Copyright © Isael Lobão Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução total ou parcial, de qualquer forma e por qualquer meio mecânico ou eletrônico, inclusive através de fotocópias e de gravações, sem a expressa permissão do autor. Todo o conteúdo desta obra é de inteira responsabilidade do autor. Editor Responsável: Thiago da Cruz Schoba Coordenador Editorial: João Lucas da Cruz Schoba Capa: Editora Schoba Diagramação: Editora Schoba / Júnia Noronha Revisão: Joana Mota Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Lobão, Isael Apocalipse sem medo e sem segredos / Isael Lobão. -- Salto, SP : Editora Schoba, 2009. ISBN 978-85-62620-61-4 1. Bíblia. N.T. Apocalipse - Comentários 2. Bíblia. N.T. Apocalipse - Leitura I. Título. 09-12144 CDD-228.07 Índices para catálogo sistemático: 1. Apocalipse : Comentários 228.07
Editora Schoba Ltda Rua Melvin Jones, 223 - Vila Roma - Salto - São Paulo CEP 13321-441 Fone/Fax: (11) 4029.0326 E-mail: atendimento@editoraschoba.com.br www.editoraschoba.com.br
Os textos bíblicos foram extraídos da Nova Versão Internacional (NVI), Editora Vida, edição de 2000, salvo indicações.
SUMÁRIO
PREFÁCIO............................................................ 9 APRESENTAÇÃO....................................................11 1. A REVELAÇÃO EM PATMOS...................................15 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15 2. AS SETE CARTAS ...............................................37 As Cartas às Igrejas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37 A Carta à Igreja em Éfeso. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39 A Carta à Igreja em Esmirna. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49 A Carta à Igreja em Pérgamo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60 A Carta à Igreja em Tiatira . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64 A Carta à Igreja em Sardes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73 A Carta à Igreja em Filadélfia. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 82 A Carta à Igreja em Laodicéia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 92 3. OS TRONOS DE JULGAMENTO ............................. 107 Os Tronos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 112 A Sala dos Tronos no Céu . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 120 Os Selos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 132
As Sete Trombetas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 160 As Sete Taças. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 175
4. NA DISPENSAÇÃO DO REINO MILENAR................... 185 A Mulher Resplandecente e o Filho Homem . . . . . . . . . . 186 O Anticristo e o falso Profeta. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 199 As Primícias. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 211 A Grande Babilônia. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 221 A Queda da Babilônia Espiritual. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 228 A Nova Jerusalém. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 236 Os Salvos na Eternidade. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 241
PREFÁCIO
É importante informar ao leitor, que esta é uma obra de inspiração cristã. Para escrevê-la vali-me de quase cinquenta anos de experiência na vida da igreja. Visitei as searas de vários autores renomados, para compartilhar com os leitores seu vasto conhecimento no estudo do livro de Apocalipse. Destaco os nomes de Wachman Nee (Editora Árvore da Vida e Editora Betânia), autor das obras pesquisadas “A Ortodoxia da Igreja” e o “Homem Espiritual” respectivamente; Witness Lee (Editora Árvore da Vida), autor da obra pesquisada “Estudo Vida de Apocalipse”; Jessé Pereira de Alcântara (Editora Cristã Evangélica), autor de lições bíblicas pesquisadas na Revista de EBD Jovens e Adultos, série intitulada “Eis que venho sem demora” e A.Van Den Borm e seus colaboradores, na elaboração do Dicionário Enciclopédico da Bíblia, obra pesquisada, da Editora Vozes edição 1985.
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Antes de tomar a decisão de escrever APOCALIPSE SEM MEDOS E SEM SEGREDOS, ministrei inúmeras palestras, mensagens e estudos com as igrejas em várias cidades. Este, portanto, é um trabalho estribado muito mais na experiência de vida cristã do autor, do que em conhecimentos teológicos. Durante as palestras e estudos ministrados, fui recolhendo as dúvidas dos ouvintes, conhecendo os seus medos e procurando dissipar os possíveis segredos que permeiam o livro de Apocalipse. É, pois, o resultado de um trabalho a várias mãos, pela inestimável colaboração recebida de inúmeros ouvintes, especialmente nos estudos de pequenos grupos que se reuniam comigo. O autor.
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APRESENTAÇÃO
Eu ainda não havia completado dezessete anos de idade, quando comecei a estudar o livro de Apocalipse. Agora já passei dos sessenta e cinco e, naquela época, eu já observava o temor das pessoas na hora de ler esse livro. Perguntava-me por quê, já que se trata de um livro da Bíblia Sagrada e ali fora incluído, claro, para ser lido, estudado e pesquisado. Ou não? Bem, para aquelas pessoas parecia que não. Como eu ainda era um neófito, demorei um pouco para entender os motivos desses medos. Descobri que as pessoas tinham medo de ler Apocalipse porque achavam que o livro continha segredos. Preocupei-me. Havia mesmo um livro na Bíblia Sagrada de tamanha complexidade que não podia ser lido? Ou que a sua leitura deveria ser evitada? A constatação desses temores só aumentou a minha preocupação, associada a um misto de curiosidade, natural em um adolescente.
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Diante disso passei a ler tudo o que estava ao meu alcance sobre o livro de Apocalipse, inclusive literatura considerada “inadequada e perniciosa” para muitos líderes da igreja. Certa vez um pastor chegou a perguntar-me se eu tinha fundamento doutrinário para ler certo livro. O livro, intitulado “O Novo Mundo”, era uma publicação da Editora Casa Publicadora Brasileira entre as mais conhecidas em todo o país, pois se tratava da obra mais vendida pelos jovens da Igreja Adventista do Sétimo Dia naquela época.
Continuei indagando. Lia bons livros aqui, já ali, nem tanto. Entre leituras proveitosas e algumas com quase total perda de tempo, o saldo foi bastante positivo para mim. Pelo menos, este é o meu entendimento. Tenho certeza que um grande proveito eu consegui: perdi os medos que, por força dos muitos contatos com pessoas acometidas de fortes temores, quando tinham de ler Apocalipse, eu tinha adquirido. Com o tempo, fui entendendo que esses medos não eram privilégios somente daqueles irmãos. Em todas as igrejas ou congregações que eu chegava via, com preocupação, que nenhum crente sentia-se à vontade no momento de falar sobre o livro de Apocalipse. Aquilo me levou a um interesse ainda maior por esse livro e procurei ler tudo o que estava relacionado com Apocalipse nas profecias do Antigo Testamento. Na minha busca comecei, obviamente, pela leitura do próprio livro de Apocalipse; não que eu ainda não o tivesse lido, porém não tão criteriosamente como passei a fazê-lo, agora com muito mais cuidado e, logo no primeiro capítulo do livro, li o seguinte: “Feliz aquele que lê as palavras desta
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profecia e felizes aqueles que ouvem e guardam o que nela está escrito...” (Ap 1.3).
Não é espantosa a incoerência? Sendo assim, qual a razão dos temores sobre a leitura desse livro? Continuei minhas indagações, agora, com pesquisas junto aos crentes, para saber os motivos dos seus medos. Descobri, com tristeza, que o fato estava relacionado com a superficialidade dos estudos ministrados, porque aqueles que detinham essa responsabilidade achavam que não seria necessário, ou que um estudo de Apocalipse poderia confundir a mente das pessoas. Daí a origem dos temores. Uma irmã disse-me certa vez: “Não suporto ler Apocalipse, um livro cheio de figuras estranhas como gafanhotos, rãs, escorpiões, chifres e bestas”. O problema, pelo menos para aquela irmã, portanto, estava na simbologia do livro.
