“EU
Rui Lages
SOU DAQUELES A QUEM OS
DESAFIOS FORTALECEM”
RUI LAGES, O PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL DE CAMINHA OLHA PARA AS DIFICULDADES DE 2023 COMO UM DESAFIO QUE TRARÁ MAIS FORÇA E MAIS RESILIÊNCIA NO NOVO ANO. NESTA ENTREVISTA, OLHAMOS PARA VÁRIOS ACONTECIMENTOS QUE MARCARAM A VIDA DO CONCELHO, SOBRETUDO MAIS RECENTEMENTE. 2024, ACREDITA O AUTARCA, SERÁ TEMPO DE SUCESSO. DIZ QUE AS DIFICULDADES O FORTALECEM E CONFIA NA COMUNIDADE PARA ALCANÇAR ESSE DESIDERATO. DIFERENÇAS À PARTE, O SUCESSO DO CONCELHO DE CAMINHA É O FOCO DE TODOS; DIZ RUI LAGES.
Revista Natal - Estamos a chegar ao fim de 2023, um ano que podemos classificar quase como “annus horribilis” para o mundo, com duas guerras, uma na Europa e outra no Médio Oriente, que vieram juntar-se a tantos conflitos igualmente terríveis, mas menos mediáticos, apenas isso. Tem sido um ano também em que quase parece que a natureza se revoltou contra a humanidade, com incêndios, terramotos, fenómenos climatéricos impiedosos e de grande capacidade destrutiva. E o concelho de Caminha não ficou fora desta turbulência, quando o ano de 2023 ainda tinha só algumas horas.
Rui Lages – É verdade. A natureza foi impiedosa com o concelho de Caminha, mas deixe-me começar a responder-lhe com uma nota positiva. É verdade que a nossa população sofreu ao ver as suas casas atingidas, os seus bens danificados, a via pública destruída um pouco por todo o lado, os equipamentos públicos comprometidos ou mesmo inoperacionais. Foi um momento de desespero e de choque para todos nós. Mas foi isso apenas, um momento, porque logo a seguir a força do nosso povo veio ao de cima, a nossa fibra sobrepôs-se e todos lançaram mãos à obra –população, bombeiros, Baldios de Riba de Âncora, Juntas de Freguesia, sapadores florestais, proteção civil, todos, trabalharam ao lado da Câmara e dos nossos funcionários. E permita-me que deixe mais uma vez o meu agradecimento a todos, mas também que sublinhe a atitude dos funcionários do Município, tantas vezes injustiçados, mas que imediatamente, em dia feriado e festivo, abandonaram as suas casas, abandonaram as suas famílias, para trabalhar pelo bem comum, pela nossa comunidade. É nessas alturas que sabemos com quem contamos. Isto fez a diferença num primeiro momento. Foi possível, nesse e nos dias seguintes, trabalhar em várias frentes, executando ações de limpeza, restabelecimento ou reposição das condições de circulação e de segurança.
RN – Mas, passado quase um ano ainda há muito por fazer.
RL - Temos ainda um longo e dispendioso caminho pela frente… Já lançamos várias obras, concluímos outras. Ainda em meados de novembro, por exemplo, concluímos uma importante empreitada na União de Freguesias de Moledo e Cristelo, onde a intempérie tinha arrasado calçadas de granito e respetivas camadas de fundação e, consequentemente, inutilizando grande
parte delas. Foi uma obra de cerca de cem mil euros, cofinanciada pelo Estado Português.
RN – É uma gota num oceano…
RL – Claro que eu compreendo a impaciência de cada pessoa. Partilho dela aliás. Foi muito duro enfrentar tudo o que aconteceu e depois não ver criadas as condições para podermos avançar com a celeridade que queríamos.
RN – A expetativa criada com os apoios não se confirmou.
RL – Não. Ficámos bastante aquém em matéria de apoios financeiros. Basta lembrar que o levantamento dos prejuízos se cifrou nos dois dígitos, mas o Governo só contabilizou cerca de 2.5 milhões de euros, mais exatamente 2.459.730€, assumindo uma comparticipação de 60% (1.475.838€). Claro que há outros programas, mas foi uma deceção.
RN - E a Câmara fica ainda com uma boa fatia desses valores.
