são oriundos da arrecadação com o sambódromo. O que, então, os turistas devem continuar esperando do carnaval paulistano? Ao que tudo indica, a es-
Em pesquisa realizada pelo Observatório de Turismo, é possível também enBloco Agrada Gregos tender o porquê de dar continuidade à atividade. No que diz respeito à faixa etária do frequentratégia com ‘bloquinhos’ continuará a dominar as ruas da Terra da Garoa. tador dos blocos de rua, por exemplo, Com a antecipação das inscrições reparou-se que a maior parte dos fopara o Carnaval de 2020, 865 blocos liões tem entre 18 e 24 anos (31,6%). de rua se inscreveram, o que signi- Em seguida, estão aqueles com idade fica 166 grupos a mais que no ano entre 30 e 39 anos (27,5%) e os paranterior, de acordo com a Secretaria ticipantes com faixa etária que varia Municipal de Cultura. Já a quantida- de 25 a 29 anos (26,7%). Outra parde de desfiles cadastrados chegou te importante da engrenagem que a 960, superando os 550 de 2019. As compõe o carnaval de rua é o próprio inscrições foram realizadas ao longo paulista. Os moradores do estado de setembro por meio de canal direto representam 94,1% das pessoas presentes nas ruas da capital. com a Prefeitura de São Paulo.
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Foto: Fernando Maia
CAPA RIO DE JANEIRO (RJ) rem optado por ficar em hotéis da cidade e 69,1% terem ido ao Rio de Janeiro de avião, mostrando o potencial de movimentação turística gerado pelo carnaval na capital fluminense. Marcelo Alves, presidente do Riotur, reforça que a cidade tem uma excelente herança hoteleira, legado dos Jogos Olímpicos de 2016, e, hoje, conta com 46 mil unidades habitacionais (UHs), de acordo com um balanço realizado para o carnaval deste ano. “Em 2019, destacamos a maior proteção dos canteiros para evitar que a vegetação litorânea fosse danificada e a mudança dos blocos com mais de 250 mil pessoas, os chamados de megablocos, para a região central. Além disso, houve um cuidado operacional para evitar a realização de blocos em horários concomitantes, para mitigar os efeitos do deslocamento do público no fluxo da cidade”, destacou. Alves adiantou ainda que, para 2020, será mantida a operação fixa no centro para os megablocos, com limite de apenas um bloco desfilando por dia na Av. Presidente Antônio Carlos, exclusivamente no horário da manhã, das 7h às 12h. O
Megabloco
destaque é o show da cantora Claudia Leitte, com a expectativa de atrair mais de 250 mil espectadores. Outra novidade fica por conta do Sambódromo, que contará com novos telões de LED nas arquibancadas para transmitir os desfiles ao vivo e em alta definição. “A expectativa é superar o número de turistas, já que o Carnaval do Rio é um dos maiores eventos a céu aberto do mundo. A Riotur trabalha sempre para melhorar a experiência do turista que visita a cidade e também a do carioca. Uma operação bem planejada e em
Fotos: Paloma Amorim
O carnaval do Rio de Janeiro é um dos mais tradicionais e famosos do Brasil. Não é para menos. A Cidade Maravilhosa levou sete milhões de pessoas paras suas ruas, entre moradores da cidade e turistas, de acordo com a Empresa de Turismo do Município do Rio de Janeiro (Riotur). Ao todo, a folia carioca atraiu 1,6 milhão de visitantes que movimentaram R$ 3,7 bilhões na economia da cidade. Segundo dados levantados pela Riotur, com base nos espectadores que acompanharam os desfiles das Escolas de Samba do Grupo Especial no Sambódromo do Rio, 62,9% do público era formado por pessoas de fora do estado, sendo 12,1% composto de estrangeiros. Na movimentação internacional, Argentina (20,3%), Estados Unidos (13,6%) e França (11,9%) foram as nações que lideraram a presença dos estrangeiros durante os desfiles. Entre os emissores nacionais, São Paulo (32,4%), Rio Grande do Sul (11,5%) e Paraná (10,4%) foram os estados líderes de movimentação. Um dos grandes destaques foi o fato de 52,2% dos visitantes te-
Marcelo Alves (Riotur)
conjunto com todas as esferas ajuda a melhorar a dinâmica da cidade e a promover um carnaval mais inclusivo”, conclui.
CARNAVAL NAS ALTURAS
RECIFE (PE) Recife tem no carnaval uma importante fonte de apreço. Com programação que vai de 22 de fevereiro a 25 de março em 2020, a cidade também aposta na tradicional festa de rua, que se espalha com shows, agremiações, dança e diversos gêneros da cultura musical pernambucana. Neste caso, é possível acompanhar maracatu, frevo, coco, samba, ritmos africanos e até clássicos da MPB. Em suma, a variedade de atrações vem acompanhada da participação financeira que o carnaval tem na economia recifense ao longo dos anos. Só no período festivo deste ano, a capital pernambucana arrecadou R$ 1,6 bilhão, valor que inclui, também, a região metropolita22 Brasilturis
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Galo da Madrugada
na, segundo a Secretaria de Turismo de Pernambuco (Setur-PE). Foram registrados 372.828 mil turistas, com gasto médio de R$ 282,20, em uma estada média de 4,6 dias. O número de visitantes inclui quem pernoitou e também os viajantes que não permaneceram na cidade. Para receber a demanda, até o carnaval de 2019, eram 16.393 mil leitos na cidade, ocupados quase que totalmente no período da festa. Sendo assim, a média de ocupação hoteleira foi de 98,3%, crescendo 6% em relação a 2018. Dentre os destaques, Recife recebeu mais visitantes nas regiões da parte antiga da capital, na Praça do Arsenal, Lagoa do Araçá e em Boa Viagem, de acordo com a Setur-PE.
As operações das principais companhias aéreas do Brasil - Azul, Gol e Latam - também são destaques durante o período de folia. No último carnaval, a oferta somada entre as três empresas chegou a 723 operações extras, que representaram mais de 100 mil assentos adicionais entre 27 de fevereiro e 11 de março de 2019. Dentre os destinos contemplados pelos voos extras estavam: Porto Seguro (BA), Rio de Janeiro (RJ), Foz do Iguaçu (PR), Vitória (ES), Florianópolis (SC), Fortaleza (CE), Recife (PE), São Paulo (SP), Campinas (SP), Natal (RN), Salvador (BA), Maceió (AL), Brasília (DF) e Belo Horizonte (MG), com saídas dos principais hubs das companhias nos terminais paulistas, no Nordeste e no Distrito Federal. Apesar do incremento quase certo para acomodar a leva de turistas durante o carnaval de 2020, nenhuma das companhias confirmou ainda o cronograma de operações extras para o período carnavalesco. A empresa aérea paraguaia Paranair, entretanto, se antecipou e anunciou uma nova rota que conectará Assunção ao Rio de Janeiro. Serão dois voos semanais com início em 2 de dezembro deste ano e término após o carnaval de 2020.
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DIREITO
Arrependimento da compra de viagens João Bueno Advogado especialista em associações e consultor jurídico para empresas de turismo e hotelaria. joao.bn@bnkm.com.br
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maioria dos consumidores acredita que o fato de grande parte dos estabelecimentos comerciais ter o hábito de trocar o produto adquirido ou até cancelar a compra - devolvendo o valor correspondente, pelo simples fato de o cliente não ter gostado do produto,
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depois de ter realizado a compra - se deve a algum regramento jurídico. De fato, o Código de Defesa do Consumidor (CDC) traz previsão para as situações em que existe o interesse em cancelar a compra, mas o que muitos não sabem é que essa regra se aplica apenas às situações em que a compra foi realizada fora da loja física, notadamente pelo telefone ou pela internet, nas conhecidas compras online. O CDC traz, no artigo 49, a seguinte previsão: “O consumidor pode desistir do contrato, no prazo de 7 (sete) dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviço, sempre que a contratação de fornecimento de produtos e serviços ocorrer fora do estabeleci-
mento comercial, especialmente por telefone ou em domicílio”. Vale lembrar que essa mesma atitude, quando adotada pelas lojas físicas, se dá por mera liberalidade dos comerciantes e não por alguma previsão legal impositiva. Em boa parte, essa iniciativa dos estabelecimentos se consolidou, também, por força do aprimoramento das relações de consumo, propiciada pelo regramento consumerista de modo geral. Mas, e no caso da compra de produtos turísticos - como pacotes, hospedagens e até passagens aéreas -, essa regra também é aplicável? Esse é um questionamento realizado de forma constante por parte de consumidores/clientes e que merece alguns apontamentos. O ordenamento jurídico se aplica sobre todas as relações de consumo, não se diferenciando por segmentos do mercado, desde que as condições expressas no texto legal sejam obedecidas – ou seja, que a compra tenha ocorrido fora do estabelecimento, via telefone ou em domicilio; e também por ambiente virtual. Dessa maneira e partindo dessa premissa, podemos afirmar que os produtos turísticos, quando adquiridos em ambiente virtual, também se submetem a este regramento. Entretanto, a análise não é tão simplista quanto parece. Vejamos isoladamente o caso das passagens aéreas: é sabido que as companhias determinam as chamadas “regras tarifárias”, criando várias categorias, incluindo as tarifas promocionais que, muitas vezes, não oferecem a possibilidade de mudança, cancelamento ou direito ao reembolso. No momento da compra, o consumidor recebe as informações alusivas a estas condições e, no caso de optar pela tarifa mais barata, ele aceita que ela não permite nenhuma flexibilidade, no caso de um desejo posterior de
cancelar ou alterar seu voo. A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) traz em seus regulamentos algumas regras para resolver episódios que envolvam estas questões. Uma das situações reguladas e previstas pela Anac estabelece que as empresas devam oferecer passagens aéreas que permitam, em caso de necessidade de reembolso, o percentual de 95% de devolução do valor pago. Indo ao encontro do texto da legislação consumerista, a associação também traz a resolução de que o passageiro poderá desistir da compra da passagem até 24 horas depois do recebimento do comprovante da passagem, sem ônus, desde que a compra ocorra com antecedência superior a sete dias em relação à data do embarque. Assim, no caso de a compra ser realizada com prazo inferior a sete dias, prevalecem as regras tarifárias apresentadas no momento da compra. É imperioso destacar que existe uma forte corrente no sentido de que a compra de passagens aéreas realizada na loja de uma companhia aérea não é diferente daquela realizada no ambiente virtual, daí a obediência às regras tarifárias em detrimento à legislação consumerista. De qualquer maneira, nas situações em que existe o prazo de sete dias, a legislação consumerista pode ser aplicada - corroborada pela regra da Anac - neste quesito. Quanto às hospedagens e reservas hoteleiras, o entendimento segue o ditame da lei do consumidor. Ou seja, se a reserva ou a compra se deu em ambiente virtual ou via telefone, você pode desistir, invocando o direito ao arrependimento e o artigo 49 do Código de Defesa do Consumidor. Existem julgados neste sentido, dispondo sobre o direito ao cancelamento e à devolução do valor pago, desde que seja obedecido o prazo e a forma de compra ou reserva do hotel. Acompanhando este entendimento, o que ocorre se pensarmos na situação de compra de um pacote de viagem, composto por passagem aérea, hospedagem e outros serviços agregados? Podemos depreender que, se os prazos e forma de aquisição previstos na legislação forem obedecidos, o consumidor poderá exercer seu direito ao arrependimento da compra e ter o valor pago devidamente restituído.
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SEGURADORAS
Médico virtual Empresas de assistência e seguradoras apostam em tecnologia e introduzem serviços de teleatendimento para os viajantes no exterior POR LEONARDO NEVES
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tecnologia está cada vez mais avançada. Nos dias de hoje, os usuários buscam por acesso imediato a serviços e informações, principalmente por meio dos smartphones. Além de troca de mensagens instantâneas, os dispositivos inteligentes são mapas e, em algumas situações, guias de viagem para milhares de turistas em todo o mundo. Já não saem mais das mãos das pessoas, sejam elas viajantes de lazer ou de negócios. Esse comportamento vem levando as empresas de assistência e seguradoras que oferecem cobertura para viagens a uma transição nos serviços, adotando práticas mais tecnológicas para atender aos viajantes. As opções incluem acionamento prévio de sinistro via mensagens instantâneas, solicitação de reembolso por meio do envio de imagens de notas fiscais ou recibos de medicamentos adquiridos até a telemedicina, que propõe consultas médicas à distância para casos de baixo risco. Com o serviço, os viajantes podem conversar com um médico que irá avaliar os sintomas e prescreve a receita virtual para compra de medicamentos que é aceita em diversos países da Europa e da América do Norte. O especialista orienta sobre uma eventual necessidade de tratamento e informa se é o caso de buscar imediatamente pelo atendimento hospitalar. Tudo isso é feito por videochamada.