Realmente, os símbolos são abundantes nesse livro: cerca de trezentos. No entanto, Deus não os colocou ali sem motivo e nem o seu propósito, jamais, foi para nos amedrontar. Deus chamou esse livro de Apocalipse, ou seja, Revelação, com o claro intuito de nos mostrar, com clareza, as coisas que deviam acontecer: “Revelação de Jesus Cristo, que Deus lhe deu para mostrar aos seus servos o que em breve há de acontecer. Ele enviou o seu anjo para torná-la conhecida ao seu servo João” (Ap 1.1).
Caso não tenhamos a intenção de lê-lo, de nada adiantou a sua inserção no cânon sagrado. Pensando nisso, e por me preocupar com o tempo perdido dos irmãos nas igrejas, em
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não aproveitar, logo, as maravilhas desse livro, foi que resolvi escrever o presente trabalho com um título desafiador, “APOCALIPSE SEM MEDOS E SEM SEGREDOS”, visando despertar nos meus leitores o interesse de vasculhar, comigo, o conteúdo profético e histórico do livro de Apocalipse. Sugiro ao leitor fazer a leitura do livro de Apocalipse duas ou mais vezes, antes de iniciar a leitura deste livro.
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Parte 1
A REVELAÇÃO EM PATMOS
INTRODUÇÃO Para iniciar este estudo do livro de Apocalipse queremos fazê-lo mostrando ao leitor que se trata de uma profecia. Sim, uma profunda profecia. Sendo Apocalipse um livro de profecias e, como quase dois mil anos nos separam da época de sua revelação, parte do seu conteúdo já é história, isto é, já houve o seu cumprimento previsto, fato que nos ajudará, maravilhosamente, a compreender aquelas profecias que estão em pleno cumprimento e outras que ainda aguardam o seu devido desenlace. Em Apocalipse 1.1-3, lemos:
“Revelação de Jesus Cristo, que Deus lhe deu para mostrar aos seus servos o que em breve há de acontecer. Ele enviou o seu anjo para torná-la conhecida ao seu servo João, que dá tes-
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temunho de tudo o que viu, isto é, a palavra de Deus e o testemunho de Jesus Cristo. Feliz aquele que lê as palavras desta profecia e felizes aqueles que ouvem e guardam o que está nela escrito, porque o tempo está próximo”. Aqui o Senhor Jesus, através do seu anjo, está revelando a João e a todos nós, o caráter desse livro e o seu conteúdo, isto é, que se trata de uma profecia. O anjo foi o mensageiro, João o vaso recipiente da mensagem, e nós, os seus leitores, os destinatários. Como destinatários dessa mensagem, ao lêla e ao ouvi-la, a Bíblia diz que somos bem-aventurados, ou felizes. Como deixar, então, de ler Apocalipse, diante de promessas tão importantes do nosso Senhor? Cremos que elas serão, doravante, motivos de grande estímulo e de superação de nossos medos. Apocalipse foi escrito para ser lido, indagado e aplicado, como veremos na continuação do nosso estudo. Portanto, abandonemos desde agora os nossos temores e oremos a Deus para que este livro que temos em nossas mãos, na sua abordagem sobre Apocalipse, seja uma bênção na nossa vida cristã. Quando o Senhor diz que aqueles que leem e aqueles que ouvem são felizes, ele tem autoridade para assim afirmar. Por que vamos duvidar e nos apegar a ensinamentos humanos? Lembremo-nos de que há no livro de Apocalipse, e somente nele, impetrações de bênçãos e de disciplina com respeito a sua leitura, audição e manuseio, ou seja, quem lê e ouve é bem-aventurado e feliz; quem desobedece ou o altera, está sujeito a sérias disciplinas (Ap 1.3; 22.l8,l9). Na leitura de Apocalipse 1.4-8, vemos o apóstolo João assumindo sua responsabilidade de porta-voz do Senhor, e
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retransmitindo a mensagem da profecia para sete igrejas localizadas na Ásia Menor, uma província romana naquela época. Havia centenas de outras igrejas espalhadas por aquela e outras regiões, contudo o Senhor escolheu aquelas sete da província da Ásia Menor. Nos próximos capítulos do livro de Apocalipse vamos analisar a razão disso. Na sua saudação, João faz referência ao caráter eterno do Senhor Jesus, quando diz que ele era, que ele é e que ele há de vir. No início do Evangelho de João temos: “No princípio era aquele que é a Palavra. Ele estava com Deus, e era Deus. Ele estava com Deus no princípio. Todas as coisas foram feitas por intermédio dele; sem ele, nada do que existe teria sido feito. Nele estava a vida, e esta era a luz dos homens” (Jo 1.1-4).
Por que o apóstolo João insiste nessa afirmação do caráter eterno do Senhor Jesus? Muitos punham em dúvida que Jesus era o Filho de Deus e, com o intuito de causar impacto nos seus leitores, ele procurou defender, veementemente, a Deidade de Jesus, expondo o seu caráter eterno, como o Grande EU SOU (Jo 8.56-58). Além de procurar enfatizar a divindade de Jesus, como o Cristo, o Filho de Deus, João nos mostra a Trindade divina, incluindo o Espírito como “os sete espíritos que estão diante do seu trono”, ou seja, nivelados ao próprio Deus. Não se trata, pois, de espíritos individuais, e sim, o Espírito Santo de Deus em sua intensificação máxima, em sua plenitude para a era da igreja. A era da igreja é a era do Espírito. O mesmo princípio é visto sobre os sete olhos do Cordeiro em Apocalipse 5.6.
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A leitura mostra o seu olhar penetrante através do nosso ser que é esquadrinhado pelo Senhor. Diz o texto que ele tinha sete olhos para exercer esse esquadrinhar. Muitas pessoas ficam aturdidas com a repetição do número “sete” na Bíblia, especialmente no livro de Apocalipse. Como com este trabalho nos propomos a tentar desfazer os medos e os possíveis segredos que permeiam a mente do leitor do livro de Apocalipse, vale a pena darmos uma explicação para a constante presença, não somente do número sete, mas também de outros números sobre os quais abordaremos na hora oportuna. Vejamos o que nos ensina Wachman Nee, em seu livro “A Ortodoxia da Igreja”, sobre este assunto: “Na Bíblia, vemos que o número ‘sete’ é um número que significa completação. ‘Sete’ é composto de ‘três’ mais ‘quatro’. ‘Três’ é o número de Deus; o próprio Deus é três em um. ‘Quatro é a criatura de Deus; é o número do mundo. Tal qual as quatro direções, os quatro ventos, as quatro estações etc. - todos contém o número ‘quatro’. Sete significa o Criador mais a criatura. Quando Deus é adicionado ao homem, isto é completação, (mas esta completação é deste mundo - Deus nunca coloca ‘sete’ na eternidade. O número de completação na eternidade é ‘doze’”). Enquanto buscava saber sobre o que causava medo aos leitores do livro de Apocalipse, constatei que havia, também, uma grande preocupação com a numerologia apocalíptica, incluindo, aí, os números sete e doze. Como esses dois, há outros números com os seus próprios significados na administração eterna de Deus. Portanto, desde já dissipemos os
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nossos medos, pois eles não se justificam. Não há motivo para temores na hora de ler esse livro. Vamos repetir e adiantar um pouco esse assunto, somente para abrir a mente do leitor para uma leitura sem receios. Caso alguma profecia destaque o número “sete” em seu texto, trata-se, com certeza, da relação de Deus com os homens aqui nesta terra; sendo o número “doze”, então, consideremos que o texto fala da relação de Deus com o homem na eternidade futura. Isto é, todas as vezes que o número “doze” é destacado em uma profecia, ele se refere às coisas ou acontecimentos na eternidade no porvir. A composição da Nova Jerusalém, por exemplo, está recheada de citações do número “doze”. Na continuação deste trabalho falaremos disso com mais detalhes. As sete igrejas para as quais João escreveu as sete cartas, portanto, fazem parte dessa relação de Deus com o homem durante a sua permanência na terra, nesta velha terra, antes da ação de Deus para transformá-la na nova terra para a habitação dos remidos na eternidade (Ap 21.1-3).
