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Medicamentos Inovadores e sustentabilidade dos sistemas de saúde
from Infopharma nº4
by editorialmic
NA ÚLTIMA DÉCADA ASSISTIU-SE A UM PERÍODO DE GRANDE INOVAÇÃO TERAPÊUTICA. CONTUDO, A COMBINAÇÃO DO NÚMERO DE MEDICAMENTOS FRANCAMENTE INOVADORES COM OS PREÇOS ELEVADOS A QUE CHEGAM AO MERCADO, CRIA UMA ENORME PRESSÃO SOBRE OS ORÇAMENTOS DA SAÚDE.
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Autor: Helder Mota Filipe, Professor Associado da Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa
Segundo a definição da Agência Europeia do Medicamento (EMA), um medicamento inovador é qualquer medicamento que contenha uma substância ativa ou uma combinação de substâncias ativas que nunca tenham sido autorizadas antes. Esta definição não acrescenta informação sobre a mais-valia que esse medicamento pode acrescentar ao arsenal terapêutico. A definição da EMA inclui todos os medicamentos novos mesmo que não apresentem inovação significativa do ponto de vista terapêutico. Frequentemente, um medicamento novo não acrescenta inovação terapêutica significativa. Neste texto consideramos medicamentos inovadores apenas aqueles que, do ponto de vista da sua utilização, podem acrescentar características que são inovadoras relativamente às alternativas disponíveis até à sua aprovação.
Na última década vivemos um período de grande inovação terapêutica que ficou a dever-se, em grande parte, aos avanços muito importantes nas ciências designadas fundamentais (por oposição às ciências aplicadas). Destacam-se de forma clara a biologia molecular e a genética que contribuíram para a descoberta de mecanismos fisiopatológicos e para a identificação de alvos para novas intervenções farmacológicas, mas também para o desenvolvimento de novos medicamentos de natureza diversa dos até então disponíveis. São exemplos a utilização de anticorpos monoclonais ou células geneticamente modificadas como medicamentos. Aqueles conhecimentos estão também na base do que se designa “medicina personalizada” ou “medicina de precisão” que, através da combinação adequada das caraterísticas específicas dos medicamentos com as características genéticas do doente, permite que para cada doente seja escolhida a alternativa terapêutica mais adequada, evitando falências terapêuticas ou efeitos adversos.
Se observarmos os ensaios clínicos com medicamentos inovadores que estão a ser desenvolvidos na Europa, facilmente chegaremos à conclusão que a chegada de medicamentos inovadores ao mercado continuará a aumentar. Muitos destes medicamentos são classificados como medicamentos biológicos ou medicamentos de terapia avançada, pelo que a sua avaliação científica é efetuada centralmente pelos comités científicos da EMA e a autorização de introdução no mercado é emitida simultaneamente para todos os estados membros.
No entanto, a inovação não tem sido igual em todas as áreas terapêuticas. A área onde mais inovação tem acontecido é a da oncologia, com substâncias ativas de diferentes naturezas químicas e com novos mecanismos de ação. Mas não podemos esquecer os avanços recentes na área do HIV ou da hepatite C. E é ainda de sublinhar os avanços
obtidos no tratamento de algumas doenças raras. Já no que se refere aos antibióticos, a inovação tem sido praticamente inexistente.
Não devemos, no entanto, esquecer que a chegada de um medicamento inovador ao mercado não é sinónimo de um doente poder ter acesso a ele e que, na Europa, as regras de acesso aos medicamentos podem variar de país para país. Devemos também ter em consideração que praticamente todos os medicamentos inovadores chegam ao mercado a preços muito elevados. A comunicação social tem feito eco de alguns dos muitos casos de medicamentos inovadores muito caros. São exemplos, a discussão pública sobre o preço dos medicamentos para o tratamento (e cura) da hepatite C e os casos mais recentes de um medicamento inovador para a atrofia muscular espinal e de outro para o tratamento da fibrose quística.
A combinação do número de medicamentos francamente inovadores com os preços elevados a que chegam ao mercado, cria uma enorme pressão sobre os orçamentos da saúde e põe em causa a sustentabilidade dos sistemas de saúde. Se, por um lado, é difícil recusar o financiamento de medicamentos que podem fazer a diferença no tratamento de uma determinada patologia, por outro torna-se cada vez mais complexo acomodá-lo num orçamento limitado e que teima em não crescer à velocidade a que os medicamentos inovadores chegam ao mercado. É fundamental que os sistemas de saúde, e o SNS em particular no caso português, estejam preparados com sistemas de avaliação de tecnologias da saúde e equipas de negociação competentes de forma a conseguir o preço mais favorável possível, tendo em consideração as características de cada um dos medicamentos inovadores.
Mas não pode ser ignorada a importância da entrada no mercado de medicamentos genéricos e biossimilares. Não sendo medicamentos inovadores, têm o efeito de provocar uma descida no preço dos respetivos medicamentos ori-
ginadores que até aí tinham exclusividade de mercado. Há, assim, toda a vantagem em estimular o crescimento da quota de medicamentos genéricos e biossimilares para que se possa assegurar uma melhor utilização dos recursos disponíveis e assim contribuir para a sustentabilidade dos sistemas de saúde e a garantia do acesso dos doentes aos medicamentos mais adequados em tempo útil.