QUEM OFERECE Até o momento, Allianz Travel, Assist Card, Seleto - parceria entre grupo Flytour e Omint -, Travel Ace e Vital Card oferecem o serviço ou anunciaram sua chegada para breve, após a conclusão de testes de funcionalidade. A opção é oferecida por meio do aplicativo de cada marca - que pode ser baixado para smartphones com sistemas Android ou IOS - ou no portal on-line oficial de cada empresa – com acesso via computador e notebook. O conceito é simples e oferece economia de tempo ao evitar o deslocamento, muitas vezes desnecessário, até um ponto de atendimento 26 Brasilturis
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ou o tempo de espera para a chegada de um médico. Mas ainda existe um complicador: o uso requer que o cliente disponha de uma conexão estável com a internet - seja pelo Wi-Fi do hotel ou com a contratação de um serviço particular no exterior. Nenhuma das empresas inclui os dados móveis para navegação ou reembolsa essa categoria de consumo. Rafael Turra, diretor operacional e de Produtos da Vital Card, destacou que a empresa realizou cinco meses de testes com viajantes internacionais, antes do lançamento oficial do serviço de telemedicina. A experiência mostrou que mais da metade dos casos em que o sinistro foi acionado estavam relacionados a indisposições simples, como náuseas e dores de garganta. “Não justifica a espera em filas”, afirma. O executivo reforçou a facilidade que o serviço traz para áreas mais distantes – contanto que haja disponibilidade de internet. “Se o viajante estiver em uma ilha da Tailândia, onde não há pronto-atendimento próximo, ele pode se conectar à internet e ser atendido pelo serviço de videochamada”, diz. Ele informa, ainda, que a teleconsulta pode ser feita por ligação telefônica. Outra empresa que aposta nessa tecnologia é a Travel Ace, que realizou o lançamento oficial do serviço durante a Abav Expo 2019, no fim de setembro. De acordo com Renato Dassan, gerente comercial regional em São Paulo, a novidade oferece mais comodidade aos viajantes e
Rafael Turra (Vital Card)
Se o viajante estiver em uma ilha da Tailândia, onde não há pronto-atendimento próximo, ele pode se conectar à internet e ser atendido pelo serviço de videochamada
segue uma tendência tecnológica que deve ser cada vez mais explorada. “Hoje temos diversas formas de atender um passageiro em casos de emergência, sendo que uma delas é aconselhar que ele vá a um hospital credenciado. Contudo, muitas vezes, ele chega para tratar uma simples dor de garganta e, com isso, perde boa parte do dia e dos passeios ou reuniões previstas”, pontua. A Assist Card oferece o serviço desde 2017, incluindo a opção de consultas de baixa complexidade com clínicos e pediatras via teleconferência em qualquer parte do mundo, por meio de chamadas em inglês ou espanhol via aplicativo próprio. O Telemed permite atendimento 24 horas em qualquer dia, com acesso por meio de qualquer dispositivo conectado à internet e sem a necessidade de falar com a central telefônica. Segundo Alexandre Camargo, gerente da Assist Card no Brasil, o aplicativo da empresa conta com cerca de 720 mil downloads, com quase 20 mil assistências abertas por meio da plataforma móvel, sendo os Estados Unidos, Irlanda e Canadá, os destinos com as maiores incidências de acionamento. “Com o nosso app, o viajante pode solicitar assistência médica de forma rápida, em apenas três etapas, pode ter uma consulta por videoconferência com um médico falando em português, pode solicitar reembolsos, relatar a perda de bagagem e visualizar as informações de seu serviço”, destacou o executivo, exaltando ainda demais soluções complementares que ajudam os viajantes. “Acreditamos que investimentos em tecnologia são fundamentais para melhorar a experiência do usuário e melhorar esta experiência vai além da necessidade médica. Quem nunca se deparou com um monumento no meio de um passeio e se perguntou: que obra é esta? Para situações assim, lançamos o Loop, um aplicativo que permite ao turista apontar o celular para um ponto turístico e receber informações atualizadas daquele local em seu idioma natal”, afirmou. A Allianz Travel, empresa que
Renato Dassan (Travel Ace)
Hoje temos diversas formas de atender um passageiro em casos de emergência, sendo que uma delas é aconselhar que ele vá a um hospital credenciado. Contudo, muitas vezes, ele chega para tratar uma simples dor de garganta e, com isso, perde boa parte do dia e dos passeios ou reuniões previstas já oferecia o serviço na França, firmou parceria com a Air France. Assim, desde o início de outubro, os clientes com bilhetes da companhia aérea que tenham contratado o produto de assistência ou multirrisco da seguradora podem realizar duas teleconsultas gratuitas. “É importante desenvolver diferentes serviços em linha com as inovações tecnológicas e novas tendências dos consumidores. Neste sentido, a teleconsulta é uma solução inovadora em termos de cuidados médicos à distância”, apontou Noël Ghanimé, CEO da Allianz Partners na França. Patrick Alexandre, vice-presidente comercial, de Vendas e Alianças da Air France-KLM reforça a segurança e o valor da ferramenta para os viajantes. “Graças à telemedicina, os passageiros podem viajar com tranquilidade, sabendo que têm acesso 24 horas à expertise de um médico e podem obter uma prescrição médica de maneira rápida”, defende. Os avanços tecnológicos no serviço do seguro viagem não param por aí. Diferentes empresas afirmam buscar, nessas soluções, os diferenciais para se destacar no mercado e conquistar a venda por meio dos agentes de viagens. Claudia Brito, diretora comercial da April Brasil Seguro Viagem, acredita que o avanço de novas tecnologias
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SEGURADORAS vai ao encontro das novas demandas dos viajantes. Apesar de não oferecer o serviço de telemedicina, a empresa destaca o April Móvel, aplicativo que permite ao viajante ter acesso completo aos dados da apólice e acionar a central da empresa, com atendimento multicanal 24 horas, por e-mail, WhatsApp, SMS e telefone. Para Claudia, inovar é necessário para não perder espaço em um mercado cada vez mais competitivo. “É importante estar
alinhado com as novas tecnologias e soluções para melhor atender aos clientes, que passaram a ser mais exigentes com os serviços que contratam e buscam por produtos cada vez mais personalizados. E a tecnologia anda de mãos dadas com este tema”, afirmou. As vantagens dos avanços tecnológicos para o seguro viagem são inegáveis, trazendo facilidades para os viajantes que não precisam interromper o curso de uma viagem. São benéficas também para
É importante estar alinhado com as novas tecnologias e soluções para melhor atender aos clientes, que passaram a ser mais exigentes com os serviços que contratam e buscam por produtos cada vez mais personalizados. E a tecnologia anda de mãos dadas com este tema o agente de viagens que ganha mais tranquilidade ao ofertar a proteção e tem uma preocupação a menos para administrar junto ao cliente. A tendência é que cada vez mais
Claudia Brito (April Brasil Seguro Viagem)
empresas adotem serviços à distância, a fim de evitar que os viajantes percam tempo em filas de hospitais e deixem de aproveitar a viagem. Um ponto, contudo, é unânime entre todas as empresas de assistência e seguradoras: a telemedicina não pode substituir o atendimento presencial. A ferramenta deve servir apenas para os casos de menor urgência, conforme avaliação do médico.
Alexandre Camargo (Assist Card)
Acreditamos que investimentos em tecnologia são fundamentais para melhorar a experiência do usuário e melhorar esta experiência vai além da necessidade médica APENAS PARA FORA Atualmente, o sistema de telemedicina ofertado pelas empresas de seguro viagem é oferecido exclusivamente para viagens ao exterior. No Brasil, o Conselho Regional de Medicina (CRM) revogou, em fevereiro deste ano, a resolução 2.227/18, que regulamentava os atendimentos médicos on-line em todo o Brasil. As principais razões apontadas pelo Conselho foram a falta de consenso entre os profissionais da saúde e o clamor de diferentes entidades médicas que pediram mais tempo para analisar o documento e enviar sugestões de alterações. O debate sobre atendimento e emissão de receitas médicas à distância em território nacional ficou para o futuro e só deve voltar à pauta do CRM em 2020, quando os membros devem elaborar um novo marco regulatório para a prática. 28 Brasilturis
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ANÁLISE
Em busca de equilíbrio Pesquisa aponta que viajantes globais são ávidos por novas tecnologias, mas não abrem mão do atendimento humano POR CAMILA LUCCHESI
O
resultado de uma pesquisa realizada pela Travelport em agosto deste ano com 23 mil pessoas em 20 países – incluindo Brasil, Argentina e México - é uma injeção de ânimo para os profissionais que atuam na linha de frente das vendas em turismo. As respostas dos viajantes globais mostram que eles priorizam, sim, a adoção de novas tecnologias quando o assunto é reservar um bilhete aéreo. Mas também exigem que as empresas apostem em atendimento humanizado. A versão 2019 da Pesquisa do Viajante Digital mostra que há uma crescente demanda entre os turistas para encontrar o melhor valor por meio de tecnologias mais inteligentes – e também um crescimento entre as opções de personalização pautadas pelo atendimento profissional. Quase a metade (42%) dos entrevistados de todos os perfis geracionais disse ficar frustrada com a falta de interação humana durante um processo de venda, especialmente quando têm uma pergunta ou problema. A maioria dos respondentes da geração Z (57%) também afirmou que costuma recorrer à ajuda dos agentes de viagens para aconselhamento nos processos de reserva. Considerando apenas as respostas de viajantes brasileiros, esse número é ainda maior, chegando a 86% de pessoas que afirmam buscar ajuda profissional. Uma das razões pode estar no próprio estudo, já que viajantes de todos os perfis geracionais afirmaram ficar aborrecidos com o tempo gasto para encontrar os melhores preços sem auxílio. O sentimento foi relatado por 71% da geração Z, 57% da geração X, 52% dos millennials e 48% dos baby boomers brasileiros. Outra questão levantada pela pesquisa é a falta de transparência quando se trata de personalização. Nesse quesito, 52% dos entrevistados pelo mundo disse não entender o que foi incluído como padrão em suas tarifas, índice 12% maior do que o obtido em 2018. Em termos globais, essa demanda por uma combinação entre novas tecnologias e atendimento 32 Brasilturis
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humano revela uma inversão de prioridades quando o assunto é preço versus valor. A tendência aparece em todas as faixas etárias, mas é liderada pelos baby boomers, com 91% dos respondentes afirmando sua predileção pelo valor. Na média entre todos os perfis geracionais, apenas 18% dos entrevistados disseram colocar o custo como prioridade.
CONFIANÇA É QUESTÃO Os principais resultados da pesquisa mostram que, apesar da simplificação que a adoção de tecnologias traz para a vida cotidiana, confiança ainda é uma questão preocupante entre os consumidores. Metade dos viajantes que informou preferência em fazer suas reservas pela web confessou que se aborrece por não saber quais avaliações publicadas on-line são genuínas, o que os leva a ter dúvidas sobre a credibilidade das empresas. O resultado de 2019 nesse quesito é 6% maior do que o registrado em 2018, o que denota que os viajantes estão cada vez mais atentos à reputação das companhias. Divididos por geração, esse índice de desconfiança chega a 70% (Z), 61% (millennials), 60% (X) e 56% (baby boomers). Por outro lado, ter uma boa experiência digital é determinante para que 71% dos respondentes sigam realizando os procedimentos sem auxílio profissional. O índice é 3% superior ao registrado no ano passado. “Os viajantes também são consumidores e desejam uma experiência com fornecedores e agentes de viagens tão simples e envolvente quanto a oferecida pelos melhores varejistas”, comenta Luis Carlos Vargas, diretor regional da Travelport para a América Latina. Em termos de adesão às facilidades tecnológicas, 60% dos respondentes das gerações Z e millennial disseram reservar suas viagens pelo smartphone. Metade dos viajantes, independentemente da faixa etária, afirma que salva todos os documentos de viagem em nuvem, e 48% deles reforça a utilidade da realidade aumentada para planejar suas viagens.
O uso de assistente de voz em viagens foi citado por 23% dos viajantes da geração Z e por 22% dos millennials, enquanto apenas 12% e 6% das gerações X e baby boomer, respectivamente, relata utilizar a ferramenta. As solicitações mais comuns são informações meteorológicas e atualizações de tráfego ao vivo. Considerando apenas os brasileiros, 77% querem ter a possibilidade de acessar sua reserva pelo celular a qualquer momento, índice bem acima da média global que ficou em 45%.
Luis Carlos Vargas, diretor regional da Travelport para a América Latina
Já em relação à experiência de uso de sistemas biométricos para check-in e embarque, as gerações mais velhas saíram na frente. Cerca de 40% dos respondentes das gerações X e baby boomer relacionaram a ideia a conforto, enquanto os resultados entre os viajantes mais jovens chegaram a 32% (millennials) e 20% (geração Z).
ÍNDICE DA DESCONFIANÇA
75%
50%
50%
dos viajantes que informaram preferir fazer reservas pela web confessaram que não sabem quais avaliações publicadas on-line são genuínas, criando dúvidas em relação à credibilidade das empresas. O resultado é 6% maior que o registrado em 2018.
25%
0%
AUXÍLIO HUMANO
75%
42%
50%
dos entrevistados de todas as gerações disseram ficar frustrados com a falta de interação humana durante o processo de venda. Eles reclamam, principalmente, do tempo gasto para encontrar os melhores preços sem auxílio.