RL – Pois fica. Temos de encontrar no nosso orçamento 40%, ou seja, quase um milhão de euros, mais precisamente 983.892€. Mas já temos as intervenções elencadas, os orçamentos respetivos e os processos em andamento. Não depende só de nós. Há muito
FOI MUITO DURO
ENFRENTAR TUDO
O QUE ACONTECEU
E DEPOIS NÃO
VER CRIADAS AS CONDIÇÕES PARA PODERMOS AVANÇAR
COM A CELERIDADE
QUE QUERÍAMOS
a fazer e as empresas de construção civil terão de ter disponibilidade. Queríamos ter tudo pronto, ou pelo menos avançar imediatamente com todas estas intervenções. O que posso garantir à minha população é que não vou descansar um minuto para que tudo seja resolvido e não vou desperdiçar um dia que seja. Precisamos de ver o nosso território refeito, as nossas infraestruturas recuperadas e sobretudo precisamos de
devolver às pessoas as condições de vida que ficaram comprometidas ou prejudicadas. Não vamos parar enquanto tudo não estiver resolvido.
RN – Disse que há várias obras preparadas… RL – Sim, deixe-me socorrer de uma lista, para não me esquecer de nada. Então temos: Reabilitação do pontelho do Pereiro (Arga de Cima)7.802€; Reabilitação dos caminhos do Regueiro e Fonte Rajada (Lanhelas) - 357.470€; Reabilitação de vários arruamentos, como o Caminho das Lages; R. da Boucinha; R, da Liberdade a norte e sul e muro de suporte à via; Caminho do Serradouro; R. das Fontaínhas; Caminho do Chão dos Campados; Presa do Freijoal; Águas Férreas: R. João Costa e Silva (Lanhelas) - 392.427€; Reabilitação da Travessa da Senhora das Preces (Moledo) - 84.800€; Reabilitação de arruamentos: R. do Souto; R. do Prado; Pontão do caminho do Seixo (Moledo) - 42.267€; Reabilitação da Rua da Aguieira (Azevedo) - 73.440€; Reabilitação da Travessa de S. Miguel e ratificação do pavimento da EM527, entre Azevedo e Riba d´Âncora (Azevedo) - 32.934€; Reabilitação de troço da Rua do Socorro (Venade) - 36.305€; Diversas intervenções em vias de Venade e Azevedo - R. da Aldeia; R. do Regueiro; Av. Barão de S. Roque; R. da Barge; R. do Campilho; R. da Aldeia Nova; R. José Joaquim Fernandes Salgueiro; R. das Fornas - 85.618€; Retificação de anomalias em diversos
arruamentos em Moledo e Cristelo (R. José Augusto Carvalho; R. da Escola; R. do Ingusto (já iniciada antes da transferência das verbas do Estado); R. do Souto e R. de Entre-Vinhas - 119.267€; Intervenções na R. da Parede Alta e R. Alfredo Cruz (Seixas) - 37.934; Retificação de muro de suporte na R. do Forno da Cal; R. do Sobral; R. da Rocha; R. da Quelha (Seixas) - 122.333€; Rua de Poiares e Bela Vista (Seixas) - 80.000€; Reabilitação de arruamentos na R. de Bulhente; R. Comendador Canas; R. da Meca; R. Francisco do Rego (Vila Praia de Âncora) - 54.440€; Arranjo de arruamentos na Estrada da Trindade; R. da Boavista; R. de Navarros; Travessa da Areia; R. do Campo de Futebol; R. do Joaninho (Âncora) - 434.314€; Reabilitação de muro de suporte da Ponte de Abadim (Vile-Âncora) - 24.426€; Intervenção na R. de Cortinhal (Vile) - 21.200€; Reparação da Torre do Relógio (Caminha) - 78.936€; Obra de reparação do piso de jogos do Pavilhão Municipal Fernando Lima (Vilarelho) - 80.100€ (Dependente de eventual pagamento do seguro do equipamento desportivo) e Recuperação do Jardim Infantil e Parque Fitness (Argela) - 102.854€. Entretanto as Piscinas Municipais retomaram o funcionamento normal. Foi terrível e foi difícil garantir a assunção de responsabilidades. Recordo que a parte técnica que suporta o normal funcionamento dos tanques ficou completamente inoperacional e/ou destruída, tendo sido necessário proceder a reparações complexas e à importação de boa parte da maquinaria necessária, o que atrasou a reposição da normalidade.