O apóstolo João não somente enfatiza a Deidade de Jesus, como também o exalta como o Soberano dos reis da terra (Ap 1:5). O trocadilho que facilmente se vê nas palavras de João, alternando o nome do Pai e o nome do Filho, bem como a inserção do Espírito Santo no contexto, serve para nos mostrar a Trindade divina. Ele quer nos ensinar que não pode existir o Filho fora do Pai e nem o Espírito sem o Filho e sem o Pai, pois os três são um. É o Deus triúno. O trino Deus. Esta, sem dúvida, é uma questão de difícil entendimento para nossa mente natural; mas, uma vez que temos a mente
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de Cristo, já não mais como homem natural, agora entendemos o mistério da Trindade e outras verdades espirituais (1 Co 2.12). Notemos que uma questão mais simples do que esta, causou um tremendo embaraço na mente exercitada e prodigiosa do mestre da Lei, Nicodemos, quando Jesus lhe falou do novo nascimento, o processo da regeneração, indispensável para que todo homem seja salvo (Jo 3.3-5). Assim é toda mente natural. A Bíblia diz que o homem natural não pode compreender as coisas espirituais (1 Co 2.14). De posse dessas garantias não recuemos facilmente do entendimento de textos difíceis. Oremos e insistamos que Deus nos dará sabedoria através do Espírito Santo que habita no nosso espírito humano. Um sacerdócio régio Em Apocalipse 1.5-6, João aborda um assunto crucial para os cristãos, que é a obra redentora de Cristo com o seu consequente resultado, o de fazer dos crentes um reino de sacerdotes. A intenção de Deus, durante a dispensação da Lei, era a de fazer do povo de Israel, o seu povo, esse reino de sacerdotes conforme registrado no livro do Êxodo l9.5-6. Todavia o que vemos é Israel rejeitando os mandamentos do Senhor e, pela sua desobediência, acabou por transferir para a tribo de Levi a exclusividade do exercício do sacerdócio. Só podia ser mesmo a idolatria, o terrível motivo que levou o Senhor Deus a cancelar o seu intento de fazer de Isra-
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el um reino de sacerdotes. Só vamos compreender a mudança no desígnio de Deus, quando lermos o livro de Números. A partir do capítulo 22, passamos a conhecer um profeta gentio (o único gentio entre os profetas de toda a Bíblia), chamado Balaão. Nem sabemos por que Deus permitiu sua inclusão como profeta. Sabemos, porém, que Balaão, pelos relatos dos capítulos seguintes, exerceu, de fato, o seu ministério de profeta do Senhor (Nm 24. 1-4).
Embora o ministério de Balaão fosse inclinado a ter uma mistura de magia, às vezes ele era submisso à palavra do Senhor. Contudo, esse ministério era mesclado de atitudes condenáveis. Balaão era um mercenário e praticante de culto imoral, de acordo com os relatos nas epístolas de Pedro e de Judas e no livro de Apocalipse (2 Pe 2.15; Jd 11; Ap 2.14).
Mas, para sabermos, de fato, os motivos que levaram o Senhor Deus rejeitar a nação de Israel como um reino de sacerdotes, precisamos ler o que está registrado em Números capítulo 31. Quando Deus mandou que Moisés executasse a sua vingança contra os midianitas, na execução dessa vingança, as mulheres e as crianças do sexo masculino também deveriam ser mortas, mas foram poupadas. Isto desagradou a Moisés. Moisés disse aos seus capitães que essas mulheres foram instrumentos nas mãos de Balaão para fazer com que Israel pecasse contra o Senhor (Nm 31.15 -l6). Em Números 31.15-16, diz que as mulheres deveriam morrer, pois estavam ligadas à idolatria que levou Israel a pecar contra o Senhor Deus e, conforme o registro em Apocalipse 2.l4, elas foram incentivadas por Balaão. Balaão, portanto,
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foi o causador de Israel, como nação, não se tornar um reino de sacerdotes como era a vontade de Deus. Por causa da sua idolatria incontrolável, Israel perdeu tão grande privilégio e apenas a tribo de Levi ficou com a linhagem sacerdotal. Custa-nos crer que um povo ricamente abençoado por Deus em todos os sentidos, ainda pudesse procurar refúgio em ídolos vãos. Não obstante foi o que aconteceu com Israel e que o levou a perder a bênção de perpetuar-se como um reino de sacerdotes do Deus Altíssimo. A idolatria se constitui na maior das abominações perante a glória de Deus e, por isso, ele não tolera essa prática infame. Aqueles que ainda hoje se dão à prática de culto a ídolos provocam a ira de Deus e o aborrecem frontalmente. É preciso ter cuidado; muito cuidado com a nossa maneira de cultuar. A quem estamos prestando o nosso culto? A Deus, ou a ídolos vãos? Mais cuidado ainda devem ter aqueles que classificam os ídolos apenas como sendo imagens de escultura. Elas na verdade o são, mas há muito mais ídolos por aí, que não são imagens de escultura; tais como o nosso ego, as riquezas, amigos ou parentes, a televisão, a internet, o último modelo de carro etc. Tudo aquilo que toma o lugar de Deus em nossa vida, se constitui em um ídolo e deve ser eliminado. Deus deve ter a preeminência em nosso viver cotidiano. O mais é secundário. Nesse sentido Israel transgrediu e muito. “... Porventura tropeçaram para que caíssem? De modo nenhum, ao contrário, da transgressão deles, veio salvação para os gentios” (Ro 11.11b)
De acordo com o ensino do apóstolo, essa manifestação
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de rebeldia por parte de Israel, serviu para a inauguração do tempo dos gentios. Isso não significa que nós, os gentios, não fôssemos escolhidos. A Bíblia diz claramente que todos nós fomos escolhidos antes da fundação do mundo para a adoção de filhos, por meio de Jesus Cristo, conforme o bom propósito da sua vontade (Ef 1.5). Não houve, portanto, rejeição da parte de Deus para o seu povo Israel, mas sim a oportunidade para a manifestação, a aparição dos gentios que deverão ser salvos e do remanescente do próprio povo de Israel que fora escolhido pela graça, conforme o apóstolo continua: “Assim, hoje também há um remanescente escolhido pela graça” (Ro 11.5).
Sabemos que não foram muitos os israelitas que foram salvos pela graça em todo esse lapso de tempo. A Bíblia diz que o restante se manterá rebelde até se completar o tempo dos gentios. Pouco tem se podido fazer para mudar essa situação, que já perdura por quase dois mil anos. Todavia, não será motivo para negligenciarmos a pregação do evangelho para o povo de Israel. Mesmo lentamente, muito abaixo das nossas expectativas, resultado das nossas avaliações no exercício do nosso conceito humano, claro, Deus tem buscado salvar alguns dentre o povo de Israel em todas as partes do mundo, o que mostra que ainda há muitos escolhidos entre eles para a salvação pela graça. E o restante do povo de Israel, que é chamado de o povo de Deus? Talvez o leitor esteja neste momento querendo fazer esta pergunta. Israel continua e continuará sendo o povo de Deus e, portanto, alvo das suas maravilhosas bênçãos por toda esta era dispensacional.