ADERÊNCIA TECNOLÓGICA
25%
0%
A
48% dos entrevistados reforçam a utilidade da realidade aumentada para planejar suas viagens. Os consultados também destacaram as tecnologias de assistente de voz (gráfico A) e o uso de sistemas biométricos para check-in e embarque (gráfico B) como aliados antes e durante os roteiros.
0%
Geração X 1965 a 1980
10% 15%
20%
25%
B
0% Baby boomers 1946 a 1964
5%
10%
Millennials 1980 a 1996
20%
30%
40%
Geração Z A partir de 1997
Fontes: Pesquisa do viajante digital/Travelport 2019 e Pew Research Center (perfis geracionais).
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AGÊNCIA E OPERADORAS
Sem comissão Arnaldo Franken conta como a Diversa Operadora propõe transparência na negociação financeira e liberdade na composição de preços POR VELMA GREGÓRIO
E
le é o chefe do caixa. O dono do cofre, como diz. E, como bom gestor de dinheiro, quer pagar menos pelo que adquire. Por isso, Arnaldo Franken desde sempre compra tudo à vista. Em dezembro, completará 34 anos da abertura de sua primeira agência de viagens, a AD Viagens e Turismo. Já passando dos 70 anos, ele é um visionário que põe em prática suas ideias, segundo quem trabalha por perto, e dono de um grupo de empresas de Turismo que há cerca de um ano está dentro do guarda-chuva da marca Arbo. Essa estratégia de pagar à vista para evitar o custo financeiro das operações, segundo ele, sempre esteve em suas empresas. E ele tinha a ideia fixa de compartilhar os benefícios dessa escolha pessoal com o mercado. A lógica, que parece simples e natural, está mexendo com o jeito que o mercado do turismo trabalha há muito tempo. Da inquietude desse empreendedor, há menos de dois anos, nasceu a Diversa, uma operadora que propõe transparência na negociação financeira e liberdade na composição de preços às agencias de viagens.
nada mais é que a taxa do cartão, algo em torno de 3,5%. Nós preferimos ser transparentes com o cliente e dizer: Meu preço de venda é X. Se comprar com cartão em dez pagamentos, você vai ter um acréscimo de cerca de 9%. Agora, se comprar em cinco parcelas, o acréscimo é de 5%. Se ele pagar em cheque, eu tiro ainda o custo administrativo do cartão. Hoje, no mercado tradicional, se ele pagar em três, cinco ou dez vezes, o preço é o mesmo.
Brasilturis Jornal - Como surgiu a ideia da Diversa? Arnaldo Franken - Bem antes de abrir a Diversa, nos meus tempos da outra operadora [referindo-se à MMT Gapnet, da qual desligou-se como sócio em 2015], eu sempre comentei que gostaria de ter um sistema de cobrança transparente. Mas eu era voto vencido, porque o mercado sempre trabalhou do mesmo jeito. Então, na Diversa, eu pude fazer aquilo que acho mais correto. Discutindo com James (Giacomini) e com a Adriana (Fredericce), eles concordaram que tínhamos de ter alguma coisa diferente.
O que a Diversa propõe ao cliente que prefere pagar parcelado? AF - Eu mesmo financio meu cliente. É melhor financiá-lo do que deixar o dinheiro no banco. Eu já fazia isso lá atrás, quando abri a AD Viagens e Turismo. Na Diversa, pude fazer o que penso ser o mais correto. Sempre combati a ideia de que uma operadora seja agência ao mesmo tempo, sob a mesma marca. Você pode ser dono dos dois negócios, mas cada negócio deve ter sua própria marca.
E qual é a diferença? AF - É um modelo transparente de negócios. Hoje, o mercado marcapeia o valor neto dos produtos, já considerando que as vendas serão feitas em dez pagamentos. E ele cobra tanto o custo da operação do cartão de crédito quanto o custo financeiro do parcelamento. Se as agências forem pagar à vista, recebem um desconto que 34 Brasilturis
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Como isso muda a lógica do mercado? AF - A agência de viagens tem um pouco mais de trabalho e precisa fazer mais contas. Hoje, não existe nenhuma aplicação que pague 3,5%. Então é mais vantagem para o cliente pagar à vista, do que incluir o acréscimo de 9% no pacote dele. É mais barato sacar de um investimento e pagar à vista. Parcelar em dez vezes é uma questão de cultura; na Europa e nos Estados Unidos o mercado não pensa assim. Paga-se tudo mais barato sem o custo financeiro. Hoje, a operação de turismo dá um grande lucro financeiro e não estamos aqui para isso. Eu sou operador de turismo, não sou banco.
Sempre combati a ideia de que uma operadora seja agência ao mesmo tempo. Você pode ser dono dos dois negócios, mas cada um deve ter sua própria marca Arnaldo Franken
Arnaldo Franken (sócio-fundador), Priscila Fabri (gerente de Marketing) e James Giacomini (diretor de Vendas)
Como avalia o desempenho desse negócio? James Giacomini - Da melhor maneira possível. Muitas agências entenderam o modelo e estão adorando. Os que não gostam ou é porque ou não entenderam ou porque ainda não experimentaram. Vocês alcançaram as metas? AF - Odeio metas. A gente faz o melhor possível o tempo todo. Vamos atingir o break even no tempo previsto, na metade de 2020. Quais são os investimentos prioritários? AF - A estrutura tem de estar adequada ao break even. Hoje, a gente investe muito na equipe, trouxemos profissionais seniores. Em pouco mais de um ano de existência, todas as pessoas na operação fizeram mais de uma viagem internacional. Além disso, já promovemos 11 viagens educacionais no Programa Novos Olhares. Levamos cerca de 160 agências para conhecer fornecedores de todo o mundo. Esse modelo de negócios criou uma nova forma de fidelizar o cliente? JG – Sim, porque a venda é puro relacionamento. Se o cliente entende o modelo, compreende os argumentos nos vários níveis de pagamento, percebe que é uma liberdade. O agente de viagens pode se apropriar dessa rentabilidade ou transformá-la em benefício para o consumidor final. Por isso, a Diversa aboliu a palavra comissionamento. Transferimos essa decisão para o agente de viagens. Saímos do modo “quem dá mais” com o exercício didático de fazer as contas. É um atendimento sob medida e a qualidade com a qual a gente opera tem muito peso. O que nos diferencia é o fator humano. O time da Diversa, que hoje tem 30 pessoas, é impecável. AF - O mercado tem que entender que os nossos produtos do dia a dia são commodities. Qualquer um pode comprar o que quiser. A diferença está na confiabilidade e na maneira que você entrega. Mas
A Diversa aboliu a palavra comissionamento, transferimos a decisão para o agente de viagens. Ele pode se apropriar da rentabilidade ou transformá-la em benefício para o consumidor James Giacomini
o hotel que eu compro é o mesmo que os concorrentes compram. Esse modelo é replicável? JG - É muito simples replicar. Usamos uma planilha para ajudar a fazer os cálculos que entregamos às agências de viagens. Nossa intenção não é ser uma empresa gigante; queremos crescer dentro de um limite no qual a qualidade de atendimento possa ser mantida. Então, é saudável que o mercado também possa absorver esse modelo. É um trabalho didático, todos os dias. Houve algum benchmarking global? AF - Não. Foi experiência e maturidade mesmo. Mas estamos muito mais perto do mercado global que do brasileiro. E fomos reconhecidos pelos fornecedores, o que me dá muito orgulho. A Diversa é uma empresa novinha e o apoio que estamos tendo é incalculável. Temos conseguido condições equiparadas às das empresas com dez, 20 anos no mercado. Temos crédito no mundo todo. Eu tinha um pouco de receio de como a empresa seria recebida pelos fornecedores – brokers, DMCs, locadoras de veículos e pelos escritórios de turismo. Mas fomos muito bem recebidos. Todo o Programa Novos Olhares, por exemplo, foi montado em parceria com escritórios de turismo. Tanto que, em 2020, o programa vai continuar. E quais são os próximos passos? AF - A Diversa, a partir de 2021, será uma força de empresa. Vai ser poderosa. Não vai ser grande, mas vai ser forte.
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AGÊNCIA E OPERADORAS
Compradores naturais
De olho no perfil do viajante brasileiro, grupo Via Outlets chega ao Brasil para promover centros de compras em 11 destinos europeus POR CAMILA LUCCHESI
Q
uem pensa que é só nos Estados Unidos que os viajantes incluem o verbo “comprar” entre as experiências obrigatórias precisa rever seus conceitos. Os outlets no Velho Mundo também descortinam barganhas de cobiçadas marcas para os turistas. De olho no perfil de consumo dos brasileiros, o grupo Via Outlets anunciou, com exclusividade para o Brasilturis Jornal, que está chegando ao País, por meio de representação da Boarding Gate de Christina Kler. A companhia, fundada em 2014 para adquirir, desenvolver e gerenciar centros de compras na Europa, hoje, conta com 11 outlets em nove países – Alemanha, Espanha, Holanda, Noruega, Polônia, Portugal, República Tcheca, Suécia e Suíça. No ano passado, os 30 milhões de visitantes deixaram por lá um total de 1,07 bilhão de euros. Em Portugal, por exemplo, cerca de 20% do volume de negócios provêm de turistas. Lisa Dinh, diretora de Turismo da Via Outlets, explicou que o grupo não prevê aumento no número de centros, mas trabalha no ajuste da oferta disponível. “Queremos atrair marcas de moda premium, de alta qualidade, que reforcem nosso posicionamento como referência no mercado”, diz. O portfólio já conta com nomes de peso – como Armani, Michael Kors, Adi-
das, Lacoste e Coach, entre outras. “Os brasileiros também apreciam a boa experiência gastronômica, então estamos trabalhando continuamente na oferta de restaurantes”, pontua. A marca foi apresentada oficialmente ao mercado global em abril deste ano, durante o encontro do Conselho Mundial de Viagens e Turismo (WTTC, da sigla em inglês) que aconteceu na cidade espanhola de Sevilha. O objetivo agora, segundo a diretora, é promover o grupo e seus pontos de venda nos principais mercados globais - China, Sudeste Asiático, Oriente Médio e, claro, Brasil. “Os brasileiros são compradores naturais e estão investindo cada vez mais no turismo de compras, tornando a atividade expressiva nos mercados que escolhem”, afirma. Um dos centros mais procurados pelos viajantes nacionais, segundo ela, é o Freeport Lisboa Fashion Outlet. “Ele tem sido particularmente atraente para os brasileiros por conta das marcas, nova área de gastronomia, arquitetura com forte sabor local e oferta de serviços premium, como a sala VIP e o local para o reembolso de impostos a turistas”, diz. Lisa reforça, entretanto, que os brasileiros também são figuras carimbadas no Vila do Conde Porto e nos centros de compra do grupo em Praga, Amsterdã, Oslo e Sevilha.