A intervenção dos farmacêuticos é importante na discussão e decisão sobre a condições de adoção e utilização dos medicamentados inovadores e decisiva no estímulo ao aumento da quota de medicamentos genéricos e biossimilares, contribuindo para um uso mais adequado dos recursos disponíveis sem pôr em causa o acesso à inovação terapêutica. •
A inovação na terapêutica
A INOVAÇÃO NA TERAPÊUTICA OCORRE DE MÚLTIPLAS FORMAS E É FUNDAMENTAL PARA GARANTIR O ACESSO A CUIDADOS DE SAÚDE SUSTENTÁVEIS.
Autor: Alberto Navia,, Country Manager da Viatris Portugal
Nos últimos anos, a inovação no ramo farmacêutico tem contribuído para o aumento drástico da esperança média de vida, aumentando a prevalência de doenças crónicas, o que representa um enorme desafio para os sistemas de saúde que trabalham para assegurar uma redução na carga da doença de forma sustentável à economia. A solução passa por incentivos à inovação terapêutica sustentável.
A Viatris enquanto nova empresa global de cuidados de saúde, tem como missão desenvolver soluções inovadoras e utilizar a experiência coletiva para melhorar a condição dos doentes. As nossas capacidades, dedicação e visão únicas posicionam-nos como elemento chave no desenvolvimento de mecanismos que proporcionam uma inovação eficaz, em áreas da doença relevantes para a saúde pública.
Os avanços na investigação, através de novas soluções terapêuticas e de medicamentos inovadores, contribuem para a melhoria da qualidade de vida dos doentes. Estes avanços devem potenciar a inovação terapêutica por forma a reduzir a carga da doença, aumentar o acesso das pessoas e, simultaneamente, promover a sustentabilidade financeira dos serviços nacionais de saúde.
A inovação terapêutica refletida no aparecimento de novas moléculas, nodiagnóstico, apoio à literacia em saúde e ferramentas digitais para ajudar os cidadãos a gerir melhor a sua saúde. Consideramos ser o nosso dever defender políticas que promovam o conhecimento e a educação, reduzam as barreiras no acesso ao tratamento para alcançar uma saúde melhor e que possam gerar valor para os sistemas de saúde.
Enquanto líderes no fornecimento de medicamentos para a comunidade de VIH/SIDA em todo o mundo, sabemos o quão importante é a inovação terapêutica e como esta impacta positivamente a qualidade de vida daqueles que diariamente acedem a antirretrovíricos mais acessíveis e de elevada qualidade. Atualmente, aproximadamente 40% dos 23,31 milhões de pessoas em tratamen-
vos dispositivos médicos, novas formulações, novas dosagens, entre outros, é crucial para garantir o acesso universal a cuidados de saúde de elevada qualidade a todos os cidadãos. Em Portugal, o reforço no acesso ao medicamento e à inovação terapêutica tem vindo a ser progressivamente implementado.
Habitualmente, as novas terapêuticas não substituem as anteriores, acrescentam-se e adaptam-se. No entanto, a escolha da terapêutica deve ser sempre racional e devidamente informada. Não podemos assumir que existe uma inovação terapêutica suficientemente eficaz se o cidadão não aderir. Ou seja, para garantir o sucesso de qualquer inovação é fundamental contar com o apoio dos profissionais de saúde que, pela sua relação de proximidade à pessoa com doença, são essenciais para garantir o sucesso de qualquer inovação.
É por isso que, na Viatris, oferecemos opções de tratamentos inovadores e de elevada qualidade em mais de 10 importantes áreas terapêuticas, incluindo uma ampla variedade de doenças infeciosas e não transmissíveis. Para além de medicamentos e produtos de saúde, oferecemos cuidados de saúde tais como: meios de
to para o VIH usam os nossos produtos, incluindo aproximadamente 60% das crianças seropositivas em tratamento.
Por outro lado, é importante referir que nem todas as inovações são na terapêutica de tratamento. Muitas das inovações são terapêuticas preventivas que têm um impacto significativo ao nível da saúde pública.
Na Viatris temos uma posição única para colaborar com clientes, contribuintes, Organizações Não Governamentais (ONG) e outros parceiros, para encontrar soluções e satisfazer as necessidades dos doentes e das famílias que servimos. Estamos empenhados em tornar acessíveis aos doentes, qualquer que seja o seu nível de rendimento, os nossos produtos seguros e de elevada qualidade, enquanto geramos valor para os sistemas de saúde.
A inovação terapêutica permite a melhoria de qualidade de vida dos doentes e cidadãos e, em muitos casos, contribui para uma maior longevidade. É por isso que trabalhamos para preencher as necessidades não satisfeitas por meio da ciência e da inovação, para trazer medicamentos e terapêuticas impor-
tantes para o mercado e ajudar as pessoas em todas as fases da vida.
Na Viatris promovemos uma visão a longo prazo, maximizando os benefícios da inovação e da competitividade para um fornecimento sustentado de medicamentos de elevada qualidade e a preços acessíveis para doentes em todo o mundo, hoje e amanhã. •
A Viatris é uma empresa constituída em 2020, resultante da fusão da Mylan e da Upjohn (UPJ), uma empresa anteriormente da Pfizer.