ENTREVISTA
DIREITO
CRUZEIROS
Wolmer Godoi destaca importância da Lei Geral de Proteção de Dados para o setor de Turismo
João Bueno discorre sobre o papel das associações junto às comunidades em que estão inseridas
Entenda como as armadoras cobram por extras, como taxa portuária e tarifa de serviços
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A PA I X O N A D O S P O R C O M PA R T I L H A R R$ 18,90 |
ANO 40
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Nº 833
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FEVEREIRO 2020
www.brasilturis.com.br
brasilturis
brasilturisjornal
ALERTA MUNDIAL Surto de coronavirus desencoraja viagens à China; conselho mundial recomenda cautela e empresas oferecem alternativas aos passageiros
Pág. 8 AVIAÇÃO
HOTELARIA
SITES ABUTRES Gastos com processos judiciais contra o setor aéreo crescem dez vezes em três anos no Brasil Pág. 6
MALAI MANSO Resort no Mato Grosso amplia centro de eventos e lança novas opções de lazer
ESPECIAL
DESTINO
NESTA EDIÇÃO
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KENTUCKY (EUA) Famosa entre os locais, Rota do Bourbon é aposta para incrementar a visitação internacional Pág. 20 www.brasilturis.com.br | Brasilturis
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Brasilturis
Fevereiro | 2020
EDITORIAL Camila Lucchesi Editora-chefe
E
Perigo iminente
m 20 de janeiro, a Organização Mundial do Turismo (OMT) divulgou os números da indústria em 2019. A atividade manteve a confiabilidade, mesmo “em tempos de insegurança e incertezas”, segundo a avaliação de Zurab Polikashvili, secretário-geral da entidade, e conquistou ótimos resultados. No ano passado, as viagens pelo globo totalizaram 1.5 bilhão, crescimento de 4% em relação a 2018. O dado também confirma o décimo ano consecutivo de aquecimento no setor. Dias depois, outra organização internacional acendeu uma luz de alerta para um problema global que pode afetar o desempenho do Turismo neste ano. Em 30 de janeiro, a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou o surto do novo coronavirus como emergência de saúde pública de interesse global. Em mais de 70 anos, essa é a sexta vez que a agência declara esse nível de alerta. Companhias aéreas e armadoras decidiram suspender ou realocar operações na China continental, ao menos até entender o ciclo de propagação do vírus que até a data já havia contagiado quase dez mil pessoas em 23 países. Precaução é essencial, ainda mais quando se trata da vida humana. Não há como descontinuar todas as ligações aéreas no mundo, mas é preciso agir localmente para conter a disseminação no epicentro. Ser vigilante é a melhor estratégia para o momento, já que o futuro é incerto. Essa incerteza recai também sobre os rumos para os negócios em Turismo no curto prazo. O que se sabe é que a atividade é resiliente. E o que se tem visto é uma união de esforços entre órgãos públicos e empresas privadas para sanar a questão. Além das medidas para contenção do vírus, a realocação de voos e cruzeiros marítimos e as alternativas oferecidas para cancelamento ou reitineração de viagens de clientes têm dominado o noticiário nos últimos dias. Importante também é conter o pânico desnecessário, como bem orienta o Conselho Mundial de Viagens e Turismo (WTTC da sigla em inglês). A entidade relembra episódios anteriores envolvendo questões de saúde pública para orientar o mercado a não repetir erros do passado que causaram prejuízos ainda maiores para a atividade turística. O impacto será inevitável, mas é possível minimizá-lo com atitudes conscientes. A equipe do Brasilturis Jornal conversou com autoridades de saúde, com as principais associações de classe e com algumas empresas que anunciaram medidas em relação ao surto recente. Traçamos, com dados do WTTC, um panorama de quanto epidemias anteriores, como a Síndrome Respiratória Aguda Grave (Sars), custaram para os destinos turísticos envolvidos. O resultado você confere na página 8. Também demos espaço em nossas páginas para uma questão que vem prejudicando o desempenho da aviação brasileira - a judicialização, apontada por especialistas como o terceiro entrave para o pleno desenvolvimento do setor – e para um roteiro diferente que passeia pela Rota do Bourbon no Kentucky (EUA). O futuro é incerto, o passado nos define. Mas é no presente que vivem as oportunidades. Seguimos vigilantes, mas sem tirar os pés do chão. www.brasilturis.com.br | Brasilturis
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ENTREVISTA
No controle das informações
WOLMER GODOI Diretor técnico da Cipher
POR FELIPE LIMA
A
ascensão tecnológica vem possibilitando as mais diversas facilidades no dia a dia das pessoas – até para mal intencionadas. Lidar com dados pessoais na internet não vem sendo uma tarefa fácil, levando em consideração os distintos acessos a informações de usuários do mundo todo. No Turismo, dados pessoais são mais que essenciais para a finalização de uma reserva, seja de passagem aérea, hospedagem ou locação de automóvel, entre outros serviços. Por isso, a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPDP), que veio à tona em 2018, chegou para colocar novas regras com o objetivo de garantir um cuidado melhor com a guarda dessas informações. A Cipher, adquirida pela Prosegur em fevereiro de 2019, é especialista em proteção de dados e análises de risco. A empresa oferece uma gama de serviços para empreendimentos que desejam estar alinhados com a LGPDP, inicialmente prevista para vigorar a partir de agosto deste ano, mas que pode ter sua implementação adiada para 2022. Em entrevista exclusiva ao Brasilturis Jornal, Wolmer Godoi, diretor técnico da empresa, destrinchou a importância da lei para o setor turístico e explicou detalhadamente como funcionam algumas vertentes. Além disso, alertou que, por mais que o adiamento da lei aconteça, não é bom deixar pra última hora. Confira! Quais são as principais vantagens da Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais? A lei vem para tentar alinhar o mercado nacional com o internacional. O Brasil não foi nem o 100º país a aprovar a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais e toda a legislação internacional específica exige que as empresas contem com políticas 4
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equivalentes entre os países. Precisava disso, principalmente por conta das empresas internacionais, já que elas necessitam de intercâmbio de dados e não têm essa conexão com outros países. Aqui, o cumprimento da lei será fiscalizado pela Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD). A intenção do legislador é tentar dar aos usuários o poder sobre seus próprios dados. A importância é garantir que eles sejam tratados de uma maneira transparente, para que todos saibam o que está acontecendo. Sem a lei não havia nenhuma implicação direta para quem não fosse responsável com dados de terceiros. Agora, se isso acontecer, a empresa pode levar uma multa de até R$ 50 milhões, valor que pode levar à falência muitas empresas, inclusive no setor turístico. É preciso ser responsável. No turismo, a grande maioria das agências de viagens são empresas pequenas e familiares que estão preocupadas em prestar serviços personalizados para uma grande base de clientes. Essa retaguarda de controle dos dados nunca havia sido colocada em pauta, não teve muita preocupação com isso. Muitos hotéis, inclusive, até bem pouco tempo atrás, solicitavam que os hóspedes enviassem cópia do cartão de crédito por fax. O objetivo da lei é alterar essa dinâmica. Além disso, a lei exige que as empresas deixem claro qual é a finalidade da captação desses dados. A agência de viagens que vendeu um pacote ou roteiro, por exemplo, não pode repassar os dados do cliente para uma seguradora, com o objetivo que o viajante adquira um novo produto, sem permissão. Nem mesmo a própria empresa pode criar um e-mail marketing usando dados pessoais se não deixar clara essa intenção. Como a guarda de dados mais íntimos – como etnia, religião e orientação sexual – serão tratados pela ótica da nova lei? A lei se refere a informações de identificação pessoal, ou seja, aquelas que permitam o vínculo com uma determinada pessoa. E, como a lei prevê que qualquer dado necessita de uma tratativa mais segura, eles são divididos em dois grupos: dados pessoais e da-
dos pessoais sensíveis. O primeiro pode ser nomeado desta forma se ele for identificável. Já os dados pessoais sensíveis são esses citados na pergunta, além de biometria e genética, filiação a sindicato ou a partido político. São dados que, se revelados, podem trazer diversos tipos de constrangimentos, dependendo da situação. Segundo a lei, é necessário ter uma proteção ainda maior com esses dados do que os já tomados com os dados pessoais. Há um método certo ou uma fórmula para lidar com os dados e garantir a segurança deles? Como garantir a segurança? Criando dificuldade para chegar a essas informações. Imagine que você tem os dados pessoais dos seus clientes guardados em pastas dentro de uma sala com entrada permitida a apenas duas pessoas. Então, você está dando um tratamento com mais segurança, já que as informações não estão disponíveis a todos. Quando levamos esse mesmo exemplo para o mundo atual, com os negócios acontecendo na tela de computadores, o conceito tem de ser o mesmo. É preciso ter criptografia, não é qualquer pessoa que deve ter o acesso autorizado e, se os dados estiverem em sistema, será preciso armazená-los com um nível de segurança diferente e mais alto. No fim, o que você tem de mostrar à autoridade é que, no caso de um incidente, todas as medidas preventivas foram tomadas. Existem técnicas que uma empresa pode adotar para colocar sua segurança à prova. Assim como dados sensíveis, informações de menores de idade contam com um modo específico de proteção? A responsabilidade legal é dos pais. Então, o pai tem de tomar cuidado como coloca os dados dos filhos em meios digitais. Todas as plataformas têm regras explícitas sobre quando a criança pode ser considerada um usuário. Brasileiro gosta muito de usar redes sociais, mas não sabe trabalhar bem com essas plataformas. Na hora que uma criança faz inscrição em um site, ela irá compartilhar seus dados automaticamente. A empresa que
É preciso mostrar para uma autoridade que, no caso de um incidente, você tomou todas as preocupações necessárias
administra o site precisa garantir que essas informações sejam protegidas naturalmente, além de conseguir garantias que elas tenham a chancela dos pais. É primordial ter o consentimento dos responsáveis. E a empresa tem de guardar essa documentação. As agências de viagens pequenas e tradicionais estão integrando a tecnologia em seus negócios. Uma política de privacidade, então, é algo indispensável? Se tiver site, é bom não apenas ter a política de privacidade como deixá-la pública. A cadeia do Turismo tem uma infinidade de intermediários. É o GDS, é o site personalizado, é a companhia aérea... É uma série gigantesca. O ideal é olhar para o “seu pedaço da conversa”, a ponta da empresa que se comunica com o cliente. Deixe-o ciente, mostre como os dados necessários para concretizar a compra serão armanezados. Mesmo com o possível adiamento da LGPDP para 2022, o mercado precisa avançar em suas políticas de segurança? Esse movimento de prorrogar a LGPDP para 2022 gerou uma resposta de redução de investimento das empresas de uma maneira geral. Mas isso é um engano. A adequação à lei é um movimento global. Quem está “atrasando” esse investimento poderia optar por usar esse possível adiamento para diluir o valor em um maior tempo e fazer tudo de forma mais planejada. Deixando para última hora, ele vai pagar um preço mais alto e, ainda, correr o risco de não ter uma completa efetividade. Deixar pra última hora não é o ideal para esse mercado. A lei já está em rotatividade em outros países e, se a empresa não se adequar, ela ficará pra trás.