Os diferenciais dos centros de compras, segundo Lisa, se focam no atendimento cuidadoso e exclusivo. “Ter as melhores marcas com preços extremamente competitivos não é suficiente para nós. Queremos proporcionar uma experiência única para o cliente, por exemplo, com a criação de um welcome desk com área para check-in, chapelaria e VIP Lounge. Também vamos oferecer serviços personalizados para nossos hóspedes”, enumera. Outra característica que salta aos olhos é a preocupação com a cultura de cada região onde o grupo opera. Transformar os centros de compras em espaços para divulgar as tradições locais está entre os planos da companhia, que já iniciou esse trabalho no outlet de Lisboa, onde as tradições e a gastronomia portuguesa ganham destaque. A executiva destacou que está na estratégia do grupo formatar famtours com agentes de viagens do País para consolidar os negócios tanto aos turistas quanto aos departamentos de grupos e Mice. “Em setembro, recebemos um grupo de incentivo com 1,5 mil brasileiros no Fashion Arena Prague Outlet. Esperamos consolidar os três segmentos em Portugal, Espanha, Holanda e República Tcheca, que são nossos principais destinos. E, com uma promoção mais ativa, por que não pensar em promover os centros de Gotemburgo
Lisa Dinh, diretora de Turismo da Via Outlets
ou Wroclaw?”, questiona. Outras frentes são a participação em feiras realizadas em território nacional – Lisa cita especificamente Abav Expo e ILTM Latin America – e a parceria com o trade local. “Precisamos nos envolver com as operadoras para garantir que os viajantes tenham tempo em seus roteiros para fazer compras. Não oferecemos pacotes formatados, mas nos adaptamos aos requisitos de cada empresa, dependendo do tempo que os clientes dispõem”, diz, reforçando que será lançada uma campanha on-line para atingir também o mercado B2C. Além dos descontos concedidos durante o ano todo – que vão de 30% a 70% - a diretora de Turismo afirma que cidadãos brasileiros têm direito a um abatimento extra de 10%. “Optamos por investir no mercado brasileiro e estamos considerando esse projeto de desenvolvimento como uma parceria de longo prazo. Estamos aqui para ficar”, finaliza. Mais informações: Boarding Gate - Christina Kler christina@bgate.com.br
Azul investe em venda cruzada
João Gabriel Ribeiro e Daniel Bicudo
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o início de outubro, Daniel Bicudo ganhou novas responsabilidades dentro da Azul. O executivo, que já respondia pelo programa Tudo Azul há 18 meses, 36 Brasilturis
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passa agora a dirigir também a operadora do grupo. Nada mais natural do que unir a expertise em fidelização do cliente – adquirida também em outras empresas – para trazer benefícios a todas as unidades de negócios. Em entrevista exclusiva, o executivo enfatizou que uma de suas principais estratégias é fortalecer a marca por meio da criação de uma plataforma que irá unir a base de clientes do programa de fidelidade com ofertas dos parceiros e fornecedores. “Esse protótipo de venda cruzada será testado nas próximas semanas com um grupo de clientes que reservou pas-
sagem para Porto Alegre. Eles vão receber ofertas de atividades na Serra Gaúcha para incrementar a viagem”, adianta o executivo. A ideia, segundo define João Gabriel Ribeiro, gerente de Marketing e CRM, não é monetizar com as indicações, mas fidelizar pela experiência. “Estamos criando esse protótipo para estruturar a jornada de ponta a ponta, a partir da decisão do destino. A plataforma servirá não apenas para empacotar produtos, mas para dar recomendações de hotéis, restaurantes e passeios de acordo com o perfil de cada cliente. Seja um casal planejando a lua de mel ou uma
família curtindo as férias escolares”, complementa o gerente. O principal desafio, segundo Bicudo, é desempacotar os produtos e entender as particularidades de cada comprador. “Se eu tenho um portfólio, vou te ajudar a montar o melhor produto. Acontece que isso é diferente se o viajante é de Goiânia, Salvador ou Canela. Muitas vezes, o cliente não procura por um destino específico, mas por uma experiência. Vamos visitar os mercados e o CRM, que será compartilhado com as 2,8 mil agências parceiras, vai nos ajudar a mapear essas preferências”, finaliza o diretor. (Camila Lucchesi)
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TURISMO SEM CENSURA Fabio Steinberg Jornalista e administrador, trabalhou como executivo e consultor de comunicação em grandes empresas como IBM, Rede Globo e AT&T. Edita o site Turismo Sem Censura (www.turismosemcensura.com.br) e é autor de três livros. fabio@steinberg.com.br
Thomas Cook: um grito de alerta
S
em aviso prévio, no dia 23 de setembro, o grupo inglês Thomas Cook fechou as portas para sempre. Não se trata de uma empresa qualquer, mas de um ícone na indústria global de Turismo. Uma das mais tradicionais e antigas operadoras do mundo faliu após 178 anos de atuação. Por meio dela, viajaram inacreditáveis 19 milhões de passageiros por ano. A empresa deixou órfãos 21 mil empregados por todo o planeta - nove mil deles na Inglaterra. A morte súbita da Thomas Cook foi dramática. Basta dizer que tomou de surpresa 600 mil passageiros, que ficaram abandonados à própria sorte no meio de seus roteiros. O resto da história todo mundo acompanha. As marolas deste tsunami vão demorar até desaparecerem por completo. Chama a atenção como ninguém percebeu com a devida antecedência a chegada de um desastre de tamanha proporção. É tão surreal quanto a possibilidade de um destes meganavios de cruzeiro com seis mil passageiros sumir do mapa de repente, sem viva alma percebendo os indicadores de perigo. Surgem, agora, explicações técnicas para a falência da Thomas Cook, muitas delas apresentadas por especialistas e profissionais competentes. Como sempre, há também os “engenheiros de ponte terminada”. São aqueles que sabem apontar todos os defeitos de construção, mas só depois que a obra desabou. O fato é que instituições e negócios não deixam de operar sem mais nem menos. Inevitavelmente mandam avisos de que as coisas andam mal. Ou porque se tornam vítimas de má gestão, ou por ficarem obsoletas ou por perderem sua relevância - seja por mudanças de mercado ou por questões tecnológicas. O problema é saber interpretar e, nos casos mais graves, não permitir postergar ou varrer o problema para debaixo do tapete. Foi assim com a Kodak e seus processos complexos e caros de revelação de negativos e ampliação de fotografias que acabaram sepultados pelas câmeras digitais. Ou, no terreno da aviação, foi o que aconteceu com a Panam, TWA, Varig, Vasp, Transbrasil e, bem recentemente, com a Avianca Brasil. Estes e muitos outros casos de áreas sucumbiram, mas não foi por falta de alertas. Algumas, inclusive, foram definhando 38 Brasilturis
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lentamente, sob a vista de todos. O triste fim da Thomas Cook não aconteceu do nada. É muito simplista colocar a culpa apenas na crise financeira que acometeu o grupo, muito mais consequência do que causa do problema. Uma autópsia dos fatores combinados que afetaram os negócios desta marca de peso permite uma conclusão mais precisa. Vamos pela resposta curta: houve incapacidade da operadora inglesa em se ajustar aos novos tempos. Como aqueles canários colocados propositalmente dentro de minas para alertar, com sua morte, o escapamento de gás no ambiente, o desaparecimento da Thomas Cook soa como uma ruidosa sirene para informar que o modelo de negócios mudou. E avisar que algo similar pode acontecer com outras organizações do Turismo. Por exemplo, os pacotes engessados de viagens com voos e hotéis comercializados nas 600 lojas físicas do grupo – ou por telefone – foram perdendo espaço para a flexibilidade de formatos oferecidos pelas agências online. Pacotes turísticos fechados e vendidos em grandes volumes estão em decadência, segundo afirmam especialistas. É preciso se adaptar à economia digital. Como em outras áreas do comércio, os consumidores cada vez mais usam a internet para comprar produtos e serviços. Afinal, para que ir a uma agência de viagens de “cimento e tijolo” que repassa seus custos operacionais, quando existem infinitas possibilidades on-line bem mais baratas? Não se trata só de conveniência e preço, mas de uma nova tendência de buscar experiências pessoais participativas, nas quais o viajante não se sinta tratado como gado. Isso significa o fim das agências de viagens e operadoras de Turismo? Claro que não! Sempre haverá espaço para trabalhar com nichos. Como os viajantes seniores, que precisam de mais apoio especializado nas viagens. Ou o mercado de luxo, que demanda um toque pessoal e expertise dos profissionais qualificados. Ou, ainda, as segmentações por públicos, interesses, conceitos, tematizações, entre infinitas possibilidades. A exemplo do que ocorre em outras atividades, as agências de viagens e operadoras de Turismo não irão sumir. Elas serão reinventadas.
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FEIRAS E EVENTOS
De casa nova JPA Travel Market confirma reestruturação e anuncia a realização da décima edição em Fortaleza (CE) como Brazil Travel Market (BTM) Autoridades cantam o Hino Nacional na cerimônia de abertura do JPA Travel Market
POR ANA AZEVEDO E FELIPE LIMA
É
o fim de uma era para o JPA Travel Market, encontro que reuniu o trade em João Pessoa (PB), durante os últimos nove anos. O evento dá início a um novo ciclo, que se inicia em sua décima edição, prevista para acontecer entre os dias 23 e 24 de outubro de 2020, em Fortaleza (CE). O acordo foi firmado entre Claudio Junior, Breno Mesquita e Bruno Mesquita, organizadores da feira, com Arialdo Pinho, secretário de Turismo do Ceará. O grupo já conversava sobre a reestruturação há um ano, dando boas-vindas ao Brazil Travel Market (BTM), novo título dado para a feira. Um dos motivos para a realocação do evento é a malha aérea, visto que ampliar a participação do público internacional é um dos principais focos dos diretores. “O Nordeste tem o potencial para ser o novo Caribe. Vamos nos aliar para que a região seja um destino glorioso, sem divisões. Agora é o momento consolidar o que temos e, depois, buscar mais voos da Europa, Oriente e, principalmente, da América do Sul. Temos voo para a Argentina e queremos retomar a conectividade com Bogotá, além de estabelecer conexão com Lima e Santiago do Chile”, declara Pinho.
Ainda de acordo com o secretário, o estado cearense tem infraestrutura completa e apta para proporcionar a evolução da feira. Só na capital, são cerca 45 mil leitos disponíveis, além dos 15 mil nas cidades vizinhas. “Não queremos estabelecer uma rivalidade, mas trazer a atenção para o Nordeste. E podemos fazer isso. Com nossa estrutura, podemos ampliar esse evento”, detalha em entrevista exclusiva ao Brasilturis Jornal. Neste ano, a internacionalização do evento foi um dos principais fatores de orgulho para os organizadores. O número de buyers estrangeiros saltou de 12 para 34, contando com a participação de profissionais dos Estados Unidos, Uruguai e Argentina. “Também triplicamos o número de AD90 com a Gol Linhas Aéreas, ampliamos o número de pernoites disponíveis e aumentamos o fluxo de caravanas terrestres. É um trabalho de aperfeiçoamento que estamos realizando a cada ano”, afirma Junior, que, durante a solenidade de abertura, agradeceu e homenageou importantes parceiros: Trend e Masterop. Ambos foram responsáveis pelo transporte de
AIR CANADA O Nordeste representa 12% das vendas da aérea no Brasil e, por isso, a companhia mantém contínua aposta nesse mercado, por meio da participação no JPA Travel Maket. De acordo Gleyson Ranieri com Gleyson Ranieri, diretor comercial da Air Canada, a região se destaca por conta do alto fluxo de grupos de viagens e de roteiros para intercâmbios, visto que o Canadá é um dos principais destinos para os estudantes. Além disso, a feira se tornou propícia para a divulgação do voo entre São Paulo e Montreal e para falar sobre a ampliação de 35% na oferta na rota São Paulo – Toronto entre março e outubro de 2020, com a operação sendo realizada por um B777. 40 Brasilturis
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quase 500 agentes de viagens em caravanas de diferentes estados. A ampliação do evento também foi notória para as empresas que se mostraram dispostas a estreitar relacionamentos e fechar novos negócios durante a feira. Um prova disso foi a chegada de marcas estreantes como expositoras do JPA Travel Market, incluindo Agaxtur, Interep, North America Destinations, Skyteam e Wyndham Hotels. Bruno Mesquita compara o evento a um filho, que vem crescendo e está saindo de casa. “JPA é uma marca que será falada e lembrada por muito tempo. Ficamos até ressentidos em anunciar nossa saída, mas é por uma boa causa. É o momento de integrar todo o Nordeste e o Ceará tem essa possibilidade”, declara o executivo, que agradece todo o apoio que foi dado pelo trade paraibano, que auxiliou no alavancamento da feira desde 2011. A intenção é que o evento aconteça no Ceará até 2022. Contudo, a possibilidade de realizar a feira em outras capitais nordestinas não está excluída. “Colocamos esse nome justamente para não precisar modi-
LOCALIZA A locadora, que marcou presença pela terceira vez no evento, aproveitou o programa Multiprêmios para reforçar sua presença na região e realizou uma ativação exclusiva, permitindo que os visitantes voltassem para casa com brindes da empresa. De acordo com Jhosiany Rodrigues, assistente administrativo da Localiza, é importante estar presente em eventos como esse, mostrando para os agentes de viagens que se trata de uma empresa acessível e flexível e que o ato de alugar um carro é muito mais vantajoso nos dias atuais. Jhosiany Rodrigues
ficá-lo de acordo com a localização. Mas esperamos continuar com essa parceria por muito tempo, já que se trata de um destino que tem tudo para transformar o encontro em algo maior”, destaca Junior. Bruno finaliza convidando os profissionais a participar do evento do ano que vem, em especial, os paraibanos. “Estamos deixando um pedaço de nosso coração em João Pessoa e na marca JPA. A gente não pode ficar criando divisão. Espero que compareçam e serão muito bem acolhidos. Vamos posicionar a feira como uma das três principais do País”, afirma. A última edição do JPA Travel Market aconteceu entre os dias 18 e 19 de outubro no Centro de Convenções de João Pessoa. Durante os dois dias, a feira recebeu 3,7 mil profissionais, o que representa um aumento de 5,7% frente ao ano passado. Estiveram presentes agentes e operadores de viagens do Amapá, Amazonas, Brasília, Ceará, Mato Grosso, Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Rondônia, Salvador, São Paulo e Sergipe. Confira algumas novidades apresentadas pelos expositores:
MILESSIS A operadora decidiu começar a apostar no Nordeste, visto que é um mercado ainda pouco explorado, com menos Alexandre Milessis de 1% de participação. De acordo com Alexandre Milessis, diretor da marca, a região possui potencial muito grande, podendo chegar a uma representação de 20% das vendas. “Somos uma empresa que realmente foca na qualidade, que só atua com DMCs locais e que se preocupa com o serviço que vai oferecer”, detalha. Por isso, afirma se tratar de um potencial expositor para o ano que vem.