RN – E já que estamos a falar em obras, 2023 foi também o tempo de inaugurar uma obra aguardada há mais de quatro décadas. Foi um momento de alegria, digamos assim, para contrastar com os problemas de que começamos a falar.
Se foi. E basta lembrar como o Mercado Municipal de Caminha se encheu de gente, mas também de
TEMOS DE ENCONTRAR NO NOSSO ORÇAMENTO 40%, OU SEJA, QUASE UM
MILHÃO
DE EUROS, MAIS
PRECISAMENTE 983.892€
entusiasmo e de emoção. A vida de um autarca faz-se um pouco de tudo, de momentos de aflição, como aconteceu no dia 1 de janeiro; de frustração, ao perceber que todo o nosso esforço não é suficiente e que nem sempre conseguimos ir tão longe como gostaríamos e como a população precisa e merece; mas também de regozijo, de alegria por sabermos que conseguimos também fazer a diferença. Neste caso, quebrar uma espécie de “enguiço” e fazer das promessas de tanta gente ao longo dos anos uma realidade, e que realidade. Como já tenho dito, além do caráter funcional, abrimos, com o Mercado Municipal, uma nova e extraordinária janela para o Rio Minho.
RN - … Ainda há um ou outro Velho do Restelo que critica o equipamento ….
RL – Há sempre. Há sempre um ou outro “ser” que não se conforma, que põe os interesses pessoais ou a politiquice acima dos interesses coletivos e do bem-estar da comunidade. Essas atitudes ficam com quem as toma. Já nem sequer me afetam. Eu olho para a frente, nem perco tempo com essas coisas.
RN - O Mercado Municipal tem-se confirmado como um equipamento polivalente.
RL – Como sempre dissemos que seria e só estamos a dar os primeiros passos. O Mercado já acolheu trabalhos do III Congresso Internacional de Enogastronomia Amar o Minho, designadamente com uma comitiva francesa multidisciplinar, da cidade de Avignon, composta por representantes do Município, investigadores e profissionais da área alimentar, congresso que depois prosseguiu no Museu Municipal, com o programa de painéis.
Também tivemos o workshop Mercado FISH, uma iniciativa que foi realizada em parceria com os alunos dos cursos de Cozinha/Pastelaria e Restaurante/Bar da ETAP - Escola Profissional de Caminha, polo de Vila Praia de Âncora. Recordo que o projeto MERCADO FISH é muito abrangente e tem como foco potenciar sinergias, envolvendo comerciantes e agentes locais, explorando as oportunidades de dinamização da economia local, de divulgação do território, da oferta turística, do saber fazer local e dos produtos endógenos.
Já na programação deste mês de dezembro, o Mercado Municipal também foi palco do “Festival Vinhos do Futuro 2023”.
Para quem duvidava das potencialidades desta obra, estas são já algumas das muitíssimas respostas que o futuro nos vai continuar a trazer. E ao mesmo tempo, convém não perder de vista, damos condições adequadas aos vendedores e aos clientes, garantimos as condições de conforto e salubridade. Nada disso encontrámos em 2013, mas felizmente quebrou-se o tal “enguiço”, fruto da persistência e do trabalho de uma vasta equipa. Somos mesmo teimosos, quando se trata de favorecer a nossa população e o nosso território.
RN – A Incubadora Verde de Argela é outro equipamento estruturante?
RL – Se é, claro que sim. A freguesia de Argela é uma freguesia pequena e foi marginalizada durante demasiado tempo. Agora as ruas têm nome, fizemos uma revolução no saneamento e nas redes de abastecimento de água e recuperámos a antiga escola primária, dando-lhe nova vida. A Incubadora Verde está preparada para apoiar o empreendedorismo rural e sustentável, com um núcleo de incubação de empresas e um espaço de trabalho partilhado, incluindo a domiciliação do projeto NUTRIR.
RN – As infraestruturas ainda são uma prioridade.
RL – Pois são. As redes de saneamento e água são obras fundamentais, mas de que ninguém gosta, enquanto decorrem. Temos em desenvolvimento com a Adam – Águas do Alto Minho, entre outros, investimentos de mais de 600 mil euros, que englobam as freguesias de Seixas, Venade, Vilarelho, Vile e Vila Praia de Âncora. Mas deixe-me dar como exemplo a freguesia de Âncora, onde temos empreitadas distintas, nas áreas do saneamento, remodelação das redes de água e eficiência no valor de mais de um milhão de euros – este será porventura o maior investimento de sempre nesta freguesia.