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AVIAÇÃO
Abutres da aviação Judicialização é um dos três maiores obstáculos para o desenvolvimento do setor aéreo no Brasil
POR ANA AZEVEDO E CAMILA LUCCHESI
A
que se deve creditar o crescente volume de processos em um setor com relatórios e pesquisas que comprovam eficiência em nível mundial? Uma vez que as empresas aéreas seguem investindo maciçamente em expansão e atualização estrutural, quais são os fatores que colaboram para o detrimento da aviação? Segundo especialistas, o vilão da vez é a judicialização do setor. Nos últimos três anos, os gastos com processos judiciais contra o setor aéreo cresceram dez vezes. A despesa que não chegava a R$ 30 milhões, em 2016, tem previsão de onerar os cofres do setor em R$ 300 milhões neste 2020, segundo informações da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear). A alta não significa, entretanto, uma vitória para os consumidores, que têm seus pleitos atendidos e seus problemas compensados. Ela está relacionada ao oportunismo de empresas que se aproveitam de brechas na legislação para lucrar. Há 32 sites que oferecem o serviço, segundo levantamento da Abear. Elas alegam que os atrasos são a causa mais comum das moções e ressaltam a validade da reclamação judicial para esperas que ultrapassam o período de quatro horas. O consumidor pode solicitar o recurso online e tem promessa de atualizações constantes por parte dos defensores. A média de conclusão dos casos é estimada pelas empresas entre dois e quatro meses (para
acordos) e de seis a 12 meses (para o recebimento da indenização). Eduardo Sanovicz, presidente da Abear, classifica esses sites que, de acordo com a associação, se aproveitam de atrasos e outras inconveniências para engordar seus caixas, como “abutres”. “Eles compram a causa do consumidor por R$ 2 mil e ganham de R$ 18 mil a R$ 20 mil com o processo”, afirma Sanovicz. A judicialização é considerada por especialistas como um dos maiores entraves para o desenvolvimento do transporte aéreo no País, ao lado do alto custo do querosene de aviação e da excessiva carga tributária que incide sobre a atividade. LEGISLAÇÃO PERMISSIVA A lei brasileira concede ao consumidor o direito de indenização por danos morais para inconvenientes ocorridos em viagens num período de cinco anos, prática que difere de outros mercados globais nos quais a compensação é limitada a perdas materiais. É a partir dessa premissa que os sites se aproveitam de ocorrências como overbooking e cancelamento de voos para incluir dano moral ao processo. Um dos grandes problemas é que, no Brasil, o dano moral não se restringe a propor uma indenização como forma de reparar um problema. Ele também serve para penalizar as corporações. “Entende-se, equivocadamente, que a imposição da obrigação de pagar indenização
São anúncios como esse que chamam atenção de consumidores que sentem-se lesados por problemas na operação aeroportuária 6
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por danos morais teria não apenas o escopo de indenizar o passageiro pelo dano presumido, mas também de punir o transportador aéreo pela conduta, apresentando o chamado ‘caráter punitivo pedagógico’, explica Ricardo Bernardi, consultor jurídico da Associação Internacional de Transportes Aéreos (Iata). Segundo o advogado, o sucesso dessas práticas controversas se dá porque a legislação brasileira pune as empresas, independentemente da motivação do atraso. “Há, no Brasil, uma jurisprudência sem paralelo no mundo, que acaba por punir companhias aéreas ao obrigá-las a indenizar passageiros em todas as situações de atrasos ou cancelamento de voo, mesmo aquelas causadas por motivos de segurança, nos quais a operação representaria risco”, reforça Bernardi. Os índices de pontualidade da aviação brasileira se equiparam e, muitas vezes, superam a média mundial. Vale lembrar que duas bra-
sileiras conquistaram boas colocações na “Liga da Pontualidade”, ranking global elaborado anualmente pela consultoria inglesa Official Airline Guide (OAG). Considerando a performance de 2019, a Latam ficou em quinto lugar entre as 20 empresas mais pontuais do mundo, com 86,41% de on-time performance (OTP), considerando também as low costs; Azul chegou à nona colocação na categoria low cost, com
Eduardo Sanovicz (Abear)
RANKING
COBERTURA
CIA AÉREA
OTP 2019
1
85,8%
GARUDA INDONESIA
95,01%
2
98,2%
COPA AIRLINES
92,01%
3
88,9%
SKYMARK AIRLINES
90,12%
4
99,1%
HAWAIIAN AIRLINES
87,40%
5
94,3%
LATAM AIRLINES GROUP
86,41%
6
96,6%
AEROFLOT
86,30%
7
89,2%
ALL NIPPON AIRWAYS
85,92%
8
94,2%
JETSTAR ASIA
85,48%
9
99,5%
SINGAPORE AIRLINES
85,32%
10
97,8%
THAI AIR ASIA
84,49%
RANKING
COBERTURA
CIA AÉREA
OTP 2019
1
89,9%
SKYMARK AIRLINES
90,12%
2
94,2%
JETSTAR ASIA
85,48%
3
97,8%
THAI AIR ASIA
84,49%
4
99,7%
SKY AIRLINE
83,42%
5
91,8%
JET2.COM
82,69%
6
92,5%
INDONESIA AIR ASIA
82,41%
7
80,4%
CITILINK INDONESIA
81,47%
8
92,6%
SUNEXPRESS
80,51%
9
99,6%
AZUL AIRLINES
80,40%
10
98,4%
EUROWINGS
80,20%
Fonte: “Liga da Pontualidade” da consultoria Official Airline Guide (OAG). O ranking superior indica as mais pontuais entre as empresas aéreas mundiais de todos os portes; o segundo mostra as mais pontuais entre as companhias low costs
80,40% de OTP no ano passado. “Mesmo assim, somos campeões mundiais em processos judiciais porque, no Brasil, as empresas são culpadas por questões que estão fora do nosso controle”, opina Marcelo Bento Ribeiro, diretor de Relações Institucionais e Alianças da Azul Linhas Aéreas. O mesmo acontece com extravio de bagagens, outro viés explorado pelas startups jurídicas. Segundo dados da Iata e da Abear, a média mundial relacionada à perda de malas é de 5,6 para cada mil embarques. No Brasil, o índice é de 2,4 – bem inferior ao desempenho global e atrás de mercados consolidados como os Estados Unidos, que acumulam 2,8 extravios a cada mil embarques. “Os juízes analisam ações cíveis na aviação pelo prisma do Código de Defesa do Consumidor, que não é o instituto mais específico para tratar o tema, o que acaba estimulando uma indústria de indenizações”, completa Sanovicz. A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) diz que compete ao judiciário se posicionar sobre a questão e afirma que não regula a judicialização de causas do setor, apesar de se declarar a favor da regularização legal com o objetivo de garantir a abertura de mercado e a competitividade no valor das passagens. “Defendemos a ampliação da parceria com órgãos do Sistema Nacional de Defesa do Consumidor para disseminar regras do setor e conscientizar passageiros sobre como usar de forma mais eficiente o sistema de transporte aéreo”, pontua Ricardo Catanant, superintendente de acompanhamento de Serviços Aéreos da Anac. O objetivo, segundo Catanant, é exatamente driblar a judicialização e incentivar a solução administrativa e extrajudicial de conflitos por meio de uma plataforma específica – www.consumidor.gov.br. O endereço propõe que os cidadãos se comuni-
Ricardo Catanant (Anac)
quem diretamente com as empresas em caso de problemas. As corporações participantes se comprometem a receber, analisar e responder as reclamações em até dez dias.
gens que superem 15 minutos do tempo estimado. FIM DOS ABUTRES
DESRESPEITO A TRATADOS Na opinião dos especialistas, o descumprimento, por parte do Supremo Tribunal Federal (STF), da Convenção de Montreal, atualmente em vigor em 132 países, contribui para a punição indevida às companhias aéreas. O tratado de 1999 foi aprovado pelo Congresso Nacional e sancionado pela Presidência da República, em 2006. O uso dessa brecha na lei será responsável pelo ônus milionário ao setor em 2020, o que resulta, por consequência, em uma alta de R$ 3 a R$ 4 no valor dos bilhetes para recuperar o montante subtraído com as indenizações, segundo informação da Abear. “A justiça está sendo utilizada por estas empresas de fomento à judicialização como meio para enriquecimento sem causa às custas da comunidade de contribuintes. Pleiteiam valores desproporcionais por danos morais que inexistem, na busca por ganhos que não encontram paralelo no planeta. E a conta fica para a sociedade”, enfatiza o advogado da Iata. Conforme dados levantados pela Junta dos Representantes das Companhias Aéreas Internacionais do Brasil (Jurcaib), as aéreas nacionais Avianca, Azul, Gol e Latam, juntas operaram 2.320 voos diários pelo País, em 2017, e receberam 63.045 processos ajuizados por passageiros. No mesmo ano, duas empresas norte-americanas receberam 2.859 ações por questões ocorridas no Brasil - onde operaram dez voos diários - contra 426 processos aplicados em território norte-americano – com 10 mil voos por dia. “À medida em que a judicialização aumenta e passa a impactar significativamente nos custos das aéreas, há desincentivo a investimentos e à vinda de novas empresas para o País, o que faz com que o consumidor perca a chance de se beneficiar das vantagens que a concorrência mais acirrada traria: mais opções de serviços e menores preços”, pontua Bernardi. Em 2019, a Latam recebeu 47% mais processos judiciais que no ano anterior. “Além disso, do total de processos registrados em todo Grupo Latam Airlines, cerca de 95% estão concentrados no Brasil. Os gastos com processos judiciais têm
Ricardo Bernardi (Iata)
crescido mais de 70% por ano e, consequentemente, acabam refletindo no valor das passagens”, declara a Latam Airlines Brasil. PONTUALIDADE (QUASE) BRITÂNICA Segundo o relatório final da Operação Fim de Ano 2019/2020, divulgado em 15 de janeiro pelo Ministério da Infraestrutura, o índice de pontualidade das aéreas brasileiras entre 16 de dezembro de 2019 e 10 de janeiro de 2020 ficou em 94,85%. Os dados foram fornecidos pelo Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea) e operadores aeroportuários. O documento aponta ainda o percentual médio de atraso em 5,15%, abaixo do registrado na alta temporada anterior. O Decea ressalta que entre 8 de dezembro de 2019 e 7 de janeiro de 2020 foram realizados 97.797 voos, incluindo 18,3 mil novas operações. A Comissão Nacional de Autoridades Aeroportuárias (Conaero) reafirma a alegação. O período da alta temporada é reflexo dos bons índices de pontualidade nacional, evidenciado também pelos aeroportos no ranking de pontualidade da OAG. O Aeroporto Internacional de Guarulhos (GRU), ocupa a quarta posição entre os mega terminais, com atendimento superior a 20 milhões de pessoas. Na categoria grande porte (10 milhões a 20 milhões) aparecem os aeroportos de Brasília e São Paulo – Congonhas. O ranking traz ainda o quesito médio porte (5 milhões a 10 milhões), com Recife no sétimo lugar, Rio de Janeiro em nono, Belo Horizonte em décimo e Rio de Janeiro – Santos Dumont em 15°. Por último aparecem os pequenos aeroportos com demanda de 2,5 milhões de pessoas, no qual Fortaleza surge em 11° e Curitiba em 18° lugar. É considerado atraso os pousos e decola-
“A medida adequada para evitar essas ações não é outra senão a conscientização do Judiciário acerca das particularidades do transporte aéreo, para que se altere a jurisprudência, hoje completamente equivocada. Assim, se impede a concessão do dano moral automático e punitivo em situações de atrasos de voo, honrando o tratado internacional firmado pelo Brasil, a Convenção de Montreal, de 1999”, propõe o consultor jurídico da Iata. De acordo com a Anac, dados do mercado indicam que as empresas aéreas brasileiras detêm 3% das receitas mundiais do setor e 80% das causas totais judicializadas pelos usuários. “A Iata vê com muita preocupação a ausência de segurança jurídica que resulta da negativa de vigência das normas e princípios previstos na Convenção de Montreal e urge os tribunais brasileiros a assegurar vigência ao tratado, como já decidiu o STF ao julgar o Tema 210, e como fazem os 132 países do mundo que consideraram ser este o sistema ideal para regular, de forma justa e harmônica, a responsabilidade civil do transportador aéreo”, finaliza Bernardi. O Tema 210 refere-se à decisão do Plenário do Supremo Tribunal Federal, em 2007, na votação do Recurso Extraordinário (RE) 636331 e do RE com Agravo (ARE) 766618 (Tema 2010), que resultou na seguinte definição: “Por força do artigo 178 da Constituição Federal, as normas e tratados internacionais limitadoras da responsabilidade das transportadoras aéreas de passageiros, especialmente as Convenções de Varsóvia e Montreal, têm prevalência em relação ao Código de Defesa do Consumidor”.