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FEIRAS E EVENTOS VISIT FLORIDA
NORTH AMERICA DESTINATIONS A marca investiu em um espaço exclusivo no JPA Travel Market e realizou capacitações para os profissionais, apresentando todas as ofertas disponíveis no destino norte-americano, incluindo Walt Disney World Resort, Disney CruiLuis Carlos Borges se Line, Universal Orlando Resort, St. Petersburg, Miami, Viking Charters – que ampliou a frota com a chegada de três novos ônibus no final de 2018 - e Big Bus, entre outros, e divulgando catálogo de circuitos e serviços na Flórida. Os treinamentos aconteceram tanto no espaço voltado para produtos dos Estados Unidos quanto na área da Interep. “A ideia foi mostrar aos profissionais o que eles têm à disposição para que ofereçam a melhor experiência aos viajantes”, declara Luis Carlos Borges, representante de Vendas no Brasil da North America Destination.
SIXT RENT A CAR Mais uma vez, a Sixt Rent a Car esteve presente no JPA Travel Market. A ideia é se aproximar ainda mais das empresas nordestinas, já que, segundo Jaqueline Chaves, gerente de Vendas da marca, há muitas agências para se trabalhar na região. “Estivemos presentes em outros eventos do Nordeste, o que nos trouxe ótimos resultados”, avalia a executiva. Ainda de acordo com ela, ano que vem, os agentes de viagens contarão com uma novidade. A Sixt Rent a Car lançará, no próximo semestre, um novo portal.
Rafaela Gross Brown
O destino se fez presente durante o JPA Travel Market, que, em união com parceiros, sanou dúvidas e apresentou serviços à disposição dos clientes. De acordo com Rafaela Gross Brown, executiva sênior de Trade, por mais que haja a oscilação cambial, os brasileiros não deixam de viajar e, por isso, o estado norte-americano registrou aumento de 4% em visitantes no acumulado entre janeiro e outubro de 2019 frente ao resultado conseguido no mesmo período do ano passado. “Os viajantes se adequam. Eles podem até ficar por menos tempo, mas continuam vivenciando a Flórida”, declara.
UNIDAS Comemorando a marca de 150 mil veículos na frota, a empresa chegou à feira com uma proposta de layout diferente e aproveitou a aproximação com os visitantes para reforçar o Unidas Club, programa de incentivo que possibilitará aos profissionais escolher melhor o que fazer com o dinheiro. Além disso, Danyelle Carneiro e Fernanda Nicolau a presença no JPA Travel Market consolida a marca, que busca criar novos relacionamentos para chegar à meta: ser referência em mobilidade até 2023, conforme afirma Fernanda Nicolau, analista de Trade Marketing.
Jaqueline Chaves
VOZ DO AGENTE “Eu gosto muito dessa feira, o conteúdo é muito completo e nos ajuda a ter propriedade sobre os produtos. Espero que ela melhore sempre.”
Grupo Trend celebra o segundo dia do JPA Travel Marketing
Katia Santos, Rubi Viagens
CAPACITAÇÕES
Tody Navarro e Pablo Vilaseca
R11 TRAVEL Ações e promoções foram os assuntos levados pela representante exclusiva da Royal Caribbean no Brasil durante o encontro no Nordeste, considerado o segundo melhor mercado quando o assunto é roteiro em grupo. Um das iniciativas disponíveis é uma oferta de 20%, à disposição no Manual do Agente, para reservas até dezembro de 2020. Há outra novidade que se inicia neste mês: a Black Friday, que vai oferecer produtos selecionados com até 50% de desconto. “Somos uma empresa que oferece pacotes completos e, com essa nossa participação, ampliamos ainda mais nosso alcance”, destaca Tody Navarro, gerente de Contas da R11. 42 Brasilturis
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“Comparada com a feira de São Paulo, essa é de pequeno porte, no entanto, é muito melhor para chegar ao fornecedor. Eu consegui falar com todos os quais precisava.” Geórgia Aguiar, Geórgia Viagens
Esse é meu terceiro ano na feira. Eu acho aqui muito organizado, mas não sei o que esperar sobre a feira no Ceará. O lado ruim é que o tempo na caravana aumentou. Agora vamos levar doze horas de Recife a Fortaleza.” Nadja Dias, Rubi Viagens
Brasilturis viajou a convite do JPA Travel Market, com proteção Affinity
Os agentes de viagens participaram de diversas capacitações durante o JPA Travel Market. A grande procura levou à lotação das nove salas reservadas para os treinamentos que foram promovidos por empresas de diversos setores com foco em informações essenciais para o trabalho cotidiano. Assim, enquanto o Consulado dos Estados Unidos reforçou as instruções passo a passo para solicitação de visto para o país, a Air Europa destacou a modernização da frota e a proximidade de início do voo direto entre Fortaleza e Madri, importante para a operação local, que decola a partir de 20 de dezembro. O grupo Trend, que tinha uma sala exclusiva para realizar os treinamentos, detalhou as ferramentas e inovações tecnológicas que facilitam o trabalho diário dos profissionais à frente das vendas. “Temos um portfólio amplo e com diversos produtos para melhor atender vocês e seus clientes”, enfatizou Maurício Favoretto, diretor geral da consolidadora do grupo CVC Corp. Azul Viagens, Interep, Estados Unidos, Visit Florida e o Sebrae-PB também desenvolveram as capacitações em um espaço próprio, assim como a Teresa Perez, que realizou um evento focado em luxo exclusivamente para agências regionais que atuam com o segmento.
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FEIRAS E EVENTOS
CLIQUES
Equipe de Alagoas
Bruno Malafaia e Ricardo Dias (GJP Hotels & Resorts)
Camila Pavanatti (Canela)
Danielle Morales (Cruise America)
Equipe da Flytour
Gilson Azevedo (Copa Airlines)
Icilma Cavalcanti, Ricardo Nielsen e Luciana Almeida (Slaviero Hoteis)
Josué Silva e Rodrigo Issa (Cabo Verde Airlines)
Equipe do Nord Hotéis
Equipe do Rio Grande do Sul 44 Brasilturis
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Magda Nassar (Abav Nacional) e Jerusa Hara (Abav Expo)
Arialdo Pinho (Setur Ceará)
Equipe da Esferatur
Danielly Aguiar, Isabela Salgado e Filipe Queiroga (Pernambuco)
Ester Wei (Tailândia)
Marcelo Silva e Vivian Bertachini (Teresa Perez Viagens e Turismo)
Sueli Muruci e Felype Cabral (TBO Holidays)
Adriana Santos (Schultz)
Fernando Cardoso (South African Airways)
Ana Beatriz Di Pietro (Las Vegas America do Sul)
Meire Green e Tulio Burgos (Rexturadvance)
Equipe da Interep
Karen Schmidt e Viviane Amadei (Best Western Hotel Group)
Alessandra Veiga e Valmir Júnior (Bahiatursa)
Vinicius Rossi, Sylvia Silva e Andréa Doria (Ski Brasil)
Michelayne Carvalho (Prefeitura de João Pessoa) e Debora de Souza (Setur-PB)
Alexandre Silva, Vania Climinacio e Bruno Barros (Instituto Curitiba Turismo)
Magnólia Santos (Education USA)
Mislene Melo e Margarida Norberto (Bristol)
Wagner dos Santos, (Rio de Janeiro) e Erly de Jesus (Turisrio)
Equipe de Santa Catarina
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HOTELARIA
Primeira e única Mais do que acolher bem ao público LGBT+, Axel Hotels reforça sua articulação para atender às demandas dos cidadãos nos destinos onde atua POR CAMILA LUCCHESI
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ntes de qualquer país do globo elaborar políticas igualitárias para casamentos entre pessoas do mesmo sexo, já havia alguém pensando no acolhimento à comunidade LGBT+. Em 1998, a ideia de criar o Axel Barcelona surgiu por conta de uma necessidade pessoal de seu fundador. Juan Julià queria abrir um hotel na cidade em que vivia para garantir que seus amigos – boa parte formada por viajantes internacionais gays - fossem bem-recebidos. Não poderia ser qualquer hotel. A localização era importante, mas o essencial era garantir atendimento direcionado e eficiente. “Eu recebia muita gente em casa que dizia sentir-se bem lá, mas relatava maus tratos quando chegava acompanhado para se hospedar em um hotel convencional. Pensei que eu poderia abrir um hotel onde tanto faz se você chega sozinho, acompanhado de uma mulher ou de outro homem”, relata. Juliá buscou a ajuda da Community Marketing, empresa de São Francisco (EUA) especializada em análise de mercado para o segmento LGBT+. O primeiro passo estava dado e, em 2003, o executivo abria as portas do hotel design na cidade catalã, com 65 apartamentos. Ele não sabia, ainda, que esse seria o primeiro de muitos. Também não desconfiava que essa iniciativa daria origem a uma nova categoria: o posicionamento hetero friendly que, por enquanto, é exclusivo da rede. A
média de hóspedes heterossexuais, segundo seu fundador, chega a 30% em alguns destinos. Em entrevista ao Brasilturis Jornal durante uma rápida passagem pelo País, o executivo conta que o conceito surgiu de forma natural. “Eu queria criar um local feito para atender às necessidades específicas da comunidade LGBT+, mas onde os heterossexuais também se sentissem à vontade. Um hotel cool, no qual todos fossem bem-vindos”, explica. Hoje a rede é composta por oito empreendimentos localizados em importantes destinos europeus – com destaque para o mais novo, aberto em março deste ano na italiana Veneza -, além da recente estreia em Miami Beach, destino escolhido pelo grupo para fincar sua primeira bandeira nos Estados Unidos. Com a abertura na Flórida, a rede volta os olhos para o viajante brasileiro. “Sempre consideramos o mercado como um emissor interessante, mas não estava entre nossas prioridades. Agora, tenho certeza que o brasileiro será um dos principais clientes de nossa flagship em Miami”, revela. Ele também informa que não descarta a possibilidade de estrear um hotel no País. A data e o local ainda não foram definidos porque o executivo não se arrisca em dar respostas rápidas. Formado em business e pós-graduado em Turismo, ele elabora seus planos futuros baseado em cuidadosas pesquisas de mercado. “Chegamos a analisar três edifícios
Vista externa do Axel Barcelona
no Rio de Janeiro, antes de a cidade ser nomeada sede para os mundiais esportivos. Os preços eram similares aos de Nova York, então decidimos voltar a estudar a possibilidade em outro momento”, explica. EM PROL DA COMUNIDADE Os negócios vão bem, com cronograma de lançamento de outros quatro hotéis nos próximos 15 meses. Neste mês, será inaugurado o empreendimento em San Sebástian, no norte da Espanha; o da também espanhola Valencia abrirá as portas em fevereiro de 2020; e, entre o final de 2020 e o início de 2021, a rede comemora as estreias de Ilha da Madeira (Portugal), Bilbao (Espanha) e Cuba. Cada hotel, segundo ele, requer aporte médio de 2 milhões de euros e o retorno do investimento vem em seis meses. O fundador reforça, entretanto, que a filosofia ultrapassa o lucro operacional. Faz parte da estratégia do grupo atuar para fortalecer as demandas do segmento nos destinos onde a bandeira está presente. A possibilidade de articulação com o poder público é tão essencial para a escolha dos destinos quanto a proximidade em relação ao bairro gay e/ ou ao centro turístico. “Fazemos reuniões com governantes e ONGs para
Juan Julià, CEO da rede Axel
alinhar ações em prol dos direitos LGBT+ e campanhas de promoção do destino entre os viajantes LGBT+. Se não, para mim, não tem sentido. Como eu vou abrir um hotel em um local que não apoia sua própria comunidade?”, reflete. A estrutura requer espaço para itens fundamentais a esse perfil de viajante: academia, sauna, bar e áreas de estar, enquanto em termos de arquitetura, cada hotel tem sua personalidade que deve estar necessariamente ligada à cultura de cada local. Passa longe da estratégia do visionário Julià oferecer áreas com layout padronizado. O que ele quer é se aliar a produtores culturais para criar mostras, exposições e festas particulares, além de investir no serviço cortês e eficiente, garantido com treinamento constante do staff. “O hóspede tem de saber que está em um Axel não pelo edifício, mas pelo tratamento”, finaliza. Mais informações: www.axelhotels.com
Brincadeira de gente grande
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grupo R1 tem novidades para este mês. Inaugurado em outubro no Novotel Itu (SP), o projeto da sala de jogos será implementado agora no Sheraton WTC Hotel. Em entrevista exclusiva ao Brasilturis Jornal, Raffaele Cecere, presidente do grupo, explicou que a ideia surgiu para suprir a necessidade de privacidade dos filhos Antonio (14 anos) e Brunno (10 anos) no momento de utilizar con46 Brasilturis
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soles em hotéis. “Eles sentiam falta de locais mais reservados para jogar. Somei a necessidade dele com minhas demandas e iniciei o ingresso do grupo no mundo gamer”, diz. A meta do executivo para 2020 é de criar um evento dedicado ao universo dos games. Isto, segundo ele, demonstrará a importância deste segmento para a empresa. Sem citar nomes, Cecere falou que há diversos outros hotéis interes-
sados no projeto do game room. “Ainda não posso dizer quais, mas todos são empreendimentos hoteleiros cinco estrelas de São Paulo”, indica. O custo para ter o game room chega a R$ 60 mil, contando com equipamentos e tematização do quarto.