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Se durante esse período de tempo eles se voltarem para o Senhor Jesus reconhecendo-o como o Cristo, tendo fé nele, certamente serão, outra vez, enxertados na oliveira como diz Paulo em Romanos 11.23. “E quanto a eles, se não continuarem na incredulidade, serão enxertados, pois Deus é capaz de enxertá-los outra vez”.
A Bíblia, contudo, é muito clara quando afirma que somente o remanescente deles será salvo pela graça. Os outros serão restaurados para o reino, onde serão os sacerdotes para os povos que se constituirão nos súditos do reino milenar (Zc 8.23). A segunda vinda de Cristo Em Apocalipse 1.7, João entra num assunto de suma importância e que é abordado em toda a Bíblia, que é a segunda vinda de Cristo. Este, sem dúvida, é um dos assuntos mais empolgantes para o cristão, o qual é de valor inestimável para sua edificação espiritual. No entanto nem todos estão devidamente inteirados no tocante a ele. Muitos receberam ensinamento errado sobre a doutrina da segunda vinda de Cristo, outros de forma incompleta e muitos simplesmente fogem de qualquer assunto que a ela se relacione. Há, com certeza, aqueles que têm um entendimento correto e completo dessa doutrina. Há muitos autores que abordaram de maneira competente e responsável sobre a segunda vinda de Cristo. Mas existem também muitos que exageram nas especulações e interpretações demasiadamente apressadas, desde que algum
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acontecimento espetacular apareça para registro na história, especialmente se esses assuntos têm alguma relação com o povo de Israel, ou se eles acontecem no Oriente Médio. Quando algo fora do comum acontece nessa região, logo aparece um “exegeta de prontidão” para estabelecer o cumprimento de profecias relacionadas com escatologia. Repudiamos tal comportamento. Neste livro, sentimos o pesado encargo de ajudar o leitor a dirimir suas dúvidas sobre a doutrina da segunda vinda de Cristo ou, pelo menos, diminuir tais dúvidas. Estudamos demoradamente o assunto e cremos poder transmitir aos leitores tudo aquilo que temos aprendido. Concordamos plenamente com aqueles que dizem tratar-se de assunto bastante complexo. Na verdade o é. Nem por isso vamos ser adeptos da corrente daqueles que desistem diante da primeira dificuldade. Vamos aprender a gostar de desafios. E este, temos convicção, vai ser um dos bons.
João, aqui, está falando da segunda fase da segunda vinda de Cristo, assunto que abordaremos oportunamente de forma suficientemente detalhada, para que não fiquem dúvidas a esse respeito, visto que, claramente, a Bíblia nos ensina que haverá duas etapas da segunda vinda de Cristo. Uma oculta, que será para o arrebatamento dos vencedores (Ap 12.5; 16.15; 1 Ts 5.2), e a outra de forma visível com alarido e muitos sinais, a qual será para receber a maioria dos crentes nos ares (1 Ts 4.15-17; Lc 21. 25-27). “Eu sou o Alfa e o Ômega” (Ap 1.8a).
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Assim João encerra essa parte do texto em estudo. O Senhor é comparado aqui com o alfabeto grego. Sendo ele a primeira e a última letras do alfabeto, significa dizer que ele é todo o conteúdo. Nele tudo subsiste. João, no seu Evangelho, diz que “sem ele nada do que existe teria sido feito” (Jo 1.3b). O escritor da Epístola aos Hebreus, por sua vez, nos diz que Deus o “constituiu herdeiro de todas as coisas e por meio de quem fez o universo” (Hb 1.2). Na leitura de Apocalipse 1.9-20, encontramos uma grande quantidade de símbolos. Sobre esse assunto já havíamos prevenido ao leitor que o livro de Apocalipse contém, aproximadamente, trezentos deles. Alguns desses símbolos são de aparência horripilante e, até mesmo para João, foi demais algumas dessas visões. Não será necessário ficar preocupado com isso, pois nosso encargo, através deste trabalho, é convencê-lo de que esses símbolos têm os seus significados precisos. Veremos isso com vagar ao longo do nosso estudo. O Exílio em Patmos O apóstolo estava na ilha de Patmos, uma pequena ilha rochosa no Mar Egeu, em frente à costa da Ásia Menor, nas proximidades de Mileto, desterrado por causa do evangelho. Sua prisão deveu-se às hostilidades que o imperador Domiciano desencadeou contra a igreja, contrariando o sentimento de respeito reinante na época em que Paulo escreveu a Epístola aos Romanos, quando ele conclamava ao reconhecimento da autoridade constituída, bem como instruía os cren-
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tes de Roma a uma comportada relação com os governantes, pois, dizia ele: “não há autoridade que não venha de Deus” (Ro 13.1-7). Domiciano foi o primeiro imperador a reivindicar para si o culto como divindade. Como tal atitude se constituía em uma afronta para a igreja, esta passou a ser alvo de hostilidades por parte do imperador romano, sendo que o exílio de João se constituiu em um claro exemplo dessa perseguição. João diz em Apocalipse 1.10, que se encontrava no Espírito quando ouviu uma forte voz atrás de si e lhe dizia: escreva num livro. Quando o apóstolo João diz que se achava no Espírito, ele nos mostra que esta sempre será a condição adequada para se ouvir a voz do Senhor. E, neste estudo, temos como grande desafio, também ouvir e ver o que João ouviu e viu. Portanto, estejamos na mesma condição que o apóstolo se achava ali na ilha de Patmos, isto é, em completa submissão à ação do Espírito Santo. Quando estamos no Espírito, Deus nos falará e nós ouviremos; Ele nos mostrará e nós estaremos prontos para ver. Estar no Espírito, portanto, nos assegura as condições para os grandes desafios como cristãos. Estar no Espírito é estar na dependência completa de Deus, consequentemente, na condição ideal para ouvir a sua voz e ver aquilo que ele quer nos mostrar. Foi assim com João. O que João deveria escrever num livro eram as sete cartas para as sete igrejas da Ásia Menor, conforme já havíamos mencionado. Repetimos que havia centenas de igrejas espalhadas por aquela região, mas o Senhor mandou que João escrevesse para aquelas sete especificamente. Por quê? Claro
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que há uma razão para isso. As igrejas para as quais o Senhor determinou que João devesse escrever são: Éfeso, Esmirna, Pérgamo, Tiatira, Sardes, Filadélfia e Laodicéia. A partir do capítulo 2 do livro de Apocalipse, veremos os motivos pelos quais o Senhor escolheu essas sete igrejas e não outras para receberem as sete cartas escritas por João. João viu...o Senhor entre os candelabros A visão que João teve ao virar-se no momento que ouviu aquela voz, que ele classificou como “uma forte voz”, é crucial para o nosso estudo, como foi maravilhosa a experiência para ele. O que foi que João viu (Ap 1.12–16)?
João viu o Senhor glorificado e numa condição de quem reina. Primeiro ele viu sete candelabros. O candelabro, também conhecido como castiçal era uma haste de ouro com sete braços e em cada braço uma lâmpada para brilhar incessantemente no santuário do Senhor Deus. A igreja local, como o corpo de Cristo, morada de Deus, santuário do Espírito Santo, tem essa característica do candelabro, ou seja, a função de brilhar nas trevas. Nunca entendamos a igreja como uma edificação física de pedras, tijolos argamassa e telhas, pois Deus jamais moraria em tal coisa. O rei Salomão quando estava para edificar o templo de Jerusalém, embora este viesse a ser chamado de casa de Deus, ele entendeu, perfeitamente, que nenhuma edificação física poderia conter Deus. Foi-lhe revelado que a gloriosa majestade de Deus não poderá ser contida nem mesmo no céu dos céus; e que o templo que iria
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construir serviria, nada mais nada menos, para apresentar sacrifícios diante de Deus (2 Cr 2.5-6).