Marcelo Bento Ribeiro (Azul) www.brasilturis.com.br | Brasilturis
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AGÊNCIAS E OPERADORAS
Alerta mundial Surto de coronavirus desencoraja viagens à China; conselho mundial recomenda cautela e empresas oferecem alternativas aos passageiros com bilhetes emitidos POR CAMILA LUCCHESI*
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m surto sem precedentes. Foi assim que a Organização Mundial da Saúde (OMS) categorizou o novo coronavírus, elevando a situação a uma “emergência de saúde pública de interesse internacional”. Ainda sem casos confirmados, o Brasil tinha nove suspeitas de contaminação, em 30 de janeiro. Em Brasília (DF), o ministério da Saúde, reforçou que o momento é de precaução - sendo desaconselhadas viagens que não sejam essenciais à China -, elevou o nível de alerta para “perigo iminente” e destacou que tem um plano de contingência caso algum paciente tenha o diagnóstico confirmado no País. O vírus tem causado apreensão em todo o mundo pela rapidez com que vem se proliferando desde o surgimento do primeiro caso, na cidade chinesa de Wuhan, em 31 de dezembro de 2019. Até 30 de janeiro, o novo coronavírus havia matado 213 pessoas na China e contaminado quase dez mil indivíduos em 23 países, segundo um mapa em tempo real que foi criado pela universidade John Hopkins, com base em dados da OMS. Para o Conselho Mundial de Viagens e Turismo (WTTC, da sigla em inglês), o momento não é de pânico, mas de cautela, já que qualquer conclusão agora é precipitada. “O surto pode ter um impacto econômico prejudicial e duradouro no setor global 8
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de viagens e turismo, a menos que lições sejam aprendidas com epidemias virais anteriores”, afirma Gloria Guevara, presidente e CEO do órgão. Especialistas do WTTC estudaram o tratamento dado a epidemias virais no passado e afirmam que o tempo médio de recuperação de um destino varia de 10 meses a 19 meses, de acordo com a forma como o tema é conduzido. Ainda é preciso monitorar a disseminação para ter um panorama mais completo. O que já se sabe é que ela está se espalhando mais rápido do que a Síndorme Respiratória Aguda (Sars) e a Síndrome Respiratória do Oriente Médio (Mers), epidemias provocadas por outros dois tipos de coronavirus, respectivamente em 2002 e 2012. O que tem causado certo alívio é que a letalidade é bem menor, segundo explica Alexandre Piva Sobrinho, médico infectologista, pesquisador e professor da disciplina na Universidade Cidade de São Paulo (Unicid). “Por enquanto o índice de mortalidade do novo coronavírus está entre 2 e 3%. A Sars apresentou o índice de 9,5% e a Mers 34,5%, segundo a OMS”, esclarece. O Conselho defende que o gerenciamento eficaz requer a ativação rápida de planos de emergência, o que foi prontamente cumprido pelas autoridades chinesas. “Comunicação rápida, precisa e transparente tam-
bém é crucial para conter o pânico e mitigar perdas econômicas negativas. Contenção da propagação de pânico desnecessário é tão importante quanto parar o próprio vírus”, finalizou Gloria. Atualmente, o país asiático é o maior emissor global de turistas, com 141 milhões de viajantes internacionais por ano. No Brasil, segundo dados do Ministério do Turismo, o número de ingressos de chineses chega a 60 mil por ano. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) afirmou estar atenta à situação em portos e aeroportos brasileiros, mas reforçou que só realiza inspeções após a notificação de um caso suspeito de tripulante ou passageiro – o que ainda não ocorreu. Nos Estados Unidos, que já têm cinco casos confirmados, diversos aeroportos fazem aferição da temperatura dos viajantes que vêm da China e o Centro de Controle de Doenças (CDC) recomenda que os cidadãos norte-americanos evitem viagens à região. Na Europa, os aeroportos também estão investindo em monitoramento, de acordo com dados divulgados pela Associação Europeia de Turismo (Etoa). ISENÇÃO DE TAXAS Não há como avaliar os impactos ainda, já que tudo depende de quan-
to tempo será necessário para controlar a situação e frear a proliferação do vírus. A Associação Brasileira das Agências de Viagens (Abav Nacional) informou que também está repassando todos os comunicados aos associados para permitir que eles atualizem seus clientes em relação a possíveis remarcações de bilhetes. A Associação Brasileira das Operadoras de Turismo (Braztoa) respondeu, por meio de nota enviada à redação do Brasilturis Jornal, que a situação está sendo monitorada e avaliada, caso a caso, junto às operadoras. “Mas, neste momento, para as viagens mais próximas, a medida sugerida é remanejamento ou cancelamento. Isso não se aplica aos destinos do Sudeste Asiático e Japão, regiões que estão em constante monitoramento, mas ainda sem muitas mudanças”, destaca o texto. Enquanto as autoridades monitoram a situação e tomam as medidas necessárias para evitar uma pandemia, as empresas do segmento de viagens desoneram os viajantes de cancelamentos ou alteração de itinerário em bilhetes já emitidos. A Braztoa reforça que existe uma “união do setor” no que diz respeito à isenção de taxas para cancelamentos e adiamentos, inclusive entre as companhias aéreas. Uma das primeiras a se pronunciar foi a Turkish Airlines. A compa-
nhia oferece reembolso integral para viagens que têm como destino os aeroportos de Pequim (PEK), Xangai (SHA) e Guangzhou (CAN) entre 24 de janeiro e 29 de fevereiro de 2020; clientes que desembarcariam no aeroporto de Hong Kong (HKG) entre 27 de janeiro e 29 de fevereiro de 2020 também têm direito a receber de volta todo o valor pago. A remissão da reserva sem cobrança de multa ou diferença tarifária é uma alternativa oferecida – contanto que a viagem seja finalizada até 31 de maio. O grupo Lufthansa – detentor das marcas Lufthansa, Swiss e Austrian Airlines – decidiu suspender todos os voos de e para a China continental até 9 de fevereiro. Passageiros das três aéreas com passagens emitidas até 23 de janeiro para viagens entre 24 de janeiro e 29 de fevereiro poderão remarcar seus voos para a rota original ou solicitar o cancelamento da viagem, sem cobranças adicionais, até 30 de setembro de 2020. As operações do grupo em Hong Kong seguem inalteradas. A Air Canada também se manifestou e, seguindo orientações do Conselho do Governo do Canadá, orientou os viajantes a evitar viagens não essenciais para a China continental. A aérea irá suspender todos os voos diretos para Pequim e Xangai entre 30 de janeiro e 29 de fevereiro de 2020. Em nota, a companhia afirmou que os clientes afetados serão notificados e poderão optar entre viajar com outra transportadora ou ter reembolso total do bilhete. A British Airways foi outra que seguiu a recomendação governamental para suspender as ligações aéreas com o país asiático. American Airlines suspendeu os voos para Pequim e Xangai, entre 9 de fevereiro e 27 de março, mas mantém a ligação entre Los Angeles e Hong Kong. Já a United Airlines can-
celou as 24 frequências que ligavam os Estados Unidos a Pequim, Hong Kong e Xangai, medida válida até 8 de fevereiro, inicialmente. Com cinco casos confirmados até agora na França, a Air France mantém a operação para Xangai e Pequim, mas cancelou os três voos semanais para Wuhan, epicentro do vírus. Em nota oficial, a Emirates Airline afirmou que mantém suas operações para a China – concentradas em Wuhan, Xangai, Pequim e Guangzhou - e segue monitorando a condição de saúde dos passageiros e da tripulação. Como alternativa aos que se sentirem inseguros em voar, a companhia oferece aos clientes com bilhetes emitidos antes de 24 de janeiro deste ano a possibilidade de alterar a data, o destino ou solicitar reembolso para viagens aos destinos
mencionados, com embarque até 6 de fevereiro (de/para Xangai, Pequim e Guangzhou) e 23 de fevereiro (nas viagens de/para Wuhan). Já a Air China informou que oferece as opções de remarcação ou reembolso sem cobrança de taxas para todos os bilhetes, com número inicial 999, adquiridos antes da meia noite de 28 de janeiro deste ano – sejam eles operados pela própria Air China ou por um parceiro que utilize o código CA - e com data de embarque a partir de 1º de janeiro. CRUZEIROS REALOCADOS A Associação Internacional dos Cruzeiros (Clia) informa que todos os navios com embarque na China tiveram as saídas canceladas ou realocadas entre o fim de janeiro e meados
APRENDENDO COM O PASSADO Não é a primeira vez que autoridades se unem para debater formas de evitar uma epidemia global. A rapidez na proliferação de um vírus ou de uma bactéria preocupa a humanidade desde a pandemia de peste negra, no século 14. Entre os casos mais recentes, estão a Síndrome Respiratória Aguda (Sars), em 2002-2003; a Gripe Suína (H1N1), em 2009; a Síndrome Respiratória do Oriente Médio (Mers), em 20122013; e o Ebola, em 2013-2014. Segundo o Conselho Mundial de Viagens e Turismo (WTTC, da sigla em inglês), o tempo médio de recuperação de um destino vítima de epidemias virais varia de 10 meses a 19 meses, de acordo com a forma como o tema é tratado. O impacto econômico mundial do H1N1 foi estimado em US$ 55 bilhões e as consequências mais drásticas se concentraram no México, que perdeu cerca de US$ 5 bilhões em receitas turísticas. O surto de Sars custou entre US$ 30 bilhões e US$ 50 bilhões para o setor global de viagens, especialmente à China, Hong Kong, Singapura e Canadá. Em 2003, somente a China viu o PIB do Turismo despencar 25% e acumulou perda de 2,8 milhões de empregos no setor. Segundo a Associação Internacional do Transporte Aéreo (Iata, da sigla em inglês), as transportadoras da região da Ásia-Pacífico que registraram queda de 44% no RPK (demanda) em abril de 2003, na comparação com o mesmo mês de 2002. No mesmo período a ASK (oferta) saiu 12,6%, o que levou à queda de 28% na taxa média de ocupação, que chegou a 48%.
de fevereiro. A entidade informou, ainda, que todas as suas associadas suspenderam a movimentação de tripulantes da China continental e negarão o embarque a qualquer indivíduo que tenha passado pelo país até 14 dias antes do início do surto. Sem casos suspeitos, Norwegian Cruise Line (NCL) e MSC Cruzeiros informaram que adotaram medidas adicionais para garantir o bem-estar de hóspedes e tripulantes. NCL cancelou todas as saídas da China continental e está fazendo o escaneamento térmico de todos os clientes com embarque em Hong Kong - hóspedes que registrarem temperatura corporal superior a 38ºC não poderão embarcar. A MSC realiza o escaneamento térmico obrigatório pré-embarque em todos os portos onde atua e proíbe quem tenha passado pela China continental em um intervalo de 30 dias de ingressar no navio. O MSC Splendida, alocado na Ásia, suspendeu as próximas viagens com embarque em Xangai e será realocado para Singapura, onde inicia o cruzeiro de 27 noites para o Oriente Médio e Europa, com partida em 14 de fevereiro. A Costa Cruzeiros informou que os dois casos suspeitos a bordo do Costa Smeralda foram descartados - o diagnosticado foi confirmado como gripe comum. A armadora cancelou nove viagens da China que estavam marcadas para sair até o início de fevereiro. *Colaboraram Ana Azevedo e Lucas Kina PAÍS
CHINA TAILÂNDIA HONG KONG JAPÃO SINGAPURA TAIWAN AUSTRÁLIA MALÁSIA MACAU COREIA DO SUL ESTADOS UNIDOS FRANÇA ALEMANHA EMIRADOS ÁRABES CANADÁ VIETNÃ ITÁLIA CAMBODJA SRI LANKA NEPAL FINLÂNDIA ÍNDIA FILIPINAS TOTAL DE CASOS:
CASOS CONFIRMADOS
9.658 14 12 11 10 9 9 8 7 6 6 5 4 4 3 2 2 1 1 1 1 1 1 9.776
Fonte: John Hopkins University e OMS, 30 de janeiro de 2020
EM TEMPO REAL
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AGÊNCIAS E OPERADORAS
Brand USA tem funcionamento aprovado até 2027 POR CAMILA LUCCHESI
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pós um intenso trabalho de convencimento, o Brand USA foi autorizado pelo governo a funcionar até setembro de 2027, mês que marca o fim do ano fiscal no país. Financiada com um mix de verba federal e investimentos da iniciativa privada, a organização de promoção internacional do turismo dos Estados Unidos dependia de aprovação do Congresso norte-americano para dar continuidade aos trabalhos mundo afora. “A reautorização permite ao Brand USA continuar inspirando viajantes internacionais a visitar os Estados Unidos, o que ajuda a manter milhares de empregos em comunidades de todo o país”, comemorou Christopher Thompson, presidente e CEO do Brand USA. O processo de convencimento dos parlamentares ganhou apoio da US Travel Association, por meio da Visit US Coalition, um grupo criado por associações de diversos setores da economia que ajudaram a reforçar os efeitos benéficos da indústria de viagens para a saúde financeira do país. “Enquanto o déficit comercial bateu recorde de US$ 622 bilhões, a indústria de viagens teve superávit de US$ 69 bilhões em 2018. Sem a atuação desse segmento, o desempenho geral dos Estados Unidos teria sido 11% pior”, disse Tori Barnes, vice-presidente executiva de Políticas Públicas da US Travel Association, durante o IPW 2109, feira de negócios voltada à promoção do turismo norte-americano para mercados estrangeiros. Inicia-se um novo capítulo na história do órgão criado em 2010, reautorizado em 2013 e, agora, novamente liberado para funcio-
Marcelo Kaiser 10 Brasilturis
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namento. Nos últimos seis anos, as campanhas direcionadas à captação de visitantes internacionais em mercados estratégicos adicionaram 52 mil empregos à economia do país e levaram mais 6,6 milhões de visitantes, com estimativa de impacto econômico de US$ 47,7 bilhões. O Brand USA tem participação ativa em 40 mercados globais e escritório fixo em 19 deles - incluindo o Brasil, por meio da Aviareps. A notícia foi comemorada por Marcelo Kaiser, gerente geral no País, que também adiantou os planos da organização para o trade nacional. “Os resultados obtidos pelo Brand USA nos últimos anos mais do que justificam a renovação, visto que a entidade não apenas trouxe um grande crescimento no número de turistas internacionais, como também se consolidou como a principal plataforma para diversos stakeholders dos Estados Unidos se promoverem internacionalmente”, disse o executivo ao Brasilturis Jornal. O País receberá mais uma vez o Brand USA Roadshow que, neste ano, será realizado em nove cidades brasileiras. O Rio de Janeiro (RJ) abre a série com uma megacapacitação em 18 de março e Uberlândia (MG) fecha o ciclo, em 16 de julho. A organização de marketing também confirmou participação na WTM Latin America - entre 30 de março e 2 de abril, em São Paulo (SP) - e na Festuris - de 5 a 8 de novembro, em Gramado (RS). Não há planos para repetir o megafamtour com operadores brasileiros neste ano; se confirmada, a viagem pode acontecer em 2022 ou 2023. Com 2,2 milhões de viajantes em 2018, o Brasil é o quinto emissor internacional para os Estados Unidos – excluindo os vizinhos Canadá e México. O resultado apurado e revisado pelo departamento de análises do Escritório Nacional para Viagens e Turismo (NTTO, da sigla em inglês) indica crescimento de 15% em relação a 2017. O número oficial de 2019 ainda não foi confirmado, mas dados preliminares indicam estabilidade – tanto em termos de resultado quanto em posicionamento no ranking de emissores.