RN – Para encerrar o capítulo das obras falemos do Portinho de Vila Praia de Âncora. Era também uma espécie de “enguiço”, algo que nasceu torto e que ameaçava nunca se vir a endireitar?
RL – Está bem vista a imagem que dá. Era, e ainda é, uma autêntica dor de cabeça. Mas finalmente há luz ao fundo do túnel. Agarramos esse processo com seriedade, devolvemos-lhe a credibilidade, a responsabilidade
e o comprometimento. Trabalhamos com o Governo, com a ciência e com quem tinha de ser ouvido e foi ignorado antes, os nossos pescadores. Ainda no mês passado recebemos o II Congresso da Pequena Pesca e ficamos a saber dos passos mais recentes. O Estudo de Reconfiguração do Portinho de Vila Praia de Âncora foi apresentado no passado dia 6 de julho, com a participação do Diretor Geral da Direção-Geral de Recursos Naturais, Segurança e Serviços Marítimos - DRGM, José Simão, e com a Secretária de Estado das Pescas. Agora o processo é mesmo a sério e espero que imparável.
RN – Foi no Cineteatro dos Bombeiros Voluntários de Vila Praia de Âncora, onde decorre também uma programação cultural regular.
RL – Olhe, parece que 2014 foi há séculos, quando aquele espaço era um exemplo de degradação e de abandono da nossa corporação, que tinha as contas penhoradas e o futuro, senão a própria sobrevivência, ameaçado. Veja só como foi possível dar saúde financeira às nossas corporações de Vila Praia de Âncora e Caminha, recuperar um equipamento e colocá-lo, de uma forma solidária, ao serviço da comunidade, com cinema atual, programação regular.
O ano de 2014, se quisermos, foi “trágico”, de alguma forma. Também tivemos intempéries, que destruíram a Duna dos Caldeirões, o paredão de Moledo, ameaçava comprometer a época balnear. Vencemos tudo isso, foi
uma grande prova, olhe, se quiser, um ensaio para o que agora aconteceu em 2023. Também vamos ultrapassar tudo isso.
RN – Nesse ano foi possível, além do mais, salvar a época balnear.
RL – É verdade, ainda este ano voltamos a hastear a Bandeira Azul da Europa em todas as praias marítimas do concelho de Caminha. Não é apenas o reconhecimento o reconhecimento da qualidade e do prestígio das praias da Foz do Minho, Moledo, Vila Praia de Âncora e Forte do Cão. É um grande e contínuo investimento.
AGORA
AS RUAS TÊM NOME, FIZEMOS UMA REVOLUÇÃO
NO SANEAMENTO E NAS
REDES DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA E RECUPERÁMOS A ANTIGA ESCOLA PRIMÁRIA, DANDO-LHE NOVA VIDA
PARECE QUE 2014 FOI
HÁ SÉCULOS, QUANDO
AQUELE ESPAÇO ERA UM EXEMPLO DE DEGRADAÇÃO
E DE ABANDONO DA NOSSA
CORPORAÇÃO, QUE TINHA AS
CONTAS PENHORADAS E O FUTURO, SENÃO A PRÓPRIA
SOBREVIVÊNCIA, AMEAÇADO
Mais, uma vez aqui, a memória é importante. Em 2015, pela primeira vez em 26 anos, desde que a Bandeira Azul era atribuída, o concelho de Caminha conquistou a Bandeira Azul nas quatro praias marítimas, incluindo a de Vila Praia de Âncora. Em 2018 a candidatura da Praia das Azenhas, em Vilar de Mouros teve também sucesso. Desde aí, a cada ano, repetem-se com sucesso as cinco candidaturas, traduzindo-se em cinco Bandeiras Azuis. Também temos mais uma praia fluvial - o ano de 2021 ficou marcado por uma nova praia fluvial, Pedras Ruivas, em Seixas.
RN - Falámos há pouco em programação, a propósito do cinema. O Executivo é muitas vezes associado a “festas e festinhas”…
RL – A vista curta e, diria, cega, tem dessas coisas….