A igreja, portanto, deve brilhar não somente em aspecto, mas muito mais em natureza, pois o ouro simboliza a natureza de Deus e a igreja é o santuário de Deus. É certo que em 1 Reis e 2 Crônicas há o registro de dez candelabros, no templo de Salomão, igualmente de ouro, com uma única lâmpada em cada candelabro. Cremos, porém, que os candelabros descritos por João em sua visão, devem se tratar do modelo com sete lâmpadas, o qual se tornou mais utilizado pelos judeus. Além disso, existia o seu significado simbólico, o que não poderia ser alterado, ou seja, sendo o número “sete” o número de perfeição que indica a relação de Deus com o homem aqui nesta terra, os candelabros com sete lâmpadas cada um, representam a intensificação do Espírito Santo de Deus na vida das igrejas locais, para fortalecer o seu testemunho com o seu sondar para sua edificação, de acordo com o que diz o profeta Zacarias: “... Então ele me disse: Estas sete lâmpadas são os olhos do Senhor, que sondam toda a terra” (Zc 4.10b). Na descrição de João, começam a aparecer os símbolos que caracterizam os escritos do livro de Apocalipse. Além dos sete candelabros a visão do aspecto do Senhor glorificado é muito interessante aqui. Vamos por parte e na ordem da visão do apóstolo. Os candelabros que João viu eram de ouro. O ouro denota a natureza divina e como no livro de Apocalipse eles simbolizam as igrejas locais, deduzimos, então, que estas possuem a natureza de Deus. Todos os candelabros eram iguais em forma e em natureza, para nos ensinar que não
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deve haver nenhuma diferenciação entre as igrejas locais. É assim que o Senhor quer. É assim que o Senhor manda que seja. Os homens é que preferiram as muitas divisões hoje existentes, numa clara desobediência ao princípio da unidade criado por Deus. Não adianta alguém querer fazer a defesa dos motivos que levaram os homens a se dividirem em vários grupos, com a fraca alegação de que as implicações culturais, alguns pontos de vista divergentes e, até motivos financeiros forçaram a divisão. Nada pode justificar a quebra da unidade da igreja. Paulo via com preocupação essa tentativa esboçada por alguns crentes do seu tempo, os quais diziam: “Eu sou de Paulo”; “Eu sou de Apolo”; “Eu sou de Pedro”; ou ainda “Eu sou de Cristo”... Ao que Paulo retrucou: “Pois quando alguém diz: “Eu sou de Paulo”, e outro: “Eu sou de Apolo”, não estão sendo mundanos?” (1 Co 1.12; 3.4). A história da igreja primitiva nos mostra que valeu a pena a reação veemente de Paulo contra aquela primeira tentativa de quebra da unidade da igreja local. E quanto a nós hoje? Vamos aceitar a permanência dessa situação que prevalece? Já paramos para pensar o quanto poderia ser maravilhoso se o povo de Deus vivesse em completa união? Por que não retirar o nome da parede do local onde a igreja se reúne? Veremos, quando estivermos estudando sobre as cartas às igrejas, que o Senhor Jesus não suporta a divisão. Aliás, ele diz que a odeia. Ora, se tal procedimento aborrece ao Senhor, por que insistir nele? Não é nada salutar desobedecer deliberadamente ao Senhor e aos seus ensinos.
Já dissemos que a aparência do Senhor na visão de João
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denota a aparência de quem reina. Ele viu o Senhor vestindo vestes longas. As vestes longas eram usadas pelos sacerdotes e, não há dúvida, ele é o nosso Sumo Sacerdote enquanto durar a era da igreja. Ele está à direita de Deus no céu dos céus, intercedendo por nós:
“É de um sumo sacerdote como este que precisamos: santo, inculpável, puro, separado dos pecadores, exaltado acima dos céus” (Hb 7.26).
Ele não é apenas nosso Sumo Sacerdote; é também nosso Soberano Senhor. O cinturão com o qual ele está cingido à altura do peito (Ap 1.13), não só significa poder, governo, domínio, como também seu cuidado amoroso. Witness Lee faz uma observação interessante sobre o fato de que o cinturão não está nos seus lombos, que seria o natural, e sim à altura do peito que simboliza o seu amor pelas igrejas locais, no meio das quais passeia.
Sua cabeça e seus cabelos brancos como a branca lã e como a neve, reivindicam a sua ancianidade como Ser eterno. Sua aparência de ancião, não significa que o Senhor ficou mais velho. O Senhor não envelheceu e nem envelhecerá nunca. Jesus Cristo é o mesmo ontem, hoje e para sempre (Hb 13.8). Seus olhos como chamas de fogo, retratam o seu olhar penetrante, vasculhador e que esquadrinha todo o nosso ser. Não há nada que possa fugir ao alcance desse olhar do Senhor. Também diz que os seus pés eram como o bronze en-
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quanto ainda estava na fornalha ardente. Isso denota que ele tem autoridade para exercer o julgamento. O bronze polido (ou na cor em efervescência) tem o significado de quem tem o poder para determinar o juízo. Esta condição do Senhor Jesus é bastante diferente daquela que ele tinha quando exercia o seu ministério aqui na terra durante três anos e meio. João o vê na condição de quem detém autoridade. Até a sua voz impõe temor e respeito diante daqueles que hão de ouvir, pois tem o som como o som de muitas águas (Ap 1.15). O texto também diz que ele tinha na sua mão direita sete estrelas e que da sua boca saía uma espada afiada de dois gumes. O que vem a ser isso? O próprio Senhor explica no contexto, dizendo que as sete estrelas na sua mão direita são os anjos das sete igrejas. O fato de ele estar segurando-as com a mão direita significa o seu cuidado de Sumo Pastor que protege e orienta os seus obreiros. O que seria das igrejas e dos obreiros sem esse cuidado? O Senhor prometeu estar conosco todos os dias até a consumação dos séculos (Mt 28.20). O seu andar no meio dos candelabros demonstra o cumprimento dessa promessa. A sua presença é constante no meio das igrejas locais. Ficamos preocupados quando ouvimos crentes orando pedindo a presença de Deus no culto. Tal pedido é injustificável, pois temos a promessa e a certeza de que o nosso Senhor está sempre conosco (Jo 14.15-17,20). Não há razão para duvidarmos de que é real. Tal prática, a de invocar a presença de Deus, tornou-se muito comum entre os crentes e, muitas vezes, é até incentivada pela maioria dos líderes ou dirigentes de culto. Quantas e quantas vezes
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temos ouvido o dirigente convidar o auditório a orar pedindo a presença de Deus no culto, como se Deus estivesse ausente. Orações, hinos e ensinos pedindo a presença de Deus para os crentes são demonstrações da falta de confiança na Palavra sagrada, que nos garante sua presença permanentemente. Aliás, estar sem a presença de Cristo é não ter o seu Espírito. E a Bíblia afirma categoricamente: “E, se alguém não tem o Espírito de Cristo, não pertence a Cristo” (Ro 8:9). Portanto, nunca duvidemos de que temos como garantia a presença constante de Deus, uma vez que já recebemos seu Filho como Salvador. Sendo assim, o nosso viver cristão tem de ser um viver que sempre agrade ao Senhor. Jamais pensemos que o Espírito Santo se afasta de nosso espírito, apenas para nos permitir fazer algumas coisas erradas na vida e depois ele retorna. Não! E não! O Espírito Santo nunca se afasta de nós. Guardemos bem isto na nossa mente. Nós aprendemos de alguns doutrinadores e mestres cristãos, que o Espírito Santo de Deus habita no nosso corpo material, baseando-se em 1 Coríntios 6.19 que, a princípio, parece-nos estar afirmando isso. Com um pouco mais de atenção, veremos que o apóstolo não está se referindo ao nosso corpo individual, humano; mas ao corpo como entidade corporativa. Notemos que o substantivo “corpo” está no singular e o pronome “vós” está no plural, para mostrar-nos que esse “corpo” é nosso e não meu. Quando o apóstolo quis se referir ao nosso corpo individual, ele o fez dizendo assim: “Não sabeis que os vossos corpos são membros de Cristo?” (1 Co 6.15 AVRC - o grifo é nosso). O Espírito Santo habita no nosso espírito humano, pois somente o nosso espírito poderá abrigar o Santo Espírito de Deus (Ez
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36.26-27; Ro 8.16).