FOCO EM QUALIDADE A extensão no deadline para recebimento de fundos privados que permite a continuidade dos trabalhos de promoção é ainda mais importante agora, quando o Turismo norte-americano passa por um momento desafiador em termos de competividade. Segundo o Departamento de Comércio, os Estados Unidos viram seu market share em viagens internacionais cair de 13,7% (em 2015) para 11,7% (em 2018). A queda foi atribuída a uma conjuntura que inclui fortalecimento da moeda norte-americana, iniciativas para restringir a entrada de visitantes de países muçulmanos, episódios de tensão comercial e a entrada de novos competidores no mapa do turismo mundial. Em 2018, o país recebeu 79,6 milhões de turistas estrangeiros, enquanto destinos líderes, como Espanha e França atraíram 82,6 milhões e 90 milhões, respectivamente. O ano marcou aumento de 3,5% na visitação internacional, enquanto a média global cresceu 7%. Os números não importam tanto, já que os Estados Unidos seguem na liderança isolada em termos de receitas – a arrecadação, em 2018, foi de 256 bilhões de dólares, bem à frente dos 102 bilhões conquistados pela Espanha - e vêm adotando estratégias de valorização de seus produtos turísticos, apostando mais em experiências exclusivas. Uma das estratégias é a criação de campanhas para despertar no viajante o desejo de conhecer um lado que ainda não é tão explorado por estrangeiros nos Estados Unidos. Nessa receita que segue a tendência comportamental dos viajantes, destinos consolidados se unem a ilustres desconhecidos para criar um mosaico de possibilidades por todo o território norte-americano. De quebra, inclui uma nova plataforma para promover o país: o cinema. A cada dois anos, um novo filme Imax é lançado, em parceria com a MacGillivray Freeman, e estreia nos países que são chave para o desenvolvimento do turismo norte-americano. “National Parks Adventure” (2016), “America’s Musical Journey” (2018) e, agora, “Into
Chris Thompson
America’s Wild” (com estreia prevista para o dia 14 deste mês, em Washington DC) exploram a diversidade de paisagens, atividades ao ar livre, gastronomia e experiências culturais tipicamente norte-americanas. A iniciativa se mostrou acertada, segundo dados de uma pesquisa realizada pela Phocuswright e pela Oxford Economics e conduzida nos mercados do Brasil, Canadá, China, Alemanha, México e Reino Unido. O primeiro documentário atraiu 172.335 novos viajantes internacionais aos Estados Unidos, com impacto de US$ 1,5 bilhão aos cofres do país. O mais novo filme não deve entrar em cartaz no Brasil, mas teve première em São Paulo, em setembro de 2019, e vem sendo promovido em outros mercados nacionais desde o fim de janeiro. Convidados do Brand USA em Porto Alegre (RS), Curitiba (PR), Rio de Janeiro (RJ), Belo Horizonte (MG) e Salvador (BA) puderam conferir o enredo, um chamado para que os viajantes se conectem com a natureza e busquem criar suas próprias histórias ao ar livre pelo país. A organização também tem um canal de televisão digital próprio – a Go USA TV – e desenvolve campanhas como o “Ask a Local”, que destaca os moradores das localidades como as maiores autoridades para falar sobre os atrativos de suas cidades ou regiões. A meta do Brand USA é levar 100 milhões de viajantes estrangeiros para os Estados Unidos até 2021.
ROADSHOW BRASIL 2020
MARKETING
Turismo de luxo: O que esperar em 2020?
E
xiste um segmento de mercado que é menos impactado com instabilidade na economia, mas não deixa de se transformar ano após ano: o turismo de luxo. Isso não é novidade para ninguém, assim como o fato de que existem atributos que são inerentes ao mercado de alto padrão desde que o primeiro rico decidiu ir de uma localidade a outra: exclusividade, excelência em serviço, tecnologia mais avançada e tradição. Desde o passado longínquo, há diferenças em nível de conforto oferecido para os viajantes abastados e para os “meros mortais”. Conta-se que, mesmo durante o êxodo mosaico, houve quem carregasse sua trouxa a pé até a terra prometida, outros que foram de carroça e aqueles que deixaram o Egito em liteira carregadas por servos, bebendo vinho e comendo damasco. Isso acontece porque o turismo de alta renda tenta minimizar o estresse e prestigiar o cliente que paga mais. E o que esse cliente espera para os próximos tempos? Sabe-se que sustentabilidade se tornou atributo obrigatório para uma marca high end - grifes como Prada, Gucci e Louis Vuitton incorporaram conceitos de responsabilidade ambiental e social em suas estratégias. A elite mundial percebeu a conexão entre sua saúde e o planeta doente. Sente-se desconfortável ao ostentar para um grupo de pessoas que passam fome. Percebeu que aquecimento global não é papo de ambientalista quando produtores de vinhos de Bordeaux mostraram-se preocupados com o futuro das grandes safras. Entendeu que o preconceito contra gays, mulheres, negros e pessoas com deficiência pode constranger seus próprios familiares, como aconteceu nas monarquias europeias. Já sabe também que a busca por autoconhecimento e as curas emocionais não se dão por meio do consumismo desenfreado, mas em experiências que relativizam a realidade. Daí o crescimento na procura por viagens transformadoras e com consciência, com foco em espiritualidade - não necessariamente religiosa. Esses dois fatores fizeram crescer a busca por Corumbau em detrimento a Trancoso (ambas na Bahia) ou de Butão na comparação com Tóquio. Percebe-se também a busca por viagens de luxo em grupos: amigos e familiares, inclusive multigeracionais. Os mochileiros dos anos 1990 e 2000 agora preferem viajar com pais e filhos ou com amigos que têm gostos parecidos. A prática de torcer o nariz para crianças no lobby está ficando ultrapassada entre concierges de hotéis de alto padrão.
Nesse mesmo espírito, os pets ganham relevância. E, mesmo em épocas de aplicativos e OTA, a consultoria de viagem não perdeu espaço. Precisou, apenas, se reformular. Consultores especializados em viagens de luxo relatam que não perderam clientes, ganharam mais trabalho. Se o número de fontes para viagens cresceu e a tecnologia também se sofisticou, a necessidade por serviço customizado triplicou. Uma tendência que continua em 2020.
América Central e do Sul, assim como a Ásia, ganham ainda mais espaço durante o ano. O Oriente Médio veio para tirar muitos clientes dos hubs europeus. E os destinos de compras para ricos vão perder espaço para aqueles voltados a experiências. Logomania, excessos e exibição são atributos de influenciadores digitais que ganham tudo de graça e falam com população C e D. Os “ricos de verdade” caminham na contramão do que é popular. Essa é e sempre foi a lógica do mercado.
Ricardo Hida CEO da Promonde, formado em administração e pós-graduado em comunicação ricardo@promonde.com.br
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HOTELARIA
Restaurante principal reúne gastronomia local
O complexo possui 1,17 milhão de metros quadrados
Serviço de chalana é disponibilizado aos clientes
Apostas assertivas e resultados notórios Malai Manso Resort investe na ampliação do centro de eventos, cria novas opções de lazer e foca em consolidação sustentável POR FELIPE LIMA
S
ituado na Chapada dos Guimarães (MT), Malai Manso Resort completou três anos de operação em janeiro. Para comemorar, o empreendimento deu início às obras de ampliação do seu centro de convenções que, no layout atual, recebe eventos para até 480 pessoas. Com aporte de R$ 10 milhões, o novo espaço corporativo deve ser inaugurado em novembro e permitirá ao meio de hospedagem ampliar o escopo para encontros de até 1.880 pessoas. Mais do que aumentar a frequência dos eventos, o investimento visa atrair um perfil mais robusto de encontro. “Queremos ter os eventos grandes conosco para, consequentemente, gerar mais receita”, ressalta Ricardo Gouveia, diretor comercial do Malai Manso. Serão exatos 3.015 metros quadrados divididos em três espaços - Ballroom Pantanal, Ballroom Cerrado e Espaço Amazônia. Todos são modulares e podem se dividir para criar 11 ambientes diferentes para eventos, o que torna a área adequada para diferentes ocasiões – de exposições de automóveis a festas sociais, passando por palestras e convenções em formato auditório. Segundo Gouveia, os eventos representam 40% da receita do resort atualmente. “Lazer vai con12 Brasilturis
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tinuar sendo o nosso forte, mas a ideia é crescer em ambos os setores de forma equiparada”, destaca. O diretor avalia que 60% dos eventos sediados no Malai Manso vêm do agronegócio, seguido pelos setores farmacêutico e automobilístico. Para conquistar novos clientes, a propriedade tem representantes em São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná e Brasília (DF). “É um time focado 100% na captação de eventos”, conta. Além do centro de convenções, um novo espaço para sediar eventos chegou à propriedade neste mês. Trata-se de uma chalana, embarcação de fundo plano típica do Mato Grosso, que chegou ao Malai Manso há três meses, mas está disponível somente para a realização de ações exclusivas. Ela recebe de 80 a 150 pessoas simultaneamente a bordo e, por conta da estrutura, pode se adequar aos distintos perfis de eventos. Entre os eventos já programados para os próximos meses, Gabriel Ferreira, proprietário da Companhia da Aventura, empresa parceira do resort e responsável pela oferta, destaca um casamento marcado para abril. De acordo com ele, sete eventos já foram realizados. “Na segunda quinzena de fevereiro, começaremos a oferecer a estrutura para os hóspedes”, declara o executivo. A ideia é que
a chalana ofereça pacote de navegação com bebidas e aperitivos a bordo, mas a equipe ainda não determinou os valores. Além da chalana, a Companhia da Aventura é responsável por outras atividades, como passeio de lancha, paraquedismo, rapel, cachoeirismo, mergulho, rafting, paramotor, river sup, entre outros. A parceria com o Malai Manso funciona desde o soft opening do resort, em agosto de 2016. APOSTA LOCAL Em entrevista ao Brasilturis Jornal, Gouveia declarou que a receita do resort cresceu 36% em 2019. “O resultado foi possível
Ricardo Gouveia
pela continuidade de um trabalho realizado com o público local”, diz, ressaltando que os visitantes do Mato Grosso correspondem a 70% do público atualmente. “Muitas empresas não valorizam o próprio mercado e, hoje, o estado é um dos que mais apresentam crescimento na comparação com outros emissores nacionais”, complementa. Para 2020, o resort prevê crescimento de 20%, pautado na combinação de manutenção do investimento no viajante local e apostas em outros estados brasileiros ainda pouco explorados, como Mato Grosso do Sul, Brasília, Goiás, Rondônia, Piauí e Pará. “Não deixaremos de trabalhar os arredores. O mercado primário é o que mais
proporciona resultados”, defende. O mercado internacional não está no foco do empreendimento, mas o diretor comercial admite estar esperançoso com a possibilidade de atrair um novo público a partir da ligação aérea entre Cuiabá e Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia. Muito especulada, a rota não tem previsão concreta de início, já que o aeroporto de Cuiabá, recentemente assumido pela Centro-Oeste Airports, ainda precisa de habilitação. Nas festividades de final de ano, a propriedade registrou 100% de ocupação – tanto no Natal quanto no réveillon. Para o carnaval, que acontece neste mês, o resort já tem 95% de ocupação e prevê totalidade para o período. Os principais canais de reservas são diretos, que respondem por 50% das vendas, sendo 40% oriundos da central de vendas e 10% pelo site do empreendimento. Os outros 50% se dividem pelos outros canais, sendo 22% de operadoras, 14% de agências de viagens e 6% de online travel agencies (OTA). PLANO DE EXPANSÃO A propriedade conta com as mais diversas opções de entretenimento, incluindo shows noturnos, arco e flecha, arvorismo, piscinas com água natural e aquecida, danceteria, entre outras opções. No final do ano passado, o empreendimento ofereceu uma área de cassino aos seus hóspedes. O contrato com a empresa Cassinera, responsável pela diversão na jogatina, terminou no início deste mês. A previsão é que o serviço tenha continuidade, conforme declara Paula Rangel, representante da empresa responsável pelo espaço no empreendimento. “A gente espera dar continuidade ao nosso trabalho, principalmente por conta da aceitação dos hóspedes, que podem se divertir com os jogos de cassino sem apostar com dinheiro de verdade”, avalia. As crianças podem aproveitar o playground infantil aquático e atividades com monitores em meio ao 1.170 milhão de metros quadrados do empreendimento. Gouveia declarou, com exclusividade para o Brasilturis Jornal, que o Funplace deve ter suas obras iniciadas em 2021. “Nossos investimentos não param de crescer”, comemora. O público com idade mais avançada também está no planejamento do Malai Manso, que anunciou
Flutuação é uma das atividades de lazer oferecidas em Nobres
ECOTURISMO REGIONAL O Malai Manso está localizado em uma região rica em oferta de atividades de turismo de aventura. Em Nobres, as águas cristalinas chamam atenção dos visitantes, que podem realizar flutuações, boia cross, balonismo, tirolesa e muitas outras atividades disponibilizadas por empresas locais. O contato com a natureza é constante, inclusive nos lagos. Peixes como dourado, paulistinha e piraputanga já se acostumaram com a presença humana e ficam próximos aos visitantes que querem aproveitar uma prática subaquática. Na Chapada dos Guimarães, as trilhas chamam a atenção de aventureiros que gostam de ser recompensados com belas paisagens e um refrescante banho de cachoeira. Mais uma vez, a fauna ganha protagonismo com a presença de cotias e macacos-prego pelos caminhos. Os visitantes que não dispensam um contato mais próximo com a natureza local podem acampar em trilhas para conferir a vista noturna, contanto que estejam acompanhados por um guia de Turismo especializado. A natureza do Mato Grosso foi destaque do Brasilturis Jornal em agosto de 2019. Escaneie o QR Code ao lado e confira todas as opções.