RN – Há um investimento exagerado, por parte da Câmara, na área da Cultura e lazer?
RL – Claro que não. Fazemos uma aposta séria e equilibrada na nossa programação, aquém do que gostaríamos, mas de acordo com o que é uma política responsável que assenta numa oferta cultural capaz de atrair e consolidar o Turismo, mas também pensando na nossa gente, porque não encaramos a cultura como um luxo, mas sim como um direito. Apostamos na qualificação dos eventos e sabemos que estamos no caminho certo. Percebo que alguns, aqueles, aquela minoria de partidários do “quanto pior melhor” tenham pena de que o Festival de Vilar de Mouros tenha regressado connosco e que se consolide a cada edição reganhando o prestígio perdido, isto para dar apenas um exemplo e não nos alongarmos.
O Turismo é a nossa principal indústria, que movimenta a economia todo ano. Era o que faltava que a Câmara Municipal não desse o seu contributo, não investisse nos equipamentos públicos, não apoiasse os empreendedores, não apoiasse o nosso comércio ou não promovesse uma oferta cultural capaz de potenciar a procura do concelho por parte dos turistas nacionais e internacionais.
Admito também que alguns não entendam a necessidade de preservar as nossas tradições, a nossa identidade,
que preferissem que voltássemos costas às comissões de festas, às centenas ou milhares de pessoas que graciosamente trabalham para que as nossas festas e romarias regressem todos os anos, que têm nesse trabalho um motivo de orgulho, de que aliás partilho.
RN - Uma novidade foram os meses temáticos.
RL – Achamos que seria uma forma de aglutinar os eventos e iniciativas e de integrar áreas que às vezes estão dispersas ou que acabam por não ter a visibilidade que merecem. Este mês de dezembro, enfim, não havia grande discussão, é o mês do Natal. Mas já foi possível destacar e desenvolver muitas temáticas. Deixe-me recordar: começámos com Março – Mês do Ambiente e da Sustentabilidade; depois AbrilMês da saúde e do Bem-Estar; Maio – Mês do Mar, dos Rios e da Pesca; Junho – Mês do Desporto; Julho – Mês do Turismo; Agosto - Mês das Festas e das Romarias; Setembro – Mês das Tradições e da Cultura Popular; Outubro – Mês Sénior e Novembro – Mês da Cultura: dos Livros ao Património.
RN – Há poucos dias, a Câmara Municipal homenageou as Comissões de Festas e Romarias que ao longo do ano de 2023, tornaram possíveis muitas festividades.
RL – Pois foi e se há coisa de que tenho absoluta certeza é de que este agradecimento público foi um ato de elementar justiça. Um povo que não preserva a sua identidade não tem futuro. Homenageámos mais de 500 pessoas e 45 comissões que deram o melhor de si para reafirmar a nossa cultura, tradição e identidade. Privilegio a proximidade com a população, conto com a participação de todos, e vou continuar a proceder assim, não apenas porque sinto que é minha obrigação enquanto autarca, mas sobretudo porque isso está no meu ADN, enquanto filho desta Terra, cheio de orgulho de ser caminhense.
RN - Há uma proximidade na Cultura, para além dos grandes eventos?
RL - A Cultura não se faz apenas de grandes eventos. Faz-se de todos os eventos e iniciativas, as festas e romarias de que falou, os convívios, tanta coisa. Mas sim, respondendo à sua pergunta. Olhe, temos em curso o programa “Cultura para Todos”. Há semanas, integrado nas comemorações dos 30 anos da Biblioteca e do Museu de Caminha apresentamos o projeto Fotomemória, que consistiu na recolha, digitalização e catalogação de fotografias de álbuns pessoais, a partir dos testemunhos
de quem cedeu as fotografias. Foi um projeto de partilha e de proximidade, no âmbito da candidatura “Cultura para Todos”, financiada pelo Programa Operacional Regional do Norte NORTE 2020.
Mas nem sempre estes projetos são grandes ou menos grandes. Estou a lembrar-me, a este propósito também, do grande espetáculo que nos comoveu a todos e que encheu os nossos corações: Sérgio Godinho e o »Coro das Velhas«, que foi o corolário do Dia Mundial da Música, em 2022. Foi uma lição de vida, uma lição de partilha, de entrega e a demonstração de valor. Até o Sérgio Godinho ficou impressionado com a nossa população e os nossos talentos.