Em Apocalipse 1.17, lemos:
“Quando o vi, caí aos seus pés como morto. Então ele colocou sua mão direita sobre mim e disse: ‘Não tenha medo. Eu sou o Primeiro e o Último’”. Pela visão que João teve do Filho de Deus, não é de estranhar a sua reação. Só o fato de ele ter visto o Senhor glorificado, já era um motivo mais do que suficiente para que ele temesse. Ademais, sua visão retratava um ser com aparência fora do comum: olhos como chamas de fogo e pés como o bronze numa fornalha ardente (Ap 1.14-15). Essa não é uma aparência que se constitui em uma imagem comum e, tal visão foi demais para João que, não resistindo, caiu por terra. O Senhor, então, o acudiu: “Não tenha medo!” Todos nós já passamos pela experiência de conduzir uma criança pelas ruas da cidade e vê-la temerosa diante de pequenos obstáculos, como uma simples poça d’água, um degrau ou um objeto no meio do caminho. O que fazemos? Seguramos firmemente a sua mão e dizemos para que não tema. A reação da criança é imediata. Seus medos se vão. Ela confiou naquele que a conduz. Assim é conosco como crentes. Diante daquilo que nos assusta o Senhor diz: “Não tenha medo!” João temeu grandemente e caiu como morto aos pés do Senhor, que o protegeu com a sua mão direita, e o animou. “Não tenha medo”. Quais têm sido os nossos medos na vida cristã? Quaisquer que sejam o Senhor está pronto para nos livrar deles. Ele nos toma pela mão e diz: “Não tenha medo”. Esse toque do Senhor nos reanimará na nossa fraqueza e nos fará, outra vez, ficar de pé.
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A Revelação do caráter de Cristo Quando João despertou do seu desmaio, estava pronto para ouvir o que o Senhor ainda tinha para lhe dizer. E o Senhor lhe disse: “Eu sou o primeiro e o último. Sou Aquele que vive. Estive morto, mas agora estou vivo para todo o sempre! E tenho as chaves da morte e do Hades” (Ap 1.18).
Definitivamente o livro de Apocalipse não é um livro só de símbolos e sinais e nem esses são o seu principal assunto, apesar da abundância deles no livro. Apocalipse é, sim, a revelação completa e definitiva da pessoa e do caráter do Senhor Jesus Cristo. Nos Evangelhos ele foi revelado em parte; no entanto somente no livro de Apocalipse vemos a completa revelação do Senhor Jesus. Ao longo de todo o livro mais e mais vamos conhecendo o Senhor, em aspectos e facetas que nunca tínhamos visto antes, nem mesmo nas Epístolas. Esse conhecimento completo do Senhor Jesus, nos ajudará a compreender especialmente o que vem depois da sua ascensão. O livro de Apocalipse, portanto, propõe-se a isso: manifestar todos os acontecimentos relacionados com o Senhor Jesus Cristo e a sua igreja, na atual dispensação que é a dispensação da igreja, e na próxima dispensação, a dispensação do reino. João, agora, conhece mais um pouco daquele que lhe falava. Ele não somente era o “Alfa e o Ômega” como também se apresentava como o “Primeiro e o Último”; “Aquele que foi morto, mas que agora vive”; “Aquele que tem as chaves da morte e do Hades”.
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João não devia somente ver, mas, também, escrever as coisas vistas, tanto as que eram como aquelas que haviam de vir. No entanto, para Deus, todas as coisas mencionadas no livro de Apocalipse são anunciadas como que já tenham acontecido. Deus é eterno e tudo para ele é presente. No momento em que o Senhor relatava a João as coisas que ainda estavam para acontecer, ele já as via na sua presciência.
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Parte 2
AS SETE CARTAS
AS CARTAS ÀS IGREJAS Na primeira parte, tivemos a oportunidade de estudar alguns pontos cruciais da introdução e alguns símbolos do livro de Apocalipse. Estes símbolos são abundantes em todas as profecias bíblicas e em Apocalipse não é diferente, razão de muitas pessoas se sentirem embaraçadas quando têm de ler esse livro. O cumprimento dessas profecias está ligado diretamente ao significado desses símbolos. Por exemplo, em Apocalipse 12.14 diz que “foram dadas à mulher duas asas de grande águia para que voasse para o deserto, ao seu lugar, onde será sustentada por um tempo, tempos e metade de um tempo, fora da vista da serpente”. Se essa fuga for literal e, caso João tivesse dito que “grandes aviões” transportariam a
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mulher, e o restante da sua descendência, para longe da vista da serpente durante três anos e meio, ninguém, à época, saberia o que eram “aviões”. Como a águia era conhecida por eles e o é por todos nós, fica claro o entendimento de que essa fuga será pelo ar e não por terra. A fuga por terra seria simbolizada por carruagens ou por cavalos.
Vimos a ordem para João escrever as sete cartas para as sete igrejas da Ásia Menor, como vimos, também, os significados de alguns dos muitos símbolos, entre eles o significado dos sete candelabros e das sete estrelas na mão direita do Senhor.
Agora chegamos aos capítulos 2 e 3 de Apocalipse. A leitura do texto nos mostra as sete cartas, resultado do encargo que João recebeu para escrever em nome do Senhor. É muito importante a leitura desse texto, pois ele encerra várias profecias que servem para contar a história passada, presente e futura da igreja. Utilizando as igrejas locais de Éfeso, Esmirna, Pérgamo, Tiatira, Sardes, Filadélfia e Laodicéia, o Senhor nos faz conhecer a história da sua igreja em todos os tempos e em todos os lugares do mundo. São retratados aqui, todos os embates da igreja desde o primeiro século até o final desta era. Seu entusiasmo inicial, sua perseguição e sofrimento, sua mudança de rumo no campo doutrinário e prática litúrgica, seu processo de reforma, o retorno à ortodoxia dos ensinos dos apóstolos, o processo de degradação, sua restauração e perspectivas futuras; tudo está posto como profecias no livro de Apocalipse. Há refutação com respeito à interpretação de que as sete cartas às igrejas representam sete períodos
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distintos na vida e história da igreja. John Dunachie Barnett (Editora Cristã Evangélica), considera ridícula essa comparação profética. De tudo que já li sobre as cartas às sete igrejas, não vi nenhuma com maior consistência do que aquela que considera esses períodos distintos, ou seja, cada carta a cada igreja local retrata um período na vida da igreja cristã. Esta é a interpretação na visão de Wachman Nee em seu livro “A Ortodoxia da Igreja”, Editora Árvore da Vida.