que, a partir de março, dedicará uma semana de cada mês a atividades voltadas exclusivamente para a terceira idade. “Estamos dando início ao programa aos poucos, estudando exatamente como vamos oferecer essas atividades, mas acreditamos que ele vai trazer ótimos resultados”, adianta o diretor. CONSOLIDAÇÃO SUSTENTÁVEL O Malai Manso ganhou destaque em 2019 pela forte aposta em sustentabilidade, com a instalação de 6.616 placas solares que tornaram o resort brasileiro o primeiro empreendimento de sua categoria a operar 100% com energia solar. As placas são responsáveis por 350 mil KWH de energia elétrica e, além
de reduzir a emissão de gás carbônico na atmosfera, o investimento gerou economia de R$ 322 mil por mês ao resort. Essa é só uma das iniciativas do empreendimento em prol do meio ambiente. De acordo com Monaliza Sehn, gestora ambiental do Malai Manso, o resort prioriza questões relacionadas à sustentabilidade desde o desenvolvimento do projeto. Na criação, a equipe teve de atender a 12 requisitos, como preservação da fauna local. Ao longo do tempo, essas exigências caíram pela metade, resultado das atitudes positivas. Hoje, além de não contar mais com canudos plásticos, o empreendimento tem um centro de tratamento de esgoto próprio, realiza a conversão de restos de
alimentos em adubo e se responsabiliza pela reciclagem de lixo. Esse trabalho é todo feito em parceria com os funcionários, que são bonificados com renda extra pelas ações. O meio de hospedagem tem ainda uma horta orgânica que responde por 60% das ervas e temperos usados na culinária local. Neste ano, a intenção é trabalhar em parceria com os próprios hóspedes do resort, investindo em comunicação e conscientização do trabalho já realizado pelo Malai Manso. Assim como os funcionários, a ideia é oferecer vantagens e benefícios que também incentivem os visitantes a colaborar com as atividades sustentáveis. Brasilturis Jornal viajou a convite do Malai Manso Resort www.brasilturis.com.br | Brasilturis 13
Aventure-se em abundância
tes paradas em áreas populares.
E
mbarque em montanhas-russas de classe mundial no Busch Gardens® Tampa Bay. Despenque de grandes alturas na Falcon’s Fury, uma torre de 110 metros. Experimente uma subida de 50 metros até o topo da a Tigris, a montanha-russa mais alta da Flórida, que irá levá-lo a velocidade superior a 100 quilômetros por hora. Em 2020, será aberta a Iron Gwazi, a montanha-russa híbrida mais alta, mais íngreme e mais rápida. Desvende a natureza exótica no ZooTampa Lowry Park, enquanto alimenta girafas, toca nas arraias, anda com cangurus, conhece tartarugas gigantes e muito mais em 226,6 mil metros quadrados repletos de vida selvagem. Então, faça um passeio de barco em Roaring Springs por uma paisagem natural deslumbrante da Flórida, terminando em uma queda de três andares. Explore as maravilhas d’água no The Florida Aquarium. Conheça tubarões, jacarés, pinguins e muito animais. Participe também de programas interativos como “Mergulhe com Tubarões”, “Nade com Tubarão” e “Nade com Peixes”, ou faça um tour para avistar golfinhos a bordo do Bay Spirit II, um catamarã de 72 pés. Não deixe de visitar The Splash Pad, nova área de recreação aquática do aquário. Economize bastante com os ingressos Tampa Bay CityPASS e ZooQuarium. COMPRE DE MARCAS RENOMADAS Compre de tudo, desde marcas
cobiçadas a coleções de designers emergentes no International Plaza. Passeie por belas ruas arborizadas e com construções de tijolos enquanto faz compras em butiques e marcas de designers na histórica Hyde Park Village. Tampa Premium Outlets oferece quase 100 pechinchas de designers e marcas famosas. VISITE A HISTÓRICA YBOR CITY Ybor City é rica em história e tradição cubana. As fábricas de charutos, fundadas em 1880, deram a Ybor City o apelido de Cigar City. Ybor City também é famosa pelo renomado sanduíche cubano - uma mistura única de ingredientes cubanos, espanhóis, italianos e alemães. Ao pôr do sol, Ybor se torna um foco diversificado de vida noturna, com oferta completa que vai de música ao vivo até clubes de dança. EXPLORE O TAMPA RIVERWALK Com extensão de três quilômetros e exclusivo para pedestres, o Tampa Riverwalk liga museus, restaurantes e parques, como joias em um colar. Atravessando o distrito de convenções, o Riverwalk oferece fácil acesso a locais de eventos, lojas, restaurantes, entretenimento e museus. O Museu Infantil Glazer inspira e diverte o aprendizado criativo. Entre no Pirate Water Taxi para conferir uma maneira divertida de explorar a região nas 14 convenien-
UM GOSTINHO DO PARAÍSO Armature Works combina o histórico e o moderno em um ambiente comum e divertido. Originalmente uma garagem de bonde, hoje o espaço de uso misto apresenta o Heights Public Market, área de refeições com alimentos preparados na hora, carnes e queijos, sucos naturais, cerveja, vinho, coquetéis especiais e sobremesas. O novo Sparkman Wharf oferece a sensação descontraída de food-truck, juntamente com o Semolina, um novo restaurante italiano. DESFRUTE DE JOGOS DE CASSINO E MUITO MAIS No Seminole Hard Rock Hotel & Casino aposte em jogos de mesa e caça-níqueis cercados por itens clássicos do rock ‘n’ roll. Entre os jogos, desfrute de refeições e entretenimento gourmet, além de um spa, compras e muito mais. A nova expansão de US$ 700 milhões inclui uma torre de hotel recém-construída que adiciona 500 espaçosos quartos, um novo deque à piscina, restaurantes sofisticados, um spa e salão de beleza. 2.000 NOVOS QUARTOS E CONTANDO O mercado hoteleiro de Tampa Bay está crescendo super rápido. O Marriott Autograph Collection já está aberto na orla marítima de West Shore District e o novo Hotel Alba marca a primeira
propriedade Hilton Tapestry Collection de Tampa Bay, além do Seminole Hard Rock Hotel & Casino que amplia a oferta com sua nova e luxuosa torre de 500 quartos. Para os passageiros de cruzeiros, a dica é passar a noite antes de navegar no novo Hampton Inn/ Home2 Suites, perto do porto de Tampa Bay. As próximas aberturas incluem o hotel boutique do grupo Aparium, de Chicago, localizado no coração de Ybor City, em março; e o incrível JW Marriott Water Street que ficará a passos de distância do Tampa Riverwalk e da Amalie Arena. Em 2021, procure pelo novo Tampa EDITION, cinco estrelas que é parte do próspero projeto Water Street Tampa. Um novo Hyatt Place/Hyatt House de bandeira dupla estará no centro da cidade e o novo Aloft/Element chega como parte do projeto Midtown de US$ 500 milhões. Também será aberto um novo hotel Home2 Suites e Cambria perto do Aeroporto Internacional de Tampa. CHEGAR A TAMPA BAY É MAIS FÁCIL DO QUE NUNCA! O premiado Aeroporto Internacional de Tampa tem voos sem escalas diários do Canadá, Europa e América Latina. A Delta adicionou novos voos sem escalas de Amsterdã. Outras opções europeias: voos atualizados pela British Airways, Lufthansa de Frankfurt. - (6x/semana), Norwegian Air de Londres Gatwick - (3x/semana) e Edelweiss de Zurique (1x/semana). A Copa voa diariamente a Tampa pela Cidade do Panamá.
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Quatro ótimos bares de cobertura em Miami Lá no alto, acima de Miami Beach, há um lugar totalmente zen
POR CARLOS HARRISON
É
um refúgio para se divertir e encontrar os amigos. É um lugar onde uma meticulosa atenção aos detalhes, bebidas distintamente deliciosas e, como se diz no mercado imobiliário, “localização, localização, localização” se combinam para uma experiência inesquecível — e que é imperdível durante uma estadia no sul da Flórida. Vencedor do prêmio de Excelente Projeto de Restaurante da James Beard Foundation, o lugar se chama Juvia e fica em uma cobertura circundante ao lado do icônico edifício Herzog & de Meuron, na entrada da Lincoln Road. É um oásis no céu, deliberada e diligentemente projetado para refletir a essência da cidade logo abaixo — com céu, água e vegetação tropical elegantemente incorporados à decoração. Um jardim vertical de 7 metros de altura se estende por toda a varanda na entrada, ligando o interior e o exterior à medida que flui para o interior de paredes de vidro. Projetada pelo botânico de renome internacional Patrick Blanc, a parede viva com luxuriante folhagem local cria uma cascata de tons de verde e um roxo sutil, tocando delicadamente uma mesa de madeira petrificada. Um sereno retângulo de pedra, cercado por assentos almofadados roxos, forma uma cachoeira de Art Déco tão suave que parece congelada. Há cadeiras tecidas à mão, um teto de carvalho pintado de branco e, em toda a parte, tons de roxo e cinza delicado. Há até um balcão de ametista na parte interna que brilha à noite. “Acredito que um restaurante tem uma linguagem única”, disse Jonas Millan que, junto com a esposa Alexandra, criou e é dono do Juvia. “Quando você vai a um restaurante e o acha bonito, mas de alguma forma não fica plenamente convencido de que gostou dele, é porque não há
uma linguagem constante em tudo: A entrada. O modo como sua água é servida. A mesa. Os guardanapos. As taças. A iluminação. Tudo precisa conversar.” Viu? Detalhes meticulosos. Basta olhar para os guardanapos roxos. “Acho que passamos uns cinco meses tentando escolher os guardanapos”, disse Millan. “Todo mundo aluga guardanapos nos Estados Unidos. Mas a gente queria um guardanapo roxo. E que fosse gravado. Então começamos a obter amostras em Nova York, na Itália, na Turquia, no Peru. Por fim, acabamos com esse guardanapo que eu acho que representa muito bem a coisa toda... Faz parte do que estamos tentando realizar.” Até o nome Juvia demonstra a cuidadosa consideração dos proprietários. Soa como a palavra espanhola para chuva. É um dos nomes da castanheira em algumas partes da Venezuela, de onde vieram os proprietários. E, não menos importante, é fácil de pronunciar para os americanos. “Às vezes, quando você escolhe nomes exóticos, as pessoas não sabem pronunciar”, disse Millan. Mas, além disso, na Venezuela, ele disse que “eles usam a castanha nas pequenas aldeias rurais para fazer um pão chamado pan de pobre, ou pão de pobre, para alimentar os filhos. Então, existe uma história por trás disso.” O cardápio também é intencional — uma sofisticada e divertida mistura latino-asiática que vai surpreender e satisfazer praticamente qualquer paladar. Hamachi espuma. Ceviche de lagosta. Costelas Wagyu e “polvo anticucho”. O mesmo se aplica às bebidas. Os coquetéis exclusivos são concebidos e elaborados com o mesmo cuidado aplicado ao planejamento do local. O Jalisco Flower inclui Suze, Dolin
Blanc, Peychaud’s Bitters e tequila reposado “Juvia Barrel”, destilada exclusivamente para seu homônimo pela Tequila Avión. O Perfect Yuzu combina vodca Grey Goose, saquê de yuzu, suco de limão e xarope de baunilha em uma mistura suave e picante que, como diz o nome, é simplesmente perfeita. O Juvia Gin Tonic mescla o gim Bombay Sapphire East, umeshu, shisô e água tônica em uma mistura refrescante que é suave como uma brisa fresca do mar. Sem contar as vistas propositadamente desobstruídas, desde o oceano Atlântico até a baía de Biscayne. As paredes de vidro do chão ao teto são uma extensão da área externa, oferecendo vistas incomparáveis do céu, do horizonte e do mar, não importa onde você esteja. Como disse Chad Matthews, morador de Nova York, “esse é o único local em que você tem as melhores vistas de South Beach, tanto nos ambientes internos como nos externos”. QUANDO VOCÊ FOR… JUVIA 1111 Lincoln Rd. Miami Beach, FL 33139 (305) 763-8272 OUTROS ÓTIMOS BARES SUGAR “Go East, young man!” (Vá para o leste, meu jovem!) Para o East, o luxuoso hotel residencial na ponta do Mary Brickell Village, no coração do recém-desenvolvido, cada vez mais sofisticado e decididamente elegante distrito financeiro de Miami. Então suba, 40 andares. O bar da cobertura, Sugar, oferece coquetéis e tapas elegantes com vista para o centro de Miami. Ele tem um apelo exoticamente indonésio, com sua folhagem exuberante, confortáveis sofás de rattan estampados e o bar de madeira esculpida. As
bebidas combinam com a temática. Incluem Lychee Blossom, A Night in Hong Kong e East of Miami. 788 Brickell Plaza, 40º Andar, Miami, FL 33131; (786) 805-4655 AREA 31 No 16º andar do hotel Epic no centro de Miami. Eu gosto de me debruçar no parapeito enquanto o sol se põe e assistir a um jogo de futebol numa cobertura a alguns quarteirões de distância, ou apenas olhar para a foz do rio Miami, onde ele desemboca na baía de Biscayne. Tanto de dia como de noite, o Area 31 oferece uma vista panorâmica única do lugar onde Miami começou e do lugar que ela se tornou. Também é um dos lugares onde você pode combinar uma bebida com um charuto que você escolhe no cardápio. Você pode pegar um Padron Family Reserve No. 45 e um Ron Zacapa Xo da Guatemala, se é o que você gosta. Ou experimente um tipo diferente de fumaça, um Smoke & Mirrors, feito com Wild Turkey Bourbon, Carpano Antica, Whiskey Barrel-Aged Bitters, Islay Rinse e laranja flambada. 270 Biscayne Boulevard Way, Miami, FL 33131; (305) 424-5234 ABOVE MAYFAIR POOL LOUNGE No alto do Mayfair Hotel & Spa, no histórico Coconut Grove de Miami, esse refúgio na cobertura oferece uma vista única do horizonte da cidade e da baía de Biscayne. Aproveite o pôr do sol no “banco em serpentina”, que acompanha o parapeito irregular. Ele também tem oito quiosques à beira da piscina com sofás em forma de L, caso você queira um pouco mais de privacidade. As noites quentes ficam mais frescas com um Biscayne Breeze, com amaretto, Blue Curaçao, abacaxi e Prosecco. 3000 Florida Avenue, Coconut Grove, FL 33133; (305) 441-0000