RN – Foi também uma forma de envolver a população mais idosa?
RL – Sim, também. Temos um foco muito especial nessa faixa etária, normalmente as pessoas que mais precisam de atenção e carinho, que fizeram de nós o que hoje somos e merecem agora a nossa atenção. Este ano, por exemplo, em outubro, promovemos a I Semana Sénior do Concelho. Foram cinco dias de grande atividade, com iniciativas relacionadas com saúde e bemestar, a segurança, a cultura e o lazer, dirigidas para a comunidade sénior, utentes institucionalizados nas Instituições Particulares de Solidariedade Social - IPSS, cuidadores formais e informais, mas também para a comunidade em geral.
FOI UM PROJETO
DE PARTILHA E DE PROXIMIDADE, NO
ÂMBITO DA CANDIDATURA
“CULTURA PARA
TODOS”, FINANCIADA
PELO PROGRAMA
OPERACIONAL REGIONAL
DO NORTE NORTE 2020
RN – Já agora, não podemos deixar de mencionar os mais novos, ainda que de forma sucinta, porque esta entrevista já vai longa. Peço-lhe que identifique uma ou duas medidas que considera mais importantes.
RL – Há tanto a dizer, mas, se me coloca a questão dessa forma, tenho que eleger a requalificação da Escola Secundária de Caminha e a construção da Escola Básica de Vila Praia de Âncora e da sede da Academia de Música Fernandes Fão, em Vila Praia de Âncora. Farão a diferença na vida da comunidade educativa durante muitos anos.
Tenho também de referir a importância do transporte escolar gratuito – que alargámos ao Secundário, a escola a tempo inteiro, a oferta de livros escolares gratuitos, implementação de programas diversos, como a terapia com cães, o rastreio do daltonismo ou as diversas modalidades desportivas que introduzimos na escola, sobretudo as ligadas ao mar e ao rio.
RN - O ano de 2024 está à porta. Espera um ano difícil?
RL – Difícil sim, com certeza que não espero facilidades. 2023 foi e ainda está a ser um ano duro, que nos torna também mais resilientes. Eu sou daqueles a quem os desafios fortalecem. Vamos lá, venha daí o novo ano. Há tanto para fazer, há tanta coisa a ser preparada.
TEMOS UM FOCO MUITO
ESPECIAL NESSA FAIXA ETÁRIA, NORMALMENTE AS PESSOAS QUE
MAIS PRECISAM DE ATENÇÃO E CARINHO, QUE FIZERAM DE NÓS
O QUE HOJE SOMOS E MERECEM AGORA A NOSSA ATENÇÃO
RN – Tanta coisa?....
RL – Muita mesmo, vamos divulgar na altura certa. E como a minha experiência me diz que conto com uma vasta equipa, entendida como comunidade, independentemente das cores clubísticas ou das cores partidárias, sei também que o nosso futuro, que o futuro do concelho de Caminha será de sucesso. Vamos aproveitar o Natal e dar as boas vindas a 2024.
Obrigado!
As festas e romarias são parte indissociável da alma de uma comunidade. Não podem os poderes públicos, por si só, garantir que essa valiosa herança se transmite de geração em geração, assegurando a identidade e a riqueza dos povos e dos territórios. Este património comum é verdadeiramente de todos e tem de ser cuidado por todos. É assim no concelho de Caminha. Por detrás de cada festa, de cada romaria, há um trabalho praticamente anónimo, realizado ao serão, nos tempos livres, com sacrifício do tempo da família ou do lazer. Por isso, a Câmara Municipal de Caminha homenageou as Comissões de Festas e Romarias, que ao longo do ano de 2023, se disponibilizaram para manter vivas as nossas tradições. Mais de meio milhar de pessoas e 45 comissões receberam o justo e singelo OBRIGADO.