A Carta à Igreja em Éfeso Segundo o Dicionário Enciclopédico da Bíblia, Éfeso foi, originalmente, uma povoação iônica e depois uma colônia grega. Éfeso estava localizada na costa do Mar Egeu. Destruída, foi reedificada em 290 a.C. Desde o ano 133 a.C. Éfeso passou a ser a capital da província romana da Ásia Menor e exercia grande influência sobre as demais cidades da região. O apóstolo Paulo por duas vezes esteve em Éfeso, durante as duas últimas viagens missionárias que efetuou nas regiões da Ásia Menor. Quando esteve em Éfeso no decorrer da terceira viagem missionária, ele se demorou por três anos, só saindo de lá em decorrência do tumulto provocado por Demétrio, um ourives que fundia miniaturas do templo da deusa Ártemis, uma das mais concorridas abominações da idolatria dos efésios. Como Paulo pregava contra a idolatria, sua presença ali em Éfeso se constituía numa forte ameaça aos lucros que os ourives auferiam. Vários cristãos conhecidos nas epístolas habitavam em Éfeso; entre eles constam Timóteo, Apolo, Áquila e Priscila, Onesíforo, Tíquico, Himeneu, Erasto, Ale-
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xandre e outros.
Éfeso gozava de uma situação privilegiada, pois estava localizada estrategicamente num entroncamento portuário, que facilitava grandemente as relações comerciais gregas e asiáticas. Em razão disso, tornou-se uma grande e rica cidade da época, sendo, inclusive, local de residência de um procônsul romano, pois era a capital da província. Éfeso, porém, não era só bonança. A cidade era terrivelmente afetada pela prática de feitiçarias e a idolatria era múltipla. Ali se faziam as maiores manifestações de culto à deusa Ártemis, também chamada de Diana. Por ser tida como a deusa da fertilidade, seu culto era acompanhado de ritual orgíaco.
Agora precisamos conhecer o conteúdo da carta à igreja em Éfeso. O texto de Apocalipse 2.1-7 se constitui nesta primeira carta. Todos os nomes das sete igrejas são gregos e têm seu significado especial. Esse, com certeza, foi o motivo de o Senhor escolher essas igrejas para enviar as cartas. Éfeso significa “desejado”. Como o livro de Apocalipse é um livro de profecias, as cartas não são diferentes. Elas também são profecias. Lemos em Apocalipse 2.1:
“Estas são as palavras daquele que tem as sete estrelas na sua mão direita e anda entre os sete candelabros de ouro”. As cartas às igrejas refletem a sua situação local na época em que foram escritas, e apontam, profeticamente, para a igreja no sentido universal no futuro. No caso da igreja que estava em Éfeso, sua situação local era a de uma igreja que tinha experimentado um tempo de refrigério espiritual muito
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intenso o que se pode inferir pela leitura de Apocalipse 2.1. Este versículo demonstra que a situação de bênçãos das igrejas locais era igual no começo. O Senhor exercia o seu cuidado terno para com os mensageiros (anjos) das igrejas e andava no meio delas, aqui simbolizadas pelos sete candelabros de ouro (luzeiros) num mundo tenebroso. Note que o Senhor não segurava apenas uma estrela dentre as sete e nem o seu andar se restringia em torno de um único candelabro. Ele segurava as sete estrelas e andava no meio dos sete candelabros. É importante repetir que as cartas às igrejas refletem a situação individual de cada igreja local, mas, também, retratam a situação futura da igreja no sentido universal.
A carta à igreja em Éfeso, portanto, mostra a igreja no último quartel do primeiro século, época em que já havia passado o estágio do primeiro amor. Por esse tempo a igreja começava a sofrer as primeiras investidas do inimigo. Estas se apresentavam de formas bastante sutis e eram vistas pela infiltração de falsos apóstolos, homens embusteiros. O progresso da igreja no primeiro século da era cristã dava aos apóstolos uma posição de destaque no meio do povo, especialmente entre os irmãos. Talvez fosse esse o motivo de alguns se fazerem passar por apóstolos, para gozar desse privilégio. O verdadeiro apóstolo, aliás, não buscava tais privilégios, pelo contrário, até fugia deles. O comportamento daqueles homens impostores facilitou a sua identificação como maus e foi prontamente rejeitado pela igreja, fato que agradou ao Senhor. A igreja em Éfeso era tida como atuante e
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perseverante. A perseverança era a maior garantia para que ela, em qualquer tempo ou situação, estivesse pronta para enfrentar as provações.
A igreja em Éfeso, no entanto, não suportou completamente as provações e, com certeza, esse foi o principal motivo do esfriamento da prática do amor fraternal, sua principal característica. Sempre quando queremos ilustrar a prática correta do amor fraternal, o amor entre os irmãos, vamos buscar o exemplo da igreja primitiva, a igreja no primeiro século. Quando lemos a Epístola de Paulo aos Efésios, não encontramos, em nenhum lugar, qualquer tipo de repreensão ou desaprovação do apóstolo com relação ao comportamento cristão daqueles irmãos. Tudo indica que as mudanças ocorreram depois da morte de Paulo, a qual se deu em data incerta, provavelmente no ano 64 a.D., ainda sob o imperador Nero. Nessa época, Nero desencadeou uma grande perseguição contra os judeus em todo o domínio do império romano, o que culminou com a destruição de Jerusalém no ano 70 a.D., já sob o mando do imperador Vespasiano, cujas batalhas sangrentas, ocorridas em Jerusalém, foram comandadas por seu filho Tito, general dos exércitos romanos.
O tempo de benevolência de César Augusto fez com que os judeus prosperassem no império romano e isso deve ter desagradado Nero. A população judaica chegou a quatro milhões e meio de habitantes, o que correspondia a cerca de oito por cento de toda a população do império que era de, aproximadamente, cinquenta e cinco milhões de pessoas naquela época. Vale a pena lembrar que esse foi o mesmo motivo que
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levou o Egito a exercer suas atrocidades contra os hebreus, durante o tempo de escravidão daquele povo.
Era debaixo desse clima, de intensas perseguições oficiais, que a igreja em Éfeso militava e, por isso mesmo, começou a arrefecer o seu cuidado com o amor fraternal. Em nosso país, apesar de não contarmos com a simpatia total dos poderes constituídos, pela conhecida influência da Igreja de Roma que nos faz aberta oposição, mesmo assim, ainda não conhecemos o que é uma perseguição sistemática. Devemos dar graças a Deus por preservar nosso país com certa tolerância com relação à pregação do evangelho pelas igrejas protestantes. E, como já frisamos, a tendência de esfriamento atingia todas as igrejas locais, pois a carta a Éfeso, sendo, também, uma profecia, indicava para a situação da igreja no sentido universal. O primeiro século, portanto, caracterizou-se pela abençoada militância da igreja primitiva e sua expansão de forma muito rápida em consequência da diáspora, esta, inicialmente, desencadeada em função da perseguição dos judeus aos cristãos e, posteriormente, como já vimos, pelo império romano a todos os judeus e igualmente aos cristãos. Podemos dizer que a diáspora dos judeus dera-se em duas etapas naquele tempo. A primeira fase foi a perseguição dos judeus contra os crentes que, na sua grande maioria, era do povo de Israel. Esses crentes dentre os judeus iam se juntando em outros lugares longe daqueles onde sofriam as perseguições e, ali, formavam as comunidades cristãs, resultando nas igrejas locais. A outra fase, um pouco mais tarde, deveu-se à perse-
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guição dos romanos contra os judeus em geral, empurrandoos para os pontos mais distantes de Jerusalém e das principais cidades de Israel, localidades onde a perseguição era mais sentida. Como em cada localidade que os judeus chegavam, ali era construída uma sinagoga judaica, e, como alguns dos discípulos consideravam seu encargo de evangelista a pregação do evangelho para os seus irmãos judeus, cada sinagoga se constituía num ponto de pregação e estudos bíblicos, o que muito contribuiu para a expansão da igreja. O esfriamento do primeiro amor, o arrefecimento do entusiasmo que era marcante na igreja primitiva, fez com que o Senhor da igreja fizesse a ela dois apelos e uma advertência: “Lembre-se de onde caiu! Arrependa-se e pratique as obras que praticava no princípio. Se não se arrepender, virei a você e tirarei o seu candelabro do lugar dele” (Ap 2.5).