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Uma das apostas do Visit Florida para mostrar a diversidade de atrativos é a oferta de tours temáticos que, em 2019, passou a incluir destaques da herança hispânica, encontrados em destinos como St. Augustine (foto), cidade mais antiga dos Estados Unidos
Esforços liderados pelo Visit Florida resultaram em um grande ano para o Turismo
O
Visit Florida destacou seus principais êxitos em prol da atividade turística em 2019. Dana Young, presidente e CEO da organização de marketing turístico, reforçou o compromisso em fortalecer as viagens, manter o crescimento da indústria e a geração de empregos, aumentando a receita tributária que é revertida aos moradores com transporte, proteção ambiental e educação. “No futuro, continuaremos a dizer ao mundo inteiro que a Flórida é o melhor lugar para tirar férias. Agradecemos ao governador Ron DeSantis por sua liderança e apoio a nossa organização e a todo o setor de turismo da Flórida”, disse. A equipe do Visit Florida destacou programas e resultados que fizeram a diferença para aumentar a visitação ao estado no ano passado: JANEIRO – O Visit Florida anunciou a adição dos primeiros pontos de referência do estado a serem adicionados à trilha dos direitos civis dos Estados Unidos. Uma página foi criada dentro do site da organização para destacar os tours relacionados à herança negra (www. visitflorida.com/en-us/travel-ideas/ black-heritage-travel.html). FEVEREIRO – O mês foi marcado pelo anúncio de chegada de 127 milhões de visitantes ao estado em
2018, número que marca o oitavo recorde consecutivo do estado em termos de turismo nos EUA. MARÇO – Lançamento da campanha anual direcionada às viagens familiares, que atingiu um bilhão de impressões. A ação apresenta famílias autênticas e culturalmente diversas para posicionar a Flórida como o local onde as famílias podem se reconectar. Em 2018, essa campanha foi responsável por aumentar 24,4% as viagens em família para a Flórida. ABRIL – O Visit Florida recebeu 152 empresas para o programa corporativo de assistência de marketing direcionado. A ação oferece benefícios exclusivos para pequenas empresas e negócios ligados aos segmentos rural e agroturismo, contanto que tenham receita bruta anual de até US $ 1,25 milhão. MAIO – Viajantes do segmento de aventura foram o alvo da organização para uma campanha direcionada que destaca o estado da Florida como um destino incrível para esse perfil de turista. Em 2018, a Campanha de Aventura aumentou 27% as viagens com essa temáticas na Flórida. Outro destaque do mês foi o anúncio de um trimestre recorde, com a chegada de 35,7 milhões de viajantes ao estado entre janeiro e março.
JUNHO – O Visit Florida participou de 175 compromissos com os principais operadores turísticos nacionais e internacionais durante a IPW, principal vitrine turística e o maior gerador de viagens para os Estados Unidos. JULHO - No início do novo ano fiscal, o Visit Florida e Ron DeSantis, governador do estado, anunciaram um novo serviço aéreo sazonal sem escalas com a El Al, ligando Tel Aviv, a segunda cidade mais populosa de Israel, a Orlando. AGOSTO – Os números do turismo no semestre marcaram um recorde inédito na história da organização. Entre janeiro e junho de 2019, o estado recebeu 69,7 milhões de viajantes. O mês também teve como destaque as reuniões sobre a oferta de turismo comunitário em todo o estado, em conjunto com diversas Destination Management Organizations (DMOs), e o lançamento de um centro dedicado às viagens ecológicas, com dicas e recursos para garantir viagens sustentáveis em todo o estado (www. visitflorida.com/eco). SETEMBRO – O Visit Florida destacou oito destinos da costa leste em suas redes sociais durante a realização de uma viagem inédita, ação que resultou em mais de 1,2 milhão de impressões totais
e 23,5 mil engajamentos. A organização também representou o setor no “Live from Florida” - inciativa para reforçar que o estado estava aberto para os negócios, diante da ameaça do furacão Dorian – e lançou uma nova seção dedicada à cultura hispânica no site (www.visitflorida.com/en-us/ travel-ideas/hispanic-heritage-travel.html). OUTUBRO – A organização lançou a página #LoveFL em seu site. No espaço, residentes e visitantes podem compartilhar breves histórias sobre destinos da Flórida e destacar experiências com significado especial que tenham sido vivenciadas no Sunshine State. NOVEMBRO – Mais de 200 profissionais se reuniram para o “Fórum de Turismo da Flórida”, iniciativa que prevê a criação do plano estratégico da organização para orientar ações direcionadas ao setor na Flórida. Voltado a profissionais da indústria de eventos, o “Florida Encounter” também aconteceu em novembro e registrou 34% mais compromissos do que a edição de 2018. O mês também foi marcado pelo lançamento de uma nova seção no site, desta vez direcionada aos militares na ativa, veteranos e suas famílias (www.visitflorida. com/military).
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DESTINO
O Bourbon é uma bebida maltada com milho e teve sua origem no Kentucky
O antigo mapa da Rota do Bourbon em exposição do Frasier Museum em Louisville
Lexington é a segunda cidade mais populosa do Kentucky
Autenticidade é trunfo na Rota do Bourbon do Kentucky Destino no sul dos Estados Unidos investe no tour temático para incrementar a visitação internacional POR LEONARDO NEVES, ESPECIAL PARA O BRASILTURIS
O
sul dos Estados Unidos parece um território dominado pela popularidade de Louisiana - com New Orleans e seu conhecido Mardi Gras - e Tennessee - com Nashville e o mais conhecido roteiro focado em música. Os outros dez estados que compõem o Travel South USA ainda engatinham no mercado internacional, tanto em termos de promoção quanto no volume de visitantes recebidos, especialmente do Brasil. Dentre eles está o Kentucky, estado que tem como maior trunfo a rota baseada no Bourbon, um tipo de uísque que tem quase sua totalidade produzida no território, com 17 destilarias oficiais e mais de 70 produtores locais. A rota é relativamente nova para os mercados fora dos EUA devido a pouca participação de turistas internacionais. Do Brasil, são apenas 10 mil viajantes, número que deixa o Kentucky atrás da Georgia (com aproximadamente 47 mil visitantes brasileiros), Carolina do Norte (16 mil), Louisiana (15 mil) e Alabama (12 mil). Jessica Morgan, diretora de Turismo de Louisville, principal cidade do Kentucky, aposta na autenticidade da região e coloca a experiência como essencial para o aumento no volume de chegada de estran20 Brasilturis
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geiros, inclusive de brasileiros. “As pessoas já conhecem a maior parte dos destinos consolidados dos EUA e, agora, elas estão em busca de lugares menores e oferta de experiências únicas”, apontou, destacando a alta na hotelaria local, que registrou o maior aumento de diária média de todo o país em 2019. A autenticidade é um dos maiores trunfos de todo o circuito por tornar a região no maior exemplo da “verdadeira América”, tão difundido pelos estados sulistas. E com total razão. O Kentucky transpira a vida rural norte-americana, desde os pequenos restaurantes até a população com forte sotaque interiorano. As opções de lazer estão longe de se equipararem com cidades como Las Vegas, Orlando e Nova York, entre outras, seja em variedade ou em quantidade. E é exatamente por isso que o roteiro etílico vale a pena. Não foi à toa que a Travel South USA escolheu apresentar essa rota para levar nove operadores brasileiros. Ana Taquecita (New Age), André Fulop (AIT High Light), Bruno Delfini (BWT), Cintia Damasceno (Queensbery), Kimie Finardi (Orinter), Georgia Mariano (Flytour), Cesar Turlão (Mondiale), Melissa Rosa (CVC Corp) e Saulo Júnior (Schultz) conhece-
ram os atrativos após participarem do International Showcase 2019, evento promovido pela organização dos estados do sul, em dezembro de 2019. TRILHA DO BOURBON O Bourbon é um tipo de uísque, composto por cerca de 49% de álcool maltado com, ao menos, 51% de milho – o grão substitui o centeio, tornando a bebida única. A origem é antiga, com registros iniciais datados do século 18 no Condado de Bourbon, no Kentucky. Ao longo dos anos, a bebida de coloração dourada, com forte gosto de álcool com nuances de carvalho e, por vezes, caramelado, se popularizou e virou marca registrada do estado. A rigidez nas regras para a produção rendeu ao Bourbon o notório título de “Distinto Produto dos Estados Unidos” pelo congresso do país, na década de 1960. A rota em si acabou surgindo apenas em 1999, com o avanço do turismo no estado. Porém, apesar de ter mais de 20 anos de existência, o roteiro é mais adotado pelos próprios norte-americanos do que pelo público internacional. Reino Unido, França, Alemanha e Austrália, maiores mercados emissores
para a região, ainda desconhecem a oferta. Mas, a aposta na rota para incrementar o fluxo de viajantes é tanta que Angela Blank, porta-voz do turismo do Kentucky, revelou que a campanha de promoção de 2020 terá foco em dois elementos: no próprio Bourbon e na música, já que o estado é também berço do estilo bluegrass. “Teremos diversos festivais de variados estilos de música ao longo do ano, como o ‘Louder Than Life’ ou o ‘Bourbon and Beyond’ que devem atrair milhares de apaixonados por música dos EUA e de diferentes países”, afirmou. Atualmente, 17 destilarias formam o trajeto oficial da rota do Bourbon, que tem como ponto de partida o Frazier Museum em Louisville, a capital e cidade mais populosa do Kentucky. Outras cidades que integram o roteiro são Bardstown, Shelbyville, Lawrenceburg, Cox’s Creek, Clermont, Loretto, Owensboro, Lexington e Versailles, sendo que a ordem de visitas fica a critério do viajante. A escolha do período para visitar o estado também depende exclusivamente do desejo do turista. O Kentucky tem estações climáticas bem definidas, com frio intenso no inverno - podendo chegar a -6 ºC
Fachada da Bardstown Bourbon Company
O O.Z. Tyler foi a primeira parada na rota das destilarias do Kentucky
O distrito das destilarias de Lexington é um dos principais pontos de encontro da cidade
em janeiro - e calor no verão - em julho, os termômetros atingem picos de 30ºC. Apesar dos extremos, a produção e os tours não param conforme a estação. A alta no interesse já contribui para impulsionar investimentos. A Heaven Hill, matriz da Evan Williams de Louisville, passou por uma expansão milionária, avaliada em US$ 17,5 milhões, e acrescentou três novas salas de degustação, ampliando a capacidade de toda a instalação. Jean Michalak, diretora de Vendas da destilaria, afirma que a bebida começou a cair no gosto do público brasileiro e que vem notando mais procura pelos roteiros. “Ficamos abertos sete dias por semana e temos percebido um forte e rápido crescimento, principalmente no mercado internacional, incluindo os brasileiros”, destacou. PÉ NA ESTRADA A rota do Bourbon é um roteiro concebido para ser percorrido de carro, em combinação com outros estados do Sul. Talvez, servindo como atrativo extra para a famosa Rota 66 - que se estende entre Chicago até o píer de Santa Monica, na Califórnia -, já que o Kentucky é vizinho de Illinois. Melhor apreciada em grupos, com escala de “motorista da vez” para revezar entre direção e degustação ou com transporte e condutor contratados. Empresas como a Mint Julep Experience oferecem pacotes distintos combinando diferentes destila-
rias e transporte incluso em ônibus para cerca de 30 pessoas. Outro aspecto interessante que beneficia os viajantes que estão em família pelas estradas norte-americanas são os preços mais em conta para menores de 21 anos, que também podem fazer o tour pelas destilarias, sem a inclusão do consumo da bebida e dos seus derivados, claro. Lembre-se de avisar seu cliente para levar o passaporte. Somente com o documento em mãos será possível participar das degustações. DIVERSIDADE Em Owensboro, primeira parada depois de quatro horas de estrada a partir de Saint Louis, toda a descrição da “verdadeira América” - tão mencionada quando se fala nestes estados do Sul - ganha vida. A cidade é pequena e os trejeitos de quem frequenta suas ruas e restaurantes lembram o estilo simples de moradores de uma cidade pouco conhecida no interior do Brasil, mas vestidos ao estilo norte-americano, com boné, camisa xadrez, botas pesadas e com um sotaque único, característico do sul dos EUA. A dez minutos do centro, a primeira parada é na destilaria OZ Tyler. Como base em todos os tours de destilarias do Kentucky, o início da visita tem uma introdução que explica todo o processo de fabricação do Bourbon e permite observar todo o processo de destilação quando o malte de milho se mistu-
Os barris de Bourbon são armazenados por ao menos um ano e alguns rótulos podem ficar intocados por décadas
ra com a água dentro dos tonéis de ferro, uma mistura densa que exala um forte cheiro de álcool. O tour guiado leva para o espaço onde ficam os barris de Bourbon que, após permanecer armazenado por pelo menos um ano, ganham a coloração dourada e 60% do sabor. O grand finale inclui a degustação, com dicas dos especialistas para notar todas as nuances e os detalhes que distinguem os diferentes Bourbon. A diversidade está presente na rota, tanto em termos de sabores quanto no estilo de cada espaço. O ambiente na OZ Tyler é rústico e lembra uma antiga fábrica, com piso de tábuas e paredes de tijolos de barro. Bem diferente da Bardstown Bourbon Company, destilaria a uma hora de distância de carro de Owensboro, que apresenta um ambiente mais moderno para a rota etílica do Kentucky. O piso de tábuas dá lugar para grades de metal. O armazém com os tonéis de ferro é amplo e tem grandes janelas e o local de degustação lembra um bar de hotel com vista para os barris armazenados. Além disso, a destilaria conta com