Brunno Cecere, filho de Raffaele
Outro modo de implementação é por meio de aluguel dos materiais que são de propriedade da R1. (Lucas Kina)
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DESTINO
Além do céu (do sal, do sol) de Maceió Cultura, gastronomia e história fazem parte da oferta turística da capital alagoana POR ANA AZEVEDO
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canção “Ponta de Lápis”, interpretada por Eliezer Setton, traduz o sentimento dos visitantes da capital de Alagoas. “Ai, que saudades do céu, do sal, do sol de Maceió”, diz a letra, com menção direta às belas praias. No entanto, o estado tem muito mais a oferecer. Entre os dias 8 e 13 de outubro, a Azul Viagens levou 15 agentes para conhecer as belezas da região. A iniciativa é parte da campanha “Azul da Cor do Mar de Alagoas”, realizada pela quinto ano consecutivo por meio de uma parceria entre a operadora, Luck Receptivo e Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH-AL). A ação de incentivo visa fomentar as vendas de pacotes para o destino e, em troca, oferece prêmios aos melhores agentes de viagens. De quebra, oferece uma capacitação in loco para os 15 profissionais com os melhores resultados. O roteiro do grupo começou com uma visita ao Centro Histórico de Mare48 Brasilturis
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chal Deodoro, cidade a pouco mais de 20 quilômetros de Maceió, famosa por ser o lar do marechal Deodoro da Fonseca, primeiro presidente do Brasil na era republicana, em 1891. A Casa Memorial Marechal Deodoro exibe itens pessoais do ex-governante e de seus familiares, como o sobrinho Hermes da Fonseca, que também foi presidente do País. Outro atrativo da cidade – que antes da chegada do marechal à presidência se chamava Alagoas da Lagoa do Sul e era capital do estado – é o Complexo Franciscano, composto pelo Convento São Francisco, Igreja São Benedito, Igreja de Santa Maria Madalena e o Museu de Arte Sacra Dom Ranulpho. Neste último, estátuas, vestimentas e joalheria estão entre os objetos expostos e há um apoio tecnológico de totens digitais com recurso de áudio para contextualizar o visitante. A dez quilômetros do centro histórico, a Praia do Francês é um
convite ao descanso. A distância da capital permite viagens em estilo bate-volta, mas o charme desse trecho litorâneo que é um dos mais movimentados do estado merece esticar a permanência para pelo menos uma noite. Em suas areias, há espaço para todos. Enquanto o trecho mais à esquerda é protegido por uma barreira de coral, o que amansa o mar e o torna propício para famílias; a extrema direita tem ondas fortes e é muito procurada por surfistas. A chegada do hotel Ponta Verde, em 2013, mudou completamente o cenário e a realidade do local (saiba mais no box). Bem perto de Marechal Deodoro, fica Barra e São Miguel. O município é conhecido pela praia de mesmo nome, com mar protegido pela barreira de corais que o transformam em uma piscina durante a maré baixa. Por ali, os agentes de viagens participaram de um happy hour no Village Barra Hotel. À beira-mar, o empreendimento oferece
passeio de catamarã próprio para a praia do Gunga, outro cartão-postal da região. A próxima parada é em Maragogi, município a duas horas do centro de Maceió que é muito procurado pelos viajantes. A atração principal é o maior conjunto de piscinas naturais do estado, acessadas por embarcações que seguem os horários ditados pela tábua das marés. Todos os receptivos e hotéis locais consultam as condições exibidas pela Marinha do Brasil para formatar os passeios de três horas. Por questões ambientais, o barco só é autorizado a sair quando a altura da água nas piscinas está entre zero e 60 centímetros. CLUBES DE PRAIA O embarque do grupo aconteceu no Pontal do Maragogi, um beach club que funciona com sistema de day use. Lounges para descanso, gazebos na praia, redário
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e chuveiros compõem a estrutura local que conta ainda com restaurante, bares e oferece passeios de buggy e catamarã. A bordo, os agentes se juntaram aos turistas embarcados e participaram de aula de zumba, desfrutando de drinques e petiscos. Depois do mergulho nas galés de águas transparentes, os agentes de viagens retornaram ao ponto de partida. Rafael Brito, secretário do Desenvolvimento Econômico e Turismo de Alagoas, afirmou que uma grande ação deve se tornar realidade para desenvolver ainda mais o potencial dessa região. A licitação do aeroporto de Maragogi está em andamento, com recursos próprios do estado, e a previsão é que o processo seja concluído até 2022. Em entrevista ao Brasilturis Jornal durante a Abav Expo, feira de turismo que aconteceu no fim de setembro, Brito também reforçou que a AL-101, estrada que liga Maceió a Maragogi, já está recebendo investimentos em sua duplicação. Retornando a Maceió, a dica é conhecer o Hibiscus Beach Club, bar e restaurante praiano localizado na Praia de Ipioca, a 20 quilômetros da capital. Na estrutura, os finalistas da ação de inventivo às vendas curtiram a estrutura composta por gazebos, redário, piscina, restaurante e duchas, com direito a diversão com as apresentações musicais. A sustentabilidade é um dos traços marcantes do local que integra o visitante com a natureza local. Na área, os viajantes são divididos entres os espaços Beach – com capacidade para até 600 pessoas em mesas com guarda-sol, espreguiçadeiras e gazebos que comportam grupos de até seis pessoas – e Lounge – construído sobre um deque de madeira de reflorestamento, composto por 17 lounges que acomodam até dez pessoas. O local oferece, ainda, passeios de caiaque, lancha e a prática de stand up paddle, além de massagens em bangalôs privativos fincados na areia da praia. ANCESTRALIDADE Para compor um mix junto a toda essa oferta de atividades na praia, a Secretaria de Turismo alagoana vem incentivando passeios pela Serra da Barriga, área que fica a 87 quilômetros da capital e é marcada por um episódio importante da História brasileira. Era lá que ficava localizado o Quilombo dos Palmares, criado na antiga capitania de Pernambuco du50 Brasilturis
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Na maré baixa, os banhistas podem caminhar além do farol
Praia de Ipioca - Hibiscus Beach Club
Hibiscus Beach Club visto de cima
Vista do Hotel Ponta Verde Praia do Francês
As praias de Maceió são popularmente frequentadas por praticantes de esportes em todos os períodos Na Praia de Ponta Verde, turistas fazem caminhada, andam de bicicleta e praticam stand up paddle
rante o período colonial pela princesa congolesa Aqualtune para abrigar negros que fugiam dos engenhos e fazendas no entorno. Em seu auge, chegou a ter 20 mil habitantes e foi morada de grandes líderes do movimento de resistência à escravidão e pela luta por direitos iguais, como Acotirene, Dandara, Andalaquituche e Zumbi. Um dos maiores símbolos de resistência dos escravos no País chegou a ter 80 hectares e era comandado por Ganga Zumba, filho de Aqualtune. O líder, em 1678, aceitou a proposta de Pedro de Almeida, governador da capitania, que propunha liberdade a todos os escravos nascidos no quilombo. Zumbi se opôs, pois acreditava na libertação
de todos. Desafiou a administração, se tornou o chefe do quilombo e, consequentemente, principal alvo da Coroa Portuguesa. Após mais de cem anos resistindo aos ataques, o local foi destruído em 1694 por uma expedição Bandeirante, liderada por Domingos Jorge Velho. Zumbi foi capturado em uma emboscada e morto em 20 de novembro do ano seguinte. Foi desse fato que se originou o Dia da Consciência Negra, feriado em alguns estados brasileiros desde 2003. A Luck Receptivo oferece o passeio de um dia ao local que, devido à importância histórica, foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), em 1985. Funcionando desde 2007,
esse é o primeiro (e, por enquanto, o único) equipamento desenvolvido para a valorização da cultura e da memória africana no País. Para ser fiel ao cenário da época, já que todos os registros foram destruídos, pesquisadores do Parque Memorial Quilombo dos Palmares viajaram à África para estudar a arquitetura. Na propriedade, as reproduções remontam ao século 16 e ilustram dependências, como a casa de farinha, o terreiro de ervas e as ocas. Uma das atrações é a árvore gameleira, plantada pelos negros há mais de 300 anos que sobreviveu a duas queimadas - uma durante o ataque dos Bandeirantes ao quilombo e outra realizada em 1997 por intolerantes religiosos. No entorno do lago, é possível ver as marcas de lanças usadas pelos escravos para treinos e combates.
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DESTINO Para reforçar esse legado africano, vale fazer uma parada no restaurante Baobá Raízes e Tradições. Sob direção de mãe Neide, o estabelecimento reforça em seu cardápio, decoração, preparo dos alimentos e vestimenta, a cultura africana. A líder espiritual, que é considerada um patrimônio vivo do estado de Alagoas, é responsável pela fundação do Grupo União Espírita Santa Bárbara e do Centro de Formação e Inclusão Social Inaê que promovem trabalhos sociais para ajudar a comunidade local. A programação contempla cursos de costura, dança, teatro e música, todas pensadas para ajudar os jovens a entrar no mercado de trabalho. No restaurante, os visitantes podem adquirir peças de artesanato desenvolvidas pelos participantes do projeto, além de apreciar a música ao vivo e descansar nas redes e colchonetes espalhados pelo espaço. Um grand finale para a viagem.
GUIA DE EXPERIÊNCIA Pensando no desenvolvimento econômico do município de Marechal Deodoro, o Hotel Ponta Verde realizou um trabalho prévio antes de abrir as portas da unidade na Praia do Francês. Capacitou os moradores da região e contratou boa parte deles. Hoje, cerca de 80% da mão de obra do empreendimento é composta por nativos. O estabelecimento também elaborou o “Guia de Experiência Praia do Francês”, livreto que traz o contato de anfitriões especiais. De pescadores a bordadeiras, a publicação destaca o talento daqueles que utilizam suas habilidades para guiar ou instruir turistas em passeios e atividades. O objetivo é imergir o visitante na cultura e costumes da região, ampliando vivência, e também contribuir para a geração de renda entre os locais. Recentemente, o hotel iniciou oficinas para ajudar os anfitriões a ter autonomia em seus negócios. As aulas instruem os participantes a estabelecer custos e negociar diretamente com as agências de viagens. “Não queremos ter vínculo com esse serviço, mas incentivar a comunidade local a crescer”, afirma Maurinho Vasconcelos, diretor comercial dos hotéis Ponta Verde Maceió e Praia do Francês. 52 Brasilturis
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Do alto do quilombo, os turistas podem avistar as serras para onde Zumbi se refugiou após o ataque dos Bandeirantes
No restaurante Baobá Raízes e Tradições, mãe Neide e sua equipe recebem os visitantes com roupas típicas africanas No almoço, mãe Neide explica os pratos que preparou e reafirma a presenta da matriz africana no cardápio
No Quilombo dos Palmares, os turistas podem assistir a apresentações de capoeira, arte criada pelos escravos
AZUL DA COR DO MAR DE ALAGOAS A cerimônia de premiação da campanha aconteceu no Jatiúca Resort & Hotel, em Maceió. Nenhum dos 15 participantes sabia, ainda, quem seria o grande vencedor da noite. Seguindo o sistema de pontuação determinado pela Azul viagens, o maior vendedor do destino Alagoas foi Fabrício Medeiros, da Home Tour Uberlândia (MG). Ele foi contemplado com um veículo 2020, zero quilômetro, no valor de 30 mil reais.
A segunda posição ficou com João Paulo Simões, da agência Refúgio da Serra e Viagens e Turismo, em Araxá (MG), que levou uma moto de 11 mil reais. Fechando o pódio, Aline Rodovalho, da Moscow Turismo, de Ribeirão Preto (SP), ganhou uma viagem com acompanhante para a capital alagoana. O prêmio inclui bilhete aéreo, hospedagem, traslado, alimentação, passeios e um par de ingressos para o Réveillon Celebration.
A premiação também contemplou os colaboradores da Azul Viagens. Marcelo Neri e Lilian Amorim, foram reconhecidos como os dois melhores vendedores do Azul Center, e Carol Matos, da Azul Viagens de Ribeirão Preto (SP), se destacou na categoria loja própria, à frente de Vanessa Carvalho, proprietária da Azul Viagens de Campinas (SP), que também foi homenageada. Em ambas as categorias, 80 mil pontos Tudo Azul foram creditados aos vencedores e 45 mil foram oferecidos aos segundos colocados.
