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Entrevista a Eduardo Ferreira

CAVR (Clube Automóvel de Vila Real)

As corridas de Vila Real são feitas pelas gentes da terra, para todo o mundo. Não é assim de estranhar que posições de grande relevo sejam ocupados pelos “filhos da terra”. Eduardo Ferreira é um desses exemplos. Membro do Clube Automóvel de Vila Real, será o diretor de prova do fim de semana de corridas. Um cargo de grande responsabilidade e a prova de que não é preciso recorrer a pessoas de fora para fazer um evento deste calibre. Eduardo Ferreira define-se de forma pragmática, quer como Vila-realense, quer como membro do CAVR e um dos responsáveis pelo evento: 1 do CAVR. Na última edição já fui o diretor de prova de todo o evento e volto a ser este ano. Sempre que o Clube precisou de mim, seja em que função necessária fosse, estive presente, é o meu Clube, tão simples quanto isso. O sentimento é sempre muito forte. Um misto de paixão e responsabilidade, mas acima de tudo de espírito de entrega para que tudo corra pelo melhor e consigamos uma vez mais elevar o nome da “Bila” e do nosso CAVR.”

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A ligação ao circuito já é uma história antiga para mais este apaixonado pelas corridas da “Bila”:

“Como tantos outros Vila-realenses. Desde que nasci, quando com 3 ou 4 anos ia para a Timpeira (terra do meu pai) ver as corridas. Aos 11 anos comecei esporadicamente a ajudar a espalhar fardos de palha pelo circuito com os meus familiares, quando atingi a idade exigível tirei de imediato a licença de fiscal de pista e comecei no, então, Posto 14 (Chicane da Estação) com o professor Varela como chefe de posto, com quem aprendi muito e nunca esqueci. Depois, por solicita-

“Sou uma pessoa simples, um filho da “Bila” e com um sentimento bairrista no que toca à defesa, promoção e projeção de Vila Real, seja pelas corridas ou pela minha atividade profissional ligada ao turismo. Já fiz parte da direção do CAVR durante muitos anos, mas não atualmente, no entanto e por solicitação da atual direção, continuo a fazer parte integrante deste grupo de trabalho. Verdade que do grupo dos cinquenta fundadores estava o meu padrinho e tio, atualmente o sócio nº

ção do então Presidente do CAVR, Senhor Jorge Fonseca, fui desafiado a assumir a segurança de todas as provas e modalidades do CAVR como Autocrosse, Ralicrosse, Karting, Camiões, Motos, Velocidade, Rampas e Ralis. Posteriormente o Clube precisou de mim para assumir as funções de diretor de prova e aqui estou para contribuir da melhor maneira que saiba, possa e consiga.”

Numa caminhada já longa e repleta de histórias, desafiamos Eduardo Ferreira a apontar alguns momentos marcantes:

“Tantos anos já ligados ao clube muitas alegria e dissabores se ultrapassaram, é sempre difícil escolher um ou outro momento. Naturalmente o pior será o terrível acidente que vitimou várias pessoas e um dos melhores foi a bandeira xadrez na primeira prova do primeiro Campeonato do Mundo de Rallycross de sempre, que foi organizado por nós. Fomos os escolhidos para essa missão, a pressão de não falhar era enorme e os olhos estavam todos postos em nós. Quando a bandeira xadrez cai pela última vez nesse fim de semana foi impossível conter as lágrimas de emoção com a perfeita noção que tínhamos conseguido superar tudo incluindo nós próprios. Uma equipa FANTÁSTICA.

Num evento destes, muitas pessoas dão uma parte substancial do seu tempo em prol das corridas. Mas Eduardo Ferreira tem a convicção que a paixão maior pelas corridas é o que move as pessoas: “´Uma parte substancial por vezes até é redutor, mas sim muito tempo muito empenho e dedicação. Até há bem pouco, sempre pro bono e mesmo agora que se procura dar alguma “compensação” monetária, afirmo com toda a certeza que toda a equipa do CAVR não se move por aí, claro que é um mimo e no mínimo que seja mais um incentivo que um pagamento de serviço. Continuo a acreditar que o sucesso desta coesão no Clube se deve ao espírito de quase ser uma família, mas naturalmente por vezes com alguns

atritos ou não fosse isso parte da condição humana. Mas no fundo vamos conseguindo cativar e manter a verdadeira essência do valor do associativismo, até ver.”