um restaurante próprio que serve variados tipos de Bourbon e drinques produzidos com a bebida. Bardstown também é o local onde fica My Old Kentucky State Park, um parque fechado que oferece tour guiado - com direito a guia fantasiado - por uma antiga casa de engenho do Kentucky, datada do século 18. Um pouco mais à frente, a uma hora de distância de Bardstown, está Lexington. A cidade traz de volta o ambiente urbano para a rota do Bourbon. Além das destilarias tradicionais, o destino se diferencia pela concentração de bares frequentados por um público mais jovens da região, principalmente no Distillery District, área de uma antiga destilaria abandonada na década de 1950. O local passou por reformas há alguns anos e se tornou um dos principais pontos de encontro da segunda cidade mais populosa do Kentucky. O ambiente contrasta com o encontrado em Owensboro e Bardstown, deixando de lado o ar rural e trazendo um clima de cidade grande, com prédios e movimentação constante de pessoas. www.brasilturis.com.br | Brasilturis 21
DESTINO
O Moon Lite Bar-B-Q é o restaurante que imerge o viajante na cultura do Sul dos Estados Unidos Operadores reunidos com Pat e Kenny Bosley, proprietários do Moon Lite Bar-B-Q
O My Old Kentucky Home Park, em Bardstown, é mais uma parada cultural, que ajuda a entender a formação do estado
A Fourth Street de Louisville pode ser fechada em dias de apresentações especiais
Com mais 90 minutos de estrada, o tour chega à capital Louisville, ponto de partida oficial da rota, mas que também pode finalizar o circuito. A cidade é conhecida por ter sido a primeira sede da rede de fast food KFC, local de nascimento do boxeador Mohamad Ali e por sediar a fábrica que produz quase todos os tacos de beisebol que circulam no mundo: a Slugger. Porém, o grande trunfo da viagem até Louisville é a Evan Williams Boubon Experience. Além do tour guiado e com degustação no final, o diferencial da Evan Williams é ter em seu subterrâneo um bar mantido exatamente como na época da Lei Seca dos Estados Unidos. O período entre 1920 e 1933 baniu todo o consumo e o comércio de álcool no país. Toda a ambientação da Evan Williams, uma das destilarias mais antigas do Kentucky, foi criada para remeter a bares daquela época, com móveis e detalhes em madeira por toda a instalação, especialmente na sala de degustação. CONECTIVIDADE DOMÉSTICA O Kentucky conta com um aeroporto, em Louisville. A capital é a principal porta de entrada para o estado, com voos diários partindo 22 Brasilturis
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de diversas cidades norte-americanas. A partir do Brasil, a Delta Air Lines faz uma conexão rápida na rota São Paulo – Atlanta, na Geórgia. De lá, a conexão doméstica leva os viajantes para o Kentucky. A companhia aérea deve aumentar o número de conexões nacionais ao longo de 2020, o que deve beneficiar os viajantes que querem aproveitar a rota do Bourbon. De acordo com Diemerson Batista, representante de Contas e Vendas da Delta, a companhia também tem investido em experiência dos passageiros inclusive ao acrescentar a classe Premium Select na Rota São Paulo (GRU) – Nova York (JFK) e a nova cabine Delta One, totalmente renovada. “Temos feito grandes esforços para encantar os passageiros dos voos internacionais. Todos os voos acima de 6h30 já receberam o novo serviço a bordo com implementação de vários detalhes que aumentam a interação dos comissários de voo com os passageiros, melhorando exponencialmente a percepção do serviço”, destacou. Com relação às rotas, Diemerson Batista adiantou que a Delta está aumentando sua presença em Miami, destino muito procurado pelos passageiros da América Latina.
Sala de Degustação de Bourbon da destilaria Evan Williams
Os tonéis de ferro onde o malte de milho é misturado a água
Porém, o melhor do sul dos Estados Unidos está em pegar as estradas e combinar destinos, seja vindo de New Orleans, Tennessee ou de Chicago, ou como um desvio adicio-
nal enquanto se percorre a Rota 66. Brasilturis Jornal viajou a convite da Travel South USA e da Delta Airlines, com proteção Affinity
LÉXICO
Sustentabilidade... O que é o que é?
A
palavra, que tem sido usada cada vez mais nas últimas décadas, tem origem no latim “sustentare”, que, por sua vez, significa “sustentar, apoiar, conservar”. Mas o termo é bastante rico e permeia, por meio de adicionais termos paralelos, muitas outras afinidades e similaridades para tentar nos levar a entender seus vários e distintos conceitos. De acordo aos mais apreciados dicionários, por exemplo, sustentar nos induz a compreender o ato de “alimentar, apoiar, carregar, confirmar, manter”; e a palavra sustentabilidade é definida como “a qualidade ou a condição do que é sustentável”. Também encontramos o conceito de sustentação, vez ou outra, para definir uma “confirmação” (comprovação, corroboração, evidência, garantia), ou “conservação” (cuidado, manutenção, preservação e/ou proteção). Baseado nas raízes aqui descritas, vemos o conceito de sustentabilidade eminen-
temente relacionado com o desenvolvimento sustentável, isto é: “um conjunto de ações e posicionamentos estratégicos, acompanhados de outras atitudes, que nos permitem alcançar resultados ecologicamente e economicamente viáveis, além de socialmente e culturalmente justas”. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), o desenvolvimento sustentável é “aquele que satisfaz as necessidades presentes, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir as suas próprias necessidades”. O conceito contemporâneo de sustentabilidade é visto como uma alternativa para garantir a sobrevivência dos recursos naturais do nosso planeta - sempre por meio de soluções que têm, como principal objetivo, a autêntica preocupação com o desenvolvimento ecológico. Fala-se muito hoje em crescimento sustentável (aquele aumento constante, eficaz e confiável
de nossa economia) ou em gestão sustentável (a forma pela qual se dirige uma empresa/organização, valorizando todos os seus elementos, principalmente aqueles ligados ao meio ambiente) ou, até, de sociedade sustentável (uma sociedade beneficiada por um conjunto de medidas diversas promovidas para ajudar seus membros frente a condições adversas), além de, entre muitos outros exemplos, o que poderíamos entender por turismo sustentável. A Organização Mundial do Turismo (OMT) elegeu 2017 como o Ano Internacional do Turismo Sustentável, com o objetivo de ampliar a compreensão do tema e conscientizar todos os envolvidos sobre a importância do turismo no compartilhamento do patrimônio natural e cultural assim como sobre a distribuição da riqueza proporcionada pelas viagens. A difusão natural do conceito-base nos leva a incluir e mencionar termos análogos, como
David Leslie Autor do livro “Turismo para Leigos e Curiosos”. leslie@cbsmarketing.com.br
sustentabilidade empresarial, sustentabilidade ambiental, sustentabilidade social e sustentabilidade econômica, entre outras. Mas, entre todas as explicações publicadas, a frase que mais me agradou para definir o tema em questão diz que “sustentabilidade é um conceito relacionado ao desenvolvimento sustentável, ou seja, formado por um conjunto de ideias, estratégias e demais atitudes ecologicamente corretas, economicamente viáveis, socialmente justas e culturalmente diversas”.
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DIREITO
Qual é o papel das associações? João Bueno Advogado especialista em associações e consultor jurídico para empresas de turismo e hotelaria. joao.bn@bnkm.com.br
A
o longo dos anos, atuando fortemente em associações representativas de setores da economia – notadamente em Turismo, Hotelaria, Educação e Saúde -, me deparei com situações e indagações acerca do papel das associações junto à comunidade em que estão inseridas. E também sobre quais são os limites para atuação e envolvimento em assuntos de diferentes naturezas no dia a dia. Antes de tudo, é essencial destacar a importância do associativismo, atividade que está ao lado de outras garantias expressas em nossa Constituição Federal; junto às liberdades de expressão, religiosa, ir e vir, expressas no artigo 5º: “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: XVII - É plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar.” E, dada a importância deste direito assegurado constitucionalmente, o Código Civil Brasileiro traz, no artigo 44, o embasamento legal e regras para a criação e o funcionamento das associações, definindo-as como pessoas jurídicas de direito privado,
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mesma categoria das sociedades, fundações, organizações religiosas e os partidos políticos. As associações se constituem pela união de pessoas que se organizam para fins não econômicos. Não há, entre os associados, direitos e obrigações recíprocos. Podemos, então, dizer que associações são pessoas que se reúnem, por motivação comum, para ações em prol da comunidade na qual este grupo está inserido. E, por essência, suas finalidades não podem ter finalidade lucrativa. Observamos que, no dia a dia, as associações nascem para buscar direitos e o cumprimento de obrigações não atendidas pelo Estado ou, ainda, para a defesa dos interesses lícitos de um determinado grupo perante o Estado, por meio de atuação institucional. Elas também são criadas para atuar em áreas onde o Estado não tem como atender a todas as necessidades - como educação e saúde, com suas parcerias e convênios. Temos associações filantrópicas, religiosas, para defesa dos interesses do consumidor, dos direitos humanos e, claro, as que representam setores da economia. No Turismo e na Hotelaria, encontramos diversas associações constituídas para a defesa dos interesses destes grupos, algumas com forte atuação, outras limitadas a questões pontuais, mas que têm em comum a essência e a natureza jurídica. Nenhuma delas tem um “dono”; cada integrante se torna a voz da associação que integra. A questão primordial é que uma associação só é legitima se todos os “donos” contribuem para suas atividades, de acordo com as regras
vigentes no seu documento constitutivo, o Estatuto Social. Uma associação só funciona ou atinge seus objetivos de maneira eficaz se todo o universo que a integra participa ativamente de seu dia a dia, dentro dos mecanismos e instrumentos por ela disponibilizados. Uma associação legítima não consegue sobreviver mecanicamente sem o engajamento de seus associados. E, como não tem um dono, suas decisões devem refletir o coletivo representado por ela, se valendo dos instrumentos de gestão previstos por seu Estatuto e Regimento. Apesar de não possuírem fins lucrativos, por força de lei, as associações cada vez mais se aprimoram no tocante à gestão, adotando técnicas e compliance empresariais buscando, com isso, se tornar mais profissionais e, consequentemente, respeitadas nas comunidades em que estão inseridas. Por outro lado, no dia a dia, encontramos situações nas quais as associações claramente passam a ter uma atuação descolada de seus associados, atuando em prol de um determinado grupo. Mesmo revestido pelo manto da legalidade, ela não está atendendo ao pensamento geral do coletivo, muitas vezes por vaidades e egos pessoais que fazem o grupo se perder ao longo do caminho, o que acaba esvaziando a agremiação no médio e longo prazo e causando a perda de credibilidade naquele determinado setor. Por regra, além dos propósitos claros e compliance, as associações devem manter um eficaz canal de comunicação com seus associados. Por experiência pessoal, afirmo que, apesar de grande parte do trabalho institucional de uma associação ter
foco na atividade política, ela deve ter foco apenas no relacionamento com o poder público, em diferentes esferas e poderes, sempre objetivando a abertura de um canal de comunicação com diferentes interlocutores, buscando passar as sugestões ou propor o que for necessário para a defesa dos interesses setoriais. E, quando for o caso, interagir por meio de instrumentos legais, firmando convênios - ou contratos de gestão, no caso das Organizações Sociais. Ou seja: as associações devem interagir com a esfera pública, mas não podem se misturar com interesses políticos e partidários! Essa é uma linha muito tênue. Em resumo, uma associação deve focar sua atuação nas questões em que uma pessoa individualmente ou um empresário detentor de um CNPJ não possa (ou não deva) se expor isoladamente. Temas e discussões que afetem ou que possam afetar um determinado setor e que devam ser tratados em grupo, não isoladamente. As questões consideradas estratégicas em um negócio, no caso de uma associação de empresas, não devem ser objeto de discussão pelo coletivo. Estes pontos devem ser debatidos por cada um, como troca de experiências entre seus associados! Não se discute aqui a importância do associativismo para o crescimento sustentável e para a disseminação das melhores práticas de gestão nos diversos segmentos existentes. O que se discute é a forma que uma determinada associação atua e defende seus interesses! Isso faz toda a diferença nos resultados e engajamento dos associados e da comunidade.
