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Mensagem Reitor da UTAD
Um regresso sempre desejado
É histórico o interesse das populações do Norte de Portugal pelo desporto automóvel, sejam ralis ou corridas de velocidade, facto extensível à Região da Galiza, que de forma consistente partilha esta enorme e longínqua paixão. Há um sentimento que leva a admitir, fazendo parte do senso comum, que corridas em Viela Real e Vila do Conde, bem como Rali no Norte, como algo que todos compreendem e não há necessidade de explicar. Com início em épocas idênticas, durante muitas dezenas de anos as corridas de Vila do Conde e Vila Real marcaram de forma indelével as memórias de muitos dos que tiveram o privilégio de as acompanhar de perto. Tendo a primeira corrida em Vila do Conde sido realizada em setembro de 1931, com repetições anuais ininterruptas até 2003, esse ano decretou o fim desse evento, onde o mítico trofeu Mini 1000 deixou marcas profundas em muitos dos muros circundantes. Já no que concerne ao Rali de Portugal, durante anos considerado como o melhor do mundo, podemos afirmar sem ser imodestos que o Norte de Portugal materializa a alma do rali, o que foi muito evidente nos anos em que o mesmo não decorreu na região. Nascido no âmbito do Grupo Cultural e Desportivo da TAP em 1963, depois Rali Internacional TAP a partir de 1967, a prova teve em Alfredo César Torres a sua figura de proa, que com a ajuda de uma fantástica equipa colocou a prova no topo do campeonato do mundo da modalidade. Tendo começado ainda mais cedo do que Vila do Conde, o Circuito Internacional de Vila Real, conhecido entre os amantes deste desporto como “Santuário do Automobilismo”, ou o Mónaco Português, sempre fez deslocar até à cidade transmontana dezenas de milhar de pessoas todos os anos, com as décadas de 60 e 70 a permitirem uma primeira fase de apogeu deste circuito, época em que muitas dezenas de pilotos estrangeiros se apresentavam em prova, proporcionando à mesma um espírito altamente competitivo. A sua capacidade de regeneração às sucessivas interrupções, só possível pela paixão das suas gentes, permitiu um regresso fantástico e ambicioso a partir de 2014, com um novo fôlego, uma pista modificada e a vontade de integrar uma prova do calendário internacional. A chegada WTCC em 2015 foi o coroar perfeito de todo este esforço, sendo que a partir daí, nos anos seguintes, milhares de pessoas projetaram uma imagem única de Vila Real e do Douro para todo o mundo. A cidade viveu, em cada ano, um ambiente cosmopolita como antes nunca se vira, num sentimento de alegria que contagiou cada um de nós. A paragem imposta pela pandemia em 2020 e 2021 em nada esmoreceu o interesse pelas corridas, que regressam este ano com novos desafios e exigências, mas com a vontade firme da fazer o melhor circuito de sempre. O nosso obrigado e um enorme bem-haja a todos os que permitem que este momento.
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