Árvore Gameleira, plantada pelos escravos há mais de trezentos anos
Agentes de viagens participam do famtour Azul da Cor do Mar de Maceió e desfrutam das belezas de Ipioca
Praia de Ipioca - Hibiscus Beach Club
SERVIÇO Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico e Turismo de Alagoas www.sedetur.al.gov.br Azul Viagens www.azulviagens.com.br Associação Brasileira da Indústria de Hotéis de Alagoas www.abihal.com.br Luck Receptivo www.luckreceptivo.com.br HOSPEDAGEM E ATRATIVOS Brisa Praia www.brisapraia.com.br Flix Hotel www.flixhotel.com.br Hibiscus Beach Club www.hibiscusbeachclub.com.br
Hotel Ponta Verde Praia do Francês wwww.praiadofrances.hotelpontaverde.com.br Jatiúca Resort & Hotel www.hoteljatiuca.com.br Maceió Atlantic Suites wwww.maceioatlantic.com Maceió Mar Hotel www.maceiomarhotel.com.br Pontal do Maragogi www.pontaldomaragogi.com.br Ritz Lagoa da Anta www.ritzlagoadaanta.com.br Tambaqui Praia Hotel www.hoteltambaqui.com.br Tropicalis Slim Hotel www.tropicalishotel.com.br Village Barra Hotel villagebarrahotel.com.br RESTAURANTES Baobá Raízes e Tradições (82) 99670-6678 Bodega do Sertão www.bodegadosertao.com.br Divina Gula www.divinagula.com.br Viagem a convite da Azul Viagens, Luck Receptivo e ABIH-AL com proteção Affinity www.brasilturis.com.br | Brasilturis 53
DESTINO
Sky’s the Limit
Huntington Beach
Indian Canyon
Big Bear
Joshua Tree
Vida ao ar livre
Rocha da Caveira
Califórnia aposta em viagens terrestres para explorar a oferta variada de natureza que combina mar, montanha e deserto com cidades charmosas e serviços de primeira POR CAMILA LUCCHESI
E
squeça tudo o que você (acha que) conhece sobre a Califórnia. Famoso no Brasil pelas praias e pela efervescência cultural de Los Angeles, o estado norte-americano tem muito mais a oferecer aos viajantes. Em uma época de valorização das experiências, o Golden State esbanja uma oferta que combina esse lado mais conhecido com uma outra face que ainda vem sendo descoberta pelos brasileiros. Há desertos que escondem paisagens esculpidas ao sabor do tempo, vegetação única que inspirou um dos álbuns mais famosos dos anos 1990, casas modernistas que revelam o passado de glória entre os famosos de Hollywood, uma feira de rua que une propostas que vão do artesanato local até uma inusitada banquinha de aconselhamento espiritual. E tem o espetáculo do céu que pode ser observado nos mínimos detalhes, com 54 Brasilturis
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modernos telescópios, ou em todo o esplendor do conjunto, a olho nu. O melhor é que tudo está ligado por ótimas rodovias, permitindo o fácil deslocamento pelos atrativos que costuram a geografia desse estado de natureza diversa. Não à toa, a nova campanha de promoção aposta em roteiros terrestres para ampliar essa percepção dos viajantes. Afinal, é só quando estamos totalmente inseridos em um ambiente que podemos sentir tudo aquilo que ele pode proporcionar. Seja de carro, ônibus, motocicleta ou motorhome: todos os sonhos são bem-vindos na república da road trip. ADRENALINA O ponto de partida é Anaheim, cidade a uma hora do Aeroporto Internacional de Los Angeles. Arborizada e agradável, a cidade é conhecida mundo afora pela Disneyland,
parque fundado por Walt Disney em 1955 que deu início à história de sucesso do grupo. A grande novidade é a área dedicada a Star Wars, aberta no final de maio com “Millennium Falcon: Smugglers Run” e que ganha o reforço de “Rise of the Resistance”, atração que será inaugurada em 17 de janeiro de 2020. O complexo californiano inclui, ainda, o Disney California Adventure Park e o Downtown Disney District. Em Buena Park, a 15 minutos dali, o Knott’s Berry Farm é outra boa dica para quem não abre mão de se divertir em áreas temáticas. Bem famoso nos Estados Unidos, o parque do Snoopy é uma grata surpresa. Aberto em 1940, ele tem cenografia inspirada no Velho Oeste – com direito a cidade fantasma e funcionários caracterizados que interagem com os visitantes - e reúne 40 opções para todas as idades. Os mais radicais devem experimentar
as montanhas-russas Xcelerator e a Silver Bullet, enquanto as famílias podem curtir o Knott’s Camp Snoopy, área inspirada nos personagens com 15 atrações kids friendly. Se o viajante não abre mão de praia, há duas imperdíveis na região. A 30 quilômetros de Anaheim, Huntington Beach tem sua história ligada ao surf e atrai praticantes do esporte do mundo todo. Mesmo quem não se arrisca nas ondas pode simplesmente assistir ao espetáculo, de preferência próximo ao icônico píer da Surf City USA. Um pouco mais ao sul fica Laguna Beach, destino que hoje é frequentado por ricos e famosos, mas tem suas origens ligadas à comunidade artística. DE HIPPIE A CHIQUE No início do século 20, um grupo de artistas buscou esse trecho do
litoral para se isolar dos centros urbanos mais movimentados. A decisão se baseou na combinação de topografia acidentada e iluminação natural que encantou seus primeiros moradores. Em 1932, com a realização dos jogos Olímpicos de Verão em Los Angeles, eles decidiram expor suas obras nas ruas para atrair os turistas. Criou-se, assim, a cena artística que permanece na cidade até hoje, com mais de cem galerias em pleno funcionamento. Essa veia pulsa ainda mais durante o “Pagent of the Masters”, festival que reúne artistas anualmente no verão, e foi responsável por colocar a cidade no mapa dos viajantes norte-americanos. A tradição vem de 1933 e tem como destaque a apresentação dos quadros vivos, reproduções de obras clássicas com a introdução de pessoas dentro das molduras. A caracterização detalhada combinada com a imobilidade dos voluntários dificulta a missão de diferenciar o que é pintura do que é feito de carne e osso. Na década de 1940, um anfiteatro foi construído especialmente para as apresentações de 90 minutos que são acompanhadas por orquestra e mudam de tema a cada ano - em 2020, será “Made in America”, homenageando artistas que
fizeram dos EUA seu lar. Os shows acontecem de 6 de julho a 3 de setembro e os ingressos se esgotam com vários meses de antecedência. No local, dá para visitar, também, os bastidores para ver cenários, figurinos e cartazes de produções passadas. Como uma típica cidade litorânea, Laguna Beach não tem prédios muito altos para permitir que a vista do mar continue democrática. “A ideia é preservar a cultura da época de fundação da cidade”, explica Ashley Johnson, presidente e CEO do Visit Laguna Beach. Essa natureza rústica se divide em 30 praias e dezenas de hotéis charmosos e restaurantes locais – todos independentes, já que nenhuma marca famosa fincou sua bandeira por lá. Essa aura genuína faz parte da experiência de viagem. Outro destaque do vilarejo – que, hoje, tem casas que chegam a cifras de milhões de dólares – é a oferta de atividades de natureza. Em 2012, a região se transformou em uma reserva marinha com regras rígidas que proíbem pescaria e esportes motorizados a três milhas da costa. A iniciativa fez com que a vida marinha voltasse ao local. Doug Oyen,
Pageant of the Masters e suas pinturas vivas (abaixo) trouxeram fama a Laguna Beach
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DESTINO autointitulado “líder de aventuras” do receptivo La Vida Laguna, explica que há diversas opções que incluem tours de caiaque, aulas de surf e stand up paddle. OÁSIS DE LUXO A próxima etapa da viagem propõe uma mudança radical na paisagem. Da restinga litorânea às exuberantes folhagens, vamos às retorcidas formas vegetais do deserto californiano. No caminho para o interior, dá para ver bem essa transição de biomas, o que traz um atrativo extra para a viagem desde o litoral, trajeto que leva duas horas até a primeira parada, em Indian Wells, no Vale do Coachella. Vale lembrar: o sol é impiedoso, então a dica é manter-se hidratado. Junto a outros oito municípios, a cidade forma a região conhecida como Greater Palm Springs, conhecida internacionalmente pela variedade de atividades culturais, trilhas pela natureza e imersão em charmosos spas e centros de bem-estar. Quem não abre mão de adrenalina e tem tempo pode se inscrever para aulas de direção que compõem o programa The Ultimate Driving Machine, oferecido na BMW Performance Center West at The Thermal Club. Se estiver só de passagem, vale participar da experiência com um piloto treinado, que percorre um circuito a altíssima velocidade. Muito procurada pelos próprios norte-americanos, canadenses e também pelos europeus, essa área, cercada por quatro cadeias de montanhas, ainda é uma ilustre desconhecida dos latino-americanos. Segundo Gary Orfield, diretor de vendas para o trade de turismo do Greater Palm Springs Convention & Visitors Bureau, o fato de não haver ligação aérea direta entre a porção sul do continente americano e o aeroporto internacional da região causa impactos na atração desses turistas. Ele reforça, entretanto, que os destinos estão a uma distância curta de carro de Los Angeles e comemora a chegada de 13,3 milhões de visitantes anualmente. A fama das cidades tem mais de um século, com pico nos anos 1950. Foi nessa época que os famosos de Hollywood descobriram a região e passaram a comprar casas de veraneio para garantir privacidade nos períodos de folga – Frank Sinatra e Marilyn Monroe estão na lista. A localização era estratégica para os artistas que tinham de cumprir a “two hours rule”, item contratual 56 Brasilturis
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Trilhas guiadas pelos Indian Canyons revelam formações geológicas impressionantes
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4 1. LOS ANGELES 2. LAGUNA BEACH 3. ANAHEIM 4. PALM SPRINGS 5. TWENTYNINE PALMS 6. BIG BEAR CITY
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que impedia os participantes das produções cinematográficas de se afastar para locais a um raio maior do que duas horas de distância dos estúdios. É na Canyon Road que acontece o Palm Springs Villagefest, festival que ocupa as calçadas todas as quintas-feiras, dividindo espaço com a calçada da fama local. Nas barracas, há de tudo: comida, bebida, camisetas, souvenires, quadros e artefatos pintados por artistas locais e até o inusitado espaço “ask the rabi”, onde um rabino fica respondendo às questões dos passantes – a maioria relacionada a assuntos do coração. Por todas as esquinas há, também, os músicos locais, alguns com produções mais simples, outros com equipamentos de iluminação e canhões de vento. Seguro e imperdível!
DANÇARINA DO FOGO Fãs do mundo do entretenimento encontram opções de tours que passeiam pelas casas das celebridades, amantes de arquitetura podem conhecer o conjunto de construções modernistas da década de 1950 e jipes levam os aventureiros para explorar as paisagens naturais dos Indian Canyons. Guias da Desert Adventures Red Jeep Tours buscam os grupos nos hotéis e oferecem roteiros pré-formatados e opções de fretamento, com itinerários criados sob medida. Os roteiros mais próximos acontecem nos Indian Canyons, formações que estão tão perto da cidade e fazem parte da reserva indígena Agua Caliente. O respeito aos primeiros habitantes dessa região é tanto, que as empresas que operam
por lá têm acordos com os índios da tribo Cahuilla. São eles que administram o parque e a pequena loja de souvenires no interior. Eles também fazem questão de batizar os guias com nomes indígenas. Nosso passeio foi liderado pela “dançarina do fogo” De Karlen, apaixonada confessa de Palm Springs. Durante todo o percurso no carro – que pode ficar com a lona abaixada para amenizar o calor –, ela explica sobre as formações rochosas milenares, soluciona dúvidas, ensina sobre a cultura dos ancestrais e indica os principais pontos de interesse – que vão da grande variedade de plantas nativas, algumas medicinais, árvores gigantes e até oásis com quedas d’água. De quebra, ainda fica de olho nas trilhas, para evitar que o grupo tope com as cascavéis que
Foto: Aerial Tramway
vivem por ali, e abastece constantemente as garrafinhas de água dos participantes. Outro passeio popular é a subida ao monte San Jacinto no Palm Springs Aerial Tramway. O bondinho, com vista panorâmica, gira 360 graus para permitir que todos possam observar a paisagem durante o trajeto de quatro quilômetros que chega a 1.595 metros de altitude. A paisagem desértica que se vê em detalhes no tour de jipe, pode ser observada de maneira mais ampla lá de cima. Além dos mirantes, o local oferece restaurantes e 87 quilômetros de trilhas pelo parque estadual de mesmo nome. JOSHUA TREE Twentynine Palms tem nome curioso que remete às 29 palmeiras que existiam na época da fundação da cidade, que faz parte do condado de San Bernardino. Localizada na parte sul do deserto Mojave, ela é porta de entrada para o Joshua Tree National Park, um dos espaços mais emblemáticos dessa região. Antes de se aventurar pelo interior do par-
Parque Nacional Joshua Tree
que, vale dedicar um tempo em um dos centros de visitantes que fica na via de acesso ao parque para entender um pouco da história e se preparar para o que vem pela frente. A área de mais de três milhões de quilômetros quadrados se destaca pelas formações geológicas. A brincadeira sugerida pelo ranger – guia dos parques que acompanha
os grupos em um tour gratuito de 30 minutos todos os dias, às 10h – é sugerir nomes a elas, de acordo com os formatos. Mas a grande atração – pelo menos para quem não é escalador - é a vegetação. Mais especificamente a Joshua Tree, que já deu nome a um dos álbuns mais famosos na discografia do U2 e – pasmem – não
Subida ao monte São Jacinto
é uma árvore. Com troncos altos e espinhosos, ela só existe nessa região da Califórnia, o que faz a visita valer em dobro. Escolha um dos mirantes naturais, relaxe e aprecie a paisagem sem pressa. Ali, a vida segue um ritmo mais lento e as tão desejadas experiências não apenas acontecem como tendem a ficar gravadas para sempre.
