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Entrevista a Francisco Lobinho

Entrevista a Francisco Lobinho – Minisquadra (miniaturas)

As corridas são um mundo imenso, com muitos pormenores e muitas particularidades. A sua história é escrita das mais variadas formas: na construção dos carros, nas pistas onde as corridas acontecem, nas fotografias, nos relatos escritos e falados. Mas há uma forma de escrever a história que encanta miúdos e graúdos. As miniaturas. Pequenas recriações das máquinas que nos fazem ou fizeram sonhar, muitas vezes com um detalhe tal que parece que as verdadeiras máquinas foram encolhidas. Criar essas miniaturas é uma arte e Francisco Lobinho, da “Minisquadra”, é um dos artistas nacionais. Como também as miniaturas são parte importante da paixão pelas corridas, sendo que quase todos os adeptos da competição motorizada tem pelo menos uma ou duas miniaturas em casa, entrevistamos Francisco Lobinho, para mostrar a sua arte e para lembrar a todos que esta é também uma forma de escrever a história das corridas Francisco Lobinho define-se como um “Petrolhead, apaixonado desde sempre pelos automóveis e corridas. Comecei pelo Rallye de Portugal em 1983, pela facilidade que existia e pelas romarias à Serra de Sintra, e conheci em 1984 o “Grande Circo” no Estoril. Em termos profissionais gosto de pesquisar fragmentos de estórias, sou atento aos detalhes e procuro sempre a excelência nos modelos que edito, quer seja na base, nos acessórios, na apresentação ou na embalagem.” A execução dos trabalhos minuciosos que faz exige dedicação e acima de tudo uma grande paixão pelos carros, paixão essa que se iniciou já há muito anos: “No início dos anos 80, não me lembro do que nasceu primeiro, mas terá sido a paixão pelos automóveis através de jornais (Autosport e Motor) e revistas (Automundo, Turbo, Grand Prix). Como pano de fundo tinha os álbuns de Banda desenhada do Michel Vaillant que me permitiram sonhar e viajar para outros locais. As miniaturas foram a tentativa de replicar o que via na TV nas corridas de F1. Fazia todos os participantes no Campeonato do Mundo e havia sempre “corridas” com os vizinhos.”

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Com uma postura muito pragmática, Francisco Lobinho vive esta sua arte dia a dia: “Não sei o que o futuro reserva e vivo no presente, mas o objetivo será “respirar” modelismo conjugado com o universo dos automóveis assim como com o ambiente vintage. Para isso tenho estado a remodelar todo este projeto que leva 16 anos.”

Apostando muito na construção de modelos clássicos e com uma coleção (GRIP) exclusiva de modelos que correram em Portugal. quisemos saber o que o levou por esse caminho: “Os modelos a partir dos anos 60 até aos anos 90 são sem dúvida os mais icónicos, todos eles com grande personalidade e percursos marcantes. Por outro lado, as pessoas lembram-se de ter visto os carros correrem e de tirarem grande prazer disso, transformando-se em memórias inolvidáveis. A GRIP é a materialização dessas memórias, perpetuando-se assim no tempo momentos únicos e inesquecíveis.” Francisco Lobinho vai lançar uma coleção especial sobre o início do Circuito Internacional de Vila Real e falou-nos um pouco desse lançamento:

“Esta coleção estava pensada há algum tempo (tenho sempre algumas ideias em “stand-by”) e em Março comecei a aprofundar a pesquisa e investigação, falei com pessoas que são uma referência para mim e decidi avançar, tendo como meta a realização da edição deste ano do Circuito de Vila Real. 89 anos depois iriam ser materializadas à escala as máquinas da década de 30. Do pouco que conheço, penso que será o circuito em Portugal que mais edições tem efetuadas. Mantém hoje em dia provas do Campeonato do Mundo e nos anos 60/70 era um dos circuitos mais apreciados pelos pilotos estrangeiros. É um exemplo de resiliência, tradição e glamour do ambiente das corridas de Grand Prix e Resistência. Na adolescência acompanhava o Automobilismo e a imprensa transmitia sempre um grande élan das “provas e das gentes” de Vila Real. Posteriormente tive a oportunidade de adquirir um livro “Circuito de Vila Real, 1931 – 1973” do historiador Carlos Guerra que veio desenvolver o meu interesse e paixão pelas provas em Vila Real. Em 2009, a convite do Presidente da Câmara de Vila Real e de outras entidades, realizei uma exposição e pude sentir o ambiente mágico do Circuito e das pessoas, o seu entusiasmo e paixão sempre presentes.

A arte das miniaturas está sempre presente no dia a dia dos fãs das corridas e Francisco Lobinho concorda com esta afirmação: “Penso que a paixão pelas miniaturas está sempre latente nas pessoas. O nosso contributo vai no sentido de “acordar” esse sentimento. Um modelo pode despertar sentimentos muito positivos nas pessoas e é esse o nosso propósito. Despertar memórias, sentimentos e emoções. Trata-se no fundo de preservar um património histórico preservando a memória, ao mesmo tempo que se apela à parte da emoção. A “Minisquadra” é sem dúvida um projeto emocional.”

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