S ão Sebastião (Âncora)
• S enhora da Assunção (Âncora)
S anta Luzia (Âncora)
• S enhora da Rocha (Arga de Baixo)
S enhora do Rosário (Arga de Cima)
• S ão Silvestre (Arga de Cima)
S ão João d'Arga (Arga de São João)
• S anto António e Senhora do Rosário (Arga de São João)
• S enhora da Piedade (Argela)
• S ão Miguel (Azevedo)
• S enhora da Agonia e Senhor dos Mareantes (Caminha)
S anta Rita de Cássia (Caminha)
• S ão Pedro (Caminha)
S olenidade do Corpo de Deus (Caminha)
• S ão Tiago (Cristelo)
S ão Silvestre e Senhora das Neves (Dem)
• S enhor e Senhora do Rosário (Gondar)
S anto António e Menino Jesus (Gondar)
• S anto Amaro e Nossa Senhora da Luz (Lanhelas)
• S anto António e São Sebastião (Lanhelas)
• S enhor da Saúde e Santa Rita de Cássia (Lanhelas)
• S anto Isidoro (Moledo)
• S antíssimo Sacramento e São Sebastião (Moledo)
• S enhora Ao Pé da Cruz (Moledo)
S ão Paio (Moledo)
• S antíssimo Sacramento e Senhora das Dores (Orbacém)
• S enhor dos Aflitos (Orbacém)
• S ão Martinho (Orbacém)
• S ão Miguel (Riba de Âncora)
• S enhora da Guadalupe (Riba de Âncora)
• S anto Amaro (Riba de Âncora)
• S ão Bento (Seixas)
• S ão Pedro (Seixas)
• S enhor do Socorro (Seixas)
• S enhora da Consolação (Seixas)
S anto António (Seixas)
• S enhora dos Remédios (Venade)
• S anta Marinha (Vila Praia de Âncora)
• S enhora da Bonança (Vila Praia de Âncora)
• S enhora da Peneda (Vilar de Mouros)
• S enhor dos Passos (Vilar de Mouros)
• S enhora do Amparo (Vilarelho)
• S ão Sebastião (Vilarelho)
• S ão Sebastião e Nossa Senhora (Vile)
• S ão Pedro de Varais (Vile)
ÍNSUA
Cadernos de História, Ciência e Cultura do Município de Caminha
Neste mês de dezembro vamos apresentar o primeiro número de uma nova publicação, municipal, anual, que fazia muita falta e que vem contribuir para enriquecer e preservar a nossa História comum. Trata-se da revista ÍNSUA - CADERNOS DE HISTÓRIA, CIÊNCIA E CULTURA DO MUNICÍPIO DE CAMINHA. O primeiro número conta com a coordenação de Paulo Torres Bento e a edição tem o foco numa personalidade a quem muito devemos, Manuel Jorge de Avillez (1896-1981).
ÍNSUA- CADERNOS DE HISTÓRIA, CIÊNCIA E CULTURA DO MUNICÍPIO DE CAMINHA é assim, e de acordo com o seu Estatuto Editorial, o título de uma revista interdisciplinar fundada em 2023, propriedade da Câmara Municipal de Caminha, com periodicidade regular a um ritmo anual, sem data exata de publicação.
O formato desta edição, centralizada numa personalidade, não se repetirá obrigatoriamente nas edições seguintes, muito pelo contrário. “A revista é constituída por áreas diversificadas mas, fiel ao seu título, versa, sobretudo, as áreas matriciais da História, da Ciência e da Cultura, e tem como objetivo primordial a difusão de estudos e textos que incidam sobre a vertente local e regional — incluindo recensões — da autoria de investigadores locais ou que incidam as suas pesquisas sobre as realidades locais. Ocasionalmente, os números da ÍNSUA poderão ser temáticos, agrupando textos e estudos de um determinado campo de investigação ou referente a uma mesma realidade, ou ainda a um mesmo autor”, lê-se ainda no mesmo Estatuto. Sublinha o Presidente da Câmara, Rui Lages, que assume a direção da revista: “é um privilégio fazer
parte deste projeto, uma das decisões de que vou guardar para a vida, uma reconfortante memória. A política não é a espuma dos dias, as pequenas quezílias quase sempre sem sentido ou utilidade; não é apenas a obra construída, o património material. O que temos obrigação de fazer pela comunidade que em nós confiou é muito, é tudo, e a Cultura é parte disso”.
A ÍNSUA – na definição de Rui Lages – “é o espaço certo. Um espaço democrático, aberto, isento, sem preconceitos; fiel apenas ao rigor, ao respeito, às pessoas e às memórias”.
Fotografia: Jorge Manuel Avillez