Quanto às peças chave desta organização de sucesso, Eduardo Ferreira não tem dúvidas: “Será sempre a POPULAÇÂO de Vila Real. O Clube Automóvel de Vila Real, a APCIVR, a Autarquia, os Bombeiros, a Polícia com todo o empenho serão apenas o veículo da vontade dos Vila-realenses.”

Já há algum tempo que se diz que o Circuito de Vila Real vive o seu momento mais alto, opinião partilhada por Eduardo Ferreira que não esconde a ambição de levar o Circuito mais longe, sabendo, no entanto, que isso depende de vários fatores:

“A nível desportivo, claramente será o ponto mais alto. Qualquer organização almeja organizar os melhores eventos e tudo se procura fazer para que isso se atinja, traduzindo-se, naturalmente numa elevação de prestígio para o nosso circuito e cidade. O ir mais longe vai apenas depender da congregação de vontades de todos os intervenientes sempre coma população à cabeça e a querer. Os fatos estão aí e se realmente quisermos, quem poderá dizer o contrário?” As corridas são paixão, mas para que essa se viva na plenitude, é preciso cuidados. O desporto automóvel é perigoso e o trabalho de uma grande equipa permite que todos possam ver as corridas sem receios:

“A segurança não é uma, é “A” principal preocupação de todos os nós. Sempre foi apanágio de todos os envolvidos nestas edições procurar elevar os parâmetros da segurança, tentando reduzir ao máximo os riscos inerentes a uma modalidade como esta. Ao longo dasúltimas edições a evolução é notória, de ano para ano procuramos sempre melhorar e aperfeiçoar seja em estrutura ou em procedimentos. Neste capítulo não se pode estagnar e ano após anos, a melhoria é uma procura incessante. Por fim o que acho mesmo necessário é precisamente continuar esta busca.” Eduardo Ferreira explicou-nos brevemente em que consiste o seu trabalho durante o fim de semana de corrida que, consequentemente exige muita preparação prévia:

“Estando circunstancialmente nesta posição, a minha responsabilidade é ter toda a estrutura montada e capaz de responder às mais diversas exigências assim como necessidades, para que todos os setores envolvidos consigam desempenhar as respetivas funções da maneira mais eficaz e de igual modo responderem de forma adequada a estas mesmas contingências. A abrangência é tal e as solicitações tantas que só consigo desenvolver o meu papel com o apoio e ajuda incondicional de toda esta máquina infernal que me acompanha. Concentração, conhecimento de causa e experiência adquirida ajuda na tomada de decisões necessárias à ultrapassagem de contrariedades, seja no plano desportivo ou mesmo quanto ao público diz respeito e como alguém em dada altura da minha vida me disse: ´Estar sempre pronto porque a razão impõe e a preparação o permite´.”

Com tanta responsabilidade sobre os ombros, é normal que que esse fim de semana seja intenso, talvez o mais intenso do ano para Eduardo Ferreira, que busca sempre a perfeição, sabendo que esta é muito difícil de atingir:

“Poderia dizer que se existem máquinas que chegam ao fundo da reta de Mateus a mais de 200 km/h, nós vivemos este fim de semana a 300 km/h. Uma vez mais, concentração, empenho e dedicação, é desta forma que se vive este fim de semana.”

Por fim, Eduardo Ferreira deixou uma mensagem aos Vila-realenses, conterrâneos, que vivem a sua paixão:

“As ´NOSSAS´ corridas são de todos para todos, mas são da Bila e de mais ninguém. Só com a vontade e querer dos Vila-realenses é que é possível a realização deste evento de cariz mundial que tanto projeta a Cidade, Região e País além-fronteiras. A Todos os Vila-realenses peço e digo: Força Vila Real, força gente da minha terra!!!”

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