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Crédito: Divulgação/Visit California
DESTINO
O CÉU É O LIMITE
Voluntários administram o trabalho cotidiano no “Sky’s the Limit”, observatório de uma organização não governamental que funciona em Twentynine Palms. Os guias ajudam a conseguir as melhores visões, seja com os potentes telescópios ou a olho nu. Por estar em uma área preservada, por conta do parque nacional, a ausência de iluminação urbana torna o local propício para a atividade que fica ainda mais interessante acompanhada pelas histórias contadas pelos colaboradores. Eles são extremamente gentis ao fornecer dados e solucionar as dúvidas dos interessados e só ficam bravos se alguém ligar um smartphone por perto. Isso porque os olhos se acostumam ao escuro total, facilitando a visão de estrelas, planetas e constelações. Mas basta um feixe de luz para que um clarão surja no local, atrapalhando não apenas quem opera o aparelho, como todos os que estão próximos. Vale conferir a agenda de apresentações e dedicar algumas horas à atividade, que é gratuita.
PAISAGEM DIVERSA
PARA SABER MAIS
Joshua Tree
Brand USA: www.visiteosusa.com.br Visit California: www.visitcalifornia.com/br INFORMAÇÕES ÚTEIS Anaheim: www.visitanaheim.org Greater Palm Springs: www.visitgreaterpalmsprings.com Huntington Beach: www.surfcityusa.com Laguna Beach: www.visitlagunabeach.com Sky’s the Limit: www.skysthelimit29.org Twentynine Palms: www.visit29.org Visit Big Bear: www.bigbear.com HOSPEDAGEM Ace Hotel & Swim Club (Palm Springs): www.acehotel.com Fairfield Inn & Suites by Marriott (29 Palms): www.marriott.com La Quinta Resort & Club: www.laquintaresort.com Marriott Anaheim: www.marriott.com Palm Mountain Resort & Spa: www.palmmountainresort.com Renaissance Esmeralda Resort & Spa (Indian Wells): www.marriott.com Spin & Margie’s Desert Hideaway (29 Palms): www.deserthideaway.com Surf & Sand Resort (Laguna Beach): www.surfandsandresort.com The Ranch (Laguna Beach): www.theranchlb.com The Wheelhouse (29 Palms): www.wheelhouserental.com PASSEIOS BMW Performance Center: www.bmwperformancecenter.com Indian Canyons: www.indian-canyons.com La Vida Laguna: www.lavidalaguna.com Pageant of the Masters: www.foapom.com Palm Springs Aerial Tramway: www.pstramway.com Parque Nacional Joshua Tree: www.nps.gov/jotr Red Jeep Tours: www.red-jeep.com Brasilturis viajou a convite do Visit California, US Travel Association e Brand USA, com proteção Affinity e dados móveis Flexiroam Brasil 58 Brasilturis
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A 90 minutos de Twentynine Palms, Big Bear (foto)complementa a oferta com uma variedade de esportes de montanha, que muda de acordo com a estação do ano. A face mais conhecida do destino se mostra nos meses de inverno, quando os resorts Snow Summit e Bear Mountain atraem milhares de praticantes de esqui e snowboard para suas pistas cobertas de neve. Mas a cidade também promove atividades no verão. Basta subir o teleférico panorâmico de Snow Summit até o topo, a 2,5 mil metros de altitude, para curtir nada mais, nada menos que 96 quilômetros de trilhas. Todas são devidamente sinalizadas e há roteiros diferentes para pedestres e ciclistas. Quem prefere se divertir em terra pode relaxar e embarcar em um cruzeiro pelo Big Bear Lake, que parte de uma das seis marinas às margens do lago. Barcos - como o Miss Liberty - oferecem roteiros com jantar ao pôr do sol.
REFÚGIOS DE CHARME A oferta hoteleira desse roteiro merece menção à parte. Em Laguna Beach, o destaque é o The Ranch (foto). Esse é o único hotel na Califórnia com a chancela Unique Lodges of The World, da National Geographic – há outros 68 no mundo, sendo seis nos EUA -, o que já diz muito sobre as instalações. Isolado entre cânions e o mar, o empreendimento de luxo preserva as raízes históricas e acrescenta uma oferta de serviços e estrutura excepcionais – incluindo campo de golfe de nove buracos, restaurantes com ingredientes orgânicos cultivados na propriedade e 97 apartamentos espaçosos. Para se ter uma ideia, os Canyon Rooms – que seriam o equivalente à categoria standard – têm 125 metros quadrados. Kurt Bjorkman, gerente geral, reforça que o hotel também tem uma política rígida direcionada à sustentabilidade. “As ações não estão relacionadas apenas à conservação ambiental, mas também incluem geração de empregos e outras iniciativas junto às comunidades locais”, afirma. A conexão com os moradores faz deles habitués tanto no uso
do campo de golfe quanto no restaurante do hotel. Entre os viajantes, 80% são norteamericanos. Em Indian Wells, o Renaissance Esmeralda Resort & Spa acaba de passar por uma reforma milionária depois de completar três décadas de abertura. O retrofit mudou a cara do lobby e atualizou layout e decoração dos 560 apartamentos com vista para as montanhas. Um pouco à frente, no município de La Quinta, o La Quinta Resort & Club, propriedade Waldorf Astoria, reúne confortáveis acomodações entre belos jardins e com vista para as montanhas de Santa Rosa. Os hóspedes podem desfrutar de spa, sete restaurantes, 41 piscinas externas e cinco campos de golfe. Twentynine Palms oferece a possibilidade de alugar uma casa com piscina e arquitetura moderna – como a incrível The Wheelhouse – ou de optar pelas comodidades proporcionadas pelo confortável Fairfield Inn & Suites by Marriott, com café da manhã cortesia e localização a cinco minutos do Parque Nacional Joshua Tree. Já em Palm Springs, as dicas são o The Palm Mountain Resort & Spa - a passos de distância da Palm Canyon Drive - ou o moderninho Ace - que tem suítes com pátios particulares e funciona também em sistema day use. Os mais aventureiros podem optar por uma das cabines do Spin & Margie’s Desert Hideaway.
LÉXICO
Guia... O que é o que é?
E
timologicamente, a palavra “guia” deriva de “guiar” que, por sua vez, possui eventual raiz no conceito gótico “widam” (juntar-se) e tem sua origem no latim medieval “guidare”. Ao consultar vários dicionários, podemos entender que o substantivo feminino “guia” significa o ato ou o efeito de guiar; o nome dado ao documento com o qual se recebe uma mercadoria; ou o formulário que as acompanha a fim de lhes permitir trânsito livre. Mas a palavra insere dezenas de outros importantes significados e conceitos: correia comprida que se afivela na argola do cabeção de um cavalo para exercício de picadeiro, ficando a outra extremidade na mão do picador; bebida que se toma antes de outra; nas religiões afro-brasileiras, é o colar consagrado (de um a seis fios e cujas cores são emblemáticas do orixá ou entidade que cada um venera); a pessoa que guia e/ ou orienta outras; um livro ou publicação de instruções acerca de algum ramo especial de serviço ou assunto; a Estrela-Guia; o guia de palavras (dicionário); o espaço que fica entre a calçada e a rua; entre outros. Poderíamos mencionar também os guias do tarô, os guias espirituais da Umbanda e tantas outras aplicações do termo, mas gostaríamos aqui de nos ater ao guia de Turismo: pessoa ou profissional que acompanha os viajantes chamando-lhes a atenção para o caminho por onde seguem, transmitindo-lhes informações sobre este último e sobre as obras de arte, edificações ou outras coisas importantes com as quais estes turistas poderão, eventualmente, se deparar. Estou convencido de que, dentre as mil atividades profissionais que fazem parte do mundo das viagens, o trabalho de guia está entre as mais complexas. Encontramos várias denominações para caracterizar cada especialização desta atividade profissional, por exemplo: guia interprete, guia acompanhante, guia local, guia de circuito turístico, guia de excursão, guia assistente, guia supervisor, entre dezenas de outras qualificações ou nomenclaturas. Há quem diga que esta profissão remonta há alguns milênios e que nos lembra, de certa forma, os chamados cicerones do Senado Republicano Italiano do século 43 antes de Cristo, quando estes especialistas faziam suas apresentações junto a templos, igrejas, monumentos e locais de interesse dos visitantes. A interação do guia com o turista é chave fundamental no contato deste último com o núcleo e/ou local visitado. A responsabilidade do guia vai além de suas
obrigações inerentes e pode determinar o êxito ou o fracasso de um passeio, de uma excursão e até de toda uma viagem. Ser guia de turismo - independentemente da especialização e/ou denominação específica - exige uma dedicação imensurável e especial amor ao trabalho junto às pessoas, além de um desmedido preparo físico, psíquico e cultural. Tudo acompanhado de boas noções de
história, geografia, sociologia, antropologia, psicologia, política, filosofia e religião, entre outras. Se analisarmos mais de perto todas as características necessárias e responsabilidades inerentes para desempenhar a função a contento, ficaremos totalmente convictos de que não se trata apenas de mera profissão. É uma autêntica, notável e incomum vocação.
David Leslie Autor do livro “Turismo para Leigos e Curiosos”. leslie@cbsmarketing.com.br
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VIA SUSTENTÁVEL
Falem bem ou falem mal
Primeiro jornal criado especialmente para a indústria do turismo nacional, Brasilturis é de propriedade da Editora Via LTDA, grupo de comunicação especializado em publicações segmentadas sobre turismo. Fundado por Horácio Neves, em 1981. DIRETORIA Sócia-diretora: Ana Carolina Melo CEO: Amanda Leonel amanda@editoravia.com
Velma Gregório Velma é diretora de comunicação da Editora Via e especializada em turismo sustentável. velma@editoravia.com
T
urismo sustentável ou responsável é o tema de 2019. Mercado, destinos, produtos, viajantes e até a mídia apropriou-se dele, mesmo que alguns não tenham total clareza sobre o que trata a pauta. Ainda assim, é uma boa notícia. Os princípios do turismo sustentável estão ancorados na ética. Aqueles players sérios que associam suas marcas a eles, naturalmente se encaminham para uma gestão mais responsável, compreendendo os impactos de suas ações e operações e trabalhando para positivá-las. Os outros, do contrário, não se sustentam. Os consumidores, por sua vez, ainda que não sejam versados nas teorias, estão cada vez mais por dentro das atitudes que compõem a ideia de sustentabilidade. Não acham mais natural que um resort esteja no meio de um bolsão de pobreza, se incomodam com o desperdício de alimentos, valorizam a água aquecida por painéis solares, reconhecem que um destino lotado não é necessariamente sinônimo de sucesso, querem viver expe-
riências locais, prestam atenção à redução do consumo de plástico e compram produtos locais, assim como se relacionam com as comunidades. Eles, enfim, passo a passo tomam consciência sobre o impacto de suas escolhas. Durante a Abav Expo 2019, três coisas me chamaram a atenção. Muitos produtos – hotéis, companhias aéreas, locadoras de veículo e outros - associaram suas campanhas de comunicação à sustentabilidade; os espaços temáticos dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU foram integrados organicamente à feira; e, principalmente, a lotação da plateia para assistir ao painel sobre turismo em territórios indígenas, liderado pelo Muda, o coletivo brasileiro pelo turismo responsável. Operadores, agentes de viagens, estudantes, donos de agência e curiosos juntaram-se para ouvir gente que está na lida de verdade, os representantes legítimos dessa “novidade”. Anfitriões indígenas, operadoras especializadas que já operam produtos de turismo responsável na Amazônia e até a Fundação Nacional do Índio (Funai) estavam ali para esclarecer os presentes sobre os impactos dessas viagens, apresentar as oportunidades
existentes para o mercado, derrubar mitos anacrônicos e, principalmente, se conectar com as pessoas. Há uma mudança ocorrendo agora. O futurista Peter Kronstrom, diretor do Copenhagen Institute for Future Studies, apresentou as megatendências para o Turismo nos próximos dez anos durante a convenção da Braztoa de 2018, em Ilhabela (SP). Para mim, uma delas se concretizou no momento deste painel: a próxima fronteira é a do turismo de experiências transformadoras. O mercado estava lá, respondendo a uma demanda dos clientes que já se configura no horizonte. Aquela dos que querem mais do que uma viagem inesquecível. Eles já compreenderam que há um movimento de clientes que buscam voltar de suas viagens transformados pelas vivências que os conectam com seus propósitos de vida. E que a onda vai crescer. Para fechar o ano, o Festuris de Gramado (RS) também tem o espaço Sustentabilidade e Acessibilidade, mais uma comprovação de que a causa não é só um modismo. Então, falem bem ou falem mal, mas é hora de falar exaustivamente sobre o turismo sustentável. A oportunidade está na porta. Deixe-a entrar!
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