No primeiro apelo, o Senhor leva a igreja de Éfeso a fazer uma retrospectiva do seu viver cristão, que foi um andar adequado. Quando a igreja tem o viver adequado, esse viver produz vários benefícios espirituais para os crentes e o amor flui como sendo o termômetro desse andar na presença de Deus. Paulo escrevendo sua Epístola aos Efésios, ele diz que Deus preparou obras para que andemos nelas (Ef 2.10). Isso significa que o nosso andar como cristãos neste mundo tem a permanente supervisão de Deus, para saber se estamos andando, de fato, nas suas obras. Se não estamos mais, devemos retroceder e retomar o caminho de onde deixamos, que é o que o Senhor diz para a igreja em Éfeso: lembrar-se “de onde caiu”. A queda aqui, não significa a perda da salvação como
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alguns, apressadamente, chegam a ensinar. Não! O Senhor não está dizendo isso. Ele categoricamente manda, no segundo apelo que faz aos crentes de Éfeso, que se arrependam. Sempre há uma solução para os nossos pecados. O arrependimento é o caminho para o perdão. O ensino para a igreja, não é para que o crente ao cair, vá logo pedindo perdão, que é o caminho mais curto, um perigoso atalho que o Senhor não aceita. Pelo contrário, ele diz para que o crente se arrependa. O arrependimento implica em confissão das transgressões, o que, sem dúvida, é muito mais difícil fazer. O apóstolo João nos ensina: “Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para perdoar os nossos pecados e nos purificar de toda injustiça” (1 Jo 1.9).
Portanto a ordem do processo é: arrepender-se, confessar e receber o perdão. Percamos o mau hábito de orar a Deus pedindo perdão pelos nossos pecados. O perdão já foi garantido pelo Senhor Jesus quando derramou o seu sangue com a morte na cruz. Nós temos apenas que aplicar esse sangue expiatório. Não tomemos mais como exemplo a oração chamada de “oração dominical” que Jesus ensinou aos seus discípulos, pois aquela situação era totalmente diferente. Até aquele momento Jesus ainda não havia sido crucificado para que a sua obra expiatória fosse completada. Ao dizer, porém, “tudo está consumado”, ele nos garantiu o seu perdão, isto é, a nós, todos os que um dia cremos. O sacrifício de Cristo foi feito de modo cabal, não necessitando ser repetido como é feito diariamente na missa (Hb 7.27).
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“Se não se arrepender, virei a você e tirarei o seu candelabro do lugar dele” (Ap 2.5). O que significa tirar o candelabro do lugar de onde está? O Senhor disse isso para a igreja em Éfeso. O candelabro como um objeto de sustentação de lâmpadas, lâmpadas que brilham nas trevas, com a função de dissipá-las, tem o significado do testemunho da igreja que manifesta a sua fé no Senhor Jesus: “Assim brilhe a luz de vocês diante dos homens, para que vejam as suas boas obras e glorifiquem ao Pai de vocês, que está nos céus” (Mt 5.16).
Uma vez retirado o candelabro do seu lugar, retira-se a possibilidade da permanência do testemunho da igreja naquela localidade. Aí está uma coisa tremendamente ruim para qualquer igreja local: a remoção do seu testemunho. Uma igreja que perde o testemunho de Jesus é uma igreja sem obras, sem ação, sem serviço, consequentemente sem nenhum préstimo e tende a desaparecer na localidade. Foi exatamente o que aconteceu com a igreja de Éfeso. Ela simplesmente deixou de existir, pois a própria cidade desapareceu da face da terra. Essa tem sido a experiência de muitos cristãos através dos tempos. Mesmo agora temos visto, com tristeza, muitas igrejas desaparecendo da localidade pelo esfriamento do seu testemunho. Embora o saldo ainda seja bastante positivo, especialmente em nosso país, onde se registra um crescimento regular do número de cristãos fora da Igreja de Roma, que reputamos por cristã, embora com sérios desvios doutrinários. Calcados em dogmas e encíclicas papais,
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tais ensinos, em sua grande maioria, tornam-se extremamente mais importantes para os seus seguidores, do que os ensinamentos puros da Bíblia Sagrada. Também isso é perder o testemunho, é ter o candelabro removido do lugar.
Em Apocalipse 2.6 encontramos o Senhor elogiando o comportamento da igreja em Éfeso, com relação às obras praticadas pelos nicolaítas as quais eles abominavam. As obras que os efésios não toleravam dos nicolaítas e que o Senhor odiava, carece de uma análise mais acurada. O que vêm a ser, então, essas obras? Eis o que diz o Senhor: “Mas há uma coisa a seu favor: você odeia as práticas dos nicolaítas, como eu também as odeio” (Ap 2.6).
O nicolaísmo era um comportamento nocivo para a igreja, como o é ainda hoje. Segundo Wachman Nee, “nicolaísmo” deriva de “nikao” mais “laos” e significa os que mandam no povo comum ou, tratando-se da vida da igreja, são os clérigos e os leigos, isto é, um pequeno grupo de líderes que se sobrepõe aos demais crentes considerados leigos ou comuns. Analisemos o quanto tal comportamento é ruim para a vida da igreja. Os crentes têm que manter a unidade do corpo e isso somente será possível se não houver disputas por posições de destaque ou comando. Somos todos irmãos. Não está errado a igreja ter líderes e nem os líderes estão pecando por serem líderes. O que está errado é criar um sistema de liderança que venha a corresponder a uma classe mediadora. Já que a Bíblia afirma que todos os crentes são sacerdotes diante de Deus, a igreja pode e deve dispensar qualquer forma de pretensão medianeira. Isso é nicolaísmo e o Senhor odeia.
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Em Apocalipse 2.7 encontramos o que é uma constante em todas as cartas às sete igrejas, mudando somente a parte que se refere ao galardão do vencedor: “Aquele que tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas. Ao vencedor darei o direito de comer da árvore da vida, que está no paraíso de Deus”. Em todas as cartas às igrejas vamos ver as palavras da primeira parte desse versículo. Já a segunda parte, a promessa de galardão para os vencedores, ela difere a cada carta, mas não falta em nenhuma. Essas são promessas para quem herdar o reino. E o reino, conforme o ensino puro da Bíblia é para os vencedores. Somente para os vencedores. No decorrer da leitura deste livro, vamos descobrir quem são esses vencedores, os herdeiros do reino. Aqui, a promessa do Senhor é de que o vencedor ganhará o direito de comer da árvore da vida no paraíso de Deus. A árvore da vida foi posta no jardim de Deus lá no Éden para que o homem criado por Deus comesse do seu fruto. Essa, sem dúvida nenhuma, era a intenção de Deus. O homem, porém, resolveu mudar o desígnio de Deus e preferiu comer do fruto da árvore do conhecimento. Ele simplesmente optou por trocar a vida pelo conhecimento. Deu-se mal e Deus o expulsou do jardim. Essa inversão de valores tem sido a causa de muitos se afastarem das bênçãos especiais que Deus tem para eles. O desejo de Deus é de salvar e de abençoar os seus filhos com o maior número de bênçãos possível. Nós, no entanto, colocamos empecilhos para que Deus não aja de forma plena no nosso viver. Nós não temos nenhuma capacidade de intervir no processo
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