CRUZEIROS
Taxa à vista POR LUCAS KINA
A
pós um ano inteiro de muito trabalho, horas extras e jornadas cansativas, chegou o momento de ser recompensado – ou se recompensar. É neste cenário que as viagens começam a ser planejadas e um mundaréu de opções fica à disposição. Qual escolher? O que utilizar como critério? Alguns viajantes podem decidir pelo preço, outros levam em conta a qualidade do produto e das experiências. Fato é que, independentemente da programação ou do orçamento estipulado, é importante ter conhecimento de tudo o que está incorporado aos gastos, incluindo algumas taxas que podem pegar profissionais do Turismo (e seus clientes) de surpresa. No caso dos cruzeiros, uma delas é a taxa portuária, valor cobrado para contribuir com as despesas administrativas dos portos com questões como balizamento da embarcação, iluminação local, movimentação das cargas e bagagens, entre outras.
COSTA CRUZEIROS
As tarifas portuárias e de serviço estão inclusas no valor final do cruzeiro. Elas são informadas e destrinchadas no ato do pagamento da reserva e em todos os canais de vendas. Isso inclui o site da Costa Cruzeiros e o Costa Extra, portal destinado ao agente de viagens.
A taxa é cobrada à parte do valor fixado pela armadora e é determinada por cada porto de maneira independente. Viajantes, operadores e agentes de viagens são informados sobre a cobrança desde o momento da compra do pacote e algumas armadoras incluem o valor no preço final dos pacotes. Para se ter uma ideia, no Pier Mauá (RJ), tanto a taxa de embarque quanto a de desembarque é de R$ 127, 68 por passageiro. Outra tarifa extra que pode surpreender os clientes é a taxa de serviços que prevê o pagamento de gorjeta destinada aos tripulantes. Cada companhia tem uma política própria para essa taxação, tanto na composição do valor quanto no momento em que ela deve ser paga. Para facilitar o processo, as armadoras que atuam em território nacional simplificaram a cobrança com a criação de um valor fixo por
NCL
As taxas envolvidas na compra dos pacotes são comunicadas de forma clara aos clientes, com cobrança antecipada dos valores para simplificar o processo. Assim, a armadora permite o pagamento parcelado desses valores extras, junto com o pacote do cruzeiro. As informações estão expressas no site.
MSC
Uma taxa de gorjeta é cobrada de todos os hóspedes. Já a tarifa de serviço de quarto está inclusa nos pacotes Yacht Club, Aurea e Fantastica; clientes que optarem pela experiência Bella devem pagar esse valor apenas quando pedirem alimentos nas cabines ou consumirem itens do frigobar. Vale lembrar que os produtos consumidos devem ser pagos, de acordo com os valores fixados no cardápio, o que está nos pacotes é apenas a taxa. Todos os valores são inclusos no preço do cruzeiro e pagos de forma parcelada.
pessoa e por dia, cobrado automaticamente, mas que pode variar de acordo com o navio escolhido. O pagamento pode ser feito no embarque ou acrescido à conta que o cliente irá pagar a bordo, em moeda local. Segundo um levantamento da Cruise Lines International Association (Clia), espera-se que 32 milhões de hóspedes embarquem em navios ao longo de 2020. No âmbito nacional, a expectativa é que o im-
ARMADORA
COSTA
NCL
TAXA PORTUÁRIA
TAXA DE SERVIÇO (VALOR POR PESSOA/DIA)
TAXA DE SERVIÇO PARA CRIANÇA
OUTRAS TAXAS
Adicionada à reserva ou inclusa na conta a bordo
Entre 10 euros e 16,50 dólares, dependendo do navio
Crianças entre 4 e 14 anos têm 50% de desconto sobre a taxa. A tarifa não é cobrada para crianças com idade inferior a 4 anos na data de embarque
15% para serviços opcionais, atendimento de bar e room service
Adicionada à reserva ou inclusa na conta a bordo
Entre 15 euros e 18 dólares, dependendo do navio
A tarifa não é cobrada para crianças com idade inferior a 3 anos na data de embarque
20% de taxa de serviço em restaurantes com entretenimento e 18% para serviços de spa, salão de beleza e fitness
Adicionada à reserva ou inclusa na conta a bordo
A taxa depende do itinerário. Para roteiros na América do Sul, é de R$ 52; Europa, Caribe Sul e Oriente Médio é 10 euros; EUA e Canadá é de 12,50 dólares
A tarifa não é cobrada para crianças com idade inferior a 2 anos na data de embarque. Menores de 12 anos têm descontos na taxa em todos os roteiros
15% de taxa de serviço em restaurantes de especialidades e 18% para serviços de spa, salão de beleza e fitness
Adicionada à reserva ou inclusa na conta a bordo
A taxa depende da cabine e varia entre 14,50 e 17,50 dólares
Taxa válida para hóspedes de todas as idades
Taxa extra de 15% para serviços de bar e itens do frigobar e 18% para o spa e salão de beleza, ambas adicionadas automaticamente
MSC
ROYAL CARIBBEAN
A companhia informa que as taxas portuária e de gorjeta são devidamente informadas e pagas junto à tarifa de cruzeiro, sem surpresas a bordo. Uma taxa extra de serviço de 15% é adicionada automaticamente para serviços do bar e itens do frigobar e os clientes que desejarem levar vinho e champanhe para consumo nas áreas públicas apenas no dia de embarque têm de pagar uma taxa de rolha de US$ 15 por garrafa (limitado a duas garrafas por cabine, excluindo cervejas e outros destilados). A armadora orienta os clientes a consultar a área de perguntas frequentes no site, em caso de dúvidas.
ROYAL CARIBBEAN
pacto econômico chegue a US$ 2,2 bilhões, de acordo com Marco Ferraz, presidente da Clia Brasil, braço nacional da associação. Para entender o modo como as empresas de cruzeiros lidam com essas duas taxas, o Brasilturis Jornal entrou em contato com as quatro armadoras que mantêm operações fixas no País. Costa Cruzeiros, MSC, Norwegian Cruise Lines e Royal Caribbean explicaram como definem essa questão.
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VIA SUSTENTÁVEL
Follow the money Velma Gregório Diretora de Comunicação e especialista em sustentabilidade velma@editoravia.com
A
expressão – que, em português, significa “siga o dinheiro” - ficou famosa no filme “Todos os Homens do Presidente”, um drama documental sobre Watergate, o escândalo de corrupção nos Estados Unidos que levou à renúncia do presidente Richard Nixon, em 1974. Nesse contexto, ela significava que o dinheiro deixa rastros e segui-los poderia levar ao poder financiador dos esquemas fraudulentos. Cinquenta anos e várias leis anticorrupção depois, o mundo ainda diz “siga o dinheiro”. E este ano de 2020 começou com mudanças nas regras do jogo. São os próprios “donos” que vão ter de seguir o dinheiro que irão colocar no mercado, desde a origem. Só vai receber investimento quem estiver comprometido com transparência, sustentabilidade e diversidade. Isso aconteceu porque eles enxergaram
que essa estratégia realmente dá lucro. No mundo das finanças que determinam tendências para os negócios globais, há marcos importantes que são seguidos pelo mundo inteiro. As comunicações dos presidentes de grandes fundos de investimentos, o Fórum Econômico Mundial (World Economic Fórum) e o pronunciamento dos grandes bancos são os maiores exemplos. A carta de Larry Flink, CEO da gestora de ativos Blackrock, aponta que as mudanças climáticas entraram de vez na pauta financeira. No Fórum Econômico Mundial, os países mais ricos avisaram que não investirão mais em nações com fracas políticas ambientais e que as métricas vão focar em impactos totais - ou seja, resultado só se mede levando em conta impactos ambientais, sociais e humanos, além dos financeiros. Já o banco Goldman Sachs foi o primeiro de Wall Street a declarar que não fará abertura de capital de empresas que não tiverem pelo menos uma mulher no conselho administrativo. E o que isso impacta no nosso dia a dia? Dinheiro não manda recado e nem leva desaforo para casa. Se é assim que o lucro precisa acontecer, assim vai ser.
O melhor é nos preparar para isso o quanto antes, pois todos serão pressionados a cuidar de seus impactos. A boa notícia é que isso pode ser interessante para todo mundo. O turismo é uma das maiores indústrias globais, cresce mais que a indústria automobilística e representa fatia maior que a dos próprios bancos, do setor agrícola ou da saúde no PIB global. No mercado das agências e operadoras, há muito a ser feito. Transparência no cálculo do crédito das viagens, diversidade na contratação de pessoas, eliminação de plásticos de uso único na própria atividade e na prestação de serviços, desenvolvimento de produtos que beneficiem os destinos de turismo e de negócios, inclusão da população local dos destinos nas decisões, treinamentos específicos de produtos sustentáveis – como os programas de compensação de crédito de carbono das companhias aéreas são apenas algumas das centenas de atitudes que podem ser tomadas para colocar os negócios entre aqueles com prioridade de crédito. A premissa “agir localmente e pensar globalmente” está mais atual que nunca. Vamos juntos!
Primeiro jornal criado especialmente para a indústria do turismo nacional, Brasilturis é de propriedade da Editora Via LTDA, grupo de comunicação especializado em publicações segmentadas sobre turismo. Fundado por Horácio Neves, em 1981. DIRETORIA Sócia-diretora: Ana Carolina Melo CEO: Amanda Leonel amanda@editoravia.com DIRETORA DE COMUNICAÇÃO: Velma Gregório velma@editoravia.com REDAÇÃO Editora-chefe: Camila Lucchesi camila@editoravia.com EQUIPE DE REPORTAGEM: Ana Azevedo: anaazevedo@editoravia.com Felipe Lima: felipe@editoravia.com Lucas Kina: lucas@editoravia.com ARTE E DIAGRAMAÇÃO: Diego Siliprando arte@editoravia.com COLABORADORES: Antonio Salani, David Leslie Benveniste, João Bueno, Leonardo Neves e Ricardo Hida. PUBLICIDADE E MARKETING Marcos Araújo: marcosaraujo@editoravia.com Alex Bernardes: alex@editoravia.com Vanessa Leal: vanessa@editoravia.com ADMINISTRATIVO E FINANCEIRO Gerente: Rita de Cassia Leonel financeiro@editoravia.com REPRESENTANTES BRASIL Brasília (DF): Ibis Comunicação Ivone Camargo (61) 3349-5061, (61) 9666-7755 e 98430-7755 ivone@ibiscomunicacao.com.br REPRESENTANTE EUA: Claudio Dasilva: claudio@braziltm.com Phone: +1 (954) 647-6464 ASSINATURAS: info@editoravia.com Av. Angélica, 321 - Cjs. 92 e 93 - Higienópolis CEP: 01227-000 São Paulo/SP - Brasil Tel.: +55 (11) 3259-2400 / 3255-4956 Os artigos assinados são de responsabilidade dos autores e não refletem, necessariamente, a opinião deste